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Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma
fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o
nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem
poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o
mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as
sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da
caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora
sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e
carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na
parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os
sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos
projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento
com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e
o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica
totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa
dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito
mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o
deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a
felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas
sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar
a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de
regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com
suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da
caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais,
também decidir sair da caverna rumo a realidade?
Postado por Giuliano Cézar às 17:35
57 comentários:
Giuliano Cézar disse...
O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo?
As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa
crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que sai da caverna? O
filosofo. O que é a luz do sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A
realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os
outros prisioneiros? A filosofia.
16/8/07 18:02
Mito da caverna
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Índice
[esconder]
• 1 Mito da caverna
• 2 O diálogo de Sócrates e
Glauco
• 3 Interpretação da alegoria
• 4 Exemplos
• 5 Referências
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna
existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna
permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar
somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens
que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também
ecoam os sons que vem de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa
razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros
julgam que essas sombras sejam a realidade.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação
extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos -
desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o
tomaram por louco e inventor de mentiras.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam
objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra,
madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam
e outros seguem em silêncio.
Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles
tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as
sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que
tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos
objetos fabricados?
Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das
suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja
ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os
olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-
lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se
alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto
da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim,
mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer
o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe
parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não
desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são
realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior.
Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos
homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos.
Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais
facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o
Sol e sua luz.
Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas
ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver
e contemplar tal qual é.
Glauco - Necessariamente.
Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações
e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo
o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo
lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do
Sol?
Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao
que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna,
e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à
contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a
mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas
conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no
mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas
não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo
existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível,
é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se
comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz
respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de
superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão
de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional,
sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
[editar] Exemplos
Exemplos mais modernos podem ser a série Persons Unknown , o livro Admirável
Mundo Novo (Aldous Huxley, 1932), o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) e
também A Ilha de Michael Bay de 2005. Outro autor que utilizou, paródicamente, essa
parábola platônica foi o autor José Saramago, em seu livro A Caverna.
[editar] Referências
UTILIZAÇÃO DA FILOSOFIA
Há uma questão que muita gente formula de imediato quando ouve falar de filosofia:
qual a utilidade da filosofia? Não há certamente expectativa alguma de que ela
contribua para a produção de riqueza material. Contudo, a menos que suponhamos que a
riqueza material seja a única coisa de valor, a incapacidade da filosofia de promover
esse tipo de riqueza não implica que não haja sentido prático em filosofar. Não
valorizamos a riqueza material por si própria - aquela pilha de papel que chamamos de
dinheiro não é boa por si mesma -, mas por contribuir para nossa felicidade. Não resta
dúvida de que uma das mais importantes fontes de felicidade, ao menos para os que
podem apreciá-la, consiste na busca da verdade e na contemplação da realidade; eis aí o
objetivo do filósofo. Ademais, aqueles que, em nome de um ideal, não classificaram
todos os prazeres como idênticos em seu valor, tendo chegado a experimentar o prazer
de filosofar, consideraram essa experiência como superior em qualidade a qualquer
outra. Visto que a maior parte dos bens que a indústria produz, excetuando os que
suprem nossas necessidades básicas, valem apenas como fontes de prazer, torna-se a
filosofia perfeitamente apta, no que se refere à utilidade, para competir com a maioria
dos produtos industriais, quando poucos são os que podem dedicar-se, em tempo
integral à tarefa de filosofar. Mesmo que entendêssemos a filosofia como fonte de um
inocente prazer particularmente válido por si próprio (obviamente, não apenas para os
filósofos, mas também para todos aqueles a quem eles ensinam e influenciam), não
haveria razão para invejar tão pequeno desperdício da força humana dedicada ao
filosofar.
Não esgotamos, porém, tudo o que pode ser dito em favor da filosofia. Pois, à parte
qualquer valor que lhe pertença intrinsecamente acima de seus efeitos, a filosofia tem
exercido, por mais que ignoremos isso, uma admirável influência indireta até mesmo
sobre a vida de gente que nunca ouviu falar nela. Indiretamente, tem sido destilada
através de sermões, da literatura, dos jornais e da tradição oral, afetando assim toda a
perspectiva geral do mundo. Em grande parte, foi através de sua influência que se fez da
religião cristã o que ela é hoje. Devemos originalmente a filósofos idéias que
desempenharam papel fundamental para o pensamento em geral, mesmo em seu aspecto
popular, como, por exemplo, a concepção de que nenhum homem pode ser tratado
apenas como um meio ou a de que o estabelecimento de um governo depende do
consentimento dos governados. No âmbito da política, a influência das concepções
filosóficas tem sido expressiva. Nesse sentido, a Constituição norte-americana é, em
grande parte, uma aplicação das idéias do filósofo John Locke; ela apenas substitui o
monarca hereditário por um presidente. Similarmente, admite-se que as idéias de
Rousseau tenham sido decisivas para a Revolução Francesa de 1789. É inegável que a
influência da filosofia sobre a política pode às vezes ser nefasta: os filósofos alemães do
século X1X podem ser parcialmente responsabilizados pelo desenvolvimento de um
nacionalismo exacerbado que posteriormente veio a assumir formas bastante
deturpadas. Todavia, não resta dúvida de que essa responsabilidade tem sido
freqüentemente muito exagerada, sendo difícil determiná-la exatamente, o que se deve
ao fato de aqueles filósofos terem sido obscuros. Contudo, se uma filosofia de má
qualidade pode exercer influência nefasta sobre a política, com as filosofias de boa
qualidade pode ocorrer o contrário. Não há meios de impedir tais influências sendo
portanto extremamente oportuno que dediquemos especial atenção à filosofia com o
intuito de constatar se concepções que exerceram alguma influência foram mais
positivas do que nefastas. 0 mundo teria sido poupado de muitos horrores caso os
alemães tivessem sido influenciados por uma filosofia melhor que a dos nazistas.
Todavia, certamente não estaremos nas melhores condições para fazer um estudo
proveitoso da filosofia se a encararmos principalmente como uma via indireta de acesso
à riqueza material. A principal contribuição da filosofia consiste no intangível
background intelectual do qual muito dependem o clima espiritual e a feição geral de
uma civilização. Nesse sentido, ocasionalmente se desenvolvem ambições ainda
maiores. Whitehead, um dos mais expressivos e acatados pensadores modernos,
descreve os dons da filosofia como "a capacidade de ver e de prever, aliada a um
sentido do valor da vida, ou seja, o sentido da importância que anima todo esforço
civilizado".1 Acrescenta ainda Whitehead que, "quando uma civilização atinge seu auge
sem coordená-lo com uma filosofia de vida, difundem-se por toda a comunidade
períodos de decadência e monotonia, seguidos pela estagnação de todos os esforços".
Para ele, a filosofia consiste em "uma tentativa de esclarecer as crenças que, em última
instância, determinam nossa atenção, a qual integra a base de nosso caráter". De um
modo ou de outro, podemos ter como certo que o caráter de uma civilização é
enormemente influenciado por sua concepção geral da vida e da realidade. Até pouco
tempo, para a maioria das pessoas, essa concepção era proporcionada pelo ensino
religioso, mas as próprias concepções religiosas foram muito influenciadas pelo
pensamento filosófico. Ademais, a experiência demonstra que as concepções religiosas
podem conduzir-nos à loucura, a menos que sejam continuamente submetidas a uma
avaliação racional. Os que rejeitam qualquer concepção religiosa devem ter o maior
interesse em elaborar uma nova concepção para, se possível, substituir a crença
religiosa. E fazê-lo significa engajar-se na filosofia.
Embora não passa substituir a filosofia, a ciência suscita problemas filosóficos. Pois ela
não pode dizer-nos que lugar ocupam os fatos com que lida no esquema geral das
coisas, não conseguindo nem mesmo esclarecer suas relações com os espíritos que os
observam. Nem mesmo pode demonstrar, embora deva admitir, a existência do mundo
físico ou a legitimidade do uso dos princípios da indução para prever as prováveis
ocorrências futuras ou ultrapassar de alguma forma o que tem sido efetivamente
observada. Nenhum laboratório científico pode demonstrar em que sentido os homens
têm uma alma, se o universo tem ou não um propósito, se, e em que sentido, somos
livres, e assim por diante. Não desejamos com isso sugerir que a filosofia possa resolver
esses problemas; no entanto, se ela realmente não puder, nada mais poderá fazê-lo,
sendo certamente válido tentar descobrir ao menos se tais problemas podem ser
solucionados. Veremos, que a própria ciência pressupõe continuamente conceitos que
subsumem os domínios da filosofia E, da mesma forma que nenhuma ciência pode
florescer se não admitirmos tacitamente uma resposta para certas questões filosóficas,
não podemos fazer uso mental adequado da ciência, com o intuito de implementar nosso
desenvolvimento intelectual, sem admitirmos uma visão de mundo mais ou menos
coerente. Mesmo as melhores conquistas da ciência moderna não teriam sido alcançadas
se os cientistas não tivessem adotado determinadas suposições de grandes e originais
filósofos, nas quais basearam todo o seu proceder. A concepção "mecanicista" do
universo, que caracterizou a ciência durante os últimos três séculos, é derivada
principalmente do filosofia de Descartes. Por ter ocasionado maravilhosos resultados, o
esquema mecanicista deve ser, em parte, verdadeiro, ainda que parcialmente
inadequado, apressando-se o cientista em buscar no filósofo o necessário auxílio para
erigir novo esquema que possa substituir o antigo.
Podemos compreender agora o motivo pelo qual a filosofia não precisa recear a questão
de ter ou não valor prático. Devo ao mesmo tempo dizer que não aprovo de modo algum
uma concepção puramente pragmática da filosofia. A filosofia merece ser valorizada
por si própria, e não por seus efeitos indiretos de ordem prática. E a melhor maneira de
assegurarmos esses bons efeitos práticos é nos dedicarmos à filosofia pela filosofia.
Para encontrar a verdade, precisamos buscá-la desinteressadamente. E o fato de a
encontrarmos se revelará muito útil do ponto de vista prático. Não obstante, uma
preocupação prematura com seus efeitos práticos só dificultará nossa busca do que é de
fato verdadeiro. Muito menos podemos fazer desses efeitos práticos o critério de sua
verdade. As crenças são úteis porque são verdadeiras, e não verdadeiras porque são
úteis.2
(5) 0 termo mais geral - teoria do valor - é às vezes utilizado de modo a abranger o
estudo dos valores considerados em si mesmos, embora esse ramo possa ser incluído na
ética ou na filosofia moral. De qualquer modo, é sempre possível entendermos a noção
de valor como uma concepção geral cujas espécies e aplicações particulares são
desenvolvidas pelas disciplinas apresentadas nos itens (2), (3) e (4).
A filosofia difere das ciências especiais com respeito a (1) sua maior generalidade e (2)
a seu método. Ela investiga os conceitos que são supostos simultaneamente por
inúmeras ciências diferentes, além das questões que não se situam no âmbito das
ciências. A ciência compartilha com o senso comum os conceitos que demandam essa
investigação filosófica, mas as descobertas de uma ciência particular suscitam ou
intensificam alguns problemas especiais, como, por exemplo, n da ``relatividade", que
exigem um tratamento filosófico por não poderem ser discutidos adequadamente pela
ciência em questão. Alguns pensadores, como Herbert Spencer, conceberam
essencialmente a filosofia como uma síntese dos resultados das ciências, mas hoje em
dia os filósofos, em geral, não adotam essa concepção. Sem dúvida, se podemos obter
resultados filosóficos através de processos de síntese e generalização a partir das
descobertas científicas, isso deveria ser feito. Não obstante, o único modo de sabermos
se podemos ou não fazê-lo é tentar, e nesse ponto a filosofia não tem alcançado muito
progresso nem se revelado muito proveitosa. As grandes filosofias do passado
consistiram parcialmente numa investigação dos conceitos fundamentais do
pensamento, em tentativas de estabelecer fatos alegadamente distintos daqueles com os
quais lidava a ciência mediante métodos bastante diferentes dos científicos. Elas
comumente foram influenciadas, mais do que parece, pelo estado contemporâneo da
ciência, mas, sem dúvida, seria muito enganador descrevê-las essencialmente como uma
síntese dos resultados da ciência. Mesmo filósofos antimetafísicos, como Hume,
estiveram mais voltados para os pressupostos da ciência do que para seus resultados.
Tampouco devemos admitir sem reservas, como uma verdade da filosofa, o resultado ou
suposição científica válido em sua própria esfera. Sabemos, por exemplo, que a física
contemporânea parece ter mostrado que o tempo da física é inseparável do espaço, o
que de modo algum nos autoriza a renunciar esse resultado como um princípio
filosófico pelo qual o tempo pressuporia o espaço. Pois, pode ocorrer que o resultado
em questão seja verdadeiro apenas com relação ao tempo da física, e isso apenas porque
o tempo da física é medido em termos de espaço. Por conseguinte, não precisa ser
verdadeiro com relação ao tempo da nossa experiência, do qual o tempo da física é uma
abstração ou construção. A ciência pode progredir por meio de ficções metodológicas
usando termos num sentido invulgar que a filosofia tem de corrigir. 0 termo filosofia da
ciência é usualmente aplicado ao ramo da lógica que lida de maneira especializada com
os métodos das diversas ciências.
Há uma ciência que mantém uma relação bastante peculiar com a filosofia: a psicologia.
Na prática, é muito mais provável que as teorias psicológicas particulares venham a
exercer influência sobre um argumento filosófico ou, uma teoria a respeito do bem e do
mal do que as teorias particulares de uma ciência física também válida a relação inversa:
exceto com relação às partes que se aproximam da fisiologia, a psicologia, mais do que
qualquer setor particular da física, corre o risco de sofrer as conseqüências adversas
oriundas de um equívoco de ordem filosófica. É provável que isso aconteça devido ao
fato de que apenas recentemente a psicologia emergiu como ciência especial, ao
contrário do que ocorreu com as ciências físicas, que há muito já haviam alcançado
posição estável, dispondo de bastante tempo para esclarecer seus conceitos básicos de
acordo com seus próprios objetivos. Há uma geração, a psicologia era comumente
ensinada por filósofos, sendo muito difícil considerá-la uma ciência natural. Por
conseguinte, não teve tempo para completar o processo de esclarecimento de seus
conceitos fundamentais, necessário para torná-los, se não filosoficamente
inquestionáveis, suficientemente claros e úteis para a prática da ciência em questão. 0
estado contemporâneo da física sugere-nos que, quando uma ciência atinge um estágio
mais avançado, tende a se deparar mais uma vez com problemas filosóficos.
Poderíamos então afirmar que o período no qual uma ciência é independente da filosofia
não coincide com seu florescimento ou com os estágios mais avançados de sua
trajetória, mas com a longa fase que separa esses dois extremos. Nesse sentido, a
filosofia pode contribuir de algum modo para a pendente reconstrução da física.
CETICISMO
Os filósofos têm-se preocupado muito com uma criatura bastante estranha: o cético
absoluto. Não obstante, tal pessoa não existe. Se existisse, refutá-lo seria impossível.
Similarmente, ele não nos poderia refutar ou afirmar alguma coisa, nem mesmo seu
ceticismo, sem contradizer a si mesmo, pois a afirmação de que nenhuma espécie de
conhecimento ou crença pode ser justificada é uma crença. Em contrapartida, também
não poderíamos provar que o cético está errado, na medida em que toda prova deve
admitir algo, ainda que seja alguma premissa, e também as leis da lógica. Se o princípio
da não-contradição não é verdadeiro, não podemos refutar algum mediante o argumento
de esse alguém está caindo em contradição. Um filósofo não pode, portanto, partir ex
nihilo e provar tudo: ele é forçado a fazer certas suposições. Em particular, tem de
admitir a verdade das leis fundamentais da lógica, pois de outro modo não seria possível
utilizar argumentos de qualquer espécie ou mesmo formular quaisquer enunciados
significativos. Entre essas leis da lógica, assinalamos duas que são muito importantes:
trata-se dos princípios da não-contradição e do terceiro excluído. Quando aplicados a
proposições, o primeiro afirma que uma proposição não pode ser ao mesmo tempo
verdadeira e falsa, enquanto o segundo afirma que toda proposição deve ser verdadeira
ou falsa. Quando os aplicamos a coisas, o primeiro afirma que uma coisa não pode ser e
não ser ao mesmo tempo ou ter e não ter uma qualidade ao mesmo tempo, e o segundo,
que uma coisa é ou não é e possui ou não uma qualidade. Concordamos em que esses
princípios não soam de modo a entusiasmar ninguém, mas o fato é que todo nosso
conhecimento e todo nosso pensamento dependem deles. Se a afirmação de algo não
excluísse sua própria contradição, nenhum significado poderia ser atribuído a qualquer
asserção e ninguém poderia jamais ser contestado, na medida em que tanto a asserção
quanto a refutação poderiam ser corretas. Não podemos negar que, em certos casos,
pode ser equivocado atribuir ou não a algo uma qualidade. Seria incorreto dizer que
certas pessoas são ou não calvas, não só devido à ausência de uma definição precisa do
que seja "calvo" mas também porque, na prática, "calvo" e "não-calvo" significam
extremos entre os quais reside uma classe intermediária de casos em que não
deveríamos aplicar um desses termos, e sim "parcialmente calvo" ou "mais ou menos
calvo".
Não se trata, portanto, de uma pessoa possuir ou não uma qualidade definida. Todas as
pessoas são dotadas de um grau particular de calvície, embora o uso dos termos "calvo"
e "não-calvo" não deixe claro a que graus de calvície desejamos referir-nos. Tenho a
impressão de que as objeções ocasionalmente feitas ao princípio do terceiro excluído se
escoimam em desentendimentos desse tipo. De modo similar, o princípio da não-
contradição é perfeitamente compatível com o fato de um homem ser bom com relação
a certo aspecto e mau com relação a outro, ou mesmo com relação ao mesmo aspecto,
ser bom num momento e mau em outro.
Obviamente, não é minha intenção afirmar que a filosofia não contribui para vivermos
uma vida exemplar, mas apenas que não pode por si só levar-nos a viver de modo
exemplar nem decidir o que seja esse tipo de vida. Insisto, entretanto, em que ela pode,
a esse respeito, pelo menos proporcionar valiosas sugestões. E teria muito mais a dizer
sobre a conexão entre filosofia e vida exemplar, se incluísse neste livro uma discussão
especial da ética, disciplina filosófica que trata do bem e da ação correta. Não obstante,
devemos fazer uma distinção entre filosofia teórica, enquanto explicação do que é, e
ética filosófica, enquanto explicação do bem e da ação correta.
A metafísica ou a filosofia crítica nos é de pouca valia para decidirmos o que devemos
fazer. Pode levar-nos a conclusões que facilitem encararmos as adversidades de maneira
mais serena, mas isso depende da filosofa, não havendo infelizmente acordo universal
entre os filósofos quanto à possibilidade de uma concepção otimista do mundo ser
justificada filosoficamente. No entanto, devemos seguir a verdade aonde quer que ela
nos leve, já que nosso espírito, uma vez desperto, não pode apoiar-se no que carece de
justificativa, pois o pensamento não pode ser uma falsidade. Ao mesmo tempo,
devemos estudar atentamente e não recusar-nos a ouvir as alegações dos que pensam ter
alcançado, mediante recursos que não podem ser incluídos nas categorias usuais do
senso comum, verdades inspiradoras e reconfortantes a respeito da realidade. Não
devemos tomar como certo que as pretensões de uma cognição genuína em matéria de
experiência místico-religiosa, com relação a um diferente aspecto da realidade, devam
ser necessariamente descartadas coma carentes de justificativa apenas por não se
ajustarem a um materialismo sugerido, mas de modo algum provado e, agora, nem
mesmo sustentado pela ciência moderna.
Tal exigência se deu devido à percepção que educadores tiveram ao constatar os benefícios que a disciplina oferece aos alunos que
trabalham com ela.
A Filosofia em especial, leva o aluno à oportunidade de desenvolver um pensamento independente e crítico, ou seja, permite a ele
experimentar um pensar individual. Sabe-se que cada disciplina apresenta suas próprias características, bem como auxilia a
desenvolver habilidades específicas do pensamento que é abordado.
No caso da Filosofia, essa permite e dá oportunidade de realizar o pensamento de maneira bastante pessoal.
O Ensino Médio é geralmente considerado pelos educadores como uma fase de consolidação do aluno jovem, de sua personalidade e
seus desejos, a Filosofia apresenta um papel importante e fundamental no sentido de colaboração.
A Filosofia é bastante questionada enquanto disciplina, é necessário que os educadores se conscientizem de que o ensino não deve ser
considerado como uma disciplina a mais a ser ensinada. O ideal é que o professor que tem a responsabilidade de aplicar tal disciplina
tenha em mente o quanto é necessário fazer com que seus alunos não fiquem dependentes de livros didáticos, não desmerecendo, mas
no sentido de não tender para os tão famosos “decorebas” de idéias e autores.
Aos educadores que se preocupam com a melhor forma de aplicar a Filosofia, não existe receita pronta. Recomenda-se a priorização de
práticas que favoreça a formação de jovens capazes de desenvolver seu próprio pensamento e crítica, formando cidadãos capacitados
para enfrentar as diversas situações que poderão surgir em suas vidas.
A Filosofia é fundamental na vida de todo ser humano, visto que proporciona a prática de análise, reflexão e crítica em benefício do
encontro do conhecimento do mundo e do homem.