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Consultoria para Produção e Assistência Suinícola Ltda.

Manual CONPA$
$U
para
Central de
Inseminação
Artificial

Antonio R. de Oliveira Júnior Celular e-mail rodrigues@conpassu.com.br


Médico Veterinário CRMV-MG 4.640 ( 35 ) 9981-0473 http://www.conpassu.com.br
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Consultoria para Produção e Assistência Suinícola Ltda.

Manejos de Inseminação Artificial


Histórico da Inseminação Artificial

O uso da Inseminação Artificial em animais iniciou-se com os árabes, que


utilizavam coletar sêmen de seus melhores garanhões, para inseminar as éguas de suas
tropas. Nos tempos modernos, foi um monge Italiano, SPALLANZANI, que usou a
inseminação artificial em cães, em 1779. Os Japoneses também entraram cedo na era da
inseminação artificial, quando ITO et al., usaram em suínos em 1948. Depois dos
Japoneses, os ingleses POLDGE, SMITH E PARKER, também tiveram sucesso com a
inseminação em suínos, em 1949. Mas somente após descobrirem que o sêmen se
conservava em temperaturas mais baixas, na década de 50, é que seu uso tornou-se
popular, principalmente na Europa, em países como Noruega, Holanda e Alemanha.

NO BRASIL, a inseminação em suínos, teve seu destaque a partir de 1975, a nível


comercial, principalmente na região sul, onde nasceram as primeiras centrais de
inseminação artificial (Estrela/RS e Concórdia/SC). Hoje o Brasil está em primeiro lugar
na América Latina, em número de fêmeas inseminadas, porém, em porcentagem de
rebanho, o CHILE é o primeiro.
Em recente levantamento feito pelo grupo de Porte Alegre, verificou-se a seguinte
evolução do número de fêmeas inseminadas:
1976 - 500 fêmeas
1990 - 90.000 fêmeas
1996 - 400.000 fêmeas (12 a 14 % do Rebanho Tecnificado)

Seguindo na proporção que vinha evoluindo, estimava-se que em 2003 teríamos


entre 800 a 900 mil fêmeas inseminadas, o que representava entre 24 a 30 % do
rebanho tecnificado do Brasil. Porém levantando o número de bisnagas e frascos para
uso em envase de sêmen, verificou-se que foram vendidos aproximadamente Quatro
milhões de frascos, e assim, considerando uma média de 2,5 IA / fêmea, podemos dizer
que neste ano de 1999 vão ser inseminadas mais de Um milhão de porcas, superando a
estimativa feita anteriormente para o ano de 2003.

O uso da Inseminação Artificial está em constante aumento em todo o mundo,


pois após um certo receio inicial, grandes empresas como a Agroceres-PIC, a PIC
(Inglaterra), e outras, estão investindo nesta tecnologia.

VANTAGENS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL


Podemos considerar como a principal, e talvez a mais importante vantagem do
uso da inseminação artificial, a melhoria genética que ela nos proporciona, pois seu uso
permite quebrar as barreiras entre uma granja núcleo e suas filiais, levando assim o
material que por outros métodos levaria vários anos para chegar nas granjas de nível
inferior numa pirâmide genética.

Não podemos deixar de citar, como vantagem, o controle sanitário, que se faz
quando se usa inseminação artificial, pois com a interrupção do uso direto do macho,
reduz-se a transmissão de doenças que através do coito natural contamina tanto o
macho quanto a fêmea, transmitindo-se desta forma para outros animais do plantel.

Sem dúvida, temos que considerar os custos, como benefício também, pois como
veremos detalhadamente abaixo, a cobertura por inseminação artificial fica menos da
metade do preço de uma monta natural.

Antonio R. de Oliveira Júnior Celular e-mail rodrigues@conpassu.com.br


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Temos ainda as facilidades de cruzamentos, onde se pode usar machos pesados


para inseminar marrãs, que seria impossível se fosse por meio de monta natural.

Influenciando diretamente os custos, está o N. º DE FÊMEAS / MACHO, que pode


chegar até 200 fêmeas / macho, contra 15 a 20 em monta natural.

Também temos a facilidade de manejo, o que reduz os riscos de machucar


fêmeas, machos e o tratador.

Restando ainda um grande benefício, que é o reconhecimento de machos inférteis,


pois na inseminação, antes de se diluir um sêmen, este é analisado e verificado suas
condições para uso, o mesmo não ocorre com o uso do macho para monta natural. E,
através de estudos de centrais de inseminações em todo o mundo, verificamos o quanto
é inconstante a produção e a qualidade do sêmen dos cachaços, variando sensivelmente
por qualquer alteração que o animal sofra.

Como outras vantagens podemos citar:


• ANIMAIS PADRONIZADOS
• UNIFORMIDADE DOS LOTES

Adicionado ainda, se usarmos machos indexados:


• EXCELENTE QUALIDADE DE CARCAÇA
• MENOR ESPESSURA DE TOUCINHO
• MELHOR CONVERSÃO ALIMENTAR
• MAIOR GANHO DE PESO
• MELHOR TAXA DE CRESCIMENTO

Quase imperceptível, mas vejamos o que representa 1% de melhoria na taxa de


crescimento em uma granja com 1.000 matrizes:
1. + 220 ANIMAIS / ANO
2. - R$ 6,60 / ANIMAL (custos fixos)
3. - R$ 1,80 / ANIMAL (depreciação)

Da mesma forma, 1% de melhoria na conversão alimentar nos proporciona:


1. ECONOMIA DE 66 TON DE RAÇÃO A R$ 0,20 / Kg = R$ 13.200,00

E 1% melhoria na carcaça:
1. EM SISTEMAS DE TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇA + 1,5% NO PREÇO BASE

BARREIRAS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL


Como qualquer técnica nova, há uma necessidade de treinamento para mão de
obra, melhorando o conhecimento do comportamento animal, para que se faça bem o
diagnóstico de cio, que é fundamental para o sucesso da inseminação artificial.

Há um incremento da infra-estrutura, onde necessita obter um laboratório, e


equipamentos para o preparo do sêmen, porém, com a economia que faremos
dispensando as compras de machos, podemos incrementar nosso laboratório com o que
tem de melhor, passando a desprezar este custo como barreira para a adoção desta
tecnologia.

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MATERIAIS NECESSÁRIOS

Laboratório:
Para o preparo do sêmen, temos que ter um laboratório preparado, possuindo
estufas para esterilização, microscópio com contraste de fase, destilador de água,
vidraria, segue abaixo uma relação do material p/ uso no laboratório:

Destilador 2 l/hora, Estufa de secagem para vidraria, Banho Maria Digital, Esterilizador
de Pipetas, para pipetas de Melrose,Geladeira para conservação do sêmen, Microscópio,
Barriletes para armazenamento da água,Bastões de Vidro, Câmara de Bürker ou
Neubauer, Erliermeyers, Provetas Graduadas, Lâminas e Lamínulas, Placa Térmica,
Pipetas, Termômetros de Leitura rápida e de mínima e máxima, Copo Térmico p/ Coleta
e Beckers.

Materiais de Consumo Mensal


Luvas de Coleta de Vinil, sobreluvas, Detergente, Filtro p/ coleta e Diluente.

Atualmente, temos disponível no mercado nacional, equipamentos descartáveis a


preço acessível, eliminando grande parte dos materiais acima citados, e tornando a
coleta, análise e diluição do sêmen um processo mais rápido, limpo e seguro,
dispensando cuidados com limpeza e desinfecção de equipamentos após as coletas.

Basicamente o que se precisa para realizar uma inseminação artificial são:


- PIPETAS
- GELADEIRA DE CONSERVAÇÃO A 15 º C
- TERMÔMETRO DE LEITURA RÁPIDA
- ESTERILIZADOR DE PIPETAS

PROCEDIMENTOS PARA REALIZAR INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM GRANJAS

Treinamento de Machos Novos:


O treinamento dos machos novos é uma técnica que requer o máximo de
dedicação e paciência do tratador, pois somente assim o sucesso é alcançado no
treinamento.
O treinamento deve ser realizado nos horários mais frescos do dia, uma hora
antes ou após as refeições do macho, e em períodos curtos de no máximo 15 a 20
minutos cada etapa de treino.
O treinamento se inicia desde o recebimento dos animais na central, pois o
tratador deve iniciar um relacionamento amigável com o macho, adquirindo sua total
confiança e fazendo com que o animal perca totalmente o medo ao homem.
Após este primeiro contato, que dura uma ou duas semanas, o treino começa na
própria baia do macho, colocando um manequim móvel para que o animal tome
conhecimento e perca o medo do manequim, e assim tente o salto sobre o mesmo, nesta
fase é necessário estimular o macho na região prepucial e testicular suavemente,
fazendo-o expor o pênis e, algumas vezes, esgotando-o sem saltar o manequim.
É importante que nesta fase de treinamento o Tratador fique sozinho com o
macho, evitando que curiosos permaneçam próximo, o que pode distrair a atenção do
macho.

Outros cuidados devem ser seguidos:


1- Manter o ambiente calmo e quieto, evitando movimentações e barulhos;
2- Não fazer nada fora da Rotina, nada que seja diferente do dia a dia;
3- Regular a altura do manequim, compatível com o animal;
4- Tratar o animal com carinho;
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O alojamento do macho novo, em fase de treinamento, em baias próximas à sala


de coleta auxilia o estímulo sexual deste animal.
O uso de urina de fêmeas em cio, tapioca de outros machos, também ajuda a
estimular o macho novo.
Deve se evitar qualquer manejo brusco ou traumático, pois pode conferir
impressões rudes ao macho deixando o traumatizado quando em treinamento,
interferindo negativamente para o resto de sua vida.
Normalmente até a terceira vez o macho já consegue saltar sobre o manequim e
ejacula totalmente. (É importante deixar o macho completar a ejaculação desde a
primeira vez que monta o manequim).
Depois da terceira monta na própria baia deve se levar o macho para a sala de
coleta, repetindo as fases do treinamento da mesma forma, fazendo com que o macho
salte sobre o manequim fixo e ejacule completamente. Somente após a terceira coleta na
sala é que dá um descanso para o macho de uma semana e a partir daí, faz se a coleta
do seu sêmen para ser analisado e então utilizado para inseminações artificiais.

Figura de um Manequim Móvel:

Freqüência de coletas:
O macho suíno pode trabalhar como doador de sêmen a partir de 200 dias de
idade, porém até completar um ano de idade, deve ser coletado somente uma vez por
semana a após um ano de idade e mantendo boa qualidade espermática, pode ser
coletado 3 vezes a cada 14 dias, com intervalos de 5-4-5 dias.
Mesmo que não tenha necessidade de sêmen, o macho deve ser esgotado toda
semana, pois o sêmen tende a diminuir sua qualidade e capacidade fecundante quando
mantido no epidídimo por longo tempo.
Qualquer alteração da condição física do macho, como Febre, Inapetência, Falta
de Apetite, Manqueira pode afetar a qualidade do sêmen, e desta forma, estes sinais
devem ser observados atentamente, para evitar o uso de sêmen comprometido. Sempre
que possível, ou até mesmo como ideal, é que se faça a contagem em Câmara de Bürker
ou Neubauer, pois assim pode se avaliar as patologias das células espermáticas em toda
coleta, interferindo através de tratamentos ou cuidados especiais com o macho e seu
sêmen, sempre que notar qualquer problema.
Devemos lembrar ainda que pode ser encontrada patologia espermática até 60
dias após o aparecimento de sinais clínicos no animal, pois este é o tempo para se
formar um espermatozóide.

CUIDADOS NA COLETA, ANÁLISE E DILUIÇÃO.


Os espermatozóides são produzidos no testículo, mais especificamente são
derivados das células espermatogênicas que se encontram no epitélio dos túbulos
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seminíferos, e são armazenados no Epidídimo onde encontram temperatura e nutrientes


para sua conservação durante alguns dias.
As características anatômicas dos testículos e saco escrotal permitem uma
regulação da temperatura ideal para os espermatozóides.
Com o uso da inseminação artificial, como coletamos o sêmen do macho e o
retiramos de seu “habitat” natural (Epidídimo) devemos ter todo o cuidado para
preservarmos as mesmas condições, mais próximas ao natural, para a manutenção,
conservação e sobrevivência dos espermatozóides.

Para isto os cuidados a seguir são muito importantes:


1. Realizar as coletas em horas mais frescas do dia, e sempre com intervalos de
aproximadamente uma hora do trato;
2. Observar intervalo entre coletas dos machos, seguindo o seguinte esquema:
Machos jovens, com até um ano de idade – coleta uma vez por semana.
Machos adultos, com mais de um ano de idade, e boas condições de sêmen – coleta 3
vezes a cada 15 dias, ou seja intervalo de 5 – 4 – 5 dias.
Fazer a limpeza do macho antes de levá-lo para sala de coleta, lavando a região
prepucial (externamente) com sabão neutro e esgotando o líquido prepucial.
3. Lavar as mãos e calçar luvas de vinil e uma sobre-luva plástica, que deverá ser
retirada na hora de segurar o pênis do macho.
4. Utilizar Becker estéril ou copo plástico descartável, com filtro ou gaze estéril, contido
em garrafa térmica com água a 40º C (entre a ampola e o casco da garrafa), para
coletar o sêmen.
5. Desprezar os primeiros jatos do ejaculado (Fração Pré-Espermática) e coletar o
restante totalmente (Frações Rica ou Espermática e Pobre ou Pós-Espermática).
5.1. Somente em caso de uso de sêmen heterospérmico é que se deve separar as
frações Rica e Pobre, aproveitando somente a fração rica para inseminação
artificial.
6. Coletar em uma sala, própria para a coleta, limpa e isolada das baias, evitando assim
contaminação do sêmen.
7. Utilizar tapete de borracha macio, para que o macho não escorregue na hora do salto
e nem sinta dor nos cascos.
8. Tratar o macho com carinho (oferecer bala após a coleta)

Qualidade do Sêmen
Procurar avaliar sempre os defeitos dos espermatozóides e somente usar sêmen com o
seguinte padrão:
Parâmetros Valores
Motilidade >=70 %
Tipo de Movimento >= 4
Caudas em Laço <= 30 %
Gota Citoplasmática Proximal <= 20 %
Gota Citoplasmática Distal <= 30 %
Defeitos Totais (soma dos defeitos acima) <= 30 %

Nos dias subseqüentes à coleta, antes de usar o sêmen avaliar sua motilidade e somente
usar se:
dias 1 2 3
Motilidade/Tipo Mov 70/4 60/3 50/3

CUIDADOS NO LABORATÓRIO
Usar roupa própria do laboratório, ou roupa limpa para manipular o sêmen, nunca
entrar ou deixar entrar pessoas no laboratório com roupas de dentro da granja ou botas
sujas, usar sandálias específicas para o laboratório.

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Preparar e conferir todo material necessário antes da coleta:


1) Preparar água destilada em quantidade suficiente;
2) Preparar o diluente e colocá-lo em Banho Maria ou aquecedor do tipo barrilete a
37ºC;
3) Colocar lâminas e lamínulas suficientes na placa aquecida;
4) Preparar a solução salina com formol:
a) 1 litro de água destilada
b) 9 gramas de Cloreto de Sódio Analítico ou 1 envelope de diluente (50 gramas)
c) 3 ml de Formol P.A. ou Formoldeido
5) Preparar 2 frascos com 9 ml da solução acima em cada frasco e numera-los, ou
6) Preparar somente 1 frasco com 99 ml desta solução;
7) Receber o sêmen através de uma janela, evitando, assim a entrada da mesma pessoa
que faz a coleta dentro do laboratório;
8) Fazer os testes rapidamente:
a) Volume do Ejaculado ou Peso (1 grama = 1 ml)
b) Verificar a Temperatura de Coleta (Ideal ao redor de 37º C)
c) Colocar 1 ml de sêmen puro no frasco 1 com solução formol salina (Matar o
sêmen) para contagem;
d) Ver a Motilidade e o Tipo de Movimento:
0 - sem movimentos
1 - sem movimentos progressivos
girando sobre si mesmo

2 - com movimentos anormais e


alguns progressivos

3 - com movimentos progressivos


lentos e sinuosos

4 - com movimentos progressivos


rápidos

5 - com movimentos retilíneos


muito rápidos
e) Medir o pH (com Fita de pH);
f) Fazer a contagem (Verificar a concentração), colocando uma gota do sêmen
diluído em solução salina c/ formol, na Câmara de Bürker ou Neubauer com
canudinho plástico ou Pipeta de Pasteur; esta contagem também pode ser feita
através de um espectrofotômetro;
g) Na Câmara de Bürker se faz a contagem de 40 quadrinhos em aumento de 400 X.
h) Na Câmara de Neubauer conta-se 5 quadros contendo 16 quadrinhos em cada,
totalizando 80 quadrinhos;
i) Anota o Número de Espermatozóides Normais e Anormais (Gotas Proximais;
Gotas Distais e Cauda em Laço):

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9) Cálculo das doses:


a) Câmara de Bürker
O número de espermatozóides totais contados é igual a concentração x106 / ml
b) Câmara de Neubauer
O número de espermatozóides totais contados deve ser dividido por dois para
chegar à concentração (x106 / ml).
Nº de doses = Concentração de Espermatozóides Normais x Volume do Ejaculado
dividido por 300 (ou no máximo 600).
Obs. Evitar que se faça diluições acima de 1:20, ou seja para 100 ml de ejaculado o
máximo é 20 doses ou 2 litros;

10)Diluir o sêmen o mais rápido possível, tomando o cuidado de verificar, sempre, se a


temperatura do diluente é a mesma do sêmen.
a) Em casos de demora na contagem, fazer uma pré-diluição, adicionando diluente
no copo com o sêmen, até completá-lo, só lembrando na hora de fazer as doses
do volume total que já tem no copo de coleta.
11)Analisar a motilidade após a diluição novamente;
12)Deixá-lo descansar por 2 horas, à temperatura ambiente, entre 20 a 25º C, antes de
colocá-lo na geladeira a 15º C.
13)Ter a temperatura interna do laboratório estável entre 20 a 25º C.
14)Após o término dos trabalhos limpar o laboratório, prateleiras, bancadas, retirar o lixo
para fora, passar pano no chão, etc.

CUIDADOS COM O SÊMEN


1- No caso de receber o sêmen de fora (centrais comerciais), coloca-lo diretamente
na geladeira (15 a 18 º C).
2- Procurar observar se o sêmen chegou em boa condição de armazenamento,
preferencialmente em caixa térmica. Em caso de suspeita não utilizar.
3- Evitar estocar sêmen por mais de 3 dias contando a data de coleta.
4- Faz-se necessário colocar o sêmen em posição horizontal na geladeira de 15 a 18
º C.
5- Homogeneizá-lo lentamente 2 a 3 vezes ao dia.
6- Manter um termômetro de máxima e mínima no interior da geladeira. Observar e
notificar a temperatura 2 vezes ao dia.

CUIDADOS COM A FÊMEA


1- Manter a fêmea da desmama ao final da cobertura com ração de lactação a
vontade.
2- Evitar cobertura ou inseminações nas fêmeas que apresentarem excesso de perda
de peso corporal na maternidade (abaixo grau 2).
a. Notificar cio e acompanhar o arraçoamento individual destas matrizes.
3- Passar o cachaço para detectar cio 2 vezes ao dia (manha e final da tarde).
4- Observar os períodos mais frescos do dia e utilizar machos alternados.
5- Notificar as fêmeas que apresentam reflexo de tolerância do homem (RTH) e/ou
se deixam montar pelo macho.
6- Antes da inseminação, proceder a limpeza e higiene do aparelho genital externo
da fêmea (vulva, cauda, região posterior da fêmea) com papel toalha antes da
introdução da pipeta.
7- Se a fêmea tiver muito suja, lavar com água e solução desinfetante, de
preferência no turno anterior ao da inseminação.
8- Retirar a proteção das pipetas delicadamente, sem tocar na região que será
introduzida na fêmea.

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9- Não esquecer que, antes de pegar as pipetas para inseminar deve-se lavar as
mãos com água e sabão secando posteriormente com papel toalha descartável.
10-Lubrificar a pipeta externamente com gel lubrificante, ou com o próprio sêmen.
11-Introduzir a pipeta girando-a no sentido anti-horário (p/esquerda).
12-Evitar contato da pipeta com a parte externa da fêmea, ou paredes, muros ou
corpo do tratador, para não haver contaminação.
13-Acoplar a bisnaga com o conteúdo seminal diretamente na pipeta.
14-Aplicar a dose seminal lentamente durante 5 a 7 minutos, deixando que a fêmea
sugue o sêmen, não pressionar para adiantar a infusão.
15- Mesmo que a fêmea sugue o sêmen rapidamente, manter a pipeta introduzida
até completar 5 minutos, no mínimo.
16-Em seguida retirar a pipeta girando-a no sentido horário.

Resultados

A Inseminação Artificial teoricamente tem condições para apresentar um


incremento da taxa de fertilidade e acréscimo no número de leitões nascidos, pois
diminui as infecções transmitidas cachaço-fêmea, e temos certeza de que o sêmen na
bisnaga é fecundante (isto se fizermos espermograma de toda coleta, o que é
recomendado), enquanto que em monta natural não podemos afirmar o mesmo. Porém
na prática não se verifica este aproveitamento, provavelmente devido ao fato de não
darmos condições de ideais para seu uso, bem como de conservação adequada do
sêmen, pois geralmente este sêmen é transportado inadequadamente em caixas de
isopor, sem controle da temperatura, ou é conservado em geladeiras, que mesmo com
termostato não mantém a temperatura regular. Se quisermos usufruir totalmente das
vantagens que esta tecnologia nos oferece, temos que tratá-lo como realmente merece.

DIAGNÓSTICO DE CIO

Falhas no manejo reprodutivo são comuns, destacando-se os problemas


relacionados com o reconhecimento do cio, momento da inseminação, e manejo do
diagnóstico de cio. Muitas destas falhas são detectadas pelo produtor apenas na ocasião
do parto, com a ocorrência de leitegadas pequenas, quando os prejuízos econômicos já
estão estabelecidos. O conhecimento do mecanismo envolvido na manifestação do cio e
no estabelecimento da prenhez pode contribuir para um melhor entendimento do
fenômeno da reprodução, e conseqüentemente, para a maximização da eficiência
reprodutiva.

A chave para o sucesso de um programa de inseminação artificial está em


determinar o momento exato para aplicar o sêmen, e isto só é possível através da
realização de um manejo correto de diagnóstico de cio. Mesmo em granjas de pequeno
porte, onde o uso da inseminação artificial é propiciado através da aquisição de sêmen
de centrais de inseminação comerciais, se faz necessário a presença de um cachaço
adulto, com características desejáveis para a realização da detecção de cio das fêmeas.
Ninguém, por mais dedicado ou sensível que seja, é capaz de realizar a detecção do cio
com o mesmo sucesso que o cachaço. (Designado pela Natureza)

A presença de um varrão adulto na gestação, por si só, já é uma ferramenta


eficaz no processo de diagnóstico de cio, pois na sua presença, as fêmeas recebem
estímulos que atuam sobre a produção hormonal, auxiliando na exteriorização dos sinais
de cio (Signoret, 1972).

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O macho usado para o diagnóstico de cio deve receber treinamento para este fim,
deve ser um animal dócil, de boa conduta, apresentar odor próprio, intensa salivação,
pois na saliva se encontra a maior concentração de FERORMÔNIO, e estes ferormônios
atuam diretamente no ciclo estral da porca, este macho deve ainda obedecer aos
comandos do tratador, urinar freqüentemente, e não ter o hábito de montar sobre as
porcas durante a realização do diagnóstico de cio.

O diagnóstico de cio deve ser realizado, no mínimo, duas vezes ao dia, nos
horários mais frescos, e se inicia com as fêmeas desmamadas, que devem ser testadas
para a tolerância à palpação feita pelo Homem, o chamado Reflexo de Tolerância ao
Homem (RTH), após inicia-se a passagem do macho diante das fêmeas vagarosamente,
dando tempo para que a fêmea reconheça a presença do cachaço, e através do famoso
eixo hipotálamo-hipófise-ovário (eixo reprodutivo), comece as reações fisiológicas que
levam a produção de hormônios responsáveis pelos sinais externos do cio. Durante a
passagem do macho, o tratador deve observar as reações das fêmeas, assinalando as
que apresentarem interesse ao macho.

A presença do macho ainda é importante durante o momento da inseminação,


pois na sua presença verifica-se uma menor ou nenhuma quantidade de refluxo de
sêmen. Estudos mostram que na presença do macho há produção de estrógenos, estes
mesmos estrógenos que são responsáveis pelos sinais externos do cio, e fazem a
contração da musculatura uterina, juntamente com a ocitocina, também produzida pela
fêmea, auxiliando na movimentação dos espermatozóides ao encontro dos óvulos.

O ciclo estral da fêmea suína é dividido em três fases distintas, conforme veremos
a seguir, caracterizando uma a uma:
1- Pró-estro: O pró-estro é a fase que antecede o cio, tem uma duração de 2 a 4 dias, e
se caracteriza pela inquietude da fêmea, falta ou diminuição de apetite, edema e
hiperemia da vulva e uma abundante secreção vulvar aquosa (corrimento líquido).

2- Estro ou cio: É a fase em que a fêmea demonstra a aceitação pelo macho, e em


grande parte do período, também ao homem, tem uma duração de 56 a 60 horas,
observa-se ainda uma redução da hiperemia e edema da vulva, o apetite tende à
normalidade, e a secreção torna-se mais densa.

3- Pós-estro: É o período logo após o cio, onde a fêmea não se deixa montar e seu
comportamento volta ao normal.

MOMENTO IDEAL PARA REALIZAR A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Na prática, a grande dificuldade para determinar o momento certo para inseminar,


é saber quando ocorre a ovulação da fêmea, pois estudos mostram que as inseminações
realizadas próximas a ovulação resultaram em melhor taxa de prenhez e número de
leitões nascidos. Outros tantos trabalhos mostram que a ovulação ocorre no terço final
do cio, geralmente entre 40 a 44 horas de seu início. Então resta acertar, ou identificar
exatamente o início do cio, e a partir daí realizar a inseminação dentro dos momentos
esperados para que ocorra a ovulação.

É de grande valia o conhecimento genético de nosso plantel, e as características


próprias desta genética, reconhecendo assim a duração do cio destes animais, e
principalmente, devemos tomar cuidado com médias, pois as variações individuais
existem, e são grandes, enquanto que a média da duração do cio é de 60 horas, algumas
fêmeas apresentam uma duração de somente 24 horas, e desta forma, como já
dissemos, a ovulação, que ocorre no terço final do cio, se dá entre 8 a 10 horas após seu

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início. Conhecer o animal com que trabalhamos é fundamental para o sucesso da


inseminação artificial. Treinamento, capacidade de observação e familiaridade com os
animais são condições indispensáveis para um bom tratador.

Na prática podemos dividir as fêmeas em dois grupos, sendo um primeiro o grupo de


fêmeas desmamadas, com cio normal, ou seja, dentro da semana do desmame, e o
outro grupo seria o das fêmeas atrasadas (com mais de uma semana pós desmame),
fêmeas de retorno ao cio e marrãs.

Para fêmeas desmamadas (cio normal) devemos fazer o RTH antes do macho, e aquelas
positivas ao RTH devem ser inseminadas imediatamente, após o RTH fazemos o RTM
(com o macho), assinalando as positivas para serem testadas pelo homem 12 horas
após, se positivas para o RTH devem ser inseminadas, caso contrário aguardar mais 12
horas e inseminar na 24ª hora do início de tolerância ao macho.

O intervalo entre a primeira e Segunda inseminação, nestas fêmeas pode ser de 24


horas, se o sêmen estiver em boas condições, a inseminação foi bem feita e não houve
refluxo, caso contrário repetir de 12 em 12 horas, como as demais inseminações, até o
final do cio.
O segundo grupo de fêmeas (atrasadas, marrãs e repetições) devem ser inseminadas de
imediato ao apresentar o RTM (Reflexo de Tolerância ao Macho), e o intervalo entre as
inseminações deve ser de 12 horas.

FREQÜÊNCIA E QUALIDADE DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

É muito comum verificarmos uma taxação fixa do número de inseminações a


serem realizadas por fêmea, desrespeitando totalmente a fisiologia do animal. Desta
maneira quando se mede o número de doses de sêmen utilizados em uma granja em um
período específico, imediatamente faz se a conta multiplicando se o número de fêmeas
cobertas pelo número pré-fixado de inseminações, o que é totalmente errado, pois temos
média de aplicações / porca, variando o número de aplicações conforme característica
específica da fêmea. Em países como a Holanda, que já possui uma tradição em
inseminação artificial, é comum verificar casos de somente uma aplicação por porca,
variando, conforme aceitação da fêmea.

Teoricamente seria necessário somente uma inseminação, no momento exato


para a fecundação, e em algumas regiões, como o Norte da Holanda, isto já é uma
realidade, porém conseguido através de aparelhos como detectores de ovulação, que
para nós ainda são caros e de uso inviável. Outro fator que implica em um maior número
de inseminações por fêmea, são as enormes falhas no manejo reprodutivo, inviabilizando
o uso de uma inseminação diária, partindo do pressuposto que os espermatozóides são
viáveis por até 24 horas no trato reprodutivo da fêmea. Somente com treinamento e
experiência na correta detecção de cio seria possível promover uma redução do número
e freqüência de inseminações por fêmea.

Quando nos referimos a inseminações tardias, geralmente impostas pela


determinação pré-fixada do número de inseminações / fêmea, ‘que temos um problema
mais grave, pois além de aumentar os custos (usando mais sêmen), predispõe o
aparecimento de endometrites nestes animais.

Antonio R. de Oliveira Júnior Celular e-mail rodrigues@conpassu.com.br


Médico Veterinário CRMV-MG 4.640 ( 35 ) 9981-0473 http://www.conpassu.com.br
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Consultoria para Produção e Assistência Suinícola Ltda.

CONCLUSÃO:

O reconhecimento dos sinais do cio para escolha do momento ideal da


inseminação é uma tarefa prioritária dentro da granja, pois influencia diretamente a taxa
de prenhez, tamanho da leitegada, e conseqüentemente, a eficiência reprodutiva do
plantel. O uso de um bom macho é fundamental, afinal, por natureza, ele é quem foi
designado para realizar esta tarefa, identificando e auxiliando as fêmeas a demonstrarem
sinais de cio. Paralelamente, cuidados de higiene e de manejo com os animais durante a
realização das inseminações contribuem para assegurar um resultado satisfatório na
atividade reprodutiva da granja.

Última revisão em 18/07/2001

Antonio R. de Oliveira Júnior Celular e-mail rodrigues@conpassu.com.br


Médico Veterinário CRMV-MG 4.640 ( 35 ) 9981-0473 http://www.conpassu.com.br

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