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Fábrica Nacional de Santo Aleixo.

A “Fábrica Velha”, realmente a mais antiga fábrica de tecidos, talvez da América


do Sul. Encontra-se localizada em Santo Aleixo, 2º distrito de Magé, um dos mais
pitorescos recantos do Município, onde a paisagem convida os visitantes contemplar a
exuberante natureza. A própria formação topográfica, e a abundância das águas que
descem das montanhas que cercam o lugar, tornam a vida ali bem mais saudável. O rio
Andorinhas corta a localidade, correndo manso entre grande número de seixos e poços
naturais. Em meio a toda essa beleza é que se encontra a antiga “Companhia Fiação e
Tecelagem Bezerra de Mello”.
Em duas placas metálicas fixadas numa das paredes antigas, foi encontrado na
década de 1950, a inscrição: “Fábrica Nacional de Santo Aleixo”, de Filgueiras & Cia”.
Trata-se de uma placa do TEMPO DO BRASIL COLONIA, e a outra do BRASIL
IMPÉRIO, porém a data não foi gravada pioneiro da indústria, tornando assim, muito
difícil registrar exatamente a época de sua fundação. Segundo os mais antigos moradores
do lugar, o comendador Filgueiras era de origem portuguesa, e seu procedimento bem
traduzia os costumes de sua terra: muito trabalho. Acredita-se que a construção da
fábrica foi levada a efeito no ano de 1807, e em conseqüência da precariedade dos meios
de transporte, e da estrada que usava para conduzir os tecidos ao mercado, a fábrica foi
passando de mão em mão, e entre seus últimos proprietários, figuram as firmas Serafim
Clares, Cia. Agrícola e Industrial Magalhães e finalmente a Bezerra de Mello.
Em 1942, a Firma Magalhães, vendeu a fábrica aos Bezerra de Mello, sendo seu
responsável Othon Lynch bezerra de Mello. A partir dessa data, ressurgiu uma nova
fábrica, e também,

UM NOVO SANTO ALEIXO.

De início, a nova empresa proprietária sentiu a necessidade d construir um


núcleo residencial de 450 casas, para abrigar os seus operários, que então moravam em
residências de madeira ou pau-a-pique, sem a necessária canalização da água, e demais
condições de higiene. A iluminação pública foi intensificada, e um calçamento foi feito na
via principal. Criaram-se, também, um ambulatório médico e um gabinete dentário,
modernamente equipados, atendendo diariamente perto de cem operários e seus
familiares.
A carência de instalações para fins de diversões públicas, foi notada pelos
responsáveis da fábrica e solucionada por eles. E, em 1947 a diretoria fez inaugurar o
Cine Recreio, onde os trabalhadores e seus familiares, passaram a assistir aos melhores
filmes cinematográficos e a organizar seus bailes, já tradicionais, animados gratuitamente
por um Jazz-Band, mantido pela própria empresa.
Conjugado ao prédio do cinema, encontra-se um vasto refeitório, no qual os
operários, residentes nos pontos mais distantes de Santo Aleixo, faziam habitualmente
suas refeições, em ambiente dos mais higiênicos.
Já, no setor esportivo, os Bezerra de Mello, concorreram de forma objetiva, para
o bom êxito dos vários empreendimentos, proporcionando assim aos desportistas
campos, uniformes, entre outras colaborações. Contribuíram, também, no
desenvolvimento e elevação do nível social, aliás, dos melhores na época.
A fábrica em si foi quase totalmente remodelada, não somente na estrutura, mas
especialmente em sua maquinaria.
Os Bezerra de Mello, industriais no ramo da fabricação de tecidos, procuraram,
de imediato, uma solução prática para a substituição da antiga maquinaria, por outra de
maior capacidade produtiva, a fim de fazer a concorrência do mercado, e ao mesmo
tempo, poder atender às constantes reivindicações dos operários em busca de melhores
salários. Foram adquiridas, entre outras, batedores, filatórios, bobinadeiras,
espuladeiraas, teares, automáticos, etc., máquinas que dão maior produção, exigindo
menor esforço por parte dos operários, em virtude da automatização da maioria de suas
peças.

O IMPULSO PROGRESSISTA QUE ESSA ORGANIZAÇÃO DEU A SANTO


ALEIXO, É UM FATO INCONTESTÁVEL.

Além disso, ela colaborou com o poder municipal, fazendo doações diversas, quer de
terras e materiais, facilitando tudo para proporcionar aos moradores locais (seus
funcionários ou não), uma vida confortável e segura. Assim foi, que, nas terras doadas
construíram-se o imponente Grupo Escolar Joaquim Leitão e construiu a casa de
distribuição de força e luz elétrica, a subestação de Santo Aleixo. No setor de materiais, a
fábrica participou de maneira pródiga em suas doações, mencionado-se inclusive, a
doação de toda rede elétrica e a respectiva posteação.
Seus produtos eram afamados, tanto no mercado nacional, como no
internacional. Seus diretores conseguiram entrosar com sucesso as duas forças que
foram à própria fábrica: operários e patrões, cuja harmonia resultou numa produção das
mais satisfatórias.

As Organizações Bezerra de Mello constituíram um dos maiores


empórios do Brasil.

Após o falecimento de seu chefe, a 9 de junho de 1949, seus filhos, os Srs. Arthur Britto
Bezerra de Mello, Luiz Britto Bezerra de Mello, Alberto Britto Bezerra de Mello, Othon
Lynch Bezerra de Mello Júnior, Paulo Britto Bezerra de Mello, Renato Britto Bezerra de
Mello, Álvaro Britto Bezerra de Mello e Roberto Britto Bezerra de Mello, continuaram
empregando a orientação recebida do empresário, na direção das organizações que ele
deixou, ampliando-as com a criação de novas empresas, elevando desse modo, o renome
da indústria têxtil do Brasil.

Bibliografia:
Magé, Terra do Dedo de Deus.
Santos, Renato Peixoto dos
Pág. 161/162/163/164
Pesquisa:
Sciammarella

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