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Direito Penal I

Elizon Medrado
 Desistência voluntária e
arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente,


desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.
 Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte) – o
agente inicia a execução do crime e,
podendo prosseguir até a consumação,
resolve, por ato voluntário, interromper o iter
criminis. Neste caso, a lei determina que a
punição seja em relação apenas aos fatos já
praticados. Ex: visando furtar o toca-fitas de
um automóvel, o agente quebra o vidro
deste, mas, antes de se apossar do bem,
desiste de cometer o crime e vai embora.
Não se trata de tentativa, pois para que ela
ocorra é necessário que o agente não tenha
conseguido a consumação por
circunstâncias alheias à sua vontade.
 Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte) – o
agente, já tendo realizado todos os atos da
execução, mas antes da consumação,
pratica uma nova ação, que evita a
produção do resultado. Neste caso, o agente
também não responde pela tentativa, mas
apenas pelos atos já praticados. Ex: o
agente quebra o vidro de um carro para
furtar o toca-fitas. Após retirá-lo do painel,
ele imediatamente resolve colocá-lo de volta
no local.
 Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem


violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por
ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
O arrependimento posterior é causa obrigatória
de redução de pena aplicável (nos termos do
art. 16 do Código Penal) aos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa, em
que o agente, por ato voluntário, repara o dano
ou restitui a coisa antes do recebimento da
denúncia ou queixa. Ex: o agente quebra o
vidro de um carro, furta o toca-fitas, levando-o
consigo, entretanto, antes da denúncia ou
queixa resolve devolvê-lo ao proprietário. Se o
agente resolve reparar dano somente após o
recebimento da denúncia ou queixa, incidirá
apenas a atenuante genérica do art. 65, III, “b”.
 ILICITUDE:

1 – Conceito: é a relação de antagonismo,


contrariedade que se estabelece entre o fato
típico e o ordenamento legal. Quando ocorre
um fato humano que se enquadra em um
tipo incriminador tem-se presente a
tipicidade. Todo fato típico, em princípio,
contraria o ordenamento jurídico, sendo,
portanto, também um fato ilícito. Todo fato
típico indiciariamente é ilícito. A isso dá-se o
nome de caráter indiciário da ilicitude.
Assim, cometido um fato típico, presume-se
que ele é ilícito, a menos que exista alguma
causa excludente de antijuridicidade
expressamente prevista em lei.
2 - Causas excludentes de ilicitude
(art. 23 do CP): são causas que
permitem ao agente, mesmo
cometendo crime, não seja por ele
punido, ou seja, a conduta deixa de ser
crime, perdendo seu ato o caráter de
ilícitio. São causas excludentes de
ilicitude: o estado de necessidade, a
legítima defesa, o estrito
cumprimento do dever legal e o
exercício regular do direito.
2.1 – Estado de Necessidade (art. 24) –
considera-se em estado de necessidade
quem pratica o fato criminoso para salvar de
perigo atual (que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar)
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não seria razoável exigir-se.
Ex1: dois náufragos que estão em alto mar
e, existindo apenas uma bóia, um mata o
outro para sobreviver, quando não existia
outra forma para salvar a vida. Ex2: subtrair
pequena quantidade de alimento para não
morrer de fome.
Requisitos:

a) o perigo deve ser atual;


b) o perigo deve ameaçar direito próprio ou
alheio
c) que a situação não tenha sido causada
voluntariamente pelo agente.
d) inexistência do dever legal de enfrentar o
perigo. Ex: bombeiro.
2.2 – Legítima defesa (art. 25) – age
em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. Ex: o agente, para não morrer,
mata seu agressor.
Requisitos:

a) existência de uma agressão;


b) a agressão deve ser injusta;
c) a agressão deve ser atual ou
iminente;
d) a agressão deve ser dirigida a direito
próprio ou de terceiro;
e) uso moderado dos meios
necessários.
2.3 – Exercício regular do direito (art. 23, III) – consiste
na atuação do agente dentro dos limites conferidos
pelo ordenamento legal. O sujeito não comete o crime
por estar exercitando uma prerrogativa a ele conferida
por lei. Ex1: recusa de depor em juízo por parte de
quem tem o dever de guardar sigilo. Ex2:na
intervenção cirúrgica. Ex3: ofendículos – artefatos
colocados como proteção de um bem jurídico para
repelir agressão, como cacos de vidro nos muros,
pontas-de-lança em portões, tela elétrica com aviso
2.4 – Estrito cumprimento do dever legal (art.
23, III) – tal dever deve constar em lei,
decreto, regulamento ou qualquer ato
normativo. Ex1: morte em batalha. Ex 2:
prisão legal efetuada por policiais. Ex3:
policial que lesiona assaltante em fuga. Ex4:
oficial de justiça que apreende bens para
penhora.
Causas excludentes de ilicitude específicas,
previstas na própria Parte Especial do
Código Penal, e que somente são aplicáveis
a determinados delitos:

a) no aborto para salvar a vida da gestante


ou quando a gravidez resulta de estupro (art.
128, I e II);
b) nos crimes de injúria e difamação, quando
a ofensa é irrogada em juízo na discussão
da causa, na opinião desfavorável da crítica
artística, literária ou científica e no conceito
emitido por funcionário público em
informação prestada no desempenho de
suas funções;
c) no crime de constrangimento ilegal, se é
feita a intervenção médica ou cirúrgica sem o
consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por
iminente perigo de vida, e na coação
exercida para impedir suicídio (art. 146, § 3º,
I e II);
d) na violação de domicílio, quando um crime
está ali sendo cometido.
 Excesso nas causas justificativas

Dispõe o art. 23, parágrafo único, que o


agente responderá pelo excesso doloso ou
culposo nas descriminantes (estado de
necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal e exercício
regular do direito). Em todas as justificativas
é necessário que o agente não exceda os
limites traçados na lei.

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