You are on page 1of 32
ie um térrido dia do verao de 1867, 0 célebre romancista americano Mark Twain — que era entao, um jovem jornalista — deixava o Cairo com alguns companheiros no lombo de um burro. Dirigiam-se & desértica regido de Gizé, a 8 quil6- metros para oeste, perto das ruinas de Ménfis, a antiga capital do Egito unificado sob o Antigo Império. Ele havia decidido escalar uma das trés pirimides ¢ queria admirar a Esfinge: Por duas vezes 0 pequeno grupo tomou um dlow — pequena em- barcacdo com velas latinas, tendo a frente uma espécie de esporao em forma de cauda de tubario —, para atrayessar as 4guas barrentas do Nilo; depois avangou pelo deserto, até a base da Grande Pirimide. O jovem americano se sentiu subjugado pelas dimens6es; parecia, como escreveria mais tarde, que ela “furava o céu”, Mas foi sem a menor hesitacio, contando no entanto com a ajuda de muitos € musculosos guias egipcios, que o grupo iniciou a subida. No alto do monumento, a 137 metros de altura, Mark Twain sentou € contemplou a paisagem. Em seu livro The Innocents Abroad, publicado dois anos mais tarde, ele conta: “De um lado, um vasto mar de areia amarela se estendia até os confins da Terra, solene, silencioso, do de qualquer vegetagao, a solidao jamais partilhada com qua ma de vida. Do outro se estendia o paraiso — um entalhado pelos meandros do rio, pontilhado de. ras que se via ao longe. A paisagem estava adormecida em uma atmosfe- ra encantada, Nenhum ruido, nenhum movimento. Longe, no horizon- te, uma dezena de pirimides velava as ruinas de Ménfis; ¢ a nossos pés a Esfinge fixava aquele quadro, enigmética ¢ impassivel em scu trono na arcia, tio plicida e pensativa quanto cingiienta séculos antes”. ‘Os amplos espagos que Mark Twain descobria do alto da Grande Pirimide compreendiam apenas uma parte de um dos mais fascinantes € mais importantes sitios arqucolégicos do mundo. Nesse trecho do Egito, que vai da mintiscula vila de Abu Roach, a noroeste de Gizé, até © ofsis de Fayum, uns 90 quilémetros ao sul, os arquedlogos descobri ram 0s vestigios de gigantescas necrépoles antigas, verdadeiras cidades que serviram de timulo a imimeros reis e nobres, em imensos comple- xos funeririos. As construgdes mais célebres sa0 as pirimides — jé foram contadas mais de noventa, algumas das quais deram seu nome as cidades nascidas a seu redor —, embora algumas estejam em tal estado de depredagio que mal dé para reconhecer suas formas primitivas. As mais bem conservadas se erguem cntre as areias de Gizé ¢ no meio das rnecrdpoles vizinhas de Saccara, Dachur e Meidum. Sao também as mais antigas, edificadas pelos faraés do Antigo Império durante cerca de quinhentos anos, entre 2575 c 2134 a.C., aproximadamente. Poucos monumentos vindos de um passado longinguo evocaram tanto mistério e inspiraram tanto temor quanto as pirimides do Anti_ 80 Império. “O homem teme o tempo ¢ 0 tempo teme as pirimides”, diz um provérbio drabe. Elas jd eram consideradas maravilhas na é ‘£m que os fara6s ainda governavam o Egito. Na época do Nov rio (1550-1070 a.C.), os egipcios visitavam Gizé & sinal de respeito pelos grandes reis defuuntos ¢ se assombravam com a antighidade das tumbas gigantescas. Para registrar sua passagem, om fos vsitantes da época deisaram inscrigdes nas pedsas, Um oeleg, os assinou “Amés, filho de Iptah”,esteve em Saceara em 1600 4G eo dere Pitimide de degraus de Zoser,edificada mil anos antes, cheers deferéncia, escreveu que a pit tava “como se 0 céu es. see nee tra insergGo revel que Fedak, gostara muito decaminfes imi, © pedia aos deuses ts is de uma velice fle Cent © principe Kamuase, quae flo do rss Range sou pariculatmente peas amides ¢ oor Pas ssnao do ctlebre tend (1300. poca ‘0 Impé- 08 outros sitios em mide se apres Quatrocentos anos mais tarde, ¢ lho de Tjenro e de Tewosret”, com 0 irmio em torno da Grande Pi Egito que the dessem “uma vi também “um belo funeral dep do por averter em ruinas, 46 a piri om degra (aciona, Alisa) d rei ose, Ibnep quer) fi imaralizado no bronze ef mil anes mats tare, oar alter Eimery — que ev ag morta do aries, ena fama se @ de wu poderese senor tal como os templos adjacentes. Com 4 autorizagao de seu pai, a quem ex- plicou suas intengoes, © principe Kamuaset comegou a devolver 20s ‘monumentos ¢ a outras tumbas um Pouco cle sua gloria passada. Por seu extraordindrio trabalho de restaura- ele & considerado pelos especia- listas contemporineos como o pri meiro egiptdlogo-arquedlogo do mundo Esse principe, aparentemente do- tado de um espirito meditative e inquisitivo, havia escolhido o sacer- ddécio, em vez da carrera militar. Se- gundo relatos posteriores, cle passa- va longas horas errando pelas ruinas do Antigo Império, a escavar hipo- geus ¢ templos e a admirar os bai- xos-relevos, tentando deciftar 0 que estava escrito nas paredes, Apés ins- pecionar uma cumba, ele manda- va 0s operirios gravar ali_uma ins- crigio hieroglifica, com 0 nome do rei que ela abrigava — antecipando assim os rétulos explicativos dos modernos museus, O interesse do principe pelo passado conduziu-o em seguida nao sé a escavar, mas a reconstruir sitios histéricos. Des- cobritimimeros objetos, que também identificou com marcas. Entre seus mais belos achados havia uma estatua de Kawab, um dos filhos de Quéops, o faraé para quem fora construida a Grande Pirimide de Gizé. Na inscrigio que fez gravar sobre a obra de arte, Kamuaset explicava que seu trabalho nas tumbas era motivado por seu “amor pelos dias antigos” ¢ que o fizera devido 4 “perfeigao de tudo que seus antepassa- dos haviam realizado”. Ao que parece, a estétua the causou tamanha impressao que ele a mandou transportar para sua casa, em Ménfis, conde um fragmento da obra de arte foi descoberto pelo arquedlogo britanico James Edward Quibell, em 1908 — cerca de 3.200 anos mais tarde 3 ‘A historia das pirimides — e das necrépoles sobre as quais elas se — comeca em Méntis, a residéncia dos farads situada na mat- gem esquerda do Nilo, cerca de 30 quilmetros ao sul do Caito. Se- gundo a tradigio, Méntis foi fundada como fortaleza, por volea do ano 2900 a.C., por Menés, poderoso chefe do sul, que se tornou 0 primet: ergui a7 3 << <0. | ro rei do Egito, a0 unificar em um s6 reino as intimeras cidades ¢ aldcias do vale do Nilo. Na época, a cidade era chamada Ineb-hedj, 0 ‘muro branco’, talvez devido a suas muralhas de tijolo cru, caiadas de branco, Em seguida, Ménfis se tornou uma grande metrépole; se es- tendia por cerca de 12 quilometros de norte a sul e 6 de leste a ocste © se converteu em importante centro politico, comercial e religioso, du- rante mais de trés milénios. As embarcagdes ne partiam de seus agita~ dos portos desciam © Nilo até seu delta, entravam no mar Mediterré- neo € navegavam em diregio a Grécia e as ilhas do mar Egeu. No apogeu de sett poder, a metrépole pode ter contado com 50 mil pesso- as que viviam c trabalhavam, amontoadas no dédalo de ruas estreitas, em casas de tijolo cru, com dois ou trés andares. Os numerosos artesios produziam grande quantidade de mercadorias: méveis com finas incrustagoes, j6ias de ouro e de pedras preciosas, carros, escudos, espa- das ¢ outras armas de guerra. A maior parte dos habitantes, no entan- to, trabalhava nos campos vizinhos, nas planicies do Nilo; criavam bois, vacas, carneiros ¢ cabras. Aravam a terra com a ajuda de uma parelha de bois e cultivavam cereais ¢ linho, que colhiam com uma foice curta, cuja lamina era de silex afiado. Essas atividades cotidianas io conhecidas hoje principalmente gragas as cenas de trabalho agrico- 'a (pinturas ¢ baixos-relevos) que enfeitam as parcdes das grandes tum- bas dos membros das classes sociais elevadas. M® continuou a ser uma das mais prdsperas cidades do Egi- ©, com uma populagio muito cosmopolita, até o século 7 da era crista — seu porto ¢ suas oficinas desempenharam papel importante no co- mércio exterior do Egito —, quando os érabes conquistaram 0 pais ¢ destrufram 0 povoado para utilizar as pedras de seus edificios na cons. trusto de sta nova capital, Fustat, na margem oriental do Nilo, ao sul dda arual cidade do Cairo. O que resta hoje de Ménfis repousa sob tome- ladas de limo do Nilo, ou sob modernas cidades, tomando difiel « Oncrosa qualquer investigagio arqueolégica, Apenas uma Pequena parte da cidade pode ser cxumada, e jamais foi descoberte algum sinal do Palicio, ou de outros antigos edificios, A quase toralidade de nossos conhecimentos em relagio a vida co- tidiana de Ménfis — ¢ do Egito — me ece sob 0 Antigo Império nio ‘cidade em si, mas de seus 2, Império no vem da andes cemitérios. Os habitantes instalaram Sua primeira necrépole 4 beira de uma escarp, cidade. Eles a chamaram Sacca ui desértica, a oeste da + Home derivado de Sokar, deus dos Loge sdotado na regiao, representado sob a forma de tat Logo no inicio ele foi identificado com Ptah, ery Patrono dos artesios; mais rarde, foi falcdo, fador do mundo ¢ ado a Osiris. A necrépole foi construida a oeste porque, segundo a crenga loca © deus do Sol, comegava no ocidente sua viagem not pelo mundo subterrineo. Os arquedlogos descobr Saccara tumbas provenientes de quase todas as épocas da ia — embora a maioria seja datada do Antigo I cobrindo um periodo de cerca de mil anos, pr 3100 a 2134 a.C. Os sepultamentos continua praticados nesse sitio do Baixo Egito até a era erista, quar do a necrdpole chegou a se estender por quase 5,5 ¢ os de comprimento € 1, gura As primeiras tumbas cram estruturas jlo crit, com teto baixo ¢ ligeira inclinagio 1 ima continha muitas salas subterrneas, uma das cimara funerdria central, talhada na rocha ‘efunto repousava com suas armas, seus objetos de touc instrumentos musieais ¢ jogos (alguns tabule io, incrustados de alabastro, estio prese Jo Cairo). Acima do solo se distribuiat pequenos nichos, nos quais eram armazenados alimentos, acess6rios, utensilios, vinho ¢ roupas, tudo que do proprictario da tumba poderia necessit hoje chamam essa espécie de edi abe que significa ‘banco’, pois, de tamanho muito maior, tém forma semelhante panquetas de tijolo que ainda sio comuns diante de casas Jojas, nas atuais aldeias egipeias = er quasc 4 metros de altura, com muiltiplas « funto — pudessem trazer todos os dias oferendas de comida e bebi ns era formade ido, pro : da, Em certos dias festivos, os descendentes das pessoas enterradas em Saccara se reuniam no cemitério para cumpri rituais € un festa familia Mais tarde, por volta de 2630 a.C., durante 0 reinad indador da 3! Dinastia —, a necrépole de Saccara passou ps ante transformagio, A essa altura, os soberanos egipcic ms ido muito ticos e senhores absolutos de seus stiditos, que os conside ruir grandes tumbas, que assegu mnuidade de sua exis: embora as pedras servssem de base para muitas tumbas, no era coma, uilizé-las na construgio de um edificio inteiro, Zoset confiou o plano € a execusio de sua tumba ds mos pets de seu conselheiro ¢ vizir (primeiro-ministro) Imhotep, homem bri ¢ de miiltiplos talentos, que era também sumo-sacerdote do culto ay Sol em On (Helidpolis). Com o consentimento de seu fara, Imo rmodificou por trés vezes os planos da morada eterna, cuja construgay jd se iniciara, antes de defini 0 desenho final, que empilhava seis mastabas, umas sobre as outras — estrutura que assegurava grande estabilidade. Essa pirimide em degraus exprime provavelmente seu principio espiritual basico: por meio da gigantesca escada que se dir ge para o ctu, oferece a0 rei a possibilidade de escapar do mundo subterrinco dos mortos e se elevar até 0 mundo dos deuses, Unica em seu tempo pela forma ¢ pelo tragado, a pirimide de de graus media 109 por 121 metros na base, atingindo uma altura de quase 60 metros. Todavia, ela constituia apenas a parte dominante do complexo monumental. Imhotep construiu sob a pirimide um lab rinto de posos, corredores, galerias e quartos; , por fora dela, diver: 50s edificios, templos, capelas e patios, destinados as ceriménias¢ aos rituais ligados a sobrevivéncia do rei, Depois ele cercou tudo com ‘uma imensa — 1,600 metros de comprimento ¢ 10,5 metros de altura — muralha de pedra coroada de bastides, com treze portas filsas€ apenas uma verdadeira. O resultado foi um conjunto verdadeiramen te digno de um rei-deus Por essa espantosa proeza arquitetdnica e técnica, bem como pot sens talentos de escriba e de conselheiro do rei, Imhotep foi honta do por sei compatriotas por mais de mil anos, sendo mesmo divinizado — por seu poder de cura — em imimeras estatuetas de bronze, nas quais ele é representado sentado, com um papiro dest= rolado sobre os joclhos. Foram erguidos templos em sua meméria séculos apés sua morte c cle se tornou mais célebre que 0 soberan® or cuja imortalidade trabalhara. No entanto, os egipeios que eae raram Imhotep no deixaram nenhum indicio que permitisse lsat Zar sua tumba. Durante a década de 1950, 0 arquedlogo britiais® nery tentou encontré-la, mas seus esforgos se revelar™ initeis. Ele descobriu as tumbas de outros notiveis, entre as qual? {ium certo Hetepka, que exibia o titulo de “guardido do adem * inspetor dos cabeleireiros reais” Nossos con vem em grande p: fear H imide de degraus sd arte 308 notiveis trabalhos de outro egipt6logs ® ® Jean-Philippe Lauer. Em 1926, entio com 24 anos, LaUel es iuei® arquiterura em Paris quando o arquedlogo britanico Cel ‘imentos atuais sobre a p Boras etn as ipresonanten rete rcsonantomet Ka btep, flo fara Soi Princes Nace grams eptrtes da (4 Dinaitia), atcorrizaram eae 1PM, «principe gue abriram a tuba preender na pirimide de degraus. Ao ch permanecer ali_o tempo sufici sio — ¢ acabou ficando no pai gar a0 Egito ele prete -nte para se desincumbir de sua mis- Por mais de cingiienta anos. Em Desde que comecei a estudar esse monumento percebi sua importincia, Foi o primeito edificio do mundo a ser construido de pedras talhadas em todos os niveis, dese. ahado pelo arquiteto Imhotep, o Michelangelo de sua época, Deci- di entao devorar minha vida a essa obra” 1991, declarou a um jornalista Lauer recordava com ternura seus primeiros dias em Saccara quando, em companhia de Firth, explorou as cimaras internas da pirimide. Seguindo os corredore tragados por Imhotep, os dois homens avangaram lentamente pelo vasto complexo. Lauer relembrava o deslumbramento € © respeito com os quais penetrou em uma das salas, dissimulada atrés de uma porta murada. Mais tarde, ele contaria: “Fizemos um buraco naquela porta e Firth, que cra. um homem corpulento, me pedin para entrar e descrever 6 que visse ld dentro. Cheio de emosao, penetrei naquela galeria subterri nea, onde ninguém havia posto os pés desde que fora violada, hi cerca de 4 mil anos, Avancei a luz de uma vela © me encontrei em uma cimara oblonga, recoberta por pedras calcirias cuidadosamen te polidas ¢ unidas com grande beleza. Ela desembocava, a0 nore em outras cimaras cujas portas estavam tapadas por grossas pe |gumas decoradas com grandes estrelas em baixo-relevo”. Embora as cimaras houvessem sido saqueadas ha muito tem: po, Lauer ia descobrindo, “de surpresa em surpresa”, principal que mostravam o rei Zoser ‘mente os relevos gravados nas parede presidindo uma ceriménia religiosa, ou participando de uma pro. va ritual de corrida a pé. Alguns anos mais tarde, a0 explorar as galerias mais profuundas, ele encontrou os ossos de uma erianga de B anos e cerca de 40 mil vasos, copos ¢ pratos de alabastro, cristal A datagio dos uten: Lauer de rocha, dolomita ¢ “outras pedras preciosas”. silios mostrou que eram anteriores 20 reinado de, Zoser, Laue now que aqueles belos recipientes provinhai alex ia colocado ali por respeito aos Jadas por saltcadores, que 0 rei teri r mortos aos quais elas haviam pertencido, para devolvé-las a seus verdadeiros proprietirios no além Os reis que sucederam imediatamente : nandou construir sua propria piri Loser quiseram se guir seu exemplo ¢ cada u son po ih 'As primeiras tentativas malogi por p mide em d norte prematura do rei. Soment blemas de construgio ou peta m ngiienta anos apés o desaparecimento de Zoser os egipcios megane it de uma grande piramide conseguiram terminar a construsa¢ oi jum, tuma nova necropole com oito degraus, nas areias de Meid criando uma inclinagio, e a aplicar um revestimento externo de caleario fino, para obrer os lados lisos e continuos de uma pirimide perfeita. Por que razio 0s egipcios decidiram abandonar as construgdes em de- graus? Os especialistas ndo encontraram explicagio satisfat6ria. Alguns ‘yéem nisso uma relacio com a crescente importancia do culto a0 Sol: essa nova forma teria sido escolhida pelos adoradores de Ra, por imi- tar o feixe de raios que o astro do dia dardeja sobre a Terra. Infeliz~ ‘mente, os saqueadores arrancaram as pedras do revestimento externo, desnudando os primitivos degraus. Porém, 0 coracdo da enorme estru- tra em pedra sobreviveu ao vandalismo ¢ ela emerge hoje, de maneira impressionante, acima dos destrogos de seu antigo revestimento. ‘A pirimide de Meidum provavelmente foi construida por Huni (ou. Nysut), tiltimo rei da 3* Dinastia. No entanto, muitos egipt6logos cre- ditam a Snofru, fundador da 4° Dinastia (2575-2551 a.C.), a edificagao do monumento — assim, ele teria sido o criador da primeira pirimide verdadeira, Snofru, um rei amado por seus stiditos e por muito tempo relembrado por seu carter generoso e doce, mandou edificar mais duas pirimides verdadeiras — uma delas é a ‘romboidal’, assim chamada porque, mais ou menos a meia altura, ela pende para dentro em uma inclinagao mais suave; a outra € a piramide setentrional, conhecida também como piramide vermelha, pela cor de seus tijolos de argila. A mudanga de inclinagao da pirimide romboidal reflete talvez os esfor- 0s do arquiteto para resolver problemas (aparecimento de fissuras) causados por uma inclinagio inicial muito acentuada, com pedras pe- sadas demais — mas isso deve ter tornado 0 edificio menos perfeito aos olhos do monarca, especialmente por se tratar de sua morada eter- na, Em suma, seja qual for a razao, Snofru a abandonou em favor da pirimide setentrional, 1.800 metros a0 norte da primeira, Os dois ‘wimulos foram edificados em Dachurs, uma necrépole Saccara ¢ Meidum, Com cerca de 100 metros de altura, facilmente a pirimide de degraus de Zoser estruturas do Egito. Mas no por muito tempo. O filho de Snofiu, Quéops (ou Khufu) aparentemente descjou superar as tumbas macigas de seu pais ordenoe a construgio de uma piramide ce dimensio inigualivel ha neeedpola de Gizt, a0 nore de Ménfis, onde as tumbas dos notivels de mat ne montavam pelo menos & 1+ Dinastia. Segundo os gregos doremrg de Herédoto, Quéops era um tirano, tio desporico quanto seu pai ra situada entre superavam, Se tornaram as maiores 52 iS benevolente. Segundo a lenda, esse soberano chegou até a fechar os templos dos deuses, condenando seus stiditos a concentrar todo seu tempo no pesado trabalho de construgao de sua pirimide. Mais uma vez, os planos foram modificados no decorrer da execu- s sob a pirdmide, mas profun: damente enterrada na edificagao. A entrada original (aberta ao piblico somente ap6s 1989) conduzia através de um corredor que descia para uma cimara inacabada, talhada na rocha viva. Os operdrios escavaram ‘0 um buraco na abdbada do corredor, a cerca de 18 metros da entrada, Eles avangaram para cima, talhando a pedra, ¢ abriram no do, € a cimara funerdria nao ficou ma cnt vértice da construgao uma segunda cimara, que hoje ¢ erroneamente chamada de Camara da Rainha; esta também foi abandonada. Criaram em seguida a Grande Galeria, com quase 47 metros de extensio — ‘com a inclinagio —, uma nova cuja abdbada desce em linha paralel entrada, ¢ a verdadeira cimara mortuéria, com acabamento em grani to vermelho transportado desde Assui (mais de 640 quilometros 20 sul), a bordo de embarcagdes que desciam 0 Nilo. O sare6fago de Quéops, em granito, foi colocado no lado ocidental da sala, mas esti Sazio ha muito tempo. Os especialistas ndo cessam de se interrogar a respeito dessa mudanga nos planos. Alguns arquedloges defendem a idgia de que 0 farad, nessa época, comegara a set adorado como Ra 0 ddcus do Sol. Com efeito, ser enterrado no interior de uma pirimide s podcria convir a Quéops-Ra, considerando que o simbolo de Ri, 0 benben, era de formato conico ou piramidal Definitivamente, a vaidade de Quéops deve ter ficado satisf ssa em forma ¢ tamanho qual- Una tore macic de 76 metros de aliwra, - 3 ‘ena de tala, é tudo 0 que rsa da Sua tumba, a Grande Pirimide, ultrap: rimide de Meidnae, constraida por quer outro monumento epipcio, anterior ou posterior a seu teinado lia de 2600 a.C. De construgao anterior os antigos gregos a considera “das pvamides de Ge, mais conbecidas eee Impressionados por suas dimensdes, imensa — das sete maravilhas do mundo. Sua base Byer os eee ‘ oe aA me 6 220 zens eno, cobinio walt de Heeatay CASS a seryou um escritor, cinco grandes catedrais européias, incluindo a de ‘Sin Pedro, em Roma, ¢ a de Sao Paulo, em Londres, caberiam ness voaco. A altura era igualmente impressionante — 146 metros, ou se jo que a estatua da Liberdade, em Nova York seja, 54 metros a mais di Mag monumento perden 9 metros, por eulpa de todos aqueles que, nhat I (12! Dinas de 0 reinado de Amené .os de pedras dlecoradas, ¢ depois gran- para utilizar na construgio de novos re Tongo dos séculos e des See ram, primeira os blo ei ops consegi edifiara Grande Pirimide, operasfo que Sonn et ean 28 anon dese eno? Tox mio CE 2 ha mobiado milares de eampone= mais provivel, porém, GEORGE REISNER E O CASO DO CORPO DESAPARECIDO Per ser reressantes do século 20 foi fruto do acaso. Em 1925, um eee ears pate ney ny en eee ee To) Cero ond Pee ee ros See ae cer Porter teen Pee er nun tum pogo de 30 metros que eee st femuresersn tes See eee rs eet orion eu Pea tent tats Harvard ¢ para o Museu de Boston, foi avisado da desco- eee eT interromper todas as pesquisas, até que cle pudesse chegar dos ero inert itt Seu eos OE aCe Seu nett contetido da tumba: um mag- OSS ee anette Pu tenet eens at pertencera i rainha Hletep- Po onene tone eaten 4.500 anos havia deixado uma profunda marca. Os objetos se amontoavam desordenados Coron cee ree Ce ees deterioragio que Reisner precisou de 321 dias de traba cere ss Oe on one loso, ele nio deixava nada ao Sey ae Peis escovas de pélo de camelo ¢ Pequenas pingas; com freqiién- eee ee nae objetos ou mandar fotografi eae see LaCie renters ele havia preenchido 1.701 ene ee en Pee a racer eRe peer tc dificuldade em reconst peOeeN Sto si grandes e pequenos, particularmente dura io da a ere osc) wa os i cu S Pec mn mia Reisner péde resolver de | . erator! Seer EC ca Pee cd fa imersas no liquido de ee) ; al foi omy Init ee Crd : reve 1 1 fe: 0 argu Mert cee ct) , pas de terra, Um mente eu) eee MURR ano pee cc ee ee cod . jdias contidas entre as faixas, € ados tenham sido aqueles dos quis, Cee oe 1 ‘ ee | ere) yee care eee aa) Resins eee si ts ‘ ern toa ‘ i Xp enti eeeneeren ra O argu ritainieo Flin ie scare Peon ene Pete tence ee ra eos per ed segunda ver, ela seria mais \ Pee etre faudos astronon sitio escavado por Reisner para nent nspirad Dew Pere renai iy tala . WH ' pongo od Bits nits Ce er ar saan Eseries tg beh : : asap een rey od \ har ihe alec Paar ott : paler eo Fa ane Mie Ea ae ee eer templos ¢ das tumbas que as redciam. Da esquerda para a dircita: Miquerinas, Quéfien ¢ Quéops. Embaixo, a dircita, a Esfinge. As tumbas se cobrem de cores diferentes, conforme a bora — prata ao luar, Cee eee ————————————— aqueles pequenos encaixes deveriam ter sido os pontos de fixagio de estacas, entre as quais os mestres de obras com certeza teriam estendi- do cordas, para manter o alinhamento € o nivel da construgio. Parece que os operérios tinham muito orgulho de sua habilidade, desenhando ou gravando apelidos fanfarrdes para suas equipes de tra- batho nas enormes pedras com as quais batalhavam — turma vitorio- sa, turma paciente, turma dos artesios. Os homens trabalhavam da aurora ao creptisculo, sem parar nem mesmo nas horas mais quentes do dia, com o apoio de uma multidio de servigais que traziam regular- mente alimentos ¢ bebidas, para procurar evitar desmaios, Por muito tempo os egiptdlogos se perguntaram onde Quéops te- ria alojado seu exército de trabalhadores. Certamente deveriam ter sido abrigados em acampamentos no planalto de Gizé. Mas, em que dire: do? Mark Lehner achava “arqueologicamente impossivel que os tra gos de ocupagao daqueles milhares de trabalhadores, de suas habita- ges ¢ de suas rampas de construgio, bem como os yestigios de seus vigias, pudessem ter desaparecido totalmente”, Em 1988, Lehner trabalhou com Zahi Hawass, diretor-geral de pesquisas arqueoldgicas em Gizé c Saccara, sob o patrocinio da Egyptian Antiquities Organization. es escavaram uma depressio arenosa si tuada ao sul da Grande Pirémide, local que, segundo imaginaram, te- ria sido adequado para montar cabanas de trabalhadores. Uma dezena de anos antes, um grupo de arquedlogos australianos encontrara ali pedasos de cerimica, cinzas ¢ restos de peixe — indicios encorajadores da presenga de algum acampamento. J4 nas primeiras semanas de tra balho, Lehner ¢ Hawass exumaram restos, que remontavam a 42 Di nastia, de uma padaria que também servia de cervejatia. A suposigio dos dois arquedlogos se confirmava: os bairros de trabalhadores pro vavelmente nao estavam longe. “Por que construir um entreposto de gros € uma padaria no meio de parte alguma>”, Os dois arquedile dispostos a0 acaso ', perguntava Lehner, os descobriram igualmente rimulos modestos, talvez_a tiltima morada de homens mortos em servigo, Zahi Hawass calculou que duas vilas estariam enter as areias de Gizé vam os bi ‘das sob ‘08; a Outra se destinaria aos trabalhadores ae Tnsmeraspedras da Grande Primi proviaham da pedir st a no prprio plant de Gizé, mas o fine caledio b reventir o edifiio vinha de Tura, do outro lade do quildetros ro acima. Como or tabal thes blocos de peda desde se 40 Nilo? Por muito tempor que transporta- 58 Parece plausivel supor que um grupo de hot concn che ee da, até 0 nivel em qne iam ser utilizadas. Henri Chevrier, arquiteto francés, quis testar essa teoria com cingilenta homens ¢ um bloco de calcario colocado sobre um ‘escorregador’ timido, feito com o lode do Re Surpreendeu-se ao vetificar que a enorme pedra se deslocava ficilmente pela superficie plana — ¢ puxada aj sem predsar dos cngienta, uname O complexo funerétio, quase tio importante quanto a pis cstendia por nodaavolla dela Cem a eae em uae mide de Zoser, se tornou um modelo para as construgGes posteriores, O muro ao redor contornava apenas a pirimide, Por fora, se erguiam trés pequenas piriimides ‘satélites’, alinhadas paralelamente 3 grande, desti- nadas as trés rainhas, além de numerosas mastabas e dois templos, liga- dos entre sie & pirimide por uma calgada. Hoje em dia, boa parte desse complexo esté sob 05 alicerces das casas de um subtirbio do Cairo, avila de Nazlet el-Simman, Ali jazem enterrados os vestigios do ‘Templo do ‘Vale, no qual os sacerdotes realizaram a ceriménia fiinebre, ¢ um longo. pedaco da calgada, 0 caminho tomado pelo cortejo fiinebre que trans- portou cerimoniosamente o corpo mumificado do faraé Quéops, do ‘Templo do Vale para a camara sepulcral. ‘Até hé pouco tempo, os arquedogos julgavam que jamais teriam a oportunidade de encontrar ¢ exumar o que faltava do complexo de Quéops ¢ faziam apenas suposig6es acerca de sua localizagio. No en- tanto, ao escavar o rerreno para instalar o servigo de esgoro nas ruas de Nazlet el-Simman, em 1990, os trabalhadores acharam partes do tem- plo e da calgada. Zahi Hawass pediu 4s autoridades municipais uma interrupso temporaria dos trabalhos, para que ele pesquisasse © sitio 'A partir dessa pequena escavagio, os especialistas foram capazes de determinar o tracado inicial da calgada. O governo egipeio pretende, fem futuro mais ou menos préximo, mudar os habitantes desse subti- bio para outros bairros, a fim de possibiltar uma escavagio completa, evo funcrrio da Grande Pirimide. | ‘Voltemos a mais de quarenta anos atras, precisamente a 1954. retirada das pedras aos és da face meridional da Grande Pistmids feita pelo arquiteto e arquedtogo cgipcio Kamal el-Mallakh, havia c= vado 4 espetacular descoberta de outro elemento da rumba de Quéops veeois buracos retangulares, perto da face meridional da pirdmide, hos quais estavam 0s barcos sagrados, provavelmente destinadlos tS Sagens do rei defunto na outra vida, Um processo mericuloso psfeni= tiu que os restos da primeira dessas embareagdes fossem deseoiees Jos, vonsertados e montados (paginas 61-65); a barca es expose hoje fem um museu especial, a0 lado da Grande Pirimide; {que restaure o compl Sabendo que a madeira poderia nao resistir & poluiggo moderna € aos extremos de temperatura ¢ umidade do pais, as autoridades egip- cias hesitaram em desenterrar a segunda embarcacio. Ela permanece encerrada no fosso, vedado com pedras calcérias. A confirmagio da presenga desse artefato 56 ocorreu em 1987, quando uma equipe de especialistas, sob a diregao da Egyptian Antiquities Organization, ob- teve permissio para retirar amostras da atmosfera do fosso. Se ele esti- vesse vedado hermeticamente, como esperavam os cientistas, entao 0 ar de seu interior teria quatro milénios ¢ forneceria informagées sobre © ambiente natural do Egito antigo. Depois de longas horas de prepa- agio, ¢ com a ajuda de um sofisticado equipamento destinado a impe- dir que o ar exterior penetrasse na cavidade, os estudiosos fizeram pe- netrar um tubo de ago inoxidavel através de uma antecimara & prova de ar. Extrairam assim quase trinta litros de ar, que foram repartidos por scis vasilhames de ferro, para enviar a laboratérios de andlise do Egito ¢ dos Estados Unidos. Mais tarde, naquela mesma noite, eles introduziram uma cimera para estudar 0 contetido do fosso. Enquanto explorava os pedagos do barco desmontado, a cimera se deteve em algo que se movia, sobre um pedago de madeira. “Um inseto!”, gritou um dos observadores que haviam se reunido em torno da tela de video, instalada do lado de fora, Todas suas esperangas de encontrar ar do passado se esvairam, pos a morte de Quéops, seu fi- tho Quéfren e seu neto Mique- rinos fizeram erigir em Gizé duas outras pirimides, menores, mas verdadeiros conjuntos funerarios, com templos, calgadas e camara sepulcrais s cgipcios também dotaram © planalto de um guardizo tutelar: a Grande Esfinge. A enorme estitua, com 73,5 metros de comprimento ¢ 20 metros de altura no nivel da cabega, foi esculpida por ordem de Quéfren sobre uma saliéncia rochosa que aflorava no meio da pedreira abandonada pelos trabalhadores de Quéops. A estitua, que reproduz 0 tracos do farad, apresenta o penteado real chamado nemes, com o urews (ama cobra sobre a fronte), € a barba falsa tradicional, mas tem o corpo de um ledo sentado, criatura mitica que guardava os Iugares sa grados. Houve outras intengdes envolvidas na concepgio da Fsfinge? Se houve, ninguém esté em condigdes de oferecer a menor explicagio a esse respeito, Lehner propés que a Grande Estinge representaria Quefren transformado em Hérus, deus da realeza, apresentando oferendas a Rd, deus do Sol, Em apoio a sua teoria, cle observou que os egipcios ado- taram o culto solar mais ou menos na época do reinado de Quéfren, ‘A Grande Esfinge foi resgatada a partir de 1926, mas esteve enter- O BARCO QUE VIAJOU PELO TEMPO ee aC Lo) Bae eer ent etc) banal. Ao retirar 0 entulho no PraPereme sg ots Gizé, os opcritios descobriram 0 pepe eens pee eres eo ee ty Me Conn] Pe seers ed ned pent pat eet od eee eee See fd ria estar oculto algo mais impor- eg eer ned Pest ee uma filira de 81 lajes de calcirio, Pe ern Ra eet cerns A PECs Pee cturikd ee et ree Serr ert ay erat See eer gato, fechci os olhas. E entio, et ee ty tum odor santo, muito santo. Senti Cre nner Ca et Sarre Deed aed era ts Coo a een eee ae Cee see Cen Eee mn eer Sr aed ae ry area Pee ed Ce ay ee ey Sees solar, ele acabou por discernir a Se ee oa remo ¢ pereebeu que acabara de descobrir um impressionante vestigio historico: alguns metros eee at) Serer et esc Pau seed pore ee ean Deke ed Petit Ss Ce et een td Peete eke ‘Como se vé nas Pence a ta Cote renet Ree say eee Seen a A HABILIDADE DOS ESPECIALISTAS PARA UMA OBRA SAGRADA ea rn re Peer erin en Por eke at ee eee ome ny ue er pease Deere ea artistico de seus antigos cons- trutores, No entanto, os arqued- PP ee ns oe ones eet trabalho ¢ 3 estética da obra: as Cree tn ‘como tema de controvérsia, Os especialistas apdiam suas SEA ee int) eee ete ay Sree eter Lo ‘sio em forma de papiro, cujo desenho imita as jangadas de eee ret) firmemente unidos nas extremi- Cee See Det Ce cor ren ttt ‘Medindo quase 4S metres de proa a yy ee ed teed Caer ‘ecido devia recobrir, rjginalmente, as es ae Re ey ue te i ra ema en ne Sen ee oneness es egipcias, eram associadas enema Erect cee ree Cee eter ts er eee Co eee ite eet companhia do deus do Sol, R4. Derr ee aOR ee ne oe eee Ure erenes Or eta Péripio entre os defuntos. rere ree) embarcagio tenha realmente eee Tee) Cae ny a res, tragos da friegio das condas utilizadas para unir as pranchas Ce Tn ean Pe era ae thimento das cordas dentro. rc Pea nar ent eo Hag Ahmed se convenceu de Cen ens Recents sacerdotes provavelmente teriam ee nele o corpo do fa EYE TC Ces ‘Algsns screchonm fue ee tan Dakin nacet tie ere Tae ee piper art ad Ca me eget cee Seen en a embarcagio, suas linhas clegan- Perey eer rte Oe tree ne ne ee eer ener ote eR cers Sn ae gas eee e pili pics mana 2 Seana rada até 0 pescogo, sob toneladas de arcia, durante a maior parte de seus 4.500 anos de existéncia. Varias rentativas de desobstrugao foram feitas a0 longo dos séculos. Tarmés TV, filho de Amenéfis II, iniciow a primeira dessas restaurag6es, por volta de 1400 a.C. Ele se dedicou a isso ap6s um sonho que teve certa tarde, quando descansava no planal- to de Gizé: a Esfinge, identificando-se como Horemaquet (deus que combinava aspectos de Ri e de Hérus), Ihe revelou que ele se tornaria rei, um dia, se libertasse a estétua da areia, Tutmés nao apenas resgatou ‘© guardio tutelar, como também executou alguns trabalhos: contor- nou o corpo com blocos calcérios ¢ pintou a estitua de vermelho, azul € amarelo, Tal como havia sido previsto em scu sonho, ele se tornou farad. Em sinal de gratidio, mandou inscrever sua historia sobre uma alta estela — conhecida como Estela do Sonho —, que foi colocada entre as imensas patas do animal Os faraés posteriores construiram uma capela em torno da estela de Tatmés e consertaram as pernas erodidas da estétua. ‘Todavia, no sécn- lo 4 da era crista, a areia voltara a soterrar a Esfinge, deixando apenas a cabega & vista. Ela continuo entregue 8 areia até 1818, quando Giovanni Caviglia, um marinheiro genovés, em busca de uma pretensa entrada escondida, retirou a areia ao redor do busto. Nao encontrou a entrada, mas desenterrou a capela ¢ a estcla de Tutmés. Vinte anos mais tarde, o engenheiro € geOmetra inglés John Shae Perring, tam- bém pretendendo penetrar na Esfinge, mandou fazer sondagens no enorme corpo. Sua busca malogrou igualmente, mas os furos feitos Por ele, que ndo foram fechados até 1920, permitiram a infiltracio de gua da chuva, o que provavelmente contribuiu para a deterioragio da estétua. No entanto, as pesquisas de Caviglia c Perring acabaram tendo algum valor, pois em 1987 uma equipe de cientistas japoneses, com aunilio de radares ¢ equipamentos eletromagnéticos, comprovou aexis. Xéncia de cavidades e galetias enterradas sob a Esfinge. Cerea de trés séculos depois da construgio da Esfinge e dos monumen- tos no planalto de Gizé, se encerrou a idade de ouro da construsio das Pirimides. Pepi II, cujo reinado pés fim ao poder centralizado no Egi- {2 POF muitos séculos, erigiu a iltima pirimide do Antigo Impétio, ‘em Saccara, Os farads da 124 Dinastia (2040-1640 a.C.) ressuscitaram 0s edificios piramidais para reencontrar a gléria do passado, mas nao Kattaram tivalizar com os primeiros construtores. Edificadas princi, Palmente com tijolos crus, © nao com pedras, as pirimides do Médio Tmpério se esboroaram no decorrer dos séculos ¢ se transformaram em ‘normes montes de detritos, demolidas por anos de sol. chuvas raras, porém violentas, No inicio do Novo Império, por volta de 1550 a.C I, de vento ¢ das » 0s farads pre- 66, COMPUTADOR RECUPERA O ROSTO DEVASTADO DA ESFINGE Um fanético mugulmano do —_americano, Thomas Jaggers, um modlo preciso em ts dimen- séaulo 18 cortou-lhe o nariz;_especialista em desenho ses, que podia ser manipulado 0s soldados do exército de computadorizado, que tragou paca ser visto sob qualquer Napoledo erivaram sua cabega sobre a tela toxios os seus contor- Angulo. de balas; e, em 1988, dois nos: comprimento, largura € A etapa seguinte consistiu em grandes pedacos se despren altura. Sobre isso, Jaggers pos fazer aparecer a imagem do 2 milhdes de pontos de gigante de edcoras, fal como ert fam do ombro direito. Contu- mais d Tes Esfinge, esse leio miste- superficie para criar uma ‘pele’. © oniginalmente, Lehner colecionou fioso com eabega de homem —_resultado que obreve fol um ‘0s retratos de numerosos farads aqui, a do faraé Quéfren) — que poderiam haver dado a que simbolizava 0 deus ordem para esculpir a Esfinge no Hamarkhis, isto é, 0 Sol, calcirio, 4.500 anos antes. De dando luz ¢ vida ao mundo ¢, pois, superpts a fisionomia dele por isso mesmo um enorme 0 modelo. “Com o rosto de poder ao faraé —, projerou ‘Quéfen, a Esfinge ressuscitou.” seu enigmético sorriso sobre a Para concluir a reconstinuigi0, Lehner estudou uma estela com arraneadas da da de 1930, que mostravam uma alta estitua do faraé Amendfis Il entre as paras estendidas do colosso. Hoje, resta apenas o pedestal. Mas, pela magia do computador, L.chner pode recolocar em Seu Jugar uma versio ‘eal da ‘obra. A monumental escitua cde Amends provavelmente foi erigida em homenagem a sew pai por Tutmes IV, que, uum milnio depois, direta), livre de todas essas asa restauragio eltronica foi empreendida por uma quip dirigida plo egiptslogo Smericano Mark Leet, Ajuda do por seu sco alemo Ulrich Kapp, le passou muitos meses matindo ¢ desenhano 8 Esfinge sob todos os angulos «, valendo-se de uma camera pelo Instituto Arqeeolg fo Alemio do Caio ex vomads detalhas do Fein integers sa0. Depois, Teh da edificagio da F empreendeu sua primeira restauiragio — € a fez de scordo com o gosto, m voga, pintando-a de vermelho, azul ¢ amarclo, ———— ran i dos nas encostas, proximo de fram sr enterados em hipoges cava mis eHeON. FT I or ne ees wg a ele. No| fiual da 18: Dinastia o interesse pelo passado se reacenden # entio, cortesios ¢ altos personagens administrativos ou militares par . cem ter rivalizado entre si em ostentacao, na construgao de peers capelas. Em pouco tempo, longas ruas ladeadas de edificios funerdrios se estendiam pelas arcias de Saccara, muitas vezes encobrindo as tum- bas do Antigo Império. Nos tiltimos anos do Novo Império, a necrépole de Saccara passou a abrigar uma rumba incomum: o Serapeum, vasta galeria subterrinea —conhecida como Pequenos Subterrineos —, na qual o povo de Ménfis enterrava Apis, o touro sagrado. Os egipcios consideravam 0 animal como a encarnagio do deus criador Ptah (mais tarde, Serépis) ¢ 0 iden- tificavam gracas a sinais especificos. No século 7 a.C., foi cavada uma segunda galeria, chamada Grandes Subterraneos, que foi utilizada até a época greco-romana. Obrigado a se exilar por motivos politicos, o his- toriador grego Herddoto, que viveu no século 5 a.C., empreendeu gran- des viagens, principalmente pelo Egito, recolhendo material para sua grande obra de Histéria. De acordo com ele, o culto de Apis ainda persistia nessa época: um claro de luz. que iluminava uma vaca indica- va que ela “estava recebendo Apis”. O bezerro macho que nascia de- pois disso, segundo ele escreveu, “possuia marcas distintivas: era ne- gro, tinha um losango branco na fronte ¢ a imagem de dorso, sendo também dotado de grande volume de pék dobro do normal) ¢ de um escaravelho sob a Kingua” (Os sacerdotes cuidavam do touro Apis ¢ o alimentavam durante toda sua vida, dando-the comidas selecionadas, alojamento confort. Nel, bem como as melhores vacas. Apds sua morte, o animal era mur Reado sobre uma mesa de alabastro, em um templo especial de Mente Depois, com grande cerimOnia, era conduzido ao Serapeum de Sacears, ‘onde os oficiantes procediam & descida ao timulo, Assim ceo ee uma 4guia no los na cauda (0 caer ale md muaset, que, a0 restaurar o¢ © tumbas do Anti Se tornou em Ménfis um guardiao de Apis, Mt Provavelmente no século 2 d.C., ¢ o Imente sob a areia, Ele f cobe . Ele foi redescoberto tte. Um dia, atraves ee © aulto ao rouro Apis cessor Serapcum desapareceu gradual em 1851, por Auguste Maric 68 Enterrada durante mais de 3.500 ‘ancy astitua do rei Miguerinas com sua espn emerge do slo em 19 de juno de 1910. Esa po tuajestoss toma das mais belas descobertas do sarqueslogo americano George Reimer 1 da pivimide de Miquerin ‘8 Grandes Pirin cexisténcia de uma avenida ladeada por 141 esfin- cs, naquela regiao, O gedgeafo grego, que visi- tara a necrépole em 24 a.C., dizia que essa calga da de esfinges conduzia & neerépole sagrada dos touros Apis — o Serapeum. Pondo em risco sua reputagio — ¢ 0 pouco dinheiro que o Departamento de Antigitidades Egipcias do Museu do Louvre the havia ec dido —, Mariette iniciou suas pesquisas. Ble € sua equipe foram logo recompensados: exuma- a outra, diversas tumbas € ram uma esfinge apé capelas, além de muitas centenas de magnificas estituas do touro Apis e de outras divindades gipcias. Em novembro de 1851, Mariette ch Du finalmente ao proprio Serapeum, abrigado por tris de uma porta decorada. Quando os ope- ririos superaram o tiltimo obstaculo, os arques logos penetraram em uma rede de galerias su terrineas de mais de 240 metros, Mariette registrou: “Havia intimeros nichos, alguns vazios, e outros com enormes sareéfagos. Contei 24”. Ficou impressionado com o tamanho desses aratides de granito: cada ra € pesava pelo um media 4 metros de comprimento, 2,3 de h menos 6 toneladas — dimens6es imponentes, mesmo para um touro mumificado, Havia muito tempo que os corpos daqueles animais ow- trora sagrados haviam sido despojados de seus objetos de valor. Po- Mariette descobriu, em um outro grupo de na sala cujo sarcéfago nio havia sido tumbas perto do Serapeum, 0 violado. Ao se aproximar do atatide ele vin, impressas a: oa espes mada de poeira que recobria 0 solo, as pegdas deixadas pelos sacer- dotes que haviam sepultado o animal, 3 mil anos antes, maticos de Mariette se refere a um Um d atatide de madeira encontrado intacto na parte mais funda de uma capela funeraria do Serapeum, Ele nao abrigava a mimia de um tou- ro, mas sim a de um homem — provavelmente os tinicos restos hu: manos encerrados naquela necrépole, Uma mascara de ouro cobria seu rosto e de uma corrente de ouro pendiam dois amuletos de jaspe — objetos hoje conservados no Museu do Louvre, Os dois indica vam 0 mesmo nome: Kamuaset. Quando 0 estudioso viu os talismas, estremeceu ligeiramente: “Estariam ali sob nossos olhos os despojos ligado do préprio principe, o sumo-sacerdote de Menfis, que era 20 touro Apis?” Até hoje os arquedlogos se perguntam se a miimia com a mascara de ouro seria mesmo a de Kamuaset, o filho preferido de Ramsés I, ———————————————— tada de um belo amarelo-ouro!” Logo, 0 companheito de Martin co- megou a decifrar o texto dos relevos. “Meu Deus, € Maya!” — excla- mou, As inscrigoes nao deixavam pairar chividas: de fato se tratava da tumba do tesoureiro de ‘Tutancamon. Tendo localizado a infra-estrutura, Martin € seu companheiro sa- biam que acima encontrariam a superestrutura. Mas eles se viram dian- te de um dilema: poderiam esvaziar, como dizia Martin, “os corredo- res blogucados e penetrar na edmara funerdria (onde com certeza nos aguardava toda espécie de achados apaixonantes), ou entéo poderia- ‘mos vedar a zona € © pogo que haviamos encontrado por um grande acaso ¢ deixar os trabalhos para a préxima campanha de escavacoes”. Se aquela descoberta houvesse acontecido no século 19, quando os arquedlogos tinham muito menos rigor cientifico do que hoje, Martin teria se dirigido sem refletir para a camara amarela cuja cor, ligada 20 sol nascente, simbolizava a ressurreicao ¢ 0 renascimento. Ele confes- sou qué, 20 saber da noticia, “a maioria das pessoas — ¢ principalmen- tea imprensa — se espanton ao me ver optar pela segunda solugio. Os jornalistas nos perguntavam como poderiamos conseguir controlar nossa impaciéncia durante doze meses, ou até mais, Na verdade, as FazOes sio simples, para nao dizer prosaicas: os arquedlogos nio so cagadores de tesouros; 6 trabalho sob a terra, em sa ser preparado ¢ planejado cuidadosamente ¢ é to de vista logistico, baixo, € nao o invers: qualquer caso, preci- mais sensato, do pon- trabalhar a partir da superficie do deserto para 10”. O espirito cientifico prevalecera. Quando enfim penetrou no interior da tumba, de, Geoffrey Martin encontrou, aj adres, muitas provas de que dois anos mais tar- ipesar dos prejuizos causados pelos seu contetido deveria ter sido suntuoso, Fragmentos de folhas de ouro arrancados dos ataides, bem como of, Hos clos de uma corrente de ouro, estavam dispersos pelo solo, Intime- is inemistagGes em vidro ¢ em diversos tipos de pedra se esyalhan entre pedagos de marfim esculpido, tirades de mobili nee Xas. Entre os raros objetos intactos h: n CASAS PARA A ETERNIDADE Se ee ome ppedra e também os mais impressionantes, tém 0 CRS ane ices we tse eee eae Psito. Um astronomo escocés, por exemplo, via nas di Det kee tr nee enna 20 Sol, mas também as datas que anunciavam o éxodo /hebreus 20 Fugir do Egito e o provivel fim do mun- CT ania eer ee Se Rete a enn en Tn a mo lados da Grande Pirimide, construida pelo rei Re cU ee cae waren Cae nnn 4s 20 centimetsos: um verdadeiro recorde para uma Artificial com mais ou menos 2,3 milhdes de ‘Pedras (Pesando quase 2 toncladas cada), que se eleva a Fea pad Cord eae ‘moderos (nem sodas, nem cinzéis de Ferro). ene nectar Pe ee aes Fiqueza dos primeiros farads, mas também a energia de dezenas de milhares de camponeses contratados pelo ti- rano Quéops para trabalhar, durante os 23 anos que Cree tec ate n ce nena Construfdas para durar, ¢ irdnico que as pirimides tenham sido mais prejudicadas pelos homens que pelo desgaste da natureza. Os antigos egipcios foram os pri- Sen NT my See ee eee ees st Ree ee ne tse eee ng Sern tates treme ee ae eC Ome ett ts nese z See ne Rec Pec eee cceeerny eae ren een ns er en en eee en ec en cs Oc een ee eee et Ree cr EL ee nin arn cs BCom ernie Ric re O COMPLEXO DA PRIMEIRA PIRAMIDE A pirimide em degraus de Saccara, a mais antiga que se conhece, nasceu da vaidade ¢ da pericia de Pee eae een sie eee aes cs Imhorep. Construida por volta de 2630 a.C. na imensidio desértica que se estende ao sul do C: Pee ee aces ters erent crm ene cy ‘como hieréglifo para ‘monte primitivo’, a primei- ra terra a emergir da sopa da criagio. rere ur eee totes sico dos farads do Antigo Império, os nobres ¢ os altos dignitérios eram enterrados em sepulcros re- tangulares de tijolo cru, com tetos chatos e cerca Cee eee ee es mastabas. De inicio, € provivel que a rumba de Pe eet eS ee to a construgio progredia ¢ 0 conceito evoluia, Imhotep empilhou as estruturas chatas, até formar seis ‘degraus’, pelos quais o rei poderia ascender a0 céu apés sua morte, Assim foi criada a primeira pirimide —¢ Imhotep se langou na carreira que faria as geragées seguintes Ihe concederem o status Ce ee eee ene See ty Serena ficios inteiros de pedras talhadas. Imhorep rodeou a pirimide de Zoser com um eet ea erect ee ne € capelas, que contornou com um muro de prote- io de cerca de 1,600 metros, ¢ fez erguer 4 mais de 10 metros. © complexo era o lugar simbdlico Siac e a etic aan aaa ‘generagio, que o rei celebrava durante seu reinado € que deveria manter pela eternidade Peon nee pete ae ea Pirimide em degraus se erguia a 62 metros. ¢ a Lise: SE Tee tee en Peace er Tate a eee ana Pee ee tienes Ps Cal ene ne re ae rn ree ee arpa ad es EVOLUGAO DE UMA FORMA FAMILIAR oA RR RC cy na observagio das estagdes ¢ do meio ambiente, AS Se aCe Me SSO Ce OCR me SRC eet SOR Oe eM cnn) RO eR Rn a Cn eA NOISES he enn tne DES mcr ents subia acima de seu leito depositavam um lodo Se Re eet apss a vazante, os montictlos deixados pelas Seay OCT TTS ern HU POS een ang LOU Src tr enn ORO ae RCS CRT onan tee era nosio da pirimide, A pirimide em degraus sur. PR neem in hs Senet SO om rre rn ‘no mundo do alm, De SIN trNrs eon SRC Rtn fato, hi certos dias em que, COS ane ena POOL ECR a ear ARAN POR Re en AT RRR Ta Na Pea ee ct iene eee Ronn a ULLAL A PT Rte ea el PU eer Staines = Perce oR ae Latin el cet ree rebecca neh Ni Maiiahd Peet Renn cas a ctacen tnt Re ee aL Se Tita ai ia eet San 8 pris Ts os erent Snofru Como comparar as pirsimides do Egito 00s monumentar CO a ee ey tinieas, As silbuetas acima, da exquerda pare a diveita, dio Cs Sane * Pirdauide em degraus: 62,17 metror De aun Sa ey * Basilica de Sao Pedro: 139,81 metros OL koa eer * Catedral de Colénia: 157,91 metros corresponde a outra tentativa, Cet SLO TOL Se a tade da altura, comega a diminuir. ARO DOM oan Te Tt een PR re Ce Seen de Quéops, a Grande Pirimide; mas todas manti- UROL arent inn roomed ima entrada na face norte, A intengio era alinhar Pana aOU RCS nrc et ta ee Ta Pe ORR ae MULL on Rt ene ar Cece age eke ROG ac ran tt pee ee Fe aa Poh POU Cc Rn o nme ny Women ORO ee Meme en eee Tenn = Coen rere eau out os PTs Roa a profunda @ futuro das pirdmides, © te o das pirkmides, O rei acomp PH ck TTR oi Pac eae Ha ROL St Ree ea an ROCCE ay aa AO Surrey Be ORC SeCoon nes TUT ANC CTT ROU LL Se Me eer Pio ol ne neat as cob RRL Sy is bib eared O INTERIOR DA GRANDE PIRAMIDE Peo Ce se ee eect nS ee en ee ee ey sio famosas por resistir a tudo, apesar de serem feitas pelas mios do homem. Passado 0 primeiro impacto, estudiosos © tu- ristas se questionam, diante da Grande Pirimide: “O que existe em seu interior? Qual ¢ sua finalida- Peer ken een ta Em termos puramente materiais, abstraindo a ar Rr ret a aca ecayian timulo inviolivel para a miimia do rei Quéops. Contudo, qualquer que tenha sido a mancira esco- Ihida pelos arquitetos para lacrar a cimara funers Sen ater er ee ant conseguiram entrar, € também sair — levando os Se coe tr een een passagens falsas ¢ grades pontiagudas colocadas [ee ee eect rs ‘0s medos oriundos da superstigio. Os arquedlogos que penetraram nas pirimides séculos mais tarde ficaram horrorizados, perturbados ¢ muito impres- ee Re Rete Tater eee eee Ca ene CG eee RE eer a ener De eee eae en tae algumas para guardar os bens do rei, outras para ee eee eee ee Cocca ees tores aparece na estrutura complicada construida com ere tte sucessivas cmpilhadas, quatro cobertas com lajes See eer tt ee genhoso dispositive para repartir 0 peso cnorme CO ear ener cr ns ee canes ee ep ey aa or ae ny ae arr de Piramide. Resta uma diivida: havers ainda algo Ptoces corer ee ea aoe Poem Ree rescaream sen Tears eat Oe ee ot tee reer eee Dee core ern eee ees Cron eu ret serene en BU eRe errant Seen templos ¢ 0 muro que a contorna, A morada eterna de Quéops

You might also like