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65-MISTÉRIO DA SUPERSTIÇÃO

Ao que tudo indica, quanto mais progressista for a cultura de um povo, menos a
tendência pela prática supersticiosa, segundo reza o catecismo da evolução. Mas, por que
o ser humano se prende com tanta “fé” à superstição que existe desde os primórdios?
Como podem certas crendices se atrelar com tanta força aos hábitos individuais?
Insegurança, temor ou ignorância? Ou poderia ser esperança por algo melhor em
detrimento da má ação que acabou de acontecer? Tem gente que não passa um dia sem
fazer sua mandinga ou simpatia favorita. Como a ciência explicaria essa prática que para
alguns é daninha e atravanca a inteligência de quem nela acredita? Por um instinto, talvez
de defesa, o homem começou a atribuir certos efeitos inexplicáveis à causas banais.
Provavelmente, as superstições seriam o precedente de qualquer presságio,
evidentemente “espalhado” por algum oportunista. Por exemplo, uma certa pessoa
passara debaixo de uma escada e logo em seguida teve um acidente. Começaram então a
atribuir a falta de sorte em função daquela inoportuna passagem.
Isto certamente deve ter acontecido com as superstições mundialmente conhecidas,
como: cruzar com gato preto, dá azar; pé de coelho ou ferradura dão sorte; quebrar um
espelho dá sete anos de azar. E para isolar tais efeitos, o homem criou o “bater na
madeira três vezes”. Sexta-feira 13 passou a ser o dia mais azarado da semana. O número
13, por sinal, tornou-se um algarismo que acarretaria tanto mau agouro, como pura sorte,
dependendo do estado de espírito do indivíduo. Nota-se, então, que a conseqüência tem
ambas situações, tanto boa, quanto má. Além dessas, outras superstições, menos
divulgadas, existem em cada região do planeta. Cada povo tem sua história e folclore
próprios. A superstição teria tido seu ponto culminante por volta dos séculos 16 e 17,
quando a vida era muito difícil e, portanto, as crenças imperavam. Religião, fogo e
doenças naquela época, eram os elementos essenciais que davam sustentação à
superstição que vem do latim “superstitione”, quando “super” indica sobre algo e
“stitione” significa suportar. Logo, aqueles que sobreviviam às batalhas eram chamados
de “supersticiosos”, isto é, os que sobrepunham ou suportavam o embate em detrimento
dos menos afortunados. Assim, atribuíam uma causa a sorte por terem sobrevivido. Em
outras palavras, superstição seria a crença em eventos futuros causados ou influenciados
a partir de um determinado comportamento ou ação do presente, tendo ou não co-relação
com este. O fato é que as práticas antigas, consideradas como científicas, como a
alquimia e a astrologia, hoje são vistas como ações supersticiosas que, às vezes, resultam
em fanatismo. Um dos motivos para o fortalecimento de uma superstição poderia ser a
incidência dos as acontecimentos: quanto mais acontecem, mais fortes ficarão. O acaso
vai para segundo plano. A auto-sugestão seria outra responsável para o surgimento da
superstição. Por exemplo, o efeito de um amuleto, de um santo de gesso, um rosário ou
de uma cruz numa corrente, poderia ser diferente não fosse o fato de a pessoa neles
infundir o pensamento de que eles trazem proteção ou boa sorte? Fica o mistério para se
saber a razão dessa fixação pelo inusitado, ao dedicar um acontecimento à causas que se
desconhece ou por ouvir falar. A questão é saber se um determinado evento, um objeto ou
um gesto podem se tornar verdade por causa da força da vontade ou da força de um
boato. Em síntese, a superstição passou a fazer parte do cotidiano de cada um. Talvez seja
importante para renovar seu ânimo a fim de enfrentar suas crises e seus medos. Um sinal
da cruz ou uma reza antecedendo uma atividade qualquer, um símbolo ou um ritual
poderiam mesmo dar sustentação a um ato que vira superstição? Não que esses
maneirismos possam ser infundados, despropositais ou totalmente falsos, mas não resta
dúvida de que o poder de fantasiar e imaginar do ser humano pode fazer com que eles se
realizem efetivamente, o que, naturalmente fortalecerá a sua fama, seja para o positivo,
seja para o negativo.
No mais, para o supersticioso, os eventos são extrínsecos, jamais intrínsecos. Ele acaba
subestimando seu poder inconscientemente, pois não importa tentar explicar o motivo do
acontecimento. Quer dizer, basta acontecer, não importa como, nem por quê. E para o
bem.

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