Professional Documents
Culture Documents
FACULDADE DE DIREITO
Matr.: 0269654
Fortaleza-CE
2009
Anna Karolina Viana Pires
Monografia apresentada
como exigência parcial para
a obtenção do grau de
Bacharel(a) em Direito, sob a
orientação de conteúdo do
Professor Regnoberto
Marques de Melo Júnior e
orientação metodológica do
Professor Maurício
Benevides.
Fortaleza–Ceará
2009
DA CARACTERIZAÇÃO DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS
DE PLANOS E SEGUROS PRIVADOS DE SAÚDE
Ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pelo Seu amor incondicional. A Ele que me
conduziu soberanamente na realização deste trabalho, fortalecendo-me, guiando-me,
renovando-me, dispondo-me a ir mais adiante, mesmo quando não havia mais
esperança. A Ele seja a glória, o louvor, a força e o poder para todo o sempre!
Aos meus pais, Maria de Fátima Viana M. Pires e José Pires de Souza,
que amorosamente sacrificaram as suas vidas para que eu vivesse a provisão, o sustento,
a aceitação e a vitória em todos os momentos. A eles seja o reconhecimento e a gratidão
por tudo o que são.
Aos meus queridos amigos, com ênfase aos amigos Marcelo Campêlo Noronha e José
Cláudio Diógenes Porto, e às amigas Eunice Honorato Ribeiro, Tatiana Nunes
Mascarenhas, Ana Laryssa Ferreira Gomes, Poliana Fontenele Arraes, a minha eterna
gratidão pelas orações, pelo consolo, pela torcida e pela ajuda sacrificial que
empreenderam para que eu vencesse.
RESUMO
A importância da pesquisa sobre o tema “Da Caracterização das Cláusulas Abusivas nos
Contratos de Planos e Seguros Privados de Saúde” está em poder denunciar esta
realidade desvirtuada dos parâmetros da boa-fé, do equilíbrio e da justiça contratual. Os
pontos relevantes sobre o assunto, dentro de uma interpretação sistemática do
ordenamento jurídico, foram evidenciados ao longo de toda a abordagem. O que se
pretende com este trabalho, em sentido amplo, é reconhecer a precariedade na execução
de políticas de saúde preventiva e igualitária, sendo necessária a atuação da iniciativa
privada sob a fiscalização de uma agência reguladora, e, em sentido restrito, demonstrar
a real necessidade de atuação mais diligente dos órgãos de defesa do consumidor frente
às estipulações abusivas, bem como estimular o consumidor ao conhecimento prévio e
preciso do instrumento contratual respectivo. Finalmente, tenta-se demonstrar como tais
fatos expõem o consumidor de planos e seguros de saúde privados a situações
vexatórias e até irremediáveis, prejudiciais ao exercício de seus direitos. Diante deste
quadro, entende-se ser necessário efetivar a tutela proposta pelo ordenamento jurídico
através da Constituição Federal, do Código de Defesa do Consumidor e da Lei nº
9.656/98 ao consumidor como forma de tentar erradicar a elaboração de cláusulas
abusivas, que o oneram e o deixam em desvantagem exagerada.
The importance of this search, about “The characterization of abusive clauses in health
insurance plans” is founded in the possibility to confront this unjust reality which
wholly detracts the juridical principles of bona fide and equilibrium of economic basis.
The cornerstones of the subject were announced throughout the essay accordig to a
systematic interpretation of the current Civil Law. What is aimed in the dissertation, in
broader sense, is to reveal the carrying out’s precariousness of health politics goals of
equality and prevetion, in which context is needed a federal agency to rule private
entrepreneurs. In specific sense, the paper purposes to display the real need of a more
careful support of these federal agencies of consumer protection in the demands
involving abusive clauses in health plan contracts, as well as encouraging the
contractors to know fully and in advance the complete content of the contracts offered
by these health plan firms. Finally, the essay deals with the Case Law, exposing judicial
decisions about the matter, emphasizing the citizenship effort to get rid of the
abusiveness denounced.
KEYWORDS: Health plans. Consumer Law. Preformed Contracts. Abusive Clause.
SUMÁRIO
CONCLUSÃO................................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................43
ANEXO A – LEGISLAÇÃO......................................................................................... 46
ANEXO B – JURISPRUDÊNCIA................................................................................. 69
Não basta querer ler o instrumento contratual. A redação das estipulações nem
sempre é precisa, pelo contrário, revela muitas nuanças indecifráveis aos olhos de
qualquer um. Outrossim, é de se buscar a ajuda dos fornecedores, questionando sobre
determinada cláusula obscura ou contraditória. E por que não pedir o auxílio de
profissionais advogados acerca dos direitos e deveres de contratantes e contratados?
A atuação da iniciativa privada no âmbito da saúde não tem sido agradável aos
olhos de muitos consumidores. O fato de os serviços não estarem funcionando
eficazmente demonstra a necessidade de maior diligência na fiscalização das operadoras
de planos/seguros de saúde.
Deverá, ainda, ser efetuado o fichamento dos principais dados obtidos, visando a
facilitar sua posterior análise crítica. Finalmente, será esculpida a redação final do texto
com base na realidade concreta e atual dos planos e seguros privados de saúde,
buscando que o resultado da pesquisa possa ser publicado em periódico de ampla
divulgação nacional.
Para fins didáticos, a presente monografia divide-se em quatro capítulos,
distribuídos na forma explicitada a seguir:
4
Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Constituição da república Federativa do Brasil.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em 07 set.
2009.
5
IDEC. Direito à saúde. Como fazer valer os seus direitos? Disponível em:
<http://nev.incubadora.fapesp.br/portal/saude/direitosaude>. Acesso em 14 Ago. 2009.
Na Constituição Federal, esta perspectiva socializadora se faz amiúde nos artigos
6º, 7º, inc. XXII, 23, inc. II, 24, inc. XII, 30, inc. VII, 194, 196, 197, 198, 199 e 200,
inc. I a VIII, 227, § 1º, inc. I, 212, § 4º, bem como em regulamentações esparsas que,
em momento oportuno, caberá referir-se a elas.
6
RE 202.700, Relator: Min. Maurício Corrêa, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento: 8.Nov.2001,p.
52, DJ: 1º.Mar.2002. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(202700.NUME.%20OU%20202
700.ACMS.)&base=baseAcordaos>. Acesso em: 16 Out. 2009.
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE OS CONTRATOS DE SEGUROS E
PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS
Essa declaração ainda se apropria aos dias atuais, contudo restringe-se aos casos
em que os interesses dos contratantes são manifestamente convergentes, como ocorre
nos contratos de compra e venda.
7
AZEVEDO, 2002, p.21
8
PEREIRA, Luis Tavares. Iniciativa Privada e Saúde. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141999000100011&script=sci_arttext>. Acesso em 16
Set. 2009
médica. Mais recentemente, na década de 1970, houve a sedimentação dos chamados
seguros-saúde.9
9
Planos Privados de Assistência à Saúde. Guia prático de orientação ao consumidor. Disponível em:
<http://www.soleis.com.br/base_plano_saude2.htm>. Acesso em 17 Set. 2009
reajustes exorbitantes foram instigando os consumidores a clamarem por uma legislação
específica para coibir tais práticas nos respectivos contratos.
Foi então que, em meados de 1988, editou-se legislação básica dos planos de
assistência à saúde. Trata-se da Lei nº 9.656/1998, além de algumas Medidas
Provisórias (1.665/1998, l.685/1998, 1.730-7/1999, 1.976-44/2000 e nº 2.177-44/2001)
e Resoluções Normativas (DC/ANS nº 171/2008, dentre outras).
Interessa saber que os contratos de saúde, assim como quaisquer outros, passam
por uma nova fase de conformação à evolução social, moral e econômica. De forma
que, mesmo sendo um ato de autonomia privada, devem ser realizados nas condições
permitidas pelo Direito, a fim de terem eficácia jurídica.
As contratações de seguros e planos privados de saúde são feitas nos moldes dos
contratos de adesão. Envolvem, pois, uma relação duradoura – denominada de trato
sucessivo - entre consumidor e fornecedor, revelando um débito constante entre os
contratantes. Nesse percurso, condutas reprováveis de ambos podem surgir, quer seja na
10
REIS, Nelson Santiago. O consumidor e os seguros ou planos de saúde. Anotações acerca dos contratos;
cláusulas e práticas abusivas. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=698&p=2>.
Acesso em 15 Ago. 2009.
11
Contratos paritários são aqueles que permitiam a discussão livre das cláusulas em condições de
igualdade.
12
Contratos de adesão são aqueles elaborados homogênea e unilateralmente por um fornecedor de
produtos ou serviços sem a possibilidade de prévia negociação das cláusulas contratuais.
estipulação de cláusulas abusivas, quer na má-formação do vínculo na fase pré-
contratual.
Daí urge a necessidade premente de administrar esse novo perfil contratual que,
por vezes, revolta o consumidor. Mesmo que se tenha vislumbrado a solução legislativa
para atenuar os infortúnios a que é submetido o contratante, estatísticas desanimadoras
continuam a preocupar o consumidor.
O consumidor tem sofrido abusos para conseguir uma tutela efetiva de sua
saúde. Tem sido uma batalha sem fim, com algumas vitórias e alguns retrocessos. As
reclamações nos órgãos de defesa do consumidor e as ações judiciais são persistentes e,
cabalmente, expressam essa dolorosa realidade.
13
SALAZAR, Andréa Lazzarini. SCHEFFER, Mário. Guia de Planos de Saúde: Seu plano de saúde:
conheça os abusos e armadilhas. Disponível em: http://www.idec.org.br/biblioteca.asp. Acesso em 30 Set.
2009.
em todo o itinerário contratual, inclusive na fase primeira em que o consumidor contrata
um serviço ou adquire um produto desconhecendo as formas de planejamento, de
fabricação, de eficácia ou mesmo as implicações jurídicas de uma eventual contratação.
A definição legal de consumidor dispõe ser ele pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, equiparando-se, ainda, à
figura do consumidor a coletividade de pessoas que haja intervindo nas relações de
consumo (art. 2º, “caput” e parágrafo único do CDC).
Interessante que a lei brasileira, ao definir o consumidor (art. 2º, caput), não
estabelece a distinção entre consumidor e usuário (WALD, 2007, p.268).
Cabe frisar que, embora haja configurada uma relação de consumo, a saúde se
distingue dos bens de consumo. É indisponível, não se configura como um bem
descartável, nem tampouco pode se separar do corpo e da vida das pessoas (MARQUES,
1999a, p. 25).
Tanto nos seguros quanto nos planos, trata-se de uma prestação de serviços,
securitários ou assemelhados, que configura a relação de consumo formada, de um lado,
por um fornecedor de serviços, que é a empresa seguradora ou administradora, nos
exatos termos do Art. 3º, § 2º do Código de Defesa do Consumidor, e, de outro, por um
consumidor destinatário final de tais serviços, de acordo com o art. 2º do mesmo Codex.
O professor Nelson Santiago Reis (2009, [s.p.]) relata que revistas de circulação
nacional divulgaram que o faturamento dessas empresas supera o da Ford e Volkswagen
juntas, com índices de lucratividade superiores a qualquer outra atividade lícita. Muitas
são tidas como "entidades filantrópicas", usufruindo de isenções tributárias, e os
associados gozam do direito de abatimento do valor das mensalidades nas declarações
14
Pesquisa realizada pelo IBGE. Disponível em: <http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/ibge-185-
dos-brasileiros-tem-plano-de-saude-privado-04023264C8B10326?types=A&>. Acesso em: 27 set. 2009.
anuais do Imposto de Renda, o que, se por um lado beneficia individualmente os
usuários, por outro representa um forte chamariz a favor delas.15
Nas áreas urbanas, os planos atingem 28% da população; nas áreas rurais, o
percentual é de 6%. As mulheres têm um percentual levemente superior (25,9%) de
cobertura por plano de saúde do que os homens (23,1%). A faixa etária de homens e
mulheres de 40 a 64 anos tem o maior percentual de cobertura: 29,7%. Há uma relação
direta entre renda familiar e cobertura do plano. Entre as pessoas que ganham mais de
20 salários mínimos, 83,8% contam com os serviços de um plano de saúde. Entre os que
ganham até um salário mínimo, apenas 2,9% podem dispor de plano de saúde, o que
marca o perfil de desigualdade social no acesso à saúde suplementar16.
15
REIS, Nelson Santiago. O consumidor e os seguros ou planos de saúde. Anotações acerca dos
contratos; cláusulas e práticas abusivas. Jus Navigandi. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=698>. Acesso em: 15 ago. 2009
16
Folha Online: Planos de saúde atendem principalmente os mais saudáveis: pesquisa do IBGE.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u109371.shtml>. Acesso em: 16 Out.
2009.
3. DO CONCEITO DE CLÁUSULA ABUSIVA
A boa-fé é norma de comportamento positivada nos artigos 4º, inciso III, e 51,
inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, que cria três deveres principais: um de
lealdade e dois de colaboração, que são, basicamente, o de bem informar (caveat
venditor) o candidato a contratante sobre o conteúdo do contrato e o de não abusar ou,
até mesmo, de se preocupar com a outra parte - dever de proteção.19
A boa-fé, atualmente, não se limita apenas à boa-fé subjetiva - aquela que aponta
que as partes/sujeitos devem agir com transparência, mas alcança a boa-fé objetiva -
aquela que preconiza que uma parte deve zelar pela outra ao realizar um contrato e
17
ZANELLATO, Marco Antônio. Cláusulas abusivas em contratos de planos e seguros privados de
assistência à saúde. Disponível em:
<https://www.mpes.gov.br/.../12_21281426561862008_Plano%20de%20saúde%20-
%20cláusulas%20abusivas.doc>. Acesso em 10. Set 2009.
18
MARQUES, Cláudia Lima. Expectativas legítimas dos consumidores nos planos e seguros privados de
saúde e os atuais projetos de lei, in Revista de Direito do Consumidor, São Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, vol. 20, outubro-dezembro de 1996.
19
ZANELLATO, 2009, loc. cit.
durante a execução deste – Código Civil, art. 422.20 Nos contratos de consumo, a boa-fé
é requisito mutuamente exigido, que permite a revisão contratual para conservar o
equilíbrio entre os pactuantes.
20
SALOMÃO, Lídia. Considerações sobre o art. 51 do CDC – Cláusulas Abusivas. Disponível em:
<http://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=829&id_titulo=10490&pagina=2>. Acesso
em: 10 Out. 2009.
Interessante que, embora possam parecer inerentes apenas aos contratos de
adesão, as cláusulas opressivas também podem ser utilizadas em quaisquer contratos de
consumo, inclusive nos paritários. Se tratar-se de relação de consumo, o negócio
jurídico receberá, necessariamente, proteção contra as cláusulas abusivas.
Não havendo acordo, após o termo do inquérito civil, resta ao Ministério Público
o ajuizamento de ação civil pública para pleitear o controle judicial das cláusulas
abusivas. A título de fundamentação, colacionaram-se recentes Ações Civis Públicas
ajuizadas pelo Ministério Público do Ceará no combate aos abusos ao consumidor de
planos e seguros de saúde (ver APÊNDICE C).
Por tratar-se de direito difuso, a coisa julgada nas ações envolvendo a saúde se
estende a um número indeterminado de pessoas, que circunstancialmente se encontram
ligadas, com feito erga omnes (CORREIA, 2007,p.60).
A onerosidade excessiva pode ocasionar o direito do consumidor à modificação
da cláusula contratual, a revisão do contrato em virtude de fatos supervenientes não
previstos pelas partes quando da conclusão do negócio ou, ainda, a nulidade da cláusula
por trazer desvantagem exagerada ao consumidor.
21
Lei nº 9.656/98 - Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que tratam
o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo,
respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no plano-referência de que trata o art. 10,
segundo as seguintes exigências mínimas: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001):
VI - reembolso, em todos os tipos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, nos
limites das obrigações contratuais, das despesas efetuadas pelo beneficiário com assistência à saúde, em
casos de urgência ou emergência, quando não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados,
credenciados ou referenciados pelas operadoras, de acordo com a relação de preços de serviços médicos e
hospitalares praticados pelo respectivo produto, pagáveis no prazo máximo de trinta dias após a entrega
da documentação adequada; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001). Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm>. Acesso em 21 Out. 2009.
Não pode o consumidor dispor do direito de reembolso que lhe é conferido,
sendo nulas quaisquer cláusulas que, explícita ou implicitamente, estabeleçam
contrariamente.
O consumidor precisa saber que não está vinculado a tais moldes de instrumento
contratual, e, se estiver atento, não precisará se submeter às leoninas, não tendo de pagar
multa pela desistência, ainda restando-lhe o direito de reembolsar quantia
indevidamente paga.
22
Código de Defesa do Consumidor. Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não
obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
sentido e alcance. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em
21 Out. 2009.
23
Código de Defesa do Consumidor. Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira
mais favorável ao consumidor. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em 21 Out. 2009.
10.741/03). O registro é de que a justiça já se prontificou a favor do consumidor,
determinando que a empresa devolva os valores excedentes pagos pela usuária.24
24
JUSTIÇA considera abusivos reajustes por faixa etária de planos de saúde. Disponível em:
<http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1335381-16020,00
JUSTICA+CONSIDERA+ABUSIVOS+REAJUSTES+POR+FAIXA+ETARIA+DE+PLANOS+DE+SA
UDE.html>. Acesso em 09 Out. 2009.
25
Lei nº 9.656/98- Art. 9º, § 4º: A ANS poderá determinar a suspensão temporária da comercialização de
plano ou produto caso identifique qualquer irregularidade contratual, econômico-financeira ou
assistencial. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>. Acesso em 21. Out. 2009.
26
Lei nº 9.656/98 - Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
têm renovação automática a partir do vencimento do prazo inicial de vigência, não cabendo a cobrança de
taxas ou qualquer outro valor no ato da renovação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>. Acesso em 21 Out.
2009.
ou a procedimentos que exigem a sua presença constante nos leitos dos hospitais. Como
pode haver previsibilidade acerca do lapso temporal necessário para a sua recuperação?
O fornecedor não é senhor do tempo, ademais nem os profissionais da área conseguem
estimar com precisão o termo de determinada internação. A lei nº 9.656/98 veda a
interrupção de internação hospitalar em leito clínico, cirúrgico ou em centro de terapia
intensiva ou similar, salvo a critério do médico assistente (art. 35-E, inc. IV).27
Como pode o fornecedor enxergar o que reside no campo da incerteza? É que até
o próprio consumidor pode ser surpreendido com necessidades futuras, no trato de sua
saúde, que não decorram de situações presentes. Não há como inferir se necessitará de
cobertura a maior ou a menor, mesmo que o contrato não seja recente.
27
Lei nº 9.656/98 – Art. 35-E, inc.IV - é vedada a interrupção de internação hospitalar em leito clínico,
cirúrgico ou em centro de terapia intensiva ou similar, salvo à critério do médico assistente. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>. Acesso em 21 Out. 2009.
28
STJ. Súmula nº 302. 18/10/2004. DJ 22/11/2004: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que
limita no tempo a internação hospitalar do segurado. Disponível em
<http://www.dji.com.br/normas_inferiores/regimento_interno_e_sumula_stj/stj__0302.htm>. Acesso em:
21 Out. 2009.
de procedimentos não inseridos nessa espécie de plano. Dentre as exceções, está o
fornecimento de medicamentos importados não nacionalizados (inc.V)29.
29
Lei nº 9.656/98 – Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura
assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados
exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando
necessária a internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as
exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto: V - fornecimento de medicamentos
importados não nacionalizados. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>.
Acesso em 21 Out. 2009.
30
Acórdãos inseridos no Anexo B: REsp 952.144/SP, Rel. Ministro Humberto Gomes de Barros, Terceira
Turma, julgado em 17/03/2008, DJe 13/05/2008.
31
Acórdão neste sentido no Anexo B: REsp 668.216/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes de
Direito, Terceira Turma, julgado em 15/03/2007, DJ 02/04/2007 p. 265.
Essas são apenas algumas das muitas situações absurdas e ofensivas à boa-fé e
ao justo equilíbrio contratual no contexto de contratação de serviços privados de saúde.
32
Acórdão neste sentido no Anexo B: REsp 259.263/SP, Rel. Ministro Castro Filho, Terceira Turma,
julgado em 02/08/2005, DJ 20/02/2006 p. 330.
33
Acórdão neste sentido no Anexo B: REsp 657.717/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,
julgado em 23/11/2005, DJ 12/12/2005 p. 374.
Antes do Estatuto do Idoso, a ANS estabelecia sete faixas etárias (0-18-30-40-
50-60-70 ou mais), sendo que a última faixa etária não poderia ter valor superior a seis
vezes o valor da primeira. Em observância ao Estatuto, os contratos assinados a partir de
1º de janeiro de 2004, devem prever 10 faixas etárias (0-19-24-29-34-39-44-49-54-59
ou mais), sendo que a última não pode ser superior a seis vezes o valor da primeira, e a
variação acumulada entre a sétima e a décima faixas não pode ser superior à variação
acumulada entre a primeira e a sétima faixas (Resolução Normativa nº 63/03).
O artigo 15, §1º da Lei nº 9.656/98 já previa que, para os contratos firmados
depois de 2 de janeiro de 1999, os segurados com 60 anos ou mais não podem sofrer
aumento por mudança de faixa etária, desde que seja contribuintes há mais de 10 anos34.
34
Lei nº 9.656/98 - Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em razão da idade do consumidor, somente
poderá ocorrer caso estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes
incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto no art. 35-E.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001). Parágrafo único. É vedada a variação a que
alude o caput para consumidores com mais de sessenta anos de idade, que participarem dos produtos de
que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores, há mais de dez anos. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>. Acesso em 21 Out. 2009.
35
Acórdãos inseridos no Anexo B: REsp 989380/RN, Rel. Ministra Nancy Andrighi, terceira turma
TURMA, julgado em 06/11/2008, DJe 20/11/2008, EDcl no REsp 809.329/RJ, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2008, DJe 11/11/2008).
O Código Civil prevê que, nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio
(art. 424, CC/02).
36
Reportagem prestada à Revista Istoé. Disponível em<:
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/476/seudinheiro/a_armadilha_do_seguro.htm.> Acesso em 15
Out.2009.
CONCLUSÃO
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria Geral dos Contratos Típicos e Atípicos. São Paulo:
Atlas, 2002.
BULLOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada, 7ª Ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2007.
WALD, Arnoldo. Aspectos polêmicos da Ação Civil Público. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
BIBLIOGRAFIA COM FONTE EM SITE
BUENO, Luiz Roberto Ribeiro. Direito à saúde na Constituição Federal de 1988 e seus
desdobramentos políticos e judiciais: o caso do combate à AIDS. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3387. >. Acesso em 3 de Out.2009.
CAVALCANTE, Karla Karênina Andrade Carlos. As cláusulas abusivas à luz da
doutrina e da jurisprudência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/>. Acesso em
07 Set.2009.
IDEC. Direito à saúde. Como fazer valer os seus direitos? Disponível em:
<http://nev.incubadora.fapesp.br/portal/saude/direitosaude>. Acesso em 14 Ago. 2009.
JUSTIÇA considera abusivos reajustes por faixa etária de planos de saúde. Disponível
em: <http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1335381-16020,00
JUSTICA+CONSIDERA+ABUSIVOS+REAJUSTES+POR+FAIXA+ETARIA+DE+P
LANOS+DE+SAUDE.html>. Acesso em 09 Out. 2009.
Lei nº 9.656/98- Art. 9º, § 4º: A ANS poderá determinar a suspensão temporária da
comercialização de plano ou produto caso identifique qualquer irregularidade
contratual, econômico-financeira ou assistencial. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44,
de 2001). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9656.htm.>. Acesso em 21.
Out. 2009.
SALAZAR, Andréa Lazzarini. SCHEFFER, Mário. Guia de Planos de Saúde: Seu plano
de saúde: conheça os abusos e armadilhas. Disponível em:
http://www.idec.org.br/biblioteca.asp. Acesso em 30 Set. 2009.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Art. 1o Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que
operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica
que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas,
as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
VII - especificação da área geográfica coberta pelo plano privado de assistência à saúde.
Art. 9o Após decorridos cento e vinte dias de vigência desta Lei, para as operadoras, e
duzentos e quarenta dias, para as administradoras de planos de assistência à saúde, e até que
sejam definidas pela ANS, as normas gerais de registro, as pessoas jurídicas que operam os
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, e observado o que dispõe o art.
19, só poderão comercializar estes produtos se: (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
II - procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses
para o mesmo fim;
VII - fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico;
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 10-A. Cabe às operadoras definidas nos incisos I e II do § 1o do art. 1o desta Lei, por
meio de sua rede de unidades conveniadas, prestar serviço de cirurgia plástica reconstrutiva de
mama, utilizando-se de todos os meios e técnicas necessárias, para o tratamento de mutilação
decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer. (Incluído pela Lei nº 10.223, de
2001)
Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo,
respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no plano-referência de que trata o
art. 10, segundo as seguintes exigências mínimas: (Redação dada pela Medida Provisória
nº 2.177-44, de 2001)
c) prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de urgência e
emergência; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
VII - inscrição de filho adotivo, menor de doze anos de idade, aproveitando os períodos de
carência já cumpridos pelo consumidor adotante.
§ 1o Após cento e vinte dias da vigência desta Lei, fica proibido o oferecimento de
produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei fora das segmentações de que
trata este artigo, observadas suas respectivas condições de abrangência e contratação.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei têm
renovação automática a partir do vencimento do prazo inicial de vigência, não cabendo a
cobrança de taxas ou qualquer outro valor no ato da renovação. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Parágrafo único. É vedada a variação a que alude o caput para consumidores com mais
de sessenta anos de idade, que participarem dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
art. 1o, ou sucessores, há mais de dez anos. (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
Art. 16. Dos contratos, regulamentos ou condições gerais dos planos e seguros tratados
nesta Lei devem constar dispositivos que indiquem com clareza:
Art. 16. Dos contratos, regulamentos ou condições gerais dos produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei devem constar dispositivos que indiquem com clareza:
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
I - as condições de admissão;
II - o início da vigência;
c) coletivo por adesão; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 17. A inclusão como contratados, referenciados ou credenciados dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, de qualquer entidade hospitalar, implica
compromisso para com os consumidores quanto à sua manutenção ao longo da vigência dos
contratos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
III - impacto sobre a massa assistida, a partir de parâmetros definidos pela ANS,
correlacionando a necessidade de leitos e a capacidade operacional restante; e (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 18. A aceitação, por parte de qualquer prestador de serviço ou profissional de saúde,
da condição de contratado, credenciado ou cooperado de uma operadora de produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, implicará as seguintes obrigações e direitos:
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 19. Para requerer a autorização definitiva de funcionamento, as pessoas jurídicas que
já atuavam como operadoras ou administradoras dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o
do art. 1o desta Lei, terão prazo de cento e oitenta dias, a partir da publicação da
regulamentação específica pela ANS. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44,
de 2001)
§ 1o Até que sejam expedidas as normas de registro, serão mantidos registros provisórios
das pessoas jurídicas e dos produtos na ANS, com a finalidade de autorizar a comercialização
ou operação dos produtos a que alude o caput, a partir de 2 de janeiro de 1999. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 2o Para o registro provisório, as operadoras ou administradoras dos produtos a que
alude o caput deverão apresentar à ANS as informações requeridas e os seguintes
documentos, independentemente de outros que venham a ser exigidos: (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
VI - principais dirigentes da pessoa jurídica e nome dos cargos que ocupam. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
VII - faixas etárias e respectivos preços; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44,
de 2001)
VIII - rede hospitalar própria por Município (para segmentações hospitalar e referência);
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
X - outros documentos e informações que venham a ser solicitados pela ANS. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 4o Os procedimentos administrativos para registro provisório dos produtos serão
tratados em norma específica da ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
Art. 20. As operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
são obrigadas a fornecer, periodicamente, à ANS todas as informações e estatísticas relativas
as suas atividades, incluídas as de natureza cadastral, especialmente aquelas que permitam a
identificação dos consumidores e de seus dependentes, incluindo seus nomes, inscrições no
Cadastro de Pessoas Físicas dos titulares e Municípios onde residem, para fins do disposto no
art. 32. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
II - com empresa de que participem as pessoas a que se refere o inciso I, desde que estas
sejam, em conjunto ou isoladamente, consideradas como controladoras da empresa.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 1o A auditoria independente também poderá ser exigida quanto aos cálculos atuariais,
elaborados segundo diretrizes gerais definidas pelo CONSU. (Renumerado pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 2o As operadoras com número de beneficiários inferior a vinte mil usuários ficam
dispensadas da publicação do parecer do auditor e das demonstrações financeiras, devendo, a
ANS, dar-lhes publicidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 23. As operadoras de planos privados de assistência à saúde não podem requerer
concordata e não estão sujeitas a falência ou insolvência civil, mas tão-somente ao regime de
liquidação extrajudicial. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
I - o ativo da massa liquidanda não for suficiente para o pagamento de pelo menos a
metade dos créditos quirografários; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
II - o ativo realizável da massa liquidanda não for suficiente, sequer, para o pagamento
das despesas administrativas e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidação
extrajudicial; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
III - nas hipóteses de fundados indícios de condutas previstas nos arts. 186 a 189 do
Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-
44, de 2001)
§ 2o Para efeito desta Lei, define-se ativo realizável como sendo todo ativo que possa ser
convertido em moeda corrente em prazo compatível para o pagamento das despesas
administrativas e operacionais da massa liquidanda. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
Art. 24. Sempre que detectadas nas operadoras sujeitas à disciplina desta Lei
insuficiência das garantias do equilíbrio financeiro, anormalidades econômico-financeiras ou
administrativas graves que coloquem em risco a continuidade ou a qualidade do atendimento à
saúde, a ANS poderá determinar a alienação da carteira, o regime de direção fiscal ou técnica,
por prazo não superior a trezentos e sessenta e cinco dias, ou a liquidação extrajudicial,
conforme a gravidade do caso. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
§ 1o A indisponibilidade prevista neste artigo decorre do ato que decretar a direção fiscal
ou a liquidação extrajudicial e atinge a todos aqueles que tenham estado no exercício das
funções nos doze meses anteriores ao mesmo ato. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
II - aos bens adquiridos, a qualquer título, por terceiros, no período previsto no § 1o, das
pessoas referidas no inciso I, desde que configurada fraude na transferência. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 25. As infrações dos dispositivos desta Lei e de seus regulamentos, bem como aos
dispositivos dos contratos firmados, a qualquer tempo, entre operadoras e usuários de planos
privados de assistência à saúde, sujeitam a operadora dos produtos de que tratam o inciso I e
o § 1o do art. 1o desta Lei, seus administradores, membros de conselhos administrativos,
deliberativos, consultivos, fiscais e assemelhados às seguintes penalidades, sem prejuízo de
outras estabelecidas na legislação vigente: (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001) (Vigência)
I - advertência;
II - multa pecuniária;
Art. 27. A multa de que trata o art. 25 será fixada e aplicada pela ANS no âmbito de suas
atribuições, com valor não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e não superior a R$
1.000.000,00 (um milhão de reais) de acordo com o porte econômico da operadora ou
prestadora de serviço e a gravidade da infração, ressalvado o disposto no § 6o do art. 19.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 29. As infrações serão apuradas mediante processo administrativo que tenha por
base o auto de infração, a representação ou a denúncia positiva dos fatos irregulares, cabendo
à ANS dispor sobre normas para instauração, recursos e seus efeitos, instâncias e prazos.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 7o Não poderá ser firmado termo de compromisso de ajuste de conduta quando tiver
havido descumprimento de outro termo de compromisso de ajuste de conduta nos termos
desta Lei, dentro do prazo de dois anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
Art. 29-A. A ANS poderá celebrar com as operadoras termo de compromisso, quando
houver interesse na implementação de práticas que consistam em vantagens para os
consumidores, com vistas a assegurar a manutenção da qualidade dos serviços de assistência
à saúde. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração
do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de
beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da
vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 4o O direito assegurado neste artigo não exclui vantagens obtidas pelos empregados
decorrentes de negociações coletivas de trabalho.
§ 5o A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir quando da admissão do
consumidor titular em novo emprego. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do
art. 1o desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, é
assegurado o direito de manutenção como beneficiário, nas mesmas condições de cobertura
assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o
seu pagamento integral. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 32. Serão ressarcidos pelas operadoras dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o
do art. 1o desta Lei, de acordo com normas a serem definidas pela ANS, os serviços de
atendimento à saúde previstos nos respectivos contratos, prestados a seus consumidores e
respectivos dependentes, em instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas,
integrantes do Sistema Único de Saúde - SUS. (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
§ 8o Os valores a serem ressarcidos não serão inferiores aos praticados pelo SUS e nem
superiores aos praticados pelas operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art.
1o desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 34. As pessoas jurídicas que executam outras atividades além das abrangidas por
esta Lei deverão, na forma e no prazo definidos pela ANS, constituir pessoas jurídicas
independentes, com ou sem fins lucrativos, especificamente para operar planos privados de
assistência à saúde, na forma da legislação em vigor e em especial desta Lei e de seus
regulamentos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35. Aplicam-se as disposições desta Lei a todos os contratos celebrados a partir de
sua vigência, assegurada aos consumidores com contratos anteriores, bem como àqueles com
contratos celebrados entre 2 de setembro de 1998 e 1o de janeiro de 1999, a possibilidade de
optar pela adaptação ao sistema previsto nesta Lei. (Redação dada pela Medida Provisória
nº 2.177-44, de 2001)
§ 1o Sem prejuízo do disposto no art. 35-E, a adaptação dos contratos de que trata este
artigo deverá ser formalizada em termo próprio, assinado pelos contratantes, de acordo com as
normas a serem definidas pela ANS. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44,
de 2001)
§ 3o A adaptação dos contratos não implica nova contagem dos períodos de carência e
dos prazos de aquisição dos benefícios previstos nos arts. 30 e 31 desta Lei, observados,
quanto aos últimos, os limites de cobertura previstos no contrato original. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 4o Nenhum contrato poderá ser adaptado por decisão unilateral da empresa operadora.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-A. Fica criado o Conselho de Saúde Suplementar - CONSU, órgão colegiado
integrante da estrutura regimental do Ministério da Saúde, com competência para: (Vigência)
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-B. O CONSU será integrado pelos seguintes Ministros de Estado: (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) (Vigência) (composiçaõ: vide Dec.4.044,
de 6.12.2001)
§ 4o O Conselho reunir-se-á sempre que for convocado por seu Presidente. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos: (Redação dada pela Lei
nº 11.935, de 2009)
Parágrafo único. A ANS fará publicar normas regulamentares para o disposto neste
artigo, observados os termos de adaptação previstos no art. 35. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-E. A partir de 5 de junho de 1998, fica estabelecido para os contratos celebrados
anteriormente à data de vigência desta Lei que: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-
44, de 2001) (Vigência)
§ 1o Os contratos anteriores à vigência desta Lei, que estabeleçam reajuste por mudança
de faixa etária com idade inicial em sessenta anos ou mais, deverão ser adaptados, até 31 de
outubro de 1999, para repactuação da cláusula de reajuste, observadas as seguintes
disposições: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
I - a repactuação será garantida aos consumidores de que trata o parágrafo único do art.
15, para as mudanças de faixa etária ocorridas após a vigência desta Lei, e limitar-se-á à
diluição da aplicação do reajuste anteriormente previsto, em reajustes parciais anuais, com
adoção de percentual fixo que, aplicado a cada ano, permita atingir o reajuste integral no início
do último ano da faixa etária considerada; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de
2001)
§ 3o O disposto no art. 35 desta Lei aplica-se sem prejuízo do estabelecido neste artigo.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-F. A assistência a que alude o art. 1o desta Lei compreende todas as ações
necessárias à prevenção da doença e à recuperação, manutenção e reabilitação da saúde,
observados os termos desta Lei e do contrato firmado entre as partes. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-H. Os expedientes que até esta data foram protocolizados na SUSEP pelas
operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei e que forem
encaminhados à ANS em conseqüência desta Lei, deverão estar acompanhados de parecer
conclusivo daquela Autarquia. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-J. O diretor técnico ou fiscal ou o liquidante são obrigados a manter sigilo relativo
às informações da operadora às quais tiverem acesso em razão do exercício do encargo, sob
pena de incorrer em improbidade administrativa, sem prejuízo das responsabilidades civis e
penais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 35-L. Os bens garantidores das provisões técnicas, fundos e provisões deverão ser
registrados na ANS e não poderão ser alienados, prometidos a alienar ou, de qualquer forma,
gravados sem prévia e expressa autorização, sendo nulas, de pleno direito, as alienações
realizadas ou os gravames constituídos com violação deste artigo. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Parágrafo único. Quando a garantia recair em bem imóvel, será obrigatoriamente inscrita
no competente Cartório do Registro Geral de Imóveis, mediante requerimento firmado pela
operadora de plano de assistência à saúde e pela ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
Art. 35-M. As operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
poderão celebrar contratos de resseguro junto às empresas devidamente autorizadas a operar
em tal atividade, conforme estabelecido na Lei no 9.932, de 20 de dezembro de 1999, e
regulamentações posteriores. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
Art. 36. Esta Lei entra em vigor noventa dias após a data de sua publicação.
Brasília, 3 de junho de 1998; 177o da Independência e 110o da República.
28/10/2009 - Justiça ordena planos de saúde a não elevar mensalidade sem previsão
contratual
O juiz da 12ª Vara Cível, Josias Menescal Lima de Oliveira, concedeu liminar a uma
Ação Civil Pública proposta pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do
Consumidor (Procon-Ce) do Ministério Público do Estado do Ceará, contra os planos de
saúde Unimed e HapVida para que se abstenham de elevar o valor de suas mensalidades
por mudança de faixa etária sem que haja uma previsão expressa no contrato dos
percentuais a serem aplicados.
Os maiores prejudicados com estes aumentos são os idosos que vêem sua fatura elevada
em até 300% em um momento que a necessidade do plano de saúde torna-se mais
veemente em razões das complicações naturais da saúde. A questão envolve, portanto,
os princípios da dignidade da pessoa humana e da defesa do consumidor, inseridos na
Constituição Federal. Mais informações com o promotor de Justiça, João Gualberto
Soares: 9614.3005/9609.5344/3226.8651/3454.1195/3251.1691.
ANEXO D - PLANILHA: ÍNDICE DE RECLAMAÇÃO DE OPERADORAS DE
PLANOS DE SAÚDE
SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
V - (Vetado);
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando
de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das
partes.
§ 3° (Vetado).