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editorial ficha técnica


Outubro. Aquele mês onde o Verão Editor‑in‑chief
já lá vai e mais dia menos dia temos Trevenen Morris‑Grantham
o Natal à porta. Outubro costuma ser trevenen@difmag.com
um mês de transição, de guardar a
roupa com que íamos para a praia e Design Gráfico & Direcção Criativa
trazer para as cómodas os cachecóis José Carlos Ruiz Martínez
e luvas que nos agasalham nos joseglobal@gmail.com
primeiros dias de frio. A DIF que tens Editora de Moda e Beleza
em mãos pode funcionar um pouco Susana Jacobetty
como isso, um conforto para os susanajacobetty@difmag.com
primeiros dias da ressaca‑pós calor,
um mimo de conteúdos diversos para Edição
enfrentar o cinzento dos dias futuros. Filipa Penteado (Moda . Cinema)
E de que conteúdos falamos neste filipa@difmag.com
número? O design está em destaque, Pedro Primo Figueiredo (Música .
com diversos convidados a escrever Cultura)
sobre o sector, coordenados pelo ppfigueiredo@difmag.com
nosso amigo João Vilela Geraldo, Célia Fialho (Música . Arte . Cultura)
editor convidado deste mês. O
Colaboradores nesta edição
conceituado fotógrafo Mário Cabrita
Gil é outro dos momentos maiores Ana Cristina Valente, Carolina de
desta DIF, que conta também com Almeida, Dimitry Donovan, Diogo Silva,
uma entrevista ao cineasta Vicente Emanuel Amorim, Francisco Martins,
Alves do Ó e muitos outros conteúdos João Miguel Fernandes, João Vilela
reconfortantes para aquecer a alma Geraldo, José Reis, Laura Alves, Maria
neste Outono. Vá, agora é buscar um João Martins, Mário Cabrita Gil, Paulo
cobertor e um chá de camomila e ler Fraga, Pedro Albuquerque, Ricco
as páginas que se seguem. Valem a Godinho, Sara Costa, Vanessa Miranda,
pena.
Vanessa Teodoro.
Parceiro Ilustração e arte
Who Creative Talents Agency 77
Redacção e Departamento
Comercial
Rua Santo António da Glória 81. 1250‑216
Lisboa
Telefone: 21 32 25 727 ‑ Fax: 21 32 25 729
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www.difmag.com
myspace.com/difmagazine

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Impressão
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Rio de Mouro
Sogapal ‑ 2745‑578 Queluz de Baixo
Registo ERC
125233 dif 1

Número de Depósito Legal


185063/02 ISSN 1645‑5444
Copyright
Publicards, Publicidade Lda.
Tiragem média
21 000 exemplares
Periodicidade
Mensal
Assinatura
Não Caminhes, VOE!
10 €

Fotografia capa
João Bacelar
Styling
Susana Jacobetty
Maquilhagem
Paulo Fraga
Modelos
Ana Sofia (Elite)
com vestido Carhartt
Luís Borges (Central Models)
com camisas H&M e Carhartt
YOU’LL
Shop online at Diesel.com

EAT
BETTER.
Sê louco. Comerás melhor.

BE STUPID
Alexa Chung with Jon K and Gaspard M
www.pepejeans.com
índice

10. Design 32. Moda


Noframes Rivals em jogo
Texto: Célia F Texto: Carolina de Almeida
12. Arte 34. Design
Kris Kuksi Design Now
Texto: Dimitry Donovan Texto: Pedro Albuquerque
Ilustração: Francisco Martins
14. Kukies
36. Design
20. Places Uma casa na pradaria
Fly London NAD Design Solutions
Texto: Vanessa Miranda Texto: João Vilela Geraldo
22. Shoes Ilustração: Vanessa Teodoro

24. O que andamos a ouvir 38. Surface


Mário Cabrita Gil
26. Música Demanda sem fim
Hurts Texto: Maria João Martins
Texto: Pedro Figueiredo Fotografia: Mário Cabrita Gil
27. Música 44. Moda
These New Puritans Cheque Mate
Texto: Pedro Figueiredo Fotografia: João Bacelar
Realização: Susana Jacobetty
28. Música
Peixe:Avião 52. Moda
Texto: João Miguel Fernandes Backstage
Fotografia: João Bacelar
29. Música
Realização: Susana Jacobetty
Aloe Blacc
Texto: Emanuel Amorim 62. Agenda
Destaque, Arquitectura, Design, Arte,
30. Cinema
Música, Cinema
Vicente Alves do Ó
Texto: Ana Cristina Valente

Fotografia: Mário Cabrita Gil

Cada gaveta esconde uma história, vem descobri-las em onitsukatiger.com


noFrames
design

Texto: Célia F.

Noframes é mais do
que um projecto. É a
realização táctil de
uma fusão de paixões à
partida antagónicas, de
épocas e métodos de
manifestação artística.

Distribuição: Picar Lda. ‑ info@picar.pt


O antigo intemporal
ganha roupa nova
pura expressão da
modernidade.
Maria João Andrade e Filipe Domingues
desdobram‑se em dois papéis profissionais
principais, são directores em agências de
publicidade e fotógrafos.
Na busca de um suporte diferen‑
te para as fotografias, onde saciam a sua
paixão pela modernidade e o urbano, en‑
contraram a forma perfeita de unir mun‑
dos e amores. O platonismo pelo antigo e
a relação com o novo vivem em harmonia
perfeita e ainda dão à luz um novo ser.
Peças de mobiliário antigas, com tra‑
ços pesados e a energia de muitas histórias
são recuperadas com a ajuda da sabedo‑
ria minuciosa de artesãos. De seguida, im‑
primem‑se em telas as fotos da autoria
dos dois artistas e usam‑se para estofar
os móveis. Um peep show no bairro do
Moulin Rouge, Lisboa entre neons e as co‑
res do negro da noite, uma exposição dife‑
rente em Barcelona. Ilustrações várias em
peças que o tempo não esgota. O resul‑
tado são peças únicas de design, mesmo
original, que farão a diferença em qualquer
casa, nesta época em que o design singu‑
lar é fabricado em massa e vem em peças
para montar. Carisma e originalidade da
ideia até à etiqueta, cada uma delas grafi‑
tada à mão unidade por unidade.
Cada peça adquirida vem acompanha‑
da pela foto original que lhe deu vida em
formato 60x40.
A apresentação oficial deu‑se num lu‑
gar perfeito. Um jardim perdido no tem‑
po, no topo de uma das colinas de Lisboa,
que ganhou também ele, no ano passa‑
do, condições e equipamentos úteis a uma
vida na era digital. O jardim do Torel rece‑
beu em Junho estas peças, e o conceito
foi revelado ao mundo.
Curiosos q.b? Em baixo fica a morada
virtual destas verdadeiras iguarias.

http://www.noframes.net/blog
http://www.noframes.net

dif 10
Kris Kuksi
arte se fundem o bem e o mal assim como
as ilusões e as ideias que transformam o
mundo. A arte de Kuksi é ofensiva, ataca
a nossa consciência, desperta os nossos
Texto: Dimitry Donovan
sentidos: pode‑se passar horas a observar
A arte do detalhe uma obra sua e ainda assim é quase im‑
possível deixar escapar algo. Kris Kuksi são
Para quem descobre Kris Kuksi pela dois indivíduos, no fundo. Um, é escultor
primeira vez, o impacto é esmagador. e tem um forte sentido político, social e
Ficamos fascinados pela minúcia, detalhe religioso. O outro é pintor em busca da
e grandiosidade inegável da sua obra, sen‑ beleza e expressão desta. Acredita que o
timos que estamos na presença de algo surrealismo não se cria, mas nasce e é ape‑
novo, para alguns possivelmente repug‑ nas acessível àqueles que têm imaginação.
nante, ainda assim impressionante. Desde A antologia da sua arte e dos seus medos
criança que o artista inspira‑se pela natu‑ está no livro ‘’Divination and Delusion’’.
reza e pelas capas de álbuns heavy me‑ Kris já esteve em Portugal várias vezes e
tal e, claro, pelo próprio género musical. espera visitar‑nos em breve trazendo a sua
Considera Derrick Riggs – artista gráfico obra até nós.
dos Iron Maiden – a sua maior influência.
A sua imaginação é abismal, a sua arte é
sofisticada, selvagem, sombria. Kuksi mis‑
tura de uma forma muito própria a ficção
científica e a realidade criando verdadeiros
mundos prestes a ganhar vida e mover‑se
na nossa direcção. Em alguns momentos
a sua escultura remete para a pintura e
a temática presente em Giger. A mente
humana é a inspiração, é um lugar onde

dif 12
Design explosivo
O designer alemão Michael Kampe é o vencedor do Prémio Diesel 2010 do ITS
–International Talent Support–, que decorreu em Trieste, na Itália. Kampe, de 23 anos,
estuda na Hogeschool Antwerpen, e as suas criações giram em torno da «explosão»
dos moldes, desconstruíndo as peças e combinando‑os com novos tecidos e perspec‑

Info Ecko Unltd / tel: 933796560 / rogerio@tribestation.com


tivas. Sobre o seu trabalho, Bruno Collin, director artístico da Diesel e membro do júri,
afirmou: «Michael tem uma extraordinária visão e fez um óptimo trabalho ao aplicar o
efeito 3D ao denim. Tem muito talento para misturar formas e materiais criando cortes
esculturais com um toque de estilo urbano». LA

Sisley e
os 18 blusões
de cabedal
exclusivos A Sisley manifesta‑se artisticamente num projecto que funde a
moda e as artes plásticas numa celebração aos ícones da cultura
pop. O blusão de cabedal é a intemporal marca dos visuais de
artistas da cena punk/new wave, a peça fundamental do guar‑
da‑roupa de um bom rebelde. A ideia de personalizá‑los é tão
antiga como o hábito de os vestir. Warhol coleccionava‑os
e usava um pintado por Stefano Castronovo. Basquiat deu
alma ao blusão de Glenn O’Brian, curador desta exposição
da Sisley, e muitos foram os graffiters famosos da época
que viram os seus tags e pinturas ganhar asas no corpo de
estrelas da música e da arte. Uma mostra apresentada na
Semana de Moda de Milão, que viaja depois para o Andy
Warhol Museum, onde serão leiloados. CF
www. sisley.com/artproject.

Misturar
para
pedalar
No segmento das bicicletas urbanas, a tendência é,
cada vez mais, misturar e inovar. Foi o que aconteceu
com a marca desportiva Puma e a marca de bicicletas
dinamarquesa Biomega que, antecipando o lança‑
mento do site www.puma‑bikes.com, conce‑
beram uma nova geração de bicicletas para a
cidade. A gama inclui cinco modelos – Disko,
Funk, Nevis Man, Nevis Lady e Pico – cada
um deles com diferentes cores apetecíveis e
acessórios e privilegiando diferentes carac‑
terísticas de arrumação e de performance.
Um verdadeiro trabalho de equipa entre as
marcas que alia o conforto e o design à von‑
tade de pedalar. LA
dif 14
Custo Barcelona
O Chiado, depois da lenta recuperação pós‑incêndio, foi‑se tornando progressivamen‑
te no local de excelência da moda e das marcas que unem a qualidade ao design original.

*POR FAVOR NÃO TOCAR


Os últimos gritos da moda urbana povoam as montras das enormes e renovadas lojas
de Lisboa e a Custo Barcelona não quis ser excepção. As colecções de Custo Dalmau
vivem, desde o dia 1 de Setembro, no n.º 75 da Rua Nova do Almada, naquela que é a
primeira loja da marca em Portugal. Um espaço que prima pelos tons negros, marcado
pelas linhas gerais do design da marca, mas temperado com detalhes únicos que lhe fir‑
mam a personalidade. CF

Uma scooter
electrizante
Apresentada recentemente no London Design Festival, a Mini Scooter E Concept, uma
scooter eléctrica, promete dar que falar. Não só temos uma vontade imediata de levar
para casa um dos três modelos, como também ficamos abismados com o design e a
tecnologia sustentável. A Scooter E Concept inclui um modelo em tons de verde e as‑
sentos em cabedal, uma versão amarela mais desportiva com um único lugar, e ainda
um modelo inspirado na cultura pop dos anos 1960. Destinada a um condutor jovem e
eco‑consciente, a scooter usa um smart phone como chave de ignição e integra sistemas
de navegação e de comunicação. LA

Se alguém te falar
de Lacoste...
Pode também estar a falar‑te de carros. Isto porque a conhecida marca de roupa se asso‑
ciou recentemente à Citroën, apresentando o conceito Citroën Lacoste, um cruzamento
de motor, moda e desporto. A fazer jus à sua natureza desportiva, o Citroën Lacoste não
tem portas, pois a ideia é… saltar lá para dentro. Com diversas possibilidades de espaço
de arrumação para a bagagem, o carro celebra a espontaneidade, a criatividade e, claro,
o lazer. Apresentado este mês no salão automóvel de Paris, o inovador modelo é ainda
um estudo, pelo que para já infelizmente não estará no mercado. LA
dif 16
All (Star) You
Need Is Love
A Converse soma e segue no plano das colaborações. Desta vez, a marca associa‑se
ao artista Damien Hirst para lançar uma nova versão do modelo Chuck Taylor All Star.
Com o objectivo comum de usar a arte para mudar o mundo, Hirst foi convidado pela
Converse a criar uma versão Premium de um dos ícones da marca através de uma re‑
presentação viva da sua obra «All You Need Is Love». Criada em 2007, a peça de Hirst
foi vendida num leilão da Sotheby’s (RED) há dois anos para ajudar a erradicar a SIDA
em África e o seu icónico print – vermelho com borboletas azuis – continuará a contri‑
buir para uma causa solidária: 10% das vendas deste modelo revertem a favor do Fundo
Global de Combate à SIDA, Tuberculose e Malária. A notícia menos boa? É que só es‑
tão disponíveis para senhora. CA

Os Puma Mostro
estão de volta
Já há muito que os ténis ultrapassaram a fronteira do desporto para se instalarem
comodamente no armário do quotidiano de todos nós e a Puma tem alguma culpa no
cartório. Corria o ano de 1999 quando a marca do felino lançava o modelo Mostro, uns
ténis que se descolavam da prática desportiva e se assumiam como acessório de moda.
Mais de uma década depois, a Puma relança os Mostro na sua colecção Outono/Inverno
2010. Os novos Mostro surgem agora numa maior variedade de cores e materiais. O
design vanguardista, esse, mantém‑se intacto. CA

Carhartt e Vans
em segundo dueto
O lema «less is more» foi o ponto de partida para a criação dos novos ténis de edição
limitada Carhartt X Vans Authentic, que marca a segunda colaboração das duas marcas,
depois de em 2008 terem lançado os Carhartt X Vans Chukka & Half Cab. A nova ver‑
são dos Authentic surge em tela de nylon e camurça em três cores – preto, beje e verde
caqui – e estará disponível nas lojas Carhartt e Vans a partir de Novembro. CA

A new kilo of
KesselsKramer
A conhecida agência holandesa KesselsKramer lançou, no passado mês de Agosto,
mais uma pedra preciosa ao charco das edições criativas. Trata‑se de uma compilação dos
seus originais trabalhos em modo de best of, intitulado «A new kilo of KesselsKramer».
Depois de «2 kilo of KesselsKramer», o tijolo que compilava praticamente todo o tra‑
balho da agência, separa‑se o trigo do joio e cria‑se um livro de sabor apurado com
o melhor dos trabalhos desenvolvidos desde 2005 até hoje. Reflectindo o espírito
da agência e dos nossos tempos, esta edição da PIE Books é uma reunião de ideias,
criatividade e bons usos de conceitos à partida plásticos. www.kesselskramer.com,
www.piebooks.com. CF

dif 18
Fly London
places

Texto: Vanessa Miranda

O céu é o limite
Quando apareceu muitos pensaram calçada portuguesa e outras tantas ruas polita poderia ser confundida com uma
ser mais uma marca internacional. O nome pelo mundo fora, são uma das melhores simples loja, mas enganam‑se. Decorada
assim indicava. Mas depois veio o orgulho, provas que o design português dá cartas e em tons de amarelo, roxo e cinzento
uma das mais arrojadas e inovadoras mar‑ recomenda‑se. claro pelo atelier AFDF Arquitectos e
cas de calçado era, afinal, portuguesa. A No passado dia 16 de Setembro numa associação inédita com a Creative
Fly London segue desde o primeiro dia um a marca inaugurou, na Avenida da Systems, o Instituto de Engenharia de
só lema: ser «Sempre progressiva, nunca Liberdade, em Lisboa, um espaço de dois Sistemas e Computadores do Porto
convencional». pisos, onde a interacção entre clientes e (INESC), o Centro Tecnológico do Calçado
Os inúmeros modelos, desde sandá‑ produtos são a palavra de ordem. O nú‑ de Portugal e a WOW, tornou‑se num
lias, a sapatos e botas, que palmilham a mero 230 da nossa artéria mais cosmo‑ projecto tecnológico que transforma

qualquer ida às compras numa experiên‑


cia futurista: todos os artigos expostos
na loja apresentam uma etiqueta RFID
(Radio Frequency Identification), equipa‑
das com um chip no qual é armazenada a
informação sobre o artigo, por isso en‑
quanto experimenta os seus sapatos fa‑
voritos pode ver‑se projectado num ecrã
que reproduz em tempo real as ruas de
Londres, Tóquio ou Nova Iorque, e apro‑ C

veitar para dar um passeio imaginário.


M
No exterior da montra, um ecrã com
o logótipo da marca, a conhecida mosca, Y

dar‑lhe‑à todas as informações que pre‑ CM

cisa sobre os produtos disponíveis, tanto MY

em português, como em inglês.


CY
Mas há mais novidades! Depois do
calçado, a Fly London cria a sua primei‑
*
CMY

ra colecção de vestuário para o Outono/ K

Inverno 2010/2011, que dá continuida‑


de ao espírito irreverente, moderno e
de qualidade. A colecção unissexo reco‑
nhece as principais tendências interna‑
cionais, mas vai mais longe ao perceber
o estilo único e pessoal que fervilha nas
ruas, onde materiais e tendências jogam
entre si. Misturar é a palavra de ordem:
influências da época vitoriana cruzam‑se
com o estilo dos anos 1960, 1970 e 1980,
enquanto a modernidade dos anos 1990
é recriada em novos materiais e técni‑
cas, dando origem a quatro linhas fe‑
mininas (Folk, Plaisir d’Amour, Rustic
Juxtaposition e Dark Love), uma linha
unissexo (Poetic Portraits) e uma linha
masculina (Nautical Nights).
Para a Fly London, o céu é o limi‑
te. Depois de revolucionar o modo como
calçamos, volta a revolucionar o modo
não só como nos vestimos, mas também
como compramos, por isso é impossível
não querer ficar a conhecer melhor esta
loja e a nova colecção, da marca que pôs
o bom design e a qualidade de Portugal
no panorama internacional.

dif 20
Shoes
De esquerda para a direita e de cima para baixo:
Página esquerda: CAT, CAT, Cushe, Diesel, Hush Puppies, Merrell,
Merrell, Merrell, Palladium, Pepe Jeans, Replay, Replay, UGG, UGG.
Página direita: Adidas, CAT, Cushe, Diesel, Fred Perry,
Gola, K‑Swiss, Le Coq Sportif, Onitsuka Tiger, Pepe Jeans,
Puma, Replay, Onitsuka Tiger, Gola, Gola, Puma.

dif 22
O Que Andamos a Ouvir
De uma forma muito linear podemos Cruise a preparar cocktails, o Dustin
ver os Aeroplane como mais um Hoffman vestido de mulher e até o Sara Costa
fenómeno musical da Internet. Mas só Stallone a subir escadas... por ter esta Produtora e DJ
por esse motivo são «mais um». Estes empatia com estes momentos e por
senhores são dotados de uma elegân‑ os rever neste álbum de uma forma
cia e maturidade que impressiona e estranha, não consigo dizer bem ou
que transparece em cada música, re‑ mal. É um álbum pouco coerente, com
mistura, ou dj set. Editaram este ano o músicas incríveis («My Enemy», «We
seu primeiro LP, «We Can’t Fly», e com Can’t Fly») e outras medianas («Without Aeroplane
um fiel grupo de fãs ansiosamente à Lies» ou a colaboração com as Au «We Can’t Fly»
espera conseguiram, no mínimo, sur‑ Revoir Simone, «It’s Fall Over»). Queria Eskimo Recordings 2010
preender. Aquilo que melhor o descre‑ muito que este fosse um dos álbuns de
ve é se lhe chamarmos uma compilação 2010. Com as expectativas tão altas
de bandas sonoras dos anos 1980. era difícil não sair desiludida, mas foi o
Saltaram‑me à cabeça momentos de que apesar de tudo senti ao ouvir «We
cinema de quando era miúda: o Tom Can’t Fly» repetidas vezes.

Os Interpol chegam a 2010 com ga‑ «Interpol», disco homónimo agora


nas de mostrar que ainda são rele‑ editado, é o disco que os Interpol Pedro Primo Figueiredo
vantes no panorama indie que os (agora sem Carlos D.) sempre quise‑ Jornalista
acarinhou no virar do século. «Turn ram fazer. Vale? Evidentemente. É
on the Bright Lights», o primeiro ál‑ melhor que «Turn on the Bright
bum, foi o disco certo no momento Lights»? Não, nem perto disso. Aqui
certo: num ambiente pós‑11 de encontramos um punhado de boas
Setembro, os nov‑iorquinos mostra‑ canções, atmosféricas q.b., pontua‑ Interpol
vam em canções soturnas e densas das por bons refrões, por ocasional «Interpol»
um retrato possível do abalado pul‑ inspiração superior. Pode não chegar Matador/Nuevos Medios
sar da região. Depois surgiu «Antics», para as listas de melhores do ano, 2010
outro belo disco, antecessor do me‑ mas devolve os Interpol a uma me‑ PRESENTED BY
nos consensual «Our Love to Admire», recida dignidade melómana.
episódio único numa multinacional.
É sueco, descende de argentinos, mas mas as composições de González
canta em inglês. Após dois consagra‑ são encorpadas, detalhadas e enri‑ Diogo Silva
dos álbuns a solo, José González far‑ quecidas (e de que maneira) pelas Editor musical
ta‑se da solidão e dedica‑se ao tendências «kraut» dos músicos que
projecto paralelo Junip, que parecia o acompanham. Canções como
abandonado à nascença: após o dis‑ «Always» e «Off Point» dão a impres‑
creto lançamento do EP «Black são de, ao vivo, poderem ser estica‑
Refuge» há cinco anos atrás, nunca das até ao infinito sem aborrecer a Junip
mais se ouviu falar do trio composto audiência. Um dia li a expressão «lo‑ «Fields»
pelo próprio González, o baterista comotiva motorika» numa qualquer City Slang/Nuevos Medios
Elias Araya e o multi‑instrumentalista crítica a um disco. Finalmente posso 2010
Tobias Winterkorn. «Fields» é um dis‑ pedi‑la emprestada: «Fields» é um
co que certamente agradará aos fãs comboio que nunca descarrila. E leva
do escandinavo: o típico folk boniti‑ tudo à frente.
nho dos discos a solo continua lá,
Depois de três EPs e três álbuns, Zola Roza Danilova mas que prefere ser
Jesus já não é um bebé (apesar dos chamada de Zola Jesus, por «gostar José Reis
seus irreconhecíveis 21 anos). Já não muito de Émile Zola, quando estu‑ Jornalista e Radialista
tem medo do escuro. Já não corre dava no colégio». Este novo traba‑
a meio da noite para a cama dos lho é marcado por sonoridades
pais com medo do «homem do fantasmagóricas e pela relevância
saco». Já se aventura sozinha por do negrume da sua voz, perdida
terrenos que não conhece – é ou‑ entre guitarras desorientadas e ba‑
vi‑la pisar, aqui e ali, terreno panta‑ terias maléficas. É ouvi‑la a aproxi‑ Zola Jesus
noso e lamacento, salva sempre no mar‑se perigosamente de Florence «Stridulum II» UMA INICIATIVA CONJUNTA PARCERIA PATROCÍNIOS APOIO TV OFICIAL TV INTERNACIONAL
último segundo, tal qual um filme and the Machine em «Night» (e aí Sacred Bones Records 2010
de super heróis. Ao quarto álbum, dispensávamos a proeza!), a seguir
«Stridulum II», ouvimos alguém que de perto Bat For Lashes em «Trust Portugal

não tem medo de gritar quando o Me» (e gostamos!), é ouvi‑la a copiar


lema é gritar e ouvimos alguém que Fever Ray em «Stridulum» (e ainda PARCEIROS DE MEDIA
gosta de afirmar a sua veia mais gostamos mais! ‑ e queremos gostar
negra. Alguém que se chama Nika mais e mais e mais e mais...). www.modalisboa.pt
dif 24
These New Puritans
hurts
Foi você que pediu 1980 de volta?
O segredo é a alma
Alguns segredos
gostamos de guardar
do melómano

para nós e partilhar só


Editados pela respeitável Domino,
casa de nomes como Arctic Monkeys ou
Franz Ferdinand, este quarteto de Essex
cabeças‑de‑cartaz da terceira edição dos
Levi’s Unfamous Music Awards.
As sonoridade negra e densa dos
estreou‑se em álbum em 2008, com «Beat These New Puritans toma o Musicbox,
com quem os merece Pyramid», mas foi já com «Hidden», no Cais do Sodré, de assalto. Registem
receber. Faz parte da editado este ano, que o culto atingiu maior a data: 11 de Novembro. Aí, chega a
No final de 2009, a sempre influente BBC A juntar à música (boa, por vezes Young Pony Club e Gossip, por exemplo. vida. Na música, por expressão. Portugal uma banda «que daqui a dez
Os anos 1980 colocou o duo de Manchester numa lista de muito boa), os Hurts ganham pontos Na altura, ainda não havia disco nas lojas vezes, a história é a Os motivos para os These New anos ainda estaremos a ouvir com gosto»,
continuam na nomes a observar atentamente em 2010. Dois também a nível estético, com um visual e o fenómeno ainda não tinha chegado a mesma: há bandas Puritans serem uma banda recomendá‑ diz o Observer Music Monthly, uma sur‑
moda. A nível visual singles e um álbum depois, o mínimo que se cuidado e aprumado. Mas, felizmente, há terras lusas. Quando voltarem, é para en‑ que por um ou outro vel são diversos. À sua música hipnótica, presa «genuína e bonita», citando o NME,
e musical, pelo pode dizer é que aqui há, de facto, méritos aqui muito mais que apenas boa pinta e cher a Aula Magna ou local parecido. motivo ainda não rica na forma e conteúdo, juntam‑se as directamente vinda do Reino Unido.
menos. «Happiness», diversos. Mas vamos por partes. meia dúzia de boas ideias: «Happiness» Acreditem: não dói nada. deram o salto para a boas companhias noutras áreas artísti‑ Uma surpresa, lá está, apenas para os
aguardado álbum de Os Hurts são formados pelo cantor é um disco construído com pés e cabeça, glória alargada mas cas, como a moda, até porque o grupo incautos. Nós, enquanto melómanos que
estreia dos Hurts, não Theo Hutchcraft e o «cérebro» Adam alinhamento escorreito, limpinho. Raras que são segredos bem produziu uma música de 15 minutos para gostamos de guardar para nós alguns trun‑
promete revoluções, Anderson, responsável pelos sintetizado‑ vezes levanta voo até alturas da perfeição, guardados para muitos utilização no desfile do estilista francês fos musicais, não podíamos deixar de par‑
mas é um dos mais res. A formação soa familiar, não soa? É mas, justiça seja reconhecida à estreia do melómanos. Os britânicos Hedi Slimane, da Dior Homme. tilhar este com os leitores. Saibam guardar
felizes acontecimentos verdade, os Pet Shop Boys (vénia!) funcio‑ duo, são poucos os momentos em que a These New Puritans, A ligação do grupo à moda não se (mas não em demasia) este segredo.
pop de 2010. nam nesta dinâmica com sucesso de há fasquia baixa abaixo do bom. Meritório que tocam em Lisboa fica, contudo, por aqui. Já este ano os
muitos anos para cá. Apesar de pontuais para um primeiro álbum. em Novembro, são um These New Puritans foram escolhidos
referências aqui e ali, o som dos Hurts é Os Hurts tocaram em Portugal na mais segredo bem guardado para dar a cara (e o corpo) ao novo look
consideravelmente mais negro e denso que recente edição do Optimus Alive. Não se que é agora revelado slim dos Levi’s 519 na campanha Worn
o dos Pet Shop Boys, mas algumas com‑ lembra deles? É natural, foram a primeira aos leitores da DIF. by doers». A ligação entre banda e marca
parações na imprensa especializada têm banda a tocar no segundo dia do evento, não se ficou por aqui e os autores de
Texto: Pedro Primo Figueiredo Texto: Pedro Primo Figueiredo
sido recorrentes nos últimos tempos. partilhando o palco secundário com New «Hidden» vão tocar em Portugal como
dif 26 dif 27
peixe:avião
Filho de peixe sabe nadar Aloe
A vida é feitaBlacc
destas coisas boas
O álbum «40.02» foi um sucesso junto nos nossos concertos, talvez devido ao air- «Good Things» é editado pela incon‑ uma inteligência e sensibilidade raras. Aloe
Os peixe:avião de alguma crítica, que o considerou um play que temos em rádios nacionais como
No final deste ano tornável Stones Throw, editora que conta Blacc não se limita a falar de amor e desa‑
formaram‑se em dos discos portugueses do ano. O que a Antena 3.
dirse‑á que «I Need no seu catálogo com nomes como Madlib, mor. Há em «Good Things» uma forte
2007 e desde então é que «Madrugada» traz de novo?
a Dollar» de Aloe Dam‑Funk, James Pants ou Mayer consciência social e política só ao alcance
têm agitado águas As principais diferenças são de foro São uma banda portuguesa, que canta Blacc é uma das Hawthorne. A comparação com este últi‑ daqueles que olham para sociedade e para
musicais no nosso musical. Tentámos simplificar as estrutu‑ em português. A escolha da língua ma‑ grandes canções mo é, de resto, bastante apetecível: ambos o meio onde estão inseridos e que não se
país. Do primeiro ras dos nossos temas e aprofundar o con‑ terna esteve lá desde o começo? Nunca de 2010. Mas essa vão buscar as referências à soul clássica e refutam a problematizá‑la. Não esquecen‑
EP ao novo álbum, teúdo, criando progressões harmónicas ponderaram sequer o inglês? canção é apenas tentam trazê‑la para o século XXI. do, porém, o mais importante: a musicali‑
«Madrugada», mais interessantes e arranjos com mais Nunca consideramos o inglês para os dez por cento de um Essa renovação é normalmente esque‑ dade. Mais um equilíbrio difícil de
passaram três anos, qualidade e pertinência. Para além disso, peixe:avião. Principalmente porque pratica‑ grande disco que dá cida em quase todos os movimentos de re‑ atingir.
tempo para uma tivemos mais tempo para fazer e refazer mente todos (à excepção do José Figueiredo pelo nome de «Good vivalismo musical. A cópia de fórmulas é «Good Things» será, arrisco, conside‑
evolução a todos os maquetes, dedicando muito tempo à com os Smix Smox Smux) vínhamos de pro‑ Things» e que vem mais confortável do que risco de renovar rado um dos grandes discos de 2010.
níveis. A nível musical pré‑produção do disco e fazendo‑o em jectos que eram cantados em inglês e quería‑ revelar, aos mais uma linguagem musical sem a deturpar. Clássico instantâneo, disco de um bom
o que ouvimos agora colaboração com o Nélson Carvalho (que mos experimentar a nossa língua. No entanto distraídos, uma das Aloe Blacc e a equipa de produção da Truth gosto danado e que recupera o espírito da
continua a ser algo gravou, misturou e co‑produziu o álbum). não somos fundamentalistas do uso da língua grandes vozes soul & Soul – que também foi responsável pela década de setenta, mas que soa a 2010.
muito português, Outra grande diferença foi o acesso a um portuguesa no contexto da música pop/rock. do nosso tempo. produção do último e magnífico disco de Disco obrigatório para todos aqueles que
numa sonoridade estúdio de topo como o da Valentim de Há muitos artistas nacionais de valor a utili‑ Lee Fields – não fogem ao desafio e trazem gostam de boa música e não apenas para
simples mas tocante. Carvalho. zar outras línguas para se exprimirem. a soul para o nosso tempo, sem esquecer os puristas da música negra.
A DIF entrevistou Luís as suas origens.
Fernandes, guitarrista Em termos de fãs, consegues estabele‑ Próximos planos a seguir ao lançamento A voz de Aloe Blacc é uma dádiva.
e responsável pelos cer um padrão para os adeptos dos do disco? Digressão à vista? Suave, nada histriónica e usada com a in‑
sintetizadores, que nos Peixe:Avião? É malta mais nova, mais Após o lançamento do disco vamos teligência de quem sabe que não basta can‑
respondeu a algumas velha…? Têm alguma percepção? fazer dois concertos especiais de lançamen‑ tar, é preciso saber interpretar as palavras
questões sobre o A percepção que temos é que a gran‑ to, em Braga e Lisboa. Posteriormente te‑ que saem da sua boca. Esta inteligência na
novo álbum dos de fatia de ouvintes da nossa música é mos planos para fazer uma digressão por utilização da voz é rara e não deve estar
bracarenses. malta nascida na primeira metade dos teatros e auditórios no primeiro trimestre alheia ao facto de ser o próprio Aloe Blacc
anos 1980 e anterior a isso. Pessoas entre de 2011 e, entretanto, promover o disco da quem escreve as suas letras.
os 25 e os 40 anos, essencialmente. No melhor forma possível e aguardar que sur‑ Letras essas que são, também elas, de
Texto: João Miguel Fernandes entanto encontramos muitos adolescentes jam mais convites para concertos. Texto: Emanuel Amorim
dif 28 dif 29
Escreve, filma, sente,
vive. É assim Vicente
Alves do Ó. Um jovem
realizador a quem
vale a pena ficar Conta‑nos um pouco do teu percurso.
atento. O seu trabalho Como entrou o cinema na tua vida Como funciona o teu mundo interior?
é apaixonado, respira profissional? Onde vais buscar os teus personagens A tua primeira longa tem um título que
emoções e no mundo Quem vem primeiro, o Vicente Alves O cinema veio porque tinha que vir. e histórias? se entranha – «Quinze pontos na alma»
anímico de hoje, do Ó realizador ou o escritor? Depois de ter chumbado por duas vezes O meu mundo interior é reflexo do – são esses os pontos que remendam a
nada mais importante Não sei. Vivo a construção da ideia. na admissão da Escola Superior de Teatro mundo exterior. Um espelho que diminui tua alma?
do que sentir... Vivo a ideia. Umas vezes a ideia procura o e Cinema, e de ter ouvido várias pessoas e aumenta o que vê, sente, vive. Por outro Talvez sejam mais. Mas é um título
intensamente. Tanto texto. Outras vezes procura o cinema. do meio referirem‑se à escassez de argu‑ lado é feito de perguntas e são essas per‑ crente no sentido que alimenta a ideia de
se pode dizer em Ambos possuem uma linguagem muito mentos e argumentistas, decidi enveredar guntas que o alimentam. Por isso posso Tiveste uma curta‑metragem que estreou transcendência. Associamos a alma à re‑
tão poucas palavras própria. Cresci a misturar tudo. O cinema por aí, como uma porta e uma possibili‑ Já foste actor, és escritor, argumentista, encontrar uma história numa música, numa no Queer Lisboa, duas longas‑metragens ligião e esquecemo‑nos dela como uma
e, por isso, nada e a literatura. Só mais tarde aprendi a se‑ dade. Escrevendo, aproximava‑me do ci‑ realizador. Consideras que tens uma paisagem, numa casa, num grupo de pes‑ em que assinaste o argumento e breve‑ parte essencial da nossa existência. O mun‑
melhor do que lê‑lo. pará‑los. Mas preciso que se cruzem por‑ nema. Foi o que fiz. Vendi um primeiro necessidade de consolo artístico impos‑ soas na paragem do eléctrico, num livro que mente vai estrear a tua primeira lon‑ do corre a uma velocidade que nos é im‑
Senhoras e senhores, que não há cinema sem palavras – mesmo argumento que acabou como telefilme na sível de satisfazer? me leva a outro livro, num filme, num poe­ ga‑metragem. Como te sentes ao ver os possível acompanhar. E ainda assim
Vicente Alves do Ó. que elas sejam o silêncio – e não há litera‑ Sic e rapidamente fui convidado a escre‑ Tenho uma necessidade de contar his‑ ma, numa viagem ou até numa conversa de teus projectos chegarem à luz do dia? avançamos com ele, como corpos vazios
Sinta o que ele sente. tura sem a efabulação da imagem. Por isso ver outros, entre telefilmes, filmes, curtas, tórias. De comunicar. Essa é a razão pri‑ café. Há uma parte de mim que está sem‑ Longas‑metragens já tive mais, entre e apenas respondendo a estímulos. Se con‑
não sei quem vem primeiro, a não ser que sitcoms, mas sempre com um e só objec‑ mordial. A insatisfação existe apenas no pre à procura de sinais, nunca dorme, mas assinadas e não assinadas. Ver os meus pro‑ tinuarmos assim, desprovidos de alma e
primeiro vem a ideia que, de facto, é o mais tivo: chegar à realização ou seja, materia‑ concreto. Só é importante no fim do pro‑ acho que é assim com toda a gente que tem jectos chegarem à luz do dia é exactamente de tempo para a alma, aproximar‑nos‑emos
Texto: Ana Cristina Valente
importante. lizar em filme as minhas ideias. cesso e não como razão para agir. essa necessidade da criação. isso: luz e finalmente dia. Sinto‑me vivo. mais rapidamente do fim.

Vicente Alves do Ó
Cinema

Um poema sem título


Como foi trabalhar com actrizes como O filme retrata sentimentos como a Achas que, no fundo, somos todos Qual o teu maior desejo para este
a Rita Loureiro, a Dalila Carmo, a Ana angústia, a solidão, o amor e levanta infelizes? filme?
Moreira e alguém com a carreira da uma questão essencial – como pode A infelicidade deveria ser um acto de Que seja visto e revisto. Não há nada
Carmen Santos? alguém que aparenta ter tudo, ser in‑ rebeldia e de consciência. mais belo no cinema que essa possibilida‑
Foi muito bom. Muito bom mesmo. feliz? É uma reflexão sobre as relações de de voltar atrás e refazer uma emoção,
Trabalhar com actrizes assim, de escolas – com os outros e consigo próprio ? Quem é a Simone? um pensamento. O cinema possibilita‑nos
tão dispares e no entanto cheias de talento, A infelicidade é um momento de luci‑ A Simone é uma alma. Parece pobre isso. Quando voltamos a um filme é por‑
é um desafio e ao mesmo tempo uma apren‑ dez que nos coloca face a face com todas as a resposta, eu sei, mas numa única palavra que vivemos nele. Isso, sim, seria o desejo
dizagem. Gosto muito de actores. Em questões que teimamos em destruir: a nos‑ podemos dizer tanto. maior. Que as pessoas gostassem dele ou
Portugal escreve‑se pouco para eles. Não sa condição, a nossa relação com os outros se revissem nele a esse ponto: voltar.
são desafiados. Não lhes dão problemas. e mais importante, a nossa relação com a O guarda‑roupa da Simone é lindo de
Tanta gente neste país com um talento vida que nos habita. Não é forçosamente morrer, parece saído de um editorial E projectos para o futuro?
enorme e sempre a fazer o mesmo papel. uma coisa má. A infelicidade está desvir‑ da Vanity Fair, como conseguiste? Em Maio de 2011 começo a filmar ou‑
tuada num presente que fez dela uma ca‑ O Paulo Gomes é um homem a quem tra vez. Volto ao mesmo lugar mas com
Um realizador tem de ser formado em «ges‑ rência. E uma carência que nos dizem ser reconheço méritos, qualidade, profissio‑ uma história diferente. Um olhar sob a vida
tão de egos, caos e anger management»? satisfeita com tudo aquilo que podermos nalismo. É um sonhador, um perfeccio‑ da Florbela Espanca. E, depois, filmar, es‑
Um realizador tem acima de tudo sa‑ consumir. Sejam objectos ou pessoas. nista e um aventureiro. Aceitou a proposta crever, filmar... ou seja: Viver.
ber o que quer, como quer, de quem quer de trazer para o filme os seus conheci‑
e para onde vai. Se souber essas coisas, mentos e o seu bom gosto. Foi um privi‑ Para terminar, numa frase, o que
tudo o resto é de fácil resolução. Uma légio trabalhar com ele e com a Stivalli e procuras?
equipa de técnicos, um elenco de actores, outras lojas que perceberam que neste Ainda não sei e espero nunca saber.
um grupo de criativos precisa sentir se o filme, a moda é mais do que moda, é mais No dia em que souber... paro de correr.
comandante do barco sabe a rota que de‑ do que vestir de forma elegante uma mu‑
vem tomar. Só isso. E depois é deixá‑los lher. Sempre vi na criação de moda um
fazer o seu papel. Acima de tudo o traba‑ diálogo com aquilo que somos. Não acei‑
lho do realizador é tirar de cada uma das to a moda como exacerbação de vaidade
pessoas envolvidas no processo dum fil‑ e superficialidade.
me: o seu melhor.

dif 30
A Rivals entrou no Quem são os rostos por detrás da Rivals?
universo do streetwear Rivals: Somos dois rostos, Ana Rita
português para Goulão (aka min) e Pedro Tavares (aka
satisfazer, antes de Stray). Somos da área do Design de
mais, as necessidades Comunicação...aliás, essa foi a razão pela
dos próprios qual nos conhecemos pessoalmente, em‑
criadores da marca bora já tivéssemos conhecimento da exis‑
– min e Stray ‑, que tência um do outro anteriormente, por
entretanto pensaram termos outros interesses em comum. Temos
que talvez houvesse 22 e 25 anos, respectivamente.
por aí mais alguns min: Embora ainda me peçam, de vez
insatisfeitos com a em quando, o BI à porta das discotecas…
oferta em Portugal. E
a verdade é que há. Como e quando começou o projecto
Não houve adesão Rivals?
em peso, porque a Rivals: Há cerca de três, quatro anos
ideia também não é atrás, porque percebemos que partilháva‑
essa, mas a pegada mos o mesmo interesse pela cultura do
está a formar‑se streetwear e que tínhamos pontos de vista
e encontramos já iguais sobre o que poderia ser feito nesse
muitas t‑shirts com campo e que ninguém ainda o tinha explo‑
a assinatura da rado como nós ambicionamos.
Rivals, sobretudo Apercebemo‑nos que ninguém fazia roupa
na cena musical. A exactamente como gostaríamos de usar e
paixão pela música, achámos que talvez nós o conseguíssemos
os jogos de vídeo fazer. No início tive algumas dúvidas, mas
retro e as referências as coisas foram crescendo devagar e no úl‑
da infância são os timo ano finalmente materializámos aquilo Stray: Espírito «underdog for the win», vilões dos filmes e desenhos animados Como vêem o panorama das marcas de
pontos em comum a que chamámos de Colecção #0. basicamente. antigos (os Rivals, por excelência), quan‑ streetwear em Portugal?
destes dois Rivals. A do querem aparecer dissimulados, se es‑ Stray: É um mercado muito embrio‑
Quais os símbolos que fazem parte do condem por trás dessa máscara, num nário a nível de produção nacional. Em
missão? Conseguirem imaginário da marca? São eles o próprio
Quem consideram ser os vossos princi‑
dedicar‑se à marca pais «rivais»? momento cómico (uma vez que continu‑ termos de importação é um mercado for‑
reflexo do vosso imaginário? am perfeitamente identificáveis). Achamos te, há muitas lojas e bastante público. O
a tempo inteiro Rivals: É difícil referir símbolos espe‑
min: Nós somos o nosso próprio
e rivalizar além Nemesis. Ou a Carhartt, a Supreme e a piada a esse conceito e vai de encontro a problema é que esse público não está mui‑
cíficos, mas é fácil identificar os universos uma certa estima pelo nonsense... to aberto a valorizar e a apoiar a cena lo‑
fronteiras. que povoam a linguagem da nossa marca.
Alife (risos).
min: E daí chegámos ao Groucho cal, ao contrário do que acontece lá fora.
E são um reflexo directo do nosso imagi‑ Que produtos disponibiliza a marca? Marx. Vais a Nova Iorque e o pessoal do stree‑
nário pessoal. Vivemos muito ligados à Rivals: De momento disponibiliza‑ Stray: E sem esquecer o Shock G twear pára à porta das lojas, compra e faz
Texto: Carolina de Almeida
cultura da música e às referências da infân‑ mos t‑shirts. Lançámos também uma edi‑ aka Humpty Hump. questão de apoiar o movimento local, sen‑
Fotos: Mariana Jacob
cia, sendo estas provavelmente as duas ção limitada de gorros durante o Inverno. tem orgulho nisso. Aqui vês pessoal que
Ana Rita Goulão
maiores fatias de influência. Referências de Onde vão procurar inspiração? gostavam de estar em Nova Iorque a fazer
jogos de vídeo retro, referências obscuras Gostariam de alargar a gama de oferta? Rivals: À tal tarte de ideias que po‑ isso, mas não o fazem em Lisboa ou no
de filmes, discos, private jokes, fenómenos Temos planos para alargar a gama de ofer‑ voa a nossa cabeça. Porto. Porquê?
de Internet... ta desde o início. Aliás, só não começámos logo Stray: Unicórnios, dinossauros, nin‑
com uma colecção mais completa por questões jas, jedis, etc. Onde podemos encontrar a Rivals?
Porquê o nome Rivals? financeiras. Tentámos obter apoios, mas o nos‑ min: Golden chains & lolcats (risos). Na Cocktail Molotof no Porto, Gang
Rivals tem a ver com a dualidade do so país não está muito preocupado com pes‑ of Four em Coimbra, SushiCake na
conceito. Ser rival implica ser rivalizado, e soas jovens que criam um plano de Quem veste Rivals? Benedita (Alcobaça), Conceito X em
vice‑versa seja por escolha ou confrontação. auto‑sustentação e prefere apoiar projectos Rivals: Quem se identifica com o Braga, Jizzle em Albufeira e em www.
O facto de sermos confrontados por fac‑ melhor posicionados no xadrez da influência. nosso espírito, quem percebe as nossas the‑rivals.com.
tores externos – como as expectativas da O nosso objectivo é a expansão, se és um in‑ referências. Isso atravessa vários tipos de
família, por exemplo – faz de nós rivais de vestidor e estás a ler isto, contacta‑nos (risos). pessoas. Notamos, no entanto, uma ten‑ Quais são os objectivos da Rivals a cur‑
nós mesmos. É uma posição que, quer dência para que pessoas ligadas à música to/médio prazo?
quando é escolhida ou nos é imposta, acar‑ Qual é a história por trás da assinatura usem a nossa roupa. É nesse tipo de even‑ min: Conseguir fazer da Rivals o nos‑
reta o dom/maldição que parece ter‑nos «óculos‑nariz‑bigode»? tos que vemos peças nossas, tanto em ele‑ so emprego e, se possível, empregar a co‑
perseguido sempre e a qual aprendemos a Rivals: Isso vem da imagem clássica mentos do público como em DJs, membros munidade streetwear portuguesa. Alargar
defender com orgulho. que existe nas nossas cabeças, de que os de bandas, etc. a colecção e internacionalizar‑nos.

Rivals em jogo
Moda

dif 32
a este gelado em forma de tarte. De se‑ mundo entre hardcore explícito e mecâni‑
guida partirmos uma fatia e ouvimos o co e softcore meloso feito de poses estere‑
quebrar estaladiço das lâminas de cho‑ otipadas. Bem mais interessantes são as
colate no seu interior, as que depois, se fotografias de um Helmut Newton, de
derretem na boca num contraste perfeito um Terry Richardson ou de uma Ellen
com o creme, consumando‑se assim uma Von Unwerth. Pelos vistos, a inspiração
Texto: Pedro Albuquerque
experiência multissensorial única. para uma vida erótica e sexual mais origi‑
Passados 26 anos sobre o seu apareci‑ nal e intensa acaba por ganhar o seu prin‑
Ilustração: Francisco Martins
mento, a Viennetta continua a ser uma cipal alento nas artes como a fotografia, o
behance.net/francmartins
das principais referências da Unilever, cinema, a literatura e a música, enquanto
xikomartins@gmail.com
companhia que há muito sabe o que o o melhor contributo do design fica‑se pe‑
design pode fazer pelos seus produtos, los derivados da cosmética e da moda,
ou não fosse o gelado Magnum outro dos como a maquilhagem, perfumaria, a lin‑
Eis‑me numa fnac a consultar o livro seus grandes sucessos. Outro ícone gerie, o calçado, e pouco mais. Ao depa‑
«Design Now!» de Charlotte e Peter Fiell, gastronómico de sucesso é o nosso pastel rarmo‑nos com as botas e sapatos
edição Taschen. Mais um, entre muitos, de nata de Belém, o qual começou a ser compensados e sem salto traseiro do de‑
com uma selecção notável de novos pro‑ comercializado no século XIX pelos signer Antonio Berardi, logo nos aperce‑
jectos bem documentados e fotografados. monges do Mosteiro dos Jerónimos. Não bemos que o seu principal atributo não
Ainda assim, não consigo evitar uma sen‑ obstante o design estar longe de existir é propriamente a mobilidade. Talvez o
sação de «déjà vu». São sempre as cadei‑ nessa época, o pastel de nata tem todos segredo seja não evidenciar o sexo, mas
ras, os candeeiros, os produtos electrónicos, os atributos de uma peça de design de sim, induzi‑lo.
os veículos, etc. Apercebo‑me de que nos‑ excepção, forma e cores apelativas, con‑
sa percepção sobre a utilidade do design traste táctil e gustativo perfeito, e viabi‑ Design fúnebre
pouco evoluiu desde os tempos da Bauhaus lidade produtiva. Arrisco dizer que a
e de Raymond Loewy. O tal design de maioria dos designers de alimentos são os O que é que faz na vida? Sou designer.
«agora» continua circunscrito a um culto chefes de cozinha. Algo se perde, então, Designer de quê? Designer fúnebre. Eu
elitista muito próprio, de marcas, comu‑ por o seu trabalho ter mais aplicação na próprio ficaria a olhar. A sociedade, prin‑
nicação, embalagens, moda, mobiliário, restauração do que na indústria alimen‑ cipalmente a ocidental de tendência laica,
transportes, «gadgets», sites e interiores, tar e mais expressão nos livros de receitas lida mal com a morte. No entanto, a mor‑
com as variantes habituais de design es‑ do que nos de design. te de um ente querido, sendo um momen‑
candinavo, inglês, italiano, japonês, mais to de tristeza inconsolável, é também um
as influências do eco‑design. Este universo Design sexual momento de homenagem sublime. O peso
é vasto, mas ainda assim pergunto: não que a arte egípcia tem na história bem
estará a faltar nada? Não deixa de ser in‑ Tal como a gastronomia não serve só como a beleza tocante de um Requiem de
trigante a fraca incidência do design em para nutrir, escusado será dizer que o sexo Mozart, são disso prova. Já todos presen‑
eixos fundamentais da nossa vida como, não serve só para procriar, aliviar a tensão, ciámos cerimónias fúnebres, e, vendo bem,
por exemplo, a alimentação, o sexo e a ou até, amar. Para muitas pessoas a beleza são em si mesmo deprimentes, desde a
morte. Resta saber se a renitência em in‑ do sexo está nos preliminares, envolto em urna à sepultura, passando pela sala de
tervir nestas áreas se deve à inércia dos fantasia e fetichismo. No entanto, muito velório, a viatura fúnebre e as doses indus‑
agentes económicos ou à falta de uma deste mercado não se revê na «vibrolân‑ triais de flores. Este momento de home‑
nova mentalidade na indústria criativa dia» à disposição nas sex‑shops. Num con‑ nagem derradeira merecia ter outra estética,
do design. texto de inibição sexual que culturalmente outro simbolismo, outra dignidade. O ve‑
ainda subsiste, e para o qual o facilitismo lório deveria então, traduzir‑se num es‑
Design alimentar da Internet só tem servido para adiar o paço onde fosse possível editar imagens,
problema, não estará o mercado da libido textos, música, ou outros registos repre‑
Corte‑se uma maçã na longitudinal, a precisar de alternativas? Por outro lado, sentativos dos gostos e vivências da pessoa
ao contrário do que habitualmente faze‑ será que a comunidade de designers terá a que nos deixa. A viatura, bem como a urna
mos, e obtemos um desenho atípico e coragem para submeter o melhor da sua e os cemitérios, poderiam ter outra apre‑
surpreendente. Uma simples mudança criatividade ao serviço do prazer sexual? sentação, bem diferente do neoclassicismo
de abordagem pode ser elucidativa da‑ A resposta não é imediata mas acredito mórbido dominante, captando outras ver‑
quilo que o design pode ainda fazer pela haver territórios por explorar para além tentes estéticas mais contemporâneas da
indústria alimentar. O prazer de uma dos lugares comuns assentes em Viagras, arquitectura, do mobiliário, das artes plás‑
Viennetta da Olá começa bem antes de manuais do Kamasutra, chicotes ou pre‑ ticas e da música. O maravilhoso «Design
a saborearmos na boca. O primeiro estí‑ servativos com sabor a chocolate. O áu‑ Now» nas nossas vidas devia ser muito
mulo é visual, proporcionado pela per‑ dio‑visual‑porno é ele também espelho mais do que apenas cadeiras, vestidos, au‑
feição das ondas cremosas que dão corpo deste cenário, oscilando no seu pequeno tomóveis e produtos electrónicos.

Design Now
Design

dif 34
O design é transversal à vida do cidadão co‑
Existe uma casa luz fusca que nunca A NAD DESIGN O arquitecto‑mestre mum ou trata‑se de mais um mito urbano?
branca onde habita se apaga, uma e SOLUTIONS é desta casa é Nuno É transversal, como o é a arquitectura,
a criatividade e o outra música cantada uma agência de Abreu, um CEO com a arte contemporânea, a padaria, o talho, e
talento perceptível pela voz rouca de comunicação global uma visão singular muitas outras áreas da sociedade em que
em cada detalhe e Ian Curtis ou Regina que nasceu em que poderia ter Os criativos vêm o mundo com outros vivemos. Todos sabemos que há peças fru‑ O designer é um ser original ou alguém A criação tem momentos de génio e
pormenor. Em cada Spektor. Existe uma Évora e cedo se sido médico ou olhos ou apenas com lentes de contacto to do trabalho dos designers que são muito que mente muito bem e consegue dis‑ momentos de desespero em propor‑
canto. Em cada casa branca em internacionalizou. contra‑baixo, pintor de extremo bom gosto? importantes para a nossa vida do quotidia‑ farçar na perfeição? ções iguais?
esquina. Uma casa Évora e uma outra Trata‑se de um dos ou editor de texto. Um Vêm com os mesmos olhos. O bom no mas tudo tem de ser visto em perspec‑ Na maior parte das vezes «mente». Acho que tem muito mais momentos
branca onde as em Luanda no calor mais claros exemplos CEO que é também gosto, tal como as restantes características tiva. Se quisermos generalizar, é claro que Ninguém consegue dar a volta, ou arranjar de desespero.
portas estão abertas de uma África longe de que é possível um director criativo que fazem supostamente parte da profis‑ podemos dizer que tudo é design. Mas se justificações, como um designer. Muito pro‑
desde manhã cedo. da vista mas perto do criar e pensar uma pouco comum que são, não são um exclusivo dos designers. Há quisermos simplificar, também podemos vavelmente porque aquilo que fazemos, O designer veste de Prada como o Diabo
Uma casa branca de coração. Uma casa marca, uma empresa gosta de sujar as uma necessidade de descer à terra e de per‑ dizer que designers são todos os que encon‑ mesmo em silêncio e sozinhos, é procurar ou de H&M como o Anjo Gabriel?
três andares onde as branca que acabou e um projecto fora dos mãos e experimentar ceber de forma intrínseca com quem e para tram soluções diariamente, nas mais diver‑ soluções, e depois tendemos a justificá‑las, Como diz um amigo meu, tem dias.
escadas conduzem de estrear no Dubai. tradicionais núcleos as cadeiras de cada quem trabalhamos, de observar e, acima de sas áreas. Design é resolver questões. o que acaba por nos dar uma ginástica men‑ No seguimento de algumas TED Talks do
a corredores longos Uma casa caiada que urbanos de Lisboa colaborador. Nuno tudo, ter uma grande humildade perante É encontrar soluções. tal que quase por impulso consegue justi‑ Tim Brown, acho que está na altura de se
onde piscam MACs pode aparecer em e Porto. De que é Abreu é um CEO que o que se vê e o que se faz. Acredito profun‑ ficar tudo. Mesmo o injustificável. começar a acabar com a ideia que o designer
e impressoras que qualquer canto do possível criar projectos vê certo por linhas damente que os designers são profissionais A inspiração implica transpiração ou tem de ter uma «farda», que tem de vestir
nunca param, alguma mundo nos próximos pioneiros em Portugal. tortas. Também que têm acesso a um determinado tipo de pode ser instantânea com a leitura de sempre de preto ou que se andar de
anos. Esta casa tem De que é possível criar escreve, mas hoje uma boa revista de tendências? Havaianas é mais criativo/alternativo.

Um
informação e de vivência que os leva a olhar
um nome, NAD DESIGN soluções optimizadas prefere responder para o que os rodeia de uma forma diferen‑ Implica muita transpiração. O facto de É preciso começar a dar prioridade ao con‑
SOLUTIONS. Évora, e trabalhar contextos à DIF num encontro te dos restantes, não forçosamente melhor. se ter uma boa ideia num determinado mo‑ teúdo, ao resultado, à forma como se cria,
Lisboa, Luanda, Dubai. específicos de raiz. original. Não estava O elitismo que se tem dado à profissão não mento é fruto de muitas circunstâncias di‑ ao método, e menos ao aspecto que o cria‑
Importa‑se de repetir? Uma empresa que vestido de branco. Por tem sido muito positivo. É importante que ferentes, como a própria disposição do dor e a criação têm.

NA tem hoje clientes


globais de Angola
mero acaso. a nova geração quebre com um conjunto momento, o contexto em que se está, o es‑

a
\

D
de pressupostos que têm sido criados em paço em que se vive ou trabalha, as revistas
aos Emiratos Árabes torno da nossa actividade e que aprendam que se lê, ou de um compêndio de muitos Para mais informações sobre a NAD:

De Unidos. Uma empresa


que nasceu em Évora
a colocar tudo em causa. Não acredito no outros factores. É verdade que muitas vezes http://www.nad‑design.net

ca
«porque sim», nem acredito que as respos‑ a primeira ideia é a melhor, mas essencial‑
sig há dois anos. Há
algo que se mexe
tas têm de ser sempre surpreendentes e mente pela forma pura e directa como a

nS
inovadoras. A constatação de que o que mesma chega à mente. Mas necessita de
no Alentejo. E tem está feito é bom não é um pecado. É um muito trabalho para ser realmente algo que
bom passo de dança.
olu
sa
sinal de maturidade. se possa ser considerado uma boa ideia.
Talvez mesmo paso
doble.
tio
ns
na
pr
Texto: João Vilela Geraldo
Ilustração: Vanessa Teodoro

ad
ar
ia De
sig
n

dif 36
Mário Cabrita Gil
Demanda sem fim
Vê‑lo em acção é uma forma de ini‑
ciação aos mistérios da luz. O palco é uma
casa antiga em Évora, os actores várias ca‑
deiras de design e um modelo humano,
todos banhados pela luz muito branca que
Vergílio Ferreira encontrou na cidade de
Está representado em colecções pú‑
blicas e privadas em Portugal e no estran‑
geiro, como o Museu da Cidade de Lisboa,
a Fundação José Saramago ou a Galeria
Luís Serpa. E, no entanto, a fotografia
aconteceu‑lhe quase acidentalmente: es‑
rio, nunca guardou a câmara, embora nun‑
ca lhe tivesse ocorrido «documentar
fotograficamente operações militares.»

O regresso a Portugal e à vida civil


podia ter ditado uma mudança de opções,
«Aparição». Entre todos, Mário Cabrita tava‑se em 1964 e Mário permanecia mo‑ mas não foi o que aconteceu. Mário ins‑
Gil move‑se como um alquimista que co‑ bilizado em Cabo Verde, onde, recorda, creveu‑se no Estúdio Universitário de
nhece exactamente o modo como um raio nada acontecia. «Fazíamos caça submari‑ Cinema, em Lisboa, e, um dia na câmara
de sol, posto em determinado ângulo, na e pouco ma is». Num desses dias de escura com o seu professor, Acácio de
há‑de afectar os corpos que ilumina. É per‑ ócio forçado, comprou uma máquina fo‑ Almeida (hoje um dos mais cotados di‑
feccionista e exigente (consigo e com os tográfica e, sem nada saber da matéria, rectores de fotografia do cinema mundial,
outros) porque não transige com a quali‑ começou a «disparar». Tomou‑lhe o gosto com obras como «Rapariga do Brinco de
dade. Não podia ser de outro modo. Aos e quis saber o que andava a fazer. «De li‑ Pérola» ou «A Cidade Branca» no
Texto: Maria João Martins 68 anos, Cabrita Gil é, desde há décadas, cença em Lisboa, comprei um pequeno currículum) perguntou‑lhe como se
Fotos: Mário Cabrita Gil um dos mais conceituados fotógrafos manual na Bertrand e comecei a estudar.»
portugueses. Mais tarde, já na Guiné e na guerra a sé‑
dif 38
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entrava para a profissão. «Foi uma grande Pintassilgo. Mas Mário não se deu por feliz Para a Europália, em 1991, voltou ao
ingenuidade da minha parte» ‑ recorda com essa vertente institucional: fotografou retrato: desta vez, com dois escritores da sua
Mário ‑ «a que ele respondeu, talvez um todos os protagonistas da agitada (e muito eleição, David Mourão‑Ferreira e José
pouco desconcertado, não se entra, vai‑se estimulante) cena cultural lisboeta dessa Saramago. Ambos a preto e branco, em am‑ década do século xxi, continua a insubor‑
entrando.» Foi o que fez: primeiro, a do‑ década «com um ambiente extraordinário», biências tão diversas como as suas obras li‑ dinar‑se. Exemplo disso mesmo é a instala‑
cumentar para o Estado as andanças do como recorda. Desse trabalho exaustivo terárias. Pergunto‑lhe como, num género ção «Do Espaço e do Tempo», construida
Almirante Américo Thomaz pelo país e, resultou uma exposição memorável, mais sensível do que um sismógrafo, faz ob‑ a partir de imagens obtidas numa máquina
mais tarde, em viagens pelo, ainda nessa «A Idade da Prata» (na Galeria Luís Serpa, ter para aqueles resultados: «Tudo depende de ressonância magnética: é o olhar sobre o
época, Ultramar português. em 1986), que fixou rostos como os de Ana do relacionamento que estabelecemos com corpo médico, o mais íntimo e menos ero‑
Vidigal, Olga Roriz, João Pinharanda, o retratado. Este deve saber ao que vai, mas tizado de todos. A demanda prometer con‑
Seguiram‑se anos a trabalhar para pu‑ António Palolo, Manuela Gonçalves, André deve sempre ir ao meu estúdio, que é tam‑ tinuar. Sem fim e sem concessões.
blicidade, quer como operador de câmara, Gomes, Helena Vasconcelos ou João bém o meu território». Mário não ficou, to‑
quer como realizador, até que a fotografia Botelho: «A inauguração foi uma loucura, davia, confortavelmente instalado neste Agradecimentos à Galante
de autor se lhe impôs como o caminho a com a galeria literalmente a transbordar. género e território. Na Lisboa 94 Capital (www.galante.pt), ao David Mateus (modelo)
seguir. O princípio da década de 1980 «apa‑ Estava lá toda a gente.» Europeia da Cultura e na Expo 98 mostrou e a Susana Raposeiro (Agente) da Ideias aos
nha‑o» a fazer os retratos de candidatos trabalhos de arte pública que faziam do cor‑ Molhos (www.ideiasaosmolhos.com). A DIF
presidenciais como Maria de Lurdes po humano o protagonista e, nesta primeira agradece também o apoio da Oficina Mustra.
Cheque Mate

Pág esq.: Luís com camisas Levis, calças Adidas. Ana Sofia com camisa Energie, fato macaco Wesc, botas Fly
Fotografia:
João Bacelar
Realização:
Susana Jacobetty
Maquilhagem:
Paulo Fraga
Assistente de Produção:
Ricco Godinho
Pág dir.: Vestido Carhartt

Modelos:
Ana Sofia (Elite)
Luís Borges (Central Models)
Agradecimentos:
Bárbara Coutinho
Graça Rodrigues (MUDE)
dif 44
Pág esq.: Luís com camisa Levis, colete Tommy Hilfiger. Ana Sofia com camisas, Fred Perry e Sisley
Pág dir.: Camisa Levis, vestido Odd Molly, casaco Gas, botas Fly
dif 46
Pág dir.: Camisa Wesc, casaco Adidas
Pág esq.: Vestido Replay, botas Fly
Pág esq.: Camisas Lacoste, Lightning Bolt, Maresia, calças Adidas, sapatos Fly
Pág dir.: Camisas Fred Perry, Wesc, Gas
dif 51
Backstage

Fotografia:
João Bacelar
Realização:
Susana Jacobetty
Assistente de Produção:
Inês de Oliveira
Agradecimentos:
ModaLisboa
Katty Xiomara ‑ Jani (Central Models) dif 52 Alexandra Moura ‑ Hollie Swain (Central Models)
Dino Alves ‑ Pedro Lemos (Central Models) dif 54 Pedro Pedro ‑ Tamara (L’agence) dif 55
Ricardo Dourado ‑ Fabiana Capra (L’agence) Ana Salazar ‑ Matilde (Best Models), e Joana Vasconcelos
dif 56 dif 57
Luís Buchinho ‑ Andressa Borba (Just Models) Nuno Gama ‑ Kevin (Central Models), Bruno Rosendo (L’agence) e Isaac Alfaiate (Elite)
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Nuno Baltazar ‑ Jana (Just Models) Miguel Vieira ‑ Armando Cabral (Central Models) e Viviane Orth (Central Models)
dif 60 dif 61
agenda Pop Up Lisboa 2010
Os Nómadas Urbanos
Trienal de
Arquitectura de Lisboa
vêem aí Falemos de casas...
e de arquitectura

4 de Novembro a 11 de Dezembro Texto: Pedro Primo Figueiredo

São uma centena de artistas portu‑ de quatro continentes, que promovem o A Trienal de Arquitectura de Lisboa é
gueses e de cidades como Berlim, Nova evento nas suas cidades e sugerem ar‑ o maior evento no campo da arquitectura
Iorque, Cidade do Cabo ou São Paulo, tistas para o cartaz», conclui o produtor da Península Ibérica. Assenta «na grande
com encontro marcado em Lisboa. do evento. qualidade e no desenvolvimento da arqui‑
O Pop Up assume a dimensão de fes‑ O cartaz do Pop Up Lisboa 2010 tectura portuguesa», diz a organização.
tival internacional de cultura urbana e apresenta dez projectos artísticos fina‑ Partindo do princípio que «a prática ar‑
nesta edição é dedicado aos «Nómadas listas do concurso internacional que foi quitectónica é uma expressão fundamen‑
Urbanos». promovido no âmbito do evento, reú‑ tal da criação do lugar, da construção de
O Pop Up Lisboa 2010 define a ci‑ ne criadores portugueses como Aldo uma cidadania integradora e da afirma‑
dade como um espaço nómada, suporte Peixinho, Benedita Feijó & Michael ção cultural», a segunda edição da Trienal,
privilegiado para a arte, mas não apenas Andersen, Cabracega, Délio Jasse, João a decorrer até Janeiro, assenta no tema
para a arte urbana e disciplinas como o Santos, Maria Imaginário, Mazza, Miguel «Falemos de casas».
graffiti, tag ou stencil. O conceito do Pop Januário, Leonor Morais, Rui Effe ou A estrofe que motiva o lema desta
Up é muito mais abrangente e explora Xavier Almeida, conta com participa‑ edição da Trienal é retirada de um poema
Steinbeisser
todas manifestações artísticas da cultura ções de artistas e colectivos internacio‑ de Herberto Helder e proposta passa por
urbana, sejam elas plásticas, performati‑ nais como Andrea Spilsgar da Alemanha, debater a questão da habitação, «quer na
Morder pedra,
vas ou sonoras e sublinha uma visão dife‑ os The Antagonist Art Movement dos sua literalidade, quer de uma forma mais
morder arte
renciadora do espaço urbano, enquanto Estados Unidos, os Bijari do Brasil ou os ampla, como habitação do mundo», disse
laboratório de tendências e de transfor‑ WokiToki da Argentina. fonte da organização à DIF.
mações sociais. Durante os três meses em que de‑
O projecto foi lançado em 2009 pelo corre, a Trienal vai espalhar‑se pelos
artista plástico e produtor Hugo Israel, equipamentos culturais mais importan‑
com o objectivo de criar espaços de en‑ tes de Lisboa, centrada em três exposi‑
Texto: Laura Alves
contro para artistas e projectos culturais. ções (Museu Berardo, Museu do Chiado
O Pop Up definiu um padrão de trans‑ e Museu da Electricidade), um centro em
formação urbana que envolve dezenas Cascais e uma conferência internacional Este mês, Lisboa recebe o projecto
de artistas na apresentação colaborati‑ na Aula Magna da Universidade de Lisboa Steinbesser, uma mostra de artesanato
va dos seus trabalhos e este ano regressa sobre a relação entre arquitectura e po‑ contemporâneo, moda e joalharia que
com um programa alargado de exposi‑ litica, ou como a arquitectura e a politica passou anteriormente por Amesterdão
ções, conversas temáticas, workshops e se representam mutuamente. e Hamburgo. Steinbeisser, que significa
performances que vão invadir vários espa‑ «Acima de tudo, a Trienal é uma fes‑ ‘morder pedra’, é também sinónimo des‑
ços alternativos, edifícios desocupados e ta da arquitectura, mas também uma pla‑ te projecto, sob a forma de uma galeria
«não‑lugares» da cidade de Lisboa. taforma de debate e discussão sobre as experimental, que estará aberta desde 9
O laboratório central das activida‑ questões da relação social da arquitectu‑ de Outubro até 6 de Novembro.
des destes nómadas vindos de todo o www.popup‑city.com ra, a sua componente ética, a importância Martin Kullik e Jouw Wijnsma são criatividade e mostrar os trabalhos de o caso de Alexander Fielden, Bernhard
mundo será o Palácio Verride, em Santa www.facebook.com/popupcity cultural que a arquitectura hoje possui», os mentores do projecto Steinbeisser, artistas e designers emergentes. Stimpfl‑Abele, Kathleen Hennemann,
Catarina, junto ao Adamastor, mas as in‑ sublinha a organização. que estará sedeado no espaço Kolovrat Aqui, os artistas da «arte vestível» – Kei Kagami ou Sylvia V. D. Ouwelant.
tervenções artísticas anunciadas esten‑ Destaques de programação são mui‑ 79 – na Rua D. Pedro V, em Lisboa. joalharia, objectos e acessórios de moda «Todas as peças em exposição estarão à
dem‑se às sete colinas da capital, desde tos, daí que se recomende a passagem pela «Steinbeisser significa ‘morder pe‑ – encontram uma base para expor ao venda, incluindo o mobiliário e a ‘vege‑
o Pavilhão 27, no antigo Hospital Júlio página Internet do evento (http://www. dra’. Simboliza o projecto como um cor‑ público as suas peças. A mobilidade da tação’», adianta Martin.
de Matos, em Alvalade, até à Lx Factory, trienaldelisboa.com), o mais completo e po em movimento, mudando espaço, plataforma Steinbeisser, que encontra
em Alcântara, passando por estações de detalhado modo de descortinar tudo o peças e conhe­cimento continuamen‑ em Lisboa a terceira localização desde o É possível vislumbrar alguns dos artis‑
comboio como Santa Apolónia, Cais do que se vai passar na Trienal de Arquitectura te», explica‑nos Martin, que apresenta seu início, em 2009, acaba por ser uma tas e peças que estarão presentes na ex‑
Sodré e Rossio, com o objectivo de «criar de Lisboa até Janeiro próximo. o evento como uma «galeria temporá‑ estratégia para estabelecer «continua‑ posição em
múltiplos percursos na cidade e suscitar ria‑conceptual». E porque ‘morder pe‑ mente novas ligações e emoções», es‑
experiências diversificadas junto do públi‑ http://www.trienaldelisboa.com dra’ é, de forma metafórica, quebrar clarece Martin. http://steinbeisser‑in.blogspot.com
co», sublinha Hugo Israel. convenções e ideias feitas, Steinbeisser Steinbeisser irá apresentar traba‑
«O buzz internacional já está cria‑ propõe uma visão independente e in‑ lhos de artistas nacionais e internacio‑
do com o apoio dos 16 embaixadores tercultural. O objectivo desta exposi‑ nais, sendo que alguns deles expõem
Pop Up, talentos criativos de 14 cidades ção nómada é, sobretudo, promover a em Portugal pela primeira vez, como é
agenda dif 62 agenda dif 63
Os Broken Social Scene são uma de ver o grupo em Espanha, no festival co intimista – precisamente o contrário Daniel Monzón é um argumentista e tuetas para que estava nomeado, incluindo
Broken Social Scene das melhores bandas do mundo. Facto. Primavera Sound (melhor festival de sem‑ da Aula Magna, em Lisboa, e da Casa da
Cela 211 realizador da nova geração do cinema espa‑ a de melhor actor para Luis Tosar, melhor
Editaram este ano um disco menor? pre?), e, num cartaz com Pet Shop Boys, Música, no Porto, cenários à partida per‑
de Daniel Monzón nhol e tem‑se destacado por enredos com‑ actor revelação para o argentino Alberto
com Alberto Ammann, Luis Tosar,
Verdade. Mas continuam uma das me‑ Pavement, Pixies, Beach House, Panda feitos para concertos que têm tantas hi‑ plexos, como é o caso de «La Caja Kovak», o Ammann e a de melhor actriz secundária
Marta Etura, Antonio Resines e Carlos
lhores máquinas rock do planeta, e é ab‑ Bear, Grizzly Bear, No Age, Gary Numan póteses de ser desinteressantes como o seu filme anterior que contou com a parti‑ para Marta Etura.
Bardem
solutamente imperdoável pensar sequer ou Moderat – entre muitos, muitos outros guarda‑redes Roberto de ser titular da se‑ cipação do actor norte‑americano Timothy «Cela 211» começa quando Juan
Aula Magna, Lisboa, 07 de
em passar ao lado do regresso dos cana‑ – o espectáculo dos autores do recente lecção de futebol espanhola. Nenhumas, Hutton e foi totalmente rodado em inglês. Oliver (Alberto Ammann) se prepara para
Novembro
dianos a Portugal, quatro anos depois da «Forgiveness Rock Record» foi dos mais portanto. Costuma‑se dizer que podendo, Depois do inglês, Monzón regressou à se tornar num guarda prisional. Decidido
Casa da Música, Porto, 08 de Estreia prevista para o final de
última passagem por terras lusas, no festi‑ marcantes, verdadeiro furacão rock quase é ir, mas neste caso não há mesmo como sua língua materna e em grande forma, pois a causar boa impressão, apresenta‑se ao
Novembro Outubro
val Paredes de Coura. Uma pequena con‑ sempre no vermelho, no limite, pujança não ir. Broken Social Scene de regresso a «Cela 211» foi o filme mais galardoado dos trabalho um dia mais cedo e dois cole‑
fidência do repórter que poderá causar inabalável, muito carisma e muito talen‑ Portugal, num dos mais apetecíveis con‑ prémios Goya deste ano (os Óscares espa‑ gas dão‑lhe a conhecer a prisão já anti‑
Texto: Pedro Primo Figueiredo Texto: Ana Cristina Valente
inveja: em Maio, tivemos a oportunidade to. E isto ao ar livre, num ambiente pou‑ certos que teremos até final do ano. nhóis), tendo ganho oito das dezasseis esta‑ ga e pouco conservada. Durante a visita,
um pedaço de estuque solta‑se do tecto
e atinge Juan, que desmaia. Atrapalhados,
os guardas levam‑no para a Cela 211. Uma
cela vazia onde tentam que recupere os
sentidos. Mas naquele preciso momento
irrompe um motim desencadeado pelos
criminosos mais temidos daquela prisão.
Assustados, os colegas de Juan fogem e
deixam‑no inanimado na cela. Quando ele
acorda apercebe‑se que terá de fingir ser
um prisioneiro para sobreviver. Assim tor‑
na‑se no braço direito de Malamadre (Luis
Tosar), o líder do motim. Será que vai con‑
seguir escapar ileso?
A descobrir em «Cela 211».
Dead Combo
Casa da Música, Porto, 21 de
Outubro
São Jorge, Lisboa, 26 de Outubro
Oficina Municipal de Teatro,
Coimbra, 11 de Novembro
Centro Cultural, Caldas da Rainha,
20 de Novembro

Texto: Pedro Primo Figueiredo

Por estes dias, os Dead Combo são tudo


menos um segredo escondido no panorama
The American
musical português. A chegada ao mercado do
de Anton Corbijn
com George Clooney, Paolo
primeiro DVD do duo não mais é que um ges‑
Bonacelli, Thekla Reuten, Violante
to de consolidar de carreira de um projecto sur‑
Placido e Irina Björklund
gido em 2001 algo do acaso, de uma daquelas
inspirações ocasionais, das que acontecem pou‑
cas vezes na vida. Para os mais incautos, os Dead
Estreia prevista para o final de
Combo A banda é constituída por Tó Trips, nas
Outubro
guitarras, e Pedro Gonçalves no contrabaixo,
base sonora para canções meio caminho entre
Texto: Ana Cristina Valente
o fado não cantado, o rock meio improvisado e
bandas sonoras imaginárias para filmes não exis‑
tentes passados no deserto norte‑americano. Depois de ter hipotecado a casa para uma arma para um misterioso contacto, O filme estreou no Festival de Veneza
«Dead Combo & Royal Orquestra das Caveiras angariar dinheiro para realizar «Control», Mathilde (Thekla Reuten). Por outro lado, deste ano, partilhando espaço com outros
ao vivo no São Luiz», o DVD que motiva uma desta feita Anton Corbijn parece não ter enquanto saboreia a vida calma nas mon‑ de realizadores de renome como Darren
nova série de datas do grupo um pouco por todo tido necessidade de recorrer a medidas tanhas de Abruzzo, torna‑se amigo do Aronofsky e Sofia Coppola, que acabou por se
o país, está desde o mês passado nas lojas e re‑ extremas. Ou não se desse o caso de ter Padre Benedetto (Paolo Bonacelli) e ini‑ consagrar a vencedora deste ano. Espera‑se
gista dois espectáculos registados em Lisboa no George Clooney como protagonista do cia uma tórrida relação com uma mulher que «The American», pelo timming de es‑
final de 2009. Não substitui a experiência to‑ seu mais recente filme. deslumbrante, de nome Clara (Violante treia se possa ainda vir a incluir em nomea‑
tal de um concerto dos Dead Combo, motivo Em «The American», o actor nor‑ Placido). Mas o que parecia uma vida sem ções para prémios como Globos de Ouro e
pelo qual deixamos aqui a recomendação: não te‑americano é um assassino profissional, perigo depressa desafia o destino do casal os almejados Óscares. Quem sabe? Mas que
passem ao lado de um espectáculo do duo, seja Jack, que se refugia numa vila medie‑ quando Jack aceita um último trabalho. vale a pena entrar neste jogo psicológico vale.
o vigésimo que vejam ou o primeiro – a experi‑ val italiana para escapar a um trabalho Este thriller ao estilo de Hitchcock prome‑ Para quem tem saudades de James Bond e
ência vale sempre, sempre a pena. que deu para o torto. Aí aceita construir te agarrar o público aos seus lugares. da hora de Alfred Hitchcock.
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