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Se existe alguém no mundo capaz de falar sobre felicidade mais com a imparcialidade
de um cientista do que com a paixão dos que a perseguem, esse alguém provavelmente
é o sociólogo holandês Ruut Veenhoven, professor de felicidade humana da
Universidade Erasmus de Roterdã. Veenhoven é referência absoluta nos tais índices e
cálculos nos quais se apoiam tantas teorias sobre felicidade. Nem sempre foi assim.
Ainda estudante, quando anunciou aos colegas acadêmicos o tema sobre o qual se
aprofundaria, recebeu críticas, risos e lidou com professores que diziam que isso "não
era coisa de gente séria". Passados os anos, é ele o nome por trás do World Database
of Happiness, uma espécie de centro de pesquisa dedicado inteiramente a decifrar os
porquês da felicidade no mundo. Tantos anos dedicados ao assunto, no entanto, não o
fizeram mais feliz. Nem infeliz. Felicidade, afinal, "é uma coisa complexa", ele
reconhece. Está aí uma verdade tão escancarada que não exige constatação por
pesquisa. Confira a entrevista que ele concedeu à Revista, por e-mail.
Podemos aprender a ser mais felizes ou felicidade é algo que simplesmente se tem?
Podemos, claro! Como falei, a felicidade também depende de habilidades para lidar
com a vida e o comportamento de cada um. Quando, por exemplo, uma pessoa sofre um
acidente e precisar amputar um membro ou fica paralítica, inicialmente ela vai ficar
muito infeliz. Mas, a partir do momento que passa a dominar novas habilidades, ela
geralmente acaba restaurando a felicidade a um nível excelente.
1- Tenha amigos. Ao longo dos anos as pesquisas têm mostrado que pessoas que têm
laços sociais fortalecidos são mais felizes. Uma delas, conduzida pelo pai da psicologia
positiva, Martin Seligman, concluiu que os 10% de pessoas mais felizes têm um bom
relacionamento com os amigos e comprometimento em dedicar tempo a eles.
2- Pratique uma religião. Não se sabe se por causa da fé, pelos amigos que se conquista
na igreja ou se pelos dois fatores, as pessoas apegadas a uma religião tendem a ter níveis
maiores de felicidade. "Pessoas religiosas têm um significado para a vida, hábitos
saudáveis e uma esperança de que as coisas vão melhorar", justifica o economista
Angus Deaton, da Universidade de Princeton (EUA).
3- Não se compare aos outros. Segundo a psicóloga Lilian Graziano, a comparação com
quem está ao lado é uma eterna fonte de frustrações. "Sempre vamos encontrar alguém
que tem mais. É preciso olhar para o que temos e não para o que falta", diz.
5- Escute música. Ela ativa partes do cérebro que liberam endorfina e incrementam a
sensação de bem-estar tanto quanto exercícios físicos, sexo e comida. Além disso, ela
pode servir como relaxante e ajudar o cérebro a liberar melatonina — hormônio
responsável por regular o sono.
6- Mexa-se. Não é novidade para ninguém que exercitar o esqueleto estimula o cérebro
a liberar endorfina, hormônio responsável por uma sensação de bem-estar e
relaxamento.
7- Tenha um plano. Não vale acordar, trabalhar, voltar para casa e dormir. Segundo
Anderson Cavalcante, o grande erro das pessoas é viver sem um projeto. "Acordar todos
os dias e fazer algo que vai colaborar para alcançar a sua meta de vida é importante",
aconselha.
9- Trabalhe com o que gosta. "Felicidade e sucesso profissional estão ligados", defende
Anderson Cavalcante. Uma pesquisa norte-americana acompanhou por 20 anos 1,5 mil
ex-alunos de uma universidade. Ao final da pesquisa, 102 haviam ficado milionários e,
desse seleto grupo, 101 chegaram ao sucesso fazendo aquilo que os deixavam felizes.
10- Perdoe. "Para começar, comece escrevendo um diário no qual pode treinar deixar
no passado ressentimentos, raivas e mal-entendidos com pessoas que podem ter
magoado você algum dia", diz Sonja Lyubomirsky no seu livro A ciência da felicidade.
11- Faça uma faxina na sua mente. Entre esperar o mundo mudar para se alinhar aos
seus desejos, melhor começar a mudança por você, é o que aconselha o psicólogo
Jonathan Haidt. Encontre formas de ser mais otimista e não se torturar por coisas ditas
ou feitas no passado. Meditação e terapia cognitiva são opções possíveis.
12- Procure ajuda. Segundo a psicóloga Lilian Graziano, a psicoterapia pode ajudar a
clarear um pouco o caminho. "Alguns profissionais adeptos da psicologia positiva vão
ajudar você a se conhecer melhor, mas dando mais ênfase às suas qualidades do que aos
seus demônios", diz.