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RESUMO
Este breve trabalho que não busca esgotar o tema e sim iniciar sua discussão, apresenta alguns
elementos que envolvem a transferência de recursos públicos para as entidades privadas sem fins
lucrativos, bem como apresenta de forma geral a forma de realização de convênios para prestação
de serviços por parte destas quando restar envolvido o desenvolvimento de programa do ente
governamental. As discussões aqui apresentadas baseiam-se na Constituição Federal de 1988, Lei
federal nº 4.320/64, Lei federal nº 8.666/93 e instruções emanadas pelo Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo.
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Advogado e Consultor da empresa Conam Conusltoria em Adm. Pública Municipal Ltda..
Técnico em Contabilidade e Administrador de Empresas.
E-mail: aamarchi@conam.com.br
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1. INTRODUÇÃO
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2. BREVES DEFINIÇÕES E DEMAIS
CONSIDERAÇÕES SOBRE SUBVENÇÕES,
CONTRIBUIÇÕES E AUXÍLIOS
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outros bens, bem como a cobertura do diferencial entre níveis de encargos praticados
em determinados financiamentos governamentais e os limites máximos admissíveis
para efeito de equalização.
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Do exposto, podemos concluir que existem três
formas de transferências de recursos públicos às instituições privadas sem fins
lucrativos, a saber: subvenção social – para execução de serviços nas áreas de
assistência social, saúde, educação e cultura; contribuições – para cobertura de
despesas correntes ou operacionais, sem contrapartida direta em bens ou serviços; e
auxílios – também sem contraprestação, para atender a despesas de investimentos
ou inversões financeiras.
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Todavia, poder-se-ia cogitar conflito entre o acima
exposto e o estabelecido no art. 16 da Lei federal nº 4.320/64, que determina que as
subvenções sociais devem visar à prestação de serviços essenciais, na área de
assistência social, saúde, educação e cultura. Contudo, o disposto no § 2º do art. 12
da Lei federal nº 4.320/64 enfoca que os serviços sejam prestados à população, e
não diretamente à Administração Pública, em total simetria com o estabelecido no art.
16 da referida Lei federal.
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3. BREVE DEFINIÇÃO E DEMAIS
CONSIDERAÇÕES SOBRE O INSTITUTO DOS
CONVÊNIOS
3. DA REALIZAÇÃO DE SUBVENÇÃO,
CONTRIBUIÇÃO, AUXÍLIO OU CONVÊNIO PELO
PODER PÚBLICO.
(Destaque nosso)
Processo: TC 2282/003/06.
Órgão Concessor: Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu.
Responsável: Hélio Miachon Bueno – Prefeito.
Órgão Beneficiário: ADEFIVI – Associação dos
Deficientes Físicos Visuais.
Responsável: Marcelo Manoel da Silva Moraes.
Assunto: Auxílios/Subvenções.
Valor: R$ 8.800,00.
Exercício: 2005.
Advogado: Wanderley Fleming – OAB/SP
48.403.
[...]
Sigo o entendimento esposado pela SDG, no sentido de
considerar regular a prestação de contas.
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Com efeito, como bem dissertou o Ilustre Secretário-Diretor
Geral, a partir de sua primeira manifestação, fls. 93/95, nos
termos abaixo transcritos:
“No que tange à necessidade de lei autorizadora específica
para a concessão do benefício, peço vênia para trazer à luz
entendimento sustentado em estudo procedido no Boletim
de Licitações e Contratos, nº 05/2006, em maio de 2006, no
sentido de que ao dispor que os recursos para cobrir
necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas
jurídicas devam ser autorizados por lei específica, o artigo
26 da Lei de Responsabilidade fiscal não traduz
entendimento de que o escopo da norma é regular as
situações decorrentes de convênios firmados com o
‘Terceiro Setor’ para fomentar ações públicas, posto que sua
finalidade é subordinar à prévia autorização legal somente
aquelas espécies de repasses ao setor privado.
Sustentou-se, naquela ocasião, convicção de que
‘outras espécies de repasses não alcançadas pelo
artigo 26 da LRF parecem prescindir de lei
específica, desde que devidamente previstas na
LDO e na LOA: é o caso da das destinações de
recursos para entidades de caráter social, cuja
atividade é voluntária e sem finalidade lucrativa,
situação em que os repasses estatais configuram
verdadeiros fomento a ações de interesse público’.
Nessa esteira, conclui-se que ‘destinações de
recursos a tais entidades, realizadas
preferencialmente mediante prévia celebração de
convênio, parecem dispensar lei específica, desde
que haja a necessária previsão na LDO e na LOA,
identificando a instituição beneficiária e
especificando o valor do repasse; registre-se que
tal previsão, entretanto, confere à entidade mera
expectativa, e não direito de recebimento, já que a
programação do orçamento não vincula o
ordenador da despesa, conforme já restou decidido
pelo STF.
No caso concreto, verifica-se a previsão de forma genérica
na LDO. Desse modo, analisando os elementos que
compõem os autos, o Parecer conclusivo acostado às fls.
87/88, o qual atesta a comprovação da prestação de contas,
significando que os recursos foram utilizados para os fins a
que se destinaram, peço vencia para propor relevação da
impropriedade anotada, sem embargos de tecer severas
recomendações a respeito, no sentido de ser indispensável
observar a norma de regência em seu inteiro teor”.
Isto posto, assiste razão à SDG, motivo pelo qual
acompanho. Nessa conformidade, julgo regular a prestação
de contas, nos termos e para os fins do disposto no art. 33,
I, da Lei Complementar Estadual nº 709/93, e, por
conseqüência, quito os responsáveis, na forma do art. 34, da
referida lei, liberando-os para novos repasses, com a
recomendação aos Órgãos Concessor e Beneficiário, no
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sentido de que atentem com rigor a norma que rege a
matéria.
Publique-se por extrato de sentença.
G.C., em 24 de novembro de 2008.
ANTONIO ROQUE CITADINI
Conselheiro
(Destaque nosso)
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Municipal, deve-se evitar contratempos futuros, observando-se estritamente o
estabelecido nas Instruções nº 02/2008 do Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo (Seção X - Dos Convênios firmados com entidades não-governamentais sem
fins lucrativos e Seção XIV - Das Transferências de recursos a entidades não-
governamentais sem fins lucrativos por meio de Auxílios, Subvenções e
Contribuições).
4. CONCLUSÕES
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I) Das Subvenções Sociais - Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de
subvenções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a
suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais econômica. Parágrafo único.
O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados
ou postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de eficiência previamente fixados. Art. 17.
Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de
fiscalização serão concedidas subvenções.
II) Das Subvenções Econômicas - Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza
autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do
orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal. Parágrafo único. Consideram-se, igualmente,
como subvenções econômicas: a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de
revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais; b) as dotações destinadas ao pagamento de
bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais. Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda
financeira, a qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha
sido expressamente autorizada em lei especial.
ii
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de
pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.
iii
Recomendo que a Prefeitura Municipal de Cândido Mota observe as disposições legais, bem como as Instruções deste
Tribunal, regentes da matéria, mormente quanto ao correto enquadramento dos recursos repassados, entre as hipóteses
legais, uma vez que a concessão de subvenções sociais, nos termos do artigo 16 da Lei Federal n° 4320/64, é prevista
como complementação de recursos, e não como fonte primordial de subsistência das entidades beneficiárias (TC
2219/004/05, decisão proferida em 09/12/2008)
iv
ADI 342 / PR – PARANÁ AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -Relator(a): Min. SYDNEY
sANCHES Julgamento: 06/02/2003 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno – Publicação DJ 11-04-2003 PP-00025 EMENT
VOL-02106-01 PP-00001Parte(s) REQTE: GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ [...] REQDO.:
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ [...] EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL.
CONVÊNIOS: AUTORIZAÇÃO OU RATIFICAÇÃO POR ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. USURPAÇÃO DE
COMPETÊNCIA DO PODER EXECUTIVO. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO XXI DO ART. 54 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ,
QUE DIZ: "Compete, privativamente, à Assembléia legislativa: XXI - autorizar convênios a serem celebrados
pelo Governo do Estado, com entidades de direito público ou privado e ratificar os que, por motivo de urgência e
de relevante interesse público, forem efetivados sem essa autorização, desde que encaminhados à Assembléia
Legislativa, nos noventa dias subseqüentes à sua celebração". 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
é firme no sentido de que a regra que subordina a celebração de acordos ou convênios firmados por órgãos do
Poder Executivo à autorização prévia ou ratificação da Assembléia Legislativa, fere o princípio da
independência e harmonia dos poderes (art. 2º, da C.F.). Precedentes. 2. Ação Direta julgada procedente para a
declaração de inconstitucionalidade do inciso XXI do art. 54 da Constituição do Estado do Paraná. Decisão - Por
unanimidade, o Tribunal julgou procedente o pedido formulado na inicial para declarar a inconstitucionalidade do
inciso XXI do artigo 54 da Constituição do Estado do Paraná. Votou o Presidente, o Senhor Ministro Marco Aurélio.
Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Nelson Jobim, e, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes.
Plenário, 06.02.2003.