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EXMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CIVEL DA COMARCA DE

MOCOCA - SP.

SINDICATO ??????????????????????????????????????????????,
Entidade Sindical de primeiro grau, inscrita no CNPJ/MF sob o numero nº
??????????????????, com Sede Social na Rua ?????????, ??? – ????????, CEP
???????????, nesta cidade de Mococa, Estado de São Paulo, neste ato por seu advogado
e bastante Procurador que esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no Art. 4º, Inciso I, combinado com os artigos 273 e 282, todos do
CPC, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE IMUNIDADE JURIDICO-TRIBUTÁRIA


C/C ANULAÇÃO DE DÉBITO TRIBUTÁRIO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em desfavor a FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, com endereço para


citação na Rua Pamplona, 227 – Bairro Bela Vista, CEP 01405-902, na cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, de acordo com as razões de fato e de direito a seguir
expostas.

I – DA IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR

O Requerente é uma Entidade Sindical de primeiro grau, e nos termos


do artigo 511, parágrafo 3º da CLT, representa a categorias profissionais de sua base
territorial, constituída de:

a) Empregados em empresas de ônibus que operam linhas Rodoviárias,


Urbanas e Serviço de Fretamento e Turismo, Empregados em Empresas
de Transportes de Cargas Rodoviárias Secas e Molhadas, inclusive o
pessoal da administração (Office-boy, porteiros, vigias, auxiliares de
copa e cozinha, cozinheiras, auxiliares de escritórios, escriturários,
conferentes de cargas, auxiliares de departamento pessoal, chefes de
departamentos e de divisões, encarregados, faturistas, auxiliares de
expedição, telefonistas, recepcionistas, atendentes, diretores –
empregados, relações públicas, vendedores de fretes, cobradores
comercial, líderes, mestres, fiscal de plataforma, pessoal de zeladoria,
pessoal de computação em geral contínuos, ascensoristas, gerentes
comercial, administrativos e financeiros, bilheteiros, bagageiros,
agenciadores, caixas, auxiliares de almoxarifado, auditores, assessores,
monitores, mensageiros, servente, publicitários, segurança, secretárias
que não tenham formação superior, auxiliares de contabilidade,
instrutores, assistentes, administradores, supervisores e compradores);

b) Motorista, Ajudante de Caminhão, Ajudante Geral, Empregados em


Empresas Comerciais, Industriais, Agrícolas, Usinas, Destilarias, ou
qualquer tipo de empregador, tendo em vista as funções representadas
ser pertencentes à categoria diferenciada, exatamente nos termos do
Artigo 511, Parágrafo 3º da CLT. Inclui-se ainda os Operadores de
Máquinas motorizadas (Tratoristas, Operadores de Máquinas,
Operadores de Empilhadeira e Guincheiros).

Está ainda devidamente registrado no Cartório de das Pessoas Juridicas


da Comarca de Mococa – SP, como também é detentor da Carta Sindical expedida pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, conforme comprovam os inclusos documentos.

II – DOS FATOS

Em 08/02/2010, o Requerente adquiriu da Empresa General Motors do


Brasil Ltda, o veículo marca GM, Modelo Astra Sedan Advantage, ano e modelo de
fabricação 2010, ??????????????????????, tendo sido emplacado com a identificação
???-????, conforme faz prova pelos documentos anexos.

Pelo nosso ordenamento jurídico, o Autor tem imunidade tributária


assegurada (Artigo 150 da Constituição Federal), e dentro desse preceito encaminhou ao
Requerido, mediante protocolo realizado perante ao Posto Fiscal de São José do Rio
Pardo – SP, o pedido de imunidade tributária do IPVA – Imposto de Propriedade de
Veículo Automotor, com fundamento no Artigo 150, letra “c”, da Constituição Federal,
combinado com o Artigo 8º, da Lei 6.606/1989 e Portaria CAT 56/1996, ambas do Estado
de São Paulo.

Ocorre que, para sua surpresa, o Requerido concedeu a imunidade


tributária do IPVA somente a partir de 01/01/2011, e não desde a aquisição do veículo,
alegando que o Autor teria encaminhado a solicitação administrativa de imunidade fora
do prazo legal, sem apresentar no entanto o fundamento legal para indeferimento da
imunidade relativa ao IPVA do exercício fiscal de 2010.

O Autor interpôs um Recurso Administrativo, o qual após análise,


recebeu o indeferimento, sob mesma fundamentação, qual seja, que o Autor teria
encaminhado a solicitação administrativa fora do prazo legal, tendo dessa vez utilizado
da fundamentação que teria ocorrido afronta ao disposto no Artigo 22 da Lei
13.296/2008, tudo conforme comprovam os documentos juntados aos autos.

III – DO DIREITO

A palavra Imunidade, tem origem latina “Immunis”, expressa a noção da


desobrigação de suportar uma condição onerosa, na realidade no caso da imunidade não
temos o nascimento da obrigação tributaria, não se tem a hipótese de incidência, nem
fato gerador, mas sim temos a limitação ao poder de tributar.

As imunidades são conceituadas como hipóteses de não incidência


constitucionalmente qualificadas. São verdadeiras garantias constitucionais que refletem
o estado democrático de direito e seus objetivos, como promover o bem de todos, por
exemplo. Assim, as imunidades são hipóteses previstas na Constituição da República nas
quais fica vedada a incidência de determinados tributos.

Sendo uma limitação constitucional ao poder de tributar do Estado, a


imunidade gera um bloqueio, um escudo que impede que surja a obrigação ex lege, que
se perfaça uma relação tributária entre a entidade imune e o ente tributante.

ALIOMAR BALEEIRO 1 , nobre jurista, entende as imunidades como


"vedações absolutas ao poder de tributar certas pessoas (subjetivas) ou certos bens
(objetivas) e, às vezes, uns e outros."

E prossegue o ínclito tributarista diferenciando imunidade de isenção,


conforme textualmente se manifesta, in verbis:

"Imunidades tornam inconstitucionais as leis ordinárias que


as desafiam. Não se confundem com isenções derivadas da
lei ordinária ou da complementar (Art. 19, § 2º, Constituição
Federal)* que, decretando o tributo, exclui expressamente
certos casos, pessoas ou bens, por motivos de política fiscal.

1
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. revisada e atualizada por Flávio Bauer Novelli. Rio de
Janeiro, Forense, 1991. p. 84
A violação do dispositivo onde se contém a isenção importa
em ilegalidade e não em inconstitucionalidade."

Também o notório IVES GANDRA MARTINS2 exaustivamente comenta o


alcance jurídico dos dois institutos, bem como da não-incidência e alíquota zero, em
notas de rodapé insertas na obra Sistema Tributário na Constituição de 1988. Não é
demais a sua transcrição:

"A imunidade é o mais relevante dos institutos


desonerativos. corresponde a vedação total ao poder de
tributar. A imunidade cria área colocada,
constitucionalmente, fora do alcance impositivo, por
intenção do constituinte, área necessariamente de
salvaguarda absoluta para os contribuintes nela hospedados.
A relevância é de tal ordem que a jurisprudência tem
entendido ser impossível a adoção de interpretação restritiva
a seus comandos legais, sendo, obrigatoriamente, a exegese
de seus dispositivos ampla.

(...)

Na imunidade, não há nem o nascimento da obrigação fiscal,


nem do conseqüente crédito, em face de sua substância
fática estar colocada fora do campo de atuação dos poderes
tributantes, por imposição constitucional. Independe,
portanto, das vontades legislativas das competências
outorgadas pela Lei Maior.

A não incidência, materialmente, se reveste da mesma


estrutura. Não há nem nascimento da obrigação tributária,
nem do crédito respectivo, em face de que as pessoas ou
situações postas fora da imposição não geram, por seus atos
ou ocorrências fáticas, nem obrigação, nos termos dos
artigos 113 e 114 do CTN, nem crédito correspondente (arts.
139 e 142), que é o ingresso para o universo administrativo,
em nível de conhecimento e ação, do vinculado fato gerador.

A diferença reside, todavia, na origem do instituto. Na


hipótese de não-incidência impede-se o surgimento da
obrigação e do crédito, porque o Poder Tributante, que pode,
não deseja poder. Tem a faculdade constitucional de impor,
mas abdica do exercício de sua capacidade. Na imunidade, o

2
Apud. MARTINS, Ives Gandra. Sistema Tributário Nacional na Constituição de 1988. 3. ed., aum. São Paulo:
Saraiva, 1991. p. 152-3
Poder Tributante não tem qualquer poder. Não abdica do
exercício de nenhum direito, porque não tem nenhum direito
à imposição.

O ilustre Prof. Sacha Calmon Navarro Coelho3, ao analisar as limitações


constitucionais ao Poder de Tributar, se posiciona no sentido de que os princípios
constitucionais tributários e as imunidades formam um escudo protetor, mesmo que
possam ser estudados de separadamente.

"os princípios constitucionais dizem como devem ser feitas


as leis tributárias, condicionando o legislador sob o guante
dos juízes, zeladores que são do texto dirigente da
Constituição. As imunidades expressas dizem o que não
pode ser tributado, proibindo ao legislador o exercício da
sua competência tributária sobre certos fatos, pessoas ou
situações, por expressa determinação da Constituição (não-
incidência constitucional- mente qualificada). Sobre as
imunidades exerce o Judiciário, igualmente, a sua
zeladoria."

É Importante trazer à colação o entendimento do mestre Pontes de


4
Miranda que tratou da imunidade da seguinte forma:

"a regra jurídica de imunidade é a regra jurídica no plano


da competência dos poderes públicos - obsta à atividade
legislativa impositiva, retira ao corpo que cria impostos
qualquer competência para pôr, na espécie."

Segundo Ricardo Lobo Torres, “as garantias constitucionais protegem as


5
liberdades” . Assim, as imunidades como garantias, são imutáveis, cláusulas pétreas, que
impede e limita o poder de tributar conferido ao Estado pela Constituição da República.

Finalmente, importante verificarmos o que dispõe nossa Constituição


Federal, in verbis:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:

.....
3
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed, 2006, Ed. Forense, p. 157.
4
MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Comentários à Constituição de 1946, Ed. Max Limonad, p. 156.
5
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional Finaceiro e Tributário. Ed. Renovar, 2005. p. 14
VI - instituir impostos sobre:

a) .....

b) .....

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Desta forma, as decisões administrativas exaradas pelo Requerido


encontram-se totalmente equivocadas, porque existe ofensa direta à preceito
constitucional, posto que o Autor se encontra em condição que lhe assegura IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA.

Vejamos também o que diz o CTN – Código Tributário Nacional,


instituído pela Lei 5.172, de 25/10/1966, sobre o tema:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e


aos Municípios:

I - .....

II - .....

III - ....

IV - cobrar imposto sobre:

a) ....

b) ....

c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos,


inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados
na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 104, de 10/01/2001)

Alias, não só é equivocada a decisão exarada em âmbito administrativo,


que porque a própria Lei Estadual 13.296/2008 utilizada pelo Requerido para indeferir a
imunidade do Autor, em seu Artigo 12º, assim dispõe:

Artigo 12 - O Poder Executivo disciplinará procedimento


para o reconhecimento das imunidades, para a concessão
das isenções e para a dispensa do pagamento do imposto.

Dessa forma, por não trazer a Lei 13.296/2008 disposição sobre a forma
de regulamentação das imunidades de IPVA, deve prevalescer a Lei anterior, exatamente
conforme preceitua a Lei de Introdução ao Código Civil, senão vejamos:

Art. 2° - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá


vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 1° - A lei posterior revoga a anterior quando


expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a
lei anterior.

§ 2° - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou


especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica
a lei anterior.

Diante disso, como a Lei 13.296/2008 não disciplinou a formalização da


imunidade tributária para os casos em que notadamente se enquadrem em tal
disposição, devendo portanto ser observado o Artigo 8º, da Lei 6.606/1989, porque é o
instituto legal positivado pelo próprio Requerido e que se encontra validado pelo nosso
ordenamento jurídico. Diante disso, segue referido abaixo referido dispositivo legal, in
verbis:

Artigo 8º - São imunes ao imposto os veículos de


propriedade:
I - da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas Autarquias;
II - dos Partidos Políticos, inclusive suas Fundações;

III - das entidades sindicais dos trabalhadores;

De se ver MM. Juiz, que não se verifica na legislação que rege a matéria,
a estipulação de prazo para que o portador de Imunidade Tributária postule
administrativamente o benefício sobre o veículo de sua propriedade, tão somente
disciplinando a documentação pertinente, o que no presente caso se encontra regido
pelo Artigo 2º da Portaria CAT 56/1996, de 21/08/1996, abaixo transcrito.

Artigo 2º - O reconhecimento de imunidade far-se-á


mediante apresentação, conforme o caso, dos seguintes
documentos, por cópia:

I - ........
II - ........

III – entidades sindicais dos trabalhadores: estatuto, ata de


constituição e carta sindical expedida pelo Ministério do
Trabalho;

Assim sendo, cabalmente comprovado o equivoco do Requerido no


reconhecimento da Imunidade do IPVA do veículo do Autor, como também, o
lançamento do débito do tributo relativo ao exercício de 2010, o que implicada em
prejuízo ao Requerente, o que deve ser afastado pela prestação jurisdicional do
Judiciário.

III - DA TUTELA ANTECIPADA

Segundo o art. 273, do CPC, são pressupostos autorizadores da tutela


antecipatória: a verossimilhança da alegação, a prova inequívoca da alegação e o
fundado receio de dano irreparável.

A concessão da tutela antecipada justifica-se, pois a violação dos


princípios da legalidade e da anterioridade é uma prova inequívoca da verossimilhança
do pedido do Autor.

Por sua vez, como o IPVA é lançado mediante inserção do débito junto
ao veículo, e o Autor não conseguirá realizar o licenciamento do mesmo sem que se
proceda a quitação de questionado tributação irregular, conforme se depreende do
Aviso de Vencimento encaminhado para o endereço do Requerente, como também das
pesquisas eletrônicas realizadas, conforme comprovam as documentações anexas, que
resultam no receio de perda financeira por parte do Autor. Além disso, a concessão do
pedido pode evitar a aplicação da antiga regra do “solve et repete”6, se for necessário um
pedido de restituição do indébito.

Posto isso, uma vez evidente a presença dos pressupostos ensejadores


do provimento emergencial que pleiteia o Requerente, pelo que espera a suspensão do
débito tributário, consoante a dicção do Art. 150 da Constituição Federal e demais
dispositivos legais, evitando-se, com isso, arcar com o ônus tributário relativo ao imposto
em exame.

IV - DO PEDIDO

Pelo exposto, pleiteia o Autor:

6
pague e depois reclame.
a) A concessão da tutela jurisdicional antecipatória, de acordo com o
art. 273, do CPC, afastando, assim, a exigência da cobrança do IPVA – Imposto de
Propriedade de Veículo Automotor, exercício 2010, sobre o veículo
?????????????????????????????????, pois existe prova inequívoca da verossimilhança
do pedido, pois cabalmente comprovada a afronta à legislação pátria, com iminente
receio de perda financeira ao Autor, que se encontram cabalmente demonstrados;

b) o julgamento procedente do pedido, declarando-se a imunidade


jurídico-tributária do Requerente em relação ao IPVA – Imposto de Propriedade de
Veículo Automotor, exercício 2010, sobre o veículo ???????????????????????????, com
a competente determinação de exclusão do débito jurídico-tributário lançado sobre o
mesmo, tendo como fundamento a violação dos princípios da legalidade, confirmando-
se a tutela anteriormente concedida;

c) a citação da FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO na pessoa


do Procurador do Estado, no endereço constante do preâmbulo desta Ação, para, se
quiser, apresentar contestação, sob pena de confissão e revelia;

d) a condenação do Requerido ao pagamento dos honorários


advocatícios;

e) a produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, sem


exclusão de nenhuma.

Dá-se à causa o valor de R$ 2.482,24 (dois mil, quatrocentos e oitenta


dois reais e vinte quatro centavos), tão somente para efeitos de alçada.

Nesses termos,
pede deferimento.

MOCOCA/SP, sexta-feira, 25 de março de 2011.

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