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A Arte Moderna terá papel determinante nessa nova relação do sujeito com
o mundo, pois não é descritiva. A idéia desta Arte não é descrever o mundo, mas
fazer com que o mundo apareça, surja, e comunique-se por si com o observador.
Merleau-Ponty se interessará não em categorizar, mas sim em analisar aquilo que
se manifesta (o fenômeno, o mundo). Como nos mostrará no exemplo de Cézanne,
não haverá, portanto, o desenho prévio de uma obra. As cores é que, sozinhas,
mostrarão ao observador a obra.
O tema de uma pintura não precisa ser analisado, e sim a pintura, ou seja,
como esse tema é constituído pelo pintor. Entretanto, não significa que apenas a
forma importa. O que importa é a constituição da forma e do conteúdo. Essa
constituição é que, interagindo com a consciência do observador, vai gerar a
experiência. Nesse sentido, a arte moderna, o cubismo, as formas atuais de arte
são, sem dúvida, um choque na idéia antiga de análise não da obra em si, mas do
que a obra teria, como pretensão, de retratar ao observador. O observador deixa
de ser passivo no sentido de observar algo pronto e apenas receber a informação, e
passa a fazer parte da obra, que gerará uma experiência em cada observador. Ele
será co-responsável pela experiência que a pintura, ao ser admirada, causará.
André Ricardo Pontes – RA: 200500200
Professor Hélio – Seminários de Filosofia
Esquematização Geral da obra Conversas, de Maurice Merleau-Ponty
Além disso, o mundo não é somente formado pelas coisas naturais. Ele é
composto também de quadros, músicas, livros, e esse “mundo cultural” fornece
experiências distintas das experiências do mundo natural, e mergulhar nessa
experiência é a forma de “contemplar as obras de arte da palavra e da cultura em
sua autonomia e riqueza originais”.