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Morfologia I – Embriologia II:

EMBRIOLOGIA DO OLHO, DO OUVIDO E DA HIPÓFISE:

CÁLICE ÓPTICO E VESÍCULA DO CRISTALINO:

O olho surge como um par de sulcos rasos nas laterais do prosencéfalo. Com o fechamento do tubo neural,
esses sulcos formam evaginações do prosencéfalo, as vesículas ópticas, que entram em contato
subseqüentemente com o ectoderma superficial e induzem no ectoderma alterações necessárias para a
formação do cristalino. Logo depois disso a vesícula óptica começa a se invaginar e forma o cálice óptico de
paredes duplas. As camadas interna e externa desse cálice estão inicialmente separadas por uma luz, o
espaço intra-retiniano, mas logo essas camadas se justapõem e uma à outra. A invaginação não se restringe
a parte central do cálice, mas envolve também uma parte da superfície inferior que forma a fissura coróide. A
formação dessa fissura possibilita que a artéria hialóide chegue à câmara interna do olho. Durante a 7ª
semana, os lábios da fissura coróide se fundem e a boca do cálice óptico se torna uma abertura arredondada,
a futura pupila. Durante esses eventos, as células do ectoderma superficial, inicialmente em contato com a
vesícula óptica, começam a se alongar e a formar o placódio do cristalino que se invagina subseqüentemente
e se desenvolve em vesícula do cristalino. Durante a 5ª semana, a vesícula do cristalino perde o contato com
o ectoderma superficial e situa-se na boca do cálice óptico.
RETINA, ÍRIS E CORPO CILIAR:

A camada externa do cálice óptico, que se caracteriza por pequenos grânulos pigmentados, é denominada
camada pigmentada da retina. O desenvolvimento da camada interna (neural) do cálice óptico é mais
complicada. O 4/5 posteriores, a parte óptica da retina, contêm células margeando o espaço intra-retiniano
que se diferenciam em elementos sensíveis a luz, os cones e bastonetes. Adjacente a essa camada
fotorreceptiva fica a camada do manto, que, assim como no cérebro, dá origem a neurônios e células de
sustentação, incluindo a camada nuclear externa, a camada nuclear interna e camada de células
ganglionares. Na superfície fica uma camada fibrosa que contém axônios de células nervosas das camadas
mais profundas. As fibras nervosas nessa região convergem para o pedículo óptico desenvolvendo-se em
nervo óptico. Portanto os sinais luminosos passam por várias camadas da retina antes de chegarem aos
cones e bastonetes. O 1/5 anterior da camada interna, a parte cega da retina, continua com a espessura de
uma camada de células. Ela se divide posteriormente em camada irídica da retina, que dará origem à parte
interna da íris, e parte ciliada da retina que participará da formação do corpo ciliar. Enquanto isso, a região
entre o cálice óptico e o epitélio superficial está preenchida por mesênquima frouxo onde se formam os
músculos esfíncter e dilatador da pupila, a partir do ectoderma subjacente do cálice óptico. Em adultos, a íris
é formada a partir da camada externa pigmentada, a camada interna não pigmentada do cálice óptico e uma
camada de tecido conjuntivo altamente vascularizada contendo os músculos esfíncter e dilatador da pupila. A
parte ciliada da retina é facilmente reconhecida por suas pregas acentuadas. Ela é coberta externamente por
uma camada de mesênquima que forma o músculo ciliar, na parte interna ela está ligada ao cristalino por
uma rede de fibras elásticas, o ligamento suspensor ou zônula.
CRISTALINO:

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Logo após a formação da vesícula do cristalino as células da parede posterior começam a alongar-se
anteriormente e preenchem gradualmente a luz da vesícula. O crescimento do cristalino, todavia, não
termina nesse estágio, pois nessas fibras do cristalino são adicionadas continuamente à região central.
CORÓIDE, ESCLERA E CÓRNEA:
Ao final da 5ª semana o primórdio do olho está totalmente circundado por mesênquima frouxo. Esse tecido
logo se diferencia em uma camada interna comparável à pia-máter do cérebro e uma camada externa
comparável à dura-máter. A camada interna forma uma camada pigmentada bastante vascularizada,
denominada coróide; a camada externa desenvolve-se em esclerótica e é contínua com a dura-máter em
torno do nervo óptico.
A diferenciação das camadas mesenquimais que envolvem a parte anterior do olho é diferente. A camada
anterior se forma por vacuolização e divide o mesênquima numa camada interna a frente do cristalino e da
íris, a membrana iridopupilar, e uma camada externa contínua com a esclerótica, a substância própria da
córnea. A camada anterior propriamente dita é revestida por células mesenquimais pavimentosas. Portanto a
córnea é formada por uma camada epitelial derivada do ectoderma superficial, substância própria ou estroma
que é contínua com a esclerótica, e uma camada epitelial que margeia a câmara anterior. A membrana
iridopupilar em frente ao cristalino desaparece inteiramente, proporcionando comunicação entre as câmaras
anterior e posterior.
CORPO VÍTREO:

O mesênquima não apenas circunda externamente o primórdio do olho como também invade o cálice óptico
internamente por meio da fissura coróide. Aí ele forma os vasos hialóides, que durante a vida intra-uterina
suprem o cristalino e formam a camada vascular na superfície interna da retina. Além disso, ele forma uma
delicada rede de fibras entre o cristalino e a retina. Os espaços intersticiais dessa rede enchem-se
posteriormente de um substância gelatinosa transparente, formando o corpo vítreo. Os vasos hialóides nessa
região são obliterados e desaparecem durante a vida fetal, deixando como característica permanente o canal
hialóide.
NERVO ÓPTICO:

O cálice óptico é ligado ao cérebro pelo pedículo óptico, que tem em sua superfície ventral um sulco, a fissura
coróide. Nesse sulco estão os vasos hialóides. As fibras nervosas da retina retornando ao cérebro situam-se
entre as células da parede interna do pedículo. Durante a 7ª semana a fissura coróide se fecha e um túnel
estreito se forma no pedículo óptico. Em conseqüência do número cada vez maior de fibras nervosas, a
parede interna do pedículo cresce e as paredes interna e externa do mesmo fundem-se. As células da
camada interna constituem uma rede neuroglial que sustenta as fibras do nervo óptico. O pedículo óptico se
transforma então no nervo óptico. Seu centro contém parte da artéria hialóide, denominada posteriormente
artéria central da retina. Externamente, o nervo óptico é circundado por uma continuação da coróide e da
esclerótica, respectivamente a pia aracnóide e a camada dura do nervo.
REGULAÇÃO MOLECULAR DO DESENVOLVIMENTO DO OLHO:

O Pax6 é o gene regulador chave do desenvolvimento do olho. Esse fator de transcrição é inicialmente
expresso numa faixa da placa neural anterior a crista neural, antes do início da neurulação. Neste estágio, há
um campo ocular único que se separa depois em 2 primórdios ópticos. O sinal para a separação destes dois

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campos é o sonic hedgehog (Shh), expresso na placa pré-cordal. A expressão de Shh supra-regula o Pax2 no
centro do campo ocular e sub-regula o Pax6. Esse padrão é mantido posteriormente, de modo que o Pax2 é
expresso no pedículo óptico e o Pax6 é expresso no cálice óptico e no ectoderma superficial sobrejacente que
forma o cristalino. Com a continuação do desenvolvimento, parece que o Pax6 não é essencial para a
formação do cálice óptico. Ao contrário disso, o processo parece ser induzido pela interação da vesícula
óptica com o mesênquima circundante e o ectoderma superficial sobrejacente da região que forma o
cristalino. Portanto, os FGFs do ectoderma superficial promovem a diferenciação da retina neural, enquanto o
TGF-β, secretado pelo mesênquima circunvizinho, dirige a formação da camada pigmentada da retina. Os
fatores de transcrição MITF e CHX10 são expressos posteriormente em relação a esses produtos genéticos e
dirigem a diferenciação da camada pigmentada (MITF) e da camada neural (CHX10). Assim o ectoderma do
cristalino é essencial para a formação do cálice óptico, de tal modo que sem um placódio do cristalino não há
invaginação do cálice. A diferenciação do cristalino depende de Pax6, embora o gene não seja responsável
pela atividade indutiva por parte da vesícula óptica. Em vez disso o Pax6 age de forma autônoma no
ectoderma superficial regulando o desenvolvimento do cristalino. O processo tem início com a expressão do
Pax6 na placa neural, o que supra-regula a expressão do fator de transcrição Sox2, assim como a expressão
de LMAF, outro fator de transcrição.a seguir, a expressão de SIX3 e PROX1 é supra-regulada por Pax6,
enquanto a expressão de BMP7 no ectoderma do cristalino é aumentada para manter a expressão de Sox2 e
Pax6. Finalmente, a expressão combinada de Pax6, Sox2 e LMAF desencadeia a expressão de genes
responsáveis pela formação das proteínas do cristalino, enquanto a expressão de PROX1 regula a expressão
de genes que controlar a proliferação celular.

ORELHA INTERNA:
Converte ondas sonoras em impulsos nervosos e registra alterações no equilibro. A primeira indicação da
orelha em desenvolvimento pode ser encontrada em embriões como um espessamento do ectoderma
superficial de cada lado do rombencéfalo (parte posterior do encéfalo). Esses espessamentos, os placódios
óticos, invaginam-se rapidamente e formam as vesículas óticas ou auditivas (otocistos). Durante o
desenvolvimento subseqüente cada vesícula se divide em um componente ventral que dá origem ao sáculo e
ao ducto coclear e um componente dorsal que forma o utrículo, os canais semicirculares e o ducto
endolinfático. Juntas, essas estruturas epiteliais formam o labirinto membranoso.
SÁCULO, CÓCLEA E ÓRGÃOS DE CORTI:
Na 6ª semana, o sáculo forma uma evaginação tubular em seu pólo inferior, o ducto coclear, que penetra no
mesênquima circundante de forma espiral tendo completado 2,5 voltas até o final da 8ª semana. Sua
conexão com o resto do sáculo é o ducto de união. O mesênquima em torno do ducto coclear logo se
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diferencia em cartilagem. Na 10ª semana esse tecido cartilaginoso sofre vacuolização e formam-se dois
espaços perilinfáticos, a rampa vestibular e a rampa timpânica. O ducto coclear é então separado da rampa
vestibular pela membrana vestibular e da rampa timpânica pela membrana basilar. A parede lateral do ducto
coclear permanece fixada à cartilagem circundante pelo ligamento espiral, enquanto seu ângulo mediano
está fixado a um longo processo cartilaginoso, pelo qual é em parte sustentado, o modíolo, o futuro eixo da
coclear óssea. As células epiteliais do ducto coclear são inicialmente semelhantes. Com o desenvolvimento
subseqüente, porém, elas formam duas cristas: a crista interna, o futuro limbo espiral, e a crista externa. A
crista externa forma uma fileira de células pilosas internas e três ou quatro fileiras externas dessas células, as
células sensoriais do sistema auditivo. Elas são recobertas pela membrana tectorial, uma substância
gelatinosa fibrilar ligada ao limbo espiral, que repouso com sua extremidade sobre as células pilosas. As
células sensoriais e a membrana tectorial constituem conjuntamente o órgão de Corti. Os impulsos recebidos
por esse órgão são transmitidos ao gânglio espiral e daí ao sistema nervoso pelas fibras auditivas do VIII
nervo craniano.
UTRÍCULO E CANAIS SEMICIRCULARES:
Durante a 6ª semana do desenvolvimento, os canais semicirculares surgem como evaginações achatadas da
parte utricular da vesícula ótica. As partes centrais das paredes dessas evaginações acabam por se justapor e
desaparecer, dando origem a 3 canais semicirculares. Enquanto uma extremidade de cada canal se dilata
para formar o pilar ampular, a outra, o pilar não ampular, não se dilata. Como, no entanto, dois desse último
tipo se fundem, somente cinco pilares entram no utrículo, três com uma ampola e dois sem ela. As células na
ampola formam uma crista, a crista ampular, contendo células sensoriais para a manutenção do equilíbrio.
Áreas sensoriais semelhantes, as máculas acústicas, desenvolvem-se nas paredes do utrículo e do sáculo. Os
impulsos gerados nas células sensoriais das cristas e máculas, em conseqüência de uma mudança de posição
do corpo, são levadas até o cérebro por fibras vestibulares do VIII nervo craniano. Durante a formação da
vesícula ótica, um pequeno grupo de células se desprende de sua parede e forma o gânglio estatoacústico.
Outras células desse gânglio derivam-se da crista neural. O gânglio se divide depois nas partes coclear e
vestibular, que suprem, respectivamente, as células sensoriais do órgão de Corti e as do sáculo, do utrículo e
dos canais semicirculares.
ORELHA MÉDIA:
Um condutor de sons da orelha externa para a interna.
CAVIDADE TIMPÂNICA E TUBA AUDITIVA:
A cavidade timpânica se origina do endoderma, é derivada da primeira bolsa faríngea. Essa bolsa se expande
lateralmente e entra em contato com o assoalho da 1ª fenda faríngea. A parte distal da bolsa, o recesso
tubotimpânico, alarga-se e dá origem à cavidade timpânica primitiva e a parte proximal permanece estreita e
forma a tuba auditiva.
OSSÍCULOS:
O martelo e a bigorna são derivados da cartilagem do 1º arco faríngeo e o estribo é proveniente da
cartilagem do 2º arco. Embora apareçam durante a primeira metade da vida fetal, os ossículos permanecem
incrustados no mesênquima até o 8º mês quando então o mesênquima circundante desaparece. O
revestimento epitelial endodérmico da cavidade timpânica primitiva estende-se então ao longo da parede do
espaço recém-desenvolvido e a cavidade timpânica se mostra pelo menos duas vezes maior que antes.
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Quando os ossículos ficam totalmente liberados do mesênquima circundante, o epitélio endodérmico os liga,
de uma forma semelhante a um mesentério, à parede da cavidade. Os ligamentos de sustentação dos
ossículos desenvolvem-se posteriormente nesses mesentérios.
Martelo  1º arco faríngeo  m. tenso do tímpano  ramo mandibular do nervo trigêmeo.
Estribo  2º arco faríngeo  m. estapédio  nervo facial.
No final da vida fetal a cavidade timpânica se expande dorsalmente por vacuolização do tecido circundante,
formando o antro timpânico. Depois. Depois do nascimento, o epitélio da cavidade timpânica invade o osso
do processo mastóide em desenvolvimento e formam-se sacos aéreos revestidos de epitélio. A maior parte
dos sacos aéreos mastóides vem a entrar em contato, mais tarde, com o antro e a cavidade timpânica.
ORELHA EXTERNA:
É o órgão coletor de sons.
MEATOACÚSTICO EXTERNO:
Desenvolve-se a partir da região dorsal da 1ª fenda faríngea. No inicio do 3º mês as células epiteliais na parte
inferior do meato proliferam, formando uma placa epitelial sólida, o tampão meatal. No 7º mês, esse tampão
se dissolve e o revestimento epitelial do assoalho do meato participa da formação do tímpano definitivo. O
tampão meatal persiste ocasionalmente ao nascimento, daí resultando em uma surdez congênita.
TÍMPANO:
É constituído do revestimento epitelial ectodérmico da parte inferior do meato acústico do revestimento
endodérmico da cavidade timpânica e de uma camada intermediaria de tecido conjuntivo, que forma o
estrato fibroso. A maior parte do tímpano esta firmemente fixada ao cabo do martelo e aparte restante forma
a separação entre o meato acústico externo e a cavidade timpânica.
AURÍCULA:
A aurícula se desenvolve a partir de seis proliferações mesenquimais nas extremidades dorsais do 1º e 2º
arcos faríngeos, em torno da 1ª fenda faríngea. Essas dilatações (promontórios auriculares), três de cada lado
do meato externo, fundem-se mais tarde e formam a aurícula definitiva. Como a fusão dos promontórios
auriculares é complicada, são comuns as anormalidades do desenvolvimento da aurícula. As aurículas
externas encontram-se inicialmente na região inferior do pescoço, mas com o desenvolvimento da mandíbula
elas sobem até a lateral da cabeça, ao nível dos olhos.
DESENVOLVIMENTO DA HIPÓFISE:

O lobo anterior da hipófise se desenvolve a partir da evaginação das células do ectoderma da orofaringe no
intestino primitivo que pode ser reconhecido por volta da 4ª ou 5ª semana de gestação. A evaginação é
conhecida como bolsa de Rathke e é eventualmente empurrada da cavidade oral e começa a ser separada
pelo osso esfenóide do crânio. O lúmen da bolsa é reduzido para uma pequena fenda embora a porção
superior da bolsa envolva o pedúnculo neural e forme a pars tuberalis. Este, junto com o lobo anterior, é
chamado de adeno-hipófise. O lobo posterior se desenvolve a partir de células da crista neural como uma
evaginação para baixo do assoalho do terceiro ventrículo. O lúmen dessa bolsa se fecha com os lados se
fundindo para formar o pedúnculo neural enquanto a porção superior da bolsa forma um recesso no assoalho
do terceiro ventrículo conhecido como eminência mediana. O pedúnculo neural junto com a eminência
mediana forma o infundíbulo e esse, junto com o lobo posterior, é coletivamente chamado de neuro-hipófise.
A fenda remanescente da bolsa de Rathke demarca o limite entre os lobos anterior e posterior da hipófise. A
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morfogênese da hipófise e o desenvolvimento dos tipos celulares envolve um número de genes que codificam
fatores e sua expressão seqüencial é agora conhecida por ser crucial. Eles envolvem a expressão seqüencial
de pelo menos 5 homeobox e também as ações de um número de sinais indutivos do diencéfalo.

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