You are on page 1of 87

A Evolução dos Jogos Olímpicos

Trabalho realizado por: Hugo Figueiredo


1C1

Mediadora do Curso: Professora Mª Amélia Serra


ÍNDICE
Introdução ……………………………………………………...... Pag.3
1. Historia ……………………………………………………… Pag.3/4
2. Jogos da Era Moderna………………………………………....Pag 4/5
2.1. Atenas 1896………………………………………………… Pag.5
2.2. Paris 1900…………………………………………………… Pag.5/6
2.3. Louisiana 1904……………………………………………… Pag.6
2.4. Londres 1908………………………………………………… Pag 7
2.5. Estocolmo 1912 ……………………………………………… Pag 7/8
2.6. Antuérpia 1920……………………………………………… Pag 8/9
2.7. Paris 1924…………………………………………………… Pag 10/11
2.8. Amesterdão 1928 …………………………………………….. Pag 11/12
2.9. Los Angeles 1932…………………………………………… Pag 12 ate 14
2.10.Berlim 1936………………………………………………… Pag 14 a 16
2.11.Londres 1948………………………………………………… Pag 16 a 18
2.12.Helsinquia 1952……………………………………………… Pag18 a 20
2.13.Melbourne 1956……………………………………………… Pag 21/22
2.14.Roma 1960…………………………………………………… Pag 22 a 26
2.15.Tokyo 1964 ………………………………………………… Pag 27/28
2.16.Cidade do México 1968……………………………………… Pag 29 a 33
2.17.Munique 1972……………………………………………… Pag 34 a 37
2.18 Montreal 1976…………………………………………………Pag 37 a 40
2.19.Moscovo 1980…………………………………………………Pag 40 a 42
2.20.Los Angeles 1984…………………………………………… Pag 42 a 45
2.21.Seul 1988………………………………………………………Pag 46 a 49
2.22.Barcelona 1992……………………………………………… Pag 50 a 52
2.23.Atlanta 1996………………………………………………… Pag 53 a 56
2.24.Sidney 2000………………………………………………… Pag 56 a 59
2.25.Atenas 2004……………………………………………………Pag 59 a 62
2.26.Pequim 2008………………………………………………… Pag 62 a 66
3. Ética nos Jogos………………………………………………… Pag 66 a 69
4. Doping……………………………………………………………Pag 69 a 71
5. Desenvolvimento desportivo………………. …………………. Pag 71 a 73
6. Contexto pessoal, História de Vida…………. ……… ………..Pag 74 a 77
7. Escolha da cidade sede Olímpica ……………………………. Pag 77/78
8. Poder da Comunicação Social …………………………….… Pag 78/79
9. Património ………………………………………………………Pag 79/80
10. Conclusões...................................................................................Pag.80
8. Anexos............................................................................................Pag. 81 a 87
Bibliografia………………………………………………………...Pag. 87

2
INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objectivo relacionar a evolução do Jogos Olímpicos com o
desenvolvimento social, político, cultural e histórico internacional. Este trabalho foi
baseado numa pesquisa intensa e extensiva através da Internet e livros desportivos e
históricos.

1. História

O início do desporto tem a sua origem na Grécia antiga no ano 776 A.C., local onde
nasceram os míticos jogos olímpicos. Estes jogos realizados de 4 em 4 anos, período de
intervalo ao qual se dá o nome de olimpíada, eram realizados em honra do Deus Grego
Zeus. Para a sua realização havia uma trégua entre as várias cidades estado gregas que
estavam em constante guerra. Participantes vinham das todas as cidades-estado da
Grécia e suas colónias. Para participar era exigido que os participantes fossem cidadãos
do sexo masculino, sendo que ás mulheres, escravos e estrangeiros (bárbaros segundo a
mentalidade grega) não lhes era concedido o direito de participar. Pessoas vindas de
toda a Grécia iam para o Olimpo (local dos jogos) permitido só a homens sendo que
muitos atletas competiam nus para mostrar a sua boa forma física. As provas que
existiam eram as corridas pedestres, corridas equestres, lutas, pugilato, pancrácio e
pentatlo. Existiam também competições para mulheres (corrida) mas não eram
considerados jogos olímpicos. As mais famosas eram as realizadas no Estádio Olímpico
em homenagem à deusa Hera. Aquelas que participavam faziam-no competindo de
forma individual, e não em representação de um país ao contrário do que ocorre
actualmente. Os vencedores dos jogos olímpicos eram premiados com uma coroa de
ramos de oliveira e não havia a entrega de medalhas como actualmente. A fama
perseguia os campeões olímpicos e nas cidades em que haviam nascido eram erguidos
bustos e escreviam-se poemas em sua homenagem para além de beneficiarem da honra
de ser colocada uma estátua com sua imagem na mítica Olímpia. No retorno após a
disputa, os atletas vitoriosos tinham uma recepção de heróis, com desfile pelas ruas.
Também eram recompensados com dinheiro, presentes, ou isenção de impostos, entre
muitos outros benefícios. Uma das 7 maravilhas do mundo antigo, era a estátua de Zeus

3
esculpida pelo célebre ateniense Fídias no século V a.C. Tendo a Grécia sido
conquistada por Roma a última Olimpíada da Antiguidade foi a do ano 394 d.C.
Proibidos pelo imperador romano Teodósio I por considerá-los um espectáculo pagão,
os jogos desapareceriam por muitos anos.

2. Jogos da Era Moderna

Após cerca de 1500 anos os Jogos Olímpicos realizam-se de novo graças ao esforço de
Pierre de Coubertin um idealista francês e de um grupo de sonhadores. Coubertin era
barão, estudou ciência política e seguiu carreira militar mas o seu principal interesse era
mesmo a educação e pedagogia e via no desporto e nos ideais olímpicos gregos uma
fonte de inspiração para o aperfeiçoamento do ser humano.

Pierre Coubertin

No dia 23 de junho de 1894, durante um congresso de educação e pedagogia, Coubertin


defendeu a criação de um órgão internacional que unificasse as diferentes disciplinas
desportivas e que promovesse a realização de uma competição internacional entre
atletas amadores, de quatro em quatro anos. A intenção de Coubertin era ampliar a nível
mundial o que já havia acontecido na Grécia Antiga. A ideia foi prontamente aceite
pelos 13 delegados de países presentes no congresso e naquele mesmo dia foi criado o
COI (Comité Olímpico Internacional). Também em 23 de Junho de 1894 decidiu-se que
os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, como passaram a ser chamados,
aconteceriam dois anos depois, em 1896, na Grécia. O lema dos jogos Citius, Altius,
Fortius (O mais rápido, o mais alto, o mais forte), foi criado por um amigo de Coubertin
um pastor dominicano (Henri Dindon) e também entusiasta do desporto, sendo que o
lema mais conhecido e informal foi o inventando pelo barão (O mais importante não é
vencer, é competir com dignidade). Os jogos regressaram e por fim no dia 6 de Janeiro

4
de 1896, a chama olímpica foi finalmente reacendida com a presença de 13 países e 311
atletas amadores.

Atenas 1986

Nestes jogos foi inaugurada a cerimónia de entrega das medalhas. Os 3 primeiros


classificados de cada evento recebiam respectivamente uma medalha de ouro, prata e
bronze ao contrário da coroa de ramo de oliveira antes entregue apenas ao 1º
classificado.

Paris 1900

Coubertin era contra a presença de mulheres nos jogos mas por pressão do movimento
feminista, as mulheres ganharam o direito de competir nos Jogos Olímpicos de Paris em
1900. Eram seis tenistas e cinco golfistas que enfrentaram as recusas dos organizadores
e ganharam o direito de participar dando um grande passo rumo á igualdade e
democracia em todos os sentidos pela qual hoje em dia os jogos são reconhecidos

5
mundialmente. Visto hoje em dia como o maior evento desportivo/cultural/festa do
planeta, com a união dos vários povos, culturas e religiões e sexos em plena igualdade
de direito e tratamento.

Louisiana 1904

Muitos dos principais atletas de topo não puderam participar devido á Guerra entre
URSS e Japão, infelizmente uma das primeiras interferências politicas nos jogos.

O norte-americano Archie Hahn foi o principal destaque no atletismo, vencendo as


provas de 60, 100 e 200metros.

Archie Hahn

6
Londres 1908

Dorando Pietri

Pela primeira vez na cerimónia de abertura os atletas desfilaram organizados por


nações, porém o destaque desses jogos acabou por ser o maratonista italiano Dorando
Pietri que protagonizou o momento mais dramático destes Jogos, após acabar
completamente exausto e desorientado a maratona que tinha liderado durante toda a
prova. Entrando no estádio olímpico completamente exausto, a cambalear e quase a
perder os sentidos, cruzou a linha de meta com ajuda dos ficais de pista tendo sido
desqualificado. Tornou-se o primeiro grande herói olímpico não campeão. Dorando
recebeu um troféu de consolação por seu esforço das mãos da própria Rainha da
Inglaterra e tornou-se famoso mundialmente. Apenas passados 80 anos outro italiano
ganhou as olimpíadas Seul 88, tendo dedicado á memória de Dorando.

Estocolmo 1912

Os Jogos olímpicos que antecederam a 1ª Grande Guerra ocorreram em Estocolmo em


1912. Este evento destacou-se também pela primeira presença de Portugal nos Jogos

7
onde um atleta de sua delegação teve a fatalidade de proporcionar a mais triste nota da
competição: o jovem fundista Francisco Lázaro, carpinteiro de apenas 21 anos, morreu
de desidratação e ataque cardíaco após correr 30 km da Maratona e abandonar a prova.
Os outros pioneiros atletas portugueses participaram de provas no atletismo, luta e
esgrima, sem, contudo, obter sucesso.

Francisco Lázaro

Antuérpia 1920

Os Jogos Olímpicos de 1920 foram realizados em Antuérpia, Bélgica, numa


homenagem do COI ao sofrimento infligido ao povo belga durante a 1ª Guerra Mundial.
Nestes jogos foi hasteada pela primeira vez a bandeira olímpica, com 5 anéis
entrelaçados no fundo branco da paz, cada um de uma cor diferente, representando os
continentes: azul (Europa), amarelo (Ásia), preto (África), verde (Oceânia) e vermelho
(América).

8
“A Bandeira Olímpica possui um fundo branco, com cinco anéis entrelaçados no centro:
azul, amarelo, preto, verde e vermelho. Este desenho é simbólico; representa os cinco
continentes habitados do mundo, unidos pelo Olimpismo, enquanto as seis cores são
aquelas que aparecem em todas as bandeiras nacionais até o presente momento.” Pierre
de Coubertin, Antuérpia 1920.

Nestes jogos os anfitriões belgas exigiram ao COI que a Alemanha que os tinha
invadido e os outros derrotados da Guerra fossem excluídos dos jogos. Sendo assim,
pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos Modernos, disputas políticas
impediram a participação de algumas nações. Alemanha, Áustria, Bulgária, Hungria e
Turquia foram excluídos destes jogos.

Pela primeira vez foi feito o juramento olímpico. O belga Victor Boin foi encarregado
de pronunciar o juramento com a mão direita levantada e a esquerda segurando a
bandeira olímpica, em nome de todos os participantes. O texto original era o seguinte:
"Em nome de todos os competidores prometo que participaremos nestes Jogos
Olímpicos respeitando e cumprindo as suas regras, com verdadeiro espírito Desportivo,
para maior glória do Desporto e honra dos nossos pais ". Porém nestes jogos o texto foi
modificado devido ao clima politico vivido na altura com a intenção de dar um tom
menos nacionalista, alterando as últimas palavras mudando nestes jogos “e honra dos
nossos pais” para “e honra das nossas equipas”. Nestes jogos surgiu um dos maiores
atletas olímpicos de todos os tempos, o corredor finlandês Paavo Nurmi. Vencendo 3
medalhas de Ouro e 1 de prata em provas de atletismo de fundo (10000 metros, 8000
metros corta mato, 8000 metros corta mato por equipas ouro e 5000 metros prata).

9
Paris 1924

Na última olimpíada presidida por Pierre de Coubertin houve a maior participação de


atletas até á altura com uma impressionante presença de 2956 atletas, entre eles 136
mulheres, representando 44 países. Estes jogos tiveram grande impacto na comunicação
social com a presença de 1000 jornalistas e a primeira transmissão radiofónica das
provas, os jogos começavam a promover-se cada vez mais internacionalmente. Estreou-
se também a aldeia olímpica onde os atletas residiam durante os jogos.
O destaque individual destes jogos foi Paavo Nurmi, o fantástico corredor finlandês
conhecido como Homem-Relógio, por ter o costume de correr com um relógio na mão
controlando o tempo de cada uma de suas voltas, conquistou cinco medalhas de ouro
(1500 metros, 5000 metros corta mato, 8 000 metros corta mato por equipas e 3000 por
equipas) no atletismo, somando um total de oito com as ganhas anteriormente nos Jogos
de Antuérpia.

Paavo Nurmi

10
A selecção uruguaia de futebol recebeu nestes Jogos a alcunha pela qual ainda hoje é
conhecida, Celeste Olímpica, pela côr azul de sua camisa e pela medalha de ouro no
torneio de futebol. Após conquistar o bi-campeonato olímpico, nos jogos seguintes em
Amesterdão, o Uruguai ganhou o direito de ser o anfitrião do primeiro campeonato do
mundo de futebol em 1930 que também ganhou.

Portugal ganhou sua primeira medalha olímpica em Paris, bronze por equipas, no
hipismo (prémio das nações por obstáculos) com os atletas Aníbal Borges de Almeida
5º, Hélder de Sousa Martins 12º, José Mouzinho de Albuquerque 16º e Luís Cardoso de
Menezes 21º a trazerem a tão desejada medalha para o país das quinas.

Neste ano foi realizado a semana dos desportos de Inverno com organização do comité
olímpico francês. Mais tarde foi adoptado e renomeado pelo Comité olímpico
internacional para Jogos Olímpicos de Inverno. As modalidades adoptadas foram:
Biatlo, Bobsleigh, Combinado nórdico, Curling, Esqui cross-country, Hóquei no gelo
Patinagem artística, Patinagem de velocidade e Salto de esqui.

Amsterdão 1928

Estes foram os primeiro jogos denominados “jogos olímpicos de verão” em que a


chama olímpica esteve acesa durante as 2 semanas de competição. A Chama Olímpica é

11
um dos símbolos dos Jogos Olímpicos, e evoca a lenda que Prometeu teria roubado o
fogo a Zeus para o entregar aos mortais. Durante a celebração dos Jogos Olímpicos
antigos, em Olímpia, mantinha-se aceso um fogo que ardia enquanto durassem as
competições. O fogo era então mantido aceso durante os Jogos como homenagem a
Zeus. Nestes jogos a chama foi acendida na cerimónia de abertura e assim mantida até o
término dos jogos.

Também foi em Amesterdão que a Grécia (pais original dos jogos) foi a primeira nação
a desfilar e a Holanda (anfitriões) os últimos. Este protocolo tornar-se-ia permanente
nas cerimónias dos jogos vindouros.
Nestes jogos Helena Nordheim ganhou a medalha de ouro em ginástica artística por
equipas pela Holanda tendo sido morta em 1943 no campo de concentração de Sobibór
na polónia durante o holocausto.
Em esgrima o atleta português Paulo de Eça Leal ganha o bronze na categoria de
espada. A Coca-Cola patrocinou pela primeira vez os Jogos Olímpicos.

Los Angeles 1932

Pela primeira vez na sua história os jogos saíram de solo europeu e realizam-se nos
Estados Unidos da América em Los Angeles. Tendo o país sido abalado por uma grave

12
crise económica devido á grande queda da bolsa de valores de Nova York após os
“Loucos anos 20”, o único estado que resistiu a crise económica foi a Califórnia. Os
jogos tiveram um impressionante lucro de 1 milhão de dólares e foram de grande
qualidade técnica, tendo sido batidos 18 recordes do mundo. Foi introduzido o limite
máximo de três atletas por país nas provas individuais, regra que perdura até nossos
dias. Foi construída a primeira grande aldeia olímpica da história, onde eram oferecidos
serviços de hospitais, corpo de bombeiros, refeitórios diversos, correios, ginásio para
treinos, lavandarias, etc. Os organizadores também introduziram nestes Jogos os mais
modernos serviços de cronometragem e fotografia electrónica da chegada da época;
construíram a mais espectacular e veloz pista de atletismo do mundo; criaram um
processo rápido e profissional de divulgação de resultados para a imprensa, além de
transmissão simultânea de toda a competição por duas estações de rádio.

Paavo Nurmi e Jim Thorpe, campeões olímpicos foram impedidos pelo COI de
participar nos jogos por terem sido considerados profissionais que era proibido na altura
pelas regras regentes dos jogos.

A atleta da casa Mildred "Babe" Didrikson, de 18 anos, foi a grande musa dos Jogos de
Los Angeles, conquistando duas medalhas de ouro e uma de prata no atletismo. Atleta
polivalente e de grande talento, após os jogos Babe tornou-se grande campeã de
diversos desportos como golfe, ténis e basquetebol, onde competiu até quase os
quarenta anos de idade. Nos anos 50, foi eleita a maior atleta americana da primeira
metade do século pela imprensa desportiva especializada.

"Babe" Kitamura

13
Estes Jogos inauguraram a cerimónia de entrega de medalhas como conhecemos hoje
em dia, com os atletas em pé num pódio e com as bandeiras de seus países a serem
hasteadas. O nadador japonês Kusuo Kitamura tornou-se o mais novo atleta até hoje a
conquistar a medalha de ouro numa prova individual nos Jogos Olímpicos, ao vencer os
1.500m livres com apenas 14 anos de idade.

Berlim 1936

Os Jogos Olímpicos de 1936 foram realizados em Berlim, Alemanha, a 3 anos do início


da 2ª grande guerra mundial, usados por Adolf Hitler, ditador nazi alemão, para exaltar

a raça ariana como raça superior. Investiu milhões de marcos na realização dos mais
grandiosos, ricos e tecnologicamente avançados jogos organizados até então. Usando os
jogos como propaganda politica permitiu que apenas atletas arianos competissem pela
selecção alemã. Ao mesmo temo removeram os sinais espalhados pela cidade que
diziam “Judeus não são bem vindos” e slogans similares das principais atracções
turísticas da capital. Os oficiais nazis foram ordenados pelo governo a não aplicar as leis
discriminativas de anti homossexualidade e discriminação racial aos turistas. Como
medida de promover a ideologia Nazi a chama olímpica foi novamente reacendida nas
ruínas do templo de Hera como nos jogos antigos e transportada através da tocha
olímpica por uma estafeta de mais de 3 mil atletas pela Europa até ao estádio olímpico
em Berlim. Esta tradição foi mantida até aos nossos dias.

14
Nestes jogos ocorreu um dos acontecimentos mais marcantes da história. Tendo os
alemães treinado até á exaustão para a conquista das medalhas e confirmação da teoria
do Füher, um atleta afro-americano de seu nome Jesse Owens tornou-se o grande herói
dos jogos ao conquistar 4 medalhas de ouro nos 100,200 e estafeta de 4x100 metros
atletismo e no salto em comprimento. Não foi possível abafar a vitória norte-americana,
visto que o público recebeu as imagens das olimpíadas televisionadas (pela recém
inventada televisão), além da sobrelotação do estádio. Foi passado um verdadeiro
atestado de estupidez á teoria de Hitler pois todo o mundo soube que o principal
vencedor na modalidade rainha dos jogos olímpicos (Atletismo) foi um indivíduo
considerado inferior segundo essa teoria. Jesse Owens é hoje em dia o mais
emblemático herói olímpico sendo as suas vitórias um símbolo contra a discriminação
racial no mundo.

Jesse Owens

Lutz Long, o campeão alemão, chegou a conversar com Owens durante todas as provas
orientando e encorajando Owens, quando este quase falhou na tentativa de se classificar
nas eliminatórias do salto em comprimento. O alemão morreu em combate lutando com
as tropas da Wehrmacht na Sicília em 1943, e pelo seu espírito desportivo foi
condecorado postumamente pelo COI com a medalha Pierre de Cobertin.

Apesar de no fim dos Jogos os alemães terem liderado o quadro de medalhas com 33 de
ouro, muito acima do 2º colocado, os Estados Unidos que ficaram com 24 medalhas de
ouro, os alemães foram derrotados nos desportos colectivos para os quais se haviam
preparado durante muitos anos.

15
Na Maratona, o coreano Sohn Kee-Chung correu com as cores japonesas e sob o nome
de Kitei Son, pelo facto do seu pais ter sido ocupado pelo Japão um dos aliados da
Alemanha nazi. Fervoroso nacionalista, Sohn obrigado a competir pelo Japão explicava
pacientemente (e sem medo de represálias pois os japoneses estavam mais interessados
na sua vitória do que na diplomacia aos jornalistas) que o seu país era uma nação
independente e que tinha sido ocupada pelos Japoneses. Constrangido e olhando para o
chão, Sohn recebeu a sua medalha de ouro no pódio olímpico perante o arrear da
bandeira do sol nascente e ouvindo o hino nacional japonês.

Sohn Kee-Chung

Os Portugueses ganham medalha de bronze por equipas no Hipismo na prova de


obstáculos com a participação de José Beltrão, Luís Mena Silva e Sousa Marques
Coutinho.

Londres 1948

Os Jogos Olímpicos (que foram interrompidos durante 12 anos devido á guerra) foram
realizados em Londres em homenagem ao sofrimento do povo britânico (tal como tinha

16
acontecido 28 anos antes em Antuérpia) que tinha sido massacrado durante a guerra
principalmente com os bombardeamentos nazis que devastaram a capital inglesa. Num
esforço enorme conseguiram realizar os jogos apesar da enorme crise financeira que
devastava a Europa inteira sem falar nos milhões de vítimas da guerra. Para organizar os
jogos os ingleses tiveram de reestruturar o mítico estádio de Wembley para servir de
estádio olímpico para os jogos. A Alemanha e Japão derrotados na guerra não foram
convidados a participar nestes jogos.

Pela primeira vez foram usados os blocos de partida no chão para apoiar e impulsionar
os pés dos corredores nas provas de velocidade do atletismo.

A atleta holandesa Fanny Blankers-Koen foi o grande nome feminino dos Jogos ao
conquistar quatro medalhas de ouro nos 100, 200 e 80 metros barreiras e a estafeta de
4x100metros. Uma regra que na época ainda limitava a participação de mulheres em
mais de três provas individuais impediu a holandesa de conquistar mais medalhas, pois
era também a recordista mundial do salto em altura e salto em comprimento.

Fanny Koen

O Atleta Károly Takács, Sargento Húngaro durante a 2ª Guerra Mundial fazia parte da
equipa campeã mundial pela Hungria, ficou sem a mão direita (a mão com a qual
atirava) após a explosão de uma granada. O Húngaro aprendeu a atirar com a mão
esquerda e em Londres, dez anos depois, conquistou a medalha de ouro no Tiro na
modalidade de pistola-rápida, repetindo o feito 4 anos depois em Helsínquia.

17
Károly Takács

Marie Provaznikova vencedora do ouro pela Checoslováquia em ginástica por equipas


recusou-se a voltar ao seu pais de origem devido a inclusão da sua nação no bloco
soviético alegando a falta de liberdade proporcionada pelo governo comunista.

Aos 17 anos, o norte-americano Bob Mathias tornou-se campeão olímpico do decatlo,


apenas quatro meses após começar a praticar a modalidade. Este atleta tornou-se no
mais jovem vencedor de uma prova do atletismo masculino na história dos Jogos até
hoje. O atleta repetiu o ouro nos jogos seguintes. No hipismo (categoria ensino),
Portugal conquistou o bronze por equipas através de Fernando Silva Paes, Francisco
Valadas e Luís Mena e Silva. Duarte Manuel de Almeida Bello conquista a prata na vela
na categoria de Swallow .Nesta altura realizavam-se em simultâneo os jogos de Stoke
Mandeville, que viriam a dar origem aos jogos paralimpicos.

Helsínquia 1952

18
Nestes jogos entrou em vigor a Declaração Universal dos Direitos Humanos criado após
a 2ª Grande Guerra devido ás atrocidades cometidas pelos nazis durante o holocausto.
Durante a Segunda Guerra os aliados adoptaram as Quatro Liberdades: liberdade da
palavra e da livre expressão, liberdade de religião, liberdade por necessidades e
liberdade de viver livre do medo. Porém após o fim da guerra a comissão dos direitos
humanos, um braço das Nações Unidas vendo que a carta não era tão abrangente e
eficiente como o pretendido, foi constituída para empreender o trabalho de preparar o
que era inicialmente concebido como a Carta de Direitos (futura declaração universal
dos direitos humanos) para que houvesse liberdade e igualdade e respeito para qualquer
cidadão a face da terra independentemente do sexo, nacionalidade, idade, religião, etnia
e cor. Membros de vários países foram designados para representar a comunidade
global: Austrália, Bélgica, República Socialista Soviética da Bielorússia, Chile, China,
Cuba, Egipto, França, Índia, Irão, Líbano, Panamá, Filipinas, Reino Unido, Estados
Unidos, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Uruguai e Jugoslávia. A
Declaração Universal foi adoptada pela Assembleia-geral no dia 10 de Dezembro de
1948 com 48 votos a favor, nenhum contra e 8 abstenções (todas do bloco soviético,
Bielorússia, Checoslováquia, Polónia, Ucrânia, USSR e Jugoslávia, além da África do
Sul e Arábia Saudita. A Declaração serviu como base para dois tratados seguintes sobre
direitos humanos da ONU: Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o
Tratado Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Pela primeira vez
na história, as duas super potencias EUA e União Soviética (estreante) em plena Guerra-
fria) enfrentava-se em termos desportivos. A tensão entre os dois países era tão intensa
que a selecção Soviética ficou numa aldeia olímpica à parte.

Nestes Jogos Olímpicos, Alemanha dividida em dois após a guerra fez-se representar
através da República Federal Alemã (RFA) da parte ocidental enquanto que a República
Democrática Alemã (RDA) controlada pela ex URSS não participou.

A grande figura dos Jogos seria o checoslovaco Emil Zatopek, conhecido como
“Locomotiva Humana”, que se tornou no único atleta de sempre a conseguir a incrível
façanha de vencer numa única edição dos Jogos Olímpicos as corridas de 5 000 e 10
000 metros (com um intervalo de apenas 24 horas) e ainda a Maratona. Este fabuloso
atleta foi também o inventor do treino intervalado.

19
Emil Zatopek

A fantástica equipa de futebol da Hungria (Aranyacaspac - equipa de ouro em húngaro)


liderada por Ferenck puskas (O Major Galopante) conquistou o ouro derrotando a
Jugoslávia na final por 2-0. Praticando um futebol de outro mundo, marcando 20 golos
e apenas sofrendo 1.Esta foi umas das melhores equipas de futebol de todos os tempos.

Selecção olímpica húngara de futebol

A China boicotou os Jogos porque o Comité Olímpico Internacional reconheceu Taiwan


e autorizou a participação de uma comitiva de atletas sob o nome de República Chinesa.
Este protesto durou 28 anos, já que a República Popular da China só voltaria à competir
nos Jogos de Inverno de 1980 e nos Jogos de Verão de Los Angeles 1984.

Portugal por via de Joaquim Mascarenhas Fiúza e Francisco Rebelo de Andrade, na


prova de Vela conquistaram o bronze (classe “Star”). Foi ano de estreia em termos
femininos da comitiva portuguesa com a integração das ginastas portuguesas Laura
Amorim e Dália Cunha.

20
Melbourne 1956

Nos Jogos de 1956 em Melbourne, países como a Suíça, Espanha e Holanda,


boicotaram os Jogos Olímpicos como protesto contra a invasão da Hungria pela antiga
U.R.S.S. Nesses Jogos também o Egipto, Iraque e Líbano não estivaram presentes em
sinal de protesto pela presença anglo-francesa, interferindo militarmente na questão da
utilização do canal de Suez.

A atleta da casa Betty Cuthbert de dezoito anos ganhou para delírio dos anfitriões, os
100, 200 e 4x100metros em atletismo.

Betty Cuthbert

A situação na Hungria, com a invasão soviética do país, causou uma das maiores
batalhas campais da história dos Jogos, quando as equipas de pólo aquático dos dois
países se enfrentaram na competição. Tendo havido confrontos entre atletas e dirigentes
dentro e fora da piscina. Os húngaros venceram o jogo e conquistaram mais tarde a
medalha de ouro. Esta ocupação da Hungria fez com que os atletas húngaros fossem
apoiados por muitos adeptos australianos na sua estadia em Melbourne. Muitos dos

21
atletas não regressaram ao seu país natal depois dos Jogos, pedindo asilo no Ocidente. O
húngaro Laszlo Papp tornou-se o primeiro lutador na história do boxe a vencer por 3
vezes consecutivas o título olímpico de boxe.

Laszlo Papp

Em Melbourne, o Comité Olímpico Internacional acolheu a sugestão de um jovem


carpinteiro chinês chamado John Wing que vivia no país. Estabelecendo que na
cerimonia de encerramento daí em diante deveria ser feito com todos os atletas
misturados e não organizados por selecções (como na cerimonia de abertura) como
anteriormente, simbolizando a união dos povos.

“Durante os jogos haverá apenas uma nação. Guerra, politica e nacionalidades serão
esquecidas. O que pode alguém querer se o mundo pudesse ser uma nação só”-
extraído da carta escrita por John Wing para os organizadores dos jogos olímpicos,
1956.

Roma 1960

Os Jogos Olímpicos de Verão de 1960 foram realizados em Roma, cinquenta e dois


anos após a cidade ser obrigada a desistir da organização dos Jogos devido a uma

22
erupção do vulcão Vesúvio que consumiu a maior parte dos recursos do estado no
atendimento às vítimas da catástrofe.

Estes jogos foram pela primeira vez em transmitidos em directo para todo o mundo
através da televisão. A estação norte americana CBS pagou 394 mil dólares para ter o
direito de transmitir os jogos para os Estados unidos.

O Hino Olímpico foi introduzido nestes jogos pelo compositor grego Spirou Samara,
com letra do também grego poeta Kostis Palamas. O hino é executado durante a
cerimónia de abertura de cada edição, quando a bandeira olímpica é hasteada, e na
cerimónia de encerramento, quando ela é arreada.

O hino começou por ser cantado em grego, mas em várias edições foi traduzido para o
idioma do país anfitrião.

Letra do Hino Olímpico

Oh! Arcaico espírito imortal, imaculado pai da


beleza, da grandeza e da veracidade,
desça, se faça presente e faça brilhar aqui e
mais além, na Glória de sua Terra e Céu.

Na corrida, na luta e no arremesso, faça


brilhar o ímpeto das nobres competições,
modelando com aço e dignidade o corpo,
coroando-o com a imperecível rama do louro.

Campos, montanhas e mares se vão contigo tal


como um alvi rubro magno templo, para o
qual se conduz aqui como seu peregrino, oh!
arcaico espírito imortal, cada nação.

O etíope Abebe Bikila (que viria a ser considerado o maior maratonista de todos os
tempos) tornou-se o primeiro africano negro a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos
Olímpicos. Venceu de maneira sensacional a maratona no último dia dos Jogos de
Roma. Bikila ganhou a mais dura e desgastante prova olímpica correndo descalço pelas
ruas romanas, sob um calor de quase 30 graus e batendo o recorde mundial da
modalidade ao cruzar a linha de chegada localizada exactamente em baixo do Arco de
Constantino, símbolo do poder romano e italiano que invadiu e conquistou a Etiópia,

23
seu país natal, na época do governo do ditador fascista Benito Mussolini, o que deu ao
seu feito a dimensão heróica e dramática que o transformaria numa lenda e num
exemplo para todos os atletas africanos, que a partir dessa década começaram a dominar
todas as provas de longa distância do atletismo mundial. Bikila viria a repetir o ouro em
Tóquio 4 anos, dessa vez correndo calçado.

Bikila

O norte-americano Cassius Clay venceu o título olímpico de boxe. Este viria


posteriormente a ser considerado o maior pugilista de todos os tempos. O atleta mais
tarde mudou o seu nome para Muhammad Ali depois de se ter tornado muçulmano.

Muhammad Ali

A África do Sul compete pela última vez nos Jogos. A nação foi afastada devido á sua
política de segregação racial que ficou conhecida como Apartheid (palavra que significa

24
separação vindo de afrikaans, língua falada pelos colonos que na maioria tinham origem
holandesa).

Uma das mais fantásticas histórias destes jogos foi a da norte-americana Wilma
Rudolph que foi portadora de poliomielite na infância. Wilma foi vigésima entre vinte e
dois filhos da família Rudolph e contraiu poliomielite na primeira infância. A sua mãe
leváva-a um hospital para negros a 80 quilómetros de casa duas vezes por semana e
massajava as suas pernas quatro vezes por dia. Com os constantes cuidados maternos,
aos 12 anos ela conseguiu começar a andar normalmente. Aos 20 anos a atleta natural
do Tennessee tornou-se tri-campeã olímpica, conquistando as medalhas de ouro em
Atletismo nos 100m, 200m e estafeta de 4X100 metros.

Wilma Rudolph

O ciclista dinamarquês Knut Jensen teve um colapso provocado pela ingestão de


anfetaminas na prova de Ciclismo e morreu no hospital.

A realização dos Jogos de Stoke Mandeville, “coincidiu” com os Jogos Olímpicos de


Londres, deixando claro, desde o início, o desejo do médico Ludwig Guttmann pela
criação de uns jogos Olímpicos para os portadores de deficiência. Embora já
acontecessem algumas promoções desportivas para portadores de deficiência, os Jogos
de Stoke Mandeville 1948 foram considerados um marco na história do desporto
paraolimpico e reuniram 16 atletas, todos veteranos de guerra. Como havia pessoas
portadoras de deficiência de outras nações, além da Inglaterra, a praticar desporto como
forma de reabilitação, foi organizado uma nova competição. E foi assim que, em 1952,
foram realizados os Jogos Internacionais de Mandeville, que reuniram 130 atletas
ingleses e holandeses.

25
O sonho de Guttmann, porém, concretizou-se mesmo em 1960, com a realização dos
Jogos Paraolímpicos de Roma, evento considerado pelo Comité Paraolímpico
Internacional, como o primeiro grande evento. Os Jogos Paraolímpicos de Roma,
chamados de Olimpíadas dos Portadores de Deficiência, reuniram 400 atletas, de 23
países, todos atletas em cadeiras de rodas. A competição teve todo o apoio dos
dirigentes mundiais e desde então, os Jogos Paraolímpicos passaram a ser realizados nas
mesmas cidades e nas mesmas instalações dos Jogos Olímpicos. Mais tarde foram
admitidos atletas com muitos outros tipos de deficiência como, cegueira, surdez, mudez
e deficiências mentais.

Guttmann

Os 20 desportos integrados no programa paralimpico são: Atletismo, Basquetebol em


cadeira de rodas, Tiro com Arco, Bocia, Ciclismo, Esgrima, Futebol de 5, Futebol de 7,
Goalball, Levantamento de peso, Equitação, Judo, Natação, Rugby, Ténis de mês. Ténis
em cadeira de rodas, Tiro, Vela, Voleibol.

26
Tóquio 1964

Os jogos de 1964 foram realizados em Tóquio, no Japão, sendo os primeiros Jogos


Olímpicos realizados na Ásia. Os jogos tiveram a sua abertura pelo Imperador japonês
Hirohito. O momento mais simbólico do evento foi a entrada no estádio, carregando a
tocha olímpica, do jovem Yoshinori Sakai, de 19 anos, nascido em Hiroshima no dia 6
de Agosto de 1945, dia em que a bomba atómica foi lançada Estados Unidos sobre a
cidade na durante a 2ª Grande Guerra. A escolha foi uma homenagem às vítimas do
holocausto nuclear e um apelo à paz mundial.

Yoshinori Sakai

Estes foram os primeiros Jogos a serem transmitidos por um satélite de comunicação


geostacionário para outros continentes.

A nadadora australiana Dawn Frazer conquistou a terceira medalha de ouro consecutiva


nos 100metros livres (Melbourne 56, Roma 60 e Tóquio 64).

27
Frazer Schollander

O grande nome masculino da natação foi o do norte-americano Don Schollander, com


quatro medalhas de ouro.

A fabulosa ginasta soviética Larissa Latynina encerrou sua inigualável carreira com 6
medalhas, 2 de ouro, 2 de prata e 2 de ouro. Acumulando um total de 18 medalhas
olímpicas, sendo 9 delas de ouro, 5 de prata e 4 de bronze. Tornando-se a atleta
olímpica mais medalhada de sempre, recorde que perdura até hoje.

Larissa Latynina

Durante estes jogos Nikita Khrushchev foi removido do comando da URSS sendo
substituído por Leonid Brejnev e a china fez o seu primeiro teste nuclear.

28
México 1968

Em 1968 pela primeira vez os Jogos realizaram-se na América Latina e a altitude de


2.300 metros acima do nível do mar da capital mexicana gerou controvérsias sobre os
danos que o ar mais rarefeito (menos oxigénio) poderia causar no desempenho dos
atletas. Realmente, a altitude prejudicou o desempenho dos atletas nas provas de
resistência e de longa distância, como o ciclismo, a natação e a maratona, mas em
compensação ajudou a provocar uma chuva de recordes mundiais e olímpicos nos
eventos mais curtos e de esforço mais rápido como as corridas de menos de 800m,
halterofilismo, lançamento de dardo entre outros.

Neste ano o mundo vivia um período bastante tenso e conflituoso com a guerra do
Vietname, a Revolução Cultural na China, a invasão soviética da Checoslováquia
acabando com a chamada Primavera de Praga, revoltas estudantis, marchas pelos
direitos civis e confrontos raciais por todo o planeta. O México também deu a sua
contribuição ao clima que marcava esta época, quando tropas federais do governo
reprimiram com violência centenas de estudantes durante manifestações na Praça das
Três Culturas, dez dias antes da cerimónia de abertura dos Jogos, no que ficou
conhecido como o Massacre de Tlatelolco (um dos maiores do século morrendo cerca
de 400 jovens estudantes de acordo com diversos organismos civis). Naquele dia,
soldados dissolveram a tiros uma manifestação estudantil, manchando
irremediavelmente o espírito olímpico pregado pelo COI, quase provocando o
cancelamento do evento.

29
Massacre de Tlatelolco

Pela primeira vez o número de nações participantes passava da centena, numa


demonstração de prestígio, interesse e popularidade inegáveis conquistados pelos Jogos
Olímpicos, que atraíram o comparecimento de 112 países, num total de 5.516 atletas,
sendo 781 do sexo feminino.

Estes Jogos ficaram conhecidos como os Jogos dos atletas negros americanos, tanto pela
sua performance espectacular nos eventos que participaram, quanto pelos protestos
políticos e raciais que trouxeram para dentro do apolítico movimento olímpico. O norte-
americano Bob Beamon ganhou medalha de ouro no salto em comprimento com uma
marca fantástica 8,90 metros, considerada por muitos a mais espectacular marca alguma
vez conseguida. Na altura foi recorde do mundo (melhorando a marca em uns
inacreditáveis 50 centímetros) e olímpico mantendo-se recorde do mundo durante mais
de 20 anos e ainda hoje em dia é recorde olímpico.

Bob Beamon

Na Cidade do México, todas as provas do atletismo, dos 1500 metros até a maratona
foram ganhas por atletas de países africanos. Marcando espectacular e completo

30
domínio que este continente teria nas distâncias mais longas no atletismo desda década
de 70 até aos dias de hoje.

Pela primeira vez consegue-se o que se dizia impossível, correr os 100 metros abaixo de
10 segundos. O autor da proeza foi o norte-americano Jim Hines com o fantástico tempo
para a altura de 9,90 segundos.

Jim Hines

Atletas alemães da Alemanha oriental (RDA) participam nos Jogos com a sua própria
equipa.

A mais popular atleta no México foi a ginasta checoslovaca Vera Caslavska. Após a
invasão da Checoslováquia pelos tanques soviéticos dois meses antes dos Jogos,
Caslavska fugiu do seu país e esteve escondida durante 3 semanas, para reaparecer de
repente na capital mexicana e ganhar quatro medalhas de ouro e duas de prata.

Vera Caslavska

31
Pela primeira vez as cronometragens electrónicas passam a ser oficiais tendo sido
utilizadas pela primeira vez nas modalidades de: atletismo, remo, canoagem, natação e
competições equestres. Foram introduzidos os controlos anti doping, tendo o atleta
sueco Hans-Gunnar Liljenwall que tinha ganho o bronze no pentatlo moderno testado
positivo. O sueco perdeu a sua medalha, sendo desclassificado e tornando-se o primeiro
caso de doping nos jogos olímpicos.

Liljenwall

A imagem mais marcante destes jogos foi na entrega de medalhas dos 200 metros
atletismo masculinos em que 2 negros norte-americanos Tommie Smith e John Carlos
ao receberem suas medalhas no pódio, levantaram seus braços esticados com luvas
pretas nas mãos com os punhos cerrados (saudação "black power" do partido
revolucionário negro dos Panteras Negras), em protesto pela segregação racial e apoio
aos movimentos negros nos Estados Unidos e baixaram a cabeça enquanto era tocado o
seu hino nacional no estádio olímpico. Após seu acto, transmitido em directo pela
televisão para o mundo todo, os dois atletas foram expulsos da delegação americana e
da aldeia olímpica.

32
T.Smith e J.Carlos

Nestes Jogos, uma nova pista de atletismo, a mais moderna e rápida do mundo, feita de
um novo material chamado tartan, apareceu em competições internacionais.

Dick Fosbury, um desconhecido universitário norte-americano, surpreende tudo e todos


ao ganhar a medalha de ouro e bater o recorde olímpico (alcançando a fasquia de
2,24metros) da prova. O atleta inovou inventado um técnica própria que viria a ser
intitulada “Salto de Fosbury “.O atleta corre de frente para a barra, gira no ar e passa a
barra de costas. A partir desse ano a técnica começou a ser usada por outros os atletas
especialistas nesta prova. Sendo hoje em dia a técnica utilizada por quase todos os
atletas.

Fosbury

33
Munique 1972

Em 1972 os jogos foram realizados na cidade alemã de Munique. Até o começo de


Setembro estavam a ser considerados os melhores em todos os aspectos. Os jogos mais
pacíficos e melhores tecnicamente de todos os tempos foram manchados com um
episódio que a destruiu a imagem dos até aí imaculados jogos de Munique e da história
das olimpíadas.

Com a participação recorde de 121 nações e 7.134 atletas, os jogos foram organizados
pelos alemães para celebrar a paz e nos seus primeiros dez dias a competição desportiva
de alto nível maravilhou o mundo. Mas, na madrugada de dia 5 de Setembro, cinco
árabes (palestinianos) de um grupo terrorista invadiu a aldeia olímpica, e mataram dois
membros da selecção de Israel e fizeram outros nove atletas reféns. O que se seguiu,
com a paralisação temporária dos Jogos e a morte de todos os reféns israelitas, ficou
conhecido como o Massacre de Munique. Os atletas mortos foram: David Berger, Ze'ev
Friedman, Joseph Gottfreund, Eliezer Halfin, Joseph Romano, Andrei Schpitzer,
Amitsur Shapira, Kahat Shor, Mark Slavin, Yaakov Springer e Moshe Weinberg.

34
Massacre de Munique

Com todas as bandeiras dos países participantes a meia haste e uma missa no estádio
olímpico em honra das vítimas, após 34 horas de interrupção os Jogos prosseguiram,
após a insistência e a célebre frase do Presidente do COI, Avery Brundage: “Os Jogos
devem continuar!”

O grande nome de Munique e um dos maiores de todos os Jogos Olímpicos foi o do


nadador norte-americano Mark Spitz. Para além de ter sido campeão olímpico nas 7
provas, ainda conseguiu bater o recorde do mundo em todas elas. Num feito sem igual
até então.

Mark Spitz

Os Jogos de 1972 tiveram pela primeira vez uma mascote, o cãozinho chamado Waldi.

35
A grande estrela em termos femininos foi a pequena ginasta Olga Korbut da URSS que
ganhou 3 medalhas de ouro e 1 de prata.

Olga Korbut

Pela primeira vez o juramento olímpico (antes apenas era realizado pelos atletas)
também passou a ser feito pelos juízes.

Em termos desportivos também houve um drama na final masculina de basquetebol que


opunha os EUA à URSS. Os Estados Unidos venciam por 50-49 quando os soviéticos
pediram tempo de desconto faltando 3 segundos para o fim do jogo. Quando os árbitros
foram repor o tempo em vez de colocarem 3 segundos no cronómetro, colocaram 5
segundos. O erro cometido permitiu aos soviéticos no último segundo encestarem e
passarem para a frente do marcador, ganhando o encontro (51-50 para a URSS,
resultado final) e a consequente medalha de ouro. Terminou o domínio dos norte
americanos na modalidade que vinha desde 1936 em Berlim. Revoltados com o
acontecido, os atletas da selecção norte americana recusaram-se a receber as medalhas
de prata, que até hoje se encontram guardadas num cofre na sede do COI na Suíça.

36
A nadadora australiana Shane Gould venceu 3 medalhas de ouro, 1 de prata e uma de
bronze com apenas 15 anos de idade.

Shane Gould

Montreal 1976

Os Jogos Olímpicos de 1976 foram os primeiros marcados por um grande boicote das
nações integrantes do movimento olímpico. Liderados pela Tanzânia, e seguindo uma
resolução da então Organização de Unidade Africana (agora União Africana), 22 países
africanos boicotaram os Jogos, em protesto pela recusa do COI em impedir a

37
participação da Nova Zelândia, devido ao facto de a selecção neozelandesa de rugby ter
feito uma digressão pela África do Sul, desrespeitando o embargo desportivo aplicado
aos sul-africanos devido á politica racial do apartheid. Este facto fez com que diversas
provas de atletismo principalmente as de meio fundo e fundo baixassem o seu nível de
competitividade pois os grandes dominantes dessas provas eram atletas africanos.

Os Jogos foram um fracasso económico apesar da boa organização e total segurança


(reflexos do massacre de Munique), causando o maior prejuízo financeiro da história da
competição, mais de 2 biliões de dólares, levando o Canadá a passar décadas até
conseguir pagar os débitos contraídos para a organização do evento. O seu inovador e
caríssimo estádio olímpico permanece hoje como um monumento estático do enorme
prejuízo financeiro causado pelos altos custos da organização.

Estádio Olímpico de Montreal

Na cerimónia de abertura a chama olímpica foi transmitida por impulsos eléctricos de


Atenas até Ottawa, capital do país, através de sinais de satélites, de onde foi levada em
por estafetas com a tocha olímpica até Montreal, entrando no estádio conduzida por um
casal de jovens, um de descendência francesa e a outra de descendência inglesa,
Stéphane Préfontaine e Sandra Henderson, representando as duas culturas que formaram
a nação.

38
Préfontaine e Henderson

A atleta romena Nadia Comaneci, de apenas 14 anos, foi a grande estrela destes jogos
ao ser a primeira atleta da história a receber a nota máxima (10.0) em ginástica. Nadia
conquistou 3 medalhas de ouro, 1 de prata, 1 de bronze e ainda recebeu mais seis notas
10.0 da equipa de júris durante a competição. Esta é considerada, por ventura, a melhor
ginasta de todos os tempos.

Comaneci Fujimoto

O ginasta japonês Shun Fujimoto conquistou a excelente nota 9,7 nas argolas,
terminado o exercício com uma difícil pirueta de três voltas e a queda em pé na posição
erecta perfeita, ajudando a conseguir a medalha de ouro por equipas para o Japão, que
disputava a liderança lado a lado com a URSS. Fujimoto realizou a prova com o joelho
fracturado.

39
Pela comitiva portuguesa Carlos Lopes e Armando Marques conquistaram a medalha de
prata nos 10000 metros atletismo e tiro (fosso olímpico) respectivamente

Moscovo 1980

Nos Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980 na URRS ocorreu o maior boicote de


sempre. Liderados pelos Estados Unidos, 65 países não marcaram presença em
Moscovo, contestando a invasão soviética do Afeganistão. O protesto foi liderado pelo
então Presidente dos EUA Jimmy Carter. Tendo o presidente norte-americano chegado
a ameaçar retirar os passaportes aos atletas norte-americanos que viajassem para
Moscovo. Quinze países europeus, incluindo Portugal, Espanha, França, Grã-Bretanha e
Holanda, estiveram presentes, mas fizeram-se representar pela bandeira olímpica e não
do país. Ao todo apenas 80 países participaram com 5179 atletas, o número mais baixo
desde 1956 (Melbourne). O boicote afectou bastante o nível da competição em diversas
porém também foram alcançados desempenhos notáveis pelos atletas participantes.

O início dos anos 80 representou o pior momento vivido pelos Jogos Olímpicos e pelo
Comité Olímpico Internacional em toda a sua existência. Com o, obviamente, já
esperado boicote a ser feito em troca pela URSS e seus aliados aos Jogos seguintes em
Los Angeles. Este facto fez com que dirigentes do COI temessem pela própria extinção
dos jogos.

Pela primeira e única vez os Jogos não foram transmitidos exclusivamente por um canal
televisivo americano. A NBC abriu mão das transmissões das competições em virtude

40
do boicote americano, limitando-se a transmitir flashes das competições. As
transmissões ficaram entregues á Univision Eurovision rádio e canal televisivo estatal
da URSS, televisão mexicana e CTV canadiana que transmitiram os jogos ao vivo para
todo o planeta.

Misha, o ursinho símbolo dos Jogos de Moscovo, tornou-se a mais popular mascote da
história dos jogos olímpicos. A sua imagem derramando uma lágrima na cerimónia de
encerramento do evento formada por placas movimentadas pelos espectadores nas
bancadas do Estádio Olímpico de Moscovo, é uma das emocionantes imagens destes
Jogos.

O nadador soviético Vladimir Salnikov entrou para a história ao ser o primeiro homem
a nadar os 1.500 metros livres (prova mais longa da natação) em menos de 15 minutos,
grande feito para a altura. Nesses jogos Salnikov venceu 3 medalhas de ouro.

Vladimir Salnikov

41
O ginasta soviético Aleksandr Dityatin a competir em casa para gáudio dos espectadores
teve uma performance invejável ao conquistar oito medalhas nos oito eventos
masculinos da ginástica olímpica – 3 de ouro, 4 de prata e uma de bronze. Dityatin foi o
único ginasta da história a alguma vez conseguir tal feito numa olimpíada.

Dityatin

Los Angeles 1984

Os Jogos de Los Angeles ficaram marcados pelo boicote feito pela URSS como forma
de retaliação pelo boicote liderado pelos americanos 4 anos atrás. Toda a cortina de
ferro aderiu excluindo a Roménia e mais 13 países, incluindo a Coreia do norte e Cuba
aderiram ao boicote. O Irão e a Líbia também não participaram devido a tensões
políticas com o país organizador.

Apesar do boicote, que mais uma vez prejudicou o nível técnico de várias modalidades
dominadas pelos europeus do leste e pelos cubanos, Los Angeles – candidata única à

42
realização destes Jogos, devido ao receio geral provocado pelos grandes prejuízos
económicos sofridos por Montreal. Estes jogos tiveram a presença recorde de atletas
participantes, 6.829 (entre eles 1566 mulheres, outro recorde) de 140 países e foi
coberto por mais de 9.000 jornalistas de todo o globo.

Estes jogos tiveram um lucro de 200 milhões de dólares (foram considerados os mais
bem sucedidos jogos a nível financeiro), além do lucro indirecto à própria cidade.
Mostrando que desde que bem organizados os Jogos Olímpicos poderiam ser
economicamente viáveis, afastando a sombra de uma extinção provocada pela
inviabilidade económica que pairava sobre eles

Nestes jogos a principal figura foi o norte-americano Carl Lewis ao conquistar os 100m,
200m, estafeta de 4x100 metros e o salto em comprimento. O atleta igualou o
desempenho o seu compatriota Jesse Owens em Berlim 1936 passados 48 anos.

Carl Lewis

A Roménia foi o único país comunista da Cortina de Ferro que participou nos jogos em
Los Angeles.

Nawal El Moutawakel tornou-se a primeira campeã olímpica muçulmana. A atleta


marroquina conquistou o ouro na prova feminina de 400 metros barreiras.

43
Moutawakel

A China participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos, após conseguir oficialmente
que o COI designasse a ilha Taiwan (que fora integrante da China e que vivia sob
regime capitalista) Taipe Chinês e não de república independente.

Os países que boicotaram estes jogos organizaram quase na mesma época outra
competição de alto nível de forma a tentar rivalizar com as olimpíadas. Designaram essa
competição de Jogos da Amizade.

A neozelandesa Neroli Fairhall tornou-se a primeira atleta olímpica paraplégica, a


disputar a competição de tiro com arco ficando na 35ª posição.

Neroli Fairhall

Portugal conquistou a sua primeira medalha de ouro olímpica através do fantástico


Carlos Lopes na maratona estabelecendo um novo recorde olímpico (2 horas:9 minutos:

44
e 21 segundos). Este recorde perdurou por 24 anos até Pequim 2008. Nos 5000 metros
Atletismo o português António Leitão conquista a medalha de bronze.

Carlos Lopes António Leitão

Na maratona feminina, a futura campeã Rosa Mota conquistou o bronze.

Li Ning a representar a Republica Popular da China conquistou 6 medalhas olímpicas, 3


de ouro, 2 de prata e uma de bronze.

Li Ning

45
Seul 1988

Os Jogos Olímpicos de 1988 foram realizados em Seul, capital da Coreia do Sul. Após
os boicotes ocorridos nos jogos anteriores em Montreal, Moscovo e Los Angeles, estes
Jogos tiveram a presença de nações de todo o planeta, à excepção da Coreia do Norte,
sua vizinha comunista, que não teve atendido seu pedido para uma comparticipação
como sede olímpica e de Cuba que boicotou por solidariedade com o governo
comunista Norte Coreano. Países como a Etiópia, Ilhas Seychelles e Nicarágua não
participaram por não terem condições económicas para enviar as suas delegações.

Os Jogos de Seul contaram com a participação de 160 nações foram representadas por
um total de 8391 atletas: 6.197 homens e 2.194 mulheres. 237 Eventos foram
realizados. 27.221 Voluntários ajudaram a preparar os Jogos Olímpicos. 11331
Elementos da mídia (4978 da imprensa escrita e radiodifusão 6353) mostraram os Jogos
para todo o mundo.

Nos anos 80, o COI reconheceu oficialmente Kitei Son como Coreano e retirou a
medalha que fora atribuída ao Japão e colocada no palmarés da Coreia do Sul, Keite
Son havia ganho a medalha de ouro olímpica na maratona representando o Japão, que
nessa época ocupava militar e politicamente a Coreia. Em 1988, aos 75 anos Sohn Kee-
chug (o Kitei Son de Berlim1936) e 52 anos depois, um dos maiores heróis desportivos
da história entrou no estádio olímpico de Seul carregando a tocha olímpica, debaixo do
choro do locutor oficial e da ovação emocionada de seu verdadeiro povo, anfitriões
desses Jogos.

46
Kitei Son

O canadiano Ben Johnson que havia ganho os 100 metros Atletismo tendo batido o
recorde mundial, alcançando um inacreditável tempo para altura de 9 segundos e 79
centésimos numa prova vista por biliões de pessoas através da televisão, acusou positivo
no controlo anti doping pelo uso de um esteróide anabolizante chamado stanozolol. Este
foi o mais famoso e chocante caso de doping a nível mundial tendo a medalha sido
retirada ao canadiano e dada ao 2º classificado Carl Lewis. Johnson foi suspenso por
dois anos da prática da modalidade, tendo regressado 4 anos após em Barcelona mas
nunca conseguiu voltar ao nível que tinha apresentado ao longo da sua carreira
acabando eliminado nas meias finas desses jogos.

Ben Johnson

47
A atleta Kristin Otto, da Alemanha Oriental, é o maior nome da natação em Seul tendo
ganho seis medalhas de ouro.

Kristin Otto

Dois halterofilistas búlgaros foram testados positivo pelo controlo anti doping,tendo as
suas medalhas sido retiradas pelo COI. O escândalo fez com que a delegação da Búlgara
se retirasse dos Jogos.

Lawrence Lemieux, velejador canadiano que estava em segundo lugar rumo a uma
medalha de prata na regata final da sua classe, quando abandonou a prova para ajudar
um competidor tinha caído ao mar e se afogava. Lemieux acabou a prova apenas em 22º
lugar, mas foi premiado pelo COI com a Medalha Pierre de Coubertin pelo seu espírito
desportivo e humanitário.

Lawrence Lemieux

48
Rosa Mota vence a maratona, sendo a primeira atleta portuguesa a ser campeã olímpica.

Rosa Mota

A alemã Steffi Graf conquista a medalha de ouro olímpico no ano em que o ténis foi
reinserido no programa olímpico após 64 anos de ausência.

Steffi Graf

O atleta russo Serguei Bubka, medalha de ouro na competição de salto com vara, foi o
primeiro a passar a barreira dos 6 metros, tendo batido 35 vezes o recorde mundial.

Serguei Bubka

49
Barcelona 1992

Os Jogos Olímpicos foram realizados em Barcelona em 1992 e contou com a


participação de todos os países filiados ao COI, 169 nações, pela primeira vez desde os
Jogos de Munique em 1972, num total de 9.356 atletas. Pela primeira vez na história
dos Jogos foi permitido a participação de atletas profissionais.

Desde os Jogos anteriores, em 1988, o mundo testemunhou importantes mudanças


políticas. O apartheid foi abolido na África do Sul, o que permitiu o regresso deste país
aos Jogos, após 32 anos de ausência. Com a queda do Muro de Berlim em 1989, a
Alemanha voltou a participar como uma só nação (26 anos após a sua ultima
participação conjunta) assim como o Iémen. A União Soviética foi dividida após o
colapso do comunismo em quinze países independentes, que participaram sob uma só
bandeira: a CEI, Comunidade dos Estados Independentes. As repúblicas bálticas da
Estónia, Letónia e Lituânia, sob domínio soviético desde a II Guerra Mundial,
participaram sob sua própria bandeira como nações independentes pela primeira vez
desde 1936.

O desmembramento da Jugoslávia levou a Croácia, a Bósnia, Herzegovina e a Eslovénia


a participarem com suas próprias equipas nacionais. Devido a sanções das Nações
Unidas devido aos seus crimes durante a guerra á Jugoslávia remanescente não foi
permitida a sua presença nos jogos, porém atletas jugoslavos participaram
individualmente sob a bandeira olímpica.

50
Destaque para a equipa norte americana de basquetebol apelidada de “Dream Team”
constituída pela primeira vez por atletas da NBA. Nessa equipa fantástica que venceu a
medalha de ouro com exibições fantásticas que levaram os espectadores ao delírio
figuravam nomes como Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Scott Pippen entre
outros grandes jogadores da época.

“Dream Team”

A atleta etíope Derartu Tulu venceu a prova dos 10.000 metros em atletismo e tornou-se
a primeira negra africana a ganhar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos. Como
um sinal dos novos tempos, após a prova, ela e a segunda classificada, a sul-africana
branca Elana Meyer, deram a volta olímpica de mãos dadas, um símbolo de uma nova
África livre do apartheid.

Derartu Tulu e Elana Meyer

20 Anos após o massacre de Munique, Yael Arad tornou-se a primeira israelita a vencer
uma medalha olímpica conquistando a medalha de prata em judo (participando na
categoria de menos 61 quilos). No dia seguinte Oren Smadja tornou-se o primeiro atleta

51
israelita masculino a vencer uma medalha olímpica tendo conquistado a medalha de
bronze (participando na categoria de menos 71 quilos).

O ginasta bielorusso Vitaly Scherbo venceu seis medalhas de ouro, tendo conquistado
quatros delas no mesmo dia.

. Vitaly Scherbo

O russo Alexander Popov, um dos maiores nadadores de todos os tempos, venceu 2


medalhas de ouro e duas medalhas de prata. Popov repetiria o feito 4 anos após em
Atlanta.

Alexander Popov

52
Atlanta 1996

Os Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta marcaram o centenário dos Jogos Olímpicos da


Era Moderna. Estes jogos contaram com a presença de todas as 197 nações filiadas ao
Comité Olímpico Internacional, num total de 10.318 atletas, sendo 3.512 deles
mulheres. Estes jogos tiveram uma grande polémica aquando da escolha da cidade sede
dos jogos pois a comunidade olímpica internacional acreditava ser direito de Atenas
cidade berço dos jogos, acolhe-los no seu centenário na era moderna. Porém os
delegados do COI, no Congresso de 1990 em Tóquio, elegeram Atlanta como sede para
1996, com 51 votos contra 35 para Atenas. A escolha provocou protestos, acreditando-
se que os executivos do Comité Organizador de Atlanta haviam usado o poder
financeiro da cidade – sede mundial da Coca Cola, principal patrocinador do evento, e
da CNN um dos principais canais de televisão do mundo. Acusações de suborno aos
membros do COI foram inclusive veiculadas, sem provas. O Comité Olímpico justificou
sua escolha pelo facto de que acreditarem que a Grécia não teria condições de organizar
os Jogos em prazo tão curto, por falta de infra-estruturas. Além disso, os Jogos de
Atlanta, que se esperava seriam perfeitos, pelos vultosos recursos investidos na sua
organização, apresentaram vários percalços, como um inesperado problema nos
transportes, com engarrafamentos enormes pela cidade no período dos Jogos
dificultando a locomoção entre os locais de competição e o mais grave deles, um

53
atentado cometido com a explosão de uma bomba no Centennial Olympic Park, que
resultou na morte de uma pessoa e ferimentos em outras 111.

No discurso de encerramento, o Presidente do COI, Juan Antonio Samaranch referiu-se


aos Jogos recém terminados com um “Bom trabalho, Atlanta” ao invés do habitual
“Estes foram os melhores de todos os Jogos Olímpicos” dito no final da maioria dos
Jogos anteriores.

O atleta norte-americano Michael Johnson venceu as medalhas de ouro nos 200 e


400metro Atletismo. Batendo o recorde mundial por larga margem e fixando-o em
19,32 segundos, este recorde perduraria durante 12 anos.

Michael Johnson

O canadiano Donovan Bailey vence a prova de 100 metros Atletismo e bate o recorde
mundial fixando a marca em 9,84 segundos. Bailey venceu também a medalha de ouro
na estafeta de 4x100 metros.

Donovan Bailey

54
O ciclista espanhol Miguel Induráin, cinco vezes campeão da Volta de França e
considerado um dos maiores ciclistas de todos os tempos conquista a medalha de ouro
na prova de contra relógio.

Miguel Induráin

A comitiva portuguesa conquista 2 medalhas, uma de ouro e outra de bronze. A atleta


portuguesa Fernanda Ribeiro vence a medalha de ouro em 10.000 metros Atletismo.

Fernanda Ribeiro

Nuno Barreto e Hugo Rocha conquistam a medalha de bronze em vela na classe 470.

Nuno Barreto e Hugo Rocha

55
André Agassi sagrou-se campeão olímpico na modalidade de ténis. Agassi viria a ser
um dos maiores tenistas de todos os tempos.

André Agassi

Sidney 2000

Os Jogos Olímpicos de Verão de 2000 em Sydney, na Austrália contaram com a


presença de 10.651 atletas de 199 países em 300 eventos desportivos. Os maiores Jogos
Olímpicos de todos os tempos em número de atletas e de países ocorreram num clima
de paz e com uma excelente organização, que levaram o presidente do COI Juan
António Samaranch a dizer, na Cerimónia de Encerramento: “Estou muito orgulhoso e

56
feliz de declarar que vocês apresentaram ao mundo os melhores Jogos Olímpicos de
todos os tempos."

Na Cerimónia de Abertura, a pira olímpica foi acesa por uma descendente de aborígenes
Cathy Freeman num simbólico mea culpa dos australianos pela dominação e quase
extinção da raça indígena nativa da Austrália antes da chegada dos colonos Ingleses.
Freeman viria a ganhar nestes jogos a medalha de ouro nos 400 metros em atletismo.

No desfile das delegações, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul entraram no estádio


unidas sob a mesma bandeira pela primeira vez na história dos jogos porém as duas
nações competiriam separadas.

Durante o primeiro dia de competições, o presidente do COI, Juan Antonio Samaranch,


precisou viajar de volta para casa devido a uma doença da sua esposa. Quando chegou,
ela já havia morrido. Samaranch voltou para Sydney quatro dias depois. Durante este
período, a bandeira olímpica ficou hasteada a meio mastro, em sinal de respeito à esposa
do presidente.

O fenómeno australiano de 17 anos Ian Thorpe, para gáudio do público local, venceu 3
medalhas de ouro e duas de prata na natação, tornando-se um dos heróis destes jogos e
um dos melhores nadadores de sempre.

Ian Thorpe

A atleta norte americana Marion Jones torna-se a principal figura dos jogos a nível de
atletismo ganhou 3 medalhas de ouro e 2 de bronze tendo sido a primeira mulher a
conseguir 5 medalhas em atletismo numa só olimpíada. Em 2007, depois de acusações
de seu ex marido de ter corrido dopada, Jones admite ter usado doping para alcançar as
suas performances provocando um escândalo no mundo desportivo. Em seguida o COI

57
exigiu a entrega das suas medalhas e anulação dos seus resultados, sendo banida do
desporto por 2 anos. Após a sentença Marion Jones anunciou que encerraria a carreira
desportiva.

Marion Jones

A comitiva portuguesa conquistou 2 medalhas de outro através de Fernanda Ribeiro e


Nuno Delgado. Fernanda Ribeiro conquista a medalha de bronze os 10.000metros
atletismo. Nuno Delgado conquista a medalha de bronze em judo na disciplina de
menos 81 quilos.

Nuno Delgado

A moçambicana Maria Mutola ganha a primeira medalha de ouro de Moçambique, na


disciplina de 800metros atletismo.

58
Maria Mutola

O Afeganistão foi banido dos Jogos em 1999 devido ao regime Taliban que tinha
atitudes extremistas e discriminatórias perante as mulheres, não competindo em Sidney
apenas seria readmitido pelo COI em 2002 tendo participado nos jogos de Atenas 2004.

Atenas 2004

“Os Jogos voltam a casa”, a cidade berço Atenas capital da Grécia, 108 anos após o
inicio dos jogos da era moderna. Os Jogos de Atenas tiveram uma enorme popularidade
tendo tido cerca 3,9 biliões de pessoas em todo o mundo a acompanhar as competições

59
em mais de trezentos canais de televisão, um recorde na história olímpica. Alguns locais
de competição trouxeram uma grande carga de história: o estádio da cidade de Olímpia
em que foram disputados os Jogos na Antiguidade recebeu as provas de arremesso de
disco, as competições de tiro com arco decorreram no Estádio Panathinaiko, palco
central dos Jogos de 1896. Ao lado desse estádio, modernas instalações como o Estádio
Olímpico Atenas, totalmente reformado para receber o atletismo e as cerimónias de
abertura e encerramento. Estes foram dos jogos mais carismáticos da história.

Na véspera da cerimónia de abertura os atletas gregos Konstantinos Kenteris, (campeão


olímpico em títulos dos 200 metros atletismo) e Ekaterini Thanou (medalha de prata em
Sidney nos 100 metros atletismo) desistiram dos Jogos após se recusarem a fazer o
controlo anti doping.

O atleta chinês Liu Xiang venceu a medalha de ouro olímpica nos 110 metros barreiras
em atletismo, igualando o recorde mundial de Colin Jackson com o tempo de 12,91
segundos. Xiang tornou-se o primeiro chinês a vencer o ouro em atletismo pela china
tornando-se um ícone do desporto chinês.

Liu Xiang

O atleta marroquino Hicham El Guerrouj vence os 1500 e 5000metros em atletismo.


Feito apenas conseguido pelo mítico Pavvo Nurmi 80 anos antes nos jogos de Paris
1924.

60
El Guerrouj

O nadador norte-americano Michael Phelps vence 8 medalhas olímpicas, 6 delas de


ouro e 2 de bronze, sendo um dos principais heróis dos jogos.

Pela primeira vez na história dos jogos atletas transsexuais foram autorizados a
participar nos Jogos Olímpicos, com a condição (através de testes) de que as hormonas
presentes nos seus corpos não os favorecessem durante as provas.

Numas das melhores participações portuguesas de sempre, os atletas nacionais


conquistaram 3 medalhas olímpicas, 2 de prata e 1 de bronze. Francis Obikwelu
conquista a prata nos 100 metros atletismo com tempo de 9,86 segundos. Rui Silva
arrecada a medalha de bronze nos 1500metros atletismo.

F. Obikwelu Rui Silva

Sérgio Paulinho conquista a medalha de prata na prova de estrada em ciclismo.

61
S. Paulinho

Pequim 2008

62
Os Jogos Olímpicos de Verão de 2008 em Pequim na China contaram com um total de
10 500 atletas, tendo sido batidos 43 recordes mundiais e 103 olímpicos. O governo
chinês não mediu esforços para tentar realizar os maiores Jogos Olímpicos da história e
investiu bastante na infra-estrutura que acercou o evento, mais de 42 biliões de dólares.
Construindo principalmente um fantástico estádio olímpico (“O ninho do pássaro”) e
um também moderníssimo centro aquático (“cubo de água”) onde devido ao designe
hidrodinâmico da piscina potenciou a quebra de 25 recordes mundiais e 62 olímpicos na
natação. Durante a cerimónia de encerramento, o presidente do Comité Olímpico
Internacional, Jacques Rogge, declarou que foram "Jogos verdadeiramente
excepcionais". A escolha da China como país anfitrião gerou alguns protestos políticos
e por parte organizações não governamentais pelo fato do país não respeitar os direitos
humanos.

Estádio olímpico de Pequim.

”Cubo de agua”

O fenomenal norte-americano Michael Phelps (considerado o melhor nadador de todos


os tempos) conquistou oito medalhas de ouro, sete recordes mundiais e um olímpico na
natação, tornando-se o maior campeão olímpico da era moderna. Como reconhecimento
pelo esforço de Phelps, o COI concedeu-lhe a medalha Pierre de Coubertin.

63
Michael Phelps

O grande nome no atletismo dos Jogos foi o jamaicano Usain Bolt que venceu as provas
de 100m,200m e estafeta de 4x100metros e em todas elas batendo o recorde mundial.

Usain Bolt

A atleta russa Yelena Isinbayeva sagrou-se pela segunda vez consecutiva na prova de
salto com vara em altetismo batendo o recorde do mundo. Isinbayeva é considerada a
melhor saltadora com vara da história tendo já batido por 27 vezes o recorde mundial.

64
Yelena Isinbayeva

O lutador sueco Ara Abrahamian atirou a medalha de bronze que conquistou ao chão
em protesto contra a arbitragem da semifinal da luta greco-romana na categoria de
menos 84 quilos. O COI desclassificou o atleta e retirou-lhe a medalha conquistada.

A comitiva portuguesa conquistou 2 medalhas olímpicas, uma de ouro e outra de prata.


O português Nelson Évora sagra-se campeão olímpico na disciplina de triplo salto em
atletismo com a marca de 17,67metros.

Nelson Évora

A triatleta portuguesa Vanessa Fernandes conquista a medalha de prata na sua


modalidade.

65
Vanessa Fernandes

3. Ética nos Jogos

O desporto actual tem a sua origem nos jogos gregos, entre eles os muito conhecidos
jogos olímpicos, porém não foram os únicos, existiram também os Píticos, Nemeus e
Ístmicos. Todos em honra de Zeus, o Deus dos deuses. Os valores defendidos na época
resumiam-se a dois conceitos: Agôn e Areté. Agôn consistia na competição e superação
em busca da perfeição (Areté). O importante era representar e dignificar a sua cidade
estado (competia-se representando cidades estado tal como hoje se compete
representado países) e com os combates (primeiros jogos começaram por ser vários
tipos de lutas) o jovem grego buscava melhorar o seu desempenho, pois cada combate
proporcionava mutuamente aos lutadores a possibilidade de aprender e melhorar o seu
rendimento em busca do Areté. Para isso era cultivada a amizade e não o ódio entre os
atletas, pois para chegar a um estado de perfeição seria preciso ser nobre de espírito.
Entre 393 A.C e 394 A.C com a emergência do cristianismo no Império Romano e suas
ideologias, os cultos pagãos e tudo a eles inerente, começaram a ser exterminados e o
imperador Teodósio X termina com os Jogos, terminando assim a cultura desportiva
criada pelos gregos.
Porém, em 1896, um aristocrata francês, Barão de Coubertin, com o objectivo de fazer
renascer os verdadeiros valores do agôn lançou ao mundo a ideia de voltar a organizar
os jogos olímpicos, criando o lema olímpico: citius, altius, fortius (mais rápido, mais

66
alto, mais forte) que simbolizava a superação dos atletas, lançando ainda o mote “o mais
importante é participar”.
Actualmente as perspectivas vigentes são bem diferentes das da época dos jogos
antigos. Com o evoluir da sociedade o objectivo primordial tornou-se em todos os seus
sectores, ter-se sucesso (sendo que cada vez mais sucesso está-se a tornar um sinonimo
de lucro) a qualquer custo independentemente de como este possa ser atingido. Os
valores actuais da sociedade (ou falta deles) também são transmitidos para o desporto,
fazendo com que o os ideais do Agôn e Areté estejam a desaparecer. Devido a esta nova
faceta da Sociedade, em que a vitória deve ser obtida através de qualquer tipo de meios
necessários, surgiram fenómenos perversos dentro do desporto como a dopagem,
violência, corrupção e especialização precoce.

A dopagem é cada vez mais uma constante no desporto de alta competição, pois como
este se está a tornar mais competitivo, com métodos de treino mais evoluídos e atletas
cada vez com melhores marcas, estes, com o objectivo de ultrapassarem os limites do
seu próprio corpo e mesmo sabendo os riscos inerentes da sua utilização, preferem
arriscar a sua própria saúde em nome da vitória. Um dos grandes exemplos disso foi
Ben Johnson “O Homem mais rápido do Mundo” campeão olímpico por 48 horas em
Seul 88 na prova dos 100 Metros Atletismo, com a marca de 9s79, estabelecendo um
novo recorde do mundo que lhe foi retirado juntamente com a medalha de ouro
conquistada nesses Jogos. Após isso foi suspenso do atletismo, nunca mais voltando a
ser o mesmo atleta que tinha sido antes. Após o seu regresso, não foi capaz de passar as
semifinais em Barcelona 92,sendo, mais tarde novamente controlado positivamente para
o doping e banido de vez da modalidade.

Outro factor que vai contra a ética desportiva é a violência, cada vez mais existe
violência no desporto tanto por parte dos praticantes como pelo público. O respeito
mútuo entre atletas desapareceu completamente, fazendo tudo para que eles ou a sua
equipa saíssem vencedores. Não respeitando as regras nem a integridade física dos seus
adversários. Tal como o publico que em massas perde completamente a razão,
recorrendo à violência provocando incidentes como morte e ferimentos de adeptos que
acontecem muitas vezes após jogos em que a rivalidade entre clubes é mais acentuada.
Um caso recente de violência gratuita foi a agressão de Zinedine Zidane a Marco
Materazzi na final do campeonato do mundo de Futebol 2006,onde o defesa transalpino

67
Materazzi provocou o francês Zidane no intuito de tirar um possível beneficio duma
destabilização emocional do adversário. Resultando na agressão e consequente expulsão
do médio francês, conseguindo assim a Itália anular a pressão crescente exercida pela
formação gaulesa e levando o jogo para a decisão por grandes penalidades, através da
qual se sagraram campeões mundiais.

Outro factor extremamente negativo no universo desportivo é a corrupção, a adulteração


de resultados, através de meios ilícitos como subornos, chantagens e quaisquer outras
formas que se possa imaginar está a fazer com que se perca a tão importante verdade
desportiva. Aquela que faz com que o publico vá aos estádios, pavilhões e outros
complexos desportivos assistir e de facto sustentar a grande indústria em que se tornou
hoje em dia. Com todo o espectáculo adulterado o público irá perder o interesse e o
desporto tomará um caminho de descrédito completo e sem retorno. Como o caso do
“Calcio Caos” em que dirigentes de grandes clubes como a Juventus, AC Milan,
Fiorentina e Lazio, aliciaram jogadores adversários e árbitros para falsearem os
resultados para seu beneficio. Descoberta a trama por uma investigação policial, a
Juventus que se tinha sagrado campeã nessa época foi despromovida e os restantes
clubes envolvidos começaram a época seguinte com pontos negativos. Este escândalo
correu o mundo e desacreditou por completo uma das ligas mais importantes e
prestigiadas do mundo como a italiana.

Por fim, a especialização precoce é um fenómeno que se pode considerar moderno no


desporto, com o objectivo de cada vez mais cedo aperfeiçoar as qualidades do jovem
atleta, os treinadores colocam cargas de treino extremamente elevadas para o qual o
corpo do atleta tanto a nível muscular como articular não estão prontos para suportar.
Consequência deste processo: o atleta contrai a médio/longo prazo inúmeras lesões,
algumas delas crónicas e graves. Na modalidade de ginástica artística (antiga ginástica
desportiva) a flexibilidade e leveza dos atletas é um factor extremamente importante na
qualidade do seu desempenho (principalmente em atletas de sexo feminino). Sendo que
essas qualidades estão no seu auge na infância e adolescência. Os atletas desde muito
tenra idade (4 anos) são treinados de forma intensa com o objectivo de as conseguir
potenciar ao ate ao seu limite. Mas como toda a bela tem o senão, este treino faz com
que os atletas pelo volume e intensidade de treino excessivos para a faixa etária, a
puberdade seja atrasada, porque o cansaço e stress dos treinos e competições retardam o

68
crescimento. Uma das lendas da ginástica Olga Korbut sofreu as consequências da
especialização precoce, tendo ela começado a treinar de forma intensa aos 8 anos, não
permitindo o seu desenvolvimento normal. Chegando aos Jogos Olímpicos de Munique
1972 com 17 anos 1,50 de altura e 40 quilos. Tendo conquistado 3 medalhas de Ouro
nesses Jogos. Passados 4 anos, nos Jogos de Montreal 1976, Olga teve um desempenho
decepcionante apenas conseguindo a medalha de ouro por equipas. Após esses jogos
preferiu retirar-se da competição vindo mais tarde revelar que o seu corpo havia
trabalhado demais e a sua energia se tinha extinguido (claro sinal de especialização
precoce, pois com 21 anos uma atleta ainda deveria estar no auge das suas capacidades).

A falta de ética no desporto é muito mais do que o não cumprimento de uma regra de
jogo ou não mandar a bola para fora quando um adversário está estendido no chão. Vai
muito para além disso, corrompendo a todos os níveis tudo o que o desporto traz de são
a sociedade, afectando todos os seus intervenientes como: atletas, árbitros, dirigentes,
publico e por fim a verdade desportiva. Por isso todos nós devemos fazer um esforço
para que a justiça desportiva impere, preservando os valores do Agôn e Areté.

4. Doping

A questão do doping remonta a vários séculos atrás, ao início dos jogos olímpicos
(origem do desporto). O doping existe a partir do momento em que o ganhar as provas
providência prestígio. Os gregos tomavam chás de plantas para lhes melhorar o
rendimento; hoje em dia isso seria detectado pelo controlo anti doping.
Com o desaparecimento dos jogos olímpicos o desporto foi sendo esquecido durante
séculos e sem competição não existiria razão para o uso de doping.
Com o reaparecimento dos jogos olímpicos modernos pela mão do Barão Pierre de
Coubertin e seus pares, o desporto voltou a ter um impacto social tão grande ou maior
do que tinha na antiguidade, e essa foi a catapulta de que necessitou para vingar como
fenómeno social importantíssimo capaz de mover multidões. Promovendo o desporto
como meio de prestígio, voltou o recurso á dopagem. Devido ao estado pouco
desenvolvido dos sistemas de controlo na altura, a dopagem era proibida mas usual
entre os atletas. Com o início da Guerra Fria os países envolvidos (EUA e ex. URSS),
levaram a sua politica para dentro do desporto. Encheram os seus atletas de esteróides

69
anabolizantes para melhorar o seu rendimento, porem isso tornou-se por demais
evidente pois este tipo de substâncias provoca alterações muito significativas no corpo
dos atletas que as tomam. Chegou-se a um ponto em que ou se intervinha, salvando o
desporto que estava próximo do precipício, ou se deixava o deporto ir num caminho
sem retorno, tirando-lhe toda a credibilidade e prestigio que alguma vez teve. Nesta
altura com o avanço da medicina e novas tecnologias, o controlo tornou-se muito mais
eficaz e a caça aos infractores das regras da Agencia Mundial Antidopagem feroz,
devolvendo ao desporto alguma da sua pureza e credibilidade.
Mesmo assim o doping ainda existe, sendo inventadas sempre novas artimanhas para
conseguir melhorar o rendimento dos atletas de forma ilícita, sem serem apanhados pelo
controlo.
A dopagem trouxe inúmero aspectos negativos ao desporto como a adulteração de
resultados, como foi o caso de Ben Johnson, que ganhou a final olímpica dos 200
metros Atletismo, chegando mesmo a bater o recorde mundial da distância, sendo após
os controlos desclassificado.
O doping potencia o rendimento mas também tem o reverso da medalha, destruindo o
corpo, atacando órgãos vitais como coração, rins e fígado. Provoca também cancro,
problemas cardíacos, problemas de pele e não só, dependendo da substância inalada
pelo atleta, sendo que atletas e ex. atletas que se doparam morrem sofrendo
consequências do seu uso. Casos muito conhecidos são os dos ex. ciclistas.
O uso de potenciadores de rendimento faz com que os atletas melhorem
substancialmente as suas marcas/desempenhos chegando a performances muito acima
da média fazendo cair recordes, como Justin Gatlin que ganhou o titulo mundial de 100
metros atletismo e foi controlado positivamente no anti doping, perdendo assim todo o
mérito da sua vitoria. Falo por experiência própria quando digo que o doping prejudica
gravemente a saúde. Eu próprio, em seguida à recuperação de uma lesão que contraí no
músculo gémeo, na ânsia de voltar à forma que tinha antes, tomei uma substância para
potenciar o rendimento e tive problemas cardíacos.
A busca pela perfeição no rendimento é extremamente comum nos atletas, e cega
muitos deles não olhando a meios para atingir fins. Porém a vida está acima de tudo,
não nos devemos deixar cegar pela ambição. Devemos deixar-nos guiar pela ética e
dessa forma tirar o melhor proveito possível do nosso rendimento, sem problemas de
consciência e principalmente sem problemas de saúde, pois a vida está acima de tudo o
resto.

70
A dopagem sempre existiu e sempre existirá, cabe a cada atleta evitar ser influenciado
pela ânsia incessante da vitória a todo o custo que existe em cada um e que apenas nós
atletas compreendemos. As tecnologias podem evoluir, os controlos tornarem-se mais
apertados e mais eficazes porém, existirá sempre quem rompa a ética que Pierre de
Coubertin implementou: ” não importa ganhar, importa sim participar e dar o melhor de
si.”

5. O Desenvolvimento Desportivo

Hoje em dia o desporto é extremamente importante na sociedade moderna. O desporto


propagou-se de tal forma que é visto já como sendo uma cultura e como um meio
profissional a seguir. O desporto alastrou-se para todo o mundo sendo que, tanto a sua
prática como visionamento é feito por milhões á volta do globo. Em tempos, o desporto
era apenas praticado pela aristocracia como entretenimento. O resto da sociedade
trabalhava o dia todo, não existindo transportes ou maquinaria para ajudar nas suas
actividades tinham um dispêndio de energia suficiente para estarem em “forma” por
assim dizer. Com a revolução tecnológica em que apareceram meios de transporte e
maquinas para fazer o trabalho antes feito manualmente a população foi tendo cada vez
menos actividade física estando cada vez mais sedentária, sendo que nessa altura
desporto não era visto como forma de promover saúde como nos dias de hoje. Hoje em
dia, o desporto trata-se de uma actividade física, regulamentada, de carácter individual
ou colectivo, cuja finalidade é alcançar o melhor resultado ou vencer lealmente em
competição. Tendo o desporto começado a tornar-se democrático, ou seja acessível a
toda sociedade e visto como um promotor de saúde indispensável. O desporto
desenvolveu-se principalmente através de clubes e posteriormente federações.
À medida que o desporto tem evoluído e expandido, tem-se constituído como uma fonte
geradora de novas profissões, tais como treinadores, atletas profissionais, roupeiros,
médicos, massagistas, gestores desportivos, jornalistas desportivos, entre outros. Com a
evolução industrial do desporto os Atletas de alta competição de modalidades como
Futebol, Basquetebol, Basebol, Futebol americano, Ténis entre outras recebem salários
e prémios astronómicos e cada vez mais inflacionados pelo rendimento comercial do

71
desporto. Esta indústria gera muito dinheiro sendo incrível que uma actividade que
antes era feita apenas por prazer hoje em dia faz de alguns dos seus melhores praticantes
pessoas milionárias. Com o desenvolvimento do desporto muitos clubes desenvolveram
SAD`s (Sociedades anónimas desportivas) e estão cotados agora cotados na bolsa.
Havendo agora inclusive clubes que são comprados por empresários como acontece
com diversos clubes ingleses (entre os mais mediáticos o Chelsea e o Manchester) pois
vem o futebol como fonte de receitas e investem comprando as acções do clube
tomando assim controlo dos seus destinos. Em Portugal porem isso não se passa pois os
clubes não põem mais de 49 % das suas acções a venda logo mesmo que algum
empresário comprasse as acções estaria sempre em minoria e então continuam a haver
eleições de modo democrático, através dos seus sócios para as direcções dos clubes em
Portugal. Os atletas tornaram-se celebridades aparecendo em todos os jornais não só
desportivos como em outros tempos, sendo considerados heróis nacionais e modelos a
seguir pelos mais jovens que os idolatram. Os atletas passaram a ter ainda mais a
obrigação de serem cidadãos exemplares pois com grande fama vem grande
responsabilidade não só desportiva mas social. Estes indivíduos beneficiam de grandes
regalias e direitos na sociedade sendo que a sua profissão lhes concede o estatuto de alta
competição podendo por exemplo entrar em qualquer faculdade ou curso que queiram
pois existem vagas exclusivas para atletas deste nível e possibilidade de faltar a aulas
pois é considerado que estão a servir a nação. Porém nem tudo é um mar de rosas.
Existem desvantagens pois a carreira destes atletas é curta e de alto risco, podendo
ocorrer lesões graves que os incapacitam para a modalidade e lhes retiram o seu meio de
sustento. Para além disso, a qualquer momento o seu rendimento desportivo pode
degradar-se devido a outras causas e assim ficar desempregado pelo que o leque de
atletas ricos dentro do desporto é de apenas 1% dos praticantes e a carreira tem uma
duração aproximada de 10 a 15 anos. A partir daí, os atletas sem formação académica
ou escolar ou outra habilitação profissional dependem do dinheiro amealhado durante a
carreira, caso tenha sido bem investido. Existem atletas que por não saberem gerir bem
o dinheiro desperdiçam fortunas, acabando a carreira na miséria. Por isso hoje em dia
desenvolvem-se projectos para que os atletas não tenham de abandonar os estudos tendo
sido criadas medidas como o estatuto de alta competição e a criação do CAR (centro de
alto rendimento) em que os atletas tem condições de treinar e competir ao mais alto
nível e prosseguir os estudos com vista a habilitá-los para a vida pós atlética. Existem
cursos com vista a formar os treinadores e dirigentes para melhor gerir o

72
clube/equipa/atleta, onde os treinadores aprendem como gerir os atletas a nível físico,
técnico, táctico e psicológico. Actualmente os treinadores são obrigados a terem os
diplomas para poderem exercer a sua função. No futebol existem 4 níveis de graduação
(apenas treinadores com o 4º nível podem exercer funções na 1º divisão nacional). O 1º
e 2º nacionais e o 3º e 4º nível europeu (UEFA). Existem também cursos de formação
superior na área do desporto que englobam desporto de alta competição como treino de
alto rendimento (destinado a futuros treinadores) e gestão desportiva (destinado a
futuros dirigentes desportivos). A vida de alguém que está no desporto de alta
competição tem vantagens e desvantagens. Por um lado, a possível fama, sucesso e
dinheiro e por outro lado a excessiva exposição mediática, falta de privacidade e grande
pressão por resultados.
O desporto na sociedade moderna tornou-se num fenómeno desportivo muito
importante na cultura de cada país. Cada país é identificado pela sua modalidade
predilecta (por exemplo: quando se fala em Estados Unidos pensa-se no Basquetebol,
Futebol Americano, basebol. Inglaterra: Futebol. Nova Zelândia: Rugby. etc…).
Os eventos desportivos mais importantes param literalmente o país como por exemplo
quando há um Sporting – Benfica. Portugal pára para ver o jogo que mexe com as
emoções de quase todos os habitantes. Finais de Campeonato do Mundo de Futebol,
Jogos Olimpicos, são alguns dos eventos desportivos acompanhados através da
televisão por milhões de telespectadores a nível mundial. Assim fica patenteada a
importância do fenómeno mundial que se tornou o desporto e que não deixa ninguém
indiferente.
O desporto como foi referido anteriormente foi democratizado e tornado acessível a
todas a classes sociais. Com o evoluir da sociedade foram criados clubes desportivos
para diversas modalidades cativando jovens para a sua prática na vertente de
competição no intuito de conseguir ter bons jogadores para o escalão principal
(seniores). Estes clubes afiliaram-se a federações tendo como principal objectivo a
competição que depois no seu auge é o desporto profissional. Foram aparecendo outros
tipos de clubes, com o objectivo não de competição mas sim de promoção da actividade
física e saúde (actualmente apelidados de “Health clubs”). Ou seja o Desporto dividiu-
se em 2 grandes planos: Desporto de Competição e Desporto de Manutenção.

6. Contexto Pessoal, História de vida

73
O meu nome é Hugo Figueiredo, tenho 20 anos e nasci em Lisboa. Até aos 11 anos
praticava desporto (natação, basquetebol, futebol) mas tudo como qualquer criança,
apenas para brincar. Até o verão de 2000, em que vi pela primeira vez a selecção
portuguesa de futebol a jogar no Euro 2000. Antes, nunca acompanhei desporto apesar
da minha família ser quase toda de desportistas, apenas praticava. Nesse verão, vi uma
selecção portuguesa constituída por o que os comentadores intitulavam de a “geração de
ouro”, em que jogavam Luís Figo, Rui Costa, João Viera Pinto, Vítor baia, Nuno
Gomes entre muitos outros. O jogo era Portugal – Inglaterra e Portugal aos 20 minutos
perdia por 2-0. Aos 22 minutos, Luís Figo remata uma bola do meio campo e bate o
guarda-redes inglês David Seaman. Fico estupefacto, Portugal praticava um futebol
atractivo de ataque até que aos 37 minutos, João Viera Pinto marca um golo de cabeça
(que viria a ser considerado o melhor do europeu). Portugal estava de volta ao jogo e eu
a viver o jogo intensamente e a achar extremamente cativante. Quando aos 59 minutos,
Nuno Gomes marca o golo da reviravolta, foi o delírio completo! Eu que nunca liguei
nenhuma a ver desporto estava completamente fascinado! No jogo seguinte, sofri e vi
Portugal a bater a Roménia que tinha um jogador que eu achei fantástico (Gheorghe
Hagi). Aos 94 minutos na compensação com um golo de Costinha (lembro-me
perfeitamente de tudo) foi o delírio…, estávamos apurados para a fase seguinte!
Comecei a pesquisar na internet para conhecer melhor aqueles jogadores, fui decorando
os nomes de todos. Contra a Alemanha vencemos 3-0 com 3 golos de Sérgio Conceição.
Que magnifica selecção! Ainda hoje considero ser a melhor selecção que já tivemos!
Nos quartos de final vencemos a Turquia com 2 golos de Nuno Gomes… estávamos nas
meias-finais!!! Era vencer mais um jogo e estávamos na final! O jogo foi contra a
França, marcámos primeiro por Nuno Gomes, depois Henry empatou para os franceses.
Fomos a prolongamento, Portugal inteiro com o coração na mão até que o nosso defesa
direito mete a mão na bola dentro da grande área. Penalti para a França que Zidane
converteu, eliminando-nos…que tristeza, que revolta! O tumulto gerou-se após o fim do
jogo e eu, como muitos, fiquei magoado e triste. Mas tinha-se instalado em mim um
bichinho que me fez querer saber mais e mais de desporto. Acompanhei a final e torci
pela Itália que tinha um fantástico jogador (Totti) mas tal como nós, perderam no
prolongamento quando estiveram a beira do título. Comecei a acompanhar as noticias
desportivas e um clube agradou-me muito. Era o Sporting! Equipavam-se de verde e

74
tinham contrato vários jogadores da selecção nesse verão (João Pinto, Sá Pinto, Paulo
Bento, Dimas) para além de Beto e Rui Jorge que já faziam parte do plantel
sportinguista (que além do mais eram os campeões nacionais em titulo). Simpatizei com
o clube e tornei-me um observador atento de futebol. Pensei em jogar futebol a sério
mas ainda eram férias e os clubes eram longe de minha casa (a minha mãe não tinha
carro para me levar e trazer dos treinos). Em Setembro desse ano, começou outro evento
que me fascinou tanto ou mais, os Jogos Olímpicos de Sidney. Modalidades e mais
modalidades e eu colado ao televisor! Queria ver tudo mas o que me captou especial
atenção foi uma dupla portuguesa de voleibol de praia. Eram o Miguel Maia e João
Brenha! Os comentadores afirmavam que tinham ficado em 4º lugar nos anteriores
jogos em Atlanta (quatro anos atrás) e que desta vez queriam uma medalha. Assisti aos
jogos deles e vibrei, que desporto fantástico! Infelizmente não lograram o objectivo e
ficaram pelo quarto lugar mas tinha imensa admiração por eles que quis praticar
voleibol de praia como eles. Não existia nenhum clube com voleibol de praia mas um de
voleibol de pavilhão em que cada equipa tinha 6 jogadores. Fiquei radiante e inscrevi-
me no CNG, um dos melhores a nível de formação de Portugal. Não fazia ideia disso e
para mim o importante era jogar. O meu treinador chamava-se Peytchev ex jogador da
selecção Búlgara e ex jogador do Benfica. Grande treinador, ensinou-me a técnica de
voleibol como ninguém. Comecei a competir nos campeonatos de gira-volei,
campeonatos de Lisboa contra equipas como o Benfica. Entretanto ia vendo sempre
voleibol e futebol e a minha atenção foi-se virando para as várias modalidades em que a
selecção portuguesa e o Sporting se faziam representar. Eu não gostava de lêr e a única
coisa que lia eram notícias sobre desporto. O meu desempenho escolar na disciplina de
português era fraco pelo que a minha mãe para me incentivar a lêr comprava-me todos
os dias o jornal “A bola”. O meu vocabulário foi aumentando e cultura geral também.
Era muito curioso, adorava historia e fui aprendendo história do mundo e do desporto
com o meu avó. Entretanto os anos foram passando e fui ficando no voleibol. Sentia que
tinha de escolher entre futebol e voleibol mas preferi o voleibol pois era bastante dotado
de talento e tinha capacidade para chegar muito longe. Queria também jogar futebol mas
a minha mãe dizia que tinha de estudar para ter uma boa base para a vida. Fui-me
formando como jogador de voleibol, competi até aos 16 anos data em que após ser
chamado para fazer treinos de captação para a selecção nacional me lesionei. Perdi a
oportunidade e desanimei. Mais tarde regressei mas desentendi-me com o treinador e
quis seguir outro desporto que amava, o futebol. Fui jogar futsal durante 1 ano para o

75
Núcleo do Sporting de Tires para me desenvolver tecnicamente para ir mais tarde para o
futebol de 11. Infelizmente nesse ano lesionei-me gravemente no joelho devido á minha
musculatura (devido a ter musculatura adaptada por muitos anos de voleibol) não estar
preparada para um desporto de mudanças de direcções abruptas como o futsal e pelo
facto de ser muito combativo e mesmo lesionado e com dores fazer questão de jogar.
Tomei creatina para melhorar a minha performance desportiva pois com as constantes
lesões estava a perder o ritmo competitivo. O resultado foi péssimo pois tive uma
sobredosagem e tive taquicardia. Parecia que o coração me ia saltar do peito, que ia ter
um ataque cardíaco. A partir daí nunca mais toquei em substâncias para melhorar o
rendimento. Soube as consequências drásticas que o doping podia ter nos meus órgãos
internos como coração, rins, fígado, provocar cancro. Não sabia onde me estava a meter,
era muito jovem e imprudente até então. Tive consciência que não bastava apenas
praticar e perceber ligeiramente de treino e tinha que perceber o corpo humano como ele
é e funciona e a acção e consequências das substâncias dopantes. Li muitos livros
técnicos de desporto para perceber o corpo humano, o seu alcance, o seu limite, a
metodologia de treino, a organização desportiva. Fui percebendo que o desporto mexia
não só com o corpo humano mas também com muitos outros interesses. Que o
desempenho dos atletas ou equipas teria ingresses políticos e económicos por trás. Fui
tentando descodificar o mundo do desporto através de muita leitura e pesquisa. Assisti a
muitos programas e fui percebendo que o desporto era um extracto da sociedade que
tinha os mesmos vícios e os mesmos interesses. Mas tal como tudo, não era só negativo,
tinha a beleza da competição pura de lutar para ser o melhor, pelo amor ao desporto e á
competição. Tinha a certeza, era esse o meu futuro, queria entrar no mundo do desporto!
Tenho as minhas próprias ideias e quero implementá-las, quero fazer a diferença, quero
inovar! Porque é possível melhorar toda a organização/metodologia que está
implementada, o tempo dos velhos do Restelo acabou! Tem que começar uma nova era,
com uma nova geração, com gente formada em desporto e que gosta de desporto pelo
que é não por interesses pessoais, com mentalidade ganhadora e conquistadora. Essa
nova geração está-se a formar em Portugal e a grande cara da nova geração é José
Mourinho um treinador que não tem medo de quebrar os dogmas das antigas
organizações e métodos e inovar ou seja evoluir! Entretanto, recuperando da lesão e fui
correndo e quando estava recuperado fui treinar ao Carcavelos apenas pelo prazer de
jogar. Um amigo meu que corria maratonas sabendo que eu gostava de correr convidou-
me para correr com ele. Eu aguentava-me bem, sempre tive resistência e ele disse que

76
eu tinha jeito e que devia experimentar atletismo. Fui treinar para o estádio universitário
onde um treinador do Benfica me observou e disse que tinha potencial para ser atleta de
meio fundo. Outros treinadores foram-me dizendo que devia seguir o atletismo pois
tinha capacidade de chegar a profissional. Era o que eu mais ambicionava (ser atleta de
alta competição) e deixei o futebol para trás para evitar lesões. Para me dedicar
exclusivamente ao atletismo seriam treinos todos os dias e não teria tempo para estudar.
Decidi que preferia estudar e praticar menos atletismo (desporto no qual poderia ter
hipótese de concretizar um dos meus maiores sonhos, participar nos jogos olímpicos
pois nesta modalidade cada atleta está em pé de igualdade, não depende de uma equipa.
Todos tem hipóteses iguais independentemente da sua nacionalidade, religião, cultura,
ou raça. “Apenas” é necessário conseguir atingir os mínimos olímpicos). Não fiquei no
Benfica e fui para um clube de Oeiras (mais uma vez o futebol ficou para segundo
plano) e fui participando em corridas e ficava bem classificado. Porém para chegar ao
nível dos melhores eram necessários dois treinos diários e não teria tempo para a
namorada nem para a escola. Preferi então manter-me como estava com atletismo e não
ir para o mais alto nível, queria estudar, porque se um dia tivesse uma lesão sem
formação académica acabava a carreira e não teria como me sustentar enquanto que
continuando a estudar aprofundaria os meus conhecimentos desportivos e formar-me- ia
como sempre ambicionei. Trabalharia no meio em que amo podendo me dedicar aos
amigos, á namorada e finalmente ao futebol. Agora espero apenas que termine a
recuperação da minha lesão na atm (articulação temporo-mandibular) para voltar a fazer
o que mais amo e cumprir outro sonho que é jogar futebol.

7. Escolha da cidade sede Olímpica

A escolha é feita por uma eleição do concelho do Comité Olímpico Internacional onde
as cidades que se querem candidatar fazem através dos seus comités olímpicos
nacionais as suas propostas ao COI que avalia dentro de parâmetros de segurança,
potencial económico, desportivo, social e viabilidade politica. As cidades que tiverem
os mínimos exigidos vão a uma votação com outras cidades. A escolha como cidade
olímpica traz muitas receitas directas e indirectas à cidade escolhida, por isso muitos
interesses estão em jogo. Há muito tempo que a eleição deixou de ser imparcial, sendo
que o jogo de bastidores é muito forte. Nas últimas votações para os jogos, o Rio de

77
Janeiro venceu e irá acolher os jogos de 2016 apesar de a sua candidatura ser
substancialmente inferior a todas as outras candidaturas (Madrid, Tóquio e Chicago).
Pouco tempo antes, o presidente brasileiro comprou armas nucleares a França, tendo por
isso contado com o apoio de Nicolas Sarkozy, presidente Francês facto muito
importante, pois o fundador dos jogos da era moderna era francês (Coubertin) e a
influência francesa dentro do COI é muito forte não apenas devido a esse facto mas
também por ser um potência mundial que influenciou e de que maneira a tendência de
voto. Esta ultima eleição foi um exemplo cabal do jogo de interesses em que se tornou a
escolha da cidade sede. Os representantes das delegações nas eleições deixaram de ser
os presidentes dos comités nacionais mas os lideres políticos, fazendo com que a sua
influencia ganhe votos. Apesar de tudo existem aspectos positivos com a eleição das
cidades como anfitriãs dos jogos pois promovem também a paz e a descentralização do
poder. Tendo a eleição de cidades como St. Louis, Antuérpia, Los Angeles, Melbourne,
Munique, Montreal, Atlanta, Sidney contribuído para o seu desenvolvimento e
descentralização dos poderes que se situavam apenas nas capitais dos respectivos
países.Com o turismo e todas as receitas económicas a cidade e a sua população tem
uma grande ajuda em termos de desenvolvimento a todos os aspectos. A escolha de
cidades sede beneficia muito a cidade/país que acolhe porém as votações deveriam ser
mais imparciais e regularem-se apenas pelo código de ética olímpico e deixarem outros
interesses de fora, tal como nas competições desportivas “que o melhor ganhe”.

8. Poder da Comunicação social

A mídia ou comunicação social tornou-se hoje em dia num dos instrumentos de


informação mais poderosos no mundo democrático. A sua influência nota-se em
qualquer área: política, economia, cultura ou desporto. São formadores de opinião, por
isso os governos ditadores manipulam e censuram a comunicação social para dessa
forma também controlarem o povo fazendo com que tenham “imprensa favorável”. A
mídia foi uma das grandes responsáveis pela criação da indústria desportiva como se
conhece hoje. A divulgação do espectáculo desportivo, promove o desporto fazendo
com que seja visto por grande massas que por sua vez se reflecte em lucro tanto para os

78
agentes desportivos como para a própria comunicação social. Através das suas
publicações o mundo todo sabe das notícias em cima do acontecimento. Um dos eventos
mais vistos mundialmente são os jogos olímpicos. Durante 2 semanas, de 4 em 4 anos o
mundo pára para ver o evento desportivo mundial. Durante essas 2 semanas milhares de
jornalistas e centenas de televisões cobrem o mítico evento. Graças ás suas
performances os atletas ganham rótulo de ídolos nacionais, sendo as suas provas
transmitidas em directo para centenas de países para delírio dos adeptos desportivos. A
comunicação social tem um grande impacto na sociedade. Se a qualidade de
determinado atleta é posta em causa ou criticado o seu comportamento profissional, os
ouvintes ou leitores assumem isso como uma verdade absoluta fazendo com que esse
atleta ou no caso de uma equipa sofram uma tremenda pressão mediática e por tabela,
dos adeptos, que vão muitas vezes atrás do que lhes é dito. Porém, também acontece o
contrário, em que um atleta ou equipa são beneficiados por ter uma imprensa a seu
favor. Hoje em dia a comunicação social tornou-se imensamente poderosa e de facto o
ideal é que seja completamente imparcial pois a sua influência na formação de opinião
pode mudar o decurso da historia. Um dos exemplos deste efeito nefasto da
comunicação social é o impacto de determinada comunicação social sob os eleitores em
campanhas políticas.

9. Património cultural e artístico

Os jogos olímpicos tornaram-se muito mais do que um evento desportivo. Tendo sido
criados em 776 A.C, as olimpíadas tornaram-se um evento cultural que simboliza a paz
entre os povos, com origem em Olímpia na histórica época da Grécia antiga,
democracia ateniense e de grandes filósofos como Sócrates e Platão.
Conta a historia que as cidades estado gregas que estavam em constante guerra paravam
para a sua realização havendo uma trégua no período olímpico. As ruínas de Olímpia
tornaram-se património mundial e a estátua de Zeus esculpida pelo célebre ateniense
Fídias é considerada uma das 7 maravilhas do mundo antigo. Os jogos simbolizavam a
arte do desporto, o corpo masculino era venerado e estátuas de homens nus eram
esculpidas. O corpo masculino era o símbolo do belo ao contrário de hoje em dia em
que esse rótulo pertence ao corpo feminino. Os homens competiam nus para assim
exibirem a sua forma e o desporto era visto como uma forma de arte, sendo os desenhos

79
dos atletas a lançarem o disco ou o dardo uma das figuras desportivas mais reconhecidas
artisticamente.
Os jogos antigos, as estátuas, as lendas dos atletas, representavam o belo. Os jogos
olímpicos significavam história, cultura e arte.

10. CONCLUSÕES

Os Jogos Olímpicos começaram por ser eventos desportivos onde o ser humano era
glorificado e personificado nos atletas de excelência pelo seu esplendor em termos de
capacidade física. Hoje em dia, os Jogos Olímpicos deixaram de ser eventos meramente
desportivos para se tornarem também num palco de forte exposição mundial ( fruto da
evolução da capacidade de divulgação da informação pela comunicação social)
tornando-se um período com cariz político pois tem sido aproveitado para denunciar,
divulgar, alertar, para vários aspectos com que a sociedade humana se preocupa. A paz
mundial, os direitos do Homem, a igualdade de oportunidades, direitos e deveres entre
os homens e mulheres, a luta contra o racismo e xenofobia, a defesa da ética, o direito á
liberdade e independência dos povos, os direitos das crianças, direito á religião,
protecção ambiental do nosso planeta para as gerações vindouras, são os principais
estandartes de unificação da humanidade que são enaltecidos com os jogos.
A história dos jogos olimpicos reflecte a evolução da sociedade humana.

Anexos

80
Quadro de medalhas

A tabela de todas as medalhas ganhas por países em jogos olímpicos de Verão e Inverno

Pais          T    
                 
                 
AFG
12 0 0 1 1 0 0 0 0 0 12 0 0 1 1
Afeganistão
ALG
11 4 2 8 14 2 0 0 0 0 13 4 2 8 14
Argélia
ARG
22 17 23 26 66 16 0 0 0 0 38 17 23 26 66
Argentina
ARM
4 1 1 7 9 4 0 0 0 0 8 1 1 7 9
Arménia
ANZ
2 3 4 5 12 0 0 0 0 0 2 3 4 5 12
Australásia
AUS
24 131 137 164 432 16 3 0 3 6 40 134 137 167 438
Austrália
AUT
25 18 33 35 86 20 51 64 70 185 45 69 97 105 271
Áustria
AZE
4 4 3 9 16 3 0 0 0 0 7 4 3 9 16
Azerbeijão
BAH
14 3 3 4 10 0 0 0 0 0 14 3 3 4 10
Bahamas
BRN
7 1 0 0 1 0 0 0 0 0 7 1 0 0 1
Bahrein
BAR
10 0 0 1 1 0 0 0 0 0 10 0 0 1 1
Barbados
BLR
4 10 20 36 66 4 0 3 3 6 8 10 23 39 72
Bielorrússia
BEL
24 37 51 51 139 18 1 1 3 5 42 38 52 54 144
Bélgica
BER
16 0 0 1 1 5 0 0 0 0 21 0 0 1 1
Bermudas
BOH
3 0 1 3 4 0 0 0 0 0 3 0 1 3 4
Boémia
BRA l 20 20 25 46 91 5 0 0 0 0 25 20 25 46 91
BWI
Federação das
1 0 0 2 2 0 0 0 0 0 1 0 0 2 2
Índias
Ocidentais
BUL
18 51 84 77 212 17 1 2 3 6 35 52 86 80 218
Bulgária
BDI
4 1 0 0 1 0 0 0 0 0 4 1 0 0 1
Burundi
CMR
12 3 1 1 5 1 0 0 0 0 13 3 1 1 5
Camarões

81
CAN
24 58 94 108 260 20 38 38 43 119 44 96 132 151 379
Canadá
CHI Chile 21 2 7 4 13 14 0 0 0 0 35 2 7 4 13
CHN China 8 163 117 106 386 8 4 16 13 33 16 167 133 119 419
TPE 7 2 6 11 19 7 0 0 0 0 14 2 6 11 19
COL
17 1 3 7 11 0 0 0 0 0 17 1 3 7 11
Colômbia
CRC Costa
13 1 1 2 4 5 0 0 0 0 18 1 1 2 4
Rica
CIV Costa
11 0 1 0 1 0 0 0 0 0 11 0 1 0 1
do Marfim
CRO
5 3 6 8 17 5 4 3 0 7 10 7 9 8 24
Croácia
CUB Cuba 18 67 64 63 194 0 0 0 0 0 18 67 64 63 194
CZE
República 4 10 12 11 33 4 3 5 2 10 8 13 17 13 43
Checa
TCH
16 49 49 45 143 16 2 8 15 25 32 51 57 60 168
Checoslováquia
DEN
25 41 63 66 170 11 0 1 0 1 36 41 64 66 171
Dinamarca
DJI Djibuti 7 0 0 1 1 0 0 0 0 0 7 0 0 1 1
DOM
República 12 2 1 1 4 0 0 0 0 0 12 2 1 1 4
Dominicana
ECU
12 1 1 0 2 0 0 0 0 0 12 1 1 0 2
Equador
EGY Egipto 19 7 7 10 24 1 0 0 0 0 20 7 7 10 24
ERI Eritreia 3 0 0 1 1 0 0 0 0 0 3 0 0 1 1
EST Estónia 10 9 8 14 31 7 4 1 1 6 17 13 9 15 37
ETH Etiópia 11 18 6 14 38 1 0 0 0 0 12 18 6 14 38
FIN
23 101 83 115 299 20 41 58 52 151 43 142 141 167 450
Finlândia
FRA França 26 191 212 233 636 20 25 24 34 83 46 216 236 267 719
GEO
4 5 2 11 18 4 0 0 0 0 8 5 2 11 18
Geórgia
GER
14 163 163 203 529 8 60 59 41 160 22 223 222 244 689
Alemanha
GDR
Alemanha 5 153 129 127 409 6 39 36 35 110 11 192 165 162 519
Oriental
FRG
Alemanha 5 56 67 81 204 7 11 15 13 39 12 67 82 94 243
Ocidental
EUA
Equipa Alemã 3 28 54 36 118 3 8 6 5 19 6 36 60 41 137
Unida

82
GHA Gana 12 0 1 3 4 0 0 0 0 0 12 0 1 3 4
GBR Grã-
26 207 255 253 715 20 8 3 10 21 46 215 258 263 736
Bretanha
GRE Grécia 26 30 42 36 108 16 0 0 0 0 42 30 42 36 108
GUY
15 0 0 1 1 0 0 0 0 0 15 0 0 1 1
Guiana
HAI Haiti 13 0 1 1 2 0 0 0 0 0 13 0 1 1 2
HKG Hong
14 1 1 0 2 2 0 0 0 0 16 1 1 0 2
Kong
HUN
24 159 140 159 458 20 0 2 4 6 44 159 142 163 464
Hungria
ISL Islândia 18 0 2 2 4 15 0 0 0 0 33 0 2 2 4
IND Índia 22 9 4 7 20 7 0 0 0 0 29 9 4 7 20
INA
13 6 9 10 25 0 0 0 0 0 13 6 9 10 25
Indonésia
IRI Irão 14 11 15 22 48 8 0 0 0 0 22 11 15 22 48
IRQ Iraque 12 0 0 1 1 0 0 0 0 0 12 0 0 1 1
IRL Irlanda 19 8 7 8 23 4 0 0 0 0 23 8 7 8 23
ISR Israel 14 1 1 5 7 4 0 0 0 0 18 1 1 5 7
ITA Itália 25 190 158 174 522 20 36 31 34 101 45 226 189 208 623
JAM
15 13 24 16 53 5 0 0 0 0 20 13 24 16 53
Jamaica
JPN Japão 20 123 112 125 360 18 9 10 13 32 38 132 122 138 392
KAZ
4 9 16 14 39 4 1 2 2 5 8 10 18 16 44
Kazaquistão
KEN
12 22 29 24 75 3 0 0 0 0 15 22 29 24 75
Quénia
PRK Coreia
8 10 12 19 41 7 0 1 1 2 15 10 13 20 43
do Norte
KOR Coreia
15 68 74 73 215 15 17 8 6 31 30 85 82 79 246
do Sul
KUW
11 0 0 1 1 0 0 0 0 0 11 0 0 1 1
Kuwait
KGZ
4 0 1 2 3 4 0 0 0 0 8 0 1 2 3
Quirguistão
LAT
9 2 11 4 17 8 0 0 1 1 17 2 11 5 18
Letónia
LIB Líbano 15 0 2 2 4 14 0 0 0 0 29 0 2 2 4
LIE
15 0 0 0 0 16 2 2 5 9 31 2 2 5 9
Liechtenstein
LTU
7 4 4 8 16 6 0 0 0 0 13 4 4 8 16
Lituânia
LUX
21 1 1 0 2 7 0 2 0 2 28 1 3 0 4
Luxemburgo
MKD
República da 4 0 0 1 1 3 0 0 0 0 7 0 0 1 1
Macedónia

83
MAS
11 0 2 2 4 0 0 0 0 0 11 0 2 2 4
Malásia
MRI
7 0 0 1 1 0 0 0 0 0 7 0 0 1 1
Maurício
MEX
21 12 18 25 55 6 0 0 0 0 27 12 18 25 55
México
MDA
4 0 2 3 5 4 0 0 0 0 8 0 2 3 5
Moldávia
MGL
11 2 7 10 19 11 0 0 0 0 22 2 7 10 19
Mongólia
MAR
12 6 5 10 21 4 0 0 0 0 16 6 5 10 21
Marrocos
MOZ
8 1 0 1 2 0 0 0 0 0 8 1 0 1 2
Moçambique
NAM
5 0 4 0 4 0 0 0 0 0 5 0 4 0 4
Namíbia
NED Países
23 71 79 96 246 18 25 30 23 78 41 96 109 119 324
Baixos
AHO
Antilhas 13 0 1 0 1 2 0 0 0 0 15 0 1 0 1
Holandesas
NZL Nova
21 36 15 35 86 13 0 1 0 1 34 36 16 35 87
Zelândia
NIG Níger 10 0 0 1 1 0 0 0 0 0 10 0 0 1 1
NGR
14 2 9 12 23 0 0 0 0 0 14 2 9 12 23
Nigéria
NOR
23 54 48 42 144 20 98 98 84 280 43 152 146 126 424
Noruega
PAK
15 3 3 4 10 0 0 0 0 0 15 3 3 4 10
Paquistão
PAN
15 1 0 2 3 0 0 0 0 0 15 1 0 2 3
Panamá
PAR
10 0 1 0 1 0 0 0 0 0 10 0 1 0 1
Paraguai
PER Peru 16 1 3 0 4 0 0 0 0 0 16 1 3 0 4
PHI
19 0 2 7 9 3 0 0 0 0 22 0 2 7 9
Filipinas
POL
19 62 80 119 261 20 1 3 4 8 39 63 83 123 269
Polónia
POR
22 4 7 11 22 5 0 0 0 0 27 4 7 11 22
Portugal
PUR Porto
16 0 1 5 6 6 0 0 0 0 22 0 1 5 6
Rico
QAT Qatar 7 0 0 2 2 0 0 0 0 0 7 0 0 2 2
ROU
19 86 89 117 292 18 0 0 1 1 37 86 89 118 293
Roménia
RUS Rússia 4 108 97 110 315 4 33 24 19 76 8 141 121 129 391

84
Império
3 1 4 3 8 0 0 0 0 0 3 1 4 3 8
Russo
KSA Arábia
9 0 1 1 2 0 0 0 0 0 9 0 1 1 2
Saudita
SEN
12 0 1 0 1 4 0 0 0 0 16 0 1 0 1
Senegal
SRB Sérvia 2 0 1 2 3 0 0 0 0 0 2 0 1 2 3
SCG Sérvia
1 0 2 0 2 1 0 0 0 0 2 0 2 0 2
e Montenegro
SIN
14 0 2 0 2 0 0 0 0 0 14 0 2 0 2
Singapura
SVK
4 7 8 5 20 4 0 1 0 1 8 7 9 5 21
Eslováquia
SLO
5 3 5 7 15 5 0 0 4 4 10 3 5 11 19
Eslovénia
RSA África
17 20 24 26 70 5 0 0 0 0 22 20 24 26 70
do Sul
URS União
9 395 319 296 1010 9 78 57 59 194 18 473 376 355 1204
Soviética
EUN
Equipa 1 45 38 29 112 1 9 6 8 23 2 54 44 37 135
Unificada
ESP
20 34 49 30 113 17 1 0 1 2 37 35 49 31 115
Espanha
SRI Lanka 8 0 1 1 2 0 0 0 0 0 8 0 1 1 2
SUD Sudão 10 0 1 0 1 0 0 0 0 0 10 0 1 0 1
SUR
11 1 0 1 2 0 0 0 0 0 11 1 0 1 2
Suriname
SWE Suécia 25 142 160 173 475 20 43 31 44 118 45 185 191 217 593
SUI Suíça 26 45 70 66 181 20 38 37 43 118 46 83 107 109 299
SYR Síria 11 1 1 1 3 0 0 0 0 0 11 1 1 1 3
TJK
4 0 1 1 2 2 0 0 0 0 6 0 1 1 2
Tajiquistão
TAN
11 0 2 0 2 0 0 0 0 0 11 0 2 0 2
Tanzânia
THA
14 7 4 10 21 2 0 0 0 0 16 7 4 10 21
Tailândia
TOG Togo 10 0 0 1 1 0 0 0 0 0 10 0 0 1 1
TGA Toga 7 0 1 0 1 0 0 0 0 0 7 0 1 0 1
TRI
Trinidade e 15 1 5 8 14 3 0 0 0 0 18 1 5 8 14
Tobago
TUN
12 2 2 3 7 0 0 0 0 0 12 2 2 3 7
Tunísia
TUR
20 37 23 22 82 14 0 0 0 0 34 37 23 22 82
Turquia
UGA 13 1 3 2 6 0 0 0 0 0 13 1 3 2 6

85
Uganda
UKR
4 28 22 46 96 4 1 1 3 5 8 29 23 49 101
Ucrânia
UAE
Emirados 7 1 0 0 1 0 0 0 0 0 7 1 0 0 1
Árabes Unidos
USA
25 930 730 638 2298 20 78 80 58 216 45 1008 810 696 2514
Estados Unidos
URU
19 2 2 6 10 1 0 0 0 0 20 2 2 6 10
Uruguai
UZB
4 4 5 8 17 4 1 0 0 1 8 5 5 8 18
Uzbequistão
VEN
16 1 2 8 11 3 0 0 0 0 19 1 2 8 11
Venezuela
VIE
13 0 2 0 2 0 0 0 0 0 13 0 2 0 2
Vietname
ISV Ilhas
Virgens 10 0 1 0 1 7 0 0 0 0 17 0 1 0 1
Americanas
YUG
18 28 31 31 90 16 0 3 1 4 34 28 34 32 94
Jugoslávia
ZAM
10 0 1 1 2 0 0 0 0 0 10 0 1 1 2
Zâmbia
ZIM
8 3 4 1 8 0 0 0 0 0 8 3 4 1 8
Zimbabué
Equipa
3 8 5 4 17 0 0 0 0 0 3 8 5 4 17
mista
Totais 26 4705 4473 4774 13752 20 774 773 764 2311 46 5279 5246 5538 16063

Bibliografia
Http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.html
Http://pt.shvoong.com/books/biography/1822407-incr%C3%ADvel-hist%C3%B3ria-
karoly-takacs/
Http://www.bobmathias.com/
Http://www.independent.co.uk/sport/general/athletics/london-1948-to-london-2012-
rags-to-riches-for-the-highclass-del-boy-who-dreamt-of-gold-not-money-783305.html
Www.sokolnewyork.org/history002.htm
Http://memoriavirtual.net/2004/07/jogos-olimpicos/jogos-olimpicos-1952-helsinquia/
Http://portuguese.cri.cn/101/2008/09/09/1s95430.htm
Http://esportes.terra.com.br/jogosparaolimpicos/pequim/2008/interna/0,OI3168120-
EI12212,00-Primeiro+caso+de+doping+e+anunciado+na+Paraolimpiada.html
Http://www.ohchr.org/EN/Pages/WelcomePage.aspx
Http://magliarosa.wordpress.com/2008/10/08/tecnicas-de-dopagem/
Http://mentalfloss.cachefly.net/wp-content/uploads/2009/03/sp%20fosbury1.jpg
Http://observer.guardian.co.uk/osm/story/0,1720842,00.html
Http://www.howarddavidjohnson.com/7wonders.html

86
87

You might also like