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, que data do
, era praticada por diversos
povos, com maior ou menor frequência. Esta podia efectuar-se com:
[ @ntuito mágico - acreditavam que existiam espíritos causadores das
doenças, abrindo soluções de continuidade na calote craniana para que
estes saíssem.
[ @ntuito cirúrgico ² e por isso considerado um marco histórico ² uma vez que
eram feitas junto a zonas de tumores ou fracturas , ou seja, com a intenção
de se aproximarem cirurgicamente da zona doente para intervir.
É fácil distinguir um acto falhado num crânio, pois não há formação de osso
depois da abertura: neste caso a pessoa faleceu provavelmente logo depois da
trepanação. No caso de sobrevivência, mais trepanações podia m ser feitas.
Embora não se possa saber ao certo qual o processo utilizado na pré-história,
pensa-se que a trepanação era feita por escarificação (com uma pedra
quadrangular que raspavam até ao resultado pretendido), ou picotando um
círculo para deprimir o interior.
Os discos de trepanação eram depois colocados ao peito das crianças, tanto
como um talismã protector contra doenças (principalmente situações do foro
nervoso, convulsivas), como forma de transferir as qualidades do dador ao
receptor.
No período do Renascimento voltamos a ver a sua utilização frequente!
É possível vê-la retratada na pintura flamenga, famosa pela reprodução
pormenorizada de cenas quotidianas do séc. XV@ e XV@@, como as de Bosh,
Brugel, etc.. Vêem-se doentes amarrados e com expressão de sofrimento a
serem alvo de trepanação na praça pública.
Também há no museu instrumentos do século XV@@@ e X@X dirigidos para a
trepanação craniana.
Em alguns crânios há marcas do - a cauterização nas suturas
sagital e coronal ainda em uso, entre nós, nos fins do séc. XV@@@.
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Não só as doenças dos ossos (ex.: processo tumoral, fractura com aplicação de
talas e cicatrização...) e dentes (cárie dentária ...), como também certas
doenças sistémicas (ex.: sífilis ² cujas típicas marcas no crânio parecem
serpentes...) deixam vestígios inequívocos nas partes duras, o que nos dá
informação sobre as doenças sofridas e a intervenção do homem face a essa s
doenças.
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As múmias têm uma vantagem relativamente às outras fontes, pois permitem
o estudo das doenças das partes moles, ou seja, de situações fisiológicas e
patológicas. Antes dissecavam-se as múmias, o que é um acto absolutamente
irreversível, agora com outras tecnologias fazemos biopsias, estudos
radiológicos e serológicos, menos invasivos.
O embalsamamento mais conhecido é o dos faraós , no entanto nas classes
menos favorecidas também era uma prática comum.
No dos faraós abria-se o flanco esquerdo e retiravam -se todas as vísceras
excepto o coração, considerado o centro da vida. Se retirassem o coração
tinham de colocar um objecto que o representasse. @ntroduziam então uns
ferros através do nariz, e furando a lâmina crivosa do etmóide retiravam por
aí o cérebro. Os órgãos eram depois preservados com os mais diversos
produtos, dentro do pote apropriado, ou então atirados ao rio. O corpo
submergia-se em natrão (cloreto de sódio) durante quarenta dias, colocavam -
se as linhagens e era por fim encerrado num sarcófago.
No dos pobres não eram retiradas as vísceras. O corpo era apenas submetido a
um processo de desidratação em natrão, o que significa que estas múmias são
mais ricas em termos de informação.
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% é rica em informação transmitida pela arte. As paredes
eram profusamente pintadas, preenchidas com imagens de pessoas de perfil e
com escrita hieroglífica.
Pode-se observar a representação:
[ de estados fisiológicos² por ex.: uma grávida sob as patas de uma rena
(o animal associado à gravidez);
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Mas o que eu quero que fixem é que nós, historiadores da medicina, podemos
chegar ao conhecimento através de
: ossos, dentes, partes
moles, ou por
: escrita, arte, instrumentos ou outros
produtos resultantes da actividade do Homem.
Os %
%, levados pela curiosidade de saber como eram
a Natureza e o Homem feitos, elaboraram um conceito de doença que
dominou todos os tempos.
Estes consideravam que o Homem era constituído pelos mesmos elementos
que a Natureza. Variando de filósofos para fi lósofos, uns diziam que a água
era o centro de tudo, outros o fogo, o ar ou a terra. Outros uniam alguns
destes elementos. De facto, a evolução final era que o homem seria a
conjugação dos quatro. Por exemplo, o osso seria constituído por determinada
percentagem de terra, fogo e água.
Por outro lado, tinham de justificar a situação de saúde e de doença. Como
não eram capazes de ver a constituição dos tecidos, o que observavam era a
entrada e saída de líquidos, o que interpretavam como uma tentativa de
equilíbrio interior do organismo.
Assim, segundo Hipócrates o estado de saúde resultava de um equilíbrio de
líquidos ² a a . Esta era mantida e restabelecida pelo poder curativo da
ou força curativa da natureza. A doença seria um desequilíbrio de
líquidos ² a .
O processo de restabelecimento da eucrasia realizava -se em três etapas nas
doenças agudas: Ê Ê Ê (coacção) e . A teria tendência a
ocorrer em dias certos, o que levou Hipócrates a estudar os dias críticos de
várias doenças.
A recuperação do enfermo acompanha va-se da eliminação do humor
excedente ou alterado. Assim, para auxiliar a ´Physisµ, o médico retirava do
corpo o humor em excesso ou defeituoso, induzindo o vómito, a transpiração,
a libertação de dejecções ou urina, sendo a terapêutica mais universal a
sangria.
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nuvens, etc.). De tal maneira era importante a observação que h avia quem
dissesse que eram ´espectadores da morteµ.
Davam muita importância ao %, para o qual atentavam no poder
dos números (teoria dos dias críticos: o que acontecesse nos dias 7 e múltiplos
de 7 era crucial ² com influência Pitagórica) e ao
(clister, sangria,
fazer suar). Subestimavam o %, não distinguindo sinais e sintomas
da patologia: por exemplo, a febre era uma doença.
O corpo seria constituído pelos quatro elementos, com as respectivas
qualidades, a que se ligariam os quatro humores (líquidos): %
( "
%( "
, e
. Do equilíbrio humoral (eucrasia) dependeria a
saúde; quando surgia a discrasia, sobreviria a doença. Para isso podiam
contribuir causas exteriores (ambientais) e interiores (individuais).