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Educação a Distância

Texto colaborativo (*)

As transformações estruturais na sociedade contemporânea somadas às novas


tecnologias de comunicação e de informação (TIC´s) resultaram em novos cenários
culturais, o que Giddens (1990) entende como uma intensificação das relações sociais
em escala mundial, enquanto que alguns autores, como Lyotard (2004), advogam a
emergência de um novo paradigma com características de uma ruptura interminável,
relacionada a uma condição pós-moderna, ou ainda, autores como Bauman (2003) que
trata do conceito de pós-modernidade como uma condição humana. As mudanças
também afetam os ambientes técnicos e econômicos por intermédio do processo da
globalização, cujas conseqüências podem ser vistas nas novas maneiras de percepção
e de compreensão do mundo em que o local é entendido sob a interpretação de um
pensamento global, a sociedade é de espetáculos (DUBORD, 1967), crianças
aprendendo sozinhas, interagindo com máquinas e equipamentos eletrônicos de última
geração ou imergindo em um contexto virtual conhecido como ciberespaço.

Essas novas gerações que lidam com esses novos aparatos tecnológicos, que
hoje são considerados os nativos digitais, assim como todos que lidam com a
educação, como os educadores, alguns deles considerados migrantes digitais, são
continuamente solicitados a interagir com esse novo, de forma que, a educação na sua
forma tradicional – aulas presenciais onde o educador repassa o conhecimento –, é
confrontada com uma nova linguagem e novos contextos, onde o conhecimento flui de
forma rápida. Neste sentido, é de fato importante compreender-se as TICs e a educação
a distância como oportunidade para essa nova forma de aprender.

A educação a distância no Brasil teve seus primeiros registros no fim do século


XIX, em meados de 1850. Aponta-se que agricultores e pecuaristas já aprendiam como
plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho. Em 1923, a Fundação da Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, ocupou um papel de destaque na transmissão de
programas educativos alcançando um grande número de pessoas em todo o território
nacional. Outro grande passo foi o ensino por correspondência, principalmente os
cursos que ofereciam uma profissão técnica. Posteriormente houve um
aperfeiçoamento da metodologia dessa educação à distância, associado às grandes
inovações advindas da globalização. Surgiram novos meios mais modernos de
comunicação, resultando numa educação à distância com um amplo contato de todas
essas inovações, atualizações e diversas outras possibilidades disponíveis. Hoje
ampliam-se o uso de ferramentas digitais como a Internet através de instituições de
ensino e pesquisa ou mesmo através do contato com estudiosos, especialistas e
pesquisadores de todas as partes do mundo.
Devido ao grande avanço da EAD nos últimos anos, várias ferramentas foram
surgindo, o que abre um leque de possibilidades de se trabalhar com essa nova
modalidade de educação. Essas ferramentas englobam desde as plataformas onde os
cursos são construídos, as atividades disponibilizadas onde os alunos podem ser
avaliados por sua produção, até sites que podem ser utilizados em diversas atividades
como construção de texto coletivo, montagem de vídeos e arquivos de voz, por exemplo.

Mais importante do que o acesso a essas ferramentas, é a reflexão sobre o uso


pedagógicos delas, pois nada adiante se adotar tradicionais abordagens para o uso de
algo completamente diferente do vivenciado em educação presencial. Novas formas de
construção do saber surgem continuamente e é isso que a educação precisa
acompanhar.

Na questão observada em relação às ferramentas e a tecnologia aplicada a EAD, a


mesma é deveras desafiante. O aparato didático pedagógico da EAD é fantástico e
promissor. Alguns itens devem ser considerados como as ferramentas de pesquisa, as
plataformas de ensino a distância, as ferramentas de comunicação e interação e as
ferramentas de criação de blog.

Sim, e qual o papel do professor neste contexto? Ele tem papel fundamental, como
os demais atores. No entanto, sua função é mais ampla, pois é o responsável pela escolha
dos conteúdos, da organização das salas e, principalmente, por ajudar o tutor à distância
conhecer o assunto em tela. É importante, ainda, que desenvolva habilidades com a
tecnologia, pois necessitará editar o material na plataforma (seja a moodle ou qualquer
outra). Ao se observar que, o professor é aquele que sabe os conteúdos da disciplina de
uma forma mais densa, o mesmo não deve se sentir "maior" ou "melhor" que os demais.

Ou seja, o conhecimento que ele tem deve ser compartilhado com os demais,
tendo humildade e compreensão com aqueles que não têm o mesmo nível de
conhecimento.

Ao se refletir sobre o futuro da EAD procura-se uma compreensão no sentido de


uma conotação social dessa modalidade de ensino. Ela está voltada para a apropriação
do conhecimento de forma democrática, atingindo todas as classes sociais, tanto aos
mais pobres quanto aos ricos, sem distinção racial, se para negros, pardos ou brancos,
quanto à localização, se o indivíduo está na cidade ou no campo. Além disso, a EAD pode
disponibilizar um acesso imediato dos grandes acontecimentos e descobertas atuais,
construindo um indivíduo com uma visão ampla e crítica das transformações globais.

Dessa forma, o futuro da EAD está diretamente relacionado com o favorecimento


da inclusão social, que a cada dia vai aumentando e atingindo muitas pessoas que se
encontravam alheias a essa busca do conhecimento. Ainda é importante apresentar
alguns dados considerados muito importantes pelos especialistas em educação a
respeito do ensino a distância aqui no Brasil e que tem relação com o futuro dessa
modalidade de ensino. De acordo com os dados estatísticos coletados na pesquisa feita
no ano de 2008, estudada no módulo 4 – Panorama Atual da EAD no Brasil, deve-se levar
em consideração:

- a evasão escolar bem menor que no ensino presencial;


- o setor privado é responsável por 75% dos alunos matriculados;
- as regiões Sul e Sudeste respondem pela maioria dos cursos oferecidos;
- a existência de muitos entraves legais os cursos de educação básica são pouco
oferecidos;
- a maioria dos alunos da EAD é formada por um público mais maduro com predominância
do sexo feminino;
- a evasão na modalidade de ensino a distância é motiva principalmente em função de
problemas de ordem financeira e desconhecimento da metodologia desta modalidade aos
alunos, entre outras considerações.

Os dados acima mostram uma situação bem animadora e promissora para o futuro da
EAD no Brasil, mesmo com a existência de algumas situações que ainda devem ser bem
melhoradas, até mesmo em virtude dessa modalidade de ensino ser nova e causar ainda
várias dúvidas para o pessoal interessado em realizar cursos ou estudos através da EAD. O
Brasil precisa crescer economicamente e isso só pode ser possível com cidadãos mais
informados e qualificados, para incorporá-los nas novas possibilidades de tecnologias ao
setor produtivo, o que demanda uma educação continuada e de qualidade.

Por outro lado, esses processos de educação e de comunicação como aparelhos de


emancipação social necessitam, antes de tudo, serem integrados no sentido de atenuarem as
desigualdades sociais e econômicas que o acesso desnivelado a esses equipamentos
tecnológicos causam. Essa premissa leva à reflexão sobre o papel da educação à distância na
condição de ser uma solução para as deficiências na educação, bem como viabilizar seu
promissor vetor econômico.

A conclusão deste pequeno ensaio aponta também para problemas relacionados com
a aprendizagem no Brasil em que não há um histórico linear para um auto-estudo, muito
menos condições favoráveis a maioria dos professores que teve deficiente formação
profissional, recebe baixos salários, um precário ambiente laboral, além de um insuficiente
tempo exclusivo para formação continuada dentro da jornada de trabalho. Outros problemas
emergem das políticas públicas tecnocráticas como se observa, que implementam ações
educacionais preocupadas com o ensino em si em detrimento dos processos de
aprendizagem, de forma que venham atender as necessidades dos estudantes, suas
condições para o estudo, motivações, potencialidades de cada um, entre outras. Nesse ponto,
é importante observar todos esses fatores que são vitais para a sobrevivência do ensino à
distância no Brasil.

(*) Esse texto é a síntese final das contribuições que foram enviadas pelos alunos Aldenir de Oliveira Alves,
Jayro Pereira de Jesus, Jefferson Lindberght de Sousa, Luís Henrique Santos Passos,
Maura Andrade Chagas e Sandra Cristina da Silva durante o curso Explorando o Universo da Educação a
Distância realizado pela Fundação Joaquim Nabuco no período de13 de outubro a 20 de dezembro de 2010.

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