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Homicídio Privilegiado
Figuras típicas e matéria relacionada.
Bruna Pizani
Carine Rodrigues
João G. de A. Santos
Lorena Santos
Vanessa Andrade
Rúbia Ferch
GUARATUBA
2010
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
1. HOMICÍDIO: ......................................................................................................... 5
2. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO:.................................................................................... 6
Figuras Típicas: ..................................................................................................... 6
Motivo de relevante valor social e/ou moral: .......................................................... 7
Violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima: .................................... 9
Emoção Violenta:................................................................................................. 10
Injusta provocação da vítima: .............................................................................. 11
A DIMINUIÇÃO DA PENA NO ART. 121, § 1º, É FACULDADE OU OBRIGAÇÃO DO
JUIZ? ................................................................................................................ 12
CONCLUSÃO .................................................................................................... 16
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 17
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INTRODUÇÃO
Passemos à apreciação.
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1. Homicídio:
Homicídio simples1
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
O Código Penal Brasileiro, a partir daqui grafado como CP, faz a divisão de
tipos, da seguinte forma:
1
(Penal 1940)
2
(Wikipedia 2010)
3
(Hungria 1942)
5
O termo em foco é amplamente usado no meio jurídico, visto ser o termo
técnico correto a ser empregado. No entanto, um sinônimo que pode muito bem fazer
às vezes do termo técnico é “Assassinato”. Esta expressão é popularmente mais
usada, tratando o réu como Assassino, e não tanto como Homicida, embora sejam
sinônimos diretos.
Porém, vale mencionar que este termo retro relacionado é mais empregado
quando se refere ao Homicida Doloso, onde há a clara intenção de matar. O termo
técnico, de acordo com o entendimento dos alunos que assinam esta obra, é
empregado com maior freqüência quando relacionado à culpa, ou ainda, ao tipo
privilegiado.
2. Homicídio Privilegiado:
Figuras Típicas:
Para valer esta vertente, o agente precisa enquadrar-se em algumas figuras
que configuram o tipo. Alistamos abaixo as 3 (três) figuras típicas:
O fato de o sujeito cometer o delito impelido por pelo menos alguma das figuras
típicas acima, faz com que o juiz possa reduzir a pena de um sexto a um terço.
6
Embora a Lei diga que é apenas uma possibilidade, tem prevalecido a tese da
obrigatoriedade da redução da pena, em virtude da aplicação dos princípios gerais de
Direito Penal, que compelem ao intérprete da Lei a fazê-lo da forma mais favorável
ao Réu.
Motivo de relevante valor social ocorre quando a causa do delito diz respeito
a um interesse coletivo. A movimentação, então, é ditada em face de um interesse que
diz respeito a todos os cidadãos de uma coletividade. Ex.: o sujeito mata o traidor da
pátria.
4
(Jesus 1999)
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mero indício da diminuição sensível da culpa. Também se exige que o agente esteja
dominado pelos motivos em causa, para que eles revistam a personalidade do agente,
fazendo-o crer na necessidade de cometer o homicídio. Quando temos esta situação,
torna-se claro que o seu discernimento foi afetado e por isso, sua capacidade de
determinar o que é aceito em nossa sociedade está seriamente agredido, quase que
inoperante.
Mas e o que dizer se, por exemplo, o sujeito simplesmente “achar” que a
futura vítima de relevante valor moral é o estuprador, simplesmente porque alguém lhe
disse, mas que na realidade não é o agente delituoso? Tal pergunta tem o perfil do
ilustre Professor Dr. Noel, em suas aulas de Direito Penal. Como responder a esta
questão levantada? Usamos aqui, novamente, o mestre Damásio, que nos ensina que
“(...) Se o sujeito, levado a erro por circunstâncias de fato, supõe a existência do
motivo (que, na verdade, inexiste), aplica-se a teoria do erro de tipo (CP, art. 20), não
se afastando a redução da pena (...)” 5
Abaixo relacionamos uma recente notícia, onde se verifica claramente a
aplicação do privilégio sobre o homicida:
Segundo os autos, no dia 29 de maio de 2008, o réu foi avisado de que a vítima
estaria caminhando pelas dunas situadas a 200m da Servidão Dois Irmãos, no bairro
dos Ingleses, na Capital. Cristiano se dirigiu ao local para vingar a morte de seu
irmão Luiz de Souza Lima, ocorrida dias antes, ao que tudo indica, provocada pela
vítima. (GN) Lá chegando, ao deparar-se com Gilberto, desferiu-lhe inúmeros
disparos, causando-lhe a morte.
O júri foi presidido pelo juiz de direito Luiz Cesar Schweitzer e contou com a
participação do promotor de justiça Alceu Rocha e do advogado Alexandre José
6
Biem Neuber, na defesa do réu (Autos n.º 023.08.043253-3).
5
(Jesus 1999)
6
(Judiciário 2010)
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Violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima:
Não se confunde com a atenuante genérica do art. 65, III, c, parte final, do
CP: no homicídio privilegiado, o agente se encontra sob o domínio de violenta emoção
e há de realizar a conduta logo após a provocação da vítima; na atenuante genérica,
ele se acha sob a influência da emoção, não exigindo o requisito temporal.
I - Não há que se ter como contraditória a decisão dos jurados que não
vislumbra a ocorrência do homicídio privilegiado e, de outro lado,
reconhece a incidência da atenuante prevista no art. 65, III, a, do Código
Penal (Precedente).
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(Jurisprudência/STJ 2005)
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Estas situações são colocadas para definir que, com base no grau de
emoção e a necessidade emocional de agir para solucionar o conflito, em sua
concepção. Entende que a emoção é a causa do crime (“foi levado a matar”).
Emoção Violenta:
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(Jurídico 2010)
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situação sem saída, perdendo a esperança, para que desta forma, entre em um
estado de violenta emoção.
A lei, mais uma vez, não exige apenas que o agente esteja desesperado, mas
que tal desespero diminua sensivelmente a sua culpa.
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(Penal, Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.)
10
(Jurisprudência/STJ 1991)
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Não será privilegiado, portanto, o homicídio decorrente de ódio antigo, ou
que venha a ser cometido tempos depois da agressão da vítima, pois isto retira a
suposição de que o agente estava com suas faculdades mentais diminuídas em
decorrência de violenta emoção.11 (Wikipedia 2010)
11
(Wikipedia 2010)
12
(Jurisprudência/STJ 2002)
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diminuir ou não a pena. A "faculdade" diz respeito ao quantum da redução. (...)”
(Jesus 1999)
Em outro ponto de análise, Delmanto analisa que “(...) Nada impede que um
homicídio privilegiado seja também qualificado. Por exemplo, é o caso do agente que
utiliza meio cruel para realizar o homicídio sob violenta emoção logo em seguida de
injusta provocação da vítima. (...)” 15 (Delmanto 2008)
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(Jesus 1999)
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(Jesus 1999)
15
(Delmanto 2008)
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(Jurisprudência/STJ 2002)
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emoção em que o agente está envolto. A prática jurídica discute sobre isto em virtude
de as circunstâncias legais contidas na figura típica do homicídio privilegiado são de
natureza subjetiva. Na do homicídio qualificado, algumas são objetivas (§ 2º, III e IV,
salvo a crueldade), outras, subjetivas (nos. I, II e IV).
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(Jesus 1999)
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(Jurisprudência/STJ 2000)
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(Jurisprudência/STJ 1997)
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Pelo material já apresentado, é fato que a abordagem do homicídio com
privilégios abre campo para grande discussão, tanto no âmbito jurídico profissional,
como no próprio ambiente acadêmico, que é o verdadeiro celeiro intelectual de nosso
país. A ocorrência simultânea de privilégios e qualificadores são cada vez mais
abrangidos, visto ter como uma das figuras típicas para o privilégio, a violenta emoção,
que é causa geradora de atrocidades, tidas como crueldade, dentro dos agentes
qualificadores.
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CONCLUSÃO
O Homicídio Privilegiado visa trazer para perto o que a Lei muitas vezes
distancia: a realidade social. O indivíduo é vítima de suas próprias emoções, impulsos
e insatisfações. Quando está inflado desses sentimentos, está mais sujeito a cometer
delitos, e isso é compreendido pelos privilégios.
O Art. 121 do CP tipifica de forma clara o que deve ser considerado como
privilégio, e mostra ser bem coerente. Concordamos como grupo acadêmico, que é
plenamente correto a aplicação da Lei quando homicídio praticado por motivo de
relevante valor social ou moral no § 2.º do art. 121, e delas em dispositivos outros (§§
3.º e 4.º).
Não deve ser considerado como apologia ao crime, embora seja
constantemente requerido em ações penais, como forma de beneficiar o réu.
Concluímos ainda que é possível a coexistência de agentes privilegiadores e
qualificadores, sem contradições. Decidimos não abordar o tema sob o parecer da
Eutanásia e Ortotanásia, haja vista entendermos que a discussão se estenderia além
do limite definido para este debate. Deixamos apenas para constar que
os tribunais brasileiros têm enquadrado, embora esta não seja
ainda jurisprudência pacífica, a eutanásia como homicídio privilegiado.
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BIBLIOGRAFIA
Delmanto, Celso. Código Penal Comentado. 7ª Edição. São Paulo: Renovar, 2008.
Hungria, Nelson. Comentários ao Código Penal. Vol. V. Rio de Janeiro: Forense, 1942.
Jesus, Damásio Evangelista de. Direito Penal. Vol. II. São Paulo, SP: Saraiva, 1999.
Oliveira, Lucielly Cavalcante de. “Homicídio passional: qualificado ou privilegiado?” Revista Jus
Vigilantibus, 2006: 3.
Finaliza aqui.i
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i
Este material acadêmico foi confeccionado com base em pesquisa, discussão e desenvolvimento de
idéias, em um esforço conjunto dos acadêmicos do 4º Semestre do Curso de Direito do ISEPE,
Guaratuba, que assinam esta obra. Utilizamos referências e citações devidamente indicadas ao longo
das laudas, e as referências bibliográficas foram devidamente elencadas. Esperamos a apreciação do
Ilmo. Professor Noel Rosa.
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