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Manual Técnico de “Osteopatia”

F 4 – inclinação da base sacra caso de uma lesão . um deslocamento do processo


espinhoso do áxis em relação ao eixo
longitudinal do processo odontóide,
traduz-se por uma lesão de rotação de
C2.
F 6 – Lesão da rotação

F 6 – Vista dos côndilos occipitais

As radiografias cervicais são imperativas antes de toda manipulação


desta zona.

Nota:_________________________________________________________
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A INSPECÇÃO

I – O Exame Estático
A inspecção pretende buscar indicações sobre a estática geral do
paciente, e também sobre a patologia presente:
. ao nível lombar, uma atitude antálgica em flexão, uma atitude
antálgica directa ou cruzada associada a uma inversão da curvatura
lombar, deve levar à suspeita de uma hérnia discal.
. ao nível cervical, uma atitude antálgica deve levar à suspeita de
uma hérnia discal.
Um torcicolo antálgico em lateroflexão-rotação oposta é quase
sempre devido a uma causa traumática ou degenerativa, desde que
eliminada a possibilidade de uma patologia tumoral da dobradiça
craniocervical.

É necessário estudar a estática vertebral, o porte da cabeça, as


curvaturas da coluna de frente, de costas e o perfil.
É importante observar as zonas planas ao nível torácico (lesões de
anterioridade) que são as mais patógenas.

II – O Exame Dinâmico
É necessário examinar de maneira global os movimentos do tronco,
assim como da coluna lombar, estando o paciente em posição sentada
(cervicais) ou de pé (lombares e torácicas).
É necessário estudar os movimentos activos em:
. flexão/extensão;
. lateroflexão;
. rotação;
. lateroflexão-rotação homolaterais.

Nota:_________________________________________________________
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Assim pode-se anotar as amplitudes restritas e também o
aparecimento de uma dor nestes movimentos (é utilizar a estrela de
Maigne).

Também é necessário interessar-se pela dinâmica do movimento:


. uma quebra da curva vertebral que aparece na lateroflexão, traduz
uma fixação vertebral;
. uma zona plana que aparece no nível torácico na anteflexão do
tronco, traduz uma anterioridade de duas ou três vértebras torácicas;
. um movimento de esquina da pelve em lateroflexão, traduz uma
fixação sacroilíaca: igualmente quando o paciente tem dificuldades
de calçar as suas meias;
. dificuldades na passagem da posição sentada para a de pé, traduz
um problema lombossacro (lesão vertebral ou sacra).

A PALPAÇÃO

Ela pretende identificar o nível da lesão, e destina-se aos tecidos


moles, pele e músculos, assim como as articulações: seu objectivo é
encontrar algo diferente, uma modificação da textura dos tecidos que estão
em volta da lesão: quanto mais antiga é a lesão, mais densos e infiltrados
estão os tecidos. Pode tratar-se de uma hipotonia ou de um espasmo
muscular, uma tensão.

I – A Palpação do Dermátomo:
Seu objectivo é colocar em
evidencia uma celulalgia reflexa: esta se
traduz por um espessamento e uma dor
na pele do dermátomo correspondente
ao segmento da lesão. As zonas de
dermalgias reflexas estão relacionadas
com a irritação das ramificações
cutâneas sensitivas do ramo posterior
ou anterior dos nervos raquídeos.
. ao nível da face posterior e anterior do
tronco, as dermalgias correspondentes
aos dermátomos, salvo algumas
excepcionais, como por exemplo o
ramo posterior de T12, enerva os
tegumentos sacroilíacos. Por isso, uma
disfunção toracolombar pode simular
uma lesão lombossacra ou sacrilíaca.
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Uma disfunção de C5-C6 ou T1-T2 pode, da mesma maneira, ser
responsável por uma dor interescapular na zona
T5.
. ao nível dos membros inferiores, a topografia é
ligeiramente menos nítida.

Essas zonas dermálgicas são pesquisadas


pela manobra de rolamento de Werterwald, que
consiste em segurar entre o polegar da pele, e
faze-la deslizar. O teste é positivo quando se
coloca em evidência uma zona de pele espessa e
dolorosa nessa manobra.

II – A Palpação do
Miótomo:
Pretende-se colocar em
evidencia uma hipotenia
muscular e sobretudo uma
hipertonia, um espasmo
muscular que se evidencia por
uma sensação de cordão à
palpação. É necessário para esse
estudo conhecer a enervação
metamérica dos músculos, a
enervação raquídea dos
membros, do tronco e pescoço.
Esses músculos são muitas
vezes responsáveis por dores
referidas e apresentam um ponto
gatilho, cuja palpação desperta a
dor da qual habitualmente o
paciente se queixa. Ela pode
estimular as dores pseudo-
radiculares nas ciáticas ou nas
cervicobraquialgias.

Nota:_________________________________________________________
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III – A palpação do Esclerótomo:

Efectua-se por pressões-fricções que se dirigem a diferentes níveis


anatómicos:
. ao nível dos processos articulares posteriores, onde uma dor traduz
em 98% dos casos uma lesão de posterioridade;
. ao nível dos processos espinhosos, onde uma dor traduz com
segurança uma facilitação medular e uma lesão osteopática maior
(essa dor está relacionada com uma irritação do nervo sinus
vertebral de luschka, responsável pela enervação do periósteo da
parte posterior da vértebra, assim como do ligamento
interespinhoso);
. ao nível dos membros, onde uma dor traduz uma lesão mecânica
local, ou uma lesão metamérica.

No caso mais conhecido da epicondilite de origem cervical, uma


epicondilalgia pode estar relacionada com uma dor referida ao periósteo;
causada por uma disfunção somática cervical C5-C6.

Nota:_________________________________________________________
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A tríade sintomática que traduz uma disfunção osteopática maior


consequência de uma facilitação medular, compreende:
. uma debilidade muscular ao teste de Kendall and kendall, ou uma
sensação de cordões ao nível dos músculos que pertencem ao mesmo
miótomo;
. uma dor do processo articular posterior, e sobretudo do processo
espinhoso da vértebra lesada que pertence ao mesmo metãmero.

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A PALPAÇÃO DINÃMICA
OS TESTES DE MOBILIDADE

É necessário testar a mobilidade dos diferentes elementos anatómicos


para confirmar o diagnóstico e par escolher a família apropriada de técnicas
de tratamento. O exame de movimento articular deve ser simples, baseado
na fisiologia articular, e na biomecânica, e não somente no olho clínico do
osteopáta. Um teste diagnóstico simples deve levar sobretudo a um acto
terapêutico simples. O que é fundamental em osteopatia é o diagnóstico e
não somente o acto da manipulação. Uma boa técnica, correctamente
efectuada, resultado de um diagnóstico impreciso, não traria nenhuma
melhoria clínica durável.
Fisiologicamente, quando se mobiliza uma articulação, ao
aproximar-se do final das amplitudes, a resistência aumenta. Antes de
chegar à barreira anatómica em uma articulação sadia, chega-se
primeiro à barreira motora:
. a barreira anatómica é consequência dos contactos ósseos;
. a barreira fisiológica (motora) é consequência da colocação em
tensão dos tecidos moles (músculos, ligamentos, cápsulas
articulares).
A meta do teste de mobilidade é colocar em evidencia uma fixação
articular, uma hipomobilidade.
A sensação da barreira varia com a sua causa:
. se a restrição é devida ao músculo, a qualidade da resistência será
elástica: se produz um rebote que vai restringir vários graus do
movimento;
. se a restrição é devida a uma faceta articular, a interrupção do
movimento será brusca, a sensação se assemelhará à correspondente
barreira anatómica, mas chegará mais depressa;
. se a restrição é causada por um ligamento ou por um músculo
fibrosado, a resistência será abrupta, se assemelhará à sensação
correspondente à barreira fisiológica;
. se a restrição é devida a um edema, a qualidade será viscoelástica.
Cada uma destas causas de restrição do jogo articular vai necessitar
de uma técnica específica. O teste de mobilidade tem muitas vezes os
mesmos componentes dos movimentos das técnicas de redução.

A meta dos testes de mobilidade é identificar os parâmetros


dolorosos:
. em caso de lesão ligamentar, a dor aparece no final da amplitude
articular, ou também durante o retorno à posição inicial;

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. em caso de lesão muscular, a dor aparece quase sempre no início do
movimento.
. existe um espasmo de defesa:
Em caso de lesão das facetas articulares, a dor aparece nos
movimentos de lateroflexão-rotação homolaterais que aumentam as
pressões articulares;
. em caso de lesão discal a dor aumentará com a compressão e será
aliviada com a tracção.

Em osteopatia se utiliza três tipos de testes:


. os testes fisiológicos biomecânicos;
- os testes específicos dos diferentes componentes do jogo articular;
. os testes de pressões laterais contrárias.

I – Os Testes Fisiológicos
Consiste em fazer executar de maneira activa movimentos em uma
direcção dada, com a finalidade de estudar a resposta da articulação testada.
Se a mobilidade fisiológica é percebida, a articulação está livre. Por
exemplo, o teste mais utilizado em osteopatia é o teste fisiológico em
lateroflexão: quando a coluna está em posição neutra, ou seja, sem flexão
nem extensão, a rotação se efectua na convexidade, portanto a lateroflexão
de um lado será acompanhada automaticamente de uma rotação do lado
oposto que pode ser palpada sem nenhum problema.
Na lateroflexão esquerda, se a posteridade da vértebra testada é
percebida à direita, ela está livre. Caso contrário ela está fixa.

II – Os Testes de Mobilidade Analítica:

O objectivo desses testes é estudar os diferentes parâmetros do jogo


articular da articulação desejada para as vértebras, esses parâmetro são
os descritos por Mennel:
. flexão/extensão,
. lateroflexão;
. rotação anterior;
. deslizamento lateral;
. deslizamento anterior;
. tracção axial (possibilidade
de decoaptação).

Nota:__________________________ F 9 – Quick scanning ao nível das torácicas médias

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A restrição articular é
percebida como a ausência de tope
articular em um ou em vários desses
parâmetros. As técnicas de thrust
têm como objectivo restaurar de
forma específica os parâmetros
fixados. Para isso utiliza-se um teste
descrito por Gillet, o quick scanning
a fim de localizar rapidamente os
espaços vertebrais fixados.
F 10 – Quick scanning ao nível das torácicas altas
Esse exame consiste em testar
a possibilidade de deslizamento anterior de cada nível vertebral com a
ajuda da mão do osteopata colocada atrás do
paciente. Seu braço cranial estabiliza a cintura
escapular do paciente, a mão do outro braço, em
pronação e em flexão das metacarpofalangeanas
realiza o teste, empurrado para a frente e verificando
a resposta elástica da coluna. Os níveis vertebrais
colocados em evidencia serão de maneira analítica.
III – Os Testes de Pressões Laterais Contrárias
Esse teste F 11 – Quick scanning ao
consiste em nível torácicas altas
provocar uma
rotação vertebral induzida por uma
pressão lateral contra o processo
espinhoso da vértebra implicada, com a
ajuda da polpa do polegar.
Essa pressão lateral, quando a
F 11 – Quick scanning ao nível cervical
vértebra está fixa, provoca dor
suprajacente e subjacente. Com a ajuda
de uma pressão sobre o processo espinhoso do lado oposto, induz-se uma
rotação contrária. Pergunta-se ao paciente se a dor é maior quando se testa
a vértebra em relação a suprajacente ou em relação a subjacente, para saber
como se deve ajustar essa vértebra (lesão ascendente ou descente).

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A CINESIOLOGIA APLICADA

A cinesiologia aplicada de Goodheart forma parte integrante da


exploração do metâmetro e da busca da lesão maior.
Tanto a hipotonia muscular como a hipertonia muscular, unidas à
facilitação medular, se traduz debilidade do músculo espasmódico aumenta
sua isquemia e provoca uma debilidade muscular de protecção.

Atrofia por não Atrofia Atrofia Atrofia


utilização metabólica neurogênica miogênica
Distribuição Variável Proximal Distal ou Proximal
Sistematizada
Discordância entre Não apresenta Não apresenta Pseudo hipertrofia
atrofia e paresia deficit motor deficit motor
Reflexo muscular + + + -
Reflexo tendinoso + + - +
Fasciculação - - + -
EMG NAD NAD Fibrilação Traço Degradação
simples acelerador Potencial
tr. rico. interf.
Biopsia Poucos sinais Agrupamento das Disseminação das
fibras afectadas fibras afectadas
Quadro 10: as patologias musculares

L4 L5 S1 S2 S3
Músculos Tensor da fáscia lata
Glúteos Glúteo médio
Glúteo máximo
Glúteo mínimo
Pelvi-trocante- Quadro femoral
rianos Gémeos
Obturatório interno
Piriforme
Região Semitendinoso
Posterior Semimembranoso
Da Coxa Bíceps
Região Tibial anterior
Antero-externa Extensor longo dos dedos
Da Perna Extensor longo do hálux
Fibular longo
Fibular curto
Região Flexor longo dos dedos
Posterior Tibial posterior
Da perna Flexor longo do hálux
Gastrocnêmios
Solear
Músculos Abdutor do hálux
plantares Flexor curto dos dedos
Outros músculos plantares
Quadro 11: plexo sacro, enervação motora segmentar, segundo D. Laplane

O teste muscular de Kendall and Kendall permite a exploração global


do metâmero em relação ao ponto de controle neurológico do músculo.

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Portanto, é imperativo conhecer a enervação motora segmentar dos
diferentes músculos. (ver quadros 11 e 12)
Em toda a debilidade muscular ao teste, após ter sido eliminada uma
patologia neurológica ou muscular, deve-se investigar os níveis vertebrais
concernentes, em busca de uma disfunção osteopática maior + + +.
As correspondências são as seguintes:
. C0-C1-C2: esternocleidomastóideo;
. C3-C4: trapézio superior;
. C5: deltóides anteriores;
. C7-T1: redondo maior;
. T2 a T10: redondo maior.
C4 C5 C6 C7 C8 D1
Rombóide
Redondo Menor
Supra-espinhal
Infra-espinhal
Deltóide
Serrátil Anterior
Redondo maior
Bíceps Braquial
Braquial
Subescapular
Peitoral maior
Braquiorradia
Supinador
Peitoral menor
Coracobraquial
Pronador Redondo
Extensor radial longo e curto do carpo
Fibular anterior
Flexor rad. do carp e Palm. Longo
Extensor dos dedos
Flexor ulnar do carpo
Extensor do indicador
Extensor do dedo mínimo
Extensor longo do polegar
Extensor curto do polegar
Abdutor longo do polegar
Tríceps braqual
Pronador quadrado
Flexor sup. E prof. Dos dedos
Flexor longo do polegar
Oponente do polegar
Abdutor curto do polegar
Flexor curto do polegar
Palmar cutâneo
Adutor do polegar
Flexor curto do mínimo
Adutor do mínimo
Oponente do mínimo
Interósseos
Lumbricais
Quadro 12: plexo braquial. Enervação motora, segundo D. Laplane

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F 13 – Enfraquecimento do deltóide com a terapia


F 12 – Deltóide forte ao teste
localização

Nota:_________________________________________________________
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. T11-T12: trapézio inferior;


. L1 a L4: psoas, quadrado lombar;
. L5-S1: piriforme;
. Pelve: isquiostibiais.

I – A Determinação do Nível Vertebral em Disfunção: A


“Localização Terapêutica”

Somente as disfunções vertebrais maiores responderão à cinesiologia


aplicada. As outras disfunções somáticas não têm nenhum impacto maior
sobre o metâmetro.
Testa-se o músculo situado no miótomo, ao qual pertence o
metâmetro, em seguida pede-se ao paciente que coloque um dedo sobre a
vértebra suspeita de estar lesada (processo espinhoso ou articular
posterior):
. um músculo forte torna-se fraco;
. um músculo fraco torna-se forte.

Exemplo:
Existe uma lesão metamérica C5, que provoca uma debilidade no
teste do deltóide anterior. A “terapia localização” de C5 provoca um
reforço desse músculo, se a causa do deficit de força é vertebral.

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II – A Análise da Lesão Vertebral Encontrada: Challenge da
Vértebra.
A challenge consiste em empurrar o elemento lesado no sentido da
correcção e realizar novamente o teste muscular:
. um músculo forte torna-se fraco;
. um músculo fraco torna-se forte.

Esse sistema permite analisar todas as disfunções:


. para uma lesão de posterioridade, anterioriza-se o processo
transverso da vértebra;
. para a anterioridade, posterioriza-se a parte anterior do processo
transverso (ao nível cervical);
. para uma lateralização, empurra-se lateralmente sobre a parte lateral
do processo transverso;
. e assim por diante.

PRINCIPIOS DO TRATAMENTO OSTEOPÁTICO

AS DIFERENTES TÉCNICAS
DO TRATAMENTO OSTEOPÁTICO

I – A Escolha das Técnicas


Na actualidade, inúmeras técnicas estão à disposição do osteopáta. A
escolha das técnicas de tratamento está relacionada com o tecido lesado ou
com o tecido produtor dos sintomas (ver a anamnese) ou também com o
estado dos tecidos afectados.
As técnicas possuem uma acção específica sobre tecidos específicos.

A) A Acção sobre os músculos


A escolha das técnicas variarão segundo o tipo de problema
apresentado pelo tecido afectado. Pode-se utilizar técnicas de músculo
energia, stretching, funcional, thrust, neuromuscolar.
Caso o músculo seja hipotônico, stretching e o funcional não farão
efeito, mas o músculo energia, as neuromusculares ou os thrust serão
eficazes.
Caso o músculo seja hipertônico, muito espamódico, o stretching
pode reforçar ainda mais o tônus, mas a inibição ou a funcional vão
permitir reduzir o tônus.
Os thursts serão ineficazes e difíceis de utilizar.

Nota: _________________________________________________________

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B) A Acção sobre os ligamentos
Somente as técnicas de stretching, de pompage e articulares serão eficazes
C) A Acção sobre as cápsulas articulares
Somente as técnicas com thrust serão eficazes.

II – A Escolha das Regiões a Tratar


A escolha das regiões e dos tecidos a serem tratados depende de
vários factores relacionados ao interrogatório, aos mecanismos de produção
das lesões, e também da análise postural e biomecânica.

A) - A Noção de lesão metamérica:


Os níveis vertebrais colocados em evidência pelo estudo metamérico
dos transtornos serão tratados com prioridade:
- pode tratar-se da presença evidente de uma cadeia neuromuscular
perturbadora, unida à combinação facilitação-inibição muscular,
possivelmente ligados a uma disfunção somática vertebral crónica
responsável pelos efeitos à distância;
- pode tratar-se da presença de dores referidas ligamentares ou
musculares, mantidas por uma disfunção somática X;
- pode tratar-se de todos os casos em que os sintomas situados em
diferentes partes do metâmero (esclerótomo, miótomo, dermátomo,
viscerótomo) podem estar ligados a um mesmo metâmero indicando
assim um nível vertebral em disfunção. Nesse sentido, um dos
melhores meios de diagnóstico dos transtornos neurológicos em um
metâmero é o estudo das dermalgias reflexas relacionadas ao
aparelho locomotor.

B) - A Noção de Densidade

A palpação dos tecidos subjacentes em uma disfunção somática


apresenta diferenças de densidades. Por exemplo: existe uma diferença
fundamental na palpação entre uma zona sã bem vascularizada onde as
tensões são elásticas, sem dor reflexa, sem espasmos musculares, e uma
zona patológica onde existe uma facilitação crónica que torna os tecidos
duros, tensos, quentes e inflamados.

Nota:_________________________________________________________
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Dessa forma, é possível encontrar diferentes zonas de lesões


apresentando diversos graus de densificação:
- uma lesão recente será pouco densa;
- uma lesão antiga será ao contrário, muito densa.

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A zona mais densa deverá ser tratada com prioridade.

C) – A Noção de Restrição da Mobilidade Maior

Da mesma maneira que existem zonas mais densas, algumas regiões


apresentam diversos graus de restrições da mobilidade.
Uma zona onde existe uma hiperfunção mecânica de adaptação, uma
inibição do tônus muscular hipermóvel quase sempre suprajacente ou
subjacente, pede muito raramente um tratamento directo, mesmo que o
sintoma esteja relacionado com esse nível.
Outras regiões apresentarão, ao contrário, uma facilitação crónica e
estarão em restrição de mobilidade importante em relação a outras zonas
mais recentemente em disfunção.
Essas zonas de facilitação crónica, de fibrose, deverão ser tratadas
com prioridade.

III – As Diferentes Técnicas Osteopáticas


Classicamente as técnicas osteopáticas são classificadas em técnicas
estruturais e em técnicas funcionais. Todas as técnicas de manipulação não
são mais que subdivisões dessas duas categorias.
Cada técnica terá uma acção específica sobre um elemento
anatómico dado, com uma meta neurológica e mecânica precisa.
Objectivos das diferentes técnicas: reduzir a frequência das descargas
do sistema gama responsáveis pela contracção crónica intrafusal, com a
finalidade de restaurar a mobilidade articular.

A – As Técnicas Estruturais
Trata-se de todas as técnicas, sejam quais forem os tecidos aos quais
se dirigem, que vão no sentido da barreira, contra a restrição da mobilidade.
Todas essas técnicas obedecem à lei de não dor; toda a técnica
dolorosa será proscrita.
O princípio geral dessas técnicas é o de ir no sentido oposto ao da
restrição da mobilidade afim de romper as aderências e regular o tônus
muscular, acrescentando uma força suplementar realizada pelo osteopata ou
pelo paciente, para restaurar a função e a mobilidade articular.

Nota:_________________________________________________________
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1) – As Técnicas Rítmicas
Nessa categoria de manipulação, o controle do ritmo de aplicação da
técnica, assim como a repetição, são preponderantes. Cada movimento

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activo ou passivo será acompanhado de numerosos reflexos reguladores e
de adaptação incluindo o fenómeno de facilitação ou de inibição.
Além de um certo limite de tensão, o reflexo miotático direito
inverte-se, tornando-se inibidor, em consequência dos receptores
tendinosos de Golgi.

Por outro lado, as técnicas passivas provocam estimulações


proprioceptivas nas zonas não habitualmente estimuladas do complexo
articular. As técnicas segundo seus objectivos utilizam os movimentos de:
. translação;
. tracção, compressões;
. angulações;
. pressões que forçam o limite motor articular.

a) - As Técnicas de Stretching
O objectivo dessas técnicas é estirar os ligamentos, as fáscias, os
músculos e os tendões, utilizando alavancas. Utiliza-se uma amplitude
pequena para actuar sobre os elementos articulares, uma grande
amplitude actuará sobre os elementos externos, ou seja, os músculos. A
força deve ser aplicada lenta e gradualmente, com a finalidade de
produzir uma mudança e um relaxamento nos tecidos.
À medida que os tecidos relaxam, aumenta-se o estiramento, para
aproveitar o novo comprimento adquirido.

b) – As Técnicas de Pompage
Essas técnicas se dirigem essencialmente às aponeuroses e aos
ligamentos. Para liberar as tensões a esse nível é necessário passar pelas
estruturas ósseas e pelas estruturas aponeuróticas, é necessário tentar
aproximar o máximo possível as zonas de inserções.
Sendo localizada a zona de trabalho, a pompage será realizada via
alternância de tracções no eixo da estrutura a estirar, e de relaxamento, até
que se obtenha uma sensação de diminuição das tensões e da dor.

c) – As Técnicas de Articulação
Essas técnicas se dirigem aos elementos periarticulares e são
baseadas nos movimentos passivos e repetitivos, associados a uma ou
várias alavancas e a um fulcro (ponto fixo) a fim de aumentar a potência.
O osteopata recebe permanentemente informações dos tecidos e
aumenta ou diminui a intensidade de sua acção em função de suas
sensações.
A utilização de um movimento rápido e curto no final da amplitude,
permite produzir mudanças mais rápidas nos tecidos.

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Essas técnicas de articulações permitem ganhar uma maior amplitude
de movimento.

d) – A Técnica em Tensão Sustentada


Esse tipo de técnica utiliza os princípios das técnicas com thrust
(extensão/flexão, lateroflexão e contra-rotação): a tensão é colocada até à
redução do slack, mas, o thurst não é realizado, a tensão é mantida, o
paciente respira amplamente até que se obtenha um relaxamento dos
tecidos.

e) – As Técnicas de Inibição
Essas técnicas se dirigem ao espasmo muscular, consistindo em
exercer uma pressão perpendicular, às fibras musculares: essa pressão é
mantida durante um longo momento, até que o músculo relaxe, e então se
diminui a pressão lentamente.
A técnica é aplicada em função das reacções dos tecidos e do ritmo
respiratório.
A inibição permite obter um aumento de circulação local e uma
diminuição da resposta aferente.

f) – As Técnicas de Músculo Energia


Essas técnicas utilizam as contracções isométricas, a articulação é
mobilizada até à barreira motora nos três planos do espaço.
O paciente é solicitado a empurrar na direcção oposta enquanto o
osteopata resiste ao movimento com uma contra-força igual, evitando
assim que se produza qualquer movimento.
A força necessária não é muito elevada (5 a 10kg) e não deve em
nenhum caso produzir incomodo para o paciente.
A força controlada deve ser aplicada lenta e relaxadamente. Depois
de um período de contracção de três segundos, pede-se ao paciente que
pare lentamente sua contracção, enquanto o terapeuta diminui sua contra-
força. A articulação não deve ser forçada, mas somente mantida contra a
barreira. Cada contracção é seguida de um período de descontracção de
alguns instantes.
Pratica-se três ou quatro séries de três contracções. Depois de cada
série, no tempo do relaxamento, o osteopata aproveita o novo comprimento
muscular adquirido para mobilizar a articulação visando encontrar uma
nova barreira muscular.

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Dois tipos de contracções são utilizados:
- as contracções isotônicas: permitem aumentar o tônus dos músculos
hipotônicos, em um estado de inibição;
- as contracções isolíticas: têm como meta romper as aderências e
combater a fibrose muscular.

O osteopata utiliza uma força ligeiramente superior àquela


desenvolvida pelo paciente de forma a movimentar a articulação contra a
barreira.
A cada contracção isométrica estimula-se os receptores de Golgi que
se descarregam e que inibem os motoneurônios alfa e gama. A cada novo
comprimento ganho, o fuso neuromuscular é estirado e voltando a
encontrar pouco a pouco seu comprimento normal.
Pode utilizar a inibição recíproca de Sherrington: o trabalho do
agonista provoca a inibição do antagonista.
Essa técnica deve ser complementada com uma técnica directa de
inibição sobre o músculo espasmódico.

2) – As Técnicas com Thrust


Não devem ser feitas fora dos limites fisiológicos das amplitudes dos
movimentos + + + .
Nas técnicas indirectas, emprega-se uma velocidade suficiente, para
que a separação das facetas articulares possa ser obtida na metade das
amplitudes articulares e sem provocar traumatismos. Este tipo de técnica
tem sido essencialmente desenvolvida na British School of Osteopathy.
O thrust é aplicado paralelamente ou perpendicularmente ao plano
articular, contra a barreira da articulação lesada. Surpreendendo as defesas
fisiológicas articulares, a brusca separação das superfícies surpreende
também o sistema nervoso central e provoca um black out sensorial local.
O circulo vicioso irritativo que mantém o espasmo dos músculos
monoarticulares é assim desfeito e o tônus muscular pode normalizar-se.
É possível que após a separação a 90º das facetas articulares, o novo
contacto se realizará com uma melhor congruência das superfícies
articulares.
Seja qual for o tipo de thurst, os limites articulares fisiológicos são
sempre respeitados. É a diferença fundamental que existe entre uma técnica
osteopática com thrust, e uma técnica de manipulação ortopédica médica.

Os objectivos das técnicas com thrust são:


- liberar as aderências;
- fazer deslizar as facetas articulares e restaurar a função articular;
- normalizar o sistema vascular local;
- provocar um reflexo aferente + + + ;

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- estimular os centros simpáticos ou parassimpáticos para obter a
ruptura do arco reflexo neurovegetativo patológico;
- dar comodidade ao paciente.

O estiramento da cápsula articular ao separar as facetas, estimula


os receptores de Pacini. A informação sensitiva caminha pelas fibras
aferentes até o corno posterior da medula espinhal. Nesse nível existe
uma inibição dos motoneuronios alfa e gama, portanto, uma inibição do
espasmo muscular que mantém a disfunção articular.

Os Princípios Universais ao Nível da Coluna

1º - Tempo: Coloca-se a flexão/extensão para localizar o nível a ser


manipulado. É a alavanca primária.
2º - Tempo: Coloca-se a lateroflexão e contra-rotação + + + para
levar as tensões sobre a faceta articular concernente. É a alavanca
secundária.

2º Principio: O Thrust
O thrust necessita da utilização de uma força mínima se:
- a posição do osteopata é correcta com relação ao plano articular;
- se a tensão é colocada correctamente.
- busca-se então o plano articular, ou seja, o local onde há a sensação
que, apesar da tensão, a articulação está pronta para liberar-se, para
separar-se a 90º.
É somente em seguida que se pode realizar a manipulação com uma
força mínima.
- o thrust é efectuado por contracção breve explosiva dos músculos
posteriores, dorsais e tríceps dos osteopatas, precedida de um
relaxamento deste último. É isso que permite a alta velocidade da
manipulação que surpreende as defesas articulares.

Contra-indicações às técnicas de thrust:


- ósseas: cancro, osteoporose, raquitismo, reumatismo infeccioso e
inflamatório, anomalia congénita, fractura;
- nervosas: compressão medular, hérnia discal, exteriorizada,
neuropraxia;
- vasculares: sobretudo ao nível cervical;
- cancro visceral, devido ao risco de metástase óssea;
- a não integridade dos elementos periarticulares: distensões
musculares, ruptura ligamentar;
- recusa do paciente (resistência, medo, espasmos);

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Manual Técnico de “Osteopatia”
- pressentimento do osteopata. Existem casos em que o nosso instinto
nos diz que não devemos fazer manipulação naquele paciente,
naquela patologia. Isso deve ser sempre respeitado. A prudência deve
ser primordial na gravidez, na idade avançada, e quando existe uma
excessiva.

a) – As Técnicas Indirectas
A colocação em tensão e o thrust são realizadas unicamente com a
ajuda das alavancas superiores:
- a posição do osteopata: Seu corpo é colocado no espaço de tal
maneira que fique na vertical em relação à articulação que deve
manipular. Seu centro de gravidade deve ser colocado acima da
lesão;
- a posição do paciente: Deve permitir colocação das alavancas
necessárias para a normalização. Essa posição deve ser cómoda e
indolor, a fim de obter o relaxamento.
- a forma do contacto: O manuseio deve permitir ao osteopata passar
de uma técnica de tecido mole a uma técnica de thrust sem perda de
contacto.
- o plano articular: Está determinado pela anatomia, permitindo
definir em que direcção a força redutora deve ser aplicada em arco de
circulo, em um plano curvo;
- as alavancas: A redução do slack, a redução do jogo articular, são
permitidas pela combinação dos parâmetros de movimento maiores,
mas também menores.

Os parâmetros maiores são a flexão, a extensão, a lateroflexão e a


rotação.
Os parâmetros menores são a compressão, a tracção, os
deslizamentos laterais e antero-posteriores.
É a busca das alavancas específicas que permite induzir os eixos de
reduções.
A alavanca primária é a direcção principal na qual deve ir a força
correctora. As alavancas secundárias servem para estabilizar a força e para
localizar a força correctora.
A redução de slack deve ser feita no sentido da alavanca primária de
tal maneira que os tecidos possam absorver a força sem produzir bloqueios
articulares. É necessário deixar sempre a possibilidade do jogo articular.
Os parâmetros menores servem para reforçar, diminuir o efeito dos
parâmetros maiores e sobretudo para diminuir a força necessária na
redução da lesão.
Nota: _________________________________________________________________________________________

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Manual Técnico de “Osteopatia”
O parâmetro principal permite diminuir a força da manipulação e a
compressão permite aumentar a colocação em tensão sem aumentar as
amplitudes das alavancas.
Assim, as tensões em torção são menores. A técnica se torna mais
confortável. A força empregada no thrust é assim reduzida
consideravelmente.
- a amplitude do thrust: deve ser a mais curta possível, visando
reduzir ao mínimo o stress dos tecidos. O único caso onde pode ser
utilizada uma maior amplitude, é quando existe uma fibrose.

Utiliza-se classicamente uma manipulação de curta amplitude e de


alta velocidade.

Nota:
As técnicas indirectas permitem uma adaptação fisiológica. Devem
ser utilizadas sempre que a lesão não possa ser analisada correctamente ou
quando é impossível utilizar outra técnica. Não permitem a redução de uma
específica mas restauram a mobilidade.

b) – As Técnicas Directas
Utiliza-se uma forma de contacto simples (pisiforme) ou duplo
(duplo tenar ou duplo pesiforme), directamente sobre as articulações a
manipular. O slack se realiza com a ajuda dos contactos directos sem
grande alavanca.
A articulação é colocada na posição mais neutra possível, o enforque
é sobre a manipulação que deve ser a mais rápida possível, pois as forças
devem ser absorvidas pelos tecidos. Os tecidos capsuloligamentares devem
ser surpreendidos.
O contacto deve ser feito depois de haver sido efectuado um tissue
pull ou seja, um estiramento cutâneo no sentido da redução para eliminar o
deslizamento da pele.
O empurrar redutor que corrige a rotação está quase sempre
associado a um movimento de torção dos punhos que participam da
correcção da lateroflexão.
As técnicas directas são particularmente úteis quando a torção é
indesejável nos tecidos, ou também quando é impossível pela dor, por
contractura muscular ou degeneração.
A técnica directa é seguramente a técnica mais delicada a utilizar,
mas é muito eficaz e possui um grande poder reflexógeno.
Essas técnicas são quase sempre utilizadas sobre camas providas de
almofadas de evitação que permitem absorver o excesso eventual das
forças. Sem dúvida, ainda que útil, a almofada não é indispensável.

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Manual Técnico de “Osteopatia”
c) – As Técnicas Semi-directas:
Trata-se de uma combinação das técnicas precedentes. São mais
selectivas que as técnicas indirectas e permitem ao mesmo tempo as
vantagens da utilização das alavancas.
As técnicas directas e semi-directas são utilizadas principalmente nas
escolas de quiroprática, e as técnicas indirectas são mais utilizadas nas
escolas de osteopatia.
Nessa técnica existe o contacto com a articulação a ser manipulada,
realizada por uma das mãos.

A colocação em tensão é dupla:


- o slack é reduzido no primeiro tempo pelo contacto directo;
- depois a tensão é organizada por intermédio das alavancas, para
aumentar a eficácia do contacto, bloqueando os níveis supra e
subjacentes.

O thrust é realizado pelo contacto directo no eixo do plano de


redução. Caso necessário, a força pode ser aumentada ampliando
simultaneamente as alavancas.

Nota:
Ás vezes existe um feed-back causado pelos tecidos ou pelo
psiquismo do paciente, que provoca reacções dolorosas. É difícil utilizar a
força mínima necessária ao tratamento. Devido à “memória” muscular, é
necessário repetir várias vezes os processos terapêuticos. A rapidez do
resultado está relacionada com o estado de saúde do paciente, da
cronicidade dos seus tecidos. É raro efectuar-se um só tratamento
milagroso.
Todas as manipulações com thrust podem constituir uma técnica
articular (mobilização passiva específica) ou de pompage a partir do
momento em que o thrust não é realizado.

B) – As Técnicas Funcionais:
O princípio é ir no sentido da lesão, no sentido oposto à barreira, no
sentido da facilidade até ao ponto neutro da mobilidade, e de manter esta
posição de equilíbrio tridimensional até à libertação total dos elementos
periarticulares. Essas técnicas, que vão no sentido da redução do espasmo
muscular, fazem com que a aproximação das inserções do músculo
espasmódico reduza a sua tensão. A disparidade entre as fibras intrafusais
diminui, e o sistema nervoso central diminui a actividade gama, o que
permite ao músculo relaxar-se.
Nota: _________________________________________________________________________________________

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Manual Técnico de “Osteopatia”
Nessas técnicas, é importante ao final do tratamento, levar lenta e
passivamente o segmento até à posição neutra, para não reactivar a
hiperactividade gama do fuso neuromuscular.

1) – As Técnicas Funcionais de Hoover


Nessas técnicas uma das mãos do osteopata guia e apalpa
constantemente as mudanças que se produzem nos tecidos. O paciente
coopera deixando-se mobilizar passivamente. A mão sensorial que apalpa
sentirá aumentar ou diminuir as tensões.
O objectivo é encontrar cada direcção, cada parâmetro fácil, e
adiciona-los para realizar um tratamento, uma direcção de relaxamento
total ao nível desejado e em consequência obter uma redução do tônus
muscular na zona lesada.
Utiliza-se os parâmetros maiores dos movimentos, assim como os
parâmetros menores (compressão/rotação, deslizamentos laterais e antero-
posteriores) como nas técnicas estruturais.

2) – Técnicas dos Pontos Gatilhos de Jones:


O ponto gatilho é uma zona muito excitável na qual a palpação
desencadeia manifestações dolorosas paroxísticas, uma nevralgia local ou
uma irradiação dolorosa.
Essa zona de hiperxcitabilidade está situada no tecido miofascial e
pode ser localizada ao nível:
- das aponeuroses;
- dos músculos;
- dos tendões;
- das cápsulas articulares;
- dos ligamentos;
- do periósteo.

O ponto gatilho não é espontaneamente doloroso. Só é doloroso à


palpação. Entretanto, ele é responsável por uma parte das dores referidas, e
pela manutenção da cronicidade do arco reflexo patológico que mantém a
facilitação nervosa. Sua profundidade varia segundo o tecido implicado. É
necessário diferencia-lo de uma zona corporal dolorida.
Ele é frequentemente sobreposto a um ponto de acupunctura.
O ponto gatilho muscular se caracteriza por uma dor do músculo à
palpação. A dor local durante a palpação é aumentada pela contracção
isométrica que diminui sua vascularização.
O ponto gatilho casuloligamentar se caracteriza por uma dor à
palpação que é aumentada pelo movimento passivo até o final das
amplitudes.

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Manual Técnico de “Osteopatia”
Os Princípios Dessa Técnica
A meta é levar a articulação a uma posição cómoda para relaxar o
espasmo dos músculos encurtados:
- buscar o ponto gatilho com o dedo. A outra mão buscar a posição
da articulação que diminui a dor do ponto gatilho;
- manter essa posição durante 90 segundos para permitir a
normalização do circuito gama;
- trazer muito lentamente a articulação para a posição neutra sem
provocar o reflexo de contracção pelo estiramento.

3) – O Modo de Acção das Técnicas de Correcção Espontânea pelo


Posicionamento
A aproximação das inserções do músculo diminui sua tensão à
medida que se caminha no sentido da facilidade. A disparidade entre as
fibras intrafusais e as fibras extrafusais diminui.
O sistema nervoso central diminui a actividade gama o que permite
ao músculo voltar a encontrar seu comprimento inicial. Deve-se voltar
lentamente à posição neutra para não provocar a activação do sistema
gama.

4) – As Técnicas Funcionais Indirectas


Essas técnicas combinam os princípios das estruturas e das
funcionais. Nesses tipos de técnicas busca-se ganhar amplitude contra a
barreira em um só parâmetro do movimento, geralmente o parâmetro
maior.
Coloca-se a articulação contra a barreira no sentido do parâmetro que
deve ser libertado, e mantém-se todos os demais parâmetros de
movimentos facilitados e a cada vez ganha-se em amplitude contra essa
barreira.

d) – As Técnicas Neuromusculares
A técnica neuromuscular é um antigo método hindu de manipulações,
modernizada e aperfeiçoada por Stanley Lief (osteopata).
Os tecidos moles provocam dores importantes, que são:
- localizadas;
- gerais.

Estas dores tem origem:


- reflexa (um órgão projecta uma dor à distância);
- irradiada (como o trajecto dos meridianos de acupunctura).
Nota:_________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________

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Manual Técnico de “Osteopatia”
Os tecidos moles representam 60% do corpo, e compreende os
músculos, as fáscias, as aponeuroses, das cápsulas. Estes tecidos moles
como todos os tecidos humanos consomem energia.

Também possui uma actividade:


- bioquímica;
- biomecânica.

O estiramento rítmico e forçado do músculo é transmitido ao fuso


neuromuscular. O sistema nervoso central é obrigado como medida de
protecção, a diminuir a actividade gama. Por outro lado os receptores
tendinosos de Golgi e das fasciais de Ruffini, provocam uma inibição dos
motoneurônios alfa e gama.
Se existem aderências nos tecidos moles, o influxo nervoso passará
mais dificilmente ou não poderá passar (Stanley Lief).
Como consequência dos músculos ficarão rígidos, fibrosados e
produziram uma barreira para a passagem do influxo nervoso. O tratamento
elimina essas obstruções.
O equilíbrio poderá ser restaurado e produzirá uma melhor
circulação do sangue na zona afectada.
Em uma lesão osteopata, a articulação, os músculos, os ligamentos,
as aponeuroses, as fascias, o sangue, estão estreitamente implicados. Por
isso é necessário normalizar estes tecidos moles, eliminando as
interferências que podem esconder todas as lesões possíveis.
É com o polegar ou os dedos que se aprecia a resistência à pressão, a
contractura, ou os espasmos dos tecidos, assim como a dor.

A lesão neuromuscular está relacionada a quatro pontos:


- a congestão dos tecidos conjuntivos é localizada;
- existe a perturbação do equilíbrio do PH nesses tecidos;
- existe presença de uma infiltração fibrosa;
- as contracturas musculares são crónicas, e com uma alteração
hipertrófica ou hipotrófica.
Ela é causada pelas seguintes circunstâncias:
1) – o esgotamento e a má postura;
2) – um traumatismo localizado;
3) – uma intoxicação muscular (toxemia);
4) – uma deficiência dietética (falta de magnésio, cobre, ferro, etc.);
5) Causas psicológicas que ocasionam tensões musculares.

As lesões são reveladas pela hipersensibilidade sobretudo ao nível:


- do occipital;
- dos paravertebrais;

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Manual Técnico de “Osteopatia”
- das cristas ilíacas;
- dos músculos intercostais.

O tratamento neuromuscolar deve fazer passar a dor e restaurar a


mobilidade para:
- evitar uma manipulação; preparar a zona para uma manipulação, e
evitar os efeitos secundários (inflamação, dor);
- aliviar o stress, o que provoca um relaxamento desses tecidos.

O Diagnóstico

O diagnóstico é também a terapia, o polegar deve ser usado para


aliviar:
- o tônus;
- a sensibilidade;
- a temperatura;
- o edema.

1) – A Avaliação do Tônus:

a) – As Mudanças da Pele

Sobre uma região de afecção aguda, a pele está estirada e é difícil seu
deslizamento.

b) – O Endurecimento
Para perceber-se deve-se aumentar a pressão dos dedos, fazendo traços
profundos, com a finalidade de obter um diagnóstico preciso. Sente-se
sobre os dedos um aumento da resistência ao nível dos tecidos.
A pele e os músculos superficiais mostrarão uma tensão e uma
imobilidade que indicarão a presença de fibrose.

2) – A Sensibilidade
Ela pode indicar problemas reflexos nas afecções crónicas ou agudas.
Ela dará também informações erradas, já que os músculos superficiais e a
pele estão ricamente providos de receptores sensíveis.

3)– A Temperatura
Uma afecção aguda provocará um aumento da temperatura. Quando
existe tensões crónicas, aparecerão isquemias relativas, com uma
diminuição da temperatura, levando a uma alteração fibrótica subjacente.
Nota: _________________________________________________________________________________________

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Manual Técnico de “Osteopatia”
4) – O Edema
a) – Em um Problema Agudo
Tem-se uma impressão de edema e de congestão suprajacente.

b)– Em um Problema Crónico


Não haverá edema, mas aparecerão tecidos fibróticos.

As lesões neuromusculares são sinalizadas por uma dor na região.

Os objectivos da técnica neuromuscular são:


- restaurar o equilíbrio muscular e o tônus;
- restaurar a normalidade trófica, mudando o quadro histológico e
fisiológico;
- tonificar os músculos de forma natural, graças ao tratamento
reflexo;
- melhorar a drenagem sanguínea e linfática através dos depósitos
adiposos.

O Tratamento Neuromuscular
Várias técnicas neuromusculares estão disponíveis para tratar
correctamente os pacientes.

As principais são:
- traços profundos e lentos. No total, passa-se três vezes sobre a
mesma zona;
- manobra de rolamento;
- vibrações sobre os músculos (para eliminar o espasmo do psoas,
por exemplo);
- técnicas de percussão (como na espondiloterapia de Abrames).

Todos esses meios serão escolhidos segundo o caso, com a finalidade


de obter o melhor resultado.
O tratamento geral ou localizado se pratica de uma a duas vezes por
semana.
Será utilizado para os problemas estruturais, os problemas digestivos
(caso sejam funcionais), respiratórios e urinários.

Nota:_________________________________________________________
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Manual Técnico de “Osteopatia”

AS TÉCNICAS VISCERAIS

I – Introdução
As vísceras asseguram o funcionamento do corpo em seu conjunto.
Existem lesões próprias às vísceras, como existem lesões osteopáticas das
vértebras, ou das diferentes articulações.
As vísceras não são consideradas de maneira diferente da articulação.
As vísceras que sofrem, manifestam muitas vezes seus problemas à
distância.

II – A Função Visceral e Lesão Osteopata


Todas as lesões patológicas produzem uma fixação víscera. A víscera
deixa de estar livre na cavidade à qual pertence, e se encontra, por isso,
solidária a outra estrutura.
Caso o corpo não consiga adaptar-se a essa situação, ele
desenvolverá um transtorno funcional. Se a adaptação é inadequada,
provocará um transtorno estrutural.
O tratamento tentará restituir à víscera sua mobilidade primitiva
fisiológica. O osteopata deve tratar todos os movimentos do corpo humano.
O osteopata é a arte de provocar uma autocorrecção do organismo. A
manipulação víscera é um destes meios.
Um órgão tem boa saúde, caso seja móvel, graças às serosas, às
fáscias e aos ligamentos que o rodeia.
Toda a perda de mobilidade, fixação, aderências, modificam o
movimento da víscera e causam patologias.
O objectivo do tratamento é o de suprimir as aferências nociceptivas
periféricas (vertebral) ou viscerais que mantêm o espasmo da musculatura
lisa intravisceral.
Antes de um tratamento visceral, é necessário normalizar a lesão
vertebral.

Para o órgão lesadose se manifestar utiliza-se:


- a via parietal ( enervação raquidiana do órgão);
- a via visceral (fibras nervosas do sistema nervoso autónomo).

Tem-se assim:
- as dores projectadas sobre uma superfície distante do órgão;
- as dores ao nível do órgão.

III – As Técnicas Directas


Concernem à mobilidade do órgão. Essa técnica consiste primeiro
em exercer uma ligeira tracção para colocar a víscera ou uma parte desta
em tensão. Mobiliza-la, mantendo a tenção e progressivamente relaxar esta
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Manual Técnico de “Osteopatia”
tensão, continuando com a mobilização. O princípio é, com efeito, colocar
o órgão sob tensão por uma tracção, antes de mobiliza-lo.

IV – As Técnicas Indirectas
Essa técnica utiliza um apoio directo sobre a víscera que a coloca em
tensão, e é a mobilização passiva de uma alavanca que actuará sobre o
órgão. É utilizada quando não se pode alcançar um órgão por um método
directo.

V – As Técnicas de Equilibração Funcional “Sensorial” das


Vísceras

Alem das técnicas clássicas viscerais, utiliza-se dois tipos de


técnicas suplementares:
- as equilibrações sensoriais das vísceras;
- as equilibrações dos pontos gatilhos viscerais, aplicando os
princípios de Jones ao nível dos órgãos.

A – As Equilibrações Sensoriais das Vísceras

1) – Os objectivos
As metas dessas técnicas são de suprimir:
- as aferências nervosas nociceptivas viscerais;
- os espasmos do trato gastrointestinal;
- as tensões fasciais;
- o angioespasmo e a estase local, provocando um estado de calma
tissular.

2) – Princípios do Tratamento:
Utiliza-se uma colocação de mãos antero-posterior que permite
realizar uma compressão do órgão, ficando atento à mobilidade.
Comprime-se a víscera e espera-se que a direcção primária lesional
se anuncie espontaneamente.
As duas mãos vão no sentido dessa direcção e impedem o retorno ao
sentido inverso, o paciente respira amplamente.
É necessário seguir toda direcção suplementar que se anuncie
espontaneamente e que não está na diagonal do movimento primário.
Ao final da técnica, somente a mobilidade fisiológica do órgão deve
ser percebida sob a mão do osteopata.

Nota:_________________________________________________________
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Manual Técnico de “Osteopatia”
B) – Equilibrações dos Pontos Gatilhos Viscerais

1) – Os Objectivos
Os objectivos dessa técnica são de suprimir:
- os espasmos dos esfíncteres que perturbam o trânsito intestinal;
- as aferências do arco reflexo medular patológico.

2) – Princípios do Tratamento:
Em um primeiro tempo provoca-se a dor pela palpação do ponto
gatilho visceral.
Em um segundo tempo, busca-se a posição de relaxamento das
tensões de equilíbrio funcional ou estrutural, tridimensional, que faz
desaparecer a dor do ponto gatilho.
É necessário manter a posição de equilíbrio até que se obtenha o
relaxamento dos tecidos, levando o paciente a respirar amplamente.

O TRATAMENTO OSTEOPÁTICO DA PELVE

GENERALIDADES SOBRE A PELVE

A mobilidade das articulação sacroilíacas tem sido, durante muito


tempo, o centro de discussões biomecânicas contraditórias: para alguns esta
articulação é uma anfiartrose, por tanto não é capaz de fazer nenhum
movimento, salvo na hora do parto. Para outros, ao contrário, essa
articulação é falsamente classificada como uma anfiartrose, capaz de
realizar movimentos pequenos de rotação e de deslizamentos.
Para Testut, o deslizamento médio da base sacra é da ordem de 5 a 6
mm. Esse movimento é muito mais importante na hora do parto.
Foi realizado um estudo por Colachis. Este autor introduziu agulhas
de Kirchner nas espinhas ilíacas póstero-superiores, em dose estudantes de
medicina, uma agulha foi cravada de um lado e duas do lado oposto com a
finalidade de evitar erros. Pediu-se a esses sujeitos que realiza-sem um
certo número de movimentos do tronco.
As conclusões são as seguintes:
- existe efectivamente um movimento fraco (5 mm em média) ao
nível das sacroilíacas.
Lavingnolle estudou igualmente esses movimentos pela técnica
fotogramétrica do SUH, tirando como conclusão que:
- existe uma mobilidade sacroilíaca, a posição dos eixos dos movimentos é
muito variável;

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Manual Técnico de “Osteopatia”
- os movimentos existentes possuem uma amplitude de 10 a 12º para a
rotação e de 6 mm para a translação;
- em osteopatia, como em quiroprática, a pelve possui uma importância
capital para o equilíbrio da coluna. É a base sobre a qual repousa em
equilíbrio instável a coluna vertebral. Nessas duas disciplinas, descreve-se
movimentos dos ossos ilíacos em relação à base sacra, e movimentos do
sacro em relação aos ossos ilíacos.
Considera-se que o sacro faz parte das vértebras lombares e que os
ilíacos fazem parte dos membros inferiores;
- a rotação antero-posterior é o movimento que produz quando os ilíacos se
movem em relação ao sacro considerado como fixo;
- o deslizamento é o movimento que se produz quando o sacro se move
entre os ilíacos.
O sacro tem como papel transmitir o peso do tronco aos membros
inferiores por intermédio dos ossos ilíacos. Está encaixado como uma
cunha entre os ilíacos e somente as superfícies articulares são suportes. Isso
explica a grande frequência das lesões da articulação sacroilíaca.
Sacro e ilíacos funcionam como uma “pinça de mordaça”. Na
marcha, essa pinça aperta de um lado e se relaxa do lado oposto: isto
explica as dificuldades que existem para liberar esta articulação.

A BIOMECÃNICA DA
REGIÃO SACROILÍACA

É a relação entre a coluna


vertebral, que é flexível, e a
estabilidade da pelve. É a
resistência da base pélvica, da
pirâmide inferior (ver capítulo
sobre biomecânica osteopática),
que serve de suporte à massa
visceroabdominal e mantém a sua
tensão. O complexo ilíaco-sacro
responde pela estabilidade da
pelve. L5 faz parte da curvatura
sacra. Disto se conclui que L5 está
associada ao pivô ílio-lombo-
sacro. A fisiologia funcional
requerida pelo corpo faz com que
o jogo ligamentar posterior seja
responsável pela importância
mecânica dessa região.
Universidade Profissional do Norte 82
Manual Técnico de “Osteopatia”
Hipomobilidades e Hipermobilidades

Compensatórias ao Nível da Pelve


Illi insiste sobre o facto de que qualquer grau de fixação ao nível da
articulação sacroilíaca diminui a capacidade de compensação em torção da
coluna vertebral. Nos movimentos de anteflexão do tronco, existe sempre
um grau de torção lombar. Quando a articulação sacroilíaca está fixa, essa
torção fisiológica é diminuída e se produz então uma torção ao nível das
raízes nervosas. As fixações da articulação sacroilíaca são um dos factores
da restrição das articulações lombosacras e de degeneração discal lombar
baixa. As fixações sacroilíaca são responsáveis por uma hipermobilidade
lombossacra, fonte de protusão discal, portanto de ciática.

A dor, em geral, se apresenta sobre o segmento articular hipermóvel,


por isso o lugar da dor é muito raramente o lugar da fixação articular que é
necessário corrigir.
Uma fixação sacroilíaca pode ser responsável por uma
hipermobilidade dolorosa da sacroilíaca oposta ou da sínfise pública (isto,
em relação do cisalhamento imposto pela rotação ilíaca).
Uma fixação da sínfise pubiana pode igualmente ser a origem de uma
hipermobilidade compensatória dolorosa de uma das articulações
sacroilíacas.

AS DISFUNÇÕES OSTEOPÁTAS
DA ARTICULAÇÃO SACROILÍACA

I – As Lesões Ilíacas:
Estão relacionadas com o exagero dos
movimentos fisiológicos do ílio em relação
ao sacro. A força lesional é induzida pelos
membros inferiores.

A – A Lesão de Rotação Posterior do


Ilíaco:
A lesão se produz sobre o terceiro
eixo transverso, ela se acompanha de
espasmos musculares reacionais ao nível dos
seguintes músculos:
- espinhais lombares;
- iliopsoas;
- glúteo máximo;
- piriforme.
Universidade Profissional do Norte 83
Manual Técnico de “Osteopatia”
Os sinais clínicos são os seguintes:
- perna curta homolateral;
- espinha ilíaca póstero-superior baixa e mais posterior, espinha
ilíaca antero-superior mais alta e posterior;
- sulco profundo;
- sínfise pública alta.

B – A Lesão de Rotação Anterior do Ilíaco


A lesão se produz sobre o terceiro eixo transverso e se acompanha
de espasmos ao nível dos seguintes
músculos:
- isquiostibiais;
- tensor da fáscia lata.

Os sinais clínicos dessa lesão


são:
- perna mais longa do lado da
lesão;
- espinha ilíaca póstero-superior
alta e anterior, espinha ilíaca
poster-superior mais baixa e
anterior;
- ramo isquiopúblico deslocado
para baixo;
- sulco apagado.
Existem outras lesões descritas
na leitura osteopática, porem menos frequente.

Nota:_________________________________________________________
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II – As Lesões do Sacro
Estão relacionadas com o exagero dos movimentos fisiológicos de
notação e contranotação do sacro (unilateral e bilateralmente) com relação
aos movimentos do tronco.
Existe torção, mas não cisalhamento ao nível da sínfise pública.

- as lesões da notação são chamadas lesões de extensão;


- as lesões em contranutação são chamadas lesões de flexão.

Universidade Profissional do Norte 84


Manual Técnico de “Osteopatia”
A – As Lesões Anteriores do Sacro:
Nessas lesões, a base sacra é anterior. Do lado lesado, o sacro desce
sobre o pequeno braço auricular e depois sobre o grande braço auricular:
- essa lesão pode ser bilateral (depressed sacrum) ou unilateral, ela se
produz sobre o segundo eixo transverso.

Ela pode ser também o resultado de uma torção, produzindo-se sobre


um eixo oblíquo. Nomeia-se essa lesão torção esquerda sobre o eixo
esquerdo, ou rotação direita sobre o eixo direito. Essas lesões anteriores do
sacro são mais patogenias que as
lesões posteriores. As lesões
posteriores são responsáveis pelas
dores locais, as lesões anteriores
são responsáveis pelas dores
referidas do tipo ligamentar,
podendo simular uma ciatalgia, por
colocar em tensão os ligamentos
sacroilíacos anteriores ou o
ligamento sacrotuberal.

- as lesões anteriores da base sacra


são responsáveis pelas ciatalgias
do tipo S1;
- as lesões anteriores do ápice do
sacro provocam ciatalgias do tipo
S2 + + + .

B – As Lesões Posteriores do Sacro


Nestas lesões a base sacra é posterior (estado de flexão). Do lado
posterior o sacro sobe sobre seus braços auriculares.
Essa lesão pode ser unilateral ou bilateral, se produz então sobre o
2º eixo transverso:
- essa lesão pode também ser o
resultado de uma torção do sacro
produzindo-se sobre um eixo oblíquo.
Chama-se torção direita sobre o eixo
esquerdo, ou torção esquerda sobre o
eixo direito (nas torções posteriores,
assim como nas anteriores o sacro se
move sobre o pequeno braço de um
lado e sobre o grande braço do lado
oposto).

Universidade Profissional do Norte 85


Manual Técnico de “Osteopatia”
Em caso de torção, uma hemibase sacra é
anterior, a outra posterior.

Nota:
Lesão sacra e patologia pelviana:
Uma torção sacra pode ser induzida por
uma patologia visceral afectando o sistema
miofacial: é frequente o caso de patologias

afectando o útero (ver quadro 13).


Gillet D. C. insiste sobre o
facto de que nas dores lombares e
nas ciáticas a pelve tem um papel
patógeno maior, na primeira
região.

Nesse caso, é também capital


1 – Base sacra anterior esquerda liberar as fixações que se localizam
2 – Eixo oblíquo esquerdo ao nível dos pés (astrágalo
3 – L5 em NSR esquerda
4 – Ápice sacro posterior à direita anterior + + ).
5 – Piriforme esquerdo
6 – Perna longa à esquerda
D: 46b – Lesão de torção anterior do sacro

Ciatalgia S2:
dor referida a
partir da parte
baixa do
ligamento
sacroilíaco
anterior em
seguida a uma
lesão posterior
unilateral da
base sacra
(ápice anterior 1 – Base sacra posterior à direita
+ + + ). 2 – L5 em FRS direita
3 – 2 semi-eixo transverso direito
4 – Ápice sacro Antero-superior à direita
D: 47 5 – Perna curta à direita
As lesões da D: 48ª – Lesão posterior unilateral do sacro à
pelve e ciática direita

Nota:___________________________________________________________
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Manual Técnico de “Osteopatia”

Nota:_________________________________________________________
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O DIAGNÓSTICO OSTEOPÁTICO
DAS LESÕES DA PELVE

I – A Anamnese
Quando se suspeita da existência de uma fixação sacroilíaca, deve-se
fazer o diagnóstico diferencial entre uma pélviespondilite anquilosante e
um transtorno coxofemoral (ver o capitulo sobre os membros).
As dores nocturnas que não se acalmam com o repouso, as dores em
todos os movimentos devem levantar a suspeita de um transtorno
inflamatório da articulação (a associação lombalgia e dor do calcanhar é
evocadora de uma espondilite anquilosante).
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Manual Técnico de “Osteopatia”
As características da dor ligada à sacroilíaca são as seguintes:
- dor na marcha;
- dor ao subir escadas;
- dor unilateral;
- dificuldade de colocar as meias;
- dificuldade para levantar-se de uma cadeira;
- a dor não se agrava com a tosse.

II – A Palpação

A) A Palpação das Referencias Ósseas


O paciente, estando em decúbito ventral, o osteopata deverá palpar
uma assimetria posicional das referencias seguintes:

Espinhais ilíacas póstero-superiores (espinha ilíaca anterior no caso


de rotação anterior, posterior em caso de rotação posterior).
- Isquios (anterior em caso de posterioridade ilíaca, posterior em
caso de anterioridade ilíaca;
- sulco (apagado em caso de
posterioridade da base sacra,
profundo em casos de
anterioridade da base sacra);
- ângulos infero-laterais do
sacro (antero-superior em caso
de lesão posterior, póstero-
inferior em caso de lesão
anterior).
F 14 – Palpações das espinhas ilíacas
póstero-superiores

Nota:_________________________________________________________
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Estando o paciente em decúbito dorsal,a palpa-se:


- as espinhas ilíacas antero-superiore (póstero-superior em caso de
posterioridade ilíaca, antero-inferior em caso de anterioridade
ilíaca).
- sínfise pública (alta em caso de posterioridade ilíaca, baixa em
caso de anterioridade).
- comprimento dos membros inferiores (perna curta em caso de
posterioridade ilíaca ou sacra, longa em caso inverso: sem dúvida é
sobretudo o espasmos dos ilíacopsoas o responsável pelo
encurtamento do membro inferior).

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Manual Técnico de “Osteopatia”
B) - A Palpação dos Músculos

Busca-se uma sensibilidade muscular à palpação:


- do piriforme, do glúteo máximo, da pata de ganso na fase interna
do joelho, da inserção pública dos adutores em caso de
posterioridade ilíaca.
- inserções do tensor da fáscia lata na face externa do joelho, da
inserção dos isquiostibiais ao nível do isquio em caso de
anterioridade ilíaca.

Referencias Posterior Anterior Jn Flare Out Flare Ap slip


EIPS Póstero- Antero- Separadas e ao Aproximadas e Alta
inferior superior mesmo nível ao mesmo
nível
EIAS Póstero- Antero-inferior Aproximadas e Separadas e ao Alta
superior ao mesmo mesmo nível
nível
Sulco Profundo Apagado Largo Estreito Profundo
Ramo Pubiano Alto Baixo Em Em separação Alta
compressão e sem
sem deslocamento
deslocamento
Sínfise Dolorosa à Dolorosa à Dolorosa à Dolorosa ao Dolorosa à
Pubiana palpação palpação compressão afastamento palpação
Tuberosidade Anterior Posterior Separadas Aproximadas Alta
isquiátrica mais, ao porem ao
mesmo nível mesmo nível
Tensões Grácil, bíceps, Tensor da Adutores Adutores Quadrado
sartório, psoas fáscia lata, lombar,
contralateral, bíceps, ligamento
piriforme piriforme, sacrotuberal
adutores
Quadro 14: as disfunções iliosacras

Nota:_________________________________________________________
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Manual Técnico de “Osteopatia”
Lesões Flexão Flexão Flexão Extensão T.E.E. T.D.E. T.D.D. T.E.D. T.E.E. +
Bilateral Bilateral Unilateral Unilateral Ilíaco
(base ant) (base ant) À direita À direita post. à
direita
EIAS Posterior Anterior Postero- Antero- Póstero Antero Póstero Antero Póstero
Bilateral Bilateral Superior Inferior Superior inferior à superior à inferior superior
À direita À direita à esquerda esquerda direita à direita à direita
Membros Normais Normais Perna Curta Perna longa Perna curta Perna Perna Perna Perna
Inferiores À direita à direita à esquerda curta à curta à curta à curta à
direita direita esquerda direita
Sínfese Normal Normal Normal Normal Normal Normal Normal Normal Superior
Pubiana à direita
EIPS Aproxi- Afastados Posterior Anterior Posterior à Posterior Posterior à Posterior Posterior
madas Á direita À direita esquerda à direita direita à à direita
esquerda
Sulco Profundo Apagados Profundo Apagado à Apagado à Apagado Apagado à Apagado Profundo
À direita direita esquerda à direita direita à à direita
profundo à profundo profundo esquerda
direita à esquerda à esquerda profundo
à direita
AIL Póstero Antero Póstero Antero Póstero Antero Poster Póstero Poster
Inferior Superior Inferior Superior à inferior à superior à inferior à inferior inferior à
Bilateral Bilateral À direita direita direita esquerda direita à direita esquerda
L5 Extensão Flexão Extensão e Flexão e FSe Rd ERe Se FSd Re ERd Sd Lordose
concavidade concavidade
À esquerda à esquerda
Quadro 15: as disfunções sacroilíacas

Nota:_________________________________________________________
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III – Os Movimentos Activos


Na lateroflexão do tronco, o sacro se comporta como uma vértebra
lombar na 1ª lei de Freyette: do lado da lateroflexão, a base se anterioriza,
e do lado oposto se torna posterior. No caso de lesão sacra, durante a
lateroflexão, a pelve do paciente vai esquivar-se do movimento por uma
fuga para a frente.

IV – Os Testes Ortopédicos

A – O Teste de Rotes Querolle


Uma dor sacroilíaca que se manifesta quando o paciente salta sobre
um só pé, é evocadora de uma pelvisespondilite reumática.

B – O Teste de Compressão das Asas Ilíacas


O paciente estando em decúbito dorsal. E o osteopata comprime as
asas ilíacas ao nível das espinhas antero-superiores para dentro: um
reumatismo inflamatório fará com que este teste seja doloroso.

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Manual Técnico de “Osteopatia”
C – Os Testes de Gaenslen
O paciente está em decúbito
dorsal na borda da mesa. Pede-se que
fixe o membro inferior em tríplice
flexão sobre seu peito, para proteger
as vértebras lombares, e que deixe seu
membro do lado oposto para fora da
mesa. Uma dor sacroilíaca nesse teste
indica uma afecção sacroilíaca.

O Teste de Patrick ou Fabere


F 15 – Teste de compressão das asas ilíacas
Nesse teste o paciente está em
decúbito dorsal. Consiste em colocar o membro inferior em flexão-
abdução-rotação externa do quadril.
O osteopata empurra o joelho do
paciente em direcção ao solo. Uma
dor neste teste traduz uma afecção
do quadril ou articulação
sacroilíaca.

V – Os Testes de Mobilidade

A – O Teste Fisiológico em F 16 – Teste de Gaenslen


Lateroflexão
Esse teste é idêntico ou utilizado
para estudar os movimentos activos, mas
o osteopata apalpa ao mesmo tempo as
duas hemibases sacras.

Em lateroflexão do tronco:
- do lado da lateroflexão à base sacra
adianta-se. Se
F 17 – Testes de Fabere não é o caso,
está fixada
posteriormente;
- do lado oposto à lateroflexão a base do sacro
se torna posterior. Se não é o caso, está fixada
em anterioridade.

B – O Teste da Flexão do Quadril:


Gillet
O paciente está de pé de frente a uma
parede sobre a qual repousa as mãos. F 18 – Teste fisiológico em
lateroflexão para o sacro
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Manual Técnico de “Osteopatia”
O osteopata coloca seus polegares, um sobre a
espinha ilíaca póstero-
superior, de um lado e o
outro sobre a base sacra
do mesmo lado.
Continuando, pede-se ao
paciente que flexione seu
quadril e seu joelho. Se o
polegar ilíaco não descer
quando o paciente
F 19 – Teste de Gillet, teste do
ilíaco direito
flexiona o membro
inferior do lado do ilíaco,
é porque existe uma fixação do ílio. Se o polegar F 20 – Teste de Gillet, teste do
sacro não descer quando o paciente flexiona o lado esquerdo
membro inferior do lado oposto, é porque existe uma fixação da base sacra.
Trata-se várias zonas à direita
e à esquerda:
- os processos articulares superiores
de L5 e L4 ( a flexão do quadril
mobiliza o ilíaco em rotação. Pela
acção dos ligamentos
ilíacolombares);
- a parte alta da superfície articular
sacroilíaca S1;
- a parte baixa da superfície auricular
da articulação sacroilíaca S3.
1- Processos articulares direito e esquerdo de L4
2- Processos articulares direito e esquerdo de L5
3- Parte alta da superfície auricular sacroilíaca (S1) VI – A Cinesiologia Aplicada
4- Parte baixa da superfície auricular sacroilíaca (S3) Os músculos testados para estudar as
D: 49- Referencias testadas no estudo da mobilidade da pelve
lesões da articulação sacroilíaca são
os isquiostibiais. A lesão é confirmada pela Terapia Localização, pede-se
ao paciente, estando este em decúbito ventral, que coloque suas duas mãos
superpostas sobre a sacroilíaca para por em evidencia uma fixação do ílio,
ou sobre o sacro, para evidenciar uma lesão sacra. Então o músculo forte
torna-se
fraco.

F 22 – Terapia localizada do sacro


F 21 – Terapia localizada da sacroilíaca
Universidade Profissional do Norte 92
Manual Técnico de “Osteopatia”
O sentido da correcção é indicado pela Challenge que consiste em
empurrar o elemento lesado (sacro ou ilíaco) no sentido oposto ao da
lesão:
- para o ilíaco, anterioriza-se empurrando a espinha ilíaca postero-
superior em direcção à mesa, e posterioriza-se empurrando o isquio
em direcção ao solo;
- para o sacro, anterioriza-se empurrando a base sacra para a frente, e
posterioriza-se empurrando o ápice para a mesma.

O TRATAMENTO OSTEOPÁTICO DA PELVE

Uma das zonas mais importantes a ser tratada do ponto de vista


osteopático é a pelve.
Muitas disfunções vertebrais têm como origem um desequilíbrio da
pelve (De Jarnette considera que o centro do corpo está situado ao nível
do sacro).
Esse é sempre o caso, salvo nos torcicolos onde é preferível ajustar
primeiro a lesão mais importante ao nível da coluna cervical, e depois o
restante da coluna e da pelve, antes de retornar ao tratamento das cervicais.
O osteopata não deve esquecer que existe um reflexo lesionado entre
as funções da pelve e o das vértebras cervicais superiores. É preciso
considerar nesse caso que é impossível estabilizar o desequilíbrio da pelve,
sem ter previamente tratado o pé.

O Tratamento do Músculo Piriforme


O piriforme (assim como o ilíacopsoas) é um dos músculos
essenciais para a articulação sacroilíaca: qualquer disfunção da articulação
provoca um espasmo reflexo do músculo piriforme, em torno do qual se
pode organizar a torção do sacro, pois é o piriforme que fixa o pólo inferior
do eixo oblíquo da torção.
O piriforme está quase sempre relacionado com as citalgias, devido
às ligações anatómicas que mantém com o nervo ciático. Um espasmo do
piriforme pode produzir uma neuropatia de compressão ao nível da incisura
isquiática.
O tratamento que propomos para o músculo piriforme é uma técnica
se stretching. O paciente está em decúbito ventral, o joelho do lado do
espasmo flexionado a 90º, o osteopata está de pé do lado oposto à lesão.
Com uma mão segura o tornozelo do paciente, e com a outra estabelece um
contacto ao nível do piriforme através do pisiforme, colocando a mão
perpendicularmente nas fibras do músculo.
A mão pélvica exerce uma compressão e um deslizamento através
do músculo piriforme, enquanto a outra mão mobiliza o quadril em rotação
Universidade Profissional do Norte 93
Manual Técnico de “Osteopatia”
interna. Esse streching é realizado de forma rítmica, até a obtenção do
relaxamento muscular.

F 23 – Relação do músculo piriforme e do nervo


ciático ao nível da nádega F 24 – Stretching do músculo piriforme

AS TÉCNICAS COM THRUST PARA A PELVE

I – As Técnicas Semi-directas

A – Generalidades
As técnicas com thrust são, sem sombra de dúvida, as mais eficazes
para o tratamento da pelve, exceptuando-se as técnicas de Sacro-Occipital-
Technic de De Jarnette - onde utiliza-se cunhas para realizar um sistema de
bloching da pelve.
As técnicas semi-directas em decúbito lateral do tipo lumbar roll são
as mais utilizadas para a coluna lombar, as principias são parecidas. Essas
técnicas são realizadas com a ajuda de um apoio do joelho do osteopata
sobre a perna do paciente. Esse movimento de KicK (como executado pelo
membro inferior no momento de accionar o pedal de ligar a motocicleta)
é capital na técnica. Graças a isso no momento da redução podemos abrir a
articulação. O objectivo do movimento do kick é abrir a articulação em sua
parte posterior. Uma técnica com grande movimento de kick não é uma
técnica violenta, é uma técnica com muita abertura articular. Esse
movimento permite uma grande abertura posterior graças ao apoio anterior
sobre a sínfise pública e graças à grande alavanca utilizada, o fémur.

Nota:_________________________________________________________
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Universidade Profissional do Norte 94
Manual Técnico de “Osteopatia”
A posição de flexão ou discreta extensão do membro inferior
permite conduzir as tensões e abrir o pólo anterior da articulação ou o
pólo superior. Em seguida será necessário somente orientar a força
correctora no eixo de um ou outro lado:

1- Direcção do thrust
2 – Posição em flexão máxima do membro inferior
D: 51 – Posição do membro inferior para focalizar
D: 50 – Acção do movimento de kick induzido as tensões sobre o grande braço auricular e direcção
pelo apoio do joelho do osteopata sobre a perna do thrust para o pólo inferior da sacroilíaca
do paciente

- para o pólo superior da articulação utiliza-se pouca flexão do membro


inferior. A força da redução está orientada no eixo do pequeno braço da
superfície articular, em direcção aos pés do paciente;
- para o pólo inferior da articulação utiliza-se mais flexão do membro
inferior, com a finalidade de localizar as tensões na parte baixa da
sacroilíaca. A força de redução está orientada no eixo do grande braço da
superfície auricular, na direcção da cabeça do paciente.
A técnica de redução para o ílio ou para o sacro é similar.

B – As Técnicas para os Ilíacos


O paciente está em decúbito lateral, sobre o lado são, o osteopata está
de pé à altura da pelve do mesmo, seu joelho está apoiado sobre a perna
flexionada do paciente.

A coluna lombar do paciente está colocada em ligeira flexão e sem


rotação vertebral a fim de não mobiliza-la, durante a manipulação:
- para o ilíaco superior, o quadril do paciente deve estar em ligeira
flexão. O osteopata toma um contacto pisiforme sobre a espinha
ilíaca póstero-superior, o antebraço está no eixo da redução. O
osteopata faz bocejar posteriormente a articulação sacroilíaca por um
apoio do seu joelho sobre a perna do paciente, e simultaneamente
thrust em direcção de sua perna estirada e dos pés do paciente.
- para um ilíaco anterior, o quadril do paciente está mais flexionado.
O osteopata toma um contacto pisiforme sobre o isquio, o antebraço
está no eixo da redução. O osteopata provoca um bocejo na
articulação sacroilíaca por um movimento de kick e simultaneamente
thrust em direcção da cabeça do paciente

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Manual Técnico de “Osteopatia”
Nota:
É possível utilizar a mesma
técnica sem o movimento de kick: o
osteopata está na frente, sua perna
posterior estirada está em contacto
com a face externa da coxa do
membro inferior flexionado do
paciente. A abertura sacroilíaca é
então induzida por um body drop
1 – Direcção de thrust (deixar cair o corpo) realizado pela
2 – Posição em ligeira extensão do membro flexão dos joelhos do osteopata.
inferior
D: 52 – Posição do membro inferior para localizar
as tensões sobre o pequeno braço auricular, e C – As Técnicas para o
direcção do thrust para o pólo superior da
sacroilíaca Sacro

As técnicas são idênticas em alguns detalhes:


- a coluna lombar está colocada previamente em extensão e em
lateroflexão-rotação oposta para construir uma alavanca englobando
o sacro;
- para uma lesão anterior de uma hemibase sacra, o osteopata toma
um contacto pisiforme sobre o ápice homolateral do sacro, com a
finalidade de faze-lo subir ao longo da superfície auricular. A
direcção do thrust é idêntica àquela de um ílio anterior;
- para uma lesão posterior de uma hemibase sacra, o osteopata toma
o mesmo contacto directamente sobre a base sacra com a finalidade
de fazê-la descer ao longo da superfície auricular. A direcção do
thrust é idêntica àquela de um ílio posterior.

F 25 – Técnica semi-directa para redução de


um ilíaco posterior F 28 – Técnica semi-directa de redução
de um ilíaco (médio com doby drop)

Nota:_________________________________________________________
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Manual Técnico de “Osteopatia”

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Manual Técnico de “Osteopatia”

Nota:
Em caso de torção sacra, realiza-se um thrust para a base anterior de
um lado, e um thrust para a base posterior do lado oposto.
D – A Técnica com Cilha para o Sacro (Walton)
Essa técnica é utilizada quando as técnicas precedentes são
insuficientes para liberar a articulação devido à cronicidade da lesão.
O paciente está em decúbito ventral, a pelve cilhada contra a mesa,
ao nível das espinhas ilíacas póstero-superiores. O osteopata está do lado
oposto à lesão, ele coloca um braço sob o tórax do paciente, de tal maneira
que seu ombro se encaixe no cavo auxiliar do paciente (o braço deste
descansa sobre a escápula do osteopata). Sua outra mão toma um contacto
pisiforme sobre a lesão.
O osteopata constrói uma alavanca em lateroflexão-rotação
homolateral para colocar em tensão a articulação. Ele realiza um thrust
sobre a sacroilíaca graças a um boby drop produzido pela flexão dos seus
joelhos.
Esse thrust é de grande suavidade, apesar das aparências mostrarem
o contrário, e é também extremamente potente.
II – As Técnicas Directas
Essas técnicas de, essência quiroprática, necessitam da utilização de
uma mesa de quiroprática provida de um drop pélvico, o drop é uma
almofada que permite absorver o excesso eventual da força induzida pelo
thrust.
Possuem grande eficácia, inofensiva quando são executadas
correctamente, e não utilizam nenhuma colocação em tensão prévia da
articulação a tratar. As alavancas são colocadas unicamente com a ajuda de
contactos directos.
O paciente está em decúbito ventral, o quadril descansa sobre o drop
pélvico. O osteopata de pé à altura da pelve, toma um contacto pisiforme
sobre o osso a manipular. Esse contacto é reforçado por um contacto
pisiforme da outra mão sobre a tabaqueira anatómica da primeira mão.
O osteopata cuidará de realizar um estiramento cutâneo no sentido da
redução e dirigirá o seu contacto por um movimento de pronoção do punho.
O ponto do contacto pode ser:
- a espinha ilíaca postero-superior para um ílio posterior;
- o isquio para um ílio anterior;
- a hemibase sacra para uma lesão posterior do sacro;
- o ápice sacro para uma lesão anterior do sacro.

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Manual Técnico de “Osteopatia”
Os braços do osteopata são colocados no plano articular e no eixo da
redução. O thrust é realizado por uma contracção explosiva dos peitorais e
dos tríceps do osteopata associada a um body drop. O thrust é realizado três
vezes seguidas e a cada vez deve-se armar o drop pélvico.

F 32 – Técnica directa para redução de um


ilíaco posterior F 34 – Técnica direita para uma lesão
posterior unilateral da sacra

F 33 – Técnica de redução para o ilíaco


anterior
F 35 – Técnica para uma lesão anterior
unilateral da base sacra

O TRATAMENTO
NEUROMUSCULAR DA REGIÃO PÉLVICA

Na técnica do polegar, os traços profundos serão feitos a partir da


parte média do sacro, ao nível do segundo forame do sacro, e dirigido para
as lombares de L5 até L2.
Em seguida desloca-se da região sacra em direcção ao exterior das
cristas ilíacas.
Efectua-se os traços paralelos às fibras do piriforme, do interior para
o exterior.
Efectua-se igualmente traços até à tuberosidade isquiática, assim
como sobre a face posterior dos músculos do interior para o exterior.
Busca-se os pontos gatilhos dos músculos espamódicos e trata-se
como foi explicado precedentemente.

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Manual Técnico de “Osteopatia”

D. 53 – Tratamento neuromuscular (traços para a pelve

O TRATAMENTO OSTEOPÁTICO
DA COLUNA LOMBAR

GENERALIDADES

A lombalgia é o motivo de consulta mais frequente em patologia


vertebral. É de se ressaltar, das estatísticas internacionais, que os problemas
lombares são responsáveis por 1% das licenças de trabalho.
O grau de liberdade maior da coluna lombar é a flexão-extensão, e é
ao longo desse movimento que a lombalgia se manifesta mais
frequentemente.

Existe essencialmente quatro elementos que podem ser a fonte de


dores a nível da coluna lombar:
- o disco intervertebral;
- as facetas articulares posteriores;
- o ligamento interespinhoso;
- os músculos paravertebrais.

A Biomecânica da Região Lombar


O pivô mais importante da coluna vertebral é o “L3”.
Os platôs superior e inferior dessa vértebra são horizontais, o que
permite maiores movimentos antero-posteriores, com pouco componente
de rotação e de inclinação lateral.

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Manual Técnico de “Osteopatia”
L3 é o centro de gravidade do corpo. É o centro de convergência das
linhas antero-posteriores para os membros inferiores. É também o vértice
do pequeno triângulo inferior.
Por causa das massas viscerais, L3 sofre tensões anteriores muito
importantes. Recebe igualmente grandes tensões posteriores pelo arco
lombar. L3 é também o primeiro ponto de ligação das forças de apoio
verticais. Por isso, L3 é muitas vezes vítima de lesões: o corpo está
sustentado por esse pivô.
L3 é o ponto de torção máxima. As forças de torção sofridas por L3
são portanto muito importantes. Sempre existe tensão muscular a este nível.

AS LESÕES OSTEOPÁTAS DA COLUNA LOMBAR

Quando uma dor se produz durante a rotação, é devido ao choque das


facetas posteriores que comprimem a membrana sinovial, provocando
assim contracturas musculares reflexas imediatas. Essas comprimem o
disco e aumentam o impacto das facetas.
No caso do traumatismo, o controle muscular é surpreendido no
desempenho do seu papel de protecção, e o sistema ligamentar pode ser
danificado. A dor é então devida ao nervo sinus vertebral de Luschka.

I – As Fixações Articulares e Hipermobilidade ao Nível da


Coluna Lombar

A compressão do sistema hipermobilidade/hipomobilidade é muitas


vezes a chave de numerosos problemas crónicos desta região.

A hipermobilidade das vértebras L5 e L4 é causada por uma ou


várias fixações articulares cuja origem pode ser múltipla:
- Fixação Articulares que provocam uma hipermobilidade de L4 ou
L5 estão quase sempre situadas ao nível da pelve. Pode tratar-se de
uma lesão do sacro, que transmite directamente as forças lesionadas a
L5, ou também uma lesão do ilíaco, que pela obliquidade dos
ligamentos íliolombares pode repercutir sobre L5 ou sobre L4.
- Retracções Musculares favorecem igualmente uma hipermobilidade
compensadora da coluna lombar, pois modificam a estática
lombopélvica. Os músculos implicados são os isquiotibiais, o psoas,
os espinhais lombares.
- Debilidades Musculares resultantes das disfunções somáticas vão
favorecer a instalação de uma hipermobilidade articular lombar
devido a compensações necessárias para a realização de certos
movimentos. Por exemplo: um paciente em decúbito dorsal para
Universidade Profissional do Norte 101
Manual Técnico de “Osteopatia”
elevar as pernas estendidas ao solo, se os abdominais são fracos, pois
o movimento é realizado sobretudo pelo íliopsoas. A região L5-S1 é
submetida, desse modo, a um cisalhamento no sentido da extensão,
fazendo com que o disco sofra.

Os músculos afectados quase sempre são:


- glúteo máximo e espinhais lombares;
- quadrado lombar e glúteo médio;
- íliopsoas e o recto do abdómen.

Nesses diferentes casos,


basta corrigir a situação
patológica para produzir um
desaparecimento duradouro dos
sintomas.
Mas a situação às vezes é
mais complexa, já que a
hipermobilidade e fixação
articular podem existir no seio
de uma mesma vértebra:
- a fixação de uma faceta
articular pode provocar
hipermobilidade da faceta do
lado oposto;
- a fixação e uma faceta articular
pode provocar a hipermobilidade
do disco intervertebral.
II – As Lesões Discais
Aparecem nos
degenerados, que são o local de
uma hipermobilidade
compensadora. Essas lesões
podem ir do bloqueio intradiscal
até uma hérnia discal. O
bloqueio do núcleo provoca um
deslizamento do eixo do
movimento e cria uma
divergência das facetas
articulares com sofrimento
ligamentar. O aumento da
pressão intradiscal posterior
ricamente enervado. As reacções
inflamatórias periarticulares

Universidade Profissional do Norte 102

D: 54 Hipermobilidade, fixações articulares e nevralgias


de origem ligamentar
Manual Técnico de “Osteopatia”
provocam a irritação da zona posterior do nervo sinus vertebral, o espasmo
muscular de defesa vai agravar a compressão.

A Classificação das Lesões Discais Segundo Charnley

- Tipo I: existe uma ruptura de algumas das fibras do anel ou uma


das lâminas cartilaginosas dos corpos vertebrais. Existe sofrimento
das cápsulas articulares e do ligamento interespinhoso.
A dor é aguda e acompanhada de espasmos musculares dos
espinhais: o sinal de Lasègue é negativo, não existe ciática.

- Tipo II: trata-se de um edema que causa a irritação das fibras do


anel, pois a pressão exercida pelo núcleo é transmitida
horizontalmente. O paciente apresenta uma lombalgia com
mioespasmos: não existe ciática, o teste de Lasègue é negativo.
- Tipo III: existe uma protrusão postero-lateral do disco. O paciente
apresenta uma lombalgia com dores referidas no glúteo máximo, na
sacroilíaca, no quadril, na face posterior da coxa. Não existe nenhum
deficit neurológico, o sinal de Lasègue é negativo.
- Tipo IV: existe hérnia de
núcleo nas fibras
periféricas do anel, que faz
protrusão no forame
intervertebral. O paciente
apresenta uma lombalgia
aumentada pela manobra
de Valsava, uma
verdadeira ciática discal
com sinais de irritação
radicular, o sinal de

Lasègue è positivo.
- Tipo V: existe um fragmento
livre do núcleo. Esta situação
crónica está associada a uma
degeneração discal. O paciente vai
apresentar episódios de lombalgia
com ou sem ciática (depende da

Universidade Profissional do Norte 103

D: 55 – Classificação das lesões discais,


segundo Charnley
Manual Técnico de “Osteopatia”
posição do fragmento livre e da importância dos esforços físicos).
- Tipo VI: existe exteriorização do fragmento nuclear, existe hérnia discal
sub-ligamentar. A raiz nervosa está irritada de maneira crónica pelos
factores mecânicos (a pressão), pela irritação química, por uma resposta
auto imune, ou também por uma combinação de todos ou vários desses
diferentes factores. O paciente apresenta uma verdadeira ciática, o sinal de
Lasègue é positivo.
- Tipo VII: é a degeneração discal avançada, a discartrose, o disco fica
absolutamente incapaz de desempenhar o papel de amortecedor das
pressões.
Os corpos vertebrais apresentam osteófitos. A lombalgia é crónica ou, ao
contrário, pouco sintomática.

III – As Lesões das facetas articulares posteriores: A síndrome


das facetas

Essas lesões seriam causadas, segundo Fred Mitchell D.O. FAAO e


KORR Ph.D, por um desajustamento dos fusos neuromusculares. Os
músculos vão fixar as facetas articulares em posição de imbricação (lesão
de posterioridade) ou em posição de desembricação (lesão de
anterioridade). Segundo Wulf, existe um bloqueio do menisco intrarticular.
Nesse tipo de lesão, os sintomas são variados, podendo ir do quadro clínico
da lombalgia simples ao lumbago (lombalgia aguda).

É doloroso levantar da
cama, a posição sentada, o
endireitamento a partir da
anteflexão do tronco
desencadeia uma dor viva, mas
a tosse e a defecção são
indolores.

Ao nível lombar, as
disfunções somáticas são
classificadas da seguinte
maneira:
- lesão de posterioridade (ERS):
existe a lesão de imbricação do
D: 56 – Tipo VII: Discartrose
lado da posterioridade (é
Tratamento: repouso, analgésicos, manipulações necessário abrir a faceta
Classificação das lesões discais segundo Charnley
lesada);

Universidade Profissional do Norte 104


Manual Técnico de “Osteopatia”
- lesão de anterioridade (FRS): existe a lesão de desenbricação do
lado oposto à posterioridade, do lado anterior (é necessário fechar a
faceta lesada);
- lesão de rotação tipo escoliose (NSR): é necessário girar a vértebra
do ápice para a concavidade.

Essas lesões podem ser detectadas ao nível lombar e torácico pela


palpação:
- em decúbito ventral, neutra: NSR;
- em decúbito ventral, em posição esfinge: FRS;
- sentado em anteflexão do tronco: ERS;

Nota:_________________________________________________________
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