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Curso de Direito
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NOTAS INICIAIS
Por isso mesmo, vocês verão apenas tópicos formais e um único exemplo de
elaboração de petição, que desenvolvo à medida que explico cada uma das partes.
Nada de aprofundamentos: esse material serve a quem nunca fez uma petição na vida,
e ainda assim desde que seja utilizado com orientação do professor (para lhe corrigir as
eventuais e involuntárias falhas).
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I – CABEÇALHO
Algo assim:
Percebam que, através dessa simples linha, vocês indicam a autoridade judiciária
a quem é dirigida e fixam sua compreensão sobre a questão da competência. Se o
pedido fosse dirigido ao juiz do juizado especial criminal da comarca de Serra
Branca/PB (em que só existe um juiz), seria feito da seguinte maneira:
– Em segundo lugar, por meio de uma petição dirigida ao órgão competente para
o julgamento do recurso (tribunal ou turma recursal), apresentam-se as razões do
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DIGNÍSSIMO RELATOR
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II – IDENTIFICAÇÃO
b) Natureza do processo
c) Natureza da causa
a) nome completo;
b) nacionalidade;
c) estado civil;
d) endereço completo;
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III – RELATÓRIO
No tópico do RELATÓRIO deve constar toda a narração (ou descrição) dos fatos
que interessam à causa. Não é o momento apropriado para exercer dotes literários. Na
redação de peças técnicas, o autor deve atender aos requisitos de simplicidade,
objetividade, concisão e coerência, além de ortografia impecável.
Lembre-se que o relatório é a narração dos fatos como ocorreram – não aquilo
que você crê que tenha ocorrido. Muito cuidado nessa parte, pois se a narração estiver
evidentemente em desacerto com as provas que você apresenta, sua peça já começa
desacreditada pelo julgador.
Em data de 10 de janeiro de 2011, por volta das 14h00min, na Rua dos Anzóis, n. 30,
município de João Pessoa/PB, a pessoa de CAIO MINERVINO disse, na presença de
várias pessoas (testemunhas abaixo indicadas), que o querelante TÍCIO BERNARDINO
teria subtraído para si um computador do órgão público estadual em que trabalha,
aproveitando-se para isso do exercício de sua atividade funcional.
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IV – FUNDAMENTAÇÃO
No caso de uma ação de indenização, dizemos ao juiz: “senhor juiz, o CC, art.
186, diz que se alguém causar dano a outrem por culpa, deve indenizar. Pois bem,
TÍCIO me causou um dano (no dia, hora, lugar...) ao bater na traseira do meu carro.
Logo, peço-lhe que condene TÍCIO a me indenizar”.
Notem que não se trata apenas de descrever ou narrar. Também não se trata de
enunciar a norma abstrata que se aplica ao fato, pura e simplesmente. Nesse momento,
sua forma de redação muda: deixa de ser descritiva ou narrativa para ser argumentativa
– um estilo de escrita que é pouco ou nada ensinado nos colégios.
Para bem executar todo esse processo de convencimento, você pode fazer
citações de textos doutrinários nacionais ou estrangeiros, precedentes judiciais, pode
trazer a tona argumentos contrários para destruí-los e fazer ver ao julgador que a melhor
dentre todas as possibilidades de conclusão é a sua, por ser a mais sólida, mais lógica,
mais bem fundamentada de todas.
Lembre-se que nem sempre haverá apenas uma resposta. Quando isso
acontecer, caberá a você convencer o juiz de que a sua resposta é a melhor para
aquele caso concreto. A fundamentação resume-se em uma coisa apenas: escrever
para convencer.
Vamos ao exemplo:
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Uma vez que CAIO MINERVINO, conforme se comprovará através da prova testemunhal
a ser produzida em audiência, agindo com consciência e vontade, imputou falsamente ao
querelante, na presença de várias pessoas, fato definido como crime de peculato-furto
(previsto no art. 312, §1º, do CP), atingindo sua honra objetiva em razão de suas funções,
praticou todas as elementares do tipo previsto no CP, art. 138, caput, cometendo desse
modo o crime de calúnia.
De fato, consta do CP, art. 138, a seguinte redação: “Art. 138 - Caluniar alguém,
imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a
dois anos, e multa”.
Da mesma forma, observa-se que o fato definido como crime falsamente imputado ao
querelante dizia respeito ao exercício de sua função na administração pública estadual.
Desse modo, aplica-se ao fato a causa especial de aumento de pena prevista no CP, art.
141, II, o que determina a exasperação da reprimenda em 1/3 (um terço).
Eis a redação do mencionado dispositivo: “Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: (...) II - contra funcionário
público, em razão de suas funções”.
Deverá o querelado, em razão disso, ser condenado como incurso nos arts. 138, caput,
c/c 141, II, ambos do Código Penal brasileiro.
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V – CONCLUSÃO
Para julgar procedente o pedido e conceder ao autor aquilo que pretende (direito,
interesse, prestação etc.), o juiz deve reconhecer que o promovente tem razão em seus
fundamentos e que a conclusão deve ser aquela por ele pretendida (em maior ou menor
escala). O pedido imediato consiste, portanto, em pedir ao juiz que julgue mérito da
demanda.
Quando ajuizamos uma ação (melhor dizendo, uma demanda), queremos que o
judiciário julgue o nosso pedido procedente para nos conceder alguma coisa. Esse
alguma coisa pode ser uma indenização, a restituição de um dinheiro, o pagamento de
uma obrigação, a dissolução de um contrato etc. Pois bem, esse alguma coisa que nós
pedimos e que o poder judiciário nos concede quando julga procedente nossa causa é o
pedido mediato.
Por vezes, o autor pede ao juiz para lhe conceder o bem da vida pretendido
(pedido mediato) através de determinado procedimentos. Assim, no caso de uma ação
judicial por meio de que se pretenda obter um determinado comportamento de alguém
(demolição de uma obra, cumprimento de uma prestação de fazer etc.), pode-se pedir
ao juiz que arbitre uma multa diária para forçar o cumprimento da obrigação. O autor da
ação não quer o dinheiro da multa. Quer, isso sim, o cumprimento da obrigação de fazer
que componha seu pedido mediato. A multa servirá apenas para eliminar a resistência
do réu e fazê-lo conformar seu comportamento àquilo que lhe foi determinado na
sentença.
Isso nos remete ao estudo dos meios diretos e indiretos de execução. No caso da
demolição de uma obra, se o juiz manda que servidores públicos de determinado órgão
(ou seja, agentes do próprio Estado) cumpram a determinação, estará utilizando
instrumentos de execução direta. Se, por outro lado, determinar ao próprio réu que faça
a demolição até certo dia e fixar multa diária pelo descumprimento a partir desse dia,
estará utilizando meios de execução indireta para coagir o sujeito a cumprir sua
sentença. Como é fácil perceber, a execução indireta se faz a partir de meios de
coerção da vontade, para que o obrigado cumpra (ele mesmo) a obrigação.
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– citação do réu;
– meios de prova;
– meios de cumprimento.
Por fim, pede-se ao juiz para condenar a parte vencida no pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios da parte vencedora (o que podemos resumir
como “ônus de sucumbência”).
Diante do exposto, vem o querelante requerer a Vossa Excelência que seja citado o réu
para defender-se e, superadas as preliminares e prejudiciais de mérito eventualmente
alegadas, seja julgado procedente o pedido [eis o pedido imediato], condenando-se o
querelado como incurso nas penas do art. 138, caput, c/c o art. 141, II, ambos do Código
Penal brasileiro [eis o pedido mediato].
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VI – DESFECHO
Vamos ao exemplo:
FULANO DE TAL
Rol de testemunhas:
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NOTAS FINAIS
Mãos à obra.
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