Autor: VEIGA, José J. Editora: Bertrand Brasil Ano: 2007
“No dia seguinte a cidade amanheceu [...] com uma novidade: um
grande acampamento fumegando e pulsando do outro lado do rio”. (p. 12)” “[...] À noite, quando iam fechar as janelas para dormir e davam com os olhos no clarão do acampamento, as pessoas procuravam se convencer de que não estavam vendo nada e evocavam aquele trecho de pasto como ele era antes”. (p. 16) “[...] Amâncio Mendes era uma cruz que Manarairema tinha que carregar com paciência.” (p. 22) “O que vale não é o que um diz, é o que o resto vê.” (p. 23) “À noite a fogueira e os lampiões do acampamento queimavam até tarde, da cidade via-se o clarão entre as folhagens, e quando o vento era favorável chegava-se a ouvir vozes e risos e ondulações esgarçadas de música; mas [...] aquilo já fazia parte do cenário natural da noite” (p. 25) “Manarairema já não se preocupava tanto com os homens [...] tanto que, quando Geminiano informou que estava carreando areia para a tapera [...] ninguém estranhou.” (pp. 25-26) “[...] Era preciso saber que obras, e para que, e só Geminiano poderia informar.” (p. 27) “[...] Geminiano só dizia que estavam derrubando paredes, levantando paredes, entelhando, rebocando, pintando.” (p. 27) “Uma noite, na venda, sem que ninguém esperasse [...] Amâncio alvoroçou todo mundo ao dizer que no dia seguinte ia fazer uma visita à tapera.” (p. 28) “[...] era uma boa idéia alguém ir lá de peito aberto, olhar, conversar, tirar tudo a limpo. [...] Mas sendo Amâncio a ir, o resultado podia sair estragado.” (p. 28) “A demora é bom sinal, sinal de conversa; e conversa demorada, briga adiada.” (p. 34) “- Amâncio agiu certo. Para saber se numa moita tem onça é preciso chegar perto.” (p. 34) “Quando alguém disse que no cartório tinha chegado notícia, a venda se limpou de barranco, [...] como se notícia fosse artigo de se esgotar com a procura.” (p. 35) “[...] Geminiano conseguiu dizer que não vira Amâncio, que não sabia de peteca nem de briga, que estava tudo calmo na tapera, todo mundo trabalhando.” (p. 37) “- Se todo mundo aqui fosse como eles, Manarairema seria um pedaço de céu, ou uma nação estrangeira.” (p. 41) “No meio da tarde, quando o sol espichava as sombras no largo, a carroça dobrou a esquina e entrou no beco. [...] quando parou na porta da venda dela desceram três homens vestidos com paletós.” (p. 44) “Os homens entraram calados, Amâncio fechou a porta.” (p. 45) “Essas visitas foram se repetindo e caíram numa rotina que o povo acabou por aceitar [...] ninguém procurava saber que assuntos eram tratados naquelas reuniões à porta fechada.” (p. 45) “O tempo passava e nada mais acontecia. Geminiano consertou a carroça e continuou carreteando areia, cada vez mais calado e encolhido. Os homens da tapera continuaram visitando Amâncio na venda [...] às vezes ficavam até noite alta, outras vezes saíam logo.” (p. 49) “Das intenções dos homens, de sua ocupação verdadeira a cidade continuava na mesma ignorância do primeiro dia.” (p. 49) Como Manarairema é uma cidade pequena, pode-se perceber que há uma curiosidade muito grande da população em relação ao que é novo. Curiosidade esta que se dispersa com o passar do tempo, mas que vai voltando à medida que as coisas com os “homens” vão acontecendo. O realismo mágico provavelmente está nos próximos dois capítulos do livro, que lerei para o próximo mês. Este primeiro fichamento reúne o que considerei que será importante mais tarde, na análise do mesmo.