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Fonte: Revista Nova Escola - www.novaescola.com.

br (junh/jul 2008)

A chave do ensino
Didáticas específicas de cada disciplina tornam mais claro o que e como ensinar. NOVA ESCOLA reuniu o melhor dos
estudos recentes em 30 atividades essenciais para quem leciona do 1º ao 5º ano
Por: Amanda Polato, Beatriz Santomauro e Rodrigo Ratier - Revista Nova Escola - junho de 2008
Esta reportagem trata de um tema que está
transformando a Educação. Uma inovação
silenciosa, mas de alcance duradouro, que pode
beneficiar muito seu trabalho: estudos que se
debruçam sobre a arte de ensinar, investigando as
maneiras mais eficazes de ajudar a garotada a
compreender os conteúdos. São investigações de
conceitos e teorias de Arte, Ciências, Educação
Física, Geografia, História, Língua Portuguesa e
Matemática. Chamadas de didáticas específicas,
enfocam as dificuldades próprias de cada área –
afinal, quem disse que o jeito de explicar frações
serve também para levar a meninada a ler?
Essas pesquisas se baseiam no dia-a-dia da sala de
aula. “Com meus alunos de Pedagogia, procuro
cada vez mais discutir as circunstâncias peculiares
que eles vivenciam com as crianças”, afirma
Carmem Lúcia Enterer, que leciona Didática e
Práticas Educativas na Universidade Federal de Minas Gerais. As perguntas que nascem da prática vão muito além do
“como ensinar?”. O que a turma já sabe sobre o tema a ser tratado? Quais os efeitos esperados de minha atuação? E o
principal: o que ensinar – e como as crianças vão aprender esse conteúdo?
Em busca da aprendizagem
Currículos e conteúdos precisam encaminhar o estudante rumo à aprendizagem. “Para que ele seja capaz de buscar o
conhecimento, é importante que desenvolva habilidades de leitura, interpretação, estudo independente e pesquisa”, diz
Maria Inês Marcondes, especialista em formação e prática pedagógica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Como forma de contribuir para o avanço da atividade docente, NOVA ESCOLA coletou práticas de ensino e
aprendizagem indispensáveis do 1º ao 5º ano. São situações didáticas essenciais que conjugam conteúdos e formas de
ensino que levam as crianças a construir os esquemas de conhecimento necessários para a compreensão (leia no
quadro na página ao lado a relação completa). Elas não funcionam de forma isolada, mas são úteis como parte de
atividades permanentes, seqüências didáticas ou projetos.
O conjunto de 30 atividades foi elaborado com a colaboração de 10 pesquisadores e profissionais de formação
continuada. Como as práticas selecionadas já fazem parte do cotidiano de diversos educadores, dez deles demonstram
como as aplicam. Para todas as disciplinas há planos de aula – oito deles na revista e mais de 42 no site
www.novaescola.org.br.
A sugestão é encarar este material não como um manual de receitas, mas como um ponto de partida a ser adaptado a
sua realidade e confrontado com sua expe-riência. Esses procedimentos vão ajudá-lo a refletir sobre a prática, o que é
essencial para o aprimoramento profissional.

Arte

Olhar criativo

Estimular a imaginação, despertar a sensibilidade, ampliar horizontes e deixar a criança experimentar são formas de
ensinar a disciplina

O conteúdo de Arte é dividido em quatro linguagens,


artes visuais, música, dança e teatro, de acordo com
os Parâmetros Curriculares Nacionais. Na prática, a
primeira é priorizada e as demais perdem espaço
por falta de tempo e de estrutura ou por deficiência
na formação dos professores. Isso não significa que
eles dominem o ensino da pintura, do desenho e da
escultura, mas o fato de estarem mais presentes no
dia-a-dia facilita a abordagem. Para Rosa Iavelberg,
diretora do Centro Universitário Maria Antonia, em
São Paulo, o ambiente é determinante para a
aprendizagem nessa área (veja as situações
didáticas a seguir): “A sala de aula deve ter o clima
de um ateliê para que se possa criar”. A artista plástica Maria de Fátima Junqueira Pereira dispõe desse recurso na
Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, onde leciona para o 2º ano. “Em recortes,
pinturas ou colagens, os alunos inventam misturas, texturas e cores”, explica ela. Trocando experiências com os colegas
e criando, eles percebem que há diversas maneiras de trabalhar os materiais.
1. Produção
O que é - Realização de exercícios criativos tendo como base obras ou conteúdos de arte. Utilizar o trabalho de artistas
consagrados permite que o aluno se inspire no que já foi feito e então produza. Um exemplo de atividade: apresentar a
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, e subtrair o rosto para que a criança invente outro. Já os exercícios que desenvolvem
conteúdos são os que tratam, por exemplo, de formas geométricas, nuances, cores, sombras e luz. Uma possibilidade
de trabalho é notar os tons do cinza usando um mesmo lápis grafite.
Quando propor - Semanalmente.
O que a criança aprende - A reconhecer conteúdos e conceitos relativos ao universo da arte.
2. Percurso de criação pessoal
O que é - Espaço e tempo de experimentação e criação. Para isso devem ser deixados à disposição diversos materiais
(pincéis, tintas, lápis, giz de cera, papéis, argila). Cada aluno pode escolher o modo como vai utilizá-los e se produzirá
sozinho ou em grupo. O educador orienta a criação, participando do processo com interferências pontuais, e observa no
trabalho pronto as singularidades da produção e a familiaridade com o universo da arte. Quanto menor a autonomia da
turma, maior a participação do professor no direcionamento das tarefas.
Quando propor - Semanalmente.
O que a criança aprende - A fazer um trabalho de autoria, imprimindo suas marcas subjetivas e expressando idéias e
percepções (leia o quadro ao lado).
3. Interpretação de imagens
O que é - Leitura de reproduções levadas para a sala de aula e de originais em exposições. É necessário criar situações
de contato com a arte indicando o significado da pintura ou do desenho no contexto em que foram produzidos e
incentivando a busca do sentido deles nos dias de hoje. “As poéticas visuais devem ser colocadas como uma situação
de aprendizagem por meio da resolução de problemas e da descoberta ao mesmo tempo”, explica Rosa Iavelberg. Isso
significa promover uma leitura criativa dando informações sobre as imagens sem se antecipar às colocações da garotada
– esse é o momento de pensar e sentir.
Quando propor - Durante todo o ano em classe e em visitas a exposições.
O que a criança aprende - A interpretar as obras conforme sua sensibilidade e seu conhecimento do assunto,
percebendo que significados assumem para si e em diferentes culturas.
4. Fala, leitura e escrita sobre Arte
O que é - Expressão de idéias diante de criações artísticas e com intermediação do educador por meio de discussões,
leitura e produção escrita. Vale estimular o contato com textos de diversos gêneros, como biografias de artistas, críticas
de arte e entrevistas com profissionais – o que pode ser feito em parceria com a disciplina de Língua Portuguesa. Nas
séries iniciais, a intenção é desenvolver a capacidade de escrita e leitura dos que começam a se alfabetizar e expandir o
universo de interpretação de todos.
Quando propor - Durante o ano todo, sempre que forem programadas visitas a exposições, na leitura de imagens na sala
de aula e em tarefas para a casa.
O que a criança aprende - A expressar idéias sobre a leitura da arte por escrito ou oralmente e, com isso, avaliar o que
está produzindo.
Atividade permanente - Ateliê
Objetivo
• Desenvolver o processo criador.
Conteúdo
• Percurso de criação.
Anos
1º ao 5º.
Tempo estimado
Uma aula.
Material necessário
Giz de cera, lápis de cor, canetas, papel, tecido, revistas, tesoura, palitos, cola, fita crepe, barbante. Varie o material a
cada proposta.
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Organize numa bancada materiais para modalidades já conhecidas pela turma (desenho ou colagem, por exemplo).
Deixe cada aluno livre para aprofundar as pesquisas em relação a meios, suportes e ferramentas, descobrindo diferentes
combinações. Pendure os trabalhos em varais.
• 2ª Etapa
Selecione algumas produções para analisar coletivamente. Proponha que todos compartilhem escolhas e resultados,
reconhecendo as marcas pessoais dos autores. Oriente-os a retomar a criação. Conforme eles ganhem autonomia,
aumente a variedade de materiais, a freqüência das oficinas e o tempo de duração.
• 3ª Etapa
Organize uma mostra com três pinturas de cada aluno. Peça que façam textos explicando os passos das produções. Os
visitantes podem ser guiados pelos próprios autores.
Avaliação
Participe com apoio técnico individualizado, indicando caminhos e debatendo resultados.
Consultoria
Marisa Szpigel, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.
Quer saber mais?
Contatos
Escola de Aplicação da USP, Av. da Universidade, 220, travessa 11, 05508-040, São Paulo, SP, tel. (11) 3091-3503
Marisa Szpigel, zaszpigel@uol.com.br
Rosa Iavelberg, rosaiavelberg@uol.com.br
Bibliografia
Coleção Mestres das Artes, vários autores, 32 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-17-2002, 25 reais
Desenho Cultivado da Criança, Rosa Iavelberg, 112 págs., Ed. Zouk, tel. (51) 3024-7554, 19 reais
Para Gostar de Aprender Arte, Rosa Iavelberg, 128 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 39 reais

Ciências

Sim à curiosidade

A observação de fenômenos, a experimentação e a reflexão, além de muita leitura, ampliam os conhecimentos sobre
questões dessa área

Em um mundo em que o desenvolvimento científico está por toda parte, o ensino de Ciências deve propor situações-
problema e trabalhos que gerem reflexão, permitam participação ativa e tenham relação com o dia-a-dia. “A transposição
da ciência acadêmica para a escola amplia a visão do cotidiano”, diz Cândida Muzzio, coordenadora do Colégio Miró, em
Salvador. É importante articular atividades. Um experimento sem observação, pesquisa e leitura é insuficiente para a
aprendizagem. No Centro Educacional de Ensino de 1º Grau, em Presidente Castelo Branco, a 470 de Florianópolis, a
professora da 3ª série Rozinei Forquezato participou de projeto sobre compostagem que contempla quatro situações
didáticas essenciais (veja a seguir). Além de aprenderem conteúdos, os alunos vêem o impacto de sua atuação na
comunidade e no ambiente.
5. Observação
O que é - Análise de um experimento com a mediação do educador. A atividade deve instigar perguntas e a elaboração
de hipóteses. Ao estudarem o desenvolvimento das plantas, por exemplo, as crianças podem ver que crescem, mas nem
sempre se atêm aos detalhes. Por isso a importância de direcionar o olhar delas. Como está a cépala (a proteção que
encobre o botão da flor)? Aberta ou fechada? E depois de uma semana?
Quando propor - Sempre que houver uma investigação desenvolvida em aula.
O que a criança aprende - Além de conteúdos tradicionais, a observar fenômenos, elaborar hipóteses e organizar dados
(leia o quadro abaixo).
6. Experimentação
O que é - Investigação para relacionar o saber científico ao da garotada. O experimento não pode só demonstrar
conhecimentos já apresentados. Se é preciso entender quais materiais flutuam, a turma sugere alguns e é desafiada.
Uma folha de papel flutua? E se a amassarmos em forma de esfera?
Quando propor - Sempre que o conteúdo puder incluir experimentação.
O que a criança aprende - Além dos conteúdos relacionados, a manipular experimentos e a resolver problemas.
7. Pesquisa em textos
O que é - Busca por respostas para a resolução de problemas em livros, revistas, jornais e internet. A atividade não é
produtiva se for atrelada apenas à coleta de dados. Uma proposta: a turma faz uma experiência em que sal é dissolvido
em água e o professor apresenta uma questão – todo sólido se dissolve em água? – a ser resolvida com base em fontes
confiáveis.
Quando propor - Sempre que for preciso buscar informações.
O que a criança aprende - Além dos conteúdos relacionados, a trabalhar com obras de caráter científico e a ter maior
autonomia na aprendizagem.
8. Leitura e escrita sobre Ciências
O que é - O professor cria uma oportunidade que gere dúvidas sobre um tema. Depois de todos revelarem suas
concepções em conversas, desenhos e textos, ele indica a consulta a textos científicos. É essencial apresentar fontes
variadas, além do livro didático, marcando a diferença entre as linguagens. Devem-se discutir conceitos, termos da área
e características da linguagem, e não apenas supor que sejam conhecidos.
Quando propor - Em todas as aulas.
O que a criança aprende - Compreendendo o que lê, aprofunda conhecimentos e informações sobre os conteúdos.
Seqüência didática - Observação de alimentos
Objetivos
• Observar o processo de decomposição de alimentos.
• Perceber a importância dos fungos e das bactérias na decomposição.
• Discutir formas de conservação.
Conteúdos
• Decomposição da matéria.
• Observação.
• Registro escrito.
• Pesquisa.
Anos
1º ao 5º.
Tempo estimado
Quatro aulas.
Material necessário
Pão, tomate, banana, água, potes, pratos descartáveis, folhas brancas, lápis preto, borracha, lápis de cor, régua, livros e
canetas.
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Converse com os estudantes sobre circunstâncias em que os alimentos se estragam. Identifique conhecimentos prévios
e auxilie a turma na elaboração de hipóteses.
• 2ª Etapa
Crie um momento de observação levando para a sala uma amostra de pão, tomate e banana com bolor. Retome as
hipóteses da aula anterior e proponha questões relacionadas a condições ambientais, características e transformações.
É necessário comparar com outros alimentos em bom estado de conservação.
•¦ 3ª Etapa
Cada um leva uma amostra de um alimento, acompanha e registra a transformação diariamente em fichas. O estudo tem
como objetivo ampliar, ratificar ou retificar as hipóteses iniciais.
• 4ª Etapa
Para sistematizar os conteúdos observados, peça que os alunos pesquisem em livros explicações para a decomposição,
contrastando as informações com a prática.
Avaliação
Compare as hipóteses iniciais com os resultados. Com o suporte do conteúdo aprendido, discuta o que se comprovou e
o que foi refutado.
Consultoria
Marisete Dal Bello e Rozinei Forquezato, do Centro Educacional de Ensino de 1º Grau, em Presidente Castelo Branco,
SC.
Quer saber mais?
Contato
Centro Educacional de Ensino de 1º Grau, R. Alberto Ernesto Lang, 29, 89745-970, Presidente Castelo Branco, SC, tel.
(49) 3457-1217
Bibliografia
Ciências: Fácil ou Difícil?, Nélio Bizzo, 144 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 34,90 reais

Educação Física

Ação refletida

Práticas corporais precisam vir embaladas por pesquisas sobre o significado cultural que possuem e debates para incluir
toda a turma

Na contramão da ditadura dos esportes coletivos com bola, a tendência dos currículos modernos é tornar a Educação
Física mais reflexiva. “Todo movimento é carregado de sentido. Por isso, é preciso discutir a história e a inserção de
cada um deles na sociedade atual”, afirma Marcelo Barros da Silva, formador de professores e consultor de programas
em Educação Física, de São Paulo. Pensando assim, Jussara Ladeia de Andrade, Marluza Secchin Malacarne e Iara
Francisca Croce Tedesco, que lecionam para turmas de 1ª a 4ª série na rede municipal de Vitória, organizam cursos
temáticos. Neste ano, o tema é a cultura afro-brasileira, que permite vivenciar e discutir a capoeira, o maracatu, o hip-
hop e a inserção do negro em diversos esportes – como o futebol, escolhido para ser tratado pelos estudantes da EMEF
Éber Louzada Zippinotti. “De tempos em tempos o jogo é interrompido para o grupo se manifestar e propor modificações
nas regras. O objetivo é fazer com que meninos e meninas, inclusive os que têm deficiência física, participem”, explica
Jussara. É uma maneira de aplicar os princípios que devem nortear a disciplina (veja a seguir). “A perspectiva é atender
todos e ajudar a respeitar a multiculturalidade e a diversidade de práticas corporais”, afirma Marcos Garcia Neira,
coordenador do Grupo de Pesquisas em Educação Física da Universidade de São Paulo.
9. Leitura de práticas corporais
O que é - Ao ter contato com atividades físicas – por meio de vídeos, apresentações ao vivo etc. –, a turma interpreta o
que vê. Assistir a partidas de futebol, a apresentações de dança e às Olimpíadas é uma forma de apresentar diferentes
manifestações de cultura corporal, com a possibilidade de comentá-las e analisá-las.
Quando propor - Antes do início de uma nova prática e sempre que a turma for espectadora de alguma atividade física.
O que a criança aprende - Conhecendo mais sobre a cultura corporal de um grupo, ela passa a valorizá-la. Percebe
ainda a ligação entre o movimento e as condições históricas, sociais e culturais que o originaram. Em uma apresentação
de hip-hop, por exemplo, é possível identificar as semelhanças com outros ritmos afro e analisar as mudanças que a
cultura de massa introduziu na manifestação.
10. Atividades práticas
O que é - Brincadeira, dança, esportes ou ginástica, com a adaptação da manifestação corporal às necessidades
materiais, espaciais, de aprendizagem etc. A classe rediscute as regras para perceber que a adaptação faz parte da
história dos esportes – modalidades como o futebol de salão ou o de areia nasceram assim. Em uma brincadeira de
roda, por exemplo, é possível perguntar: todo mundo está conseguindo participar? Pode ser melhor se fizermos rodas
menores? É essencial intervir para garantir que, a seu modo, todos estejam inseridos. Também é a hora de questionar
alguns rótulos: ginástica rítmica é coisa só de menina?
Quando propor - Semanalmente. O ideal é apresentar ao longo do ano letivo um conjunto diversificado de exercícios
para que as habilidades do grupo sejam contempladas – em vez de privilegiar apenas os “bons no esporte”.
O que a criança aprende - Além da função lúdica, a prática do movimento ajuda na criação de regras de convivência
para que todos participem (leia o quadro acima). Jogos, esportes e brincadeiras também estimulam o raciocínio
estratégico e de códigos de comunicação.
11. Aprofundamento dos conhecimentos
O que é - A parte reflexiva das aulas. O aluno lê e realiza pesquisas e entrevistas sobre o movimento corporal. Vale pedir
os resultados em painéis fotográficos, debates, seminários e produções escritas.
Quando propor - Após a parte prática, quando todos já tiveram a oportunidade de vivenciar as diferentes atividades.
O que a criança aprende - O papel da história, das condições sociais e da cultura de cada grupo nas práticas corporais.
Seqüência didática - Futebol para todos
Objetivos
• Compreender o futebol como forma de expressão de grupos sociais.
• Vivenciar jogos com a bola no pé.
• Conhecer e recriar as regras da modalidade.
Conteúdos
• História do futebol no Brasil.
• Preconceito de gênero, etnia e classe social.
• Jogos com bola.
Anos
1º ao 5º.
Tempo estimado
12 aulas.
Material necessário
Bolas.
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Pergunte quantas formas de futebol a meninada conhece. Proponha uma alternativa: o futebol de mãos dadas. Observe
se houve exclusão e incentive modificações para que todos joguem.
• 2ª Etapa
Recrie a história do futebol no Brasil, pontuando que, no passado, muitos não podiam praticá-lo: negros, mulheres,
pessoas com deficiência. Peça uma pesquisa com entrevistas: mães ou avós jogavam? E funcionários mais idosos?
Discuta os resultados.
• 3ª Etapa
Apresente fotos com variações da modalidade (de salão, de praia etc.) e introduza o futebol em miniquadras. Coloque
dois gols a cada meia quadra e estimule a garotada a criar regras.
Avaliação
Observe as contribuições nas reflexões em grupo e a participação nas aulas práticas. Atente para a evolução de cada
um no jogo e verifique a atuação dos menos participativos: veja se tiveram o direito a voz para expor problemas.
Consultoria
Jussara de Andrade, Marluza Malacarne e Iara Tedesco, professoras de Educação Física da rede municipal de Vitória, e
Marcos Garcia Neira, da Universidade de São Paulo.
Quer saber mais?
Contatos
EMEF Éber Louzada Zippinotti, R. Natalina Daher Carneiro, 815, 29060-490, Vitória, ES, tel. (27) 3235-1082
Marcelo Barros da Silva, jabubrinquedos@terra.com.br
Marcos Garcia Neira, mgneira@usp.br
Bibliografia
Ensino de Educação Física, Marcos Garcia Neira, 232 págs., Ed. Cengage Learning, tel. (11) 3665-9900, 39,90 reais
Pedagogia da Cultura Corporal: Crítica e Alternativas, Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Ferrari Nunes, 296 págs., Ed.
Phorte, tel. (11) 3141-1033, 29 reais

Geografia
Pensar o mundo

As aulas de Geografia devem incentivar não só a observação do espaço, mas também a interpretação de fatos e a
relação entre eles

A Geografia estuda a organização da sociedade e da natureza, a produção do espaço e a interação entre esses
elementos. Por meio da disciplina é possível compreender transformações e movimentos em diferentes âmbitos, das
mudanças nos arredores de uma avenida que passa a ser centro financeiro aos conflitos entre a necessidade de
preservação da natureza e do uso de seus recursos.
Há conceitos básicos que ajudam nesse entendimento, como os de paisagem, lugar e território. “Para estudar o bairro
como lugar, por exemplo, vivências, valores e referências espaciais e trajetórias do grupo social a que os alunos
pertencem são referências ricas”, explica Sueli Furlan, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.
A turma deve ser chamada a observar, descrever, comparar e analisar cenas do cotidiano que possam exemplificar
esses conteúdos (veja a seguir). Pensando nisso, Silvia Cristina Reis Costa Oliveira, que leciona para a 3ª série na UEB
Professora Luzenir Mata Roma, em São Luís, propõe a confecção de representações cartográficas do bairro e do trajeto
até a escola. Antes disso, as crianças ganharam repertório, conhecendo mapas de verdade e localizando, no do Brasil,
regiões, tipos de vegetação e atividades econômicas.
12. Leitura e escrita sobre Geografia
O que é - Atividades em que a garotada tem contato com textos de diversos gêneros (informativos e literários), tanto por
meio da leitura quanto da produção escrita. Os objetivos devem ser conhecer ou aprofundar um assunto, saber como um
autor encara determinado problema, confrontar opiniões e incrementar o repertório de informações.
Quando propor - Uma vez por semana.
O que a criança aprende - A ler para buscar informações, pesquisar, estudar, tomar notas, formular perguntas e
comunicar idéias levando em conta seus objetivos e o interlocutor.
13. Atividades com imagens e mapas
O que é - Elaborar, ler e interpretar a linguagem dos símbolos gráficos, como fotografias comuns, aéreas ou de satélite,
mapas, tabelas, gráficos e desenhos. Essas formas representam fenômenos, ajudam na compreensão do espaço e
apuram a noção de localização (leia o quadro ao lado). Os mapas podem passar informações diversas, como pontos de
referência, escalas que indicam distâncias, legendas que mostram relevo ou temperaturas. Já as fotografias apresentam
vários planos e registram a memória coletiva de uma sociedade. Os dois tipos, diferentemente de um texto, têm a
qualidade de adotar convenções universais que são entendidas por diversas culturas, não importando o idioma. Além
disso, as imagens complementam informações e normalmente chamam ainda mais atenção do que os textos. Porém,
assim como os mapas, devem ser lidas do mesmo modo como se lêem textos: para obter informações, conhecer alguma
temática ou fazer comparações. O mapa é a base, uma espécie de quadro-negro para a Geografia.
Quando propor - Em todas as aulas da disciplina.
O que a criança aprende - A desenvolver o raciocínio espacial e a compreender informações contidas em mapas e
gráficos, além de aplicar conceitos cartográficos.
14. Trabalho de campo
O que é - Saída organizada para pesquisa. Ao ir para fora da escola, a turma é aproximada do objeto de estudo e
encaminhada para uma análise do que está sendo visto. Isso abrange a História e a organização e as intervenções
sociais. Os trabalhos de campo podem se dar em locais do entorno da escola e em outras áreas do município ou da
região. O importante é o observador entender os lugares, conversar com pessoas, coletar informações e registrar. Antes
das saídas, leia e busque dados que podem ajudá-lo durante a visita, ensine formas de registro e de coleta de dados.
Entrevistas e pesquisas prévias e posteriores são essenciais.
Quando propor - Sempre que for possível e necessário entrar em contato com o objeto de estudo.
O que a criança aprende - A desenvolver a percepção para ler a paisagem, registrar, compreender e construir um olhar
aguçado para os fenômenos geográficos.
Seqüência didática - Da casa à escola
Objetivos
• Desenvolver a percepção visual do entorno da escola.
• Identificar os pontos de referência.
• Aprender diferentes representações cartográficas do bairro.
Conteúdo
• Cartografia.
Anos
4º e 5º.
Tempo estimado
Quatro aulas.
Material necessário
Croquis (desenhos, esboços de plantas) de propagandas de apartamentos, fotos do bairro (aéreas e de satélite)
conseguidas no Google Earth (earth.google.com).
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Peça que cada aluno observe o trajeto entre a casa e a escola. Desperte a atenção para os nomes das principais ruas e
outros pontos de referência (prédios comerciais e outros locais conhecidos). Oriente-os a anotar as observações,
escrevendo um texto descritivo com nomes de ruas e pontos de referência.
• 2ª Etapa
Distribua croquis de propagandas e questione: o que é um croqui? Quais são os elementos usados para fazê-lo? Como
desenhá-lo?
• 3ª Etapa
Peça que passem as informações do texto para outra linguagem: a do desenho. Assim como nos croquis distribuídos,
devem constar informações para localizar o leitor.
• 4ª Etapa
Distribua fotos aéreas e de satélite da rua da escola e do bairro, explicando que elas são nossa real localização vista no
plano aéreo. Solicite que a turma identifique o trajeto e os pontos citados nos desenhos.
Avaliação
Pergunte se os pontos de referência mencionados podem ser vistos na foto aérea e na de satélite. Compare os croquis
confeccionados e as fotos, questionando as diferentes representações cartográficas.
Consultoria
Silmara Maria Cruz Paiva, professora de Geografia da EMEF Cleómenes Campos, em São Paulo.
Quer saber mais?
Contatos
EMEF Cleómenes Campos, R. Bartholomeu C. Bueno, 268, 05089-090, São Paulo, SP, tel. (11) 6104-4528
Sueli Furlan, suelifurlan@uol.com.br
UEB Professora Luzenir Mata Roma, R. da Pedreira, 65099-070, São Luís, MA, tel. (98) 3241-5789
Bibliografia
A Geografia na Sala de Aula, Ana Fani Alessandri Carlos, 144 págs., Ed. Contexto, tel. (11) 3832-5838, 24 reais
Internet
Em viagemdoconhecimento.com.br, guia para professores

História

Leitura do passado

A aprendizagem das principais noções do pensamento histórico, como temporalidade e sucessão dos acontecimentos,
está no centro do ensino
As aulas de História já foram reduzidas à memorização de datas e acontecimentos passados. Uma outra abordagem
torna a disciplina mais dinâmica. Ela considera questões sociais e atua na aprendizagem de noções essenciais do
pensamento histórico, como a de temporalidade: de que forma se dá a organização dos fatos, a divisão entre passado,
presente e futuro e a simultaneidade de eventos (veja a seguir). “Para os que estão nas séries iniciais, o passado é uma
coisa só. Tudo é antigamente”, diz Daniel Vieira Helene, formador de professores, de São Paulo. As dificuldades
aparecem quando os pequenos lidam com textos históricos. Eles não tomam as datas como indicação temporal, e sim a
apresentação dos fatos no texto: o que vem antes ocorreu antes.
Considerando o problema, o Colégio São Paulo, em Salvador, reforça o ensino de leitura e escrita de textos informativos.
A turma lê, debate, localiza as informações mais importantes – com orientação dos professores –, faz perguntas e
registra tudo com anotações, resumos e fichamentos, que são utilizados posteriormente para consulta. “Com esses
procedimentos, os alunos têm maior compreensão dos conteúdos e adquirem comportamento leitor”, avalia Dulcinéia
Neves Guimarães, professora da 4ª série.
15. Trabalho com sujeitos históricos e perspectivas
O que é - A identificação, em fontes documentais, do ponto de vista de quem conta a história e a recriação dela com
base em outros personagens e outras concepções. Uma alternativa: comparar informações sobre um mesmo fato ou
tema em diferentes fontes bibliográficas.
Quando propor Sempre que se trabalhar com relato histórico (narrativas).
O que a criança aprende Que, dependendo do sujeito que escreve, existem várias versões sobre um fato e que os
diferentes registros são fontes de informação para conhecer o passado.
16. Leitura e escrita sobre História
O que é - O professor distingue nos textos funções, estilos, argumentos e pontos de vista e propõe leitura e atividades
(leia o quadro acima). Uma delas é identificar e utilizar os tempos verbais adequados, os marcadores temporais, os de
causalidade e os de contextualização.
Quando propor Em todas as aulas. A complexidade dos textos lidos deve aumentar ano a ano.
O que a criança aprende Que as obras de conteúdo histórico possuem organização temporal e contemplam as relações
entre os acontecimentos.
17. Leitura de mapas geográficos e históricos
O que é - Atividades para localizar transformações históricas no espaço. Uma delas é a comparação de mapas de
diferentes épocas com os da atualidade.
Quando propor Em todas as aulas, de forma incorporada aos conteúdos.
O que a criança aprende A noção de espacialidade, localizando a História no espaço e percebendo que existe mudança
tanto no tempo quanto no espaço.
18. Representação gráfica do tempo
O que é - Elaboração de linhas do tempo, com escala, de determinados recortes históricos. A seleção dos fatos deve
permitir ao estudante localizar sua vida na linha. É interessante trabalhar com diferentes linhas do mesmo período para
discutir a simultaneidade de acontecimentos.
Quando propor Em todas as aulas, de forma incorporada aos temas estudados.
O que a criança aprende Noções de tempo cronológico, duração, simultaneidade, causalidade, anterioridade e
posteridade e relação entre momentos da história local, regional e nacional.
19. Análise de imagens
O que é - Estudo com fotografias, propagandas e desenhos de diferentes épocas. Sempre que possível, é interessante
comparar essa produção histórica com situações atuais.
Quando propor Em todas as aulas. De acordo com o ano, aprofundar as discussões, introduzindo, por exemplo, a
questão da intencionalidade na produção de fotos ou pinturas.
O que a criança aprende A identificar visualmente mudanças no tempo e a investigar como era determinada época com
base em imagens, construindo hipóteses e pesquisando sobre o contexto em que foram feitas.
Seqüência didática - Leitura sobre o descobrimento do Brasil
Objetivos
• Aprender procedimentos de leitura e escrita para o estudo de um conteúdo em textos expositivos.
Conteúdos
• Leitura de textos expositivos.
• Escrita em contexto de estudo.
Anos
4º e 5º.
Tempo estimado
Quatro aulas.
Material necessário
Reportagem Descobrimento do Brasil, da revista Recreio, e texto informativo sobre o descobrimento que seja mais
complexo que os dos livros didáticos.
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Proponha uma discussão sobre o descobrimento do Brasil. Deixe a turma perguntar e falar sobre o que já sabe.
• 2ª Etapa
Distribua o texto informativo sobre a chegada dos portugueses à América. Leia em voz alta sem fazer pausas e estimule
os comentários. Leia novamente parando para que haja o confronto de interpretações.
• 3ª Etapa
Levante questões: como eram os mapas da época? Por que Portugal foi pioneiro nas navegações? Divida os alunos em
grupos e entregue a cada um deles um dos quatro textos da reportagem Descobrimento do Brasil. A tarefa é selecionar
as informações pedidas, fazendo grifos, anotações e marcas nas laterais.
Avaliação
Observe os procedimentos dos estudantes. O que sublinham? Como decidem O que é - importante? O que escrevem?
Avalie as dificuldades e verifique o que precisa ser ensinado.
Consultoria
Patrícia Diaz, do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária, em São Paulo.
Quer saber mais?
Contatos
Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária, R. Eugênio de Medeiros, 639, 05425-001, São Paulo,
SP, tel. (11) 3097-0523
Colégio São Paulo, R. Luís Portela da Silva, 628, 41815-290, Salvador, BA, tel. (71) 2107-4600
Bibliografia
Aprendendo História e Geografia, Ana Teberosky e César Coll, 272 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 80,90 reais
Descobrimento do Brasil (Coleção De Olho no Mundo), Revista Recreio, vol. 3, Elvira de Oliveira (ed.), 40 págs., Ed.
Abril (edição esgotada)

Língua Portuguesa

Mais do que letras

Até dominar a leitura e a escrita, a garotada passa por experiências enriquecedoras, como ler sem saber ler e escrever
sem saber escrever

Cada criança chega à escola em uma fase da alfabetização – o nível de compreensão depende das possibilidades
prévias de contato com o mundo da escrita. Apesar de uma classe ter alunos em estágios diferentes de conhecimento,
todos podem aprender. “O ambiente escolar deve ser pensado para propiciar inúmeras interações com a língua escrita”,
afirma Telma Weisz, especialista em Psicologia Escolar e uma das maiores autoridades em alfabetização no Brasil. O
papel do professor é mediar interações.
Para auxiliá-lo na tarefa de facilitar o ingresso da meninada no universo da linguagem escrita, o docente tem à
disposição algumas atividades consagradas. “Aprendi que a leitura para a classe é uma delas e faço isso diariamente.
Sento-me em roda com a turma, mostro um livro, falo sobre o autor e leio por cerca de 15 minutos”, afirma Cintia Dante
de Queiroz Minelli, da EMEB Professor Bráulio José Valentim, na zona rural de Mogi Mirim, a 160 quilômetros de São
Paulo. A educadora incentiva a escrita utilizando letras móveis ou lápis: “É para que as crianças descubram que tudo o
que falam pode ser escrito”.
A conclusão da alfabetização inicial ocorre após os dois primeiros anos de escolaridade. Nas séries seguintes, a
garotada aprofunda conhecimentos sobre diferentes gêneros de texto e ganha maior autonomia na produção e na leitura.
Maria Ussifati, da EM Tempo Integral, de Umuarama, a 600 quilômetros de Curitiba, vê o progresso de seus alunos da 4ª
série. Eles lêem uns para os outros e indicam títulos a amigos. “Percebo que mesmo os que não têm o hábito de ler
ficam interessados quando vêem o colega com um livro ou contando uma história curiosa”, ela explica. As cinco
situações didáticas de Língua Portuguesa estão descritas em duas fases, alfabetização inicial e continuidade (veja a
seguir). Como o nível de leitura e escrita varia dentro de uma classe, é importante identificar em que fase cada aluno
está e escolher atividades adequadas para a turma.
20. Leitura para a classe (na alfabetização inicial)
O que é - A turma forma uma roda, e o professor lê em voz alta textos literários, jornalísticos, regras de jogos etc. Os
gêneros devem variar para que o repertório se amplie. Além de contos de fadas, valem notícias que tratem de algum
assunto de interesse de crianças. Também é imprescindível garantir a qualidade do material à disposição da meninada.
Quando propor - Diariamente.
O que a criança aprende - Os usos e as funções da escrita, as características que distinguem os gêneros e as diferenças
entre o oral e o escrito. Ela se familiariza com a linguagem e os elementos dos livros (que contam histórias), dos jornais
(que trazem notícias) e dos textos instrucionais (que incluem regras de jogos ou receitas culinárias).
Leitura para a classe (na continuidade)
O que é - Leitura de livros literários mais longos (podem ser selecionados capítulos inteiros, por exemplo) e textos
informativos mais complexos. O objetivo é que a turma construa uma compreensão coletiva de cada obra.
Quando propor - Diariamente.
O que a criança aprende - Características de textos mais difíceis e de diferentes gêneros (leia o quadro na página 57).
21. Leitura para aprender a ler (na alfabetização inicial)
O que é - A tentativa de ler listas ou textos conhecidos de memória (poemas, canções e trava-línguas). Sabendo o que
está escrito (nomes de frutas, por exemplo), é possível antecipar o que pode estar escrito e confirmar por meio do
conhecimento das letras iniciais ou finais, entre outras formas (leia o quadro abaixo).
Quando propor - Em dias alternados aos de atividades de escrita.
O que a criança aprende - O funcionamento do sistema de escrita. Além disso, ela compreende como acionar as
primeiras estratégias de leitura.
Leitura para aprender a ler (na continuidade)
O que é - O crescimento da autonomia. O estudante pode entrar em contato com diferentes gêneros para saber quando
e como usá-los e, assim, aprender a buscar informações e a ler para estudar.
Quando propor - Em dias alternados aos de atividades de escrita.
O que a criança aprende - A compreender textos mais desafiadores. Durante a leitura, ela pode localizar e selecionar
informações apoiando-se em títulos, subtítulos ou imagens e apontando O que é - interessante.
22. Escrita para aprender a escrever (na alfabetização inicial)
O que é - A tentativa de escrever o que se conhece de memória (como poemas, canções e trava-línguas) ou listas (de
nomes, frutas e brinquedos), utilizando lápis e papel ou letras móveis.
Quando propor - Em dias alternados aos de atividades de leitura.
O que a criança aprende - A refletir sobre o sistema de escrita, a representar graficamente o que necessita redigir e a
definir quantas e quais letras usar.
Escrita para aprender a escrever(na continuidade)
O que é - A seqüência da prática da escrita, com o aperfeiçoamento da letra cursiva, da ortografia e da separação entre
as palavras.
Quando propor - Diariamente, nas situações de revisão ou práticas de ortografia.
O que a criança aprende - As regras e normas da escrita-padrão.
23. Produção textual (na alfabetização inicial)
O que é - Os pequenos ditam um texto, e o professor escreve no quadro. Eles ficam com o controle do que se escreve e
acompanham como isso é feito. Podem ser feitas perguntas para provocar participações e estruturar a escrita. Ao fim da
atividade, a produção deve ser revisada.
Quando propor - Várias vezes por semana, sempre que houver uso da escrita.
O que a criança aprende - A organizar as idéias principais de um texto conhecido e a modificar a linguagem, passando
da forma oral para a escrita.
Produção textual (na continuidade)
O que é - A reescrita e a produção de textos com autonomia crescente. O aluno define o leitor, o propósito e o gênero,
revisa e cuida da apresentação final.
Quando propor - Diariamente.
O que a criança aprende - A usar procedimentos de escritor: planejar o que escrever, fazer rascunhos, reler e revisar.
24. Comunicação oral (na alfabetização inicial)
O que é - Atividades em que a garotada narra histórias, declama poemas, apresenta seminários e realiza entrevistas.
Podem ser feitos saraus e apresentações para expor um tema usando roteiros ou cartazes para apoiar a fala.
Quando propor - Algumas vezes por mês, dependendo dos projetos e das atividades em desenvolvimento.
O que a criança aprende - A utilizar a linguagem oral com eficiência, defendendo pontos de vista, relatando
acontecimentos, formulando perguntas e adequando sua fala a diferentes situações formais.
Comunicação oral (na continuidade)
O que é - Preparação e realização de atividades e projetos que incluam a exposição oral, articulando conteúdos de
linguagem verbal e escrita. É interessante incentivar a turma a falar com base em um roteiro e a fazer entrevistas e
seminários.
Quando propor - Algumas vezes por mês, dependendo dos projetos e das atividades em desenvolvimento.
O que a criança aprende - A participar de situações que requeiram ouvir com atenção, intervir sem sair do assunto
tratado, formular perguntas, responder a elas justificando suas respostas e fazer exposições sobre temas estudados.
Seqüência didática - Contos do mundo todo
Objetivos
• Ampliar o repertório literário.
• Favorecer a troca de experiências de leitura.
• Fazer com que os estudantes observem características dos contos lidos por eles, ouvidos na leitura do professor e
comentados pelos colegas.
Conteúdos
• Leitura.
• Identificação de elementos que compõem os contos.
• Análise das características de textos produzidos em diversos países.
Anos
3º e 4º.
Tempo estimado
Três aulas.
Material necessário
Livros de contos produzidos em diferentes países e épocas. Sugestões: Histórias de Sabedoria e Encantamento (Ed.
Martins Fontes), Volta ao Mundo em 52 Histórias e Três Príncipes, Três Presentes (Ed. Companhia das Letrinhas).
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Acomode os alunos em roda e disponha diversos livros de contos no centro. Apresente a atividade: em três aulas serão
lidos contos com histórias sobre outros lugares e épocas. Explique que a intenção é transportá-los para essas
realidades. Inicie lendo em voz alta – selecione um texto com assuntos instigantes, que mostre, por exemplo, terras
distantes e exóticas. Peça comentários e compartilhe suas impressões. Comente que os livros do centro da roda têm
contos de vários lugares do mundo e que todos podem escolher um exemplar para ler durante a semana e comentar na
próxima roda.
• 2ª Etapa
Leia um conto diferente do apresentado na etapa anterior e que desperte a curiosidade e a expectativa das crianças.
Investigue o que elas acharam. Qual é o papel de cada personagem? Onde se passa a história? O que parece mais
diferente ou curioso naquele local? Em seguida, instigue a troca de comentários sobre os contos lidos em casa. Ajude os
alunos a formar uma linha de raciocínio para contar a história aos demais, deixando o fim em aberto. Assim, quem ficar
interessado pode ler o mesmo livro. Entre as falas dos alunos, pergunte se o conto era parecido com outro. Ao final, uma
nova obra deve ser escolhida.
• 3ª Etapa
Obedeça à mesma seqüência das etapas anteriores, com leitura para a classe em voz alta, comentários sobre
caracterização de cenários e personagens e empréstimo de publicações.
Avaliação
Estimule a análise dos elementos lingüísticos dos contos, estabelecendo relações entre eles.
Consultoria
Ana Flavia Alonço Castanho, formadora de professores do Projeto Entorno, da Fundação Victor Civita, e do Projeto Dica.
Quer saber mais?
Contatos
Ana Flavia Alonço Castanho, anaflaviacastanho@gmail.com
Beatriz Gouveia, biagouveia@uol.com.br
EM Tempo Integral, R. Anhumaí, 3435 (Praça Tamoio), 87503-070, Umuarama, PR, tel. (44) 3906-1078
EMEB Professor Bráulio José Valentim, Av. Luiz Pilla, 898, 13807-001, Mogi Mirim, SP, tel. (19) 3805-1180
Bibliografia
Alfabetização em Processo, Emilia Ferreiro, 144 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 20 reais
Escola, Leitura e Produção de Textos, Ana Maria Kaufman e Maria Elena Rodriguez, 180 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-
703-3444, 42 reais
Psicogênese da Língua Escrita, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, 300 págs., Ed. Artmed, 49 reais
Histórias de Sabedoria e Encantamento, Hugh Lupton, 64 págs., Ed. Martins Fontes, (11) 3241-3677, 44,60 reais
Três Príncipes, Três Presentes, John Yeoman, 96 págs., Ed. Companhia das Letrinhas, tel. (11) 3707-3500, 37,50 reais
Volta ao Mundo em 52 Histórias, Neil Philip, 160 págs., Ed. Companhia das Letrinhas, 39 reais
Matemática

Múltipla escolha

Tendo por base a resolução de problemas, as atividades devem levar a garotada a debater e criar estratégias para
chegar a uma resposta

O ensino de Matemática avança apoiado em pesquisas didáticas na área. O professor já tem disponíveis atividades
cientificamente reconhecidas em diferentes blocos de conteúdo, como o de Números e Operações e o de Geometria e
Medidas – aos quais as situações aqui apresentadas estão relacionadas. No centro dos estudos aparece a resolução de
problemas. Cada vez mais, pesquisadores reforçam a idéia de que a disciplina não pode ser reduzida a um conjunto de
procedimentos mecânicos e repetitivos. “Hoje a base das aulas está em levar a turma a construir diversos caminhos para
chegar aos resultados”, explica Daniela Padovan, autora de livros didáticos. O interessante é que durante esse processo
haja registro, discussões e explicações sobre os caminhos encontrados.
O debate sobre diferentes formas de resolução está sempre presente na aula de Simone Maria da Silva Corrêa,
professora de 4ª série da EEIEF Salmonozor Brasil, em Paragominas, a 305 quilômetros de Belém. “Os próprios
estudantes, nos debates em grupo, analisam a questão e percebem se o resultado a que chegaram está correto. Eles
passam a compreender, de verdade, o que estão fazendo”, relata. Daniela diz que, quando a classe é chamada a
resolver desafios e a discutir idéias, o trabalho começa a fazer sentido para todos. “É essencial entender a operação e o
porquê dos procedimentos adotados”, avalia. Outras atividades que aproximam os conteúdos da Matemática da vida real
são o cálculo mental e as estimativas (veja a seguir).
25. Estratégias de cálculo
O que é - Atividades em que são desenvolvidos caminhos próprios para chegar ao resultado de uma operação. A
garotada pode fazer estimativas, decompor, arredondar e aproximar números. A escolha entre a calculadora e o
algoritmo (conta armada) deve ser intencional. Muitos dos problemas em que se usa a estimativa são vinculados a
questões do dia-a-dia. Por exemplo: quanto tempo se leva para chegar a algum lugar ou quanta gasolina é necessária.
No que se refere ao cálculo mental, tanto o exato quanto o de resultado aproximado, a memória é uma ferramenta
importante.
Quando propor - Em seqüências didáticas específicas, atividades de sistematização e como trabalho permanente,
vinculado aos conteúdos vistos em sala.
O que a criança aprende - A construir estratégias pessoais de cálculo e a se decidir, em várias situações, pela mais
eficaz. Ela adquire ainda hábitos de reflexão sobre os cálculos e dispõe de meios permanentes de aproximação e
controle sobre o que obtém usando técnicas como o algoritmo. Ao estimar resultados, consegue fazer a autocorreção: se
a resposta fica muito distante da estimativa, algo está errado.
26. Resolução de problemas
O que é - Situação em que o aluno coloca em jogo os conhecimentos de que dispõe. Ela sempre oferece algum tipo de
dificuldade que força a busca de soluções e resulta na produção de conhecimento, no enriquecimento do já existente ou
no questionamento do anterior. É necessário ref letir, produzir uma solução, registrar, justificar, explicar e discutir o que
foi feito, revisar, corrigir e validar no grupo a solução. As discussões são momentos importantes para confrontar,
questionar e defender possibilidades de resolução, sempre utilizando argumentos vinculados aos conhecimentos
matemáticos (leia o quadro na página 62).
Quando propor - Sempre. Essa é a base de todo ensino de Matemática.
O que a criança aprende - A utilizar os conhecimentos que possui e a consultar as informações possíveis para resolver
novas situações.
27. Registros oral e escrito
O que é - Trabalho em que são explicitados os procedimentos e as formas de pensamento empregados na resolução de
um problema ou uma operação. Também são atividades relacionadas à escrita e à leitura numéricas, em que se
interpreta e produz o registro matemático. Isso pode ser feito oralmente, em discussões e exposições em aula, e por
escrito. Os percursos pessoais de registro, que aparecem num primeiro momento, são depois substituídos pela escrita
formal dos procedimentos matemáticos, com a utilização de números, sinais e símbolos.
Quando propor - Regularmente, de forma vinculada às seqüências didáticas.
O que a criança aprende - A sistematizar o conhecimento e a socializá-lo, apropriando- se da linguagem matemática.
28. Construção, reprodução e identificação de figuras
O que é - Atividades para trabalhar com reconhecimento das propriedades de formas e volumes. Algumas
possibilidades: o ditado, em que o professor ou um aluno descreve as características de uma figura e o restante da
classe faz a interpretação e a representação somente com essas indicações; a construção de figuras utilizando
instrumentos (réguas, compassos, esquadros); a cópia, usando ou não modelos presentes; e a identificação, que pode
ser feita com jogos de adivinhação.
Quando propor - Uma vez por semana, de forma vinculada às seqüências didáticas. Desde o início do primeiro ano.
O que a criança aprende - A analisar as propriedades e as características de diversas figuras planas e não-planas e a
relacioná-las com outras.
29. Exploração e reconhecimento de corpos geométricos
O que é - Nos primeiros anos de escolaridade, o trabalho com grande variedade de formas para conhecer diferenças e
semelhanças entre as faces, a quantidade de vértices, as diagonais e os lados. Depois são estudadas com mais
profundidade as propriedades de quadrados, retângulos, cubos, círculos e esferas. É necessário relacionar as
características de uma figura com as de outras.
Quando propor - Em média uma vez por semana, vinculando ao conteúdo.
O que a criança aprende - As propriedades das figuras planas e não-planas e a relação entre elas.
30. Medição e comparação de medidas
O que é - Situações de medição efetiva, comparação e determinação de comprimentos, capacidades, pesos e durações.
Em todas as atividades a turma precisa saber o que será mensurado, escolher o instrumento mais adequado e decidir
sobre a unidade mais eficiente para expressar o resultado. O trabalho pode começar com o uso de medidas não-
convencionais e depois passar para as unidades padronizadas, como metros e horas. A partir do 4º ano é possível
aprofundar o estudo dos sistemas de mensuração.
Quando propor - Em média, uma vez por semana, vinculando a outras seqüências didáticas, até das demais disciplinas.
O que a criança aprende - A comparar grandezas da mesma natureza, a utilizar diferentes métodos e sistemas de
medição e lidar com eles.
Seqüência didática - Explicações matemáticas
Conteúdo
• Campo multiplicativo.
Anos
4º e 5º.
Tempo estimado
Três aulas.
Material necessário
Cópias do problema e papel sulfite.
Desenvolvimento
• 1ª Etapa
Entregue a cada aluno uma cópia do seguinte problema: “Marcos é camelô e logo cedo armou a barraca na feira. Ele
levou para vender 384 lenços, que organizou em pacotes de 8, e vendeu a 10 reais cada pacote. No fim da feira ele tinha
vendido 15 pacotes.
a) Quantos lenços ele vendeu?
b) Quantos pacotes Marcos tinha para vender?”
Realize a leitura compartilhada, destacando os principais dados numéricos e as questões a ser respondidas. A tarefa é
ler e analisar as informações e verificar as possibilidades de resolução pertinentes. Primeiro, o problema deve ser
resolvido individualmente e, depois, discutido em duplas. Recolha as respostas para analisar e verificar os meios
encontrados para cumprir a tarefa. Retome na aula seguinte.
• 2ª Etapa
Organize pequenos grupos. Entregue a eles as respostas apresentadas pelas duplas para que discutam os caminhos
empregados e os resultados. Eles devem perceber qual é o mais fácil e determinar o que apresenta a melhor
adequação. Questione se a estratégia utilizada foi comum a todos do grupo e se ela levou ao resultado correto. Se
alguém errou, dê orientação para que descubra o que não funcionou durante seu trabalho.
• 3ª Etapa
Proponha que cada grupo determine qual das estratégias analisadas é a mais eficaz. Peça que alguns alunos exponham
à turma as discussões da aula anterior e as conclusões a que chegaram sobre o problema, apresentando a forma de
resolvê-lo que foi selecionada. Pergunte o porquê da escolha, instigando os demais a opinar. Solicite que justifiquem
como encontraram o resultado. Retome as explicações dadas, transformando-as em linguagem matemática.
Avaliação
Faça a tabulação das estratégias usadas na resolução do problema, observando os avanços dos estudantes, e verifique
quais se aproximam da compreensão do algoritmo convencional da multiplicação e da divisão. Esses resultados serão
importantes no planejamento das próximas aulas e na definição das intervenções posteriores.
Consultoria
Simone Maria da Silva Corrêa, professora da EEIEF Salmonozor Brasil, em Paragominas, PA.
Quer saber mais?
Contatos
Daniela Padovan, daniela@superig.com.br
EEIEF Salmonozor Brasil, Av. Presidente Castelo Branco, 270, 68626-355, Paragominas, PA, tel. (91) 3729-1460
Bibliografia
Didática da Matemática, Cecilia Parra e Irma Saiz (orgs.), 258 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 38 reais
Ensinar Matemática na Educação Infantil e nas Séries Iniciais, Mabel Panizza e colaboradores, 188 págs., Ed. Artmed,
40 reais

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