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Universidade Federal Fluminense

Departamento de Biologia Celular e Molecular


Niterói, 06 de outubro de 2010.

Oxidação da
Glicose Pela Via
das Pentoses

Alunos: Patricky Santos Silva / Pedro Henrique Azevedo.


Turma: Bioquímica IV (F1-Farmácia)
Professora: Evelize Folly das Chagas
A glicose 6-fosfato pode ter outro destino

Tanto na via da glicólise como na da


gliconeogênese a glicose 6-fosfato é um
intermediário muito importante.
Na via glicolítica a primeira reação
consiste na transformação da glicose em
glicose 6-fosfato pela enzima hexocinase
com gasto de ATP. E vão se prosseguindo
uma série de reações até a obtenção do
piruvato, este produto final da glicólise
participa em grande parte do ciclo de
Krebs, no qual se processam várias
reações para a obtenção posterior de
ATP.
Na via da gliconeogênese a glicose
6-fosfato é o último intermediário para a
formação da glicose pela ação da enzima
glicose 6-fosfatase. Não é só das vias da
glicólise e da gliconeogênese que a
glicose 6-fosfato participa, ela é essencial
para outras vias catabólicas para a
geração de outros produtos essenciais
para a sobrevivência da célula.
De grande importância entre essas
vias, em alguns tecidos, está a oxidação
da glicose 6-fosfato em pentoses fosfato
através da via das pentoses fosfato
(também chamada de via do
fosfogliconato ou das hexoses
monofosfato). 1

As pentoses são utilizadas tanto por


células em divisão acelerada (medula
óssea, mucosa intestinal e do tecido
epitelial) para a síntese de RNA, DNA,
ATP, NADH+H+, FADH2 e coenzima A
Figura1: Reações oxidativas da
como em outros tecidos, tendo então
via das pentoses fosfato.
como produto final principal o NADPH que é utilizado na defesa contra
os radicais do oxigênio e em reduções biossintéticas. O NADPH
oriundo da via das pentoses é muito utilizado pelos tecidos nos quais
existem a síntese intensa de ácidos graxos, colesterol e de hormônios
esteróides.
As células que estão sempre em contato com o oxigênio como
as da córnea e do cristalino e nos eritrócitos devem manter um
ambiente redutor para que assim possa prevenir ou recuperar o dano
oxidativo.

A fase oxidativa produz pentoses fosfato e NADPH


A primeira reação da via das pentoses fosfato é a oxidação da glicose
6-fosfato pela glicose 6-fosfato desidrogenase (GPD) para a formação de 6-
fosfoglicono-δ-lactona, um éster intramolecular. O NADP+ é o receptor de
elétrons e o equilíbrio final está muito deslocado na direção da formação do
NADPH. A lactona é hidrolisada pela ação de uma lactonase específica e
forma o 6-fosfogliconato que sofre desidrogenação e descarboxilação pela
6-fosfogliconato desidrogenase para formar a cetopentose ribulose 5-fosfato
no seu isômero aldose, a ribose 5-fosfato. Em alguns tecidos, a via das
pentoses fosfato termina nesse ponto e a equação final pode ser descrita
como:

Glicose 6-fosfato + 2 NADP+ + H2O → ribose 5-fosfato + CO2 +


2NADPH + 2H+

Os produtos finais NADPH e ribose 5-fosfato têm importância


fundamental, como já citado anteriormente, na prevenção e até no
tratamento de problemas ocasionados pelo contato com radicais livres
oriundos do oxigênio e como precursores para a síntese de nucleotídeos
respectivamente.

A fase não-oxidativa recicla as pentoses fosfato em glicose


6-fosfato
Nos tecidos onde a necessidade de NADPH é maior que a de ribose 5-
fosfato, as pentoses fosfato que são produzidas na fase oxidativa são
recicladas em glicose 6-fosfato. Nessa fase não-oxidativa, a ribulose 5-
fosfato é epimerizada em xilulose 5-fosfato.

Figura 2: Transformação da
ribulose 5-fosfato em xilulose 5-
fosfato
As

Então, em uma série de rearranjos dos esqueletos carbônicos dos


açúcares, seis moléculas de açúcar fosfato com seis átomos de carbono são
convertidas em cinco moléculas de açúcar fosfato com seis átomos de

carbono, completando o ciclo e permitindo a oxidação contínua da glicose 6-


fosfato com a produção de NADPH. As enzimas que agem nas
interconversões são a transcetolase e a transaldolase.
Figura 3 – Fase de Rearranjo da Via da Pentose-
Fosfato3
A transcetolase catalisa a
transferência de um fragmento de
dois átomos de carbono de uma
Cetose doadora para uma aldose
receptora. Nessa sua primeira
aparição na via das pentoses fosfato a
transcetolase transfere C-1 e C-2 da
xilulose 5-fosfato para a ribose 5-
fosfato, formando um produto com
sete átomos de carbono a
sedoeptulose 7-fosfato. O fragmento com três átomos de carbono Figura
remanescente da xilulose é o 44
gliceraldeído 3-fosfato.

Após essa reação com a


transcetolase a transaldolase catalisa
uma reação similar à reação da
aldolase na glicólise: Um fragmento
de três átomos de carbono é
removido da sedoeptulose 7-fosfato
formando a eritrose 4-fosfato que é
condensada com o gliceraldeído 3-
fosfato que leva a formação de frutose 6-fosfato.

Figura
Agora, a transcetolase age novamente formando frutose 6-fosfato e 54
gliceraldeído 3-fosfato a partir da eritrose 4-fosfato e xilulose 5-fosfato.
Duas moléculas de gliceraldeído 3-fosfato podem ser convertidas em uma
de frutose 1,6-bifosfato, e, finalmente a FBPase-1 e a fosfohexose isomerase
convertem a frutose 1,6-bifosfato em glicose 6-fosfato completando o ciclo.
Figura 6 5
As duas primeiras reações da via das pentoses fosfato oxidativa são
irreversíveis, pois são oxidações com variação de energia negativa muito
grande. As reações da parte não-oxidativa são prontamente reversíveis e
podem converter hexoses fosfato em pentoses fosfato. Todas as enzimas na
via das pentoses fosfato estão localizadas no citosol, como aquelas da
glicólise e a maioria das da gliconeogênese. As três vias estão conectadas
por meio de várias enzimas e de vários intermediários compartilhados.

A glicose 6-fosfato é repartida entre a glicólise e a via das


pentoses fosfato
A entrada da glicose 6-fosfato na via da glicólise ou na via das
pentoses fosfato depende das necessidades momentâneas da célula e da
concentração do NADP+ no citosol. Quando o nível de NADP+ está alto a via
das pentoses fosfato é favorecida. Quando o nível de NADP + cai, a glicose 6-
fosfato é deslocada para a glicólise. Sendo assim a velocidade da via
pentose fosfato é controlada pelo nível de NADP+. Baixos níveis de NADP+
inibem a desidrogenação da glicose 6-fosfato, pois esta é necessária como
um aceptor de elétrons. Este efeito é grande uma vez que o NADPH
compete com o NADP+ pela ligação à enzima. O marcante efeito do nível de
NADP+ na regulação da velocidade da via das pentoses fosfato,
especificadamente na fase oxidativa assegura que a geração de NADPH não
ocorra ao menos que esteja baixo o suprimento necessário para as
biossínteses redutoras. Já a fase não-oxidativa desta via é controlada
principalmente pela disponibilidade de substratos. 2

Diferentes Modos de Ação da Via das Pentoses-Fosfato


Modo 1 – Necessidades equilibradas de NADPH e ribose 5- fosfato.
Nessas condições a reação que predomina é a formação de duas
moléculas de NADPH e uma de ribose 5-fosfato a partir de uma de
glicose 6-fosfato pela fase oxidativa da via pentose fosfato. A
estequiometria do modo 1 é:

Glicose 6-Fosfato + 2 NADP+ + H2O → Ribose 5-Fosfato + 2 NADPH +


2H+ + CO2

Modo 2 – Muito mais necessidade de ribose 5-fosfato do que de


NADPH. Como exemplo deste modo, temos as células em processo de
divisão, que necessitam rapidamente de ribose 5-fosfato para a
síntese de nucleotídeos precursores de DNA. A maior parte da glicose
6-fosfato é transformada em frutose 6-fosfato e gliceraldeído 3-
fosfato pela via glicolítica. Após a transaldolase e a transcetolase
transformam duas moléculas de frutose 6-fosfato e uma de
gliceraldeído 3-fosfato em três moléculas de ribose 5-fosfato, pela
reversão das reações antes descritas. A estequiometria do modo 2 é:

5 Glicose 6-Fosfato + ATP → 6 Ribose 5-Fosfato + ADP + 2H+

Modo 3 – Necessidade de NADPH e ATP. Como alternativa, a ribose 5-


fosfato formada pela fase oxidativa da via pentose fosfato pode ser
convertida a piruvato. A frutose 6-fosfato e o gliceraldeído 3-fosfato
derivados da ribose 5-fosfato entram na via glicolítica em vez de
reverterem à glicose 6-fosfato. Nestas condições geram-se
concomitantemente ATP e NADPH, e cinco dos seis carbonos da
glicose 6-fosfato emergem em piruvato. Este piruvato formado pode
ainda ser oxidado para gerar mais ATP, ou pode ser utilizado como
um elemento de construção numa gama de biossínteses.

3 Glicose 6-Fosfato + 6 NADP+ + 5 NAD+ + 5Pi + 8 ADP → 5 Piruvato


+ 6 NADPH + 5 NADH
+ 8H + 3
+
CO2 + 8
ATP + 2 H2O
Bibliografia
Figura 7 – Diferentes modos de ação da via das
pentoses-fosfato. 5
1) Lehninger – Princípios de Bioquímica – Sarvier, 4ª Ed,2004. P

543-548.

2) Bioquímica – Berg J.M. , Tymoczko J. L. , Stryer L. – 6ª Edição – Rio de

Janeiro ; Guanabara Koogan, 2008. P 582-591.

3) http://www2.iq.usp.br/docente/henning/slides

%20aulas/aulahenningglicolise.pdf Acessado em 05/10/2010.

4) http://rpi.edu/dept/bcbp/molbiochem/MBWeb/mb2/part1/pentose.htm

Acessado em 05/10/2010.

5) http://graduacao.iqsc.usp.br/files/Glicolise05082010.pdf Acessado em

05/10/2010.

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