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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Prof. Adm Ademir Antonio Saravalli


e-mail: Ademir_saravalli@yahoo.com.br

CUSTO DE CAPITAL

FONTES DE FINANCIAMENTO

Para a maioria das empresas, a principal fonte de fundos é o caixa líquido


gerado pelas operações, ou seja, o que sobra após se quitarem as obrigações com os
credores – pagamentos de juros e amortização do principal –, com o governo –
pagamento de impostos – e com os acionistas –pagamento de dividendos.
Quando o caixa gerado internamente não é suficiente para manter os ativos
atuais e financiar as novas oportunidades de investimento que criam valor, a empresa
precisa recorrer a fundos adicionais, de fontes externas, na forma de capital próprio ou
de capital terceiros.
As principais fontes de recursos às quais o administrador financeiro pode
recorrer podem ser assim classificadas:
• Recursos próprios versus recursos de terceiros: os recursos próprios são
representados por capital integralizado, reservas e lucros retidos – contas do
patrimônio líquido; os recursos de terceiros correspondem aos compromissos e
às dívidas contraídas – contas do passivo circulante e do exigível a longo prazo;
• Recursos permanentes versus recursos temporários: os recursos
permanentes são os recursos próprios adicionados às dívidas de longo prazo; os
recursos temporários são os compromissos e as dívidas de curto prazo;
• Recursos onerosos versus recursos não onerosos: os primeiros provocam
encargos financeiros, e os segundos não.

1 – FINANCIAMENTO DAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS

1.1 TIPOS DE FUNDOS

Uma classificação ampla divide os fundos utilizados pelas empresas em duas


categorias:
• Capital próprio, correspondente às contas que compõem o patrimônio líquido;
• Capital de terceiros, correspondente aos saldos das contas de passivo circulante
e exigível a longo prazo.

1.1.1 RECURSOS PRÓPRIOS INTERNOS E EXTERNOS

Os fundos próprios gerados internamente se originam da retenção do lucro


líquido. A retenção do lucro líquido é registrada no patrimônio líquido nas contas de
reservas de lucros e de lucros acumulados.
Os recursos próprios podem ter origens em fontes internas e externas. A
principal fonte externa de recursos próprios são as subscrições e integralizações de
aumentos de capital.

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1.1.2 RECURSOS DE TERCEIROS INTERNOS E EXTERNOS

As fontes internas de recursos de terceiros correspondem às diversas obrigações


decorrentes das atividades operacionais da empresa e às despesas a pagar.

OBRIGAÇÕES DESPESAS A PAGAR


Salários Aluguéis
Encargos Sociais Seguros
Obrigações Fiscais a Recolher Água, energia, telefone....

As fontes externas de recursos de terceiros podem ser geradas


espontaneamente, como os créditos concedidos pelos fornecedores e os
adiantamentos de clientes relativos à encomenda de bens ou serviços. Estes recursos e
os provenientes de fontes internas, por serem não onerosos – no sentido de cobrança
explícita de juros – e por se renovarem continuamente, são, muitas vezes, chamados
de créditos de funcionamento.
As principais fontes externas de passivos onerosos incluem:
• Os empréstimos e financiamentos de curto e longo prazos contratados com
instituições financeiras do país e do exterior;
• A colocação, no mercado, de capitais de títulos de dívida – subscrição de
debêntures;
• As operações de arrendamento mercantil – leasing. As obrigações do leasing
não figuram no passivo, mas nas notas explicativas das demonstrações
financeiras.

1.1.3 FONTES DE FINANCIAMENTO

Os principais tipos de fontes de financiamento utilizadas pelas empresas podem


ser assim ilustrados:

CAPITAL DE TERCEIROS CAPITAL PRÓPRIO


Créditos de funcionamento Integralizações de Capital
Empréstimos Bancários de Curto Prazo Reservas de Lucros (retenção de lucros)
Empréstimos e Financiamentos de Longo Lucros Acumulados (retenção de lucros)
Prazo
Debêntures

2. SELEÇÃO

A definição da melhor composição de fundos a serem empregados no


financiamento das atividades empresariais é influenciada pelas condições da economia,
pelas perspectivas do ramo de negócios, pela situação específica da empresa e pelo
grau de aversão ao risco de seus administradores. Por exemplo, ao optar por uma
maior participação de recursos a curto prazo – são menos onerosos –, o administrador

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financeiro deve estar ciente do risco que essa estrutura trará e do grau de sua
flexibilidade em obter fundos adicionais no mercado assim que necessitar.
De outro lado, a margem de manobra para ajustar o mix de financiamento é
limitada pela disponibilidade dos vários tipos de fundos procurados. Os planos e
desejos da empresa devem ser contrapostos às condições requeridas pelos
financiadores, sejam bancos, fornecedores ou acionistas. Dessa forma, é possível
delinear alguns fatores que deverão ser observados quando das decisões sobre a
composição das fontes de financiamento.

2.1.COMPATIBILIDADE DE PRAZOS

A compatibilidade de prazos diz respeito à conveniência de conciliar os prazos e


outras características das fontes de financiamento com a natureza dos ativos que estão
sendo financiados.

Por exemplo:
• As necessidades sazonais deverão ser financiadas com fundos temporários –
empréstimos bancários, descontos de duplicatas, prazos concedidos pelos
fornecedores ou fontes internas espontâneas que integram o passivo circulante.
• As necessidades permanentes, constituídas pela parte fixa do capital de giro –
níveis mínimos que têm de ser mantidos em disponível, duplicatas a receber e
estoques –, e os investimentos em imobilizado devem, preferencialmente, ser
financiados com fundos permanentes, sob a forma de capital próprio e de dívidas
de longo prazo.

Recorrer a fundos temporários para bancar investimentos permanentes pode


comprometer a liquidez da empresa, assim como financiar aplicações sazonais com
recursos de longo prazo – e mais caros – não será saudável à rentabilidade.

3 – FINANCIAMENTO COM CAPITAL PRÓPRIO

3.1 CAPITAL PRÓPRIO

O capital próprio representa a fonte de fundos mais apropriada para financiar


aplicações de maior risco ou de longa maturação. O capital próprio é levantado por
meio de:
• Aumentos de capital;
• Retenção de lucros.

3.1.1 RETENÇÃO DE LUCROS

Os lucros retidos constituem uma importantíssima fonte interna de capital próprio


e amplamente utilizada no financiamento das necessidades operacionais e de
investimentos. Os lucros retidos encontram-se registrados nas contas de reservas de
lucros e de lucros acumulados, constantes do grupo do patrimônio líquido no balanço

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patrimonial. Esses fundos encontram-se diluídos e aplicados nos diversos ativos da


empresa.
Tendo condições de reinvestir no negócio a maior parcela possível do lucro de
cada exercício, a empresa reduzirá a necessidade de captar recursos adicionais em
fontes externas. Contudo, a decisão de reter lucros se contrapõe à outra questão crucial
que diz respeito à remuneração periódica dos acionistas por meio da distribuição de
dividendos.

3.1.2 POLÍTICA DE DIVIDENDOS

Por se tratar de um verdadeiro dilema, uma das principais decisões financeiras a


serem tomadas pelas empresas consiste na definição de sua política de dividendos:
• Lado do administrador financeiro: A retenção de lucros constitui a forma mais
rápida de se obterem fundos de longo prazo, se não a principal fonte, para
atenderem à modernização e ao crescimento da empresa. Os lucros retidos
equivalem a uma emissão de novas ações totalmente subscrita e integralizada,
sem os custos e a complexidade de uma operação de oferta pública. Quando
distribuído, o valor pago deverá ser abatido do patrimônio líquido da companhia.
• Lado do acionista: Suas duas fontes de remuneração são dividendo recebido
em dinheiro e ganho de capital decorrente da valorização das ações no mercado.
O primeiro poderá ser embolsado fácil e integralmente; o segundo apresenta o
inconveniente de o investidor ter de vender parte das ações, arcando com os
custos de transação e as eventuais diferenças de tratamento fiscal.
A essência de uma política de dividendos se resume em decidir se a empresa deve
distribuir lucros aos acionistas sob a forma de dividendos em dinheiro – e em qual
porcentagem – ou retê-los visando ao reinvestimento em sua própria atividade, sob o
interesse deles.
As decisões de dividendos constituem um aspecto particular das decisões de
financiamento empresarial.

3.1.2.1 POLÍTICA DE DIVIDENDOS ÓTIMA

As decisões de dividendos constituem um aspecto particular das decisões de


financiamento empresarial. De um ponto de vista normativo, uma política de dividendos
será considerada ótima se conseguir conciliar, da melhor forma possível, o volume a
ser retido pela empresa e aquele a ser distribuído em dinheiro a seus acionistas.
Tal como ocorre em outras decisões financeiras, a meta fundamental é a
maximização da riqueza dos acionistas. A decisão de reter lucros deve ser tomada
somente quando as oportunidades de investimento nos negócios da empresa forem
economicamente mais atraentes do que aquelas disponíveis aos acionistas no
mercado. Caso contrário, os resultados serão considerados ociosos e deverão ser
pagos aos acionistas para que estes cuidem, eles mesmos, de direcionar sua utilização.

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Na prática, observa-se que as companhias mais jovens e as indústrias nascentes


são as que tendem a reter mais lucros, seja por necessitarem financiar investimentos,
seja por ainda possuírem baixa capacidade de captar financiamentos.
As empresas mais antigas, com atuação em setores mais maduros, são aquelas
que tendem a distribuir mais dividendos. Nelas o número de projetos atrativos costuma
ser menor e a geração de caixa, normalmente, é elevada.

4 – FINANCIAMENTO COM CAPITAL DE TERCEIROS

4.1 CAPITAL DE TERCEIROS

O capital de terceiros pode ser gerado, espontaneamente, no curso normal das


atividades operacionais. O capital de terceiros também pode ser obtido mediante
contratação de empréstimos e financiamentos, subscrição de debêntures e outras
modalidades. Essas fontes podem ser assim ilustradas:
CAPITAL DE TERCEIROS
1. Fontes Espontâneas – exigibilidades diversas; adiantamentos de clientes;
fornecedores.
2. Empréstimos e Financiamentos
3. Subscrição de debêntures
4. Outras.

4.1.1 EXIGIBILIDADES - As exigibilidades da empresa para com seus empregados e


diretores, órgãos governamentais, credores diversos e acionistas são fontes internas de
capital de terceiros:
• Salários e encargos incidentes sobre a folha de pagamento, inclusive as
contribuições previdenciárias e sindicais dos empregados retidas para
posterior recolhimento;
• Impostos e contribuições sobre o faturamento;
• Imposto de renda a pagar sobre o lucro do exercício e imposto de renda
retido na fonte sobre salários;
• Contas a pagar e provisões para despesas incorridas e ainda não pagas
relativas a férias, 13° salário, indenizações contratuais, contingências
fiscais e trabalhistas, etc...
• Dividendos a pagar.
Muitos desses passivos não onerosos são de curtíssimo prazo, mas sua
constante renovação permite que a empresa disponha de uma soma de recursos que
faz parte de seu capital de giro.

4.1.2 ADIANTAMENTOS DE CLIENTES - Os adiantamentos de clientes decorrem de


transações que, normalmente, envolvem bens produzidos sob encomenda e de valor
elevado. Em geral, os contratos prevêem as características técnicas do produto, o
prazo de entrega, as bases de preço e as condições de pagamento. Dessa forma, o
cliente adianta uma certa quantia de dinheiro ao fornecedor e pode realizar outros

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pagamentos durante o período de fabricação. Essa prática é conveniente ao fabricante,


pois faz com que a maior parte dos custos de produção seja financiada pelo comprador.

4.1.3 CRÉDITO DE FORNECEDORES - O crédito concedido por fornecedores – crédito


mercantil ou comercial – é uma modalidade de financiamento de curto prazo que
permite, à empresa compradora, financiar parte de seu ciclo operacional. As condições
estabelecidas para esse tipo de crédito variam, sendo certo que a diferença entre o
preço à vista e o preço a prazo ou o não aproveitamento de descontos oferecidos para
pagamentos antecipados representam custos financeiros ao comprador. Em casos de
pagamentos feitos com atraso, poderá incidir juros de mora.
A decisão de comprar à vista ou a prazo, utilizar ou não o desconto oferecido
para pagamento antecipado ou mesmo atrasar o pagamento arcando com o ônus
depende de se apurar a taxa efetiva de custo financeiro envolvida e compará-la com as
taxas cobradas nos empréstimos bancários. Se a empresa dispõe de recursos em
caixa, deverá levar em conta a remuneração que obtém sobre aplicações financeiras.

4.1.4 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS - referem-se a operações de captação de


recursos realizada diretamente pela empresa em instituições financeiras, cabendo
destacar as operações de desconto de títulos envolvendo notas promissórias e
duplicatas a receber, linha de crédito de curto prazo ou crédito rotativo, e fomento
comercial – factoring.
Há ainda os financiamentos mediante repasses de recursos internos – onde se
destaca a atuação do BNDES como principal executor da política oficial de fomento a
atividades consideradas de interesse econômico, além das Caixas Econômicas e do
Banco do Brasil.
Já os repasses de recursos externos são poupanças captadas no exterior por
instituições financeiras nacionais e, a seguir, repassadas no mercado interno para as
várias empresas interessadas. Tais obrigações, especialmente as de longo prazo, são
apoiadas em contratos minuciosos que estipulam seu valor total, sua forma e sua época
de liberação das parcelas, a finalidade dos recursos e as cláusulas de pagamento com
correção monetária ou cambial.
Além dos juros e das comissões, esses contratos especificam a forma de
pagamento e outras condições, como garantias – aval, fiança, caução de títulos,
penhor, hipoteca –, encargos por inadimplência, etc.

4.1.5 DEBÊNTURES - A captação pela subscrição de debêntures segue, geralmente, a


mesma sistemática de lançamento das ações. As debêntures são títulos privados de
crédito emitidos por companhias de capital aberto e colocados no mercado à disposição
dos investidores. A finalidade da debênture é levantar recursos de médio e longo prazo
para financiar as necessidades de capital de giro e de capital fixo da empresa emissora.
As debêntures podem ser do tipo simples – só podem ser resgatadas em
dinheiro – ou conversíveis em ações – ou seja, o possuidor, por ocasião do resgate,
pode converter o montante acumulado em ações da empresa.

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São títulos que, geralmente, concedem juros – fixos ou variáveis, pagos


periodicamente – e atualização monetária – a ser amortizada juntamente com o valor
do título, por ocasião do vencimento.

4.1.6 ARRENDAMENTO MERCANTIL - Arrendamento Mercantil ou leasing é um


contrato pelo qual uma empresa cede à outra, por um determinado período, o direito de
usar e obter rendimentos com bens de capital de sua propriedade.
Outro conceito determinado pela legislação considera arrendamento mercantil
como o negocio jurídico realizado entre pessoa jurídica na qualidade de arrendatária, e
que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo
especificações da arrendatária e para uso próprio desta.

Os intervenientes envolvidos na operação de leasing são denominados:


a) Arrendador: que aplica recursos na aquisição de bens escolhidos pelo
arrendatário que serão objetos do contrato de arrendamento;
b) Arrendatário: que escolhe o bem junto ao fornecedor e será o usuário
dos bens de capital;
c) Fornecedor: que entrega o bem ao arrendatário.

Bens de capital são ativos permanentes como imóveis, automóveis, máquinas,


equipamentos, ferramentas capazes de gerar rendas de médio e longo prazo.
A idéia do leasing é fundamentada na concepção econômica de que o fato
propulsor de rendimentos para uma empresa é a utilização e não a propriedade de um
bem. Portanto, genericamente, o leasing pode ser explicado como um contrato cuja
finalidade é a cessão do uso de bens de capital. Como no aluguel, a propriedade do
bem arrendado continua a ser do proprietário inicial até o final do contrato. As
operações de leasing prevêem um fluxo de pagamento periódico de contraprestações –
amortização do valor do bem, os encargos e a remuneração da arrendadora – e
impostos.
O arrendamento mercantil, enquanto alternativa à compra de bens por meio da
obtenção de financiamento de médio ou longo prazo, apresenta vantagens e limitações,
cabendo, ao administrador, avaliar, criteriosamente, todos os aspectos envolvidos.

5 – ESTRUTURA DE CAPITAL

5.1 DEFINIÇÃO

No lado direito do balanço patrimonial, encontra-se representada a estrutura


financeira, constituída por obrigações vencíveis a curto e a longo prazo – passivo
circulante mais exigível a longo prazo –, e por recursos próprios – patrimônio líquido –,
que permanecerão indefinidamente na empresa.

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Estrutura de capital de uma empresa é o nome que se dá à parte da estrutura


financeira formada por recursos permanentes, isto é, dívidas de longo prazo e recursos
próprios. Aqui têm destaque os fundos permanentes, uma vez que esses recursos
lastreiam aplicações de longo prazo, enquanto os recursos de curto prazo – passivo
circulante – suprem as necessidades de investimento sazonais.

Tabela 1. CUSTOS DE FONTES ESPECÍFICAS DE CAPITAL

Balanço Patrimonial
PASSIVOS CIRCULANTES (curto prazo)

ATIVOS EMPRÉSTIMOS A LONGO PRAZO


Debêntures

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ações Ordinárias
Ações Preferenciais
Lucros Retidos.

5.1.1 ESTRUTURA E CUSTO DE CAPITAL

O estudo da estrutura de capital está intimamente relacionado com o custo de


capital da empresa. Apesar dos inúmeros instrumentos de captação disponíveis no
mercado financeiros, a estrutura de capital da empresa é composta de duas grandes
modalidades de fundos:
• Capital de terceiros – CT;
• Capital próprio – PL.

O custo de capital total – também chamado de custo médio ponderado de capital


– é determinado pela média ponderada dos custos do capital de terceiros e do capital
próprio. A ponderação dos custos é feita com base na participação de cada fonte na
estrutura de capital.
O custo de capital de terceiros – as dívidas – é inferior ao custo do capital
próprio, basicamente, pelas seguintes razões:
• Os credores têm maior prioridade de reivindicação sobre os lucros ou ativos da
empresa;
• Os credores têm condições de exercer pressão legal muito maior para que a
empresa faça os pagamentos;

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• Os encargos financeiros são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda,


reduzindo, substancialmente, o custo final das dívidas.

5.1.2 ESCOLHA DA ESTRUTURA DE CAPITAL

A estrutura de capital está intimamente relacionada com o custo de capital da empresa.


Uma empresa pode adotar a estrutura de capital que desejar. Uma empresa pode emitir
ações, debêntures, reter lucros, contratar diferentes tipos de empréstimos e
financiamentos, leasing.
Ao optar por maior endividamento ou maior participação de capital próprio, a
empresa terá, como conseqüência, a alteração de seu risco financeiro.

5.2. VISÃO TRADICIONAL

A visão tradicional defende que, mediante uma combinação adequada de suas


fontes de financiamento, a empresa possa definir um valor mínimo para seu custo de
capital total. Dito de outra maneira é possível alcançar uma estrutura de capital ótima,
na qual se minimiza o custo de capital e se maximiza a riqueza dos acionistas.
Tal raciocínio se assenta na seguinte lógica: o custo de capital de terceiros
mantém-se estável até determinado nível de endividamento e passa a elevar-se à
medida que esse endividamento se acentua, representando maior risco;
Portanto, temos duas abordagens para a teoria da estrutura de capital.
• O custo de capital próprio se eleva mais rapidamente do que o custo de capital
de terceiros à medida que aumenta o grau de endividamento;
• Em razão de o custo de capital de terceiros ser inferior ao custo do capital
próprio, o custo de capital total da empresa decresce com a crescente
participação de dívidas. Esse decréscimo verifica-se até certo ponto de
endividamento, definindo um custo de capital mínimo, e passa a elevar-se daí
em diante.
A visão tradicional propõe, em essência, que a empresa possa elevar seu grau
de endividamento até certo ponto ótimo, onde o valor do custo de capital total seja
mínimo. A partir desse ponto, mais endividamento corresponderá a maiores custos nos
dois componentes em função do crescente risco financeiro, elevando o custo de capital
total.

5.3 ESTRUTURA DE CAPITAL NA PRÁTICA

O capital de terceiros é formado pelas diversas dívidas onerosas contraídas pela


empresa.O capital de terceiros tem um custo explícito determinado, principalmente,
pela cobrança de encargos financeiros mais a exigibilidade de recebimento do principal.
Um passivo oneroso representa uma obrigação contratual com encargos e
desembolsos financeiros previamente estabelecidos entre as partes, e a obrigação de
seu desembolso não se vincula ao sucesso da empresa. Há, contudo, um benefício
fiscal, já que a empresa pode abater os juros quando da apuração de seu IR a pagar.
O capital próprio é o recurso dos acionistas e introduz um custo de oportunidade
para a empresa. A rigor, a expectativa de remuneração dos acionistas constitui-se na

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taxa de retorno mínima que a empresa deve exigir em suas decisões de investimentos.
O capital próprio é considerado uma aplicação de elevado risco, pois os acionistas têm
direito ao resultado residual; um eventual insucesso nos negócios repercute
diretamente sobre sua remuneração.
Dessa forma, o custo do capital de terceiros é inferior ao custo do capital próprio.
Isso nos levaria a pensar que a empresa deve favorecer a participação de dívidas em
sua estrutura de capital, isto é, buscar maior alavancagem. Entretanto, existe o efeito
contrário, já que mais endividamento introduz maior risco financeiro, levando os
acionistas – e os novos credores – a elevarem suas expectativas de retorno como
forma de compensar a incerteza.

5.3.1 SOLUÇÃO PRÁTICA

Algum comportamento típico pode ser observado na prática das empresas em


relação a sua estrutura de capital. As empresas procuram não se afastar muito do
padrão de endividamento do setor. As empresas que se defrontam com maiores
incertezas em relação a seus resultados operacionais tendem a favorecer a maior
participação dos recursos próprios.Isso faz sentido se pensarmos que os credores têm
condições de exercer variados graus de pressão sobre os gestores, desde a exigência
de garantias de praxe até a imposição de condições adicionais, como garantias
vinculadas e controles a sua atuação.
De outra parte, uma maior capitalização, certamente, confere à empresa maior
segurança e autonomia diante das oscilações de mercado.
Um aspecto altamente relevante a ser acrescentado é que a estrutura de capital
das empresas também depende das condições gerais do ambiente macroeconômico
em que se desenvolvem as atividades empresariais.

6 – CUSTO DE CAPITAL

6.1 CUSTO DE CAPITAL TOTAL

A maioria das empresas emprega uma combinação de capital próprio e capital


de terceiros no financiamento de suas atividades. Esses dois tipos de capitais têm em
comum uma característica: os investidores que provêm os fundos esperam receber um
retorno sobre seus investimentos.
O custo do capital de terceiros para a empresa é o retorno esperado – requerido
– pelos investidores que concederam empréstimos a ela e que aplicaram em títulos –
debêntures – emitidos pela empresa.
O custo do capital próprio para empresa é o retorno esperado – requerido –
pelos investidores que aplicaram em ações da empresa.
Nada mais natural que assim seja, pois, quando credores e proprietários
investem em uma empresa, eles incorrem em um custo de oportunidade equivalente ao
retorno que eles poderiam obter em investimentos alternativos de risco similar.

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Esse custo de oportunidade dos financiadores é o custo de capital total da


empresa ou a taxa mínima de retorno que a empresa deve obter em seus ativos, de
forma a satisfazer as expectativas de seus fornecedores de fundos.
Nesse sentido, a taxa de custo de capital total é utilizada como a taxa mínima de
atratividade nas decisões de investimentos, seja para calcular o valor presente líquido –
VPL –, seja para comparar com a taxa interna de retorno – TIR – do projeto.

6.1.1 AGREGAÇÃO DE VALOR

A empresa agrega valor econômico em suas decisões à medida que o resultado


de suas operações excede seu custo total de captação. Essa geração de riqueza pode
ser verificada:
• Do lado das decisões de investimentos, pela seleção de ativos que
produzam os melhores fluxos de caixa no futuro.
• Pelas decisões de financiamento, ao se reduzirem os riscos empresariais
e os custos das fontes de capital.

6.2 CUSTO DE CAPITAL DA EMPRESA

O capital é um fator necessário à produção e, tal como qualquer outro fator, tem
um custo. Uma das tarefas muito importantes em Finanças é estimar o custo de capital
da empresa, também referido como custo de capital total ou custo médio ponderado de
capital.
O custo de capital da empresa é obtido, tradicionalmente, mediante o cálculo da
média dos custos de captação, ponderado pela participação de cada fonte de fundos na
estrutura de capital.
Também pode ser definido como sendo a taxa de retorno que uma empresa
deve pagar aos investidores a fim de induzi-los a comprar ações, títulos e outros
papéis.
Diversas decisões na empresa são tomadas com base em seu custo de capital.
Ele é utilizado para avaliar alternativas de investimento, como tomar decisões de preço,
escolher entre comprar e alugar.
Por exemplo, uma proposta de investimento só será efetivada caso o retorno
esperado seja maior do que o custo de capital. Uma vez que a empresa utiliza diversas
fontes de capital, é necessário conhecer o custo específico de cada uma delas.

6.2 CONCEITOS

6.2.1 ESTRUTURA META DE CAPITAL - É a composição ótima de financiamento


entre capital próprio e de terceiros que a maioria das empresas procura obter e manter.

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6.2.2 CUSTO DE CAPITAL COMBINADO – embora as empresas levantem recursos de


uma só vez, elas devem visar um certo mix ótimo de financiamento para maximizar a
riqueza dos acionistas.

6.2.3 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS - O capital de terceiros é representado


por empréstimos, financiamentos e títulos emitidos pela empresa. Algumas fontes de
financiamento não têm um custo explícito e seus dados de custo necessitam de alguns
ajustes para se chegar a seu custo efetivo.

6.2.4 CUSTO DA DÍVIDA – o custo da dívida é menor do que o custo do capital próprio.
O custo da dívida aumenta ou diminui em relação direta com as mudanças nas taxas de
juros do mercado.
O custo da dívida deve ser ajustado ao efeito do imposto de renda.
Dívidas em excesso podem aumentar o risco de a empresa tornar-se insolvente.
Elas forçarão o aumento do custo do empréstimo a ponto de tornar os títulos adicionais
inegociáveis.
Quando novos títulos são emitidos, a empresa incorre em custos de colocação,
que aumentam o seu custo de capital. Entretanto, os custos da dívida são reduzidos
porque os juros pagos são dedutíveis do imposto de renda.

6.2.5 CUSTO DA DÍVIDA A LONGO PRAZO, Kd, é o custo hoje,antes do imposto de


renda, de levantar fundos a longo prazo através de empréstimos tomados. Por
conveniência, consideraremos que os fundos são levantados através da venda de
títulos de dívida. Também presumiremos que os títulos pagam juros anuais.

6.2.6 CUSTO DA DÍVIDA PÓS-IMPOSTO DE RENDA , Ki,– tendo em vista que os


juros de uma dívida são dedutíveis do imposto, isso reduz o lucro tributável da
empresa. A dedução dos juros, portanto, reduz as taxas por um montante igual ao
produto do juro dedutível e à taxa de imposto de renda da empresa.
6.2.7 RENDIMENTOS LÍQUIDOS – a maioria das dívidas de longo prazo de
sociedades anônimas ocorre através da venda de títulos de dívida. Os rendimentos
líquidos da venda de um título de dívida, ou qualquer ação são os fundos que são
recebidos de fato de uma venda.
Os custos de lançamento – custos totais de emitir e vender um título – reduzem
os recebimentos líquidos da venda.

6.2.8 CUSTO DA AÇÃO PREFERENCIAL, Kp é o quociente do dividendo da ação


preferencial em relação aos rendimentos líquidos da empresa da venda das ações
preferenciais, isto é, a relação entre o “custo” da ação preferencial, na forma de seus
dividendos anuais e o montante de recursos conseguidos através da emissão da ação
preferencial. Os rendimentos líquidos representam o montante de dinheiro a ser
recebido, menos quaisquer custos de lançamento. Um ajuste no imposto de renda não
é necessário porque os dividendos das ações preferenciais são pagos dos fluxos de
caixa da empresa pós-imposto de renda.

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6.2.9 CUSTO DA AÇÃO ORDINÁRIA - O custo da ação ordinária é o retorno exigido da


ação pelos investidores no mercado de ações. Existem duas formas de financiamento
através de ações ordinárias: (1) Lucros Retidos e (2) Novas Emissões de ações
ordinárias.

(1) O custo de lucros retidos (Kr) é o mesmo que o custo de uma emissão
equivalente totalmente subscrita de ações ordinárias, o qual é igual ao custo da
ação ordinária (Ks).

(2) O custo de novas emissões de ações ordinárias (Kn) é determinado calculando-


se o custo da ação ordinária, líquido de deságio e o custo de lançamento
associado. Conseqüentemente, o custo de emissão de novas ações, Kn, será
sempre maior do que o custo de emissões existentes, Ks, o qual é igual ao custo
de luros retidos (Kr).

7. CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMePC)

O custo médio ponderado de capital, ou custo total de capital, representa a taxa


de atratividade da empresa, que indica a remuneração mínima que deve ser exigida na
alocação de capital, de forma a maximizar seu valor de mercado.
Para ilustrar o cálculo do custo médio ponderado de capital, admita que uma
empresa tenha apresentado a seguinte estrutura de capital e seus custos respectivos,
conforme levantado de seus relatórios contábeis:

FONTE MONTANTE EM R$ PROPORÇÃO DE CUSTO CmePC


DE CADA FONTE DA Custo
CAPITAL NA ESTRUTURA FONTE Médio e
DE CAPITAL DE Ponderad
(1) CAPITAL o
(2) De
Capital
(1 x2 = 3)
Capital – Ações 500.000 ações x $ 1,00 = R$ 0,50 13% 6,50%
ordinárias 500.000,00
Capital – ações 100.000 ações x $ 1,00 = R$ 0,10 10,6% 1,06%
preferenciais 100.000,00
Empréstimo a longo R$ 400.000,00 0,40 5,6% 2,24%
prazo (após IR)
TOTAL R$ 1.000.000,00 1,00 ou 100% XXXXXX 9,80%

Pelos valores enunciados, pode-se mensurar o custo total das fontes de capital
da empresa da seguinte forma:

CMePC = (13% x 0,50) + ( 10,6% x 0,10) + (5,6% x 0,40) == => CMePC = 9,8%

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De outra maneira,, a remuneração exigida pelos proprietários de capitais


alocados pela empresa assume a seguinte forma de cálculo

FONTE DE CAPITAL REMUNERAÇÃO EXIGIDA


Capital – Ações ordinárias R$ 500.000,00 x 13,0% = R$ 65.000,00
Capital – ações preferenciais R$ 100.000,00 x 10,6% = R$ 10.600.00
Empréstimo a longo prazo R$ 400.000,00 x 5,6% = R$ 22.400,00
TOTAL R$ 98.000,00

A remuneração exigida representa 9,8% do volume total de recursos colocados à


disposição da empresa, ou seja, o custo médio ponderado de capital (CMePC) é igual
a:

CMePC = R$ 98.000,00/ 1.000.000,00 = 9,8%

ANÁLISE:
Esse custo total representa, efetivamente, a taxa mínima de retorno (atratividade
econômica) desejada pela empresa em suas decisões de investimento. Ao não
promover um retorno operacional pelo menos igual ao seu custo total de capital, a
empresa deixará de remunerar de forma adequada suas fontes de financiamento,
prejudicando seu valor de mercado.
Em outras palavras, um retorno do investimento menor que o CMePC leva a uma
destruição de seu valor de mercado, reduzindo a riqueza de seus acionistas. Retornos
operacionais acima da taxa de atratividade, por outro lado, revelam uma agregação de
valor econômico à empresa pela geração de resultados superiores ao mínimo exigido
pelos proprietários de capital. Nessas condições, as decisões financeiras promovem
uma agregação de riqueza, sendo consistentes com seu objetivo de maximizar o valor
de mercado.
A metodologia de apuração do custo médio e ponderado de capital (CMePC)
pode ser desenvolvida de acordo com ponderações baseadas em valores contábeis,
em valores determinados pelo mercado ou, ainda, com base em uma estrutura de
capital admitida como meta pela empresa. As ponderações em valores contábeis foram
consideradas na solução da ilustração anterior.
Os pesos de valor contábil usam valores da contabilidade para medir a
proporção de cada tipo de capital na estrutura financeira da empresa.
Os pesos de valor de mercado medem a proporção de cada tipo de capital em
seu valor de mercado. O uso de valores de mercado para se apurar a ponderação de
cada fonte de financiamento é mais recomendada para as decisões financeiras,
principalmente por refletirem melhor seu efetivo montante de realização,
proporcionando uma interpretação mais segura de seus resultados, pois o mercado
reflete, de maneira mais rigorosa, o valor dos capitais da empresa.
Por outro lado, os pesos das fontes de capitais podem também ser definidos com
base em um a estrutura de capital-meta, em que suas participações respectivas
passam a refletir uma posição desejada, a qual a empresa tem por objetivo atingir. Esse
critério de ponderação meta, definido também com base em valores de mercado, é
considerado como o mais identificado com o objetivo das empresas em maximizar seu

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valor de mercado, sendo o ideal a ser adotado na determinação do custo médio


ponderado de capital (CMePC).
O custo médio ponderado de capital, além de refletir a taxa de atratividade da
empresa na avaliação de propostas de investimento de capital, é bastante utilizado
também nas decisões de financiamento. Alterações na estrutura das fontes de capital,
assim como nos custos específicos de cada financiamento selecionado, levam
evidentemente a alterações no CMePC e, em conseqüência, das decisões financeiras.

8 CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL (CMaPC) E AS DECISÕES DE


INVESTIMENTO

8.1 CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL (CmaPC)

O custo médio ponderado de capital da empresa é a entrada-chave para o


processo de tomada de decisão de investimento. A empresa deve fazer somente
aqueles investimentos para os quais o retorno esperado é maior do que o custo médio
ponderado de capital.
Outrossim, o custo médio ponderado de capital pode variar ao longo do tempo,
dependendo do volume de financiamento que a empresa planeja levantar. À medida
que o volume de financiamento aumenta, os custos dos vários tipos de financiamento
aumentarão, elevando o custo médio ponderado de capital da empresa. Assim, é
importante que se calcule também o CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL
(CMaPC), o qual é o custo médio ponderado de capital associado à unidade seguinte
do novo financiamento total. Tendo em vista que os componentes do custo de
financiamento – dívidas, ações preferenciais e ações ordinárias – aumentam à medida
que maiores montantes são levantados, o CMaPC é uma função crescente do nível
total de novo financiamento.
Aumentos nos custos dos componentes de financiamento ocorrem porque
quanto maior o montante do novo financiamento, tanto maior o risco para os
fornecedores de fundos. Ou seja, fornecedores de recursos exigem maiores retornos na
forma de juros e dividendos como compensação pelo aumento do risco introduzido
pelos maiores volumes de novo financiamento.
Outro fator que causa um aumento no custo médio ponderado de capital é o uso
de ações ordinárias para o financiamento. Um novo financiamento fornecido por ações
ordinárias será tirado dos lucros retidos disponíveis até a exaustão e então será obtido
do financiamento por novas ações ordinárias. Tendo em vista que os lucros retidos são
uma forma menos dispendiosa de financiamento por ações ordinárias do que a venda
de novas ações ordinárias, uma vez que os lucros retidos foram exauridos, o custo
médio ponderado de capital aumentará com o acréscimo de novas ações ordinárias
mais dispendiosas.

8.2 PONTO DE RUPTURA - Para calcular o CMaPC, devemos calcular os pontos de


ruptura, que refletem o nível de um novo financiamento total no qual o custo de um dos
componentes do financiamento aumenta, causando uma elevação no custo marginal
ponderado de capital (CMaPC).

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8. 3 EXERCÍCIOS-EXEMPLO

a) Considere os seguintes custos de capital:


Custo da dívida, Ki = 5,6%
Custo de ações preferenciais, Kp = 10,6%
Custo de lucros retidos, Kr = 13%
Custo de novas ações ordinárias, Kn = 14%.

b) Considere que a empresa usa a seguinte estrutura de capital-meta ao calcular


sua média ponderada de capital:

Fonte de Capital Peso (em %)


Dívida a longo prazo 40
Ação preferencial 10
Ação ordinária 50
TOTAL 100

c) Com base nestes dados, o cálculo do custo médio da Debbo S/A é o


apresentado na tabela abaixo:

PROPORÇÃO DE CADA CUSTO DA CmePC


FONTE NA ESTRUTURA FONTE DE Custo
FONTE DO CAPITAL DE CAPITAL CAPITAL Médio e
(Peso) (2) Ponderado
(1) (em %) De Capital
(1 x2 = 3)
Dívida a longo prazo 0,40 5,6 2,2
Ação preferencial 0,10 10,6 1,1
Ação ordinária 0,50 13 6,5
TOTAL 1,00 XXXXXX 9,8%

Como a empresa espera te um montante considerável de lucros retidos


disponíveis ($ 300 mil), ela planeja usar seu custo de lucros retidos, Kr, como o custo
das ações ordinárias. O custo médio ponderado da empresa Debbo S/A é de 9,8%.
Supondo um nível de risco inalterado, a empresa deve aceitar todos os projetos que
renderão um retorno maior do que 9,8%.

d) CALCULO DO PONTO DE RUPTURA

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Quando a Debbo S/A exaurir seus R$ 300 mil de lucros retidos disponíveis (Kr =-
13%), ela deve usar um novo financiamento mais dispendioso das ações ordinárias
(Kn=14%) para suprir suas necessidades de capital próprio.
Mais ainda, a empresa espera que ela possa tomar emprestado somente R$ 400
mil de dívida a um custo de 5,6%; uma dívida adicional terá um custo adicional,
passando a custar (Ki) 8,4% após o imposto de renda.
Portanto, dois pontos de ruptura existem – (1) quando os R$ 300 mil de lucros
retidos custando 13,0% estiverem exauridos e (2) quando os R$ 400 mil de dívidas a
longo prazo custando 5,6% estiverem exauridos. Os pontos de ruptura podem ser
encontrando pela substituição, na fórmula, dos valores e pesos de estrutura de capital
correspondentes

Ponto de Ruptura Capital Próprio =R$ 300.000 = R$ 600.000


0,50

Ponto de Ruptura Capital de Terceiros = R$ 400.000 = R$ 1.000.000


0,40

8.3 CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL – CMApC

Uma vez que os pontos de ruptura foram determinados, o próximo passo é


calcular o custo médio ponderado de capital sobre os intervalos dos novos
financiamentos totais entre pontos de ruptura.
Primeiro, encontra-se o CmePC para um nível total de financiamento novo entre
o primeiro e o segundo ponto de ruptura e assim por diante.
Por definição, para cada um dos intervalos do total de novos financiamentos
entre os pontos de ruptura, certos componentes dos custos de capital irão aumentar,
causando um aumento no custo médio ponderado de capital para um nível mais alto do
que aquele sobre o intervalo precedente.

a) Cálculo Do Custo Marginal Ponderado De Capital – CMApC

A tabela a seguir resume o cálculo do CmePC para a empresa tomada como


exemplo sobre os intervalos dos financiamentos totais novos criados pelos dois pontos
de ruptura – R$ 600 mil e 1 milhão.

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Comparando os custos na coluna 3 para cada um dos três intervalos, pode-se


ver que os custos no primeiro intervalo ($0 a $ 600 mil) são aqueles calculados em
exemplos anteriores e usados na tabela anterior.
O segundo intervalo ($ 600 mil a $ 1 milhão) reflete o aumento no custo da ação
ordinária para 14%.
No intervalo final, o aumento no custo da dívida a longo prazo para 8,4% é
introduzido.

Custo Marginal Ponderado de Capital para faixas de novo financiamento total

Faixas do novo Fonte de Capital Peso Custo Custo


financiamento total (em (1) (2) (3) Ponderado [(2)
R$) (em %) x (3)] = (4)
(em %)
0 a 600.000 Dívida 0,40 5,6 2,2
Ação Preferencial 0,10 10,6 1,1
Ação Ordinária 0,50 13,00 6,5
CMePC............. 9,8
600.000 a 1.000.000 Dívida 0,40 5,6 2,2
Ação Preferencial 0,10 10,6 1,1
Ação Ordinária 0,50 14,0 7,0
CmePC........... 10,3
1.000.000 e acima Dívida 0,40 8,4 3,4
Ação Preferencial 0,10 10,6 1,1
Ação Ordinária 0,50 14,0 7,0
CMePC............. 11,5

ANÁLISE: Enquanto a taxa de retorno interno de um projeto é maior do que o custo


marginal ponderado de um novo financiamento, a empresa deve aceitar o projeto. O
retorno diminuirá com a aceitação de mais projetos, e o custo marginal ponderado de
capital aumentará, pois maiores montantes de financiamento serão exigidos. A empresa
deveria, portanto, aceitar projetos até o ponto em que o retorno marginal dos seus
investimentos se igual ao custo marginal ponderado de capital. Além desse ponto, seu
retorno de investimento será menor do que o custo de capital.
A aceitação de projetos começando com aqueles que têm a maior diferença
positiva entre a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Custo Médio Ponderado de Capital
(CMePC), até o ponto em que a TIR apenas se igual ao CMePC devem resultar no
retorno máximo para todos os projetos independentes aceitos. Tal resultado é
consistente com a meta da empresa de maximização da riqueza de seus proprietários.

8.5 PERFIL DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO - POI


A qualquer momento, uma empresa tem certas oportunidades de investimento
disponíveis para si. Essas oportunidades diferem com respeito ao tamanho do
investimento, risco e retorno. O Perfil de Oportunidade de Investimento – POI é uma
classificação de possibilidades de investimento da melhor (maior retorno) para a pior
(menor retorno).

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À medida que o montante cumulativo de dinheiro é investido nos projetos de


capital da empresa aumentar, seu retorno (TIR – taxa interna de retorno) nos projetos
diminuirá; geralmente, o primeiro projeto selecionado terá o retorno mais alto, o próximo
projeto o segundo maior e assim por diante. Em outras palavras, o retorno sobre o
investimento tenderá a decresceá à medida que a empresa aceitar projetos adicionais.

8.5.1 EXEMPLO DE PERFIL DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO - POI

O Perfil de Oportunidade de Investimento (POI) da empresa tomada como


exemplo lista a possibilidade de investimento das melhores (maior retorno) às piores
(menor retorno) na coluna 1 da tabela 2 (a seguir). A coluna 2 da tabela mostra o
investimento inicial exigido para cada projeto. A coluna 3 mostra o total cumulativo de
fundos investidos exigidos para financiar todos os projetos, incluindo a oportunidade de
investimento correspondente. Comparando os retornos do projeto com relação ao
investimento cumulativo (coluna 1 contra a coluna 3 da tabela abaixo) em um conjunto
de eixos de novos financiamentos totais ou de custo médio ponderado de capital de
investimento e a taxa de retorno interna (TIR), resulta o perfil de oportunidade de
investimento da empresa (POI).
Tabela 2. PERFIL DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO (POI)

Oportunidade de Taxa Interna de Investimento Investimento


Investimento Retorno (TIR) Inicial Cumulativo ¹
(1) (2) (3)
(em %) (em R$) (em R$)
A 15,0 100.000 100.000
B 14,5 200.000 300.000
C 14,0 400.000 700.000
D 13,0 100.000 800.000
E 12,0 300.000 1.100.000
F 11,0 200.000 1.300.000
G 10,0 100.000 1.400.000
¹ O investimento cumulativo representa o montante total investido em projetos com
retornos maiores, mais o investimento necessário para uma dada oportunidade de
investimento.

8.5.2 USANDO O CMaPC e o POI PARA TOMAR DECISÕES DE FINANCIAMENTO


OU INVESTIMENTO

Enquanto a taxa de retorno interno de um projeto é maior do que o custo


marginal ponderado de um novo financiamento, a empresa deve aceitar o projeto. O
retorno diminuirá com a aceitação de mais projetos, e o custo marginal ponderado de
capital aumentará, pois maiores montantes de financiamentos serão exigidos. A
empresa deveria, portanto, aceitar projetos até o ponto em que o retorno marginal
do seu investimento se iguala ao custo marginal ponderado de capital. Além
desse ponto, seu retorno de investimento será menor do que o custo de capital. Essa
abordagem é consistente com a meta da empresa de maximização da riqueza de seus
proprietários.

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9. FUNDAMENTOS DE RISCO E RETORNO - Para maximizar o retorno dos


investimentos, o administrador financeiro deve aprender a avaliar os dois
determinantes-chave dos investimentos: risco e retorno, sendo que cada decisão
financeira apresenta certas características de risco e retorno.
As aplicações apresentam diferentes níveis de risco, de acordo com as suas
características. Conforme o nível de risco, será o retorno da aplicação, de forma que
quanto maior o risco, maior será o potencial de retorno, e quanto menor o risco, menor
deverá ser o potencial de retorno.Por isso, é importante que na hora de investir você
escolha o produto adequado ao seu perfil de investidor (Conservador, Moderado ou
Arrojado).

9.1 RISCO - É a chance de perda financeira, ou a incerteza à variabilidade de retornos


associada a um dado ativo. Ativos com chances maiores de perdas são vistos como
mais arriscados do que aqueles com chances menores de perdas. Quanto mais certo
for o retorno de um ativo, menor será a variabilidade do mesmo e menor o risco.
Exemplo:
• Um título do Governo que garante a seu portador R$ 100,00 de juros após 30
dias não tem risco, pois não há variabilidade associada ao retorno.
• Um investimento equivalente de R$ 100,00 nas ações ordinárias de uma
empresa, que no mesmo período de tempo podem render algo entre R$ 0,00 e
R$ 200,00, é muito arriscado devido à alta variabilidade de seu resultado.

9.1.1 RISCO SISTEMÁTICO OU NÃO DIVERSIFICÁVEL - é o risco relativo ao sistema Não pode
ser eliminado (ou reduzido) mediante a diversificação, estando sempre presente na estrutura do
portfólio.Este risco tem origem nas flutuações a que está sujeito o sistema econômico como um todo,
sendo suas principais fontes as variações nas taxas de juros da economia, o processo inflacionário, a
situação política e o comportamento das cotações no mercado de títulos. O risco sistemático afeta
praticamente todos os ativos na economia, pelo menos em algum nível.

9.1.2 RISCO NÃO SISTEMÁTICO OU DIVERSIFICÁVEL - é um risco específico a um determinado


ativo. Pode ser total ou parcialmente diluído pela diversificação da carteira. Está relacionado mais
diretamente com as características básicas do título e do mercado de negociação. O risco não
sistemático afeta no máximo um pequeno número de ativos.

9.1.3 RISCO DE UM PORTFÓLIO DE ATIVOS - O risco de qualquer investimento proposto em um


único ativo não deve ser visto independentemente de outros ativos. Novos investimentos devem ser
considerados sob a luz de seu impacto sobre o risco e retorno do portfólio de ativos. A meta do
administrador financeiro é criar um portfólio eficiente.

9.1.4 DIVERSIFICAÇÃO - A maioria dos ativos financeiros não é mantida


isoladamente; eles são, ao contrário, mantidos como parte de carteiras. Assim, do
ponto de vista de um investidor, o fato de que uma ação em particular sobe ou desce
não é muito importante; o que é importante é o retorno sobre sua carteira e o risco da
carteira. Combinação de ações em carteira reduz o risco, mas não o elimina
completamente. Carteiras muito diversificadas tenderão a não ter praticamente nenhum
risco não sistemático. Para investidores diversificados, apenas o risco sistemático

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interessa. Ao decidir se compra ou não determinado ativo, o investidor diversificado


estará preocupado apenas com o risco sistemático do ativo. Um portfólio eficiente
maximiza o retorno para um dado nível de risco ou minimiza o risco para um dado nível
de retorno. O risco de um portfólio de ativos pode ser reduzido através da
diversificação.
Risco Em Uma Carteira - Como regra, o fator de risco de uma carteira será reduzido à
medida que o número de ações na carteira aumenta, dependendo do grau de
correlação entre as ações: Quanto menor o coeficiente de correlação positiva, menor o
risco em uma carteira grande.
Exemplo: risco em uma carteira grande: Você poderia esperar correlações maiores
entre os retornos sobre duas empresas nos mesmos setores ou em setores diferentes?
Por exemplo, a correlação de retorno sobre as ações da Fiat e da GM seria mais alta ou
o coeficiente de correlação seria mais alto entre a Fiat e a GM ou a IBM, e como essas
correlações afetariam o risco das carteiras que as contêm?
Resposta: Os retornos da Fiat e da GM têm um coeficiente de correlação maior entre si
do que com a IBM, porque ambos são afetados pelas vendas automobilísticas.
Implicações: Uma carteira de duas ações, da Fiat e da GM, apresentaria maior grau de
risco do que uma carteira de duas ações consistindo da Fiat ou da GM mais a IBM.
Assim, para minimizar o risco, as carteiras deveriam ser diversificadas nos diferentes
setores econômicos.
9.2 RISCO DE INVESTIMENTO - Termo usado para denominar a variabilidade de
retornos relativos a um investimento. Alguns autores diferenciam risco de incerteza,
afirmando que ao primeiro pode-se atribuir uma distribuição de probabilidades, o que
não ocorreria com o segundo, mas geralmente os dois termos são usados como
sinônimos. Assim quando se fala que um investimento é de alto risco isto significa que é
muito difícil prever com precisão a rentabilidade que será alcançada. No mercado
financeiro o termo "risco" é usado para determinar a probabilidade de ganhos ou perdas
acima ou abaixo da média do mercado.

9.3 RISCO DE CRÉDITO - Um dos vários tipos de risco, que é usado para determinar a
probabilidade de um determinado título emitido por uma empresa, instituição financeira
ou governo, não ser honrado. Por exemplo, no caso da falência de uma empresa é
possível que a mesma atrase ou simplesmente não efetue os pagamentos referentes a
debêntures que tenha emitido. Este risco é denominado risco de crédito do título.

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