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Sergio Portella
Doutorando em Filosofia pela UNISINOS. Mail: sgportella@gmail.com

A unidade pretendida pela modernidade com a antiguidade greco-clássica


fundamenta-se no acabamento do processo de a  e  em 
 ou, o que é o mesmo,
na tradução discursiva da natureza como fato social. Citadinos que somos, reconhecemo-nos
em fatos tutelados pela razão, distintos do  da ordem sagrada, para nós, o indiligível.
Declinamos, assim, ao espanto. Segundo Jaeger (p. 73), , oriunda do imaginário
cultural arcaico, estaticamente norteia posições sem permitir sua adequação circunstancial;

, como processo discursivo imediato, dá a cada um o devido na situação ocorrente.
Logo, condizendo à institucionalização política do período clássico, 
 conjuga o processo,
o juízo e a pena.
Tamanha absolutização do humano na vida dos homens encontra-se em Ésquilo.
Leiam-se os versos: ³Consuma-se o crime! Distingo os soluços do rei, unamo-nos todos,
amigos e deliberemos.´ ( , v. 1374) e ³Não carecendo de amigos, não só nos
reuniremos, mas deliberaremos sobre os acontecimentos.´ (, vv. 717-718). Nestes, o
radical comum difere na declinação:
  (voz médio-passiva), o  na
primeira passagem, e
 (voz ativa), o  na segunda passagem. Ambos são
trazidos pelo coro que informa a urgência em reunir os cidadãos, na primeira para que
deliberem sobre o assassinato do rei, na segunda para agregar um grupo por amizade
( ), para que, deliberando, estendam sua relação à política. Logo, se numa passagem a
unidade política é constituída, noutra já é pressuposta.
E, se a unidade (
) é pressuposto suficiente à dissolução do irracional, sua
relação ao ato de deliberar () torna 
 uma  
.  não mais refere à
união estática, qual se exclusiva
 , mas à relação emergencial dos cidadãos. O
sentido dos fatos é trazido para o cenário humano, despotencializado em sua naturabilidade.
As coisas não mais se deixam acessar como símbolos de uma ordem transcendente, mas
mediante signos convenientes à ordem humana, imanente à cidade. Pela afirmação da cidade
como solo da comunhão entre sentido e referência, encontramos o projeto hegeliano da
    : a subjetividade moderna, detentora do saber pré-intencional
tomado como princípio de uma relação veraz ao mundo, dos gregos a Kant, emerge da
especialização progressiva de uma maneira acertada de dizer ³o que é´ própria à história do
ocidente.

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