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SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

Estado, governo e administração pública:


conceitos, elementos, poderes e organização ........................................... 3/5
natureza, fins e princípios .......................................................................... 3/5
Organização administrativa da União
administração direta e indireta ................................................................ 10/17
Agentes públicos:
espécies e classificação ...............................................................................11
poderes, deveres e prerrogativas ................................................................. 5
cargo, emprego e função públicos ..............................................................11
regime jurídico único:
provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição ..............40
direitos e vantagens ..............................................................................44
regime disciplinar ...................................................................................51
responsabilidade civil, criminal e administrativa ....................................55
Poderes administrativos:
poder hierárquico ........................................................................................35
poder disciplinar ..........................................................................................35
poder regulamentar ......................................................................................35
poder de polícia ...........................................................................................38
uso e abuso do poder ................................................................................... 8
Serviços Públicos
conceito, classificação, regulamentação e controle .....................................70
forma, meios e requisitos ............................................................................72
delegação:
concessão, permissão, autorização ........................................................73
Controle e responsabilização da administração:
controle administrativo ........................................................................... 14/67
controle judicial ...................................................................................... 14/67
controle legislativo ................................................................................. 14/67
responsabilidade civil do Estado .................................................................70
Lei nº 8.112, de 11/12/90, publicada no DO de 12/12/90 e posteriores
atualizações (regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União) ...........39
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

GOVERNO, ESTADO E ADMINISTRAÇÃO ção precípua do Poder Executivo é a conversão da lei em


PÚBLICA ato individual e concreto (função administrativa); a função
precípua do Poder Judiciário é a aplicação coativa da lei
CONCEITO DE ESTADO aos litigantes (função judicial). Referimo-nos à função
precípua de cada Poder de Estado porque, embora o ideal
O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que fosse a privatividade de cada função para cada Poder, na
é considerado: realidade isso não ocorre, uma vez que todos os Poderes
I - corporação territorial dotada de um poder de man- têm necessidade de praticar atos administrativos, ainda que
do originário; restritos à sua organização e ao seu funcionamento, e, em
II - comunidade de homens, fixada sobre um territó- caráter excepcional, admitido pela Constituição, desempe-
rio com poder de mando, ação e coerção; nham funções e praticam atos que, a rigor, seriam de outro
III - pessoa jurídica territorial soberana; Poder. O que há, portanto, não é a separação de Poderes
IV - pessoa jurídica de direito público interno; com divisão absoluta de funções, mas, sim, a distribuição
V - entidade política, ou seja, pode elaborar as suas das três funções estatais precípuas entre órgãos indepen-
próprias leis. dentes, mas harmônicos e coordenados no seu funciona-
mento, mesmo porque o poder estatal é uno e indivisível.
GOVERNO Aliás, já se observou que Montesquieu nunca empre-
gou em sua obra política as expressões “separação de
É o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais. É o Poderes” ou “divisão de Poderes”, referindo-se unicamen-
complexo de funções estatais básicas. É a condução políti- te à necessidade do “equilíbrio entre os Poderes”, em que
ca dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora se um Poder limita o outro, como sugerira o próprio autor
identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, no original. Seus apressados seguidores é que lhe detur-
ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e param o pensamento e passaram a falar em “divisão” e
órgãos como manifestação da Soberania. A constante, po- “separação de Poderes”, como se estes fossem estanques
rém, do Governo é a sua expressão política de comando, e incomunicáveis em todas as suas manifestações, quan-
de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manu- do, na verdade, isto não ocorre, porque o Governo é a
tenção da ordem jurídica vigente. O Governo atua median- resultante da interação dos três Poderes de Estado –
te atos de Soberania ou, pelo menos, de autonomia política Legislativo, Executivo e Judiciário – como a Administra-
na condução dos negócios públicos. ção o é de todos os órgãos desses Poderes.

Elementos do Estado ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

O Estado é constituído de três elementos originários • Entidades componentes do Estado Federal


e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. A organização político-administrativa do Brasil com-
Povo é o componente humano do Estado; Território, a preende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
sua base física; Governo soberano, o elemento condutor nicípios.
do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de auto- Estas entidades são autônomas, cabendo à União exer-
determinação e auto-organização emanado do Povo. Não cer a soberania do Estado brasileiro no contexto interno e
há nem pode haver Estado independente sem Soberania, à República Federativa do Brasil, pessoa jurídica de di-
isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incontrastável reito público externo, o exercício de soberania no plano
de organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre internacional.
de seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões, inclusi-
ve, pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta- • Competência da União, dos Estados, do Distrito
se e se manifesta através dos denominados Poderes de Federal e dos Municípios
Estado. A União, pessoa jurídica de direito público interno,
exerce os poderes que objetivam a garantia da soberania
Poderes de Estado e defesa nacionais; a manutenção de relações com países
estrangeiros, a participação em organismos internacionais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de e a promoção do desenvolvimento econômico-social do


Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, país, bem como a garantia da cidadania e dos direitos
são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, indepen- individuais dos cidadãos.
dentes e harmônicos entre si e com suas funções recipro- Destacam-se, ainda, dentre outras atribuições de ca-
camente indelegáveis (CF, art. 2º). ráter administrativo da União, as seguintes:
Esses Poderes são imanentes e estruturais do Estado – declarar guerra e celebrar a paz;
(diversamente dos poderes administrativos, que são – assegurar a defesa nacional;
incidentais e instrumentais da Administração), a cada um – elaborar e executar planos nacionais e regionais
deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com de desenvolvimento econômico e social;
precipuidade. Assim, a função precípua do Poder – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministé-
Legislativo é a elaboração da lei (função normativa); a fun- rio Público e a Defensoria Pública do Distrito Fe-
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deral e dos Territórios, bem como as Polícias Ci- Aos Municípios, compete legislar sobre assuntos
vil e Militar e o Corpo de Bombeiros do Distrito de interesse local e ainda suplementar a legislação federal
Federal; e estadual, no que couber.
– manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacio- Ao Distrito Federal, são atribuídas as mesmas com-
nal; petências reservadas aos Estados e Municípios.
– organizar, manter e executar a inspeção do traba-
lho; DIREITO ADMINISTRATIVO
– emitir moeda.
Cabe à União, privativamente, legislar sobre maté- CONCEITOS
rias específicas das quais destacam-se as seguintes:
– direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, Segundo Hely Lopes Meirelles: “Conjunto harmôni-
agrário e trabalho; co de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agen-
– população indígena; tes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta,
– águas, energia (inclusive nuclear), informática, te- direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.
lecomunicações e radiodifusão; comércio exterior José Cretella Júnior entende por Direito Administra-
e interestadual; tivo “o ramo do Direito Público interno que regula a ati-
– nacionalidade, cidadania, naturalização e direitos vidade e as relações jurídicas das pessoas públicas e a
referentes aos estrangeiros; instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pes-
– seguridade social; soas”.
– diretrizes e bases da educação nacional; Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Admi-
– normas gerais de licitação e contratação para a nistrativo é “o ramo do Direito Público que tem por obje-
Administração Pública nas diversas esferas de to os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas
governo e empresas sob seu controle; que integram a Administração Pública, a atividade jurídi-
– serviço postal; ca não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza
– desapropriação. para a consecução de seus fins, de natureza política”.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- Diógenes Gasparini vê o Direito Administrativo como
pios possuem competências comuns, que são exercidas uma “sistematização de normas doutrinárias de direito,
de modo a que cada unidade restrinja-se a um determina- conjunto harmônico de princípios jurídicos” destinadas a
do espaço de atuação. ordenar a estrutura e o pessoal (órgãos e agentes) e os
Dentre estas competências destacam-se as seguintes: atos e atividades da Administração Pública, praticadas ou
– conservação do patrimônio público; desempenhadas enquanto Poder Público.
– saúde e assistência públicas; Para nós, Direito Administrativo é “o complexo de
– proteção dos bens de valor histórico, das paisa- posições jurídicas e princípios que disciplinam as rela-
gens naturais notáveis e dos sítios arqueológicos; ções da Administração Pública (órgãos e entidades) e seus
– acesso à educação, à cultura e à ciência; agentes públicos na busca do bem comum”.
– proteção ao meio ambiente e controle da poluição;
– combate às causas da pobreza e da marginalização, OBJETO
promovendo a integração dos setores desfavore-
cidos. Para Hely Lopes Meirelles, a caracterização e a deli-
O art. 24 da Constituição Federal possibilita à União, mitação do objeto do Direito Administrativo estão nas
aos Estados e ao Distrito Federal legislarem de forma atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
concorrente em matérias específicas. imediatamente os fins desejados pelo Estado.
Neste âmbito, a União limita-se a estabelecer normas José Cretella Júnior diz que o Direito Administrativo
gerais. Os Estados e o Distrito Federal exercem compe- tem como objeto a administração, isto é, “os serviços públi-
tências legislativas complementares, atendendo, cada um, cos são o objeto do Direito Administrativo”.
às suas peculiaridades.
Nos termos das competências concorrentes, os Esta- FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
dos e o Distrito Federal adaptam-se à legislação federal
vigente. Segundo o saudoso Hely Lopes Meirelles, o Direito
Cabe à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- Administrativo possui quatro fontes: a lei, a doutrina, a
gislar, de forma concorrente, sobre: jurisprudência e os costumes, sendo a Lei a principal, for-
– Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Eco- mal e primordial.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nômico e Urbanístico; I - A lei, em sentido amplo, é a fonte primária do


– orçamento; Direito Administrativo, abrangendo esta expressão des-
– produção e consumo; de a Constituição até os regulamentos executivos. E com-
– florestas, caça, pesca, fauna, conservação da na- preende-se que assim seja, porque tais atos, impondo o
tureza, proteção do meio ambiente e controle da seu poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado,
poluição; estabelecem relações de administração de interesse dire-
– proteção do patrimônio histórico, cultural, artísti- to e imediato do Direito Administrativo.
co e paisagístico; II - A doutrina, formando o sistema teórico de princí-
– educação, cultura, ensino e desporto; pios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivo
– previdência social, proteção e defesa à saúde; da Ciência Jurídica à qual pertence a disciplina em causa. A
– proteção à infância e à juventude. doutrina é que distingue as regras que convêm ao Direito
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Público e ao Direito Privado, e mais particularmente a cada FINS
um dos sub-ramos do saber jurídico. Ela influi não só na
elaboração da lei, como nas decisões contenciosas e não O bem comum da coletividade administrada. Toda
contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Adminis- atividade do administrador público deve ser orientada
trativo. para esse objetivo. Se dele o administrador se afasta ou
III - A jurisprudência, traduzindo a reiteração dos desvia, trai o mandato de que está investido, porque a
julgamentos num mesmo sentido, influencia poderosa- comunidade não institui a Administração senão como
mente a construção do Direito, e especialmente a do Di- meio de atingir o bem-estar social. Ilícito e imoral será
reito Administrativo, que se ressente de sistematização todo ato administrativo que não for praticado no interes-
doutrinária e de codificação legal. A jurisprudência tem se da coletividade.
um caráter mais prático, mais objetivo que a doutrina e a O fim, e não a vontade do administrador, domina
lei, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos que, todas as formas de administração.
por sua persistência nos julgados, acabam por penetrar e Os fins da Administração consubstanciam-se, por-
integrar a própria Ciência Jurídica. Outra característica tanto, na defesa do interesse público, assim entendidas
da jurisprudência é o seu nacionalismo. Enquanto a dou- aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas
trina tende a universalizar-se, a jurisprudência tende a por toda a comunidade administrada, ou por uma parte
nacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos prin- expressiva de seus membros. O ato ou contrato adminis-
cípios teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Admi- trativo realizado sem interesse público configura desvio
nistrativo menos geral que os demais ramos jurídicos, de finalidade.
preocupa-se diretamente com a Administração de cada
Estado, e por isso mesmo encontra, muitas vezes, mais PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚ-
afinidade com a jurisprudência pátria que com a doutrina BLICO
estrangeira. A jurisprudência, entretanto, não obriga quer
a Administração, quer o Judiciário, porque não vigora Examinados nos tópicos anteriores – os princípios
entre nós o princípio norte-americano do stare decises, básicos da Administração – vejamos, agora, os poderes
e deveres do administrador público, ou seja, os encargos
segundo o qual a decisão judicial superior vincula as ins-
daqueles que gerem bens e interesses da comunidade.
tâncias inferiores para os casos idênticos.
Esses gestores da coisa pública, investidos de competên-
IV - O costume, em razão da deficiência da legisla-
cia decisória, passam a ser autoridades, com poderes e
ção, a prática administrativa vem suprindo o texto escri-
deveres específicos do cargo ou da função e, conseqüen-
to, e sedimentada na consciência dos administradores e
temente, com responsabilidades próprias de suas atribui-
administrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ou
ções.
atua como elemento reformativo da doutrina.
Os poderes e deveres do administrador público são
Ao lado da lei, a principal fonte de qualquer direito, os expressos em lei, os impostos pela moral administra-
os autores enumeram outros: tiva e os exigidos pelo interesse da coletividade. Fora
• a analogia, a eqüidade, os princípios gerais do di- dessa generalidade não se poderá indicar o que é poder e
reito, os tratados internacionais, a instrução e a cir- o que é dever do gestor público, porque, estando sujeito
cular. ao ordenamento jurídico geral e às leis administrativas
especiais, só essas normas poderão catalogar, para cada
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA entidade, órgão, cargo, função, serviço ou atividade pú-
blica os poderes e deveres de quem os exerce.
CONCEITOS Cada agente administrativo é investido da necessá-
ria parcela de Poder Público para o desempenho de suas
É o conjunto de entes (órgãos e entidades) cons- atribuições. Esse poder há de ser usado, normalmente,
tituídos pelo Poder Público (Estado) para a conse- como atributo do cargo ou da função, e não como privi-
cução do bem comum. légio da pessoa que o exerce. É esse poder que empresta
É o conjunto de órgãos, entidades e funções ins- autoridade ao agente público quando recebe da lei com-
tituídos para a consecução dos objetivos do Gover- petência decisória e força para impor suas decisões aos
no, quais sejam: a satisfação dos interesses públicos administrados. Por isso mesmo, o agente, quando despi-
em geral e a prosperidade social. do da função ou fora do exercício do cargo, não pode
usar da autoridade pública, nem invocá-la ao talante de
NATUREZA seu capricho para superpor-se aos demais cidadãos. Tal
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

conduta caracterizaria abuso de poder e, conforme o caso,


É a de um encargo de defesa, conservação e apri- tipificaria o crime de abuso de autoridade, definido e
moramento dos bens, serviços e interesses da coletivida- punido pela Lei nº 4.898, de 9/12/65.
de. Como tal, impõe-se ao administrador público a obri- O uso da autoridade só é lícito quando visa a obstar a
gação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da que um indivíduo prejudique direitos alheios, ou “obstar a
moral administrativa que regem a sua atuação. Ao ser que um indivíduo se escuse a cooperar pela manutenção da
investido em função ou cargo público, todo agente do sociedade”. Isto porque os Estados de Direito e Democráti-
poder assume para com a coletividade o compromisso co, como o nosso, não reconhecem privilégios pessoais; só
de bem servi-la, porque outro não é o desejo do povo, admitem prerrogativas funcionais. Daí o nivelador princí-
como legítimo destinatário dos bens, serviços e interes- pio do art. 5º, caput, da CF, que estabelece a igualdade de
ses administrados pelo Estado. todos perante a lei. Ora, se o agente do poder não está no
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exercício de suas funções, deixa de ser autoridade, igualan- Erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuí-
do-se aos demais cidadãos. zo da ação penal cabível” (art. 37, § 4º).
O poder administrativo, portanto, é atribuído à auto-
ridade para remover os interesses particulares que se Dever de Prestar Contas
opõem ao interesse público. Nessas condições, o poder
de agir se converte no dever de agir. Assim, se no Direi- O dever de prestar contas é decorrência natural da
to Privado o poder de agir é uma faculdade, no Direito administração como encargo de gestão de bens e interes-
Público é uma imposição, um dever para o agente que o ses alheios.
detém, pois não se admite a omissão da autoridade dian- A prestação de contas não se refere apenas aos di-
te de situações que exigem sua atuação. Eis por que a nheiros públicos, à gestão financeira, mas a todos os atos
Administração responde civilmente pelas omissões ou de governo e de administração.
comissões lesivas de seus agentes.
ABUSO DO PODER: EXCESSO DE PODER E DESVIO
Poder-Dever de Agir DE FINALIDADE (LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO
DE 1965)
O poder tem para o agente público o significado de
dever para com a comunidade e para com os indivíduos, Uso e Abuso do Poder
no sentido de que quem o detém está sempre na obriga-
ção de exercitá-lo. Nos estados de direito como o nosso, a Administra-
Se para o particular o poder de agir é uma faculdade, ção Pública deve obediência à lei em todas as suas mani-
para o administrador público é uma obrigação de atuar, festações. Até mesmo nas chamadas atividades discricio-
desde que se apresente o ensejo de exercitá-lo em bene- nárias o administrador público fica sujeito às prescrições
fício da comunidade. É que o Direito Público ajunta ao legais quanto à competência, finalidade e forma, só se
poder do administrador o dever de administrar. movendo com liberdade na estreita faixa da conveniên-
cia e oportunidade administrativas.
Dever de Eficiência O poder administrativo concedido à autoridade públi-
ca tem limites certos e forma legal de utilização. Não é car-
Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente ta branca para arbítrios, violências, perseguições ou favori-
público de realizar suas atribuições com presteza, per- tismos governamentais. Qualquer ato de autoridade, para
feição e rendimento funcional. ser irrepreensível, deve conformar-se com a lei, com a mo-
A eficiência funcional é, pois, considerada em senti- ral da instituição e com o interesse público. Sem esses re-
do amplo, abrangendo não só a produtividade do quisitos, o ato administrativo expõe-se à nulidade.
exercente do cargo ou da função, como a perfeição do
trabalho e sua adequação técnica aos fins pela Adminis- Uso do Poder
tração, para que se avaliem os resultados, confrontam-se
os desempenhos e se aperfeiçoe o pessoal através de se- O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas o
leção e treinamento. Assim, a verificação da eficiência poder há de ser usado normalmente, sem abuso. Usar
atinge os aspectos quantitativos e qualitativos do servi- normalmente o poder é empregá-lo segundo as normas
ço, para aquilatar seu rendimento efetivo, seu custo legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as
operacional e sua real utilidade para os administrados e exigências do interesse público. Abusar do poder é
para a Administração. Tal controle desenvolve-se, por- empregá-lo fora da lei, sem utilidade pública.
tanto, na tríplice linha administrativa, econômica e téc- O poder é confiado ao administrador público para ser
nica. usado em benefício da coletividade administrada, mas usa-
Realmente, não cabe à Administração decidir por do nos justos limites que o bem-estar social exigir. A utili-
critério leigo quando há critério técnico solucionando o zação desproporcional do poder, o emprego arbitrário da
assunto. O que pode haver é opção da Administração força, a violência contra o administrado constituem formas
por uma alternativa técnica quando várias lhe são apre- abusivas do uso do poder estatal, não toleradas pelo Direito
sentadas como aptas para solucionar o caso em exame. e nulificadoras dos atos que as encerram.
Assim, o princípio da eficiência, de alto significado para O uso do poder é lícito: o abuso, sempre ilícito. Daí
o serviço público em geral, deve ser aplicado em todos por que todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio
os níveis da Administração brasileira. de poder.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Dever de Probidade Abuso do Poder

O dever de probidade está constitucionalmente inte- O abuso do poder ocorre quando a autoridade,
grado na conduta do administrador público como ele- embora competente para praticar o ato, ultrapassa
mento necessário à legitimidade de seus atos. Este con- os limites de suas atribuições ou se desvia das finali-
ceito está presente na Constituição da República, que dades administrativas.
pune a improbidade na Administração com sanções po-
líticas, administrativas e penais, nos seguintes termos: O abuso do poder, como todo ilícito, reveste as for-
“Os atos de improbidade administrativa importarão a mas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo como a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- truculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e,
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao não raro, encoberto na aparência ilusória dos atos legais.
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Em qualquer desses aspectos – flagrante ou disfarçado – poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma de
o abuso do poder é sempre uma ilegalidade invalidadora abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do
do ato que o contém. administrador público, colocando-o na ilegalidade e até
A teoria do abuso do poder foi inteiramente inspira- mesmo no crime de abuso de autoridade quando incide
da na moral e a sua penetração no domínio jurídico obe- nas previsões penais da Lei nº 4.898, de 9/12/65, que visa
deceu a propósito determinado. Trata-se, com efeito, de a melhor preservar as liberdades individuais já assegura-
desarmar o pretenso titular de um direito subjetivo e, por das na Constituição (art. 5º).
conseguinte, de encarar de modo diverso direitos objeti- Essa conduta abusiva, através do excesso de poder,
vamente iguais, pronunciando uma espécie de juízo de tanto se caracteriza pelo descumprimento frontal da lei,
caducidade contra o direito que tiver sido imoralmente quando a autoridade age claramente além de sua compe-
exercido. O problema não é, pois, de responsabilidade tência, como, também, quando ela contorna dissimulada-
civil, mas de moralidade no exercício dos direitos. Trans- mente as limitações da lei, para arrogar-se poderes que
plantando-se esses conceitos para o campo do Direito não lhe são atribuídos legalmente. Em qualquer dos ca-
Administrativo, se o poder foi conferido ao administra- sos há excesso de poder, exercido com culpa ou dolo,
dor público para realizar determinado fim, por determi- mas sempre com violação da regra de competência, o que
nados motivos e por determinados meios, toda ação que é o bastante para invalidar o ato assim praticado.
se apartar dessa conduta, contrariando ou ladeando o
desejo da lei, padece do vício de desvio de poder ou de • Desvio de finalidade
finalidade e, como todo ato abusivo ou arbitrário, é ile-
gítima.
O ato administrativo – vinculado ou discricionário – O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quan-
há de ser praticado com observância formal e ideológica do a autoridade, embora atuando nos limites de sua
da lei. Exato na forma e inexato no conteúdo, nos moti- competência, pratica o ato por motivos ou com fins di-
vos ou nos fins, é sempre inválido. O discricionarismo versos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo inte-
da Administração não vai ao ponto de encobrir arbitrarie- resse público.
dade, capricho, má-fé ou imoralidade administrativa. Daí
a justa advertência de Hauriou de que “a Administração O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a vio-
deve agir sempre de boa-fé, porque isto faz parte da sua lação ideológica da lei, ou, por outras palavras, a viola-
moralidade”. ção moral da lei, colimando o administrador público
O abuso do poder tanto pode revestir a forma fins não queridos pelo legislador, ou utilizando moti-
comissiva como a omissiva, porque ambas são capazes vos e meios imorais para a prática de um ato adminis-
de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do trativo aparentemente legal. Tais desvios ocorrem, por
administrado. “A inércia da autoridade administrativa – exemplo, quando a autoridade pública decreta uma
observou Caio Tácito – deixando de executar determi- desapropriação alegando utilidade pública, mas vi-
nada prestação de serviços a que por lei está obrigada, sando, na realidade, a satisfazer interesse pessoal
lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva próprio ou a favorecer algum particular com a sub-
de abuso do poder, quer o ato seja doloso ou culposo”. seqüente transferência do bem expropriado; ou
Entre nós, o abuso do poder tem merecido sistemático quando outorga uma permissão sem interesse cole-
repúdio da doutrina e da jurisprudência, e, para seu comba- tivo; ou, ainda, quando classifica um concorrente por
te, o constituinte armou-nos com o remédio heróico do favoritismo, sem atender aos fins objetivados pela li-
mandado de segurança, cabível contra ato de qualquer au- citação.
toridade (CF, art. 5º, LXIX, e Lei nº 1.533/51), e assegu- O ato praticado com desvio de finalidade – como
rou a toda pessoa o direito de representação contra abusos todo ato ilícito ou imoral – ou é consumado às escondi-
de autoridades (art. 5º, XXXIV, a), complementando esse das ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade
sistema de proteção contra os excessos de poder com a Lei e do interesse público. Diante disto, há de ser surpreen-
nº 4.898, de 9/12/65, que pune criminalmente esses mes- dido e identificado por indícios e circunstâncias que re-
mos abusos de autoridade. velem a distorção do fim legal substituído habilidosa-
O gênero abuso do poder ou abuso de autoridade mente por um fim ilegal ou imoral, não desejado pelo
reparte-se em duas espécies bem caracterizadas: o ex- legislador. A propósito, já decidiu o STF que: “Indícios
cesso de poder e o desvio de finalidade. vários e concordantes são prova”. Dentre os elementos
Há, ainda, uma terceira forma de abuso de poder que indiciários do desvio de finalidade, está a falta de moti-
é a omissão. vo ou a discordância dos motivos com o ato praticado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Tudo isso dificulta a prova do desvio de poder ou de


• Excesso de poder finalidade, mas não a torna impossível se recorrermos
aos antecedentes do ato e à sua destinação presente e
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, futura por quem o praticou.
embora competente para praticar o ato, vai além do A Lei Regulamentar da Ação Popular (Lei nº 4.717,
permitido e exorbita no uso de suas faculdades ad- de 29/6/65) já consigna o desvio de finalidade como ví-
ministrativas. cio nulificador do ato administrativo lesivo do patrimônio
público e o considera caracterizado quando “o agente
Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explí-
invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da cita ou implicitamente, na regra de competência” (art. 2º, e,
Administração fora do que a lei lhe permite. O excesso de e parágrafo único). Com essa conceituação legal, o des-
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vio de finalidade entrou definitivamente para nosso Di- diatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamen-
reito Positivo como causa de nulidade dos atos da Admi- te subordinados a seus chefes. Têm ampla autonomia
nistração. administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se
como órgãos diretivos, com funções precípuas de plane-
ÓRGÃOS PÚBLICOS jamento, supervisão, coordenação e controle das ativi-
dades que constituem sua área de competência. Partici-
São centros de competências instituídos para o de- pam das decisões governamentais e executam com auto-
sempenho de funções estatais, através de seus agentes. nomia as suas funções específicas, mas segundo diretri-
Os órgãos integram a estrutura do Estado e das de- zes dos órgãos independentes, que expressam as opções
mais pessoas jurídicas como partes desses corpos vi- políticas do governo.
vos, dotados de vontade e capazes de exercer direitos e São órgãos autônomos os Ministérios, as Secretarias
contrair obrigações para a consecução de seus fins de Estado e de Município, a Consultoria-Geral da Repúbli-
institucionais. Por isso mesmo, os órgãos não têm per- ca e todos os demais órgãos subordinados diretamente aos
sonalidade jurídica nem vontade própria. Como partes Chefes de Poderes, aos quais prestam assistência e auxílio
das entidades que integram, os órgãos são meros ins- imediatos. Seus dirigentes, em regra, não são funcionários,
trumentos de ação dessas pessoas jurídicas, preorde- mas, sim, agentes políticos nomeados em comissão.
nados ao desempenho das funções que lhes forem atribuí-
das pelas normas de sua constituição e funcionamento. c) Superiores
Para a eficiente realização de suas funções, cada órgão é São os que detêm poder de direção, controle, deci-
investido de determinada competência, redistribuída en- são e comando dos assuntos de sua competência espe-
tre seus cargos, com a correspondente parcela de poder cífica, mas sempre sujeitos à subordinação e ao contro-
necessária ao exercício funcional de seus agentes. le hierárquico de uma chefia mais alta. Não gozam de
autonomia administrativa nem financeira, que são atri-
Classificação dos Órgãos Públicos butos dos órgãos independentes e dos autônomos a que
pertencem. Sua liberdade funcional restringe-se ao pla-
Realizando atividades governamentais e administra- nejamento e soluções técnicas, dentro da sua área de
tivas, os órgãos públicos classificam-se: competência, com responsabilidade pela execução, ge-
ralmente a cargo de seus órgãos subalternos.
• Quanto à Posição Estatal Nessa categoria, estão as primeiras repartições dos
órgãos independentes e dos autônomos, com variadas
a) Independentes denominações, tais como Gabinetes, Secretarias-Gerais,
São os originários da Constituição e representati- Inspetorias-Gerais, Procuradorias Administrativas e Ju-
vos dos Poderes de Estado – Legislativo, Executivo e diciais, Coordenadorias, Departamentos e Divisões. O
Judiciário – colocados no ápice da pirâmide governa- nome dado ao órgão é irrelevante; o que importa para
mental, sem qualquer subordinação hierárquica ou fun- caracterizá-lo como superior é a preeminência hierárquica
cional, e só sujeitos aos controles constitucionais de um na área de suas atribuições. Assim, num Ministério ou
Poder pelo outro. Por isso, são também chamados ór- numa Secretaria de Estado, poderão existir tantos órgãos
gãos primários do Estado. Esses órgãos detêm e exer- superiores quantas forem as áreas em que o órgão autôno-
cem precipuamente as funções políticas, judiciais e mo se repartir para o melhor desempenho de suas atribui-
quase-judiciais outorgadas diretamente pela Constitui- ções.
ção, para serem desempenhadas pessoalmente por seus
membros (agentes políticos, distintos de seus servi- d) Subalternos
dores, que são agentes administrativos), segundo nor- São todos aqueles que se acham hierarquizados a ór-
mas especiais e regimentais. gãos mais elevados, com reduzido poder decisório e pre-
Nessa categoria, encontram-se as Corporações dominância de atribuições de execução. Destinam-se à
Legislativas (Congresso Nacional, Câmara dos Depu- realização de serviços de rotina, tarefas de formalização
tados, Senado Federal, Assembléias Legislativas, Câma- de atos administrativos, cumprimento de decisões superio-
ras de Vereadores), as Chefias do Executivo (Presidên- res e primeiras soluções em casos individuais, tais como
cia da República, Governadorias dos Estados e do Dis- os que, nas repartições públicas, executam as atividades-
trito Federal, Prefeituras Municipais), os Tribunais Judi- meio e atendem ao público, prestando-lhe informações e
ciários e os Juízes singulares (Supremo Tribunal Federal, encaminhando seus requerimentos, como são as portarias
Tribunais Superiores Federais, Tribunais Regionais Fe- e seções de expediente.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

derais, Tribunais de Justiça e de Alçada dos Estados-


membros, Tribunais do Júri e Varas das Justiças Comum • Quanto à Estrutura
e Especial). De-se incluir, ainda, nesta classe o Ministé-
rio Público Federal e estadual e os Tribunais de Contas a) Órgãos simples ou unitários
da União, dos Estados-membros e Municípios, os quais São os constituídos por um só centro de competên-
são órgãos funcionalmente independentes e seus mem- cia. Essa unitariedade tem levado alguns autores a iden-
bros integram a categoria dos agentes políticos, incon- tificar o órgão simples com o cargo de seu agente e com
fundíveis com os servidores das respectivas instituições. o próprio agente, o que é um erro; o órgão é a unidade de
ação; o cargo é o lugar reservado ao agente; e o agente é
b) Autônomos a pessoa física que exercita as funções do órgão.
São os localizados na cúpula da Administração, ime- O que tipifica o órgão como simples ou unitário é a
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inexistência de outro órgão incrustado na sua estrutura, tatal. Os agentes normalmente desempenham funções
para realizar desconcentradamente sua função principal do órgão, distribuídas entre os cargos de que são titula-
ou para auxiliar seu desempenho. O número de seus car- res, mas, excepcionalmente, podem exercer funções sem
gos e agentes não influi na unidade orgânica se esta é cargo.
mantida num único centro de competência, como ocorre a) Os cargos são os lugares criados no órgão para
numa portaria, que é o órgão simples ou unitário, com serem providos por agentes que exercerão as suas fun-
diversos cargos e agentes. ções na forma legal. O cargo é lotado no órgão e o agen-
te é investido no cargo. Por aí se vê que o cargo integra o
b) Órgãos compostos órgão, ao passo que o agente, como ser humano, unica-
São os que reúnem na sua estrutura outros órgãos mente titulariza o cargo para servir ao órgão.
menores, com função principal idêntica (atividade-fim b) As funções são os encargos atribuídos aos órgãos,
realizada de maneira desconcentrada) ou com funções cargos e agentes. Toda função é atribuída e delimitada por
auxiliares diversificadas (atividades-meio atribuídas a vá- norma legal. Essa atribuição e delimitação funcionais con-
rios órgãos menores). Assim, uma Secretaria de Educa- figuram a competência do órgão, do cargo e do agente, ou
ção – órgão composto – tem na sua estrutura muitas uni- seja, a natureza da função e o limite de poder para o seu
dades escolares – órgãos menores com atividades-fim idên- desempenho. Daí por que, quando o agente ultrapassa esse
ticas – e órgãos de pessoal, de material, de transporte, etc. limite, atua com abuso ou excesso de poder.
– órgãos menores com atividades-meio diversificadas –
que auxiliam a realização do ensino, mas todos eles inte- Categorias ou Espécies
grados e hierarquizados ao órgão maior.
No órgão composto, o maior e de mais alta hierar- • Agentes Políticos
quia envolve os menores e inferiores, formando com eles
um sistema orgânico, onde as funções são desconcen- São os componentes do governo nos seus primeiros
tradas (e não descentralizadas), isto é, distribuídas a vá- escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou co-
rios centros de competência, que passam a realizá-las com missões; por nomeação; eleição, designação ou delega-
mais presteza e especialização, mas sempre sob a supervi- ção, para o exercício de atribuições constitucionais e per-
são do órgão mais alto e fiscalização das chefias imedia- cebem como retribuição pecuniária subsídio. Esses agen-
tas, que têm o poder de avocação e de revisão dos atos das tes atuam com plena liberdade funcional, desempenhan-
unidades menores, salvo nos órgãos independentes. do suas atribuições com prerrogativas e responsabilida-
des próprias, estabelecidas na Constituição e em leis espe-
• Quanto à Atuação Funcional ciais. Não são servidores públicos, nem se sujeitam ao re-
gime jurídico estatutário. Têm normas específicas para sua
a) Órgãos singulares ou unipessoais escolha, investidura, conduta e processo por crimes funcio-
São os que atuam e decidem através de um único nais e de responsabilidades, que lhes são privativos.
agente, que é seu chefe e representante. Esses órgãos Nessa categoria, encontram-se os Chefes de Exe-
podem ter muitos outros agentes auxiliares, como nor- cutivo (Presidente da República, Governadores e Prefei-
malmente os têm, mas o que caracteriza sua singularida- tos) e seus auxiliares imediatos (Ministros e Secretários
de ou unipessoalidade é o desempenho de sua função de Estado e de Município); os membros das Corporações
precípua por um só agente investido como seu titular. Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); os
São exemplos desses órgãos a Presidência da República, membros do Poder Judiciário (Magistrados em geral);
as Governadorias dos Estados, as Prefeituras Municipais, os membros do Ministério Público (Procuradores da
que concentram as funções executivas das respectivas República e da Justiça, Promotores e Curadores Públi-
entidades estatais, enfeixam-nas num só cargo de chefia cos); os membros dos Tribunais de Contas (Ministros e
suprema e atribuem seu exercício a um único titular. Conselheiros); os representantes diplomáticos e demais
A formação e manifestação de vontade desses ór- autoridades que atuem com independência funcional no
gãos, ou seja, sua atuação funcional, não exigem forma- desempenho de atribuições governamentais, judiciais ou
lidades nem procedimentos especiais, bastando a auten- quase-judiciais, estranhas ao quadro do servidor públi-
ticação do chefe para que se torne eficaz nos limites de co.
sua competência legal.
• Servidores Públicos
b) Órgãos colegiados ou pluripessoais
São todos aqueles que atuam e decidem pela mani- São todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

festação conjunta e majoritária da vontade de seus mem- entidades por relações profissionais, sujeitos à hierarquia fun-
bros. Nos órgãos colegiados, não prevalece a vontade cional e ao regime jurídico da entidade e que servem ao pú-
individual de seu Chefe ou Presidente, nem a de seus blico. São investidos em cargo ou emprego e com retribui-
integrantes isoladamente: o que se impõe e vale juridica- ção pecuniária, em regra por nomeação e, excepcionalmen-
mente é a decisão da maioria, expressa na forma legal, te, por contrato de trabalho.
regimental ou estatutária. Esses agentes ficam em tudo e por tudo sujeitos ao
regime da entidade a que servem e às normas específicas
AGENTES PÚBLICOS do órgão em que trabalham, e, para efeitos criminais,
são considerados funcionários públicos, nos expressos
São todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva termos do art. 327 do Código Penal.
ou transitoriamente, do exercício de alguma função es- Compreendem as seguintes espécies:
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a) servidores titulares de cargos públicos, (art. 37, II, • Agentes Credenciados
CF e art. 2º da Lei nº 8.112/90). Servidor é a pessoa legal-
mente investida em cargo público; São os que recebem a incumbência da Administra-
b) os contratados “por tempo determinado para aten- ção para representá-la em determinado ato ou praticar
der à necessidade temporária de excepcional interesse pú- certa atividade específica, mediante remuneração do Po-
blico”, (art. 37, IX, CF), sob o vínculo empregatício, nas der Público credenciante.
autarquias e fundações de direito público da União, dos A Administração Pública Federal compreende a Ad-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim como ministração direta e a Administração indireta.
no Poder Legislativo e no Poder Judiciário na esfera ad- Funcionário público, como dissemos, são aqueles
ministrativa (Lei nº 8.745/99 e Lei nº 9.949/99). agentes públicos que respondem por ilícitos penais (cri-
c) os contratados sob o regime de emprego (Lei mes funcionais e contravenções).
nº 9.962/99);
d) os empregados públicos, aqueles legalmente inves- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
tidos em emprego público (celetistas – DL nº 5.452/43); DO ESTADO BRASILEIRO
e) os comissionados:
– os ocupantes de cargo de livre nomeação e livre ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (CENTRALIZAÇÃO)
exoneração. Aqueles nomeados em português e exone-
rados em latim ad nutum (art. 37, V, CF).
A Administração direta é composta pelos órgãos in-
tegrantes da Presidência da República e pelos Ministérios
• Agentes Honoríficos
(Lei nº 9.649, de 27/5/98).
São cidadãos convocados, designados ou nomeados
para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao A Presidência da República é constituída, essencial-
Estado, em razão de sua condição cívica, de sua mente, pela Casa Civil, pela Secretaria Geral, pela Se-
honorabilidade ou de sua notória capacidade profissio- cretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégi-
nal, mas sem qualquer vínculo empregatício ou estatutário ca, pelo Gabinete Pessoal e pelo Gabinete de Segurança
e, normalmente, sem remuneração. Tais serviços consti- Institucional.
tuem o chamado múnus público, ou serviços públicos Integram a Presidência da República como órgãos de
relevantes, de que são exemplos a função de jurado, de assessoramento imediato ao Presidente da República:
mesário eleitoral, de comissário de menores, de presi- I - o Conselho de Governo;
dente ou membro de comissão de estudo ou de julga- II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico e So-
mento e outros dessa natureza. cial;
Os agentes honoríficos não são servidores públicos, III - o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
mas, momentaneamente, exercem uma função pública Nutricional;
e, enquanto a desempenham, sujeitam-se à hierarquia e IV - o Conselho Nacional de Política Energética;
disciplina do órgão a que estão servindo, podendo per- V - o Conselho Nacional de Integração de Políticas de
ceber um pro labore e contar o período de trabalho como Transporte;
de serviço público. Sobre esses agentes eventuais do VI - o Advogado-Geral da União;
Poder Público não incidem as proibições constitucionais VII - a Assessoria Especial do Presidente da Repúbli-
de acumulação de cargos, funções ou empregos (art. 37, ca;
XVI e XVII), porque sua vinculação com o Estado é sem- VIII - a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidên-
pre transitória e a título de colaboração cívica, sem cará- cia da República;
ter empregatício. Somente para fins penais é que esses IX - o Porta-Voz da Presidência da República.
agentes são equiparados a funcionários públicos quanto Junto à Presidência da República funcionarão, como
aos crimes relacionados com o exercício da função, nos órgãos de consulta do Presidente da República:
expressos termos do art. 327 do Código Penal. I - o Conselho da República;
II - o Conselho de Defesa Nacional.
• Agentes Delegados Integram ainda a Presidência da República:
I - a Controladoria-Geral da União;
São particulares que recebem a incumbência da exe- II - a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvi-
cução de determinada atividade, obra ou serviço público mento Econômico e Social;
e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - a Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe-


segundo as normas do Estado e sob a permanente fisca- res;
lização do delegante. Esses agentes não são servidores IV - a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca;
públicos, nem honoríficos, nem representantes do Esta- V - a Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
do; todavia, constituem uma categoria à parte de colabo-
Os Ministérios são os seguintes:
radores do Poder Público. Nessa categoria, encontram-
I - da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
se os concessionários e permissionários de obras e servi-
II - da Assistência e Promoção Social;
ços públicos, os serventuários de ofícios ou cartórios não-
III - das Cidades;
estatizados, os leiloeiros, os tradutores e intérpretes pú-
IV - da Ciência e Tecnologia;
blicos, as demais pessoas que recebem delegação para a
prática de alguma atividade estatal ou serviço de interes- V - das Comunicações;
se coletivo. VI - da Cultura;
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VII - da Defesa; e) gestão do Fundo Nacional de Assistência Social;
VIII - do Desenvolvimento Agrário; f) aprovação dos orçamentos gerais do Serviço So-
IX - do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte- cial da Indústria (SESI), do Serviço Social do Comércio
rior; (SESC) e do Serviço Social do Transporte (SEST).
X - da Educação;
XI - do Esporte; III - Ministério das Cidades:
XII - da Fazenda; a) política de desenvolvimento urbano;
XIII - da Integração Nacional; b) políticas setoriais de habitação, saneamento
XIV - da Justiça; ambiental, transporte urbano e trânsito;
XV - do Meio Ambiente; c) promoção, em articulação com as diversas esferas
XVI - de Minas e Energia; de governo, com o setor privado e organizações não-go-
XVII - do Planejamento, Orçamento e Gestão; vernamentais, de ações e programas de urbanização, de
XVIII - da Previdência Social; habitação, de saneamento básico e ambiental, transporte
XIX - das Relações Exteriores;
urbano, trânsito e desenvolvimento urbano;
XX - da Saúde;
d) política de subsídio à habitação popular, sanea-
XXI - do Trabalho e Emprego;
mento e transporte urbano;
XXII - dos Transportes.
XXIII - do Turismo. e) planejamento, regulação, normatização e gestão
São Ministros de Estado os titulares dos Ministérios, da aplicação de recursos em políticas de desenvolvimen-
o Chefe da Casa Civil, o Chefe do Gabinete de Segurança to urbano, urbanização, habitação, saneamento básico e
Institucional, o Chefe da Secretaria de Comunicação de ambiental, transporte urbano e trânsito;
Governo e Gestão Estratégica e o Chefe da Secretaria- f) participação na formulação das diretrizes gerais
Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral para conservação dos sistemas urbanos de água, bem as-
da União e o Controlador-Geral da União. sim para a adoção de bacias hidrográficas como unidades
Os assuntos que constituem área de competência de básicas do planejamento e gestão do saneamento.
cada Ministério são os seguintes:
IV - Ministério da Ciência e Tecnologia:
I - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- a) política nacional de pesquisa científica e tecno-
cimento: lógica;
a) política agrícola, abrangendo produção e comer- b) planejamento, coordenação, supervisão e controle
cialização, abastecimento, armazenagem e garantia de das atividades da ciência e tecnologia;
preços mínimos; c) política de desenvolvimento de informática e
b) produção e fomento agropecuário, inclusive das automação;
atividades de heveicultura; d) política nacional de biossegurança;
c) mercado, comercialização e abastecimento agrope- e) política espacial;
cuário, inclusive estoques reguladores e estratégicos; f) política nuclear;
d) informação agrícola; g) controle da exportação de bens e serviços sensí-
e) defesa sanitária animal e vegetal; veis.
f) fiscalização dos insumos utilizados nas atividades
agropecuárias e da prestação de serviços no setor; V - Ministério das Comunicações:
g) classificação e inspeção de produtos e derivados a) política nacional de telecomunicações, inclusive
animais e vegetais, inclusive em ações de apoio às ativi- radiodifusão;
dades exercidas pelo Ministério da Fazenda, relativamente
b) regulamentação, outorga e fiscalização de serviços
ao comércio exterior;
de telecomunicações;
h) proteção, conservação e manejo do solo, voltados
ao processo produtivo agrícola e pecuário; c) controle e administração do uso do espectro de
i) pesquisa tecnológica em agricultura e pecuária; radiofreqüências;
j) meteorologia e climatologia; d) serviços postais.
1) cooperativismo e associativismo rural;
m) energização rural, agroenergia, inclusive eletrifi- VI - Ministério da Cultura:
cação rural; a) política nacional de cultura;
n) assistência técnica e extensão rural; b) proteção do patrimônio histórico e cultural;
o) política relativa ao café, açúcar e álcool; c) aprovar a delimitação das terras dos remanescen-
tes das comunidades dos quilombos, bem como determi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

p) planejamento e exercício da ação governamental


nas atividades do setor agroindustrial canavieiro. nar as suas demarcações, que serão homologadas mediante
decreto.
II - Ministério da Assistência e Promoção Social:
a) política nacional de assistência social; VII - Ministério da Defesa:
b) normatização, orientação, supervisão e avaliação a) política de defesa nacional;
da execução da política de assistência social; b) política e estratégia militares;
c) orientação, acompanhamento, avaliação e super- c) doutrina e planejamento de emprego das Forças
visão de planos, programas e projetos relativos à área da Armadas;
assistência social; d) projetos especiais de interesse da defesa nacional;
d) articulação, coordenação e avaliação dos progra- e) inteligência estratégica e operacional no interesse
mas sociais do governo federal; da defesa;
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f) operações militares das Forças Armadas; mental, ensino médio, ensino superior, educação de jo-
g) relacionamento internacional das Forças Armadas; vens e adultos, educação profissional, educação especial
h) orçamento de defesa; e educação a distância, exceto ensino militar;
i) legislação militar; d) avaliação, informação e pesquisa educacional;
j) política de mobilização nacional; e) pesquisa e extensão universitária;
1) política de ciência e tecnologia nas Forças Arma- f) magistério.
das;
m) política de comunicação social nas Forças Arma- XI - Ministério do Esporte:
das; a) política nacional de desenvolvimento da prática
n) política de remuneração dos militares e pensionis- dos esportes;
tas; b) intercâmbio com organismos públicos e privados,
o) política nacional de exportação de material de nacionais, internacionais e estrangeiros, voltados à pro-
emprego militar, bem como fomento às atividades de pes- moção do esporte;
quisa e desenvolvimento, produção e exportação em c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de in-
áreas de interesse da defesa e controle da exportação de centivo às atividades esportivas;
material bélico de natureza convencional; d) planejamento, coordenação, supervisão e avalia-
p) atuação das Forças Armadas, quando couber, na ção dos planos e programas de incentivo aos esportes e
garantia da lei e da ordem, visando a preservação da or- de ações de democratização da prática esportiva e inclu-
dem pública e da incolumidade das pessoas e do patri- são social por intermédio do esporte.
mônio, bem como sua cooperação com o desenvolvimento
nacional e a defesa civil e ao apoio ao combate a delitos XII - Ministério da Fazenda:
transfronteiriços e ambientais; a) moeda, crédito, instituições financeiras, capitali-
q) logística militar; zação, poupança popular, seguros privados e previdência
r) serviço militar; privada aberta;
s) assistência à saúde, social e religiosa das Forças b) política, administração, fiscalização e arrecadação
Armadas; tributária e aduaneira;
t) constituição, organização, efetivos, adestramento c) administração financeira, controle interno, audito-
e aprestamento das forças navais, terrestres e aéreas; ria e contabilidade públicas;
u) política marítima nacional; d) administração das dívidas públicas interna e ex-
v) segurança da navegação aérea e do tráfego aquaviá- terna;
rio e salvaguarda da vida humana no mar; e) negociações econômicas e financeiras com gover-
x) política aeronáutica nacional e atuação política nos, organismos multilaterais e agências governamentais;
nacional de desenvolvimento das atividades aeroes- f) preços em geral e tarifas públicas e administradas;
paciais;
g) fiscalização e controle do comércio exterior;
z) infra-estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeropor-
h) realização de estudos e pesquisas para acompa-
tuária.
nhamento da conjuntura econômica;
i) autorizar, ressalvadas as competências do Conse-
VIII - Ministério do Desenvolvimento Agrário:
lho Monetário Nacional:
a) reforma agrária;
1. a distribuição gratuita de prêmios a título de pro-
b) promoção do desenvolvimento sustentável do seg-
mento rural constituído pelos agricultores familiares. paganda quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde,
concurso ou operação assemelhada;
IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co- 2. as operações de consórcio, fundo mútuo e outras
mércio Exterior: formas associativas assemelhadas, que objetivem a aqui-
a) política de desenvolvimento da indústria, do comér- sição de bens de qualquer natureza;
cio e dos serviços; 3. a venda ou promessa de venda de mercadorias a
b) propriedade intelectual e transferência de tecno- varejo, mediante oferta pública e com recebimento ante-
logia; cipado, parcial ou total, do respectivo preço;
c) metrologia, normalização e qualidade industrial; 4. a venda ou promessa de venda de direitos, inclusi-
d) políticas de comércio exterior; ve cotas de propriedade de entidades civis, tais como hos-
e) regulamentação e execução dos programas e ativi- pital, motel, clube, hotel, centro de recreação ou aloja-
dades relativas ao comércio exterior; mento e organização de serviços de qualquer natureza
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

f) aplicação dos mecanismos de defesa comercial; com ou sem rateio de despesas de manutenção, mediante
g) participação em negociações internacionais relati- oferta pública e com pagamento antecipado do preço;
vas ao comércio exterior; 5. a venda ou promessa de venda de terrenos loteados
h) formulação da política de apoio à microempresa, a prestações mediante sorteio;
empresa de pequeno porte e artesanato; 6. qualquer outra modalidade de captação antecipa-
i) execução das atividades de registro do comércio. da de poupança popular, mediante promessa de con-
traprestação em bens, direitos ou serviços de qualquer
X - Ministério da Educação: natureza;
a) política nacional de educação; 7. exploração de loterias, inclusive os “Sweepstakes”
b) educação infantil; e outras modalidades de loterias realizadas por entidades
c) educação em geral, compreendendo ensino funda- promotoras de corridas de cavalos.
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XIII - Ministério da Integração Nacional: f) zoneamento ecológico-econômico.
a) formulação e condução da política de desenvolvimen-
to nacional integrada; XVI - Ministério de Minas e Energia:
b) formulação dos planos e programas regionais de a) geologia, recursos minerais e energéticos;
desenvolvimento; b) aproveitamento da energia hidráulica;
c) estabelecimento de estratégias de integração das c) mineração e metalurgia;
economias regionais; d) petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive
d) estabelecimento das diretrizes e prioridades nuclear.
na aplicação dos recursos dos programas de financia-
mento de que trata a alínea c do inciso I do art. 159 da XVII - Ministério do Planejamento, Orçamento e
Constituição Federal; Gestão:
e) estabelecimento das diretrizes e prioridades na a) participação na formulação do planejamento es-
aplicação dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da tratégico nacional;
Amazônia e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste; b) avaliação dos impactos socioeconômicos das po-
f) estabelecimento de normas para cumprimento dos líticas e programas do Governo Federal e elaboração de
programas de financiamento dos fundos constitucionais estudos especiais para a reformulação de políticas;
e das programações orçamentárias dos fundos de investi- c) realização de estudos e pesquisas para acompa-
mentos regionais; nhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sis-
g) acompanhamento e avaliação dos programas inte- temas cartográficos e estatísticos nacionais;
grados de desenvolvimento nacional; d) elaboração, acompanhamento e avaliação do pla-
h) defesa civil; no plurianual de investimentos e dos orçamentos anuais;
i) obras contra as secas e de infra-estrutura hídrica; e) viabilização de novas fontes de recursos para os
j) formulação e condução da política nacional de planos de governo;
irrigação; f) formulação de diretrizes, coordenação das negocia-
1) ordenação territorial; ções, acompanhamento e avaliação dos financiamentos
m) obras públicas em faixas de fronteiras. externos de projetos públicos com organismos multilate-
rais e agências governamentais;
XIV - Ministério da Justiça: g) coordenação e gestão dos sistemas de planejamento
a) defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e e orçamento federal, de pessoal civil, de organização e
das garantias constitucionais; modernização administrativa, de administração de recur-
b) política judiciária; sos da informação e informática e de serviços gerais;
c) direitos dos índios; h) formulação de diretrizes e controle da gestão das
d) entorpecentes, segurança pública, Polícias Federal, empresas estatais;
Rodoviária e Ferroviária Federal e do Distrito Federal; i) acompanhamento do desempenho fiscal do setor
e) defesa da ordem econômica nacional e dos direi- público;
tos do consumidor; j) administração patrimonial;
f) planejamento, coordenação e administração da 1) política e diretrizes para modernização do Estado.
política penitenciária nacional;
g) nacionalidade, imigração e estrangeiros; XVIII - Ministério da Previdência Social:
h) ouvidoria-geral dos índios e do consumidor; a) previdência social;
i) ouvidoria das polícias federais; b) previdência complementar.
j) assistência jurídica, judicial e extrajudicial, inte-
gral e gratuita, aos necessitados, assim considerados em lei; XIX - Ministério das Relações Exteriores:
l) defesa dos bens e dos próprios da União e das entida- a) política internacional;
des integrantes da Administração Pública Federal indireta; b) relações diplomáticas e serviços consulares;
m) articular, integrar e propor as ações do Governo c) participação nas negociações comerciais, econô-
nos aspectos relacionados com as atividades de repressão micas, técnicas e culturais, com governos e entidades es-
ao uso indevido, do tráfico ilícito e da produção não au- trangeiras;
torizada de substâncias entorpecentes e drogas que cau- d) programas de cooperação internacional;
sem dependência física ou psíquica. e) apoio a delegações, comitivas e representações
brasileiras em agências e organismos internacionais e
XV - Ministério do Meio Ambiente: multilaterais.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) política nacional do meio ambiente e dos recursos


hídricos; XX - Ministério da Saúde:
b) política de preservação, conservação e utilização a) política nacional de saúde;
sustentável de ecossistemas, e biodiversidade e florestas; b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de
c) proposição de estratégias, mecanismos e instru- Saúde;
mentos econômicos e sociais para a melhoria da qualida- c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e
de ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais; recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a
d) políticas para integração do meio ambiente e pro- dos trabalhadores e dos índios;
dução; d) informações de saúde;
e) políticas e programas ambientais para a Amazônia e) insumos críticos para a saúde;
Legal; f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sa-
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nitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aé- possui órgãos setoriais nos Ministérios e Secretarias da
reos; Presidência da República e órgãos seccionais nas
g) vigilância de saúde, especialmente drogas, medica- Autarquias e Fundações Públicas.
mentos e alimentos; Nos Ministérios Civis, a Secretaria Executiva exerce
h) pesquisa científica e tecnologia na área de saúde. o papel de órgão setorial dos Sistemas de Pessoal Civil –
SIPEC, de Organização e Modernização Administrativa
XXI - Ministério do Trabalho e Emprego: – SOMAD, de Administração dos Recursos de Informa-
a) política e diretrizes para a geração de emprego e ção e Informática – SISP, de Serviços Gerais – SISG e de
renda e de apoio ao trabalhador; Planejamento e Orçamento, por intermédio das Subse-
b) política e diretrizes para a modernização das rela- cretarias de Assuntos Administrativos e de Planejamento
ções de trabalho; e Orçamento a ele subordinados.
c) fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho por- Estão subordinados ao Ministério da Fazenda os ór-
tuário, bem como aplicação das sanções previstas em nor- gãos centrais do Sistema de Controle Interno e de Pro-
mas legais ou coletivas; gramação Financeira.
Ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
d) política salarial;
tão subordinam-se os órgãos centrais do Sistema de Pes-
e) formação e desenvolvimento profissional;
soal Civil – SIPEC, do Sistema de Serviços Gerais – SISG
f) segurança e saúde no trabalho; e do Sistema de Administração dos Recursos de Informa-
g) política de imigração. ção e Informática do Setor Público – SISP.
XXII - Ministério dos Transportes: Conceito de Sistema
a) política nacional de transportes ferroviário, rodo-
viário e aquaviário; É um conjunto de partes interdependentes que inte-
b) marinha mercante, portos e vias navegáveis; ragem entre si para a consecução de uma mesma finali-
c) participação na coordenação dos transportes dade.
aeroviários. Na Administração Pública Federal, existem sistemas
que servem de suporte ao funcionamento das atividades
XXIII - Ministério do Turismo: finalísticas dos órgãos e entidades.
a) política nacional de desenvolvimento do turismo;
b) promoção e divulgação do turismo nacional, no Características
País e no exterior;
c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de in- São as seguintes as principais características dos sis-
centivo às atividades turísticas; temas de suporte, já institucionalizados na Administra-
d) planejamento, coordenação, supervisão e avalia- ção Pública Federal:
ção dos planos e programas de incentivo ao turismo. – são especializados em um conjunto de atividades
da mesma natureza;
O CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- – são supridores de recursos para o funcionamento
BLICA FEDERAL da APF;
– possuem órgãos normativos e órgãos executores;
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, – atuam no sentido horizontal, ou seja, permeiam to-
operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da Ad- das as instituições públicas;
ministração Pública Federal é exercida pelo Congresso – existe uma atividade de retroalimentação entre seus
componentes.
Nacional, mediante Controle Externo e Controle Interno
de cada Poder.
Forma de Atuação dos Sistemas
O controle exercido pelo Poder Legislativo realiza-se
Os órgãos integrantes dos sistemas atuam da seguin-
mediante constituição de Comissões Parlamentares de In- te forma:
quérito – CPI e pelo Tribunal de Contas da União – TCU.
O Tribunal de Contas da União é responsável pela apre- a) Funções do órgão central
ciação de contas, prestada pelo Presidente da República e O órgão central é responsável pela formulação das
demais responsáveis, por bens, valores e dinheiros públicos diretrizes relativas à sua área de atuação, pela elaboração
dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal. das normas de funcionamento do sistema, pela supervi-
No Poder Executivo, a atividade de Controle Interno são, coordenação e acompanhamento e avaliação da
é efetuada, principalmente, pelo Sistema de Controle In-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

implementação das diretrizes e aplicação das normas.


terno, com o apoio dos demais sistemas de atividades
auxiliares nele existentes. b) Funções dos órgãos setoriais e seccionais
A Procuradoria Geral da República também exerce Os órgãos setoriais e seccionais planejam, acompa-
funções de controle. nham, executam e avaliam as atividades inerentes a sua
área específica.
SISTEMAS DE CONTROLE
SISTEMAS DO PODER EXECUTIVO
Os órgãos centrais dos Sistemas de Controle do Po- Os principais sistemas de suporte às atividades
der Executivo encontram-se localizados no Ministério da finalísticas, do Poder Executivo Federal são:
Fazenda e no Ministério do Planejamento, Orçamento e – Sistema de Controle Interno – SCI;
Gestão e na Advocacia-Geral da União. Cada sistema – Sistema de Planejamento e Orçamento – SPO;
17
– Sistema de Organização e Modernização Adminis- – promover a articulação com os Estados, o Distrito
trativa – SOMAD; Federal e os Municípios, visando a compatibilização de
– Sistema de Administração dos Recursos de Infor- normas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planos
mação e Informática do Setor Público – SISP; federal, estadual, distrital e municipal.
– Sistema de Serviços Gerais – SISG;
– Sistema de Pessoal Civil – SIPEC; Organização e Competências
– Sistema de Contabilidade Federal – SICON. O Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal
compreende as atividades de elaboração, acompanhamen-
a) Sistema de Controle Interno to e avaliação de planos, programas e orçamentos, e de
realização de estudos e pesquisas socioeconômicas.
Finalidade Integram o Sistema de Planejamento e de Orçamento
O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal:
Federal tem as seguintes finalidades: – o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
– avaliar o cumprimento das metas previstas no pla- como órgão central;
no plurianual, a execução dos programas de governo e – órgãos setoriais;
dos orçamentos da União; – órgãos específicos.
– comprovar a legalidade e avaliar os resultados, Os órgãos setoriais são as unidades de planejamento
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, fi-
e orçamento dos Ministérios, da Advocacia-Geral da
nanceira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Ad-
União, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidên-
ministração Pública Federal, bem como da aplicação de
cia da República.
recursos públicos por entidades de direito privado;
Os órgãos específicos são aqueles vinculados ou su-
– exercer o controle das operações de crédito, avais e
garantias, bem como dos direitos e haveres da União; bordinados ao órgão central do Sistema, cuja missão está
– apoiar o controle externo no exercício de sua mis- voltada para as atividades de planejamento e orçamento.
são institucional. Os órgãos setoriais e específicos ficam sujeitos à orien-
tação normativa e à supervisão técnica do órgão central do
Estrutura Sistema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cuja
Este sistema constitui-se de um órgão central, órgãos estrutura administrativa estiverem integrados.
setoriais, unidades seccionais e regionais. As unidades de planejamento e orçamento das enti-
O órgão central é a Secretaria Federal de Controle*, dades vinculadas ou subordinadas aos Ministérios e ór-
que atua através das seguintes unidades organizacionais: gãos setoriais ficam sujeitas à orientação normativa e à
• do Conselho Consultivo de Controle Interno; supervisão técnica do órgão central e também, no que
• da Secretaria do Tesouro Nacional. couber, do respectivo órgão setorial.
As unidades seccionais de Controle Interno integram O órgão setorial da Casa Civil da Presidência da Re-
a Secretaria Federal de Controle e são as Secretarias de pública tem como área de atuação todos os órgãos inte-
Controle Interno dos Ministérios Civis, exceto no Minis- grantes da Presidência da República, ressalvados outros
tério das Relações Exteriores. determinados em legislação específica.
As unidades regionais integram, também, a Secreta-
ria Federal de Controle e são as Delegacias Federais de c) Sistema de Organização e Modernização Admi-
Controle dos Estados. nistrativa – SOMAD
Faz parte ainda da Secretaria Federal de Controle a
Corregedoria-Geral do Sistema de Controle Interno. Finalidades
As áreas de programação financeira dos órgãos da São finalidades deste sistema:
Administração direta são subordinadas tecnicamente à – definição das competências dos órgãos e entida-
Secretaria do Tesouro Nacional. des;
Os órgãos setoriais subordinam-se, tecnicamente, à – organização e desenvolvimento institucional dos
Secretaria Federal de Controle e à Secretaria do Tesouro órgãos da Administração Pública;
Nacional. – racionalização de métodos e procedimentos admi-
nistrativos;
b) Sistema de Planejamento e de Orçamento – fusão, extinção e transformação de órgãos e enti-
dades;
Finalidades – reforma administrativa, modernização e ordena-
O Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal mento institucional.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tem por finalidade:


– formular o planejamento estratégico nacional; Estrutura
– formular planos nacionais, setoriais e regionais de
O órgão central do sistema é o Ministério do Planeja-
desenvolvimento econômico e social;
mento, Orçamento e Gestão por intermédio da Secretaria
– formular o plano plurianual, as diretrizes orçamen-
de Estado da Administração e de Patrimônio.
tárias e os orçamentos anuais;
Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dos
– gerenciar o processo de planejamento e orçamento
federal; Ministérios Civis por intermédio das Subsecretarias de
Assuntos Administrativos e das unidades que atuam na
área de organização e modernização dos órgãos da Presi-
* O Decreto nº 4.177, de 28/3/2002, transfere para a estrutura da Corregedoria
Geral da União a Secretaria Federal de Controle Interno e a Comissão de dência e dos Ministérios Militares.
Coordenação de Controle Interno. Os órgãos seccionais são as unidades que atuam nas
18
áreas de organização e modernização administrativa das Ministérios Civis, por intermédio das Subsecretarias de
Fundações e Autarquias. Assuntos Administrativos das áreas de pessoal civil.

d) Sistema de Administração dos Recursos de Infor- g) Sistema de Contabilidade Federal – SICON


mação e Informática – SISP
Finalidade
Finalidade O Sistema de Contabilidade Federal visa a eviden-
Planejamento, coordenação, organização e supervi- ciar a situação orçamentária, financeira e patrimonial da
são dos recursos de informação e informática. União.
O Sistema de Contabilidade Federal tem por finali-
Estrutura dade registrar os atos e fatos relacionados com a admi-
O órgão central do sistema é o Ministério do Planeja- nistração orçamentária, financeira e patrimonial da União
mento, Orçamento e Gestão, que atua por intermédio da e evidenciar:
Secretaria de Recursos Logísticos e do Departamento de – as operações realizadas pelos órgãos ou entidades
Informação e Informática. governamentais e os seus efeitos sobre a estrutura
Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dos do patrimônio da União;
Ministérios Civis por intermédio das Subsecretarias de – os recursos dos orçamentos vigentes, as alterações
Assuntos Administrativos e das Unidades de Informática decorrentes de créditos adicionais, as receitas prevista
dos Ministérios Militares e órgãos da Presidência. e arrecadada, a despesa empenhada, liquidada e paga
São órgãos seccionais as áreas de informática das à conta desses recursos e as respectivas disponibilida-
autarquias e fundações. des;
– perante a Fazenda Pública, a situação de todos
e) Sistema de Serviços Gerais – SISG quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas,
efetuem despesas, administrem ou guardem bens
Finalidade a ela pertencentes ou confiados;
Planejamento, coordenação, organização e supervi- – a situação patrimonial do ente público e suas va-
são das atividades de: riações;
– administração de edifícios públicos; – os custos dos programas e das unidades da Adminis-
– material; tração Pública Federal;
– transporte; – a aplicação dos recursos da União, por unidade da
– comunicações administrativas; Federação beneficiada;
– licitações e contratos. – a renúncia de receitas de órgãos e entidades federais.
As operações de que resultem débitos e créditos de
Estrutura natureza financeira não compreendidas na execução or-
O órgão central é o Ministério do Planejamento, Or- çamentária serão, também, objeto de registro, individua-
çamento e Gestão por intermédio da Secretaria de Estado lização e controle contábil.
da Administração e do Patrimônio. O Sistema de Contabilidade Federal compreende as
Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dos atividades de registro, de tratamento e de controle das
Ministérios Civis por intermédio das Subsecretarias de operações relativas à administração orçamentária, finan-
Assuntos Administrativos e das Unidades de Serviços ceira e patrimonial da União, com vistas à elaboração de
Gerais dos Ministérios Militares e dos órgãos da Presi- demonstrações contábeis.
dência. Integram o Sistema de Contabilidade Federal:
Os órgãos seccionais são as unidades responsáveis – a Secretaria do Tesouro Nacional, como órgão
pelas atividades de serviços gerais nas autarquias e fun- central;
dações. – órgãos setoriais.
f) Sistema Pessoal Civil – SIPEC
Estrutura
Finalidade Os órgãos setoriais são as unidades de gestão interna
Planejamento, coordenação, organização e supervisão dos Ministérios, da Advocacia-Geral da União e da Casa
das atividades de: Civil da Presidência da República.
– remuneração; O órgão de gestão interna da Casa Civil exercerá tam-
– carreira; bém as atividades de órgão setorial contábil de todos os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– seguridade social; órgãos integrantes da Presidência da República, da Vice-


– cadastro; Presidência da República, além de outros determinados
– auditoria pessoal; em legislação específica.
– desenvolvimento e capacitação de pessoal; Os órgãos setoriais ficam sujeitos à orientação
– seleção e recrutamento. normativa e à supervisão técnica do órgão central do Sis-
tema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cuja
Estrutura estrutura administrativa estiverem integrados.
O órgão central é o Ministério do Planejamento, Or- Compete às unidades responsáveis pelas atividades
çamento e Gestão da Secretaria da Administração e do do Sistema de Contabilidade Federal:
Patrimônio. – manter e aprimorar o Plano de Contas Único da
Os órgãos setoriais são as Secretarias Executivas dos União;
19
– estabelecer normas e procedimentos para o ade- • Administração Indireta
quado registro contábil dos atos e dos fatos da ges-
tão orçamentária, financeira e patrimonial nos ór- É composta por entidades que possuem personalida-
gãos e nas entidades da Administração Pública de jurídica própria, e são responsáveis pela execução de
Federal; atividades de Governo que necessitam ser desenvolvidas
– com base em apurações de atos e fatos inquinados de forma descentralizada.
de ilegais ou irregulares, efetuar os registros perti- As entidades da Administração indireta vinculam-se
nentes e adotar as providências necessárias à ao Ministério em cuja área de competência enquadra-se
responsabilização do agente, comunicando o fato sua principal atividade e classificam-se em Autarquias,
à autoridade a quem o responsável esteja subordi- Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de
nado e ao órgão ou unidade do Sistema de Con- Economia Mista.
trole Interno;
a) Autarquias
– instituir, manter e aprimorar sistemas de informa-
Entidade criada por lei específica, com personalida-
ção que permitam realizar a contabilização dos atos de jurídica de direito público, patrimônio e receitas pró-
e fatos de gestão orçamentária, financeira e prios, para executar atividades típicas da Administração
patrimonial da União e gerar informações geren- Pública de natureza administrativa, que requeiram, para
ciais necessárias à tomada de decisão e à supervi- seu melhor funcionamento, gestão administrativa e finan-
são ministerial; ceira descentralizada.
– realizar tomadas de contas dos ordenadores de Exs.: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
despesa e demais responsáveis por bens e valores BACEN – Banco Central do Brasil.
públicos e de todo aquele que der causa a perda,
extravio ou outra irregularidade que resulte dano b) Fundação pública
ao erário; Entidade dotada de personalidade jurídica de direito
– elaborar os Balanços Gerais da União; público ou de direito privado, sem fins lucrativos, criada
– consolidar os balanços da União, dos Estados, do Dis- em virtude de lei autorizativa e registro em órgão compe-
trito Federal e dos Municípios, com vistas à elabora- tente ou por lei específica, para o desenvolvimento de
ção do Balanço do Setor Público Nacional; atividades que não exijam execução por órgãos ou enti-
– promover a integração com os demais Poderes e dades de direito público, com autonomia administrativa,
esferas de governo em assuntos de contabilidade. patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção, e funcionamento custeado por recursos da União
e de outras fontes. Caberá a Lei Complementar dizer a
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA (DESCENTRA-
sua área de atuação (art. 37, XIX, CF).
LIZAÇÃO)
Exs.: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada.
Espécies e Atributos ENAP – Fundação Escola Nacional de Administra-
ção Pública.
As pessoas jurídicas que integram a Administração
indireta da União – autarquias, fundações públicas, em- c) Empresa pública
presas públicas e sociedades de economia mista – apre- Entidade dotada de personalidade jurídica de direito
sentam três pontos em comum: autonomia, personalida- privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do
de jurídica e patrimônio próprio. A autarquia, pessoa ju- Governo, criada para exploração de atividade econômica
rídica de direito público, realiza um serviço destacado da que o Governo seja levado a exercer por força de contin-
Administração direta, exercendo, assim, atividades típi- gência ou conveniência administrativa, podendo revestir-
cas da Administração Pública; a fundação pública, tam- se de qualquer das formas societárias admitidas em direito.
bém pessoa jurídica de direito público, realiza atividades Exs.: ECT – Empresa Brasileira de Correios e Te-
apenas de interesse público; a empresa pública, pessoa légrafos.
jurídica de direito privado, revestindo qualquer das for- EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesqui-
mas admitidas em Direito, com capital exclusivo da União, sa Agropecuária.
tem por finalidade a exploração de atividade econômica
d) Sociedade de economia mista
por força de contingência ou de conveniência adminis-
Entidade dotada de personalidade jurídica de direito
trativa; a sociedade de economia mista, pessoa jurídica
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

privado, instituída mediante lei autorizadora e registro em


de direito privado, constituída sob a forma de sociedade órgão próprio para exploração de atividade econômica,
anônima e sob o controle majoritário da União ou de ou- sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com di-
tra entidade da Administração indireta, tem também por reito a voto pertençam, em sua maioria absoluta, à União
objetivo a exploração de atividade econômica. (se Federal) ou a entidade da Administração indireta.
A vinculação das entidades da Administração indire- Exs.: PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
ta aos Ministérios traduz-se pela supervisão ministerial, BB – Banco do Brasil S.A.
que tem por objetivos principais a verificação dos resul-
tados, a harmonização de suas atividades com a política e Características Comuns às Entidades da Adminis-
a programação do Governo, a eficiência de sua gestão e a tração Indireta:
manutenção de sua autonomia administrativa, operacional
e financeira, através dos meios de controle. I - são pessoas administrativas (não legislam);
20
II - possuem autonomia administrativa e financeira, V - seu pessoal é empregado público, regido pela
mas não política; CLT;
III - possuem patrimônio e personalidade próprios; VI - suas causas trabalhistas são julgadas pela justiça
IV - sujeitam-se à licitação (Lei nº 8.666/93); do trabalho;
V - vinculadas aos órgãos da Administração direta; VII - as exploradoras de atividades econômicas po-
VI - produzem atos de administração e atos adminis- dem vir a falir.
trativos;
VII - a elas se aplica a vedação constitucional para A principal diferença entre elas está na formação do
acumulação de cargos públicos (art. 37, XVII, da Consti- capital social. Enquanto nas sociedades de economia
tuição Federal); mista a maioria absoluta, no mínimo, do capital votante
VIII - o ingresso em seus quadros dar-se-á por con- (50% + uma ação ordinária) pertence ao Poder Público;
curso público (art. 37, II da Constituição Federal); nas empresas públicas é de 100% a participação do Es-
IX - seus atos gozam de presunção de veracidade, tado na formação do capital.
auto-executoriedade e imperatividade;
X - o seu pessoal é agente público. Obs.: As sociedades de economia mista são criadas so-
mente sob a forma de S.A., regidas por Estatuto So-
• Características ou Atributos Comuns às cial, sendo que se prestadoras de serviços não se
Autarquias e Fundações: sujeitam à falência, podendo seus bens serem pe-
nhorados e executados e a Controladora responde-
I - possuem personalidade jurídica de direito públi- rá, subsidiariamente, pela Controlada.
co, sendo que as Fundações poderão ser criadas com per-
sonalidade jurídica de direito privado;
Exs.:
R| ECT
II - criadas sem fins lucrativos;
| EMBRAPA
CEF
III - seu pessoal é servidor público regido pela Lei
nº 8.112/90, quando federais;
EMPRESAS
PÚBLICAS
S| CASA DA MOEDA DO BRASIL
IV - gozam de imunidade de impostos e outros privi- || SERPRO
légios como impenhorabilidade de seus bens;
V - têm suas causas julgadas pela Justiça Federal, exceto
T RADIOBRÁS
R| BANCO DO BRASIL
as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
Justiça do Trabalho (Vide arts. 109 e 144 da CF).
Exs.:
R|
SOCIEDADES DE
S| BANCOS ESTADUAIS
EMBRATUR
ECONOMIA MISTA
T PETROBRAS
| USP especiais
AUTARQUIAS S|BACEN
CNEN ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (LEI Nº 9.637, DE 15/5/98)
||
CVM
T
INSS São entidades paraestatais dotadas de personalidade

R|
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujos ati-
FNS vidades estatutárias sejam dirigidas ao ensino, à pesqui-
|S IBGE sa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à prote-

||
FUNDAÇÕES IPEA ção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
FUNAI Organização Social (OS) é uma qualificação, um tí-
T FIOCRUZ tulo, que a Administração outorga a uma entidade priva-
da, sem fins lucrativos, para que ela possa receber deter-
minados benefícios do Poder Público (dotações
A principal diferença entre as autarquias e fun- orçamentárias, isenções fiscais, etc.) para a realização
dações está na finalidade. Enquanto as autarquias rea- de atividades necessariamente de interesse coletivo.
lizam atividades típicas de Estado (administrativas), O objetivo da criação das Organizações Sociais foi
as fundações desempenham atividades atípicas de encontrar instrumento que permitisse a transferência para
Estado: assistência social, recreativa e educativa (ca- elas de certas atividades exercidas pelo Poder Público e
ráter social), pesquisa e estudos técnicos (IBGE, que melhor seriam pelo setor privado. Trata-se, na ver-
IPEA, etc.). dade, de uma forma de parceria, com a valorização do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

terceiro setor, ou seja, serviço de interesse público, mas


que não necessite ser prestado pelos órgãos e entidades
Características ou Atributos Comuns às governamentais.
Empresas Públicas e às Sociedades de Economia Mista: As pessoas qualificadas como organizações sociais
(Empresas Estatais) devem portanto, observar três fundamentos principais:
1º) devem ter personalidade jurídica de direito pri-
I - possuem personalidade jurídica de direito privado; vado;
II - são empresas estatais ou governamentais; 2º) não podem ter fins lucrativos; e
III - podem ter lucro (superávit); 3º) devem destinar-se ao ensino, à cultura, à saúde, à
IV - podem explorar atividades de natureza ecôno- pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à
mica e até industrial; preservação do meio ambiente.
21
O instrumento que permitirá a qualificação pelo Po- rer concomitantemente à extinção de congênere, inte-
der Público das entidades em Organizações Sociais é o grante da Administração Pública. Incumbirá ao Congres-
Contrato de Gestão para o fim de formar a parceria so Nacional decidir pela extinção da entidade, sendo que
necessária ao fomento das atividades já mencionadas. a Organização Social qualificada para absorver suas ati-
O Projeto Organizações Sociais, no âmbito do Pro- vidades adotará a denominação e os símbolos da entida-
grama Nacional de Publicização (PNP), tem como obje- de extinta. Além disso, anualmente, as dotações desti-
tivo permitir a publicização de atividades no setor de pres- nadas à execução dos contratos de gestão entre o Estado
tação de serviços não-exclusivos, baseado no pressupos- e cada instituição deverão estar expressamente previs-
to de que esses serviços ganharão em qualidade: serão tas na Lei Orçamentária e ser aprovadas pelo Congres-
otimizados mediante menor utilização de recursos, com so.
ênfase nos resultados, de forma mais flexível e orienta- Na condição de entidades de direito privado, as Orga-
dos para o cliente-cidadão mediante controle social. nizações Sociais tenderão a assimilar características de
As atividades estatais publicizáveis, aquelas não- gestão cada vez mais próximas das praticadas no setor pri-
exclusivas de Estado, correspondem aos setores onde o vado, o que deverá representar, entre outras vantagens: a
Estado atua simultaneamente com outras organizações contratação de pessoal nas condições de mercado; a ado-
privadas, tais como educação, saúde, cultura e proteção ção de normas próprias para compras e contratos; e ampla
ambiental. flexibilidade na execução do seu orçamento.
Organizações Sociais (OS) são um modelo de orga- Não é correto, contudo, entender o modelo propos-
nização pública não-estatal destinado a absorver ativida- to para as Organizações Sociais como um simples con-
des publicizáveis mediante qualificação específica. vênio de transferência de recursos. Os contratos e
Trata-se de uma forma de propriedade pública não-esta- vinculações mútuas serão mais profundos e permanen-
tal, constituída pelas associações civis sem fins lucrati- tes, porque as dotações destinadas a essas instituições
vos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ou integrarão o Orçamento da União, cabendo às mesmas
grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento um papel central na implementação das políticas sociais
do interesse público. do Estado.
As OS são um modelo de parceria entre o Estado e a Por outro lado, a desvinculação administrativa em
sociedade. O Estado continuará a fomentar as atividades relação ao Estado não deve ser confundida com uma
publicizadas e exercerá sobre elas um controle estratégi- privatização de entidades da administração pública. As
co: demandará resultados necessários ao atingimento dos Organizações Sociais não serão negócio privado, mas
objetivos das políticas públicas. O contrato de gestão é o instituições públicas que atuam fora da Administração
instrumento que regulará as ações das OS. Pública para melhor se aproximarem das suas clientelas,
As OS tornam mais fácil e direto o controle social, aprimorando seus serviços e utilizando com mais respon-
por meio da participação nos conselhos de administração sabilidade e economicidade os recursos públicos.
dos diversos segmentos representativos da sociedade ci- O Estado não deixará de controlar a aplicação dos
vil, ao mesmo tempo que favorece seu financiamento via recursos que estará transferindo a essas instituições, mas
compra de serviços e doações por parte da sociedade. Não o fará por meio de um instrumento inovador e mais efi-
obstante, gozam de uma autonomia administrativa muito caz: o controle por resultados, estabelecidos em contra-
maior do que aquela possíveè dentro do aparelho do Es- to de gestão. Além disso, a direção superior dessas ins-
tado. Em compensação, seus dirigentes são chamados a tituições será exercida por um conselho de administra-
assumir uma responsabilidade maior, em conjunto com a ção, com participação de representantes do Estado e da
sociedade, na gestão da instituição e na melhoria da efi- sociedade. Para evitar a oligarquização do controle so-
ciência e da qualidade dos serviços, atendendo melhor o bre essas entidades, os mandatos dos representantes da
cidadão-cliente a um custo menor. sociedade estarão submetidos a regras que limitam a
As Organizações Sociais constituem uma inovação recondução e obrigam à renovação periódica dos con-
institucional, embora não representem uma nova figura selhos.
jurídica, inserindo-se no marco legal vigente sob a forma A implantação das Organizações Sociais ensejará
de associações civis sem fins lucrativos. Estarão, portan- verdadeira revolução na gestão da prestação de serviços
to, fora da Administração Pública, como pessoas jurídi- na área social. A disseminação do formato proposto –
cas de direito privado. A novidade será, de fato, a sua entidades públicas não-estatais – concorrerá para um novo
qualificação, mediante decreto, como Organização Social, modelo, onde o Estado tenderá à redução de sua dimen-
em cada caso. são enquanto máquina administrativa, alcançando, entre-
Qualificada como Organização Social, a entidade tanto, maior eficácia na sua atuação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estará habilitada a receber recursos financeiros e a admi-


nistrar bens e equipamentos do Estado. Em contrapartida, Vantagens das Organizações Sociais
ela se obrigará a celebrar um contrato de gestão, por meio
do qual serão acordadas metas de desempenho que asse- O modelo institucional das Organizações Sociais
gurem a qualidade e a efetividade dos serviços prestados apresenta vantagens claras sobre outras formas de orga-
ao público. nizações estatais atualmente responsáveis pela execução
Na sua implantação e durante o seu pleno funciona- de atividades não-exclusivas.
mento, o novo modelo poderá ser avaliado com rigor e Do ponto de vista da gestão de recursos, as Organiza-
transparência, porque o Congresso Nacional terá ativa ções Sociais não estão sujeitas às normas que regulam a ges-
participação em todo o processo. Assim, a qualificação tão de recursos humanos, orçamento e finanças, compras e
dessas entidades, na maior parte dos casos, deverá ocor- contratos na Administração Pública. Com isso, há um signi-
22
ficativo ganho de agilidade e qualidade na seleção, Agências Executivas (Lei nº 9.649, de 27/5/98, arts.
contratação, manutenção e desligamento de funcionários, 51 e 52)
que, enquanto celetistas, estão sujeitos a plano de cargos
e salários e regulamento próprio de cada Organização So- A denominação Agência Executiva é uma qualifi-
cial, ao passo que as organizações estatais estão sujeitas cação a ser concedida, por decreto presidencial específi-
às normas do Regime Jurídico Único dos Servidores Pú- co, a autarquias e fundações públicas, responsáveis por
blicos, a concurso público, ao SIAPE e à tabela salarial atividades e serviços exclusivos do Estado. O Projeto
do setor público. Agências Executivas, portanto, não institui uma nova fi-
Verifica-se também nas Organizações Sociais um ex- gura jurídica na Administração Pública, nem promove
pressivo ganho de agilidade e qualidade nas aquisições de qualquer alteração nas relações de trabalho dos servido-
bens e serviços, uma vez que seu regulamento de compras res das instituições que venham a ser qualificadas.
e contratos não se sujeita ao disposto na Lei nº 8.666/93 e É também importante ressaltar que a inserção de uma
ao SIASG. Esse ganho de agilidade reflete-se, sobretudo, instituição no Projeto se dá por adesão, ou seja, os órgãos e
na conservação do patrimônio público cedido à Organiza- entidades responsáveis por atividades exclusivas do Esta-
ção Social ou patrimônio porventura adquirido com recur- do candidatam-se à qualificação, se assim o desejar a pró-
sos próprios. pria instituição e, obviamente, seu Ministério supervisor.
Do ponto de vista da gestão orçamentária e financei- Não basta, entretanto, a manifestação da vontade das
ra as vantagens do modelo Organizações Sociais são sig- instituições e respectivos Ministérios. Conforme estabe-
lecido na Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, a qualificação
nificativas: os recursos consignados no Orçamento Geral
de uma instituição como Agência Executiva exige, como
da União para execução do contrato de gestão com as
pré-requisitos básicos, que a instituição candidata tenha:
Organizações Sociais constituem receita própria da Or-
a) um plano estratégico de reestruturação e desenvolvi-
ganização Social, cuja alocação e execução não se sujei-
mento institucional em andamento e b) um Contrato de
tam aos ditames da execução orçamentária, financeira e Gestão, firmado com o Ministério supervisor.
contábil governamentais operados no âmbito do SIAFI e Do primeiro pré-requisito – plano estratégico – de-
sua legislação pertinente; sujeitam-se a regulamento e vem resultar, entre outras, ações de aprimoramento da
processos próprios. qualidade da gestão da instituição, com vistas à melhoria
No que se refere à gestão organizacional em geral, a dos resultados decorrentes de sua atuação, do atendimen-
vantagem evidente do modelo Organizações Sociais é o to aos seus clientes e usuários e da utilização dos recur-
estabelecimento de mecanismos de controle finalísticos, sos públicos.
ao invés de meramente processualísticos, como no caso O Contrato de Gestão, por sua vez, estabelecerá ob-
da Administração Pública. A avaliação da gestão de uma jetivos estratégicos e metas a serem atingidos pela insti-
Organização Social dar-se-á mediante a avaliação do cum- tuição, em determinado período de tempo, assim como
primento das metas estabelecidas no contrato de gestão, os indicadores que permitirão mensurar seu desempenho
ao passo que nas entidades estatais o que predomina é o na consecução dos compromissos pactuados no contrato.
controle dos meios, sujeitos a auditorias e inspeções das Além dos pré-requisitos anteriormente expostos, um ou-
CISETs e do TCU. tro aspecto distingue as autarquias e fundações qualifica-
Exemplos de OS: – Associação das Pioneiras Sociais das como Agências Executivas das demais: o grau de au-
– Fundação Roquete Pinto tonomia de gestão que se pretende conceder às institui-
– Laboratório de Luz Síncroton ções qualificadas.
Com a ampliação de sua autonomia de gestão,
AGÊNCIAS REGULADORAS busca-se oferecer às instituições qualificadas como Agên-
cias Executivas melhores condições de adaptação às alte-
Como o processo de privatização instituído pelo Go- rações no cenário em que atuam – inclusive com relação
verno Federal (Lei nº 9.635, de 15/5/98) com o objetivo às demandas e expectativas de seus clientes e usuários –
estratégico de, entre outros fins, reduzir o déficit público e e de aproveitamento de situações e circunstâncias favo-
sanear as finanças governamentais, para tanto transferindo ráveis ao melhor gerenciamento dos recursos públicos,
à iniciativa privada atividades que o Estado exercia, houve sempre com vistas ao cumprimento de sua missão.
a necessidade de instituir entidades reguladoras com a fun- A concessão de autonomias, entretanto, está subor-
ção principal de controlar, em toda a sua extensão, as pres- dinada à assinatura do Contrato de Gestão com o Minis-
tações dos serviços públicos e o exercício de atividades eco- tério supervisor, no qual se firmarão, de comum acordo,
compromissos de resultados.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nômicas.
Agências Reguladoras são pessoas jurídicas de di- Ex.: INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
reito público interno, criadas por lei específica sob a for- Normalização e Qualidade Industrial).
ma de autarquia especial, integrante de Administração
indireta, para desempenharem atividades típicas de Es- O Contrato de Gestão como um Compromisso
de Resultados
tado. Integra o 2º setor (serviços exclusivos), junto com
as agências executivas.
O contrato de gestão é um compromisso institucional,
Foram criadas, então, as Agências Reguladoras:
firmado entre o Estado, por intermédio de seus ministé-
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;
rios, e uma entidade pública estatal, a ser qualificada como
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações; e
Agência Executiva, ou uma entidade não-estatal, qualifi-
ANP – Agência Nacional do Petróleo. cada como Organização Social.
23
Seu propósito é contribuir ou reforçar o atingimento b) indicadores de desempenho: forma de represen-
de objetivos de políticas públicas, mediante o desenvol- tação quantificável, e também de natureza qualitativa,
vimento de um programa de melhoria da gestão, com vis- para mensuração do atingimento das metas propostas,
tas a atingir uma superior qualidade do produto ou servi- tendo como base um determinado padrão de excelência,
ço prestado ao cidadão. Um contrato de gestão especifica adotado ou convencionado, para julgamento da adequa-
metas (e respectivos indicadores), obrigações, responsa- ção do nível de realização de cada meta programada,
bilidades, recursos, condicionantes, mecanismos de ava- considerando o horizonte de tempo da avaliação;
liação e penalidades. c) definição de meios e condições para execução
Por parte do Poder Público contratante, o contrato de das metas pactuadas: tais como recursos (orçamentários,
gestão é um instrumento de implementação, supervisão e patrimônio, pessoal etc.), níveis de autonomia, flexibi-
avaliação de políticas públicas, de forma descentraliza- lidades;
da, racionalizada e autonomizada, na medida em que vin- d) sistemática de avaliação: tri ou quadrimestralmente
cula recursos ao atingimento de finalidades públicas. o ministério supervisor e a instituição deverão programar
Por outro lado, no âmbito interno das organizações (es- reuniões de acompanhamento e avaliação, para a verifi-
tatais ou não-estatais) contratadas, o contrato de gestão se cação objetiva do grau de atingimento das metas, com
coloca como um instrumento de gestão estratégica, na me- base nos seus indicadores. Os resultados alcançados de-
dida em que direciona a ação organizacional, assim como a verão ser objeto de análise, pelo ministério supervisor,
melhoria da gestão, aos cidadãos/clientes beneficiários de que norteará as correções necessárias de rumo, para pos-
determinadas políticas públicas. sibilitar a plena eficácia do instrumento. Durante esse
O contrato de gestão, enquanto instrumento-chave acompanhamento, é importante a avaliação da eficácia
que regula o relacionamento entre ministérios e entida- de seus indicadores, podendo, em comum acordo com o
des (estatais ou não-estatais) executoras de atividades sob ministério supervisor, alterá-los por meio de aditivos ao
sua supervisão, destina-se, principalmente, a: contrato, caso se mostrem inadequados à aferição que se
– clarificar o foco da instituição, interna e externa- pretende realizar. Os relatórios parciais e final deverão
mente; ser encaminhados ao ministério supervisor, para parecer
– oferecer uma base para se proceder à comparação técnico, o qual será encaminhado ao MPOG.
entre o atual desempenho da instituição e o desempenho
desejado; ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE
– definir níveis de responsabilidade e responsabili- PÚBLICO – OSCIP
zação;
– possibilitar o controle social, por resultados e por A Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, dispõe sobre
comparação com outras instituições. a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem
O contrato de gestão, assim como a conclusão das fins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil de
avaliações do desempenho da instituição, deverá ser tor- Interesse Público (OSCIP), e institui e disciplina o Termo
nado público, a fim de se consolidar como o instrumento de Parceria.
de acompanhamento e avaliação do desempenho da ins- Para obter a qualificação de Organizações da
tituição, tanto por parte do ministério supervisor, do Legis- Sociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, uma enti-
lativo e do Judiciário, quanto da sociedade. dade deve atender aos requisitos dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º e
Como instrumento de acompanhamento, o contrato 5º da Lei nº 9.790/99, ou seja:
de gestão permitirá a definição e a adoção de estratégias • ser pessoa jurídica de direito privado sem fins
de ação que se mostrem necessárias para oferecer à insti- lucrativos;
tuição melhores condições para o atingimento dos objeti- • atender aos objetivos sociais e às normas
vos e metas acordados. Além disso, o acompanhamento estatutárias previstas na Lei;
do desempenho institucional pelo contrato de gestão per- • apresentar cópias autenticadas dos documentos
mitirá que se redefinam os objetivos e metas pactuados, exigidos.
caso as circunstâncias em que atua a instituição sofram De acordo com o art. 16 do Código Civil, as organi-
alterações que justifiquem uma redefinição. Por outro zações do Terceiro Setor podem assumir a forma jurídica
lado, o contrato também se prestará à avaliação do de- de sociedades civis ou associações civis ou, ainda,
sempenho dos gestores da instituição. fundações de direito privado.
É considerada sem fins lucrativos, conforme § 1º do
• Conteúdo Básico art. 1º da Lei nº 9.790/99:
O contrato de gestão deve ser um documento flexí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vel e dinâmico. Flexível, porque seus elementos bási- “(...) a pessoa jurídica de direito privado que não
cos devem comportar ajustes decorrentes de situações distribui, entre os seus sócios ou associados,
peculiares. Dinâmico, porque deve espelhar a realida- conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
de, estando, portanto, sujeito a mudanças na medida em eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
que se modificarem os objetivos ou o contexto das polí- dividendos, bonificações, participações ou parcelas
ticas públicas para as quais está orientado. do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de
São as seguintes as partes básicas de um contrato de suas atividades, e que os aplica integralmente na
gestão: consecução do respectivo objeto social”.
a) disposições estratégicas: objetivos da política
pública à qual se refere, missão, objetivos estratégicos e As OSCIPs devem estar voltadas para o
metas institucionais com seus respectivos planos de ação; alcance de objetivos sociais que tenham pelo menos
24
uma das seguintes finalidades, conforme art. 3º da Lei de um Termo de Parceria cabe ao Estado, que deverá
nº 9.790/99: atestar previamente o regular funcionamento da OSCIP
(Decreto nº 3.100/99, art. 9º).
I - promoção da assistência social (o que inclui,
de acordo com o art. 30 da Lei Orgânica da CONCURSO DE PROJETOS
Assistência Social/LOAS, Lei nº 8.742/93, a proteção
à família, à maternidade, à infância, à adolescência, O órgão estatal pode escolher a OSCIP com a qual
à velhice ou às pessoas portadoras de deficiência ou irá celebrar um Termo de Parceria por meio de concurso
a promoção gratuita de assistência à saúde ou à de projetos (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31), que é a
educação ou ainda a integração ao mercado de forma de seleção mais democrática, transparente e
trabalho); eficiente.
II - promoção gratuita da educação, obser- O edital do concurso deve conter informações sobre
vando-se a forma complementar de participação (o prazos, condições, forma de apresentação das propostas,
Decreto nº 3.100/99, art. 6º, define a promoção critérios de seleção e julgamento e valores a serem
gratuita da educação e da saúde como os serviços desembolsados.
prestados com recursos próprios, excluídas quaisquer O julgamento é feito por uma comissão designada
formas de cobranças, arrecadações compulsórias e pelo órgão estatal, que avalia o conjunto das propostas
condicionamentos a doações ou contrapartidas); das OSCIPs. Não são aceitos como critérios de julgamento
III - promoção gratuita da saúde, observando-se quaisquer aspectos – jurídicos, administrativos, técnicos
a forma complementar de participação; ou operacionais – que não tenham sido estipulados no
IV - promoção da cultura, defesa e conservação edital do concurso (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31).
do patrimônio histórico e artístico; De acordo com o art. 4º da Lei nº 9.790/99, o estatuto
V - promoção da segurança alimentar e de uma OSCIP deve dizer claramente que a entidade:
nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio I - observa os princípios constitucionais da
ambiente e promoção do desenvolvimento susten- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
tável; economicidade e eficiência;
VII - promoção do voluntariado; II - adota práticas de gestão administrativa que
VIII - promoção de direitos estabelecidos, cons- coíbem a obtenção, de forma individual ou coletiva,
trução de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência
de interesse suplementar; da participação nos processos decisórios;
IX - promoção da ética, da paz, da cidadania, III - possui um conselho fiscal ou órgão equi-
dos direitos humanos, da democracia e de outros valente, dotado de competência para opinar sobre os
valores universais; relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre
X - promoção do desenvolvimento econômico e as operações patrimoniais realizadas, emitindo
social e combate à pobreza; pareceres para os organismos superiores da entidade;
XI - experimentação, não-lucrativa, de novos IV - prevê, em caso de dissolução da entidade,
modelos socioeducativos e de sistemas alternativos de que seu patrimônio líquido será transferido a outra
produção, comércio, emprego e crédito; pessoa jurídica qualificada como OSCIP, preferen-
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de cialmente que tenha o mesmo objeto social;
tecnologias alternativas, produção e divulgação de V - prevê, na hipótese de perda da qualificação
informações e conhecimentos técnicos e científicos de OSCIP, que a parcela do seu patrimônio que houver
que digam respeito às atividades supramencionadas. sido formada com recursos públicos será transferida
a outra pessoa jurídica qualificada como OSCIP, pre-
TERMO DE PARCERIA ferencialmente que tenha o mesmo objeto social.

A qualificação como OSCIP não significa necessaria- A nova Lei nº 9.790/99 tem como objetivos especí-
mente que a entidade irá firmar Termo de Parceria com ficos:
órgãos governamentais e, portanto, receber recursos
públicos para a realização de projetos. I - qualificar as organizações do Terceiro Setor
Para firmar o Termo de Parceria, o órgão estatal tem por meio de critérios simples e transparentes, criando
que manifestar interesse em promover a parceria com uma nova qualificação, qual seja, Organização da
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OSCIPs. Além disso, o órgão estatal indicará as áreas nas Sociedade Civil de Interesse Público/ OSCIP. Esta
quais deseja firmar parcerias e os requisitos técnicos e nova qualificação inclui as formas recentes de atuação
operacionais para isso, podendo realizar concursos para das organizações da sociedade civil e exclui aquelas
a seleção de projetos. que não são de interesse público, que se voltam para
A própria OSCIP também pode propor a parceria, um círculo restrito de sócios ou que estão (ou deve-
apresentando seu projeto ao órgão estatal. Nesse caso, o riam estar) abrigadas em outra legislação;
órgão governamental irá avaliar a relevância pública do II - incentivar a parceria entre as OSCIPs e o
projeto e sua conveniência em relação a seus programas Estado, por meio do Termo de Parceria, um novo
e políticas públicas, tanto quanto os benefícios para o instrumento jurídico criado para promover o fomento
público-alvo. e a gestão das relações de parceria, permitindo a
De qualquer modo, a decisão final sobre a efetivação negociação de objetivos e metas e também o
25
monitoramento e a avaliação dos resultados Na Administração Pública, não há liberdade nem
alcançados; vontade pessoal. Enquanto na administração particular
III - implementar mecanismos adequados de é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administra-
controle social e responsabilização das organizações ção Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza ou
com o objetivo de garantir que os recursos de origem permite. A lei para o particular significa “pode fazer as-
estatal administrados pelas OSCIPs sejam, de fato, sim”; para o administrador público, significa “deve fa-
destinados a fins públicos. zer assim”.
Exceções ao princípio de legalidade:
A Lei nº 9.790/99 foi regulamentada pelo Decreto Medida Provisória; Atos de Gestão, aqueles em que
nº 3.100, de 30 de junho de 1999. Os procedimentos para o Poder Público comparece em condições de igualdade
a obtenção da qualificação das entidades como com o particular, fazendo tudo que a lei não proíbe.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
foram disciplinados pelo Ministério da Justiça por meio Moralidade
da Portaria nº 361, de 27 de julho de 1999. O agente administrativo, como ser humano dotado
A Lei nº 9.790/99 foi elaborada com o principal da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distin-
objetivo de fortalecer o Terceiro Setor, que constitui hoje guir o bem do mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar,
uma orientação estratégica em virtude da sua capacidade não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta.
de gerar projetos, assumir responsabilidades, empreender Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o
iniciativas e mobilizar pessoas e recursos necessários ao ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconve-
desenvolvimento social do País. Nele estão incluídas niente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o
organizações que se dedicam à prestação de serviços nas honesto e o desonesto.
áreas de saúde, educação e assistência social, à defesa A moral administrativa é imposta ao agente público
dos direitos de grupos específicos da população, ao para sua conduta interna, segundo as exigências da insti-
trabalho voluntário, à proteção ao meio ambiente, à tuição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem co-
concessão de microcrédito, dentre outras. mum.
A entidade que deseja se qualificar como OSCIP deve A moralidade administrativa está intimamente ligada
fazer uma solicitação formal ao Ministério da Justiça, na ao conceito do “bom administrador” que “é aquele que, usan-
Coordenação de Outorga e Títulos da Secretaria Nacional do de sua competência legal, se determina não só pelos pre-
de Justiça, anexando ao pedido cópias autenticadas em ceitos vigentes, mas também pela moral comum”. Há de
cartório de todos os documentos relacionados a seguir. conhecer, assim, as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo
1. Estatuto registrado em Cartório. e do injusto nos seus efeitos.
2. Ata de eleição de sua atual diretoria.
3. Balanço patrimonial. Impessoalidade
4. Demonstração do resultado do exercício. Nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o
5. Declaração de Isenção do Imposto de Renda qual impõe ao administrador público que só pratique o
(Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aque-
Jurídica – DIPJ), acompanhada do recibo de entrega, le que a norma de Direito indica, expressa ou virtualmen-
referente ao ano-calendário anterior. te, como objetivo do ato, de forma impessoal.
6. Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/ E a finalidade terá sempre um objetivo certo e
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ). inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse
público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-
Em relação às exigências do estatuto – A ata de eleição se-á à invalidação por desvio de finalidade, que a nossa
da diretoria da entidade, assim como os demais lei da ação popular conceituou como o “fim diverso da-
documentos, deve ser xerocopiada e autenticada em quele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
cartório antes de ser enviada ao Ministério da Justi- competência” do agente.
ça. Desde que o princípio da finalidade exige que o ato
É importante destacar que a qualificação como OSCIP seja praticado sempre com finalidade pública, o admi-
introduzida pela nova Lei nº 9.790/99 não substitui a nistrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de
Declaração de Utilidade Pública Federal, fornecida pelo praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros.
Ministério da Justiça, e o Certificado de Fins Filantrópicos, Dispositivo Constitucional:
fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social/
CNAS. A legislação que rege essas qualificações conti- Art. 37. ..............................................................
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nuará vigorando concomitantemente à Lei nº 9.790/99. § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos
Legalidade ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
Significa que o administrador público está, em autoridades ou servidores públicos.
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamen-
tos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se Publicidade
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inváli- É a divulgação oficial do ato para conhecimento pú-
do e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e cri- blico e início de seus efeitos externos. Daí por que as leis,
minal, conforme o caso. atos e contratos administrativos, que produzem conse-
26
qüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem, exigem se acham à livre disposição dos órgãos públicos, a quem
publicidade para adquirirem validade universal, isto é, apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor
perante as partes e terceiros. da coisa pública. Aqueles e este não são seus senhores
A publicidade não é elemento formativo do ato; é ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever de
requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os guardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estão
atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem vinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Esta-
os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quan- do. Por essa razão, há necessidade de lei e licitação
do a lei ou o regulamento a exige. para alienar bens públicos ou outorga de concessão de
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publi- serviço público, para relevar a prescrição.
cado, porque pública é a Administração que o realiza, só
se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, in- Autotutela
vestigações policiais ou interesse superior da Adminis- A Administração Pública está obrigada a rever os seus
tração a ser preservado em processo previamente decla- atos e contratos em relação ao mérito e à legalidade. Cabe-
rado sigiloso. lhe, assim, retirar do ordenamento jurídico os atos incon-
venientes e inoportunos e os ilegais. Os primeiros por meio
Eficiência da revogação e os últimos mediante anulação.
É o mais moderno princípio de Administração Públi- O art. 53 da Lei nº 9.784/99 estabelece, in verbis: “a
ca que já não se contenta em que os seus agentes desem- Administração deve anular seus próprios atos, quando
penhem suas atividades apenas com legalidade e eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
moralidade (ética); exigindo resultados positivos para o motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
Serviço Público e satisfatório atendimento das necessi- os direitos adquiridos”.
dades da comunidade, de seus membros.
Eficiência consiste em realizar as atribuições de uma Supremacia do Interesse Público
função pública com competência, presteza, perfeição e No confronto entre os interesses públicos e parti-
rendimento funcional, buscando, com isso, superar as culares há de prevalecer o interesse público.
expectativas do cidadão-cliente. A aplicabilidade desse princípio, não significa o to-
A Reforma Administrativa Federal (Emenda Consti-
tal desrespeito ao interesse privado, já que a Administra-
tucional nº 19/98), ao consagrar o princípio da eficiência
ção deve obediência ao direito adquirido, à coisa julgada
administrativa, recomenda a demissão ou dispensa do
e ao ato jurídico perfeito, consoante prescreve a Consti-
servidor público comprovadamente ineficiente e desidioso
tuição Federal (art. 5º, XXXVI).
no exercício da função pública.

Finalidade Igualdade
À Administração Pública é permitido praticar tão- A Constituição Federal, no art. 5º, estabelece que,
somente, atos voltados para o interesse público. Veda- sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais pe-
se, com isso, a edição de atos destituídos desse fim ou rante a lei. É o princípio da igualdade ou isonomia. As-
pré-ordenados para satisfazer interesses privados, a sim, todos os iguais em face da lei também o são perante
exemplo da desapropriação de bens para doá-los a parti- a Administração Pública. Todos, portanto, têm o direito
cular ou como medida de mera perseguição política. É o de receber da Administração Pública o mesmo tratamen-
que se denomina desvio de finalidade quando o ato de- to, se iguais. Se iguais nada pode discriminá-los. Impõe-se
satende ao fim precípuo da lei. Assim, o ato que favore- aos iguais, por esse princípio, um tratamento impessoal,
ce ou persegue interesses particulares é nulo por desvio de igualitário ou isonômico. É princípio que norteia, sob pena
finalidade ou de poder, conforme prescreve o art. 2º, pará- de ilegalidade, não só a Administração Pública direta como
grafo único, e, da Lei Federal nº 4.717/65, Lei da Ação a indireta. O concurso público e a licitação são exemplos
Popular. de procedimentos que consagram este princípio.

Continuidade Motivação
Os serviços públicos essenciais não podem parar, Motivar significa justificar a decisão oferecendo as
porque as demandas sociais não param. Não se admite a causas e os preceitos legais que autorizam a prática dos atos
paralisação dos serviços de segurança pública, de dis- administrativos. Segundo o art. 50 da Lei nº 9.784/99 “os
tribuição de justiça, de saúde, funerários, etc. Por essa atos administrativos deverão ser motivados, com indica-
razão, não se concebe a greve nos serviços dessa natu- ção dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
reza e em segurança da comunidade. A Constituição da I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

República, no art. 37, VII, dispõe que o direito de greve II – imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei ções;
específica. Para os militares, a greve está proibida, con- III – decidam processos administrativos de concurso ou
forme prescreve o art. 42, IV, CF. Assim, se para os seleção pública;
servidores públicos civis o exercício do direito de greve IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
depende de regulamentação, o mesmo não é necessário cesso licitatório;
em relação aos servidores militares, dada a clara vedação V – decidam recursos administrativos;
que, a esse respeito, lhes impôs a Constituição Federal. VI – decorram de reexame de ofício;
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada so-
Indisponibilidade bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propos-
Os bens, direitos, interesse e serviços públicos não tas e relatórios oficiais;
27
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou dade de seu povo, pleno exercício dos direitos e realiza-
convalidação de administração”. ção dos objetivos nacionais, dentro da ordem jurídica vi-
gente.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO Os assuntos relacionados com a defesa nacional com-
PÚBLICA FEDERAL petem aos Conselhos da República e de Defesa Nacional
(Constituição Federal, arts. 89 a 91).
A Reforma Administrativa de 1967 (Decreto-Lei nº 200)
estabeleceu os princípios fundamentais, com a preocupa- Coordenação
ção maior de diminuir o tamanho da máquina estatal, O princípio da coordenação visa a entrosar as ativi-
simplificar os procedimentos administrativos e, conse- dades da Administração, de modo a evitar a duplicidade
qüentemente, reduzir as despesas causadoras do déficit de atuação, a dispersão de recursos, a divergência de so-
público. luções e outros males característicos da burocracia. Coor-
São princípios fundamentais da Administração Pú- denar é, portanto, harmonizar todas as atividades da Admi-
blica federal: planejamento, coordenação, descen- nistração, submetendo-se ao que foi planejado e poupando-
tralização, delegação de competência e controle. a de desperdícios, em qualquer de suas modalidades.
Da aplicação permanente, a coordenação impõe-se a
Planejamento todos os níveis da Administração, através das chefias in-
A finalidade precípua da Administração é a promo- dividuais, de reuniões de que participem as chefias su-
ção do bem-estar social, que a Constituição traduz na ela- bordinadas e de comissões de coordenação em cada nível
boração e execução de “planos nacionais e regionais de administrativo. Na Administração superior a coordena-
ordenação do território e de desenvolvimento econômico ção é, agora, da competência da Secretaria Geral da Pre-
e social”. sidência da República, nos termos do art. 3º, II do Decre-
Bem-estar social é o bem comum da coletividade, to nº 99.180, de 15/3/90.
expresso na satisfação de suas necessidades fundamen- Como corolário do princípio da coordenação, nenhum
tais. assunto poderá ser submetido à decisão presidencial ou
Desenvolvimento é prosperidade. Prosperidade eco- de qualquer outra autoridade administrativa competente
nômica e social; prosperidade material e espiritual; pros- sem ter sido previamente coordenado, isto é, sem ter pas-
peridade individual e coletiva; prosperidade do Estado e sado pelo crivo de todos os setores nele interessados, atra-
de seus membros; prosperidade global, enfim. Diante des- vés de consultas e entendimentos que propiciem soluções
sa realidade, podemos conceituar o desenvolvimento na- integrais e em sincronia com a política geral e setorial do
cional como o permanente aprimoramento dos meios es- Governo.
senciais à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, vi- A fim de evitar a duplicação de esforços e de investi-
sando ao bem-estar de todos e ao conforto de cada um na mentos na mesma área geográfica, admite-se a coordena-
comunidade em que vivemos. Assim, o desenvolvimento ção até mesmo com órgãos das Administrações estadual
nacional é obtido pelo aperfeiçoamento ininterrupto da e municipal que exerçam atividades idênticas às dos fe-
ordem social, econômica e jurídica; pela melhoria da edu- derais, desde que seja inviável a delegação de atribuições
cação; pelo aumento da riqueza pública e particular; pela àqueles órgãos. Com isso, além de economizar recursos
preservação dos direitos e garantias individuais; pelo apri- materiais e humanos, faculta-se aos Estados e Municí-
moramento das instituições; pela manutenção da ordem pios a integração nos planos governamentais, deles hau-
interna e pela afirmação da soberania nacional. Todavia, rindo benefícios de interesse local.
esses objetivos não podem ser deixados ao acaso e, para Em outras disposições do Estatuto da Reforma, pre-
sua consecução, necessitam da tranqüilidade que advém vêem-se medidas especiais de coordenação nos campos
da segurança interna e externa. da Ciência e da Tecnologia, da Política Nacional de Saú-
Planejamento é o estudo e o estabelecimento das di- de, do Abastecimento Nacional, dos Transportes e das
retrizes e metas que deverão orientar a ação governamen- Comunicações, abrangendo as atividades de todos os in-
tal, através de um plano geral de Governo, de programas teressados nesses setores, inclusive particulares.
globais, setoriais e regionais de duração plurianual, do
orçamento-programa anual e da programação financeira Descentralização
de desembolso, que são seus instrumentos básicos. Na Descentralizar, em sentido comum, é afastar do cen-
elaboração do plano geral, bem como na coordenação, tro; descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é
revisão e consolidação dos programas setoriais e regio- atribuir a outrem poderes da Administração. O detentor
nais, de competência dos Ministros de Estado nas respec- dos poderes da Administração é o Estado, pessoa única,
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tivas áreas de atuação, o Presidente da República é asses- embora constituída dos vários órgãos que integram sua
sorado pelo Conselho de Governo. Toda a atividade da estrutura. Despersonalizados, esses órgãos não agem em
Administração federal deve ajustar-se à programação nome próprio, mas no do Estado, de que são instrumen-
aprovada pelo Presidente da República e ao orçamento- tos indispensáveis ao exercício de suas funções e ativida-
programa, vedando-se a assunção de compromissos fi- des típicas. A descentralização administrativa pressupõe,
nanceiros em discordância com a programação de desem- portanto, a existência de uma pessoa, distinta da do Esta-
bolso. do, a qual, investida dos necessários poderes de Admi-
Segurança nacional, atualmente denominada defesa nistração, exercita atividade pública ou de utilidade pú-
nacional pela Constituição de 1988 (art. 21, III) é a situa- blica. O ente descentralizado age por outorga do serviço
ção de garantia individual, social e institucional que o ou atividade, ou por delegação de sua execução, mas sem-
Estado assegura a toda a Nação para a perene tranqüili- pre em nome próprio.
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Diversa da descentralização é a desconcentração supervisão e controle), bem como evitar o desmesurado
administrativa, que significa repartição de funções crescimento da máquina administrativa. É estimulada e
entre os vários órgãos (despersonalizados) de uma aconselhada sempre que, na área de atuação do órgão in-
mesma Administração, sem quebra de hierarquia. Na teressado, a iniciativa privada esteja suficientemente de-
descentralização a execução de atividades ou a prestação senvolvida e capacitada para executar o objeto do contra-
de serviços pelo Estado é indireta e mediata; na to, precedido de licitação, salvo nos casos de dispensa
desconcentração é direta e imediata. previstos em lei ou inexigibilidade por impossibilidade
Ao lado da descentralização e da desconcentração de competição entre contratantes.
ocorrem também, como técnicas de descongestionamento
administrativo, a delegação (de execução de serviço ou Delegação de Competência
de competência) e a execução indireta, as quais, confor- A delegação de competência, princípio autônomo,
me suas características, ora se aproximam da descen- forma de aplicação do “princípio da descentralização”, é
tralização, ora da desconcentração. Todavia, delas dife- também simples técnica de descongestionamento da Ad-
rem principalmente porque são efetivadas através de atos ministração, como se viu acima.
administrativos, mediante previsão legal, enquanto a Pela delegação de competência, o Presidente da Re-
descentralização e a desconcentração realizam-se, nor- pública, os Ministros de Estado e, em geral, as autorida-
malmente, por lei. des da Administração transferem atribuições decisórias a
Feitas essas considerações, verifica-se que o legisla- seus subordinados, mediante ato próprio que indique com
dor da Reforma Administrativa, após enquadrar na Ad- a necessária clareza e conveniente precisão a autoridade
ministração indireta alguns entes descentralizados, dei- delegante, a delegada e o objeto da delegação. O princí-
xando de lado, porém, os concessionários de serviços pú- pio visa a assegurar maior rapidez e objetividade às deci-
blicos e as entidades paraestatais conhecidas por funda- sões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou
ções governamentais e serviços sociais autônomos, pro- problemas a atender.
põe, sob o nome genérico de descentralização, tomado o Considerando que os agentes públicos devem exer-
termo na sua acepção vulgar, um amplo descongestio- cer pessoalmente suas atribuições, a delegação de com-
namento da Administração federal, através da descon- petência depende de norma que a autorize, expressa ou
centração administrativa, da delegação de execução de implicitamente. As atribuições constitucionais do Presi-
serviço e da execução indireta. dente da República, por exemplo, só podem ser delega-
A desconcentração administrativa opera desde logo das nos casos expressamente previstos na Constituição.
pela distinção entre os níveis de direção e execução. No A delegação de competência tem caráter facultativo
nível de direção, situam-se os serviços que, em cada ór- e transitório, apoiando-se em razões de oportunidade e
gão da Administração, integram sua estrutura central de conveniência e na capacidade de o delegado exercer a
direção, competindo-lhe primordialmente as atividades contento as atribuições conferidas, de modo que o
relacionadas com o planejamento, a supervisão, a coor- delegante po-de sempre retomar a competência e atribuí-
denação e o controle, bem como o estabelecimento de la a outrem ou exercê-la pessoalmente.
normas, critérios, programas e princípios a serem obser- Observamos, finalmente, que só é delegável a com-
vados pelos órgãos enquadrados no nível de execução. A petência para a prática de atos e decisões administrativas,
esses últimos cabem as tarefas de mera rotina, inclusive não o sendo para o exercício de atos de natureza política
as de formalização de atos administrativos e, em regra, como são a proposta orçamentária, a sanção e o veto. Tam-
de decisão de casos individuais, principalmente quando bém não se transfere por delegação o poder de tributar.
localizados na periferia da Administração e em maior
contato com os fatos e com os administrados. Como bem Controle
observa Nazaré Teixeira Dias, a desconcentração admi- O controle das atividades administrativas no âmbito
nistrativa traduz “a orientação geral da Reforma no senti- interno da Administração é, ao lado do comando, da coor-
do de prestigiar a ação dos órgãos de periferia, facilitar denação e da correção, um dos meios pelos quais se exer-
seu funcionamento e repor a estrutura central de direção cita o poder hierárquico. Assim, o órgão superior contro-
superior no plano que lhe cabe, liberando-a da massa de la o inferior, fiscalizando o cumprimento da lei e das ins-
papéis, impeditiva de sua atividade de cúpula”. truções e a execução de suas atribuições, bem como os
A delegação da prestação de serviço público ou de atos e o rendimento de cada servidor. Todavia, o princí-
utilidade pública pode ser feita a particular – pessoa físi- pio do controle estabelecido na Lei da Reforma Adminis-
ca ou jurídica – que tenha condições para bem realizá-lo, trativa tem significado mais amplo, uma vez que se cons-
sempre através de licitação, sob regime de concessão ou titui num dos três instrumentos da supervisão ministerial,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

permissão. Esses serviços também podem ser executados a que estão sujeitos todos os órgãos da Administração
por pessoa administrativa, mediante convênio ou consór- federal, inclusive os entes descentralizados, normalmente
cio. Os signatários dos convênios ficam sujeitos ao poder não submetidos ao poder hierárquico das autoridades
normativo, fiscalizador e controlador dos órgãos federais da Administração direta. Esse controle, que, quanto às
competentes, dependendo a liberação dos recursos do fiel entidades da Administração indireta, visa, em especial,
cumprimento dos programas e das cláusulas do ajuste. à consecução de seus objetivos e à eficiência de sua ges-
A execução indireta das obras e serviços da Admi- tão, é exercido de vários modos, como adiante se verá
nistração, mediante contratos com particulares, pessoas podendo chegar até a intervenção, ou seja, ao controle
físicas ou jurídicas, tem por finalidade aliviá-la das tare- total.
fas executivas, garantindo, assim, a melhor realização das No âmbito da Administração direta, prevêem-se, es-
suas atividades específicas (planejamento, coordenação, pecialmente, os controles de execução e observância de
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normas específicas, de observância de normas genéricas são inerentes a esse tipo de administração. No momento em
e de aplicação dos dinheiros públicos e guarda de bens da que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o
União. mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Esta-
Em cada órgão, o controle da execução dos progra- do. Neste novo momento histó-rico, a administração patri-
mas que lhe concernem e o da observância das normas monialista torna-se uma excrescência inaceitável.
que disciplinam suas atividades específicas são feitos Administração Pública Burocrática – Surge na se-
pela chefia competente. Já, o controle do atendimento gunda metade do século XIX, na época do Estado liberal,
das normas gerais reguladoras do exercício das ativida- como forma de combater a corrupção e o nepotismo
des auxiliares, organizadas sob a forma de sistemas (pes- patrimonialista. Constituem princípios orientadores do seu
soal, orçamento, estatística, administração financeira, desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carrei-
contabilidade e auditoria e serviços gerais, além de ou- ra, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo,
tros, comuns a todos os órgãos da Administração, que, a em síntese, o poder racional-legal. Os controles admi-
juízo do Poder Executivo, necessitem de coordenação nistrativos, visando evitar a corrupção e o nepotismo, são
central), é realizado pelos órgãos próprios de cada siste- sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos
ma. Finalmente, o controle da aplicação dos dinheiros administradores públicos e nos cidadãos que a eles diri-
públicos e da guarda dos bens da União compete ao ór- gem demandas. Por isso, são sempre necessários controles
gão próprio do sistema de contabilidade e auditoria, que, rígidos dos processos, como por exemplo, na admissão de
em cada Ministério, é a respectiva Secretaria de Contro- pessoal, nas compras e no atendimento a demandas.
le Interno. Por outro lado, o controle – a garantia do poder do
Estabelecidas as formas de controle das atividades Estado – transforma-se na própria razão de ser do funcio-
administrativas, devem ser suprimidos todos os controles nário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si mes-
meramente formais, como determina, acertadamente, o mo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir
Decreto-Lei nº 200/67, que prevê também a supressão à sociedade. A qualidade fundamental da Administração
daqueles cujo custo seja evidentemente superior ao risco Pública burocrática é a efetividade no controle dos abu-
decorrente da inexistência de controle específico. sos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a inca-
A Administração federal é constituída na forma de pacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos
uma pirâmide, cujos componentes são mantidos no devi- como clientes. Este defeito, entretanto, não se revelou
do lugar pelo poder hierárquico e em cujo ápice coloca- determinante na época do surgimento da Administração
se o Presidente da República; ficando logo abaixo os Pública Burocrática, porque os serviços do Estado eram
Ministros de Estado, seus auxiliares diretos. muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem
Assim, o Presidente da República é o chefe supremo, e administrar a justiça, a garantir os contratos e a proprie-
exercendo o poder hierárquico em toda sua plenitude, por dade.
isso que o Estatuto da Reforma lhe confere expressamen- Administração Pública Gerencial – Emerge na se-
te o poder de, por motivo de relevante interesse público, gunda metade do século XX, como resposta, de um lado,
avocar e decidir qualquer assunto na esfera da Adminis- à expansão das funções econômicas e sociais do Estado,
tração federal, o que faz dele o controlador máximo das e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globali-
atividades administrativas. zação da economia mundial, uma vez que ambos deixaram
Os Ministros de Estado detêm o poder-dever de su- à mostra os problemas associados à adoção do modelo
pervisão sobre todos os órgãos da Administração direta anterior. A eficiência da Administração Pública – a neces-
ou indireta enquadrados em suas respectivas áreas de com- sidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos ser-
petência, ressalvados aqueles sob a supervisão direta e viços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se, en-
imediata do Presidente da República: tão, essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a
a) o Conselho de Governo; ser orientada predominantemente pelos valores da efi-
b) o Advogado-Geral da União; ciência e qualidade na prestação de serviços públicos e
c) a Secretaria de Comunicação; pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas orga-
d) Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano; nizações.
e) o Gabinete da Presidência da República; e A Administração Pública Gerencial constitui um
f) a Corregedoria Geral da União. avanço e, até certo ponto, um rompimento com a Admi-
Junto à Presidência da República funcionarão, como nistração Pública Burocrática. Isto não significa, entre-
órgãos de consulta do Presidente da República: tanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário,
a) o Conselho da República; a Administração Pública Gerencial está apoiada na ante-
b) o Conselho de Defesa Nacional. rior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seus princípios fundamentais, como a admissão segundo


AS TRÊS ESPÉCIES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema
estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a
Considere os seguintes conceitos constantes do Pla- avaliação constante de desempenho, o treinamento siste-
no Diretor da Reforma do Aparelho do Estado: mático. A diferença fundamental está na forma de con-
Administração Pública Patrimonialista – No trole, que deixa de basear-se nos processos para concen-
patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma trar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização
extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servi- da Administração Pública, que continua um princípio fun-
dores, possuem status de nobreza real. Os cargos são consi- damental.
derados prebendas. A res publica não é diferenciada das Na Administração Pública Gerencial, a estratégia
res principis. Em conseqüência, a corrupção e o nepotismo volta-se:
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1 - para a definição precisa dos objetivos que o admi- formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional.
nistrador público deverá atingir em sua unidade; À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho e
2 - para a garantia de autonomia do administrador na à capacitação permanente, que já eram características da
gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que boa administração burocrática, acrescentam-se os princípi-
lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os da orientação para o cidadão-cliente, do controle por
os objetivos contratados; e resultados e da competição admi-nistrada.
3 - para o controle ou cobrança a posteriori dos re- No presente momento, uma visão realista da recons-
sultados. Adicionalmente, pratica-se a competição admi- trução do aparelho do Estado em bases gerenciais deve
nistrada no interior do próprio Estado, quando há a possi- levar em conta a necessidade de equacionar as assimetrias
bilidade de estabelecer concorrência entre unidades in- decorrentes da persistência de aspectos patrimonialistas
ternas. No plano da estrutura organizacional, a descentrali- na administração contemporânea, bem como dos exces-
zação e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se es- sos formais e anacronismos do modelo burocrático tradi-
senciais. Em suma, afirma-se que a Administração Pública cional. Para isso, é fundamental ter clara a dinâmica da
deve ser permeável à maior participação dos agentes pri- administração racional-legal ou burocrática. Não se trata
vados e/ou das organizações da sociedade civil e deslo- simplesmente de descartá-la, mas, sim, de considerar os
car a ênfase dos procedimentos (meios) para os resulta- aspectos em que está superada, e as características que
dos (fins). ainda se mantêm válidas como formas de garantir
A Administração Pública Gerencial inspira-se na ad- efetividade à Administração Pública.
ministração de empresas, mas não pode ser confundida O modelo gerencial tornou-se realidade no mundo
com esta última. Enquanto a receita das empresas depen- desenvolvido quando, através da definição clara de obje-
de dos pagamentos que os clientes fazem livremente na tivos para cada unidade da administração, da descentra-
compra de seus produtos e serviços, a receita do Estado lização, da mudança de estruturas organizacionais e da
deriva de impostos, ou seja, de contribuições obrigató- adoção de valores e de comportamentos modernos no
rias, sem contrapartida direta. Enquanto o mercado con- interior do Estado, se revelou mais capaz de promover o
trola a administração das empresas, a sociedade – por meio aumento da qualidade e da eficiência dos serviços sociais
de políticos eleitos – controla a Administração Pública. oferecidos pelo setor público. A reforma do aparelho do
Enquanto a administração de empresas está voltada para Estado no Brasil significará, fundamentalmente, a intro-
o lucro privado, para a maximização dos interesses dos dução na Administração Pública da cultura e das técnicas
acionistas, esperando-se que, através do mercado, o inte- gerenciais modernas.
resse coletivo seja atendido, a Administração Pública
Gerencial está explícita e diretamente voltada para o in- Os Setores do Estado
teresse público.
Neste último ponto, como em muitos outros (profis- Para tornar a Administração Pública eficaz, fazendo
sionalismo, impessoalidade, etc.), a Administração Pú- com que seu foco de atenção seja coerente com uma ação
blica Gerencial não se diferencia da Administração Pú- voltada para o cidadão, é preciso começar pelo estabele-
blica Burocrática. Na burocracia pública clássica existe cimento de um modelo conceitual que categorize os di-
uma noção muito clara e forte do interesse público. A versos segmentos da ação do Estado.
diferença, porém, está no entendimento do significado No aparelho do Estado, é possível distinguir quatro
do interesse público, que não pode ser confundido com o setores:
interesse do próprio Estado. Para a Administração Públi-
ca Burocrática, o interesse público é freqüentemente iden- Núcleo Estratégico – setor que define as leis e as
tificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atua- políticas públicas e cobra o seu cumprimento; é o setor
rem sob este princípio, os administradores públicos ter- onde as decisões estratégicas são tomadas; corresponde
minam por direcionar uma parte substancial das ativida- aos poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Públi-
des e dos recursos do Estado para o atendimento das ne- co e, no Poder Executivo, ao Presidente da República,
cessidades da própria burocracia, identificada com o po- aos ministros e aos seus auxiliares e assessores diretos,
der do Estado. O conteúdo das políticas públicas é rele- responsáveis pelo planejamento e pela formulação das
gado a um segundo plano. A Administração Pública políticas públicas.
Gerencial nega essa visão do interesse público, relacio-
nando-o com o interesse da coletividade e não com o do Atividades Exclusivas – setor em que são prestados
aparato do Estado. serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em
A Administração Pública Gerencial vê o cidadão que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

como contribuinte de impostos e como cliente dos seus regulamentar, fiscalizar e fomentar; como exemplo, te-
serviços. Os resultados da ação do Estado são considera- mos a cobrança e fiscalização de impostos, a polícia, a
dos bons não porque os processos administrativos estão previdência social básica, a fiscalização do cumprimento
sob controle e são seguros, como quer a Administração de normas sanitárias, o serviço de trânsito, o controle do
Pública Burocrática, mas porque as necessidades do ci- meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço
dadão-cliente estão sendo atendidas. de emissão de passaporte, etc.
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamen-
tado nos princípios da confiança e da descentralização Serviços não-Exclusivos – setor onde o Estado atua
da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizonta- simultaneamente com outras organizações públicas não-
lização de estruturas, descentralização de funções, in- estatais e privadas; as instituições desse setor não pos-
centivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do suem o poder de Estado; este, entretanto, está presente
31
porque os serviços envolvem direitos humanos funda- No setor de produção de bens e serviços para o mer-
mentais, como os da educação e da saúde, ou porque cado, a propriedade privada é a regra. A propriedade es-
possuem “economias externas” relevantes, na medida tatal só se justifica quando não existem capitais privados
que produzem ganhos que não podem ser apropriados disponíveis ou então quando existe um monopólio natu-
por esses serviços através do mercado; as economias ral. Mesmo neste caso, a gestão privada tenderá a ser a
produzidas imediatamente se espalham para o resto da mais adequada, desde que acompanhada por um seguro
sociedade, não podendo ser transformadas em lucros; sistema de regulação.
são exemplos deste setor as universidades, os hospitais,
os centros de pesquisa e os museus. TEÓRIA GERAL DO ATO ADMINISTRATIVO
Produção de Bens e Serviços para o Mercado – CONCEITOS
setor que corresponde à área de atuação das empresas; é
caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administrati-
o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado,
vo é toda manifestação unilateral de vontade da Admi-
como, por exemplo, os do setor de infra-estrutura; estão
nistração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
no Estado seja porque faltou capital ao setor privado
fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
para realizar o investimento, seja porque são atividades
naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mer- extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
cado não é possível, tornando-se necessária, no caso de administrados ou a si própria”.
privatização, de regulamentação rígida.
J. Cretella Junior apresenta uma definição partindo
Setores do Estado e tipos de gestão do conceito de ato jurídico. Segundo ele, ato administra-
tivo é “a manifestação de vontade do Estado, por seus
Cada um desses quatro setores referidos apresenta representantes, no exercício regular de suas funções, ou
características peculiares, tanto no que se refere às suas por qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração de
prioridades, quanto aos princípios administrativos ado- poder reconhecido pelo Estado, que tem por finalidade
tados. imediata criar, reconhecer, modificar, resguardar ou ex-
No núcleo estratégico, o fundamental é que as deci- tinguir situações jurídicas subjetivas, em matéria admi-
sões sejam as melhores e, em seguida, que sejam cum- nistrativa”.
pridas. O que importa saber é, primeiro, se as decisões Para Celso Antonio Bandeira de Mello é a “declara-
que estão sendo tomadas pelo Governo atendem eficaz- ção do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por
mente ao interesse nacional, se correspondem aos obje- exemplo, um concessionário de serviço público) no exer-
tivos mais gerais aos quais a sociedade brasileira está cício de prerrogativas públicas, manifestada mediante pro-
voltada ou não. Segundo, se, uma vez tomadas as deci- vidências jurídicas complementares da lei, a título de lhe
sões, estas são de fato cumpridas. Neste setor, o mais dar cumprimento, e sujeitos a controle de legitimidade
adequado é um misto de Administração Pública Buro- por órgão jurisdicional”.
crática e Gerencial. Tal conceito abrange os atos gerais e abstratos, como
No campo das atividades exclusivas do Estado, dos os regulamentos e instruções, e atos convencionais, como
serviços não-exclusivos e da produção de bens e servi- os contratos administrativos.
ços, o que importa é atender aos cidadãos com boa quali- Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato admi-
dade a um custo baixo. E fazer mais com menos. Nestes nistrativo é “a declaração do Estado ou de quem o repre-
setores a administração deve ser necessariamente geren- sente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com obser-
cial.
vância da lei, sob regime jurídico de direito público e su-
jeita a controle pelo Poder Judiciário”.
Setores do Estado e formas de propriedade
A distinção deste último conceito dos demais é que
Ainda que se considerem apenas duas formas de pro- nele só se incluem os atos que produzem efeitos imediatos,
priedade – a estatal e a privada, existe no capitalismo con- excluindo do conceito o regulamento, que, quanto ao con-
temporâneo uma terceira forma intermediária de proprie- teúdo, se aproxima mais da lei, afastando, também, os atos
dade, extremamente relevante: a propriedade pública não- não produtores de efeitos jurídicos diretos, como os atos
estatal, constituída pelas organizações sem fins lucrati- materiais e os enunciativos.
vos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ou
grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento Traços Característicos do Ato Administrativo:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do interesse público. O tipo de propriedade mais indica- I - posição de supremacia da Administração;


do variará de acordo com o setor do aparelho do Estado. II - sua finalidade pública (bem comum);
No núcleo estratégico, a propriedade tem que ser ne- III - vontade unilateral da Administração.
cessariamente estatal. Nas atividades exclusivas de Esta-
do, onde o poder extroverso é exercido, a propriedade REQUISITOS (ELEMENTOS OU PRESSUPOSTOS) DE
também só pode ser estatal. VALIDADE
Já para o setor não-exclusivo ou competitivo do Esta-
do, a propriedade ideal é a pública não-estatal. Não é esta- Na doutrina de Hely Lopes Meirelles, são cinco os
tal porque aí não se exerce o poder de Estado. Não é priva- requisitos necessários à validade dos atos administrati-
da, porque se trata de um tipo de serviço por definição sub- vos, 3 vinculados (Competência, Finalidade e Forma) e 2
sidiado. discricionários (Motivo e Objeto).
32
Competência Até mesmo o silêncio significa forma de manifesta-
ção de vontade, quando a lei o prevê.
Nada mais é do que a delimitação das atribuições
cometidas ao agente que pratica o ato. É intransferível, Forma é o elemento exteriorizador do ato admi-
não se prorroga, podendo, entretanto, ser avocada ou de- nistrativo, o modo pelo qual o mesmo se apresenta.
legada, se existir autorização legal.
Em relação à competência, aplicam-se, pois, as Motivo ou Causa
seguintes regras:
I - decorre sempre da lei; É a situação fática ou jurídica cuja ocorrência autori-
II - é inderrogável, seja pela vontade da Adminis- za ou determina a prática do ato. Não deve ser confundi-
tração, seja por acordo com terceiros; do com motivação do ato que é a exposição dos motivos,
III - pode ser objeto de delegação de avocação, isto é, a demonstração de que os pressupostos de fato real-
desde que não se trate de competência exclusiva conferida mente existiram.
por lei. Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o ad-
Agente competente é diferente de agente capaz, ministrador fica vinculado aos motivos declinados para a
aquele pressupõe a existência deste – todavia, capacida- prática do ato, sujeitando-se à demonstração de sua ocor-
de não quer dizer competência, já que este “não é para rência, mesmo que não estivesse obrigado a explicitá-los.
quem quer, mas, sim, para quem pode”. Quando o motivo não for exigido para a perfeição do
O ato praticado por agente incompetente é inváli- ato, fica o agente com a faculdade discricionária de
do por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, praticá-lo sem motivação, mas se o tiver, vincula-se aos
qual seja o poder jurídico para manifestar a vontade da motivos expostos passando a valer o ato se todos os mo-
Administração. tivos alegados forem verdadeiros.

Finalidade Teoria dos Motivos Determinantes

É o resultado que a Administração pretende atin- Tal teoria relaciona-se com o motivo do ato adminis-
gir com a prática do ato e efeito mediato, enquanto o ob- trativo.
jeto é imediato. Segundo tal teoria, a validade do ato se vincula aos
Não se confunde com o motivo porque este ante- motivos indicados como seu fundamento, de tal modo
que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.
cede a prática do ato, enquanto a finalidade sucede a sua
Por outras palavras, quando a Administração motiva
prática, já que é algo que a Administração quer alcançar
o ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ficará ela
com sua edição.
vinculada ao motivo declinado e o ato só será válido se
Há duas concepções de finalidade: uma, em senti-
os motivos forem verdadeiros.
do amplo, que corresponde à consecução de um resulta- Ex.: exoneração ad nutum sob alegação de falta de
do de interesse público (bem comum) outra, em sentido verba. Se, logo após a exoneração, nomear-se outro fun-
estrito, é o resultado específico que cada ato deve produ- cionário para o mesmo cargo, o ato será nulo por vício
zir, conforme definido em lei. quanto ao motivo.
É o legislador que define a finalidade do ato, não
existindo liberdade de opção para o administrador. Objeto ou Conteúdo
Infringida a finalidade do ato ou a finalidade pú-
blica, o ato será ilegal, por desvio de poder (ex.: desapro- É o efeito imediato que ato administrativo produz,
priação para perseguir inimigo político). enuncia, prescreve ou dispõe.
Assim como o ato jurídico, requer objeto lícito, pos-
Forma Legal ou Forma Própria sível, certo e moral.
Visa a criar, a modificar ou a comprovar situações
No Direito Administrativo, o aspecto formal do jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades
ato tem muito mais relevância que no Direito Privado, já sujeitas à ação do Poder Público. Por ele a Administração
que a observância à forma e ao procedimento constitui manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente
garantia jurídica para o administrador e para a Adminis- situações preexistentes.
tração. É pela forma que se torna possível o controle do
ato administrativo. ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS)
Apenas a título de esclarecimento, advirta-se que,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

na concepção restrita da forma, considera-se cada ato iso- Os atos administrativos, como manifestação do Po-
ladamente e, na concepção ampla, considera-se o ato den- der Público, possuem atributos que os diferenciam dos
tro de um procedimento (sucessão de atos administrati- atos privados e lhes conferem características peculiares.
vos da decisão final). São atributos do ato administrativo: presunção de le-
A observância à forma não significa, entretanto, gitimidade, imperatividade e auto-executoriedade.
que a Administração esteja sujeita a formas rígidas e sa-
cramentais. O que se exige é que a forma seja adotada Presunção de Legitimidade
como regra, para que tudo seja passível de verificação.
Normalmente, as formas são mais rigorosas quando es- Esta característica do ato administrativo decorre do
tão em jogo direito dos administrados (ex.: concursos princípio da legalidade que informa toda atividade da
públicos, licitações e processos disciplinares). Administração Pública.
33
Além disso, as exigências de celeridade e segurança eis que não se aplica às penalidades de natureza pecuniária,
das atividades administrativas justificam a presunção da como as multas decorrentes de infrações a obrigações tri-
legitimidade, com vistas a dar à atuação da Administra- butárias.
ção todas as condições de tornar o ato operante e Também a utilização deste atributo administrativo fica
exeqüível, livre de contestações por parte das pessoas a a depender de a decisão que se pretenda executar ter sido
eles sujeitas. precedida de notificação, acompanhada do respectivo auto
A presunção de legitimidade autoriza a imediata exe- circunstanciado, através dos quais se comprove a legali-
cução ou operatividade do ato administrativo, cabendo dade de atuação do Poder Público.
ao interessado, que o impugnar, a prova de tal assertiva, O administrado, porém, não poderá se opor à exe-
não tendo ela, porém, o condão de suspender a eficácia cução do ato, alegando violação de normas ou procedi-
que do ato deriva. mentos indispensáveis à validade da atuação administra-
Somente através do procedimento judicial ou na hi- tiva. Eventual irresignação deverá ser endereçada ao Po-
pótese de revisão no âmbito da Administração, poderá o der Judiciário, através de procedimentos próprios e, obti-
ato administrativo deixar de gerar seus efeitos. da a liminar, ficará o ato com sua execução sobrestada
Aliás, os efeitos decorrentes do ato nascem com a até final julgamento da lide.
sua formação, ao cabo de todo o iter estabelecido nas
normas regulamentares, depois de cumpridas as formali- CLASSIFICAÇÃO
dades intrínsecas e extrínsecas.
Ao final do procedimento estabelecido em lei, o ato Os atos administrativos são classificados, quanto aos
adquire a eficácia, podendo, no entanto, não ser ainda seus destinatários, em atos gerais e individuais; quanto ao
exeqüível, em virtude da existência de condição seu alcance, em atos internos e externos; quanto ao seu
suspensiva, como a homologação, o visto, a aprovação. objeto, em atos de império e de gestão e de expediente;
Somente após cumprida a condição, adquirirá o ato a quanto ao seu regramento, em atos vinculados e discri-
exeqüibilidade, tornando-se operante e válido. cionários.
A eficácia é, tão-somente, a aptidão para atuar, ao passo
que a exeqüibilidade é a disponibilidade do ato para produ- Quanto aos Destinatários
zir imediatamente os seus efeitos finais.
A perfeição do ato se subordina à coexistência da • Atos Gerais
eficácia e exeqüibilidade, requisitos obrigatórios.
São os que possuem caráter geral, abstratos, impes-
soais, com finalidade normativa alcançando a todos
Perfeição = Eficácia + Exeqüibilidade
quantos se encontrem na situação de fato abrangida por
seus preceitos.
Imperatividade
Tais atos se assemelham às leis, revogáveis a qual-
quer tempo, não ensejando a possibilidade de ser invali-
A imperatividade é um atributo próprio dos atos ad-
dados por mandado de segurança, através do Poder Judi-
ministrativos normativos, ordinatórios, punitivos que
impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou exe- ciário, salvo se de suas normas houver ato de execução
cução. violador de direito líquido e certo.
O descumprimento do ato sujeita o particular à força Os atos gerais se sobrepõem aos individuais, ainda
impositiva própria do Poder Público, ou seja, à execução que emanados da mesma autoridade.
forçada pela Administração ou pelo Judiciário. Os efeitos externos de tais atos só se materializam
A imperatividade independe de o seu destinatário com a sua publicação no órgão de divulgação da pessoa
reputar válido ou inválido o ato, posto que somente após jurídica que os editou, salvo nas prefeituras que não os
obter o pronunciamento da Administração ou do Judiciá- possua, hipótese em que a publicidade será alcançada com
rio é que poderá furtar-se à obediência da determinação a sua afixação em local acessível ao público.
administrativa.
• Atos Individuais
Auto-Executoriedade São os que se dirigem a destinatários certos e deter-
minados, criando uma situação jurídica particular.
Consiste na possibilidade de a própria Administra- Tais atos podem alcançar diversas pessoas, sendo que
ção executar seus próprios atos, impondo aos particula- normalmente criam direitos subjetivos, circunstância que
res, de forma coativa, o fiel cumprimento das determina- impede a administração de revogá-los, conforme resulta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções neles consubstanciadas. extreme de dúvida do verbete nº 473, da Súmula do STF.


Este atributo é mais específico, próprio, se exterioriza Entretanto, a Administração pode anular atos indi-
com maior freqüência nos atos decorrentes do poder de viduais quando verificada a ocorrência de ilegalidade
polícia, em que se determina a interdição de atividades, na sua formação, uma vez que o ato nulo não gera direi-
demolição de prédios, apreensão e destruição de produ- tos.
tos deteriorados. Quando de efeitos externos, tais atos entram em vi-
Tais atos, evidentemente, reclamam uma atuação efi- gor a partir de sua publicação, podendo a publicidade li-
caz e pronta da Administração, não podendo, por isso, a mitar-se ao âmbito da Administração, quando se tratar de
sua execução ficar à mercê da manifestação ou da autori- atos de efeitos internos ou restrito a seus destinatários.
zação de outro poder ou de outros órgãos. Exemplos de atos individuais: decreto de desapro-
A auto-executoriedade, no entanto, sofre limitações, priação, decreto de nomeação.
34
Quanto ao Alcance dispõe de certos poderes que lhe asseguram a supremacia
sobre o particular, para que possa perseguir seus fins.
• Atos Internos O principal postulado de toda atividade administrati-
O ato administrativo interno é aquele cuja eficácia se va, como veremos mais adiante, é o princípio da legali-
limita e se restringe ao recesso das repartições adminis- dade, que limita os poderes do Estado, de forma a impe-
trativas e, por isso mesmo, incide, normalmente, sobre dir os abusos e arbitrariedades. São os chamados poderes
órgãos e agentes da Administração. regrados ou vinculados.
O ato interno pode ser geral ou especial, normativo,
ordinatório, punitivo e de outras espécies, conforme as • Atos Vinculados ou Regrados
exigências do serviço público. São aqueles nos quais a Administração age nos estri-
Sua publicidade fica restrita à repartição, prescindin- tos limites da lei, simplesmente porque a lei não deixou
do, desta forma, de publicação em órgão oficial, bastan- opções. Ela estabeleceu os requisitos da prática do ato,
do a cientificação direta dos interessados. sem dar ao administrador a liberdade de optar por outra
Normalmente, não geram direitos subjetivos, por isso forma de agir. Por isto é que se diz que, diante do poder
que, via de regra, são insuscetíveis de correição através vinculado, surge para o administrador um direito subjeti-
de mandado de segurança. vo de exigir da autoridade a edição do ato.
Em outros casos, bastante freqüentes, o regramento
• Atos Externos não atinge (nem pode atingir) todas as situações que a
São todos aqueles que atingem administrados, contratan- atuação administrativa pretende. Nestes casos, a lei deixa
tes, e, em casos especiais, os próprios servidores públicos. certa margem de liberdade de decisão diante do caso con-
A característica de tais atos é que a publicidade se creto, podendo o administrador optar por várias soluções
constitui em elementos essenciais e indispensáveis à sua possíveis, perfeitamente válidas e lícitas. É o chamado
validade, por isso que só produzem efeitos após a publi- poder discricionário.
cação no órgão oficial. Atos discricionários são aqueles em que o poder de
atuação administrativa, conferido pela lei, permite ao ad-
Quanto ao Objeto ministrador optar por uma ou outra solução, segundo cri-
térios de oportunidade, conveniência, justiça e eqüidade.
• Atos de Império Mesmo nestes casos, a atuação do administrador não é
São aqueles em que a Administração se vale de sua
livre, porque ele se vincula, obrigatoriamente, à compe-
supremacia para impor aos administrados e aos destina-
tência, finalidade e forma (elementos vinculados).
tários, em geral, o seu cumprimento obrigatório.
Daí porque discricionariedade não deve ser confun-
Tais atos podem ser gerais ou especiais, internos ou
dida com arbitrariedade (esta ultrapassa os limites da lei).
externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade
Sob o ponto de vista prático, a discricionariedade jus-
onipotente do Estado e o seu poder de coerção.
tifica-se, quer para evitar o automatismo, quer para suprir
Exemplos de atos de império: a desapropriação e a
a impossibilidade de o legislador prever todas as situa-
interdição de atividades.
ções possíveis que o administrador terá de enfrentar. A
• Atos de Gestão dinâmica do interesse público exige a maleabilidade de
São os que a Administração pratica sem valer-se da atuação.
supremacia do Poder Público. A discricionariedade é previamente legitimada pelo
Tais atos, em regra, são de natureza privada, em que legislador.
as partes – administração e administrados – se posicionam Segundo a professora Di Pietro, normalmente, a
em um mesmo patamar, de forma que inexiste superiori- discricionariedade existe:
dade entre eles. a) quando a lei expressamente a confere à Adminis-
Exemplo: contrato de locação; aquisição de imóvel. tração, como ocorre no caso de remoção ex officio do
Eventual procedimento administrativo que anteceda servidor;
a prática do ato não lhe retira esta característica, posto b) quando a lei é omissa, já que não pode prever to-
que na sua executoriedade a Administração exterioriza das as situações supervenientes à promulgação, autori-
sua vontade obedecendo aos ditames do Direito Privado. zando à autoridade agir com certa liberdade;
c) quando a lei prevê determinada competência, mas
• Atos de Expediente não estabelece a conduta a ser anotada (ex.: poder de po-
São os atos que se destinam a impulsionar os proces- lícia).
Se a lei nada estabelece a respeito, a Administração
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sos administrativos, com vistas à decisão da autoridade


superior, da qual emana a vontade da Administração. escolhe o momento que lhe pareça mais adequado para
A prática de tais atos está deferida a servidores su- atingir a consecução de determinado fim.
balternos, sem poder decisório, os quais apenas fazem Em relação aos elementos do ato administrativo, ad-
tramitar os papéis no âmbito da repartição, sem serem virta-se:
vinculantes ou possuírem forma especial. – o sujeito é sempre vinculado; só pode praticar o ato
aquele que tiver competência;
Quanto ao Regramento – no que diz respeito à finalidade, também prevalece a
vinculação e não-discricionariedade. Ressalva seja
• Atos Discricionários e Vinculados (Discriciona- feita no caso da finalidade em sentido amplo, cor-
riedade e Vinculação) respondente ao interesse público. Neste caso, pode-
No desempenho de suas funções, a Administração se dizer que a finalidade é discricionária, pois ela se
35
refere a conceitos vagos e imprecisos. No sentido • Ato Extintivo
estrito, a finalidade é sempre vinculada; Põe termo a situações jurídicas individuais. Exs.: cas-
– no que tange à forma, os atos são geralmente vin- sação de autorização, encampação de serviço de utilida-
culados porque a lei previamente a define. Even- de pública.
tualmente, a lei prevê mais de uma forma possível
para praticar o mesmo ato; • Ato Declaratório
– no motivo e no conteúdo do ato é que localiza, Visa a preservar direitos, reconhecer situações
comumente, a discricionariedade. preexistentes, ou mesmo possibilitar seu exercício. Exs.:
O motivo será vinculado quando a lei, ao descrevê- expedição de certidão, apostila de título de nomeação.
lo, usar expressões precisas, que não dão margem a qual-
quer tipo de interpretação. Ex.: aposentadoria do servi- • Ato Alienativo
dor com 35 anos de contribuição ou 70 anos de idade. É o que opera a transferência de bens ou direitos de
Será discricionário o motivo quando a lei não o defi- um titular a outro. Em geral reclama autorização
nir, deixando-o a critério da Administração (ex.: exone- legislativa. Ex.: venda de imóvel da Administração a par-
ração do servidor nomeado para cargo em comissão); ou ticular.
quando a lei define o motivo, porém, com noções vagas,
imprecisas, deixando a apreciação a critério da conveniên- • Ato Modificativo
cia e oportunidade do Administrador (ex.: punição do É o que tem por fim alterar situações preexistentes,
servidor por falta grave ou procedimento irregular). sem suprimir direitos ou obrigações. Ex.: mudança de
O mesmo se diga em relação ao conteúdo. horário, de percurso ou de local de reunião.
Costuma-se dizer que o ato vinculado é analisado
apenas sob o aspecto da legalidade e que o ato discricio- • Ato Abdicativo
nário deve ser analisado sob o aspecto da legalidade e do É aquele cujo titular abre mão de um direito. É
mérito administrativo, que diz respeito à conveniência irretratável e incondicional. Ex.: a renúncia.
diante do interesse público.
Segundo Seabra Fagundes, “o mérito se relaciona in- Quanto à Eficácia
trínseco, à sua valorização sob critérios comparativos”.
Em suma, é o aspecto relativo à conveniência e oportuni-
• Ato Válido
dade.
É aquele que provém de autoridade competente para
praticá-lo e contém todos os requisitos necessários à sua
Quanto à Formação
eficácia.
• Atos Simples
• Ato Nulo
São aqueles que decorrem da declaração de vontade
de um único órgão, seja ele singular ou colegiado. Ex.: É o que nasce afetado de vício insanável por ausên-
licença de habilitação para dirigir automóveis ou a deli- cia ou defeito substancial em seus elementos constitutivos
beração de um conselho. ou no procedimento formativo.
A nulidade pode ser explícita – a lei comina expres-
• Atos Complexos samente, indicando os vícios que lhe dão origem – e vir-
São os que resultam da manifestação de dois ou mais tual, que decorre da infringência de princípios específi-
órgãos (independentes), cuja vontade se funde para for- cos de direito público, reconhecidos por interpretação das
mar um ato único. As vontades são homogêneas e se unem normas concernentes ao ato.
para formar um só ato. Ex.: a nomeação de um ministro A nulidade tem efeito ex tunc, ou seja, alcança o ato
do STF. desde o seu nascimento, ressalvados, entretanto, direitos
de terceiros de boa-fé.
• Ato Composto O ato anulável (aquele com vício sanável e que não
Por seu turno, resulta da manifestação da vontade de causou prejuízos a terceiros ou ao erário) admite a
dois ou mais órgãos, sendo a vontade de um instrumental convalidação.
em relação à de outro, que edita o ato principal. Se no ato
complexo, fundem-se vontades num só ato, no ato com- • Ato Inexistente
posto, há dois atos, um principal e outro acessório. É o que possui, apenas, a aparência de ato adminis-
Atos que dependem de autorização, aprovação, pro- trativo, mas não o é. Normalmente é praticado com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

posta, parecer, laudo técnico, homologação, etc., são, usurpação de função pública ou assiste no campo do im-
geralmente, compostos. possível jurídico, na esfera dos comportamentos que o
Ex.: uma autorização que dependa do visto de uma Direito normalmente inadmite, isto é, dos crimes.
autoridade superior. Ex.: instrução baixada por autoridade policial para
que subordinados torturem presos.
Quanto ao Conteúdo
ESPÉCIES
• Constitutivo
É o que cria uma situação jurídica individual para Quanto à espécie, os atos administrativos se dividem
seus destinatários, em relação à Administração. Ex: no- em: normativos, ordinatórios, negociais, enunciativos e
meação de funcionário. punitivos.
36
Atos Normativos da própria revogação – são ex nunc. Isso significa que a
revogação respeita os efeitos já produzidos pelo ato, por-
São os decretos, regimentos, resoluções, deliberações que o ato é válido. Enquanto a anulação pode ser feita
e regulamentos. Contêm um comando geral do Executivo, pelo Judiciário ou pela própria Administração, a revoga-
visando à completa aplicação da lei. Seu objeto é explicar ção é privativa da Administração, não sendo lícito ao Ju-
a lei. diciário conhecer da oportunidade e conveniência. Isso
Decreto: ato administrativo de competência exclusi- não significa que a revogação deva ser feita fora dos limi-
va dos Chefes do Poder Executivo, destinados a prover tes da lei.
situações gerais e individuais, abstratamente previstas de – Não podem ser revogados os atos vinculados, por-
modo expresso, explícito ou implícito pela Administração. que nesses casos não há oportunidade e
Decreto regulamentar ou de execução é o que explica conveniência a apreciar.
a lei, facilitando sua execução, aclarando seus mandatos e – Não podem ser revogados os atos que exauriram
orientando sua aplicação. seus efeitos. Ex.: se a Administração concedeu afas-
Regulamento: ato administrativo posto em vigência tamento, por dois meses, à funcionária, a revoga-
por decreto, para explicar os mandamentos da lei. ção será impossível.
Regimento: ato administrativo de atuação interna, – A revogação não pode atingir meros atos adminis-
dado que se destina a reger o funcionamento de órgãos trativos, como certidões, atestados, votos, cujos
colegiados ou de corporações legislativas. efeitos decorrem da lei.
Resolução: ato administrativo normativo expedido pe- – Também não podem ser revogados os atos que ge-
las altas autoridades do Executivo (não pode ser expedida ram direitos adquiridos, conforme está expresso na
pelo Chefe do Executivo, que só pode expedir decretos) ou Súmula nº 473, do STF.
pelos presidentes dos Tribunais, órgãos legislativos e – Também não são passíveis de revogação atos que
colegiados administrativos para disciplinar matéria de sua integram um procedimento, pois, a cada novo ato
competência específica. ocorre a preclusão com relação ao anterior.
São inferiores aos regulamentos e regimentos. Existe re-
solução individual. Anulação

Ordinatórios É o “desfazimento do ato administrativo por razões de


ilegalidade” (Di Pietro).
Visam a disciplinar o funcionamento da Administra- Como a desconformidade com a lei atinge o ato em
ção e a conduta funcional de seus agentes. suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à data
Exs.: instruções, circulares, portarias, ordens de servi- em que foi emitido (efeito ex tunc).
ços, ofícios, despachos, etc. Pode a anulação ser feita pela própria Administração
Pública, com base no seu poder de autotutela sobre os
Negociais próprios atos. Nesse sentido, vejam as seguintes Súmulas
do STF:
São aqueles que contêm uma manifestação de vonta- 346. A Administração Pública pode declarar a nuli-
de do Poder Público coincidente com a pretensão do par- dade de seus próprios atos.
ticular. 473. A Administração pode anular seus próprios atos,
Exs.: licenças, autorizações, aprovações, admissões, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque
homologações, vistos, etc. deles não se originam direitos, ou revogá-las, por moti-
vo de conveniência ou oportunidade, respeitados os di-
Enunciativos reitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
São aqueles atos em que a Administração se limita a Também o Judiciário pode anular o ato, mediante pro-
certificar ou atestar um fato ou emitir opinião sobre deter- vocação do interessado, que pode utilizar-se quer de ações
minado assunto. ordinárias, quer de remédios constitucionais de controle
Exs.: certidões, atestados e pareceres. judicial da Administração Pública (mandado de segurança,
habeas data, mandado de injunção, ação popular).
Punitivos A anulação, feita pela própria Administração,
independe da provocação do interessado, já que ela tem o
Contêm uma sanção imposta pela Administração àque- poder-dever de zelar pela inobservância do princípio da
les agentes que infringem disposições disciplinares dos legalidade.
serviços públicos. Discute-se, na doutrina, se a Administração está obri-
Exs.: multas, interdições, embargos de obras, interdi- gada a anular o ato ou apenas a faculdade de fazê-lo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções de atividades, suspensão, etc. A Administração tem, em regra, o dever de anular os


atos ilegais, mas pode deixar de fazê-lo, em determinadas
INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (OU circunstâncias, quando o prejuízo resultante da anulação
MODOS DE DESFAZIMENTO) puder ser maior do que o decorrente da manutenção do
ato ilegal. O interesse público é que norteará a decisão.
Revogação
Convalidação
Segundo Di Pietro, “é o ato administrativo pelo qual a
Administração extingue um ato válido, por razões de opor- A convalidação – ou aperfeiçoamento ou sanatória –
tunidade e conveniência”. é o processo de que se vale a Administração para aprovei-
A revogação não retroage, já que o ato foi editado em tar atos administrativos com vícios superáveis, de forma a
conformidade com a lei, seus efeitos se produzem a partir confirmá-los no todo ou em parte. É admissível o instituto
37
da convalidação dos atos administrativos anuláveis, aque- Poder Hierárquico
les que apresentam defeitos sanáveis e no qual se eviden-
cie e não acarreta em lesão ao interesse público nem pre- É o poder de distribuir funções a diversos órgãos
juízos a terceiros.* administrativos, com escalonamento pelos diferentes ní-
O instituto da convalidação tem a mesma premissa veis de planejamento, coordenação, controle e execução.
pela qual se demarca a diferença entre vícios sanáveis e Por ele se estabelecem as relações de subordinação entre
insanáveis, existente no direito privado. A grande vanta- os servidores impondo-lhes o dever de obediência aos
gem em sua aceitação no Direito Administrativo é a de superiores. A estes incumbem o controle e a correção dos
poder aproveitar-se atos administrativos que tenham ví- atos administrativos dos seus subordinados.
cios sanáveis, o que freqüentemente produz efeitos práti- No poder hierárquico, estão ínsitas as faculdades de
cos no exercício da função administrativa. Por essa razão, dar ordens e de fiscalizar, bem assim as de delegar e avocar
o ato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez que as atribuições e de rever os atos dos que se encontram em
retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi pratica- níveis inferiores da escala hierárquica.
do o ato originário. Delegação é a atribuição a outrem de funções origina-
Não se convalidam atos: riamente cometidas ao que delega. Em sentido contrário,
1 - nulos, aqueles com vícios insanáveis; situa-se a avocação, que consiste no chamamento a si de
2 - que causaram prejuízos ao erário ou a terceiros; atribuições originariamente cometidas a um subordinado.
3 - com vícios de finalidade; Pela revisão, os superiores apreciam os atos de seus
4 - com vícios de matéria (competência exclusiva). subordinados, para mantê-los ou invalidá-los.
A convalidação será feita pela própria Administra-
ção. Requer motivação e produz efeitos ex tunc. Poder Disciplinar

PODERES ADMINISTRATIVOS É uma faculdade punitiva interna por meio da qual a


autoridade administrativa pune as infrações funcionais
A Administração dispõe de poderes administrativos dos servidores e de todos que estiverem sujeitos à disci-
distintos dos Poderes políticos (Executivo, Legislativo e plina dos órgãos e serviços da Administração.
Judiciário) para o desempenho de suas funções. Trata-se
de poderes ditos instrumentais, pois consubstanciam fer- Poder Regulamentar
ramentas de trabalho do Estado.
De acordo com a maior ou menor margem de liberdade É o poder atribuído aos Chefes do Executivo para a
que a lei atribua ao administrador para a prática do ato expedição de decretos para a fiel execução da lei. São os
administrativo, classificam-se os poderes administrativos chamados decretos regulamentares.
em discricionário e vinculado. A doutrina diverge, diante do texto constitucional em
vigor (art. 84, IV e VI), se ainda são admissíveis os decre-
Poder Vinculado ou Regrado tos autônomos, que regulamentem matéria ainda não dis-
ciplinada por lei. Hely Lopes Meirelles entende que se
É o conferido à Administração para a prática de ato trata de faculdade implícita no poder de chefia da Admi-
com todos os elementos, pressupostos e requisitos nistração, para suprir as omissões do legislador.
procedimentais descritos na norma. O administrador age Não obstante a lição do saudoso mestre Hely Lopes
inteiramente vinculado ao enunciado legal sob pena de Meirelles sobre os poderes administrativos, a doutrina mais
nulidade do ato. atualizada e a jurisprudência predominante repulsam a expe-
dição de decreto autônomo como ato normativo regulamen-
Poder Discricionário tador de matéria ainda não disciplinada por lei, em virtude da
afronta literal ao art. 84, inciso IV, da Carta Magna, que reza:
É o que a lei defere ao administrador para a prática de
um ato, segundo seu próprio juízo quanto à conveniência Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
e oportunidade do mesmo, ou com a possibilidade de op- da República:
ção no tocante ao conteúdo. Trata-se de um poder previs- ..........................................................................
to para o melhor atendimento ao interesse público, pois o IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as
legislador não consegue tipificar e regular todas as possí- leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
veis situações com que pode se deparar o administrador sua fiel execução;
em seu dia-a-dia, no desempenho das tarefas administrati-
vas. Maria Sylvia Zanella di Pietro refuta o decreto autô-
Competência, finalidade e forma sempre serão pressu- nomo do conceito de poder regulamentar dizendo:
postos ou elementos vinculados do ato. A discricionarie-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dade recai sobre o motivo e o objeto. Hely Lopes Meirelles (1996: 112) inclui no con-
A valoração dos motivos e a escolha do objeto ceito de poder regulamentar a faculdade de ‘expedir
consubstanciam o mérito do ato administrativo. decretos autônomos sobre matéria de sua competên-
A discricionariedade não pode ser confundida com a cia ainda não disciplinada por lei’.
arbitrariedade, pois comporta atuação nos limites do per- Preferimos excluir do conceito essa referência por-
missivo legal, informada pelos princípios que regem a que, não sendo complementar à lei, não se pode dizer
Administração. Trata-se de poder sempre relativo (juris que o decreto autônomo ou independente se baseie no
tantum), porque a competência, a finalidade e a forma são poder regulamentar, já que este supõe a existência de
vinculadas ao enunciado legal. uma lei a ser regulamentada. Seria, pois, o decreto au-
tônomo manifestação do poder normativo do Poder
Executivo e não do poder regulamentar. (Direito Admi-
* Lei nº 9.784, de 29/1/99. nistrativo. 8ª ed. São Paulo: Ed. Atlas, 1997. p. 74-75)
38
Celso Antônio Bandeira de Mello define regulamen- TELECOMUNICAÇÕES: CONCESSÃO OU PERMIS-
to e estipula sua extensão, expurgando qualquer modali- SÃO PARA A EXPLORAÇÃO. DECRETO AUTÔ-
dade de ato normativo tendente a substituir a lei. Cite-se: NOMO: POSSIBILIDADE DE CONTROLE CONCEN-
TRADO. OFENSA AO ARTIGO 84-IV DA CF/88.
... pode-se conceituar o regulamento em nosso LIMINAR DEFERIDA.
Direito como ato geral e (de regra) abstrato, de com- A ponderabilidade da tese do requerente é segu-
petência privativa do Chefe do Poder Executivo, ex- ra. Decretos existem para assegurar a fiel, execução
pedido com a estrita, finalidade de produzir as dis- das leis (artigo 84-IV da CF/88). A Emenda Constitu-
posições operacionais uniformizadoras necessárias cional nº 8, de 1995 – que alterou o inciso XI e alínea
à execução de lei cuja aplicação demande atuação a do inciso XII do artigo 21 da CF – é expressa ao
da Administração Pública. dizer que compete à União explorar, diretamente ou
É que os dispositivos constitucionais caracteriza- mediante autorização, concessão ou permissão, os
dores do princípio da legalidade no Brasil impõem serviços de telecomunicações, nos termos da lei. Não
ao regulamento o caráter que se lhe assinalou, qual havendo lei anterior que possa ser regulamentada,
seja, o de ato estritamente subordinado, isto é, mera- qualquer disposição sobre o assunto tende a ser ado-
mente subalterno e, ademais, dependente de lei. Daí tado em lei formal. O decreto seria nulo, não por
que, entre nós, só podem existir regulamentos co- ilegalidade, mas por inconstitucionalidade, já que
nhecidos no Direito alienígenas como “regulamen- supriu a lei onde a Constituição a exige. A Lei
tos executivos”. Daí que, em nosso sistema, de di- nº 9.295/96 não sana a deficiência do ato impugnado,
reito, a função do regulamento é muito modesta. já que ela é posterior ao decreto. Pela ótica da maioria,
(...) concorre, por igual, o requisito do perigo na demora.
Em suma: é livre de qualquer dúvida ou entredú- Medida liminar deferida.
vida que, entre nós, por força dos arts. 5º, II, 84, IV, e (STF, Tribunal Pleno, ADIMC-1435/DF, Rel. Min.
37 da Constituição, só por lei se regula liberdade e Francisco Rezek, julg. 7/11/96, DJ 6/8/99, p. 5)
propriedade: só por lei impõem obrigações de fazer TRIBUTÁRIO. AITP. DECRETO Nº 1.035/93: LI-
ou não fazer. Vale dizer: restrição alguma à liberda- MITES.
de ou à propriedade pode ser imposta se não estiver I - Como no ordenamento jurídico brasileiro não
previamente delineada configurada e estabelecida existe o “decreto autônomo”, mas tão-somente o decre-
em alguma lei, e só para cumprir dispositivos legais to para a “fiel execução da lei”, padece de ilegalidade o
é que o Executivo pode expedir decretos e regula- Decreto nº 1.035/93, que atuou ultra vires em relação à
mentos. (Curso de Direito Administrativo. 7 ed. São lei regulamentada (Lei nº 8.030/93). O art. 3º do regula-
Paulo: Malheiros Editores, 1995, p. 184-189). mento, na verdade, criou novos sujeitos passivos para a
obrigação tributária, uma vez que equiparou, sem poder,
Diógenes Gasparini também rechaça de seu conceito os operadores portuários aos “importadores, exporta-
de regulamento o decreto autônomo ou qualquer outro dores ou consignatários das mercadorias”.
tipo de ato normativo independente, por entender incom- II - Afronta ao princípio da legalidade (CTN, art.
patível com a previsão constitucional. Transcreve-se: 97, III).
III - Recurso não conhecido.
O ato que se origina do exercício da atribuição re- (STJ, 2ª Turma, RESP 156858/PR (1997/0085963-0),
gulamentar chama-se regulamento. Pode, em nosso Rel. Min. Adhemar Maciel, julg. 20/10/98, DJ 19/4/99,
ordenamento, ser definido como o ato administrativo p. 110)
normativo, editado privativamente pelo Chefe do
Poder Executivo, segundo uma relação de compati- Conclui-se, portanto, que o decreto autônomo não
bilidade com a lei para desenvolvê-la. Por essa defi- pode fazer parte do conceito de “Poder Regulamentar”.
nição vê-se que o Direito Positivo brasileiro só admite
Poder de Polícia
o regulamento de execução, isto é, os regulamentos
destinados à fiel execução da lei, consoante prescreve
“É a faculdade de que dispõe a Administração Pú-
o inc. IV do art. 84 da Constituição Federal. blica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
Não bastasse isso, diga-se que nos termos do inciso atividades e direitos individuais, em benefício da coleti-
II do art. 5º da Lei Maior, “ninguém será obrigado a fazer vidade ou do próprio Estado.” (Hely Lopes Meirelles)
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Assim, se o regulamento não é lei no sentido formal, não Não se confunde com a polícia judiciária e a polícia
pode criar direito novo, como os regulamentos autôno- de manutenção da ordem pública, pois estas atuam so-
mos criam. Ademais, cabe ao Congresso Nacional, nos bre pessoas.
termos do art. 48 da Constituição Federal, dispor sobre O Código Tibutário Nacional conceitua o Poder de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

todas as matérias de competência da União. Sendo as- Polícia em seu art. 78, in verbis:
sim, não há lugar, espaço jurídico, para o regulamento
autônomo ou independente. (Direito Administrativo. 3 Art. 78. Considera-se poder de polícia a ativida-
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1993. p. 112). de da Administração Pública que, limitando ou disci-
plinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá-
A Suprema Corte brasileira e o Superior Tribunal de tica de ato ou abstenção de fato, em razão de interes-
Justiça, em consonância com a doutrina retro citada, já se público concernente à segurança, à higiene, à or-
explanaram seu entendimento sobre a expedição do decre- dem, aos costumes, à disciplina da produção e do
to autônomo, entendimento esse que nos reportamos: mercado, ao exercício de atividades econômicas de-
pendentes de concessão ou autorização do Poder Pú-
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONA- blico, à tranqüilidade pública ou ao respeito à pro-
LIDADE. MEDIDA LIMINAR. DECRETO 1.719/95. priedade e aos direitos individuais ou coletivos.
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Atributos do Poder de Polícia e a sanção aplicada, quando se tratar de medida punitiva. O
Poder de Polícia autoriza limitações, restrições, condiciona-
Os atributos específicos do Poder de Polícia são a mentos; nunca supressão total do direito individual ou da
discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. propriedade particular, o que só poderá ser feito através de
desapropriação. A desproporcionalidade do ato de polícia
• Discricionariedade – consiste na possibilidade da ou seu excesso equivale a abuso de poder e, como tal, tipifica
livre escolha pela Administração sobre a conveniência e ilegalidade nulificadora da sanção.
oportunidade do exercício do poder de polícia. A legalidade dos meios empregados pela Administra-
Entretanto, o ato emanado em razão desse poder passa a ção é o último requisito para a validade do ato de polícia. Na
ser vinculado, se a norma legal que o rege estabelecer o modo escolha do modo de efetivar as medidas de polícia não se
de sua realização e exteriorização (forma própria ou legal). compreende o poder de utilizar meios ilegais para sua conse-
cução, embora lícito e legal o fim pretendido.
• Auto-executoriedade – é a faculdade de a Adminis-
tração decidir e executar diretamente sua decisão por seus
próprios meios, sem intervenção do Judiciário. No uso REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS
desse poder, a Administração impõe diretamente as medi-
das ou sanções de polícia administrativa necessárias à LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
contenção da atividade anti-social que ela visa a obstar.
Se o particular se sentir agravado em seus direitos, sim, (Atualizada pelas Leis nos 8.270/91, 8.429/92,
poderá reclamar, pela via adequada, ao Judiciário, que in- 8.647/93, 8.688/93, 8.730/93, 8.745/93, 9.515/97 e
tervirá oportunamente para a correção de eventual ilegali- 9.527/97 e EC nos 19 e 20/98)
dade administrativa ou fixação da indenização que for ca-
bível. A auto-executoriedade autoriza a prática do ato de DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES (ARTS. 1º A 4º)
polícia administrativa pela própria Administração, inde-
pendentemente de mandado judicial. Assim, por exemplo, A Lei nº 8.112, de 11/12/90, decretada pelo Congresso
quando a Prefeitura encontra uma edificação irregular ou Nacional e sancionada pelo Presidente da República, veio
oferecendo perigo à coletividade, ela embarga diretamen- instituir o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis
te a obra e promove sua demolição, se for o caso, por dos Poderes da União e ex-territórios, das autarquias
determinação própria, sem necessidade de ordem judicial (inclusive as em regime especial), das fundações públi-
para essa interdição e demolição. cas federais e extensivo aos serventuários da justiça (re-
Não se deve confundir a auto-executoriedade das munerados com recursos da União, no que couber).
sanções de polícia com punição sumária e sem defesa. A A nova disciplina legal abrange não só os estatu-
Administração só pode aplicar sanção sumariamente e tários (antes regidos pelo antigo Estatuto dos Funcionári-
sem defesa (principalmente as de interdição de atividade, os Públicos Civis da União, Lei nº 1.711, de 28/10/52) como
apreensão ou destruição de coisas) nos casos urgentes que também os chamados celetistas (contratados sob o regi-
ponham em risco a segurança ou a saúde pública, ou quando me da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprova-
se tratar de infração instantânea surpreendida na sua da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º/5/43), exceto os contra-
flagrância, aquela ou esta comprovada pelo respectivo auto tados por prazo determinado. Ficando estabelecido que,
de infração, lavrado regularmente; nos demais casos exige- quanto a estes, seus contratos não mais seriam prorroga-
se o processo administrativo correspondente, com plenitude dos após o vencimento do prazo de prorrogação.
de defesa ao acusado, para validade da sanção imposta. Na vigência do novo diploma, os empregos ocupados
pelos servidores incluídos no regime instituído por esta Lei,
Excluem-se da auto-executoriedade as multas, ain- ficam transformados em cargos, na data de sua publicação.
da que decorrentes do poder de polícia, que só po- As funções de confiança também foram transforma-
dem ser executadas por via judicial, como as demais das em cargos em comissão, até a implantação dos planos
prestações pecuniárias devidas pelos administrado- de cargos, quando exercidas por não-integrantes de tabe-
res à Administração. las permanentes de órgãos e entidades.
As universidades e instituições de pesquisas cientí-
• Coercibilidade – é a imposição coativa das medidas fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos
adotadas pela Administração. Todo ato de polícia é impe- com professores, técnicos e cientistas estrangeiros
rativo (obrigatório para seu destinatário, admitindo até o (Lei nº 9.515, de 20/11/97).
emprego da força pública para seu cumprimento, quando
resistido pelo administrado. Não há ato de polícia faculta- O Regime Jurídico, previsto pela Constituição de
tivo para o particular, pois todos eles admitem a coerção 1988, excluiu, portanto, os empregados públicos: os
estatal para torná-los efetivos, e essa coerção também trabalhadores das empresas públicas (CEF/ECT) e os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

independe de autorização judicial. das sociedades de economia mista (BB/Petrobras). Es-


tes poderão ter outro tipo de regime, mas deverão ob-
Condições de Validade servar as normas constitucionais relativas à investidura
em cargo ou emprego por concurso público, e, tam-
As condições de validade do ato de polícia são a bém, a vedação ao acúmulo de cargos, empregos ou
competência, a finalidade e a forma, acrescidas da funções públicas (art. 37, II, XVI e XVII).
proporcionalidade da sanção e da legalidade dos meios
empregados pela Administração. As Definições de Servidor e Funcionário Público
A proporcionalidade entre a restrição imposta pela Ad- Nos termos da lei, “Servidor é a pessoa legalmente
ministração e o benefício social que se tem em vista, sim, investida em cargo público” (Lei nº 8.112/90, art. 2º).
constitui requisito específico para validade do ato de polícia, Considera-se Funcionário Público, para os efeitos
como, também, a correspondência entre a infração cometida penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-
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ção, exerce cargo, emprego ou função pública (Código DO PROVIMENTO (ARTS. 5º A 32)
Penal, art. 327).
Cargo Público “é o conjunto de atribuições e respon- Provimento – é o ato de designação de uma pessoa
sabilidades previstas na estrutura organizacional que de- para o preenchimento de um cargo público.
vem ser cometidas a um servidor” (Lei nº 8.112/90, art. 3º). Como já mencionamos, o cargo pode ser:
O cargo público só pode ser criado por lei, com núme- Efetivo – o que se destina a ser preenchido em caráter
ro certo, vencimento e designação próprios. definitivo. Esta efetividade é alcançada com a nomeação,
O agrupamento de cargos da mesma profissão recebe porém, a estabilidade adquire-se após 3 (três)* anos de
o nome de classe. efetivo exercício (art. 41, caput, da Constituição Federal).
Ao agrupamento de classes da mesma profissão ou Comissionado – é o que se destina a ser preenchido
atividade, com escalonamento hierárquico, dá-se a deno- por um ocupante transitório, da estrita confiança da auto-
minação de Carreira (ou série de classe). ridade que o nomeou. É de livre nomeação e exoneração.
Quadro é o conjunto de carreiras, cargos isolados e
Diz-se que a nomeação é feita em português e a exonera-
funções gratificadas de um mesmo serviço ou Poder. Pode
ser permanente ou provisório. ção em latim (ad nutum).
Lotação é o número de servidores que devem traba- É importante frisar que, durante o Estágio Probatório**,
lhar em cada seção (repartição) do serviço público. de 36 meses *, onde serão observados e avaliados os fato-
res Responsabilidade, Assiduidade, Produtividade, Capa-
Criação, Transformação e Extinção de Cargos cidade de Iniciativa e Disciplina, o ocupante de cargo efe-
A Constituição Federal (art. 48, inc. X) dispõe que tivo não é exonerável ad nutum. Sua “demissão” somente
cabe ao Congresso Nacional dispor sobre a criação, trans- ocorrerá após regular apuração de sua inadequação ao
formação e extinção dos cargos e funções públicas. Ou- exercício do cargo. É isto que estabelece a Súmula nº 21 do
tros dispositivos disciplinam a matéria, vejamos: STF: “Funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formali-
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
da República: dades legais de apuração de sua incapacidade”.
(...) – A avaliação de desempenho passa a ser exigida como
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, requisito para aquisição de estabilidade do servidor.*
na forma da lei; Ao inabilitado, em estágio probatório, a lei estabelece:
(...) a) se já era estável – fica assegurada a recondução ao
Art. 96, II, b – a criação e a extinção de cargos e cargo anterior;
a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos b) se não estável – será o servidor exonerado ex officio
Juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação (ou de ofício) mediante, como dissemos, a regular apura-
do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive ção de sua inaptidão para o exercício do cargo.
dos tribunais inferiores, onde houver, ressaldo o dis- A lei não assegura ao servidor de primeira investidura
posto no art. 48, XV.
(não estável):
Arts. 51, IV, e 52, XIII – Os cargos dos serviços
auxiliares do Senado e da Câmara podem ser criados a) recondução;
ou extintos por resolução de cada uma dessas casas. b) licença para desempenho de mandato classista;
c) reintegração.
Hely Lopes Meirelles entende, entretanto, que essa A estabilidade no cargo não equivale à inamo-
matéria deve ser tratada por lei e não por resolução como vibilidade. A Administração, ex officio (por dever do car-
ensinam outros doutrinadores (ex.: Bandeira de Mello). go), pode transferir ou remover o servidor efetivo, por
A criação de cargos do Executivo e do Judiciário e a
motivo de interesse público.
fixação dos respectivos vencimentos é feita por lei.
Quanto à iniciativa dessas leis, é importante distin- A demissão do servidor estável pode ocorrer em vir-
guir: será privativa do Chefe do Executivo para os cargos tude de sentença judicial transitada em julgado ou medi-
da administração direta e autárquica desse Poder (art. 61, ante processo administrativo disciplinar, em que lhe seja
§ 1º, I, a). Será, também, dos Tribunais, privativamente, assegurada a ampla defesa e o contraditório (Súmula nº
para os cargos de respectiva organização judiciária. 20 do STF).
Os cargos públicos, quanto ao provimento, podem ser: Se a demissão do servidor estável for invalidada por
a) efetivos – de carreira ou isolados; sentença judicial ou decisão administrativa, ele será rein-
b) em comissão (em confiança); tegrado. Com o eventual ocupante de seu cargo, podem
c) vitalício – Magistrados, Ministros dos Tribunais de ocorrer 3 (três) hipóteses:
Contas e Membros do Ministério Público, disciplinados em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1ª) recondução ao cargo de origem, sem qualquer in-


outros diplomas legais, conforme a previsão constitucional;
denização;
d) interino* – em substituição (art. 38 da Lei nº 8.112/90);
e) temporário – por prazo determinado e para atender 2ª) aproveitamento em outro cargo de vencimento e
à necessidade de excepcional interesse público, obser- atribuições compatíveis; e
vados os prazos máximos e improrrogáveis da Lei nº 3ª) disponibilidade remunerada, até que seja adequa-
8.745, de 9 de dezembro de 1993. damente aproveitado em outro cargo (obrigatoriamente
Com o advento da Emenda Constitucional nº 19/98 as de atribuições e vencimentos compatíveis com o anterior-
funções de confiança serão exercidas exclusivamente por mente ocupado).
servidores de carreira.
* O Estágio Probatório não protege o funcionário contra extinção do cargo.
* O funcionário interino substituto é livremente demissível, menos antes de ces- (Súmula nº 22 do STF)
sar a causa da substituição. (Súmula nº 24 di STF) ** Emenda Constitucional nº 19/98.
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O servidor ficará ainda em disponibilidade remu- Se o servidor federal, submetido a estágio probatório em
nerada quando extinto o cargo ou declarada sua novo cargo público, desiste de exercer a nova função, tem ele
desnecessidade. o direito a ser reconduzido ao cargo ocupado anteriormente
no serviço público. Com esse entendimento, o STF deferiu
O provimento pode ser: mandado de segurança para assegurar ao impetrante a
1. Originário ou inicial – o que se faz através de recondução do servidor estável na hipótese de desistência
nomeação para cargos de provimento efetivo ou em co- voluntária deste em continuar o estágio probatório, por se
missão. tratar de motivo menos danoso do que sua aprovação (MS
22.933-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 26/6/98).
A nomeação é a única forma de provimento inicial. c) Aproveitamento* – é a investidura do servidor em
disponibilidade em cargo de atribuições e vencimentos com-
2. Derivados – os que derivam de um vínculo anteri- patíveis com o anteriormente ocupado. O órgão central do
or entre o provido e o serviço público. Sistema de Pessoal Civil é o incumbido de determinar o apro-
As formas de provimento por derivação são: veitamento imediato do servidor em disponibilidade em vaga
que ocorrer em órgãos e entidades da Administração Pública
2.1 Horizontal (sem elevação funcional): Federal.
a) Transferência (Revogada); O aproveitamento dar-se-á obrigatoriamente em cargo
b) Readaptação – é a passagem do servidor de seu de natureza e padrão de vencimentos correspondentes ao
que ocupava, não podendo ser feito em cargo de padrão
cargo para outro mais compatível com a limitação que
superior.
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, aferida
em inspeção médica. Deverá ser feita em cargo de atri-
Se o servidor não entrar em exercício no prazo legal,
buições e vencimentos afins, respeitada a habilitação seu aproveitamento será tornado sem efeito e a disponi-
exigida. Se for julgado incapaz para o serviço público, o bilidade cassada, salvo doença comprovada por junta
readaptado será aposentado com provento integral ou pro- médica oficial.
porcional, dependendo do caso.*
São, pois, condições necessárias para que ocorra a d) Reversão – é o retorno à atividade de servidor apo-
readaptação: sentado: por invalidez, quando junta médica oficial declarar
1ª) que as atribuições e responsabilidades sejam com- insubsistentes os motivos da aposentadoria; no interesse
patíveis com a limitação do readaptando; da administração, desde que:
2ª) que a limitação física ou mental seja avaliada e – tenha solicitado a reversão;
constituída por inspeção médica; – a aposentadoria tenha sido voluntária;
3ª) respeito à habilitação exigida para o exercício do – estável quando na atividade;
novo cargo; e – a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-
4ª) seja efetivada em cargo de atribuições afins. riores à solicitação;
– haja cargo vago.
2.2 Vertical (com elevação funcional): A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
a) Promoção é a passagem de uma classe para outra tante de sua transformação, sendo que o tempo em que o
no âmbito da mesma carreira; servidor estiver em exercício será considerado para conces-
b) Ascensão (Revogada). são da aposentadoria.
No caso de invalidez, encontrando-se provido o cargo,
2.3 Reingresso – compreende o retorno ao serviço o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
ativo de servidor que dele estava desligado. São modali- ocorrência de vaga.
dades: O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-
a) Reintegração – é a reinvestidura do servidor está- ministração perceberá, em substituição aos proventos da
vel no cargo que anteriormente ocupara, ou no cargo que aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
resultou sua transformação, quando sua demissão for in- inclusive com as vantagens de natureza pessoal que perce-
validada por decisão administrativa ou judicial, com ressar- bia anteriormente à aposentadoria.
cimento de todas as vantagens. Se o cargo tiver sido extin- Terá os proventos calculados com base nas regras atu-
to, o servidor ficará em disponibilidade remunerada. ais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será exo- “Reclassificação posterior à aposentadoria não apro-
nerado ex officio, ou, se ocuparava outro cargo, a este, será veita ao servidor aposentado” (Súmula nº 38 do STF).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

reconduzido, sem direito a indenização. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completa-
b) Recondução – é o retorno do servidor estável ao do 70 (setenta) anos de idade.
cargo anteriormente ocupado, em decorrência da inabili-
tação em estágio probatório, relativo a outro cargo, ou da Em síntese: a reintegração é do demitido; a
reintegração do anterior ocupante. Se o cargo de origem recondução é do inabilitado em estágio probatório de
estiver provido, o servidor será aproveitado em outro car- outro cargo ou da reintegração do anterior ocupante; o
go, com atribuições e vantagens compatíveis com o ante- aproveitamento é do disponível, e a reversão do aposen-
riormente ocupado. tado.

* Enquanto pendente, o pedido de readaptação fundado em desvio funcional, * À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente,
não gera direitos para o servidor, relativamente ao cargo pleiteado. (Súmula nº o seu aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da
566 do STF) Administração. Diz a Súmula nº 39 do STF.
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Do Concurso Público • A Aprovação no Concurso e a Expectativa de Nome-
ação
A prévia habilitação em concurso público de pro- O aprovado em concurso público, em princípio, não tem
vas ou de provas e títulos é imprescindível para a no- direito à nomeação, pois o Poder Público pode escolher a opor-
meação para cargo de carreira ou cargo isolado, de pro- tunidade da nomeação que melhor atenda às suas conveniên-
vimento efetivo, obedecidos a ordem de classificação e cias. Se o instrumento convocatório fixou prazo para o provi-
o prazo de validade do concurso. mento dos cargos, aí existe o direito à nomeação, observada a
ordem de classificação.
Dispõe a lei que o concurso público terá validade
O aprovado tem o direito de não ser preterido na no-
de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada por uma
meação, ou, mais ainda, tem o direito de ser nomeado,
vez, por igual período. Aqui é repetida a norma consti- quando for preterido, isto é, quando o cargo for provido
tucional (art. 37, III). Conclusões podem ser extraídas por candidato de classificação inferior a sua. A esse res-
dessa norma: peito, dispõe a Súmula nº 15, do STF: “Dentro do prazo
de validade do concurso, o candidato aprovado tem di-
a) o prazo máximo de validade de um concurso pú- reito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
blico, já incluída a prorrogação, será de 4 (quatro) anos; observância da classificação”.
b) o prazo de validade inicial do concurso público, Funcionário nomeado por concurso tem direito a pos-
sem a prorrogação, poderá ser menor do que dois anos, se (Súmula nº 16 do STF). Já a nomeação de funcionário
pois a lei fala em “até 2 (dois) anos”; sem concurso pode ser desfeita antes da posse (Súmula
c) a prorrogação do prazo de validade de um con- nº 17 do STF).
curso público é uma faculdade, não um dever do poder
público; • Concurso Público: Direito à Convocação
Com base no art. 37, IV, da CF (“durante o prazo
A fixação do prazo será feita no edital do concurso, improrrogável previsto no edital de convocação, aquele
aprovado em concurso público de provas ou de provas e
salvo se a lei já o determinar.
títulos será convocado com prioridade sobre novos
Outra questão que pode ser colocada é a do signi-
concursados, para assumir cargo ou emprego, na carrei-
ficado da expressão “prorrogação por igual período”. ra;”), a Turma deu provimento a recurso ordinário em
Por igual período deve ser entendido “o prazo igual ao mandado de segurança para assegurar a candidatos sele-
que haja sido estabelecido para a validade do con- cionados na primeira fase do concurso público para o
curso”. cargo de fiscal do trabalho (Edital nº 1/94) – que não es-
tavam classificados dentro do limite das vagas existentes
d) haverá prorrogação do prazo de validade de con- – a prioridade na convocação para a segunda fase (pro-
curso se prevista no edital; grama de formação) sobre eventuais aprovados em novo
e) não há prazo mínimo de validade do concurso concurso público. Considerou-se que o Edital nº 1/94
público. determinara o provimento dos cargos quanto às vagas
existentes ou que viessem a ocorrer no prazo de validade
Atenção! do concurso, ficando, em conseqüência, a autoridade
Embora o Estatuto proíba a abertura de novo coatora impedida de nomear candidatos aprovados em
concurso, se o anterior ainda é válido e restam can- posterior concurso de fiscal do trabalho enquanto não se
didatos aprovados a serem aproveitados, a Consti- concluir o competitório em que os impetrantes foram apro-
vados na primeira fase, o que somente ocorrerá com a
tuição permite a abertura de novo concurso, embo-
convocação à segunda etapa. Precedente citado: RMS
ra seja válido o concurso anterior, porém ficará obri-
23.040-DF (DJU de 17/12/99).
gada a observar a prioridade dos concursados apro-
vados no certame anterior para só depois admitir RMS 23.538-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence,
os novos aprovados. 22/2/2000.
Há entendimentos de que existem dois prazos:
no primeiro biênio 2 (dois) anos não se pode reali- Requisitos básicos para a investidura em cargo
zar outro concurso; já no segundo biênio (prazo público
improrrogável) a administração poderá realizar um Os requisitos para a investidura em cargo público
novo concurso. O que não se pode é ficar com o estão elencados no art. 5º da Lei nº 8.112/90. São eles:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

texto taxativo da lei: “Não se abrirá novo concurso a) a nacionalidade brasileira – aqui a lei não poderá
enquanto houver candidato aprovado em concur- estabelecer distinção entre brasileiros natos ou
so anterior com prazo de validade não expirado” naturalizados. A Constituição disciplina, contudo, no art.
(art. 12, § 2º) em desconsideração à alusão que faz 12, § 3º, que são cargos privativos de brasileiros natos:
a lei maior (art. 37, inciso IV): “Durante o prazo Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da
improrrogável previsto no edital de convocação, Câmara ou do Senado Federal, Ministro do Supremo Tri-
bunal Federal, oficial das Forças Armadas e integrantes da
aquele aprovado em concurso público de provas
Carreira Diplomática, membros do Conselho de Defesa e
ou de provas e títulos será convocado com priori-
Ministro de Defesa;
dade sobre novos concursados para assumir cargo b) o gozo dos direitos políticos;
ou emprego, na carreira”. c) quitação com as obrigações militares e eleitorais;
43
d) nível de escolaridade exigido para o exercício do 10 – O servidor que durante o estágio probatório for
cargo; aprovado em outro concurso público não poderá aprovei-
e) idade mínima de 18 (dezoito) anos;* tar o tempo anteriormente prestado naquele estágio para
f) aptidão física e mental; esta nova situação.
g) outros, conforme a natureza do cargo (idade máxi- 11 – O tempo de serviço de servidor que já adquiriu
ma, sexo, altura mínima, estado civil, etc.). estabilidade no serviço público e que se encontra subme-
Estrangeiros poderão ser contratados para cargos de tido a estágio probatório em razão de um novo provimen-
cientistas, pesquisadores e professores universitários. to não poderá ser computado para efeito de progressão e
promoção do novo cargo.
Tutela aos deficientes 12 – Será declarado vago o cargo de servidor estável
que for aprovado em concurso público e nomeado, em
A lei assegura aos portadores de deficiência o decorrência de ter sido empossado em outro cargo
direito à inscrição em concurso público para pro- inacumulável (Lei nº 8.112/90, art. 37, VIII).
vimento de cargo compatível com a deficiência de 13 – No ato de nomeação de outro servidor para pre-
que é portador. Serão reservadas para essas pesso- encher a vaga, decorrente do provimento de que trata o
as até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas item 14, deverá ser indicada a ocorrência, com a respecti-
no concurso. No Distrito Federal é lei: 20% (vin- va data.
te por cento) das vagas serão reservadas para porta- 14 – Não há necessidade de edição de portaria decla-
dores de deficiência física (Lei nº 160, de 2/8/91; rando a vaga do cargo, uma vez que no ato da vacância
Decreto nº 13.897, de 14/4/92). será indicado o respectivo motivo.
15 – Até que sejam implantados os Planos de Carrei-
• Estágio Probatório ra no Serviço Público Federal, os órgãos e entidades po-
1 – O estágio probatório tem por objetivo avaliar a derão expedir normas para a avaliação de desempenho
aptidão e a capacidade do servidor, para desempenho das no cargo, em suas áreas de competência, durante o está-
atribuições do cargo de provimento efetivo, para o qual gio probatório.*
foi nomeado mediante aprovação em concurso público.
1.1 – O estágio probatório terá a duração de 36 (trinta e • Nomeação, Posse e Exercício
seis)** meses e somente decorrido este período o servidor, se Já vimos que a nomeação é a única forma originária
habilitado, será confirmado no cargo.
de provimento de cargo público. Trata-se de provimento
2 – O estágio probatório somente poderá ser realiza-
inicial e autônomo.
do no cargo para o qual o servidor foi nomeado.
Entretanto, a relação entre o Estado e o servidor não
3 – O órgão ou entidade deve criar as condições, de for-
se aperfeiçoa com a nomeação. Para que se complete o
ma a facilitar o desenvolvimento das atribuições do servidor.
4 – O servidor em estágio probatório deve ser acom- vínculo empregatício, é necessário que o nomeado tome
panhado, orientado e avaliado, periodicamente, em suas posse e entre em exercício.
atribuições pela chefia imediata. Posse é “o ato de aceitação do cargo e um compro-
5 – A avaliação de desempenho do servidor em está- misso de bem servir”. Do termo de posse, assinado pelo
gio probatório terá por base o acompanhamento diário com nomeado, constam suas atribuições, deveres, responsabi-
apurações periódicas (avaliações parciais) e avaliação fi- lidades e direitos relativos ao cargo ocupado, bem como
nal que consistirá da consolidação das avaliações parciais. uma declaração expressa de que o nomeado não acumula
6 – A homologação da avaliação final do servidor cargos públicos vedados pela Constituição, não pratica
em estágio probatório deverá ser feita por comissão de- atos de gestão ou de comércio (não é sócio-gerente ou
signadas para este fim, observadas além dos fatores enu- dirigente de sociedade comercial ou civil). No ato de pos-
merados no art. 20 da Lei nº 8.112/90, outras habilidades se, o servidor declara os seus bens. O prazo para a posse
e características necessárias ao desempenho do cargo. é de trinta dias, contados da publicação do ato de provi-
7 – O servidor em estágio probatório faz jus aos be- mento. A posse pode se verificar por procuração espe-
nefícios e vantagens concedidos aos demais servidores cífica.
da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional regidos pela Lei nº 8.112/90, com exceção Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
daqueles que a lei, expressamente, restringe aos servido- cargo. A partir da data da posse, o servidor dispõe de
res estáveis. quinze dias improrrogáveis para entrar em exercício. Só
8 – Ao servidor, em estágio probatório, poderá ser com o exercício, o servidor adquire direito às vantagens
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

concedida licença para tratamento da própria saúde e apo- do cargo e à contraprestação pecuniária.
sentadoria por invalidez a qualquer tempo, uma vez que
a lei estatutária não exige carência para este fim. Notas importantes:
9 – O servidor em estágio probatório não poderá afas- 1) Se o servidor nomeado não tomar posse no prazo
tar-se do exercício do cargo efetivo, exceto nos casos legal, será tornado sem efeito o ato de provimento.
excepcionais previstos em normas específicas cuja deter- 2) Se o servidor empossado não entrar em exercício
minação seja compulsória. no prazo de quinze dias, contados da data da posse, será
exonerado de ofício.
* Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão de idade, inscri-
ção em concurso para cargo público (Súmula nº 14 do STF).
** Há entendimento do MPOG e MPU que o estágio probatório permanece de 24
meses e a estabilidade será alcançada após 3 anos. * Instrução Normativa nº 10, de 14/9/94 (DOU de 15/9/94).
44
3) Também é de trinta dias o prazo para entrar em exer- Na verificação do atendimento dos limites definidos
cício em outra localidade, do servidor transferido, removi- neste artigo, não serão computadas as despesas:
do, redistribuído, requisitado ou cedido. Nesse prazo, já se I – de indenização por demissão de servidores ou
inclui o tempo de deslocamento para a nova sede. empregados;
4) A duração máxima semanal do trabalho do ocupan- II – relativas a incentivos à demissão voluntária;
te de cargo de provimento efetivo é de quarenta horas, III – derivadas da aplicação do disposto no inciso II
salvo quando a lei estabelecer duração diversa, observa- do § 6º do art. 57 da Constituição;
dos os limites mínimos e máximos de 6 e 8 horas diárias, IV – decorrentes de decisão judicial e da competên-
respectivamente (Lei nº 8.270/91 e Decreto nº 1.590, de 10/8/ cia de período anterior ao da apuração a que se refere o
95, que regulamenta a jornada de trabalho). § 2º do art. 18;
4.1) Do exercente de cargo em comissão, chefia e V – com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do
assessoramento superiores, exige-se regime de dedicação Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela
integral. União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Cons-
5) A posse e o exercício de servidor em cargo, em- tituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;
prego ou função da administração direta ou indireta fi- VI – com inativos, ainda que por intermédio de fun-
cam condicionados à apresentação, pelo interessado, de do específico, custeadas por recursos provenientes:
declaração dos bens e valores que integram o respectivo a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
patrimônio, bem como os do cônjuge, companheiro, fi- b) da compensação financeira de que trata o § 9º do
lhos ou outras pessoas que vivam sob a sua dependência art. 201 da Constituição;
econômica, excluído apenas os objetos e utensílios de uso c) das demais receitas diretamente arrecadadas por
doméstico (art. 13 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da
regulamentada pelo Decreto nº 978, de 10/1/93). alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu supe-
6) A Lei nº 8.730, de 10/11/93, estabelece a rávit financeiro.
obrigatoriedade da declaração de bens e rendas no momen- A repartição dos limites globais não poderá exceder
to da posse, final de exercício financeiro, no término da ges- os seguintes percentuais:
tão ou mandato e nas hipóteses de exoneração, renúncia ou I – na esfera federal:
afastamento definitivo, por parte das autoridades e servido- a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para
res públicos adiante indicados: o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
I - Presidente da República;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cen-
II - Vice-Presidente da República;
to) para o Executivo;
III - Ministros de Estado;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério
IV - membros do Congresso Nacional;
Público da União.
V - membros da Magistratura Federal;
II – na esfera estadual:
VI - membros do Ministério Público da União; e
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o
VII - todos quanto exerçam cargos eletivos, empregos ou
funções de confiança, na administração direta, indireta, Tribunal de Contas do Estado;
fundacional, de qualquer dos poderes da União. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
DA VACÂNCIA (ARTS. 33 A 35) d) 2%(dois por cento) para o Ministério Público dos
Estados.
Vacância do cargo público III – na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o
Vacância é a abertura de um cargo público dantes ocupa- Tribunal de Contas do Município, quando houver;
do. O art. 33 da Lei nº 8.112/90 dispõe sobre os casos de b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Exe-
vacância do cargo público, que pode decorrer de: cutivo.
– Exoneração – é a dispensa do servidor a seu pedi-
do ou de ofício, nos casos em que pode ser dispensado. – Demissão – é a dispensa do servidor, a título de
Não tem caráter sancionador (punitivo). Não constitui penalidade funcional. Nenhum servidor, quer estável, quer
penalidade. Ocorrerá a exoneração de ofício quando o em estágio probatório, pode ser punido com a pena máxi-
servidor não for aprovado no estágio probatório ou quan- ma de dispensa do serviço, sem comprovação da falta
do, após a posse, não entrar em exercício no prazo legal. que deu causa à punição.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No caso de ocupante de cargo em comissão, a exo-


neração ocorrerá a pedido, ou por deliberação espontâ- Ressaltamos que o desligamento do servidor, a pe-
nea da administração, a juízo da autoridade competente. dido ou por deliberação da Administração, é ato do Po-
der Público, não do servidor. A este somente compete
Exoneração por excesso de gasto com pessoal solicitar a exoneração. Não pode abandonar o cargo,
A despesa total com pessoal, em cada período de apu- pois tal conduta é crime, previsto no art. 323 do Código
ração e em cada ente da Federação, não poderá exceder Penal — “Abandono de Função” (na realidade, a ex-
os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discri- pressão mais adequada seria “abandono de cargo”).
minados:
I – União: 50% (cinqüenta por cento); Dispõe ainda o art. 92, I, do Código Penal, que o juiz
II – Estados: 60% (sessenta por cento); pode, motivadamente, na sentença, declarar a perda de
III – Municípios: 60% (sessenta por cento). cargo, função pública ou mandato eletivo, nos crimes pra-
45
ticados com abuso de poder ou violação de dever para com a IV- vinculação entre os graus de responsabilidade e
Administração Pública, quando aplicada pena privativa de complexidade das atividades;
liberdade por tempo igual ou superior a um ano ou quando V- mesmo nível de escolaridade, especialidade ou ha-
for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior bilitação profissional;
a quatro anos nos demais casos. Trata-se de efeito extrapenal VI- compatibilidade entre as atribuições do cargo e
da condenação, que não é automático. Depende de ser as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
motivadamente declarado na sentença. Mesmo que ocorra a A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento
reabilitação penal, é vedada a reintegração do servidor na de lotação e da força de trabalho às necessidades dos ser-
situação anterior. viços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou
A violação de dever para com a administração diz res- criação de órgão ou entidade.
peito ao dever inerente ao cargo ou função. Do mesmo modo, A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará medi-
o abuso de poder é o do inerente ao cargo ou função. ante ato conjunto entre o órgão central do Sipec e os órgãos
Constitui abandono de cargo, punível com a pena de e entidades da Administração Pública Federal envolvidos.
demissão, a ausência intencional ao serviço, sem justa Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en-
causa, por mais de 30 (trinta) dias consecutivos. tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
A falta ao serviço, sem justa causa, por 60 (sessenta) órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído
dias, intercaladamente, no período de 12 (doze) meses, será colocado em disponibilidade até seu aproveitamento.
constitui inassiduidade habitual, também punível com a O servidor que não for redistribuído ou colocado em
pena de demissão. disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do
– Promoção órgão central do Sipec, e ter exercício provisório, em outro
– Ascensão (Revogada.) órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.
– Transferência (Revogada.)
– Readaptação – O que a lei prevê sobre a Substituição?
– Recondução
– Aposentadoria A Lei nº 8.112/90 prevê, em seu art. 38, a indicação
– Posse em outro cargo inacumulável (ou declara- de substitutos para os servidores investidos em cargo ou
ção de vacância) função de direção ou chefia, ou ocupantes de cargos de
– Falecimento natureza especial, terão substitutos indicados no regimento
interno ou, no caso de omissão, previamente designados
Formas de Deslocamento: pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.
Nos casos de afastamento ou impedimentos regula-
I - Remoção mentares do titular, os substitutos assumirão automática
“É o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofí- e acumulativamente suas funções, fazendo jus à distri-
cio, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança buição correspondente aos dias de efetiva substituição,
de sede” (art. 36). que exceder a 30 dias consecutivos.

Modalidades: Se for extinto um órgão ou entidade, os servido-


1ª) de ofício, no interesse da Administração; res estáveis que não puderem ser redistribuídos serão
2ª) a pedido, a critério da Administração; colocados em disponibilidade, até seu aproveitamento.
3ª) a pedido, para outra localidade, independentemen-
te do interesse da Administração: III - Substituição
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também Os servidores investidos em cargo ou função de dire-
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Espe-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- cial terão substitutos indicados no regimento interno ou,
pios, que foi deslocado no interesse da Administração; no caso de omissão, previamente designados pelo diri-
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa- gente máximo do órgão ou entidade.
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste O substituto assumirá automática e cumulativamente,
do seu assentamento funcional, condicionada à comprova- sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou
ção por junta médica oficial; função de direção ou chefia nos afastamentos ou impedi-
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hi- mentos legais ou regulamentares do titular, hipótese em
pótese em que o número de interessados for superior ao que deverá optar pela remuneração de um deles durante o
número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas respectivo período.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. O substituto fará jus a gratificação pelo exercício do
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-
II - Redistribuição reza Especial, nos casos de afastamentos ou impedimentos
É o deslocamento de cargo de provimento efetivo, legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, de
ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, afastamento ou impedimentos legais do titular.
para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com pré-
via apreciação do órgão central do Sipec, observados os NOTA:
seguintes preceitos: As figuras Readaptação, Promoção e Recondução
I - interesse da administração; acarretam simultaneamente provimento e vacância de
II - equivalência de vencimentos; cargos públicos.
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
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DOS DIREITOS E VANTAGENS (ARTS. 40 A 115) Poderão, entretanto, ser regulamentadas formas de
consignação em folha de pagamento em favor de tercei-
Vencimento básico* em sentido estrito é a retribui- ros, mediante autorização do servidor e a critério da Ad-
ção pecuniária pelo exercício de cargo público, com va- ministração, com reposição de custos.
lor fixado em lei. Serão descontados dos vencimentos dos servidores
Remuneração* tem um significado mais abrangente, os valores relativos aos dias em que faltar ao serviço sem
pois compreende “vencimentos, acrescidos das vantagens justificativa, bem assim à parcela da remuneração diária
pecuniárias de caráter individual, estabelecidas em lei”. proporcional aos atrasos, ausências e saídas antecipadas.
No caso de ser convertida em multa a pena de suspensão,
Subsídio está prevista a perda da metade da remuneração (arts. 44,
É a retribuição pecuniária paga aos agentes políticos, e 130, § 2º, da Lei nº 8.112/90).
como Presidente da República, Ministro e Secretário de
Estado, membros do MP, do TC e magistrados em geral. Das Vantagens
A lei proíbe a fixação de vencimentos em importân-
cia inferior ao salário mínimo. A relação entre a maior e a
Além dos vencimentos, os servidores podem receber
menor remuneração dos servidores públicos não poderá
exceder o fator correspondente a vinte e cinco vírgula outras parcelas pecuniárias, que são as vantagens, variá-
seiscentos e quarenta e um. (Lei nº 9.624, de 2/4/98) veis quanto à natureza e efeitos, concedidas a título defi-
Assim, genericamente considerados, os ocupantes de nitivo ou transitório.
cargos com atribuições iguais ou assemelhadas são trata- As vantagens previstas na Lei nº 8.112 são as indeni-
dos igualmente pela lei. Pode, entretanto, haver diferen- zações, as gratificações e os adicionais.
ças específicas de funções, de condições de trabalho, de ha- As indenizações visam a compensar o servidor pelo
bilitação profissional, de tempo de serviço, dentre outras, acréscimo de despesas decorrentes de situações especiais
que desigualem os servidores genericamente iguais, sem do serviço. Assumem, assim, caráter eventual e não se
ofensa ao princípio isonômico. Por isso, cada funcionário incorporam ao vencimento ou provento, para qualquer
ou classe de funcionário pode exercer as mesmas funções efeito. Compreendem as ajudas de custo, as diárias e a
em condições pessoais ou de serviços diferentes, fazendo, indenização de transporte.
assim, jus a remunerações distintas. A lei ressalva expressa- A ajuda de custo* se destina a compensar o servidor
mente do tratamento igualitário as vantagens de caráter in- das despesas de instalação, quando, no interesse do servi-
dividual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. ço, passa a ter exercício em nova sede, mudando seu do-
Em observância à norma constitucional, é assegurada micílio em caráter permanente.
a irredutibilidade dos vencimentos do cargo efetivo, acres- As despesas de transporte do servidor e sua família,
cido das vantagens de caráter permanente (art. 41, § 3º, da
bagagem e bens pessoais também correrão, nesses casos,
Lei nº 8.112).
por conta da Administração.
A Constituição (art. 37, XIII) veda a vinculação ou equi-
paração de vencimentos para efeito de remuneração de pes- A ajuda de custo não pode exceder o valor correspon-
soal do serviço público, ressalvado o teto estabelecido no dente a três meses de remuneração do servidor. Se este não
inciso XI do mesmo artigo e o que trata o § 1º do art. 39. se apresentar na nova sede, no prazo de trinta dias, sem
O inciso XII do art. 37 da Constituição dispõe que justa causa, devolverá a ajuda de custo recebida, no prazo
“os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do de cinco dias.
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos Se o servidor falecer na nova sede, asseguram-se a
pelo Poder Executivo”. sua família ajuda de custo e transporte, para a localidade
Os descontos em folha de pagamento** são usualmente de origem. O prazo para o deferimento dessa vantagem é
efetivados pela Administração, para retenção de contribui- de até um ano, contado do óbito.
ções previdenciárias, de imposto de renda e de valores pa- As diárias são vantagens deferidas ao servidor que,
gos indevidamente aos funcionários. Somente podem se em caráter eventual ou transitório, se afasta da sede a ser-
realizar por imposição legal ou por mandado judicial. viço, indo para localidade diversa. Destina-se a cobrir suas
As reposições e indenizações ao erário serão previa- despesas com pousada, alimentação e locomoção urba-
mente comunicadas ao servidor e descontadas em parcelas na. É concedida uma diária por dia de afastamento. Se o
mensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994. deslocamento não exigir pernoite fora da sede, será devi-
Foi estabelecido que os descontos seriam previamente da a diária pela metade.
comunicados ao servidor, em valores atualizados até 30/6/94,
Não faz jus a diárias o servidor que, permanentemente,
sendo que agora as indenizações e as reposições não pode-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se deslocar de sua sede, por exigência do cargo, pois só


rão ser inferiores a 10% da remuneração ou provento.
A reposição será feita em uma única parcela quando os afastamentos de caráter eventual ou transitório ensejam
constatado pagamento indevido no mês anterior ao do o benefício.
processamento da folha. Se o servidor recebe adiantadamente as diárias e não
Em razão da natureza alimentar dos vencimentos, não se afasta da sede, por qualquer motivo, deverá devolver
podem eles sofrer arresto, seqüestro ou penhora. Apenas os valores recebidos no prazo de cinco dias. Se o afasta-
as prestações alimentícias resultantes de decisão judicial mento durar tempo menor do que o previsto, restituirá,
serão descontadas em folha. no mesmo prazo, as diárias recebidas em excesso.

* Lei nº 8.852, de 4 de fevereiro de 1994. * O Decreto nº 1.445, de 5/4/95, alterado pelo Decreto nº 1.637, de 15/9/95, dis-
** Sobre os descontos de consignações, em folha de pagamento, dispõe os De- põem sobre a concessão de ajuda de custo e transporte e de mobiliário e bagagem,
cretos nos 1.903, de 10/5/96, e 1.927, de 13/6/96. aos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas.
47
A indenização de transporte se destina a compensar A Lei nº 8.112 fala em “contato permanente” com
as despesas realizadas pelo servidor que utilizar meio pró- substâncias nocivas. A jurisprudência trabalhista tendia à
prio de locomoção, para a execução de serviços externos, concessão do adicional, mesmo que o contato com agen-
próprios do cargo. Seu valor corresponderá a 11,5% do tes nocivos não abrangesse toda a jornada. Sob a regên-
maior vencimento básico do serviço público federal civil cia de norma mais expressa, a exegese deverá pender para
(Decreto nº 1.238, de 12/9/94, e IN nº 10, de 7/6/96). o sentido mais estrito.
Além das indenizações, a lei prevê como vantagens A Lei nº 8.270/92 regulou a matéria atinente ao adi-
as gratificações e os adicionais, que podem ou não se cional de insalubridade em radiologia e radioatividade
incorporar aos vencimentos, conforme dispuser a lei. para o servidor público.
Há dois tipos de gratificação: a deferida pelo exercí-
cio de função de direção, chefia ou assessoramento e a • Adicional de Periculosidade
natalina. Os inflamáveis, explosivos e a eletricidade são as
fontes reconhecidas como produtoras de periculosidade,
Adicionais em condições de risco acentuado. A Lei nº 8.112/90 si-
lencia a respeito da tipificação legal das condições que
Os adicionais são vantagens que, dependendo de sua na- ensejarão o deferimento dessa vantagem.
tureza, podem ou não ser incorporados à remuneração. Em Não há direito adquirido à percepção dos adicionais
princípio, são acumuláveis, desde que compatíveis entre si e em questão, se forem eliminadas as causas e condições
que não importem repetição de um mesmo benefício já con- perigosas ou insalubres.
cedido. Desde que o motivo gerador de uma vantagem ocor- Na esfera do Direito do Trabalho, o uso de aparelhos
ra, serão concedidos. protetores contra a insalubridade, aprovados pelo órgão
Os adicionais podem ser concedidos tendo em vista competente, exclui a percepção do adicional respectivo.
apenas o tempo de serviço, ou condicionam-se a determi- A Lei nº 8.112 não se estende sobre a matéria. O adi-
nados requisitos, relativos ao modo e à forma de presta- cional de periculosidade incide sobre o vencimento, em
ção do serviço. Por isso, são considerados vantagens um percentual de 10%.
modais ou condicionais, pois a sua concessão depende Os efeitos pecuniários decorrentes de trabalho em
não só do exercício do cargo, mas também da ocorrência condições de periculosidade ou insalubridade são devi-
de certas situações ou do preenchimento de certas condi- dos a partir da data do reconhecimento da atividade como
ções. Quando cessa a situação ou desaparece o fato que tal, pelo órgão competente.
lhes dá causa, termina o pagamento dessas vantagens. O exercício de atividades insalubres, perigosas e pe-
nosas sujeita os servidores a controle permanente. Os
• Adicional por Tempo de Serviço* operadores de raio X e substâncias radioativas serão sub-
O adicional por tempo de serviço é devido à razão de metidos a exames de seis em seis meses.
cinco por cento a cada cinco anos de serviço público efe- O conceito de atividade penosa, nos termos da lei,
tivo prestado à União, às autarquias e às fundações públi- refere-se a atividades exercidas em zonas de fronteiras
ou outras localidades cujas condições de vida justifiquem
cas federais, observado o limite máximo de 35% inciden-
a percepção do respectivo adicional. Os termos, condi-
te, exclusivamente, sobre o vencimento básico do cargo
ções e limites para sua concessão serão fixados em regu-
efetivo, ainda que investido o servidor em função ou car-
lamento próprio.
go de confiança.
O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em
• Adicional por serviço extraordinário
que completar o qüinqüênio.
A Lei nº 8.112/90 só disciplina seu percentual: 50%
(cinqüenta por cento) sobre a hora normal, sem acrésci-
• Adicional de Insalubridade, de Periculosidade e mo. É estabelecido o limite máximo de duas horas por
de Atividade Penosa** jornada de trabalho, para o atendimento a situações ex-
Não podem se acumular os adicionais de insalubri- cepcionais e temporárias. Obedecidos, ainda, os limites
dade e periculosidade. O servidor que fizer jus a ambos, de 44 horas mensais e noventa horas anuais (Decreto nº
deverá optar por um deles. 948, de 5 de outubro de 1993). Não está previsto o regi-
A Lei nº 8.112/90 prevê o estabelecimento por legis- me de compensação, adotado na legislação trabalhista.
lação específica, das situações que ensejam o deferimen-
to desses adicionais. • Adicional Noturno
Na legislação trabalhista, a tipificação da insalubri- Serviço noturno é o realizado entre as 22 horas de
dade depende, para cada caso, de que o Ministério do um dia e as 5 horas do dia seguinte. O acréscimo do paga-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Trabalho considere as condições de trabalho acima dos mento da hora noturna é de 25% (vinte e cinco por cento)
limites toleráveis para a saúde. O adicional é deferido em em relação à hora normal.
percentual variado (5, 10 e 20), conforme sejam os graus A duração da hora noturna é de 52 minutos e 30 se-
mínimo, médio e máximo de insalubridade, calculado gundos.
sobre o vencimento. Se for prestado serviço extraordinário, o adicional
noturno incide sobre o valor já previsto para a hora extra-
* A Medida Provisória nº 1.815, de 5/3/99, publicada no DOU de 8/3/99, re- ordinária.
vogou este dispositivo. No entanto, aqueles servidores que fizerem jus a essa
vantagem até 8/3/99 terão seu direito preservado.
** A Emenda Constitucional nº 19/98 suprime o adicional de remuneração para • Adicional de Férias
as atividades penosas, insalubres ou perigosas dos ocupantes de cargos públi-
cos. Este direito social do trabalhador comum era extensivo aos servidores É pago ao servidor por ocasião das férias, no valor de
pela redação originária da Constituição de 1988. Agora é vantagem pessoal. 1/3 da remuneração desse período. A vantagem pelo exer-
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cício de função de direção, chefia e assessoramento será 10. As férias poderão ser parceladas em até três eta-
considerada no cálculo desse adicional, que é concedido pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
automaticamente, independentemente de solicitação. resse da Administração Pública.
Em caso de parcelamento, o servidor receberá o adi-
Das Férias cional de 1/3, quando da utilização do primeiro período
(Lei nº 9.527, de 10/12/97).
Com a finalidade de uniformizar os procedimentos
relativos às férias dos servidores públicos federais dos • Interrupção de Férias
órgãos e entidades integrantes do Sistema de Pessoal Ci- 11. O gozo das férias não pode ser interrompido,
vil da Administração Pública Federal, recomendou-se que salvo quando o motivo da solicitação se enquadrar nas
fossem observadas as seguintes orientações: situações previstas no art. 80 da Lei nº 8.112/90.
11.1 Os dias correspondentes ao período de interrup-
• Concessão de Férias ção de férias serão gozados imediatamente após o térmi-
1. Para a concessão de férias compreende-se cada no do impedimento, não cabendo nenhum pagamento
exercício como o ano civil. adicional.
2. Somente para o primeiro período de férias serão 12. Durante o período em que o servidor estiver
exigidos 12 meses de efetivo exercício no cargo para o usufruindo férias, ocorrendo casos de afastamentos pre-
qual foi nomeado, quer seja este efetivo ou em comissão. vistos no art. 97 e art. 208, da Lei nº 8.112/90, estes não
3. O exercício correspondente ao primeiro período servirão de fundamento para a ininterrupção das mesmas.
de férias do servidor nomeado será aquele em que o perío-
13. Nesta hipótese, poderá apenas completar o perío-
do de efetivo exercício de doze meses for completado.
do do afastamento quando este coincidir com o término
Exemplo:
das férias, se for o caso.
3.1 o servidor foi nomeado para ocupar cargo efeti-
14. O servidor que estiver em pleno gozo de férias
vo ou em comissão e entrou em exercício em 2/2/94.
não terá as mesmas interrompidas para a concessão de
Em 1º/2/95, completou o interstício exigido para o primeiro
período de férias referentes ao exercício de 1995. licença, a qualquer título, podendo, quando for o caso,
3.2 Aos servidores amparados pela Lei nº 8.878, de os dias que ultrapassarem o período de férias serem con-
1º de maio de 1994, considera-se a data do retorno. siderados.
4. O gozo das férias deverá ter início dentro do exer-
cício, ressalvada a hipótese da acumulação por necessi- • Indenização de férias
dade do serviço. 15. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em
5. As férias de servidor que se afastar para participar comissão faz jus ao pagamento de indenização relativa ao
de eventos constantes da programação de treinamento período de férias completo e não usufruído corresponden-
regularmente instituído, poderão ser usufruídas quando te à remuneração do mês da exoneração, mais gratificação
do seu retorno, ou durante o curso, desde que haja previ- natalina proporcional. Se contar com período incompleto,
são na respectiva programação de treinamento. deverá ser calculado na proporção de 1/12 (um doze avos)
6. O período das férias do servidor deverá constar da por mês trabalhado ou fração superior a quatorze dias, so-
Programação Anual de Férias, previamente elaborada, bre a remuneração do mês da exoneração.
observado o interesse do serviço. Exemplo:
6.1 A critério da chefia imediata, as férias poderão – o servidor nomeado em 17/10/94 e exonerado
ser reprogramadas e comunicadas à área de Recursos do cargo em 2/3/95 tem direito a 4/12 (quatro doze
Humanos, em tempo hábil. avos) da remuneração das férias, tendo como base o
7. O servidor que opera eventualmente com Raios X mês em que foi publicada a exoneração.
ou substâncias radioativas não está amparado pelo art. 79 16. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em
da Lei nº 8.112/90, vez que a Lei somente alcança aquele comissão que tiver gozado férias relativas ao mesmo exer-
que opera direta e permanentemente os citados aparelhos cício em que ocorreu a exoneração, não receberá nenhu-
ou substâncias. ma indenização a título de férias e não sofrerá desconto
7.1 O servidor amparado pelo mencionado art. 79 terá do que foi recebido a esse título.
que gozar as férias de 20 dias consecutivos por semestre 17. O servidor que não tiver usufruído férias dentro
de atividade profissional, ou seja, de 6 em 6 meses. do exercício em que ocorreu a vacância do cargo anterior-
8. Por falta de amparo legal, as férias que não foram mente ocupado, receberá as parcelas correspondentes a
usufruídas durante o exercício, por motivo de afastamen- que se refere o item 16 e terá que cumprir os 12 meses
to do servidor para tratamento da própria saúde, não po- exigidos para o primeiro período de férias no novo cargo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

derão ser usufruídas no exercício seguinte.


• Férias de Servidor Mantido em Cargo em
• Acumulação e Parcelamento de Férias Comissão após Aposentadoria no Cargo Efetivo
9. Quando comprovada a necessidade do serviço, as 18. O servidor ocupante de cargo efetivo e em co-
férias do servidor poderão ser acumuladas com as do exer- missão que se aposentado mantiver, ininterruptamente, a
cício seguinte, não podendo ultrapassar dois períodos. titularidade do cargo em comissão gozará as férias devi-
Neste caso, mediante solicitação da chefia imediata do das referentes aos exercícios, calculadas com base ape-
servidor, na qual deverá constar o novo período de usu- nas na remuneração do cargo em comissão.
fruto, competirá à área de Recursos Humanos do órgão
publicar em Boletim Interno a ocorrência e promover a • Outros Esclarecimentos
alteração da programação anual de férias. 19. Quando ocorrer reajuste de vencimento no perío-
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do das férias do servidor, que tenha usufruído parte desta A doença deverá ser comprovada por junta médica
em um mês e o restante no mês seguinte, o mesmo rece- oficial e o servidor deverá provar, ainda, que sua assis-
berá o pagamento proporcional aos dias do mês em que tência direta ao doente é indispensável e que não pode
ocorreu o reajuste, em relação ao adicional de férias de ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo.
(1/3 constitucional), uma vez que o cálculo deve ser feito
com base na remuneração do período de férias. Durante o período dessa licença, é vedado ao
20. Em relação ao servidor cedido para órgão e enti- servidor o exercício de atividade remunerada.
dade que também processa sua folha de pagamento pelo
Siape, a programação das férias e a inclusão das mesmas Será concedida a licença, sem prejuízo da remunera-
no Módulo de Férias do Siape será de responsabilidade ção do cargo efetivo, até trinta dias, podendo ser prorro-
do órgão cessionário, devendo obedecer as rotinas do Sis- gada por até mais trinta dias, mediante parecer de junta
tema. médica oficial. Excedendo-se esses prazos, não caberá
remuneração, por até 90 (noventa) dias.
A duração das férias é de 30 (trinta) dias consecutivos,
por ano de exercício, podendo ser acumulados até o máxi- • Licença por Motivo de Afastamento de Cônjuge
mo de dois períodos, em caso de necessidade de serviço. ou Companheiro
Para o primeiro período aquisitivo, são exigidos doze É concedida ao servidor, para que acompanhe côn-
meses de exercício. É vedado o desconto em férias das juge ou companheiro, que foi deslocado para outro
faltas ao serviço. ponto de território nacional, para o exterior, ou para o
O pagamento da remuneração de férias deve ser feito exercício de mandato eletivo dos Poderes Legislativo
até dois dias antes do início do respectivo período. e Executivo.
As férias do operador de raios X e substâncias radio- O prazo é indeterminado e a licença será sem remu-
neração. Entretanto, a lei prevê a possibilidade de ser o
ativas serão de vinte dias consecutivos para cada seis
servidor lotado, provisoriamente, em repartição da Ad-
meses de atividade, proibido o acúmulo e a conversão
ministração direta, autárquica ou fundacional, desde que,
em abono pecuniário. para o exercício de atividade compatível com seu cargo.
A licença e a lotação provisória poderão ser deferidas
A interrupção das férias somente pode ocorrer quando o cônjuge ou companheiro, deslocado para outro
por motivo de calamidade pública, comoção interna, ponto do território nacional, para o exterior ou para o
convocação para o Júri, serviço militar, eleitoral, ou exercício de mandato eletivo, desempenha suas ativida-
por motivo de superior interesse público. des no setor público ou privado (Orientação Normativa
Obs.: Doença não interrompe férias, podendo nº 78 da SAF).
conceder-se licença para tratamento de saúde após
seu término (Orientação Normativa nº 81 da SAF). • Licença para Serviço Militar
É concedida por prazo indeterminado, perdurando
Licenças durante a prestação desse serviço. Concluído, terá o ser-
vidor o prazo de trinta dias, sem remuneração, para
As licenças previstas em lei são: reassumir o exercício do cargo.
I - por motivo de doença de pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- • Licença para Atividade Política
panheiro; O servidor faz jus a essa licença, sem remuneração,
III - para o serviço militar; desde sua escolha em convenção partidária, para a dispu-
IV - para atividade política; ta de cargo eletivo, até a véspera do registro de sua candi-
V - para capacitação; datura perante a Justiça Eleitoral.
VI - para trato de interesses particulares; Será concedida, com remuneração, desde a data do
VII - para desempenho de mandato classista. registro da candidatura até o 10º dia seguinte à eleição,
somente pelo período de 3 (três) meses.
O prazo máximo para o gozo de licença da mesma É obrigatório o licenciamento do servidor exercente
espécie é de 24 meses, exceto por motivo de afastamento de cargo de Direção, Chefia, Assessoramento, Arrecada-
do cônjuge ou companheiro, serviço militar, atividade ção e Fiscalização, desde que o dia seguinte ao do regis-
tro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o
política e desempenho de mandato classista e para trato
10º dia seguinte ao pleito, se for candidato a cargo eletivo
de interesses particulares.
na localidade em que exerce suas funções. Trata-se de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

medida que visa a preservar a moralidade administrativa.


Se for concedida uma licença dentro de sessenta
dias do término de outra da mesma espécie, será ela • Licença para Capacitação
considerada prorrogação. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servi-
dor poderá, no interesse da administração, afastar-se do
• Licença por Motivo de Doença em Pessoa da exercício do cargo efetivo, com a respectiva remunera-
Família ção, por até três meses, para participar de curso de
Para os efeitos da concessão dessa licença, é consi- capacitação profissional.
derada pessoa da família: Os períodos de licença não são acumuláveis.
– cônjuge ou companheiro;
– pais (padrasto ou madrasta); • Licença para Trato de Interesses Particulares
– filhos ou enteados. A critério da Administração, poderá ser concedida ao
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servidor ocupante de cargo efetivo licença para o trato de jus às respectivas remunerações. Trata-se, pois, de uma
assuntos particulares, pelo prazo de até três anos conse- hipótese de acumulação obrigatória.
cutivos, sem remuneração. b) se não houver compatibilidade de horário, o servi-
A licença poderá ser interrompida, a qualquer tem- dor será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
po, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. sua remuneração.

• Licença para Desempenho de Mandato Classista O tempo de afastamento do servidor para o de-
É assegurado ao servidor o direito a licença sem remu- sempenho de mandato eletivo federal, estadual, mu-
neração para o desempenho de mandato em confederação, nicipal ou do Distrito Federal é considerado como de
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindica- efetivo exercício, exceto para promoção por mereci-
to representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da mento.
profissão, observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 associados, um ser- No caso de afastamento do cargo, o servidor contri-
vidor; buirá para a seguridade social como se estivesse em exer-
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, cício.
dois servidores; Enquanto investido em mandato eletivo ou classista,
III - para entidades com mais de 30.000 associados, o servidor não poderá ser removido ou redistribuído de
três servidores. ofício para localidade diversa daquela onde exerce o man-
Somente poderão ser licenciados servidores eleitos dato.
para cargos de direção ou representação nas referidas
entidades, desde que cadastradas no Ministério da Admi- • Do Afastamento para Estudo ou Missão no Ex-
nistração Federal e Reforma do Estado. terior
A licença terá duração igual à do mandato, podendo Para que o servidor possa se ausentar do País, para
ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez. estudo ou missão oficial, necessitará, no âmbito dos res-
pectivos Poderes, de autorização do Presidente da Repúbli-
Dos Afastamentos ca, do Presidente dos órgãos do Poder Legislativo e do
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
A Lei nº 8.112/90 prevê, também, algumas modali- O prazo máximo de afastamento é de 4 (quatro) anos.
dades de afastamento do servidor do órgão em que está Finda a missão ou estudo, somente poderá ser permitido
lotado, para finalidades diversas, como a de serviço em novo afastamento após o decurso de igual período.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta- Ao servidor que tiver se afastado para estudo ou mis-
dos ou do Distrito Federal e dos Municípios, para o exer- são no exterior não será concedida exoneração ou licença
cício de cargo em comissão ou função de confiança, e em para tratar de interesse particular, antes de decorrido pe-
casos que forem previstos em lei específica. ríodo igual ao do afastamento, salvo se ressarcir a despe-
O servidor em estágio probatório somente poderá sa havida com seu afastamento. Essa disposição (art. 95,
afastar-se do exercício do cargo efetivo para ocupar car- § 3º) não se aplica aos servidores da carreira diplomática.
go em comissão de natureza especial ou de direção e Sobre os afastamentos do País de servidores civis da
chefia de níveis DAS-6, DAS-5, DAS-4 ou equiva- Administração Pública Federal, dispõe o Decreto nº 1.387,
lentes (MP nº 1.480-21, de 29 de agosto de 1996). de 7 de fevereiro de 1995.

No caso de cessão do servidor para exercício de Das Concessões Especiais


cargo em comissão de órgãos ou entidades dos Esta-
dos, Distrito Federal, ou dos Municípios, o ônus da São consideradas faltas justificadas ao serviço, por
remuneração será do órgão ou entidade cessionária, concessão legal:
mantido o ônus para o cedente nos demais casos. I - por um dia, para doação de sangue;
II - por dois dias, para se alistar como eleitor;
O Decreto nº 925, de 10 de setembro de 1993, dispõe III - por oito dias consecutivos, em razão de:
sobre a cessão de servidores de órgãos e entidades da a) casamento;
Administração Pública Federal. b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-
A lei prevê, ainda, outras modalidades de afastamento. drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou
tutela e irmãos.
• Do Afastamento para Exercício de Mandato É de se observar que a lista constante da alínea b não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Eletivo coincide com a relação de parentes cujo tratamento de


Quando for investido em mandato eletivo federal, saúde pode ensejar a licença do servidor (art. 83).
estadual ou distrital, o servidor ficará afastado do cargo. Ao servidor estudante será concedido horário especial,
Também ficará afastado do cargo, se investido no sem prejuízo do exercício do cargo, quando seu horário
mandato de Prefeito, mas, nesse caso, terá a faculdade de escolar e o de trabalho na repartição não forem compatí-
optar pela sua remuneração. veis. Para que não haja prejuízo no exercício do cargo, será
No caso de investidura do servidor no cargo de vere- exigida a compensação de horário na repartição, respeitada,
ador, a lei prevê duas hipóteses: evidentemente, a duração semanal do trabalho.
a) se houver compatibilidade de horário, perceberá Se o servidor estudante for transferido, terá assegura-
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração da, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
do cargo eletivo. Assim, exercerá as duas funções e fará matrícula para si, seu cônjuge ou companheiro, seus filhos
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e enteados que vivam na sua companhia, bem como para os e) para capacitação;
menores que estejam sob sua guarda com autorização judi- f) por convocação para o serviço militar;
cial, em estabelecimento de ensino congênere, em qualquer IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
época e independentemente de vaga. X - participação em competição desportiva nacional
As ausências de serviço, afastamento do cargo e os pe- ou convocação para integrar representação desportiva
ríodos de licença do servidor, bem assim o tempo prestado a nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
outros órgãos ou entes públicos são considerados para a con- lei específica;
tagem do tempo de serviço, com efeitos variados.
São considerados como de efetivo exercício, exceto XI - o tempo de serviço prestado em virtude de
para promoção por merecimento, o afastamento para de- contratação por prazo determinado para atender à
sempenho de mandato eletivo federal estadual municipal necessidade de excepcional interesse público será
ou do Distrito Federal, e a licença para desempenho de contado para todos os efeitos (assim determina o
mandato classista. art. 16 da Lei nº 8.745/93).

Do Tempo de serviço
Direito de Petição
São considerados como tempo de serviço apenas para
efeito de aposentadoria e disponibilidade: O direito de petição da lei vem regulamentar precei-
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, to constitucional que, em estrita obediência ao poder hie-
Municípios e Distrito Federal; rárquico, deve ser encaminhado à autoridade competente
II - a licença para tratamento de saúde de pessoa da por intermédio da autoridade a que o servidor estiver ime-
família do servidor, com remuneração; diatamente subordinado.
III - a licença para atividade política, a partir da data O requerimento, instrumento adequado à forma-
do registro da candidatura até o 10º dia seguinte ao da lização da petição, deve se apresentar com os seguintes
eleição; elementos:
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man- • configuração do direito de petição;
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, an- • a quem será dirigido o pedido;
terior ao ingresso no serviço público federal; • exposição do conteúdo pedido (ou situação de fato);
V - o tempo de serviço em atividade privada, vin- • fundamentação do pedido;
culada à Previdência Social; • anexos (declarações, certidões, etc.).
VI - o tempo de serviço relativo a Tiro-de-Guerra.
Verifica-se que não será considerado, na contagem do
tempo de serviço, o tempo de licença do servidor para tra- O servidor deve atentar para os prazos de pres-
tamento de saúde de pessoa de sua família que exceder os crição do direito de requerer em defesa de interesses
prazos para os quais a lei prevê o pagamento da remunera- legítimos: cinco anos ou cento e vinte dias, depen-
ção. A lei (art. 103, II) somente prevê a contagem para dendo do fato.
efeito de aposentadoria e disponibilidade do período de
licença, a esse título, com remuneração.
Além das ausências ao serviço previstas nas conces- DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 A 142)
sões especiais são considerados como de efetivo exercí-
cio os afastamentos em virtude de: Regime Disciplinar
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, • Deveres do Servidor
em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta- Para tentar explicar a peculiar posição do servidor
dos, Municípios e Distrito Federal; perante o Estado e a natureza da relação existente, é ne-
III - exercício de cargo ou função de governo ou Ad- cessário extrapolar a noção de relação empregatícia, e,
ministração, em qualquer parte do território nacional, por sendo o ordenamento jurídico insuficiente para clarear a
nomeação do Presidente da República; essência dessa peculiaridade, faz-se mister recorrer ao
IV - participação em programa de treinamento regu- ordenamento ético.
larmente instituído; Portanto, é mais adequado dizer deveres do servidor pú-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, blico em lugar de obrigações, pois assim evidencia o caráter
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção preponderantemente ético fundamentado em tal relação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por merecimento; Os estatutos dos servidores públicos civis, nas diver-


VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; sas esferas de governo, impõem uma série de deveres a
VII - missão ou estudo no exterior, quando autoriza- seus agentes. Ao tratarem do tema, os autores não siste-
do o afastamento; matizam, apenas enumeram os diferentes deveres: leal-
VIII - licença: dade, obediência, dever de conduta ética, sigilo funcio-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; nal, assiduidade, pontualidade, urbanidade e zelo.
b) para tratamento da própria saúde, até dois anos; a) Lealdade (ou fidelidade)
c) para o desempenho de mandato classista, exceto O agente público não é um autômato anônimo. É
para efeito de promoção por merecimento; um ser humano, dotado de liberdade, discernimento e
d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro- princípios morais, empregando sua energia e atenção
fissional; no desempenho do cargo, com respeito integral às leis
52
e instituições, sempre a serviço da causa pública, fina- g) Urbanidade
lidade precípua de todo o aparelhamento administrati- O servidor que lida com o público, deve fazê-lo com
vo, identificando-se com os interesses do Estado. solicitude, cortesia, tolerância, atenção e disponibilida-
Acrescente-se a isso o comprometimento com o tra- de; respeitando a capacidade e limitações individuais dos
balho. O grau de comprometimento profissional do ser- usuários, sem qualquer espécie de distinção e conscien-
vidor com o trabalho, com a consecução das metas tes de sua posição de “servidor do público”.
estabelecidas, com o conceito da instituição e da Admi- Igual postura deve o servidor demonstrar perante os
nistração Pública como um todo. Enfim, comprometi- colegas de trabalho, mantendo sempre o esprit de corps.
mento com a missão do órgão ou entidade. Urbanidade, relacionamento e comunicação definem
a cordialidade, a habilidade e a presteza do servidor no
b) Obediência atendimento às pessoas que demandam seus serviços.
Pelo poder hierárquico, próprio da Administração,
estabelecem-se relações de subordinação entre os servi- h) Zelo
dores. O dever de obediência consiste na obrigação em O dever de zelo, também conhecido como dever de
que se acha o servidor subalterno de acatar as ordens diligência ou dever de aplicação, pode ser definido como
emanadas do legítimo superior hierárquico, salvo as a meticulosidade no exercício da função; a atenção e
manifestamente ilegais. iniciativa para encontrar a solução mais adequada para
Por ordem legal entende-se a emanada da autorida- questões problemáticas emergentes no cotidiano do ser-
de competente, em forma adequada e com objetivos lí- viço, zelando pelos interesses do Estado como o faria
citos. pelos seus interesses particulares.
Acompanha a disciplina: observância sistemática aos O dever de zelo com a res publica caminha junto
regulamentos às normas emanadas das autoridades com- com o dever de responsabilidade: grau de compromisso
petentes. com o trabalho e com os riscos decorrentes de seus atos.
Dever, no sentido genérico, significa “obrigação de
c) Conduta ética fazer ou deixar de fazer alguma coisa”. É exatamente
O equilíbrio e sincronicidade entre a legalidade e a esse o sentido refletido na expressão “deveres do servi-
finalidade, na conduta do servidor, é que consagram a dor” a que se refere o art. 116 do RJ.
moralidade do ato administrativo. O dever de conduta
ética decorre do princípio constitucional da moralidade Art. 116. São DEVERES do servidor:
administrativa e impõe ao servidor a obrigação de ob- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
servar, sempre, o elemento ético, seja no exercício do cargo;
Desempenhar suas atribuições com rapidez, perfei-
cargo (ou função) ou fora dele, em sua vida particular
ção e rendimento, isto é, com eficiência, promovendo,
conduzir-se de maneira impecável, evitando qualquer
com toda sua energia, o andamento do serviço na sua
atitude que possa influir no prestígio da função pública.
totalidade, dando sempre o melhor de si, atendendo o
princípio emergente da qualidade.
d) Sigilo funcional
Pelo dever de sigilo funcional impõem-se ao servi-
II - ser leal às instituições a que servir;
dor reserva sobre assunto e informações de que tomou
Ter firmeza e constância consciente ao compromis-
conhecimento em razão do cargo e que por sua natureza so assumido e ao vínculo que liga o servidor ao Estado,
não podem ultrapassar os limites da esfera a que se des- com respeito às leis e instituições e zelo pelos interesses
tinam. do Estado, identificando-se com eles. O servidor que
O dever de guardar sigilo deve ser observado não atuar contra os fins e objetivos legítimos da Adminis-
apenas durante o tempo em que o servidor exercer efeti- tração incorre em infidelidade funcional. Não é lealda-
vamente o cargo, mas também quando ele não mais per- de pessoal ao chefe e sim a instituição a que serve. Con-
tencer ao quadro do funcionalismo. siste em “vestir a camisa da empresa”.
e) Assiduidade III - observar as normas legais e regulamentares;
O servidor deve ser assíduo, isto é, comparecer ha- É dever do servidor conhecer as normas legais, as
bitualmente ao local de trabalho e desempenhar as fun- constitucionais e as regulamentares, para poder nortear
ções e atribuições próprias do cargo que é titular, em sua conduta dentro da legalidade, princípio constitucio-
sua esfera de competência. nal, pelo qual o agente público só pode agir nos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Assiduidade, responsabilidade, produtividade, ca- parâmetros limítrofes que a lei estabelece. É seu dever
pacidade de iniciativa, disciplina, quantidade de traba- conhecer, observar, divulgar as normas e manter-se atu-
lho, comprometimento, tempestividade, relacionamen- alizado em relação a elas.
to e criatividade são alguns dos fatores avaliados, hoje,
em desempenho. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quan-
do manifestamente ilegais;
f) Pontualidade O dever de obediência advém do poder hierárquico,
O servidor deve ser pontual, isto é, observar rigoro- típico da Administração. Obediência que não deve ser
samente o horário de início e término do expediente da absoluta, acatando somente as ordens legais, emanadas
repartição e do interstício para refeição e descanso, quan- pela autoridade competente, nos ditames da Lei. Este
do houver. inciso está estreitamente ligado ao anterior, visto que é o
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servidor subalterno que deve ter a clareza e o VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
discernimento (se a ordem recebida é legal ou não), É o dever de sigilo funcional. O servidor deve man-
advindo este do conhecimento, pois quem conhece, re- ter irrestrita reserva e discrição sobre informação de que
conhece. tomou conhecimento em razão do cargo, cuja publici-
dade possa trazer danos quaisquer à Administração. Este
V - atender com presteza: preceito deve ser rigorosamente observado. A simples
a) ao público em geral, prestando as informações revelação oral, em caráter confidencial, a terceiro que
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; (esta de outro modo jamais ficaria conhecendo, ainda que não
alínea é literal). produza prejuízo algum, já configura a quebra e desres-
É direito constitucional o acesso a informações (art. peito ao sigilo funcional.
5º, XIV) e dever do servidor atendê-las com presteza,
ressalvadas as protegidas por sigilo, por exemplo: in- IX - manter conduta compatível com a moralidade
vestigação policial, proposta de licitação (até sua aber- administrativa;
tura), assuntos que envolvam segurança nacional, etc. O elemento ético deve estar sempre presente e
b) à expedição de certidões requeridas para de- nortear a conduta do servidor, no exercício da função e
fesa de direito ou esclarecimento de situações de in- fora dela, devendo ser impecável em suas palavras, ati-
teresse pessoal; tudes, costumes e apresentação pessoal, zelando pela
Direito assegurado pela Constituição (art. 5º, própria imagem e igualmente pelo prestígio da função
XXXIV, b) a obtenção de tais certidões (certidões nega- pública.
tivas, que equivalem a um atestado de “nada consta” ou
estar o usuário quite em relação ao órgão em questão). X - ser assíduo e pontual ao serviço;
O servidor deve comparecer habitualmente ao local
Lei nº 9.051, de 18/5/95 de trabalho, observando fielmente o horário de início e
Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e término do expediente. Esse preceito é um dos fatores
esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos que serão objeto de avaliação para o desempenho do
da administração centralizada ou autárquica, às cargo durante o estágio probatório: sem ausências
empresas públicas, às sociedades de economia mis- injustificadas e comparecimento rigoroso nos horários
de entrada e saída estabelecidos.
ta e às fundações públicas da União, Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
expedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) O servidor deve tratar as pessoas, o público e os cole-
dias, contados do registro do pedido no órgão gas de trabalho com educação e respeito, zelando pela har-
expedidor. monia do ambiente e bem-estar geral.
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
Atender prontamente, com preferência sobre qual- abuso de poder;
quer outro serviço, as requisições de papéis, documen- Esse dever decorre do princípio constitucional da le-
tos, informações ou providências que lhe forem feitas galidade, que impõe ao agente público agir nos limites e
pelas autoridades judiciárias ou administrativas, para ditames da Lei, cabendo a quem souber de ilegalidade,
defesa do Estado, em juízo. omissão ou abuso de poder, representar à autoridade com-
petente.
VI - levar ao conhecimento da autoridade supe- O abuso de poder (gênero) configura-se em duas es-
rior as irregularidades de que tiver ciência em razão pécies: excesso de poder e desvio de finalidade.
do cargo; No excesso de poder, o agente, embora competente,
É dever do servidor levar ao conhecimento da auto- extrapola os limites das atribuições que a lei lhe confere,
ridade superior as irregularidades de que tiver ciência, exorbitando sua competência legal.
porque se não o fizer, torna-se conivente com elas, con- Já no desvio de finalidade o agente público, embora atu-
figurando condescendência criminosa e assumindo a ando nos limites de sua competência, procura fim diverso
posição de responsável solidário, respondendo, na esfe- ao que seria legítimo, determinado por lei ou pelo interesse
ra cível, administrativa e penal, ao que couber. público, o bem comum, atentando contra o princípio da
impessoalidade. Ambas situações invalidam o ato: o ato é
arbitrário, ilícito e nulo.
VII - zelar pela economia do material e a conser-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vação do patrimônio público;


Parágrafo único. A representação de que trata o
Todo o patrimônio público é adquirido com verba
inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apre-
pública, isto é, com dinheiro do povo, e o servidor, na
ciada pela autoridade superior àquela contra a qual é
qualidade de contribuinte, zelando pela economia do
formulada, assegurando-se ao representando ampla de-
material contribui pela economia de verbas públicas e,
fesa.
indiretamente, pelo que é seu.
A presunção de legitimidade é atributo inerente a todo
Cabe lembrar a importância do cuidado com o local ato administrativo, e decorre do princípio constitucional da
de trabalho como um todo; a atenção na lida com máqui- legalidade, pelo qual o administrador público só pode agir
nas e computadores; no final do expediente verificar se estritamente de acordo com o que a lei autoriza, distinto do
está tudo desligado e organizado, enfim, zelar pela boa administrador privado que pode fazer tudo que não seja
manutenção geral da repartição. contrário à Lei.
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Por esse atributo presume-se o ato administrativo o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
verdadeiro e conforme o Direito, autorizada sua imediata cionem com a melhoria do exercício de suas funções, ten-
execução até ser sua legitimidade questionada e declara- do por escopo a realização do bem comum;
da sua invalidação (anulação ou revogação). p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-
Como conseqüência do atributo de presunção de legiti- das ao exercício da função;
midade está a inversão e transferência do ônus da prova da q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
invalidação do ato para quem a invocou, isto é, o ônus da mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde
prova cabe ao alegante e a ele é assegurada ampla defesa. exerce suas funções;
A representação deve ser encaminhada pela via hierár- r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
quica, isto é, por intermédio do chefe imediato (ainda que a instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função,
representação seja contra ele) e este a encaminhará, para apre- tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez,
ciação, à autoridade superior àquela contra a qual é formula- mantendo tudo sempre em boa ordem;
da. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
quem de direito;
O Código de Ética Profissional do Servidor Público t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
Civil lista os principais deveres do servidor, são eles: funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários
função ou emprego público de que seja titular; do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte-
resolver situações procrastinatórias, principalmente diante resse público, mesmo que observando as formalidades
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na presta- legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;
ção dos serviços pelo setor em que exerça suas atribui- v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
ções, com o fim de evitar dano moral ao usuário; classe sobre a existência deste código de ética, estimu-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a lando o seu integral cumprimento.
integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajo- XIII - declarar no ato da posse os bens e valores que
sa para o bem comum; compõem o seu patrimônio privado (Lei nº 8.429/92).
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- O servidor deve declarar no ato da posse, os bens
móveis, imóveis e valores monetários que compõem o
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços de
seu patrimônio pessoal, comprometendo-se a manter atu-
coletividade a seu cargo;
alizado, anualmente, os valores respectivos (art. 13
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,
da Lei nº 8.429/92 e Lei nº 8.730/93).
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com
o público;
• Das Proibições
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
Art. 117. Ao servidor é PROIBIDO:
princípios éticos que se materializam na adequada pres- I - ausentar-se do serviço durante o expediente,
tação dos serviços públicos; sem prévia autorização do chefe imediato;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- O servidor faz jus à remuneração referente ao efe-
ção, respeitando a capacidade e as limitações individuais tivo exercício do serviço e para não desmerecê-la é ne-
de todos os usuários do serviço público, sem qualquer cessário que nele permaneça. Se, por motivo imperioso,
espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacio- precisar ausentar-se, deve fazê-lo com prévia autoriza-
nalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição ção do chefe imediato.
social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano
moral; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te- petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
mor de representar contra qualquer comprometimento O normal é que documento e objetos de trabalho per-
indevido da estrutura em que se funda o poder estatal; maneçam na repartição, por questões de segurança e ain-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- da por praticidade, uma vez que é o local da lide diária.
cos, de contratantes, interessados e outros que visem a Mas se houver a necessidade de retirá-los para diligência
obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas externa é possível mediante o preenchimento de um ter-
em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e de- mo de autorização, em várias vias, ficando cada qual com
nunciá-las;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a respectiva autoridade competente.


j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; III - recusar fé a documentos públicos;
l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que O servidor é dotado de fé pública. Ele não pode exigir
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletin- que o usuário traga documento autenticado em cartório.
do negativamente em todo o sistema; Mediante a apresentação do documento original, o servi-
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo dor tem o dever de dar fé, isto é, reconhecer autenticidade,
e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exi- apondo na cópia registro de “confere com o original”.
gindo as providências cabíveis;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- IV - opor resistência injustificada ao andamento
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga- de documento e processo ou execução de serviço;
nização e distribuição; A impessoalidade, princípio constitucional, deve
55
estar sempre presente. O servidor, por razões pessoais ou mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe
motivos obscuros, não deve manifestar sua vontade nem ao administrador público que só pratique o ato para seu
usar de artifícios para procrastinar, prejudicar delibera- fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de
damente ou dificultar o andamento de documento ou pro- Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do
cesso, ou ainda o exercício regular de direito por qualquer ato, de forma impessoal”, nos evidencia, com singeleza
pessoa, causando-lhe dano material ou moral. (H.L. Meirelles).
A satisfação do interesse público é, com primazia, o
V - promover manifestação de apreço ou desapreço querer da Administração. Mas, para a validade do ato,
no recinto da repartição; não basta que se almeje ao interesse coletivo. A finalida-
Pelo princípio constitucional da isonomia segundo o de precípua se manifesta no resultado definido pelo efei-
qual “todos são iguais perante a lei” (art. 5º) merecendo to jurídico produzido pelo ato.
idêntico tratamento, sem distinção seja ela positiva ou Assim, o servidor que valer-se do cargo para lograr pro-
negativa, que, de uma forma ou de outra é discriminatória. veito próprio ou de terceiro incorre em improbidade admi-
Assim, não é compatível a manifestação ou conside- nistrativa que atenta contra princípio da Administração Pú-
rações de apreço ou desapreço em relação a superior ou blica, do tipo abuso de poder por desvio de finalidade.
colega no recinto da repartição. Em outras palavras, é “Praticar ato visando fim proibido em Lei ou regula-
condenável tanto a bajulação quanto a detração. Insisti- mento ou diverso daquele previsto na regra de competên-
mos, no âmbito da repartição pública. Tal receita não cia constitui improbidade administrativa punível com a
impede, por exemplo, que seja comemorado o aniversá- pena máxima de ‘demissão a bem do serviço público e
rio do chefe num local neutro: churrascaria, pizzaria, chá-
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos’
cara, etc., visando à manutenção do espírito de equipe.
(arts. 11 e 12, III, da Lei nº 8.429/92)”.
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição X - participar de gerência ou administração de
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; empresa privada, sociedade civil, salvo a participação
Essa falta é mais grave do que aparenta ser. nos conselhos de administração e fiscal de empresas
O exercício da função é intuito personae ou perso- ou entidades em que a União detenha, direta ou indi-
nalíssimo, isto é, somente a pessoa do titular do cargo (ou retamente, participação do capital social, sendo-lhe
seu substituto legal) é que pode, efetivamente, realizar o vedado exercer o comércio, exceto na qualidade de
exercício das atribuições funcionais. Sua não observân- acionista, cotista ou comanditário;*
cia atenta frontalmente o princípio da legalidade. O servidor, em horário compatível, pode trabalhar
Além disso, põe em risco a questão da segurança e em empresa privada. O que o estatuto veda é a sua parti-
do sigilo funcional. cipação na gerência dos negócios, seja como administra-
Os casos previstos em lei dizem respeito aos atos de dor, diretor, sócio-gerente ou simplesmente constando do
delegação avocação ou a troca de plantão devidamente nome comercial da sociedade ou firma. O legislador en-
autorizadas pela autoridade competente. tendeu que a prática de atos de comércio e a prática de
atos de administração são incompatíveis.
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de A proibição tem caráter pessoal. Nada obsta, portan-
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a to do exercício do comércio pela mulher do proibido. Pro-
partido político; vado que este serve do cônjuge para obter vantagens em
A Constituição Federal, no art. 5º, XX, prevê a liber- função de seu cargo sofrerá sanções administrativas, ci-
dade associativa genericamente: “ninguém será compeli- vis ou criminais, conforme teor da infração.
do a associar-se ou a permanecer associado”; ratificando Veja que a vedação estatutária excetua a possibilida-
tal direito de forma mais específica no caput do art. 8º: de de o servidor possuir um comércio na qualidade de
“É livre a associação profissional ou sindical...”; e, para acionista (majoritário ou não, cotista, com 99% das co-
não deixar dúvidas, reafirma-o mais uma vez, no mesmo tas) ou ainda comanditário sendo este o capitalista que
artigo, inciso V: “ninguém será obrigado a filiar-se ou responde apenas pela integralização das cotas subscritas,
manter-se filiado a sindicato”. presta só capital e não trabalho, e não tem qualquer inge-
A filiação partidária e sindical é um direito do servi-
rência na administração da sociedade e não se faz do cons-
dor e não uma imposição legal.
tar da razão social.
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou pa- XI - atuar, como procurador ou intermediário, jun-
to a repartições públicas, salvo quando se tratar de be-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rente até o segundo grau civil;


O servidor pode ter, sob sua chefia imediata, cônjuge nefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até
ou companheiro ou parente até o segundo grau civil (pais, o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
avós, filhos, netos e irmãos) apenas em cargo efetivo, cuja Ao servidor é proibido patrocinar (defender/pleitear) di-
investidura se dá mediante aprovação em concurso pú- reta ou indiretamente, direito alheio perante a administração
blico, sendo-lhes vedado ocupar cargo ou função de con- pública valendo-se da qualidade de funcionário. Excepcionou-
fiança, de livre nomeação e exoneração. se os casos em que promova o acompanhamento de procedi-
mentos que tratam de benefícios assistenciais ou previden-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pes- ciários de parente até o segundo grau (pais, avós, filhos, netos
soal ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun- e irmãos), cônjuge ou companheiro.
ção pública;
“O princípio constitucional da impessoalidade, nada * Redação dada pela Medida Provisória nº 1.794-10, de 25/2/99.
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Por este dispositivo o servidor não pode, por exem- II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
plo reclamar, junto a administração pública, um benefício jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
previdenciário de tio ou um trabalhista de irmão. Porém, integrantes do acervo patrimonial das entidades mencio-
pode pleitear uma pensão alimentícia para a mãe ou nadas no art. 1º desta Lei, sem a observância das forma-
intermediar a petição de aposentadoria para o pai. lidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

XII - receber propina, comissão, presente ou vanta- XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emer-
A Lei nº 8.429 de 2/6/92 prevê situações e estabelece gência e transitórias;
instrumentos de responsabilização dos que tentarem le- Cargo público é um lugar na estrutura organizacional,
sar o erário: criado por lei, com atribuições a ele inerentes e com venci-
mentos próprios.
Assim, um servidor não pode determinar ou alterar as
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa atribuições a serem desempenhadas por outro a ele su-
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo bordinado porque elas já são previstas, excetuando-se
de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício situações de emergência e transitoriedade, onde todos
de cargo, mandato, função ou atividade nas entidades devem colaborar, no que for possível, para que as condi-
mencionadas no art. 1º desta Lei, notadamente: ções normais se reestabeleçam.
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem Perceba que não basta ser situação de urgência há
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, que ser de emergência, e, não só de emergência, requer
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gra- transitoriedade.
tificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou
indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam in-
omissão decorrente das atribuições do agente público; compatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho.
A Constituição Federal, art. 37, § 4º, já previa: “Os O elemento ético deve nortear a conduta do servidor,
atos de improbidade administrativa importarão a suspen- dentro e fora do exercício da função, devendo ele evitar
são dos direitos políticos (de 3 a 10 anos), a perda da quaisquer atitudes que atentem contra o princípio da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci- moralidade administrativa.
mento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível”. Além das atividades incompatíveis retratadas no
inciso X: participar de gerência ou administração de
empresa privada de sociedade civil, ou exercer comér-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de es- cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
tado estrangeiro; comanditário.
Esta falta é de substancial seriedade, podendo, em A Constituição Federal/88, art. 37, XVI prevê a veda-
razão do cargo que o servidor ocupe, por em risco a sobe- ção da acumulação de cargos públicos:
rania do Estado, e se cometida em tempo de guerra oficial-
mente declarada, pode ser punido com pena de morte XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
(Constituição Federal, art. 5º, XLVII, a). públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá-
rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; a) a de dois cargos de professor;
Usura é sinônimo de agiotagem, ou seja, especula- b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou
ção sobre fundos, câmbios ou mercadorias, com objetivo científico;
de obter lucro exagerado mediante juros exorbitantes. c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; (NR)*
XV - proceder de forma desidiosa;
Ser negligente, indolente e preguiçoso. Agir com Obs.: Por cargo técnico ou científico, entende-se aque-
descaso e apatia, não empregando a devida atenção, cui- le que tenha como pré-requisito para investidura a forma-
dado e eficiência na ação praticada. ção em 3º grau, isto é, nível superior.
A Constituição Federal/88 traz outras duas exceções
à vedação da acumulação de cargos públicos:
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da Art. 38, III - investido no mandato de Vereador, ha-
repartição em serviços ou atividades particulares; vendo compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
Conforme esclarecimentos anteriores, o ato não pode gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
desviar-se de sua finalidade, que certamente tem como
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

remuneração do cargo eletivo...


objetivo algum benefício público, sendo incompatível com Art. 95, parágrafo único – Aos juízes é vedado:
a utilização de pessoal ou recursos materiais da reparti- I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
ção em serviços ou atividades particulares. ou função, salvo uma de magistério.
A Lei nº 8.429, de 2/6/92, nos reporta: A Constituição Federal/88 explicita a acumulação re-
munerada de cargos públicos, deixando em aberta sobre a
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrati- acumulação não-remunerada.
va, que causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
são, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, Outras vedações são impostas ao servidor pelo Código
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de Ética, são elas:
dos bens ou haveres dos órgãos e entidades públicos.
I - .............................................................................. * Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 14/12/2001.
57
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu-
tempo, posição e influências, para obter qualquer lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido
favorecimento, para si ou para outrem; em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros ambos os cargos efetivos.
servidores ou de cidadãos que deles dependam; Verificada em processo disciplinar acumulação proibi-
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, da e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos.
conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou Provada má-fé, perderá também o cargo que exer-
ao Código de Ética de sua profissão; cia há mais tempo e restituirá o que tiver percebido
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o indevidamente.*
Na hipótese de provada a má-fé, sendo um dos car-
exercício regular de direito por qualquer pessoa, causan-
gos, emprego ou função exercido em outro órgão ou
do-lhe dano moral ou material;
entidade, a demissão lhe será comunicada.*
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos
ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento • Das Responsabilidades
do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri- a) Do servidor
chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no O servidor responde civil, penal e administrativa-
trato com o público, com os jurisdicionados administrativos mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; O servidor responde civil por ato omissivo ou
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- comissivo, doloso ou culposo, praticado no desempe-
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis- nho do cargo ou função.
são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, Ato omissivo: nasce de um não-agir por parte do
familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua agente quando este tinha o dever de agir.
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo Ato comissivo: é aquele resultante de um agir, de
fim; uma ação positiva por parte do agente.
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva Ato doloso: é o ato praticado com plena consciên-
encaminhar para providências; cia do dano a ser causado e a nítida intenção de alcançar
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite tal objetivo ou assumir o risco de produzi-lo.
Ato culposo: é o ato do agente caracterizado pela
do atendimento em serviços públicos;
imprevisibilidade, pela manifestação da falta do dever
j) desviar servidor público para atendimento a inte-
de cuidado em face das circunstâncias. São modalida-
resse particular; des da culpa:
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente a) imprudência: atitude em que o agente atua com
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencen- precipitação, sem a devida cautela;
te ao patrimônio público; b) negligência: quando o agente, podendo tomar as
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no precauções exigidas não o faz por displicência, inércia
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de ou preguiça;
parentes, de amigos ou de terceiros; c) imperícia: é a inabilidade, a falta de conhecimen-
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele tos técnicos para o exercício do ofício.
habitualmente; A responsabilidade civil, em sua essência, pressupõe
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente prejuízo patrimonial, e visa à reparação material.
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa A responsabilidade civil do agente público é subjeti-
humana; va, isto é, fica sujeita à comprovação de dolo ou culpa.
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Por outro lado, a Constituição adota, no tocante
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais às entidades de direito público, a responsabilidade
quando solicitado.* objetiva, com base na teoria do risco administrativo,
onde responderão pelos danos que seus agentes, nessa
• Acumulação de Cargos Públicos qualidade, causarem a terceiros. Em ação regressiva,
Ressalvados os casos previstos na Constituição, é o servidor fica obrigado a reparar os danos causados à
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. Fazenda Pública. Esta obrigação de repasse estende-
A proibição de acumular estende-se a cargos, em- se aos sucessores até o limite da herança recebida.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pregos e funções em Autarquias, Fundações Públicas,


Concluída a infração como ilícito penal, a autoridade
Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista da
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Pú-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
blico, onde a autoridade policial apurará a falta caracteriza-
e dos Municípios.
da na categoria de crimes contra a Administração Pública.
A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
As sanções civis, penais e administrativas poderão
cionada à comprovação da compatibilidade de horários. cumular-se, sendo independentes entre si.
O servidor não poderá exercer mais de um cargo em A responsabilidade administrativa do servidor será
comissão, nem ser remunerado pela participação em ór- afastada no caso de absolvição criminal que negue a exis-
gão de deliberação coletiva. tência do fato ou sua autoria.

* Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/97. * Vide rito sumário.


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Código Civil I - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
Obrigações por atos ilícitos cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
transitórias;
Art. 1.525. A responsabilidade civil é independente II - exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
da criminal; não se poderá, porém, questionar mais so- tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horá-
bre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quan- rio de trabalho;
do estas questões se acharem decididas no crime. III - Será punido com suspensão de até 15 (quinze)
dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
Código de Processo Penal submetido à inspeção médica determinada pela autorida-
de competente, cessando os efeitos da penalidade uma
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo vez cumprida a determinação.
criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa,
material do fato. na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de venci-
mento, ou remuneração, ficando o servidor obrigado a
Do Estado (ou da Administração) permanecer em serviço.
As penalidades de advertência e de suspensão terão seus
Vale salientar que a responsabilidade civil do Esta- registros cancelados, após o decurso de três e cinco anos de
do, de acordo com a teoria do risco administrativo, é juris efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
tantum (relativa), de sorte que, provada a culpa total ou ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
parcial do lesado, exime-se a Administração, na mesma O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos re-
escala, da obrigação de reparar o dano. troativos.
A demissão será aplicada nos seguintes casos:
Penalidades Disciplinares Aplicadas ao Servidor I - crime contra a Administração Pública;
Público ___________________________________________
CÓDIGO PENAL
I - advertência*;
II - suspensão*; CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; A seguir estão relacionados os crimes que, praticados por servi-
V - destituição de cargo em comissão; dor público no exercício de seu cargo, constituem crimes contra a
Administração Pública, nos termos do Código Penal.
VI - destituição de função comissionada.
Na aplicação das penalidades serão consideradas a
Peculato
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
dela provierem para o serviço público, as circunstâncias qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
A advertência será aplicada por escrito, nos casos Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
de violação das seguintes proibições constantes da lei: § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
prévia autorização do chefe imediato; para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com- facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
outrem:
III - recusar fé a documentos públicos; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
IV - opor resistência injustificada ao andamento de § 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano se prece-
documento e processo ou execução de serviço; de à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior,
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no reduz de metade a pena imposta.
recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente:
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não cons-


filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a titui crime mais grave.
partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
até o segundo grau civil; estabelecida em lei:
A suspensão que não poderá exceder a 90 dias, será Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com
advertência e de violação das seguintes proibições: Concussão
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
* A aplicação de penalidade de advertência ou suspensão até trinta dias será
sempre precedida de apuração mediante sindicância, assegurada ampla defesa
vantagem indevida:
do acusado. (ON nº 97) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
59
Excesso de exação VI - insubordinação grave em serviço;
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-
sabe ou deveria saber indevido, ou quando devido, emprega na co- lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: razão do cargo;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. X - lesão aos cofres públicos de dilapidação do
patrimônio nacional;
Facilitação de contrabando ou descaminho XI - corrupção;
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
contrabando ou descaminho (art. 334):
ções públicas;
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
XIII - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
Prevaricação ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de blica;
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer XIV - participar de gerência ou administração de
interesse ou sentimento pessoal: empresa privada, de sociedade civil, ou exercer o comér-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comandi-
Condescendência criminosa
tário;
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar XV - atuar, como procurador ou intermediário, junto
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
competente: segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. XVI - receber propina, comissão, presente ou vanta-
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
Advocacia administrativa
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
XVII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcio- do estrangeiro;
nário: XVIII - praticar usura sob qualquer de suas formas;
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. XIX - proceder de forma desidiosa;
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: XX - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa. tição em serviços ou atividades particulares;
XXI - recusa da prestação da declaração dos bens e
Abandono de função
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em valores patrimoniais (Lei nº 8.429/92);
lei: XXII - ação de omissão que resulte em não recolhi-
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. mento de tributos a União (Lei nº 8.026/90);
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: XXIII - ação ou omissão que facilite a prática de cri-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. me contra a Fazenda Pública (Lei nº 8.026/90).
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do
teira.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível
com a demissão.
Violação de sigilo funcional A destituição de cargo em comissão exercido por não
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de in-
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: fração sujeita às penalidades de suspensão e de demis-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o são.
fato não constitui crime mais grave.
A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I - permite ou falicita, mediante atribuição, fornecimento e em-
nos casos enumerados abaixo, implica a indisponibilidade
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não dos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- penal cabível:
tração Pública; a) improbidade administrativa punida na forma da Lei
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. nº 8429, de 2/6/92;
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi- b) aplicação irregular de dinheiros públicos;
ca ou a outrem: c) lesão aos cofres públicos de dilapidação do
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (§§ 1º e 2º
patrimônio nacional;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

acrescidos pela Lei nº 9.983, de 14/7/2000.)


d) corrupção.
Violação do sigilo de proposta de concorrência A demissão, ou a destituição de cargo em comissão
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, por infringência dos casos enumerados a seguir, incom-
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. público federal, pelo prazo de cinco anos:
___________________________________________ a) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
II - abandono de cargo; outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
III - inassiduidade habitual; b) atuar, como procurador ou intermediário, junto a
IV - improbidade administrativa; repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na previdenciários ou assistenciais de parentes até o segun-
repartição; do grau, e de cônjuge ou companheiro.
60
Não poderá retornar ao serviço público federal o ser- Oficialidade: atribui sempre a movimentação do pro-
vidor que for demitido ou destituído do cargo em comis- cesso administrativo à Administração, ainda que instau-
são por cometer: rado por provocação do particular: uma vez iniciado, passa
I - crime contra a Administração Pública; a pertencer ao Poder Público, a quem compete seu
II - improbidade administrativa; impulsionamento, até a decisão final. Se a Administra-
III - aplicação irregular de dinheiros públicos; ção o retarda, ou dele se desinteressa, infringe o princípio
IV - lesão aos cofres públicos de dilapidação do da oficialidade e seus agentes podem ser responsabilizados
patrimônio nacional; pela omissão. Outra conseqüência deste princípio é a de
V - corrupção. que a instância não perime, nem o processo se extingue
Configura abandono do cargo a ausência intencional pelo decurso do tempo, senão quando a lei expressamen-
do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecuti- te o estabelece.
vos. Informalismo: dispensa ritos sacramentais e formas
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- rígidas para o processo administrativo, principalmente
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpolada- para os atos a cargo do particular. Bastam as formalida-
mente, durante o período de doze meses. des estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídi-
O ato de imposição da penalidade mencionará sem- ca e à segurança procedimental. Este princípio é de ser
pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. aplicado com espírito de benignidade e sempre em bene-
As penalidades disciplinares serão aplicadas: fício do administrado, para que por defeito de forma não
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes se rejeitem atos de defesa e recurso mal-qualificados.
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais Realmente, o processo administrativo deve ser sim-
e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar ples, despido de exigências formais excessivas, tanto mais
de demissão e cassação, de aposentadoria ou disponibili- que a defesa pode ficar a cargo do próprio administrado,
dade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão nem sempre familiarizado com os meandros processuais.
ou entidade; Todavia, quando a lei impõe uma forma ou uma formali-
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia, dade, esta deverá ser atendida, sob pena de nulidade do
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso procedimento, mormente se da inobservância resulta pre-
anterior quando se tratar de suspensão superior a trinta juízo para as partes.
dias; Verdade material: o princípio da verdade material,
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na também denominado de princípio da liberdade na prova,
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos autoriza a Administração a valer-se de qualquer prova de
casos de advertência ou de suspensão de até trinta dias; que a autoridade processante ou julgadora tenha conheci-
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, mento, desde que a faça trasladar para o processo. É a bus-
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. ca da verdade material em contraste com a verdade formal.
A ação disciplinar prescreverá: Enquanto nos processos judiciais o juiz deve cingir-se às
I - em cinco anos, quanto às infrações puníveis com provas indicadas no devido tempo pelas partes, no proces-
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade so administrativo a autoridade processante ou julgadora
e destituição de cargo em comissão; pode, até o julgamento final, conhecer de novas provas,
II - em dois anos, quanto à suspensão; ainda que produzidas em outro processo ou decorrentes de
III - em cento e oitenta dias quanto à advertência. fatos supervenientes que comprovem as alegações em tela.
• O prazo de prescrição começa a correr da data em Garantia de defesa: o princípio da garantia de defe-
que o fato se tornou conhecido. sa, entre nós, está assegurado no inciso LV do art. 5º da
• Os prazos de prescrição previstos em lei penal CF, juntamente com a obrigatoridade do contraditório,
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas como decorrência do devido processo legal (CF, art. 5º,
também como crime. LIV).
• A abertura de sindicância ou a instauração de pro- Por garantia de defesa deve-se entender não só a ob-
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a de- servância do rito adequado como a cientificação do pro-
cisão final proferida por autoridade competente. cesso ao interessado, a oportunidade para contestar a
• Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- acusação, produzir prova de seu direito, acompanhar os
meçará a correr a partir do dia em que cessar a atos da instrução e utilizar-se dos recursos cabíveis.
interrupção. Isto posto, evidente se torna que a Administração
Pública, ainda que exercendo seus poderes de autotutela,
• Princípios do Processo Administrativo não tem o direito de impor aos administrados gravames e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sanções que atinjam, direta ou indiretamente, seu patri-


Legalidade objetiva: o princípio da legalidade obje- mônio sem ouvi-los adequadamente, preservando-lhes o
tiva exige que o processo administrativo seja instaurado direito de defesa.
com base e para preservação da lei. Daí o processo, como
o recurso administrativo, ao mesmo tempo em que ampa- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLI-
ra o particular, serve também ao interesse público na de- NAR (Arts. 143 a 182)
fesa da norma jurídica objetiva, visando a manter o impé-
rio da legalidade e da justiça no funcionamento da Admi- Do Processo Administrativo Disciplinar
nistração. Todo processo administrativo há que embasar-
se, portanto, numa norma legal específica para apresen- A autoridade que, na sua jurisdição, tiver ciência de
tar-se com legalidade objetiva, sob pena de invalidade. irregularidade no serviço público, é obrigada a promo-
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ver a sua apuração imediata, mediante instauração de conduza à nulidade do processo disciplinar na hipótese
sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- de compor-se a comissão sem observar o princípio da hi-
gurado ao acusado ampla defesa. erarquia que se assere existente nos quadros funcionais
Os servidores que, em razão do cargo, tiverem da Administração Federal.
conhecimento de irregularidades no serviço público de- A portaria instauradora do PAD conterá o nome, car-
vem levá-las ao conhecimento da autoridade superior para go e matrícula do servidor e especificará, de forma resu-
adoção das providências cabíveis. mida e objetiva, as irregularidades a ele imputadas, bem
Constitui crime de condescendência deixar o como determinará a apuração de outras infrações conexas
funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordi- que emergirem no decorrer dos trabalhos.
nado que cometeu infração no exercício do cargo ou, Para compor a comissão de inquérito, devem ser de-
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhe- signados servidores do órgão onde tenham ocorrido as
cimento da autoridade competente (art. 320, CP). irregularidades que devam ser apuradas, exceto quando
motivos relevantes recomendem a designação de servi-
• Das Denúncias dores de outros órgãos.
São circunstâncias configuradoras de suspeição para
As denúncias sobre irregularidades serão objeto os membros da comissão processante ou sindicante em
de apuração, desde que sejam formuladas por escri- relação ao envolvido ou denunciante:
to, contenham informações sobre o fato e sua autoria I - amizade íntima com ele ou parentes seus;
e a identificação e o endereço do denunciante, con- II - inimizade capital com ele ou parentes seus;
firmada a autenticidade. III - parentesco;
IV - tiver com o denunciante, quando tratar-se de
Quando o fato narrado não configurar evidente in- pessoas estranhas ao serviço público, compromissos pes-
fração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arqui- soais ou comerciais como devedor ou credor;
vada por falta de objeto. V - tiver amizade ou inimizade pessoal ou familiar
mútua e recíproca com o próprio advogado do indiciado
O processo administrativo disciplinar é o instru- ou com parentes seus; e
mento destinado a apurar responsabilidade de servi- VI - tiver aplicado ao denunciante ou ao envolvido
dor por infração praticada no exercício de suas atri- indiciado, enquanto seu superior hierárquico, penalida-
buições, ou que tenha relação com as atribuições do des disciplinares decorrentes de sindicância ou processo
cargo em que se encontre investido. disciplinar.
São circunstâncias de impedimento para os compo-
O processo administrativo disciplinar (lato sensu) nentes da comissão:
abrange a sindicância e o Processo Administrativo Disci- I - instabilidade no serviço público;
plinar – PAD (stricto sensu). II - tiver como superior ou subordinado hierárquico
do denunciante ou do indiciado participado de sindicância
• Da Sindicância ou de processo administrativo, na qualidade de testemu-
A sindicância, dependendo da gravidade da irregulari- nha do denunciante, do indiciado ou da comissão
dade e a critério da autoridade instauradora, poderá ser processante;
conduzida por um sindicante ou por uma comissão de III - ter sofrido punição disciplinar;
dois ou três servidores de cargo de nível igual ou superior IV - ter sido condenado em processo penal;
ao do acusado. V - estar respondendo a processo criminal; e
Aplicam-se à sindicância as disposições do processo VI - se encontrar envolvido em processo administra-
administrativo disciplinar relativos ao contraditório e ao tivo disciplinar.
direito à ampla defesa, especialmente a citação do indiciado
para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, Devem ser adiadas as férias e licenças-prêmio
assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. por assiduidade e para tratar de interesses particula-
res dos servidores designados para integrar comis-
• Do Processo Administrativo Disciplinar – PAD são de inquérito sendo permitida, por motivos justi-
(stricto sensu) ficados e a critério da autoridade instauradora, a subs-
O PAD não tem por finalidade apenas apurar a tituição de um ou de todos os seus componentes.
culpabilidade do servidor acusado de falta, mas, também,
oferecer-lhe oportunidade de provar sua inocência. • Da Instauração do PAD
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A instauração do PAD se dará através da publicação


• Da Comissão de Inquérito da portaria baixada pela autoridade competente, que
A fase do PAD denominada inquérito administrati- designará seus integrantes e indicará, dentre eles, o presi-
vo, que compreende instrução, defesa e relatório, será dente da comissão de inquérito.
conduzida por comissão composta de três servidores es- a) No caso de empregados requisitados ou cedidos
táveis, de cargo de nível (superior, médio ou auxiliar) igual por entidades da Administração indireta, que não este-
ou superior ao do acusado, designados pela autoridade jam sujeitos ao regime disciplinar da Lei nº 8.112/90, o
competente (instauradora), que indicará dentre eles o seu processo, após concluído, deverá ser remetido para os
presidente. referidos órgãos ou empresas para fins de adoção das pro-
As exigências do art. 149 da Lei nº 8.112/90, entretan- vidências cabíveis de acordo com a respectiva legislação
to, não autorizam qualquer resultado interpretativo que trabalhista.
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b) Com a publicação da portaria instauradora do PAD expedido pelo presidente da comissão, com indicação do
decorrem os seguintes efeitos: local, dia e hora para serem ouvidas, devendo a segunda
I - interrupção da prescrição; via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.
II - impossibilidade de exoneração a pedido e apo- A intimação de testemunhas para depor deve:
sentadoria voluntária. I - sempre que possível, ser entregue direta e pesso-
A instauração do PAD não impede que o acusado ou almente ao destinatário, contra recibo lançado na cópia
o indiciado, no decorrer do processo, seja exonerado, a da mesma; e
pedido, de um cargo para ocupar outro da mesma esfera II - ser individual, ainda que residam no mesmo local
de governo, desde que continue vinculado ao mesmo re- ou trabalhem na mesma repartição ou seção.
gime disciplinar. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,
de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi-
No Direito Administrativo disciplinar, desde a publi- mentos das outras.
cação da portaria instauradora do processo, o servidor a Não será permitido que a testemunha manifeste suas
quem se atribui as irregularidades funcionais é denomi- apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da nar-
nado acusado ou imputado, passando à situação de rativa do fato.
indiciado somente quando a comissão, ao encerrar a ins- O presidente da comissão, antes de dar início à inqui-
trução, concluir, com base nas provas constantes dos au- rição, advertirá o depoente de que se faltar com a verdade
tos, pela responsabilização do acusado, enquadrando-o estará incurso em crime de falso testemunho tipificado no
num determinado tipo disciplinar. art. 342 do Código Penal (art. 210, CPP), bem como per-
Na hipótese de o PAD ter-se originado de sindicância, guntará se encontra-se em algumas hipóteses de suspeição
cujo relatório conclua que a infração está capitulada como ou impedimento previstas em lei, especialmente se é ami-
ilícito penal a autoridade competente (instauradora) enca- go íntimo ou inimigo capital do acusado.
minhará cópia dos autos ao Ministério Público, indepen- Se ficar comprovado no processo que alguma teste-
dentemente da imediata instauração do processo disciplinar. munha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, o
A comissão processante dará conhecimento ao Minis- presidente da comissão remeterá cópia do depoimento à
tério Público e ao Tribunal de Contas da União da instau- autoridade policial para a instauração de inquérito, com
ração de procedimento administrativo para apurar a prá- vistas ao seu indiciamento no crime de falso testemunho
tica de atos de improbidade administrativa de que trata (art. 211, CPP).
a Lei nº 8.429/92, que importem em enriquecimento ilí- Na redução a termo do depoimento, o presidente da
cito, prejuízo ao erário e atentem contra os princípios da comissão deverá cingir-se, tanto quanto possível, às ex-
Administração Pública. pressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmen-
te as suas frases.
• Dos Prazos Se a testemunha servir em localidade distante de onde
Os prazos do PAD serão contados em dias corridos, se acha instalada a comissão, poderá ser ouvida por
excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do ven- precatória, a fim de que sejam obtidas as declarações ne-
cimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil cessárias com base no rol de perguntas adrede elaboradas.
seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja expe- A expedição de precatória não suspenderá a ins-
diente. trução do inquérito (art. 222, § 1º, CPP).
Esgotados os 120 (cento e vinte) dias a que alude A comissão empregará, ao longo de toda a argüi-
o art. 152 da Lei nº 8.112/90 (prorrogação), sem que o ção, tom neutro, não lhe sendo lícito usar de meios que
inquérito tenha sido concluído, designa-se nova comis- revelem coação, intimidação ou invectiva.
são para refazê-lo ou ultimá-lo, a qual poderá ser integra- As perguntas devem ser formuladas com precisão e
da pelos mesmos servidores. habilidade e, em certos casos, contraditoriamente, para
que se possa ajuizar da segurança das alegações do depo-
Da instrução ente.
Durante a instrução, a comissão promoverá a tomada
de depoimentos, acareações, investigações e diligências Do interrogatório do acusado
cabíveis, objetivando à coleta de provas, recorrendo, quan- Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
do necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a promoverá o interrogatório do acusado.
completa elucidação dos fatos. Antes de iniciar o interrogatório, o presidente da co-
A comissão deve notificar pessoalmente o acusado missão observará ao acusado que, embora não esteja obri-
sobre o processo administrativo disciplinar contra ele gado a responder às perguntas que lhe forem formuladas,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

instaurado, indicando o horário e local de funcionamento o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da pró-
da comissão, de modo a assegurar-lhe o direito de acom- pria defesa.
panhar o processo desde o início, pessoalmente ou por O acusado será perguntado sobre o seu nome, núme-
intermédio de procurador legalmente constituído, arrolar ro e tipo de documento de identidade, CPF, naturalidade,
e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas estado civil, idade, filiação, residência, profissão e lugar
e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial, onde exerce a sua atividade, e, depois de cientificado da
bem como requerer diligências ou perícias. acusação, será interrogado sobre os fatos e circunstâncias
objeto do inquérito administrativo e sobre a imputação
Da inquirição das testemunhas que lhe é feita.
As testemunhas serão intimadas a depor com, no As respostas do acusado serão ditadas pelo presiden-
mínimo, 24 horas de antecedência, mediante mandado te da comissão e reduzidas a termo que, depois de lido
63
pelo secretário ou por quaisquer dos membros da comis- mais de um indiciado, respectivamente, para diligências
são, será rubricado em duas folhas e assinado pelo presi- reputadas indispensáveis.
dente da comissão, pelos vogais, pelo secretário, pelo O indiciado poderá, mediante instrumento hábil, dele-
acusado e seu procurador, se presente. gar poderes para procurador efetuar sua defesa, desde que
não seja funcionário público, face aos impedimentos legais.
Da indiciação
Encerrada a colheita dos depoimentos, diligências, Da revelia
perícias, interrogatório do acusado e demais providências Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
julgadas necessárias, a comissão instruirá o processo com citado, não apresentar defesa no prazo legal.
uma exposição sucinta e precisa dos fatos arrolados que A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
indiciam o acusado como autor da irregularidade, que de- cesso e devolverá no prazo de 15 (quinze) dias para a
verá ser anexada à citação do mesmo para apresentar de- defesa dativa se houver apenas um indiciado, e de 20 (vin-
fesa escrita. te) dias, quando houver dois ou mais indiciados.
A indiciação, além de tipificar a infração disciplinar, Para defender o indiciado revel, a autoridade
indicando os dispositivos legais infringidos, deverá espe- instauradora do processo, após solicitação do presidente
cificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas da comissão, designará um servidor como defensor
provas, com indicação das folhas do processo onde se dativo, ocupante de cargo de nível igual ou superior
encontram. ao do indiciado.

Da prorrogação do prazo Do relatório


Se motivos justificados impedirem o término dos tra- Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
balhos no prazo regulamentar de 60 (sessenta) dias, já minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e
incluído o prazo para apresentação da defesa e de elabo- mencionará as provas em que se baseou para formar sua
ração do relatório, o presidente poderá solicitar, median- convicção.
te ofício à autoridade instauradora e antes do término do O relatório será sempre conclusivo quanto à ino-
prazo, a prorrogação do mesmo por até 60 (sessenta) dias. cência ou à responsabilidade do servidor e informará se
houve falta capitulada como crime e se houve danos aos
Da citação cofres públicos.
Terminada a instrução do processo, o indiciado será Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
citado por mandado expedido pelo presidente da comis- missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans-
são de inquérito, que terá como anexo cópia da indiciação, gredido, bem como as circunstâncias agravantes ou ate-
para apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista nuantes.
do processo na repartição, pessoalmente ou por intermé-
dio de seu procurador. Do julgamento
A citação é pessoal e individual, devendo ser entre- No prazo de 20 (vinte) dias, contado do recebimento
gue diretamente ao indiciado mediante recibo em cópia do processo, a autoridade julgadora proferirá sua deci-
do original. No caso de recusa do indiciado em apor o são.
ciente na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
da data declarada, em termo próprio, pelo membro da co- quando contrário às provas dos autos.
missão que fez a citação, com a assinatura de duas teste- A autoridade julgadora formará sua convicção pela
munhas. livre apreciação das provas, podendo solicitar, se julgar
necessário, parecer fundamentado de assessor ou de se-
Da citação por edital tor jurídico a respeito do processo.
Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa- Quando for verificada a ocorrência de prejuízo aos
bido, será citado por edital, publicado pelo menos uma cofres públicos, a autoridade instauradora expedirá ao
vez no Diário Oficial da União e uma vez em jornal de órgão competente ofício encaminhando cópia do relató-
grande circulação na localidade do último domicílio co- rio da comissão e do julgamento, para as providências
nhecido, para apresentar a defesa: cabíveis com vistas ao ressarcimento do prejuízo à Fa-
I - verificando-se que o indiciado se oculta para não zenda Nacional e, se for o caso, baixa dos bens da carga
ser citado, a citação far-se-á por edital; da repartição ou do responsável.
II - havendo mais de um indiciado, a citação por edital A ação civil por responsabilidade do servidor em ra-
será feita coletivamente; zão de danos causados ao erário é imprescritível.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - na hipótese deste item, o prazo para defesa será


de 15 (quinze) dias a partir da publicação do edital que Da aplicação das penalidades
ocorreu, por último, no Diário Oficial da União ou em As penalidades disciplinares serão aplicadas:
jornal de grande circulação. I - pelo Presidente da República, quando se tratar de
demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilida-
Da defesa de do servidor;
O prazo para defesa será de 10 (dez) dias. Havendo II - pelo ministro quando se tratar de suspensão superior
dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vin- a 30 (trinta) dias;
te) dias. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
ou seja, por 20 (vinte) ou 40 (quarenta) dias, se for um ou casos de advertência ou de suspensão até 30 (trinta) dias;
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IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, g) juntada de elementos probatórios aos autos após a
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. apresentação da defesa, sem abertura de novo prazo para
Havendo mais de um indiciado e diversidade de san- a defesa;
ções, o julgamento caberá à autoridade competente para
a imposição da pena mais grave, que também decidirá V - relacionados com o julgamento do processo:
sobre os demais indiciados. a) julgamento com base em fatos ou alegativas
Quando houver conveniência para o serviço e a cri- inexistentes na peça de indiciação;
tério da autoridade julgadora, a penalidade de suspensão b) julgamento feito de modo frontalmente contrário
poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin- às provas existentes no processo;
qüenta por cento) por dia de remuneração, ficando o ser- c) julgamento discordante das conclusões factuais da
vidor obrigado a permanecer em serviço. comissão, quando as provas dos autos não autorizam tal
discrepância;
Das nulidades d) julgamento feito por autoridade administrativa que
Verificada a existência de vício insanável, a autori- se tenha revelado, em qualquer circunstância do cotidia-
dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial do no, como inimiga notória do acusado ou do indiciado;
processo e ordenará a constituição de outra comissão, para e) falta de indiciação do fato ensejador da sanção dis-
instauração de novo processo. ciplinar; e
Eivam de nulidade absoluta os vícios: f) falta de capitulação da transgressão atribuída ao
I - de competência: acusado ou ao indiciado.
a) instauração de processo por autoridade incompe-
tente; Da extinção da punibilidade
b) incompetência funcional dos membros da comis- Extingue-se a punibilidade (art. 107, CP, e Lei nº
são; e
8.112/90):
c) incompetência da autoridade julgadora;
I - pela aposentadoria ou morte do agente, no caso de
advertência ou suspensão;
II - relacionados com a composição da comissão:
II - pela retroatividade de lei que não mais considera o
a) composição com menos de 3 (três) membros, no
caso de inquérito; fato como infração;
b) composição por servidores demissíveis ad nutum III - pela prescrição, decadência ou perempção;
ou instáveis; e
c) comissão composta por servidores de notória e Da exoneração de servidor que responde a pro-
declaradamente inimigos do servidor acusado ou do cesso administrativo disciplinar
indiciado; I - O servidor que responder à sindicância ou PAD só
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntari-
III - relativos à citação do indiciado: amente, após a conclusão do processo e o cumprimento
a) falta de citação; da penalidade, caso aplicada.
b) citação por edital de indiciado que se encontre preso; II - A exoneração de servidor que responde a inqué-
c) citação por edital de indiciado que tenha endereço rito administrativo antes de sua conclusão, em virtude de
certo; não ter sido aprovado em estágio probatório, conforme
d) citação por edital de indiciado que se encontre asi- determina o inciso I do parágrafo único do art. 34 da Lei
lado em país estrangeiro; nº 8.112/90, será convertida em demissão, caso seja essa
e) citação por edital de servidor internado em a penalidade a ser-lhe aplicada por ocasião do julgamen-
estabelecimento hospitalar para tratamento de saúde; e to do processo.
f) citação, de pronto, por edital, quando inexiste no
processo qualquer indicação que traduza o empenho pela PROCEDIMENTO SUMÁRIO
localização do indiciado;
A acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
IV - relacionados com o direito de defesa do acusado públicas, abandono de cargo (ausência intencional do ser-
ou do indiciado: vidor, ao serviço superior a 30 dias) e inassiduidade ha-
a) indeferimento, sem motivação, de perícia técnica soli- bitual (faltas injustificadas por período igual ou superior
citada pelo acusado; a 60 dias), são faltas graves puníveis com a demissão,
b) não-oitiva, sem motivação, de testemunha arrola- apuradas em processo administrativo disciplinar de rito
da pelo acusado; sumário, desenvolvido nas seguintes fases:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) ausência de alegações escritas de defesa; a) instrução sumária, compreendendo indiciação,


d) inexistência de notificação do servidor acusado defesa e relatório; e
para acompanhar os atos apuratórios do processo, b) julgamento pela autoridade instauradora que, no
notadamente a oitiva de testemunhas, que poderão ser por prazo de 5 dias, contados do recebimento do processo,
ele inquiridas e reinquiridas; proferirá sua decisão.
e) indeferimento de pedido de certidão, sobre aspec- A comissão do procedimento sumário, composta por
to relevante, por parte da Administração, interessada no 2 servidores estáveis, terá até 30 dias, contados da data
processo; da publicação do ato que a constituir, para apresentar re-
f) negativa de vista dos autos do processo adminis- latório conclusivo quanto à inocência ou a responsabili-
trativo disciplinar ao servidor indiciado, ao seu advogado dade do servidor. Este prazo admite prorrogação por até
legalmente constituído ou ao defensor dativo; e 15 dias, quando as circunstâncias assim exigirem.
65
Detectada, a qualquer tempo, a acumulação proibida I - por invalidez permanente, sendo os proventos in-
de cargos ou emprego (efetivo ou da inatividade) a auto- tegrais quando decorrente de acidente em serviço, molés-
ridade competente (Presidente da República, Presidentes tia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurá-
das Casas Legislativas e dos Tribunais Federais e Pro- vel, especificada em lei, e proporcionais nos demais ca-
curador-Geral da República) ou autoridade delegada do sos;
órgão ou de entidade em que tenha ocorrido a irregulari- II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
dade notificará o servidor, por intermédio de sua chefia proventos proporcionais ao tempo de contribuição;
imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável III - voluntariamente:
de 10 dias, contados da data da ciência. a) aos 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se
A opção pelo servidor até o último dia de prazo para homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos inte-
a defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con- grais;
verterá automaticamente em pedido de exoneração do b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun-
outro cargo. ções de magistério, se professor, e 25 (vinte e cinco) se
Na hipótese de omissão, será instaurado o procedi- professora, com proventos integrais;
mento sumário e o servidor indiciado será citado pessoal- c) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
mente ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcio-
prazo de 5 dias, a apresentar defesa escrita. nais ao tempo de contribuição.
Compete ao órgão central do SIPEC (Sistema de Pes-
soal Civil) supervisionar e fiscalizar o cumprimento da Regra permanente ou geral – para ingressos a
aplicação ou omissão dos procedimentos e penalidades partir de 16/12/98
previstas. É a regra para os servidores públicos contratados após
a publicação da Emenda Constitucional nº 20/98. Só vale-
DA SEGURIDADE SOCIAL (ARTS. 183 A 231) rá a contagem do tempo de contribuição e não mais tempo
de serviço. Para se aposentar o servidor público terá que
Plano de Seguridade Social do Servidor combinar a idade mínima de 60 anos de idade e 35 de con-
tribuição se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribui-
“O Plano de Seguridade Social do servidor será cus- ção se mulher. A aposentadoria por idade será aos 65 anos
teado com o produto da arrecadação de contribuições so- de idade para homem e 60 para mulher, com proventos
ciais obrigatórias dos servidores ativos dos Poderes da proporcionais ao tempo de contribuição.
União, das autarquias e das fundações Públicas” (Lei Mantida a aposentadoria compulsória aos 70 anos de
nº 9.630, de 23/4/98). A contribuição do servidor, idade com proventos proporcionais ao tempo de contri-
deferenciada em função da remuneração mensal, bem buição.
como dos órgãos e entidades, será fixada em lei.
O custeio das aposentadorias e pensões é de responsabili- Regra transitória ou de transição
dade da União e de seus servidores. É a regra para os servidores públicos contratados até
O servidor ocupante de cargo em comissão que não a data da publicação da emenda (16/12/98). Este servidor
seja, simplesmente, ocupante de cargo ou emprego efeti- também pode escolher a aposentadoria pela Regra Per-
vo na Administração Pública direta, autárquica e manente. Para a Aposentadoria Integral o servidor terá
fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de que reunir os critérios de idade mínima de 53 a 48 anos,
Seguridade Social, com exceção de assistência à saúde.* respectivamente, para homem e mulher; tempo de contri-
O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura buição de 35 anos para homem e 30 para mulher, e pedá-
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e gio de 20% a mais do tempo que falta na data de publica-
compreende um conjunto de benefícios e ações que aten- ção da emenda para o tempo de contribuição acima.
dam às seguintes finalidades: Para a Aposentadoria Proporcional, o servidor, além
I - garantir meios de subsistência nos eventos de do- da idade mínima acima, terá que contar no mínimo com
ença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inativida- 30 anos de contribuição se homem e 25 anos se mulher.
de, falecimento e reclusão; Neste caso, o acréscimo (pedágio) será de 40% do tempo
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternida- que faltava para se aposentar pela regra anterior à refor-
de; ma.
III - assistência à saúde. Professores
Os benefícios serão concedidos nos termos e condi- Na regra permanente o professor universitário do
ções definidos em regulamento, observadas as disposi- setor público se aposentará como os outros servidores
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções desta Lei. públicos. Os outros professores, desde que comprovem,


Os benefícios do Plano de Seguridade Social do ser- exclusivamente, tempo de exercício nas funções de ma-
vidor compreendem, com o advento da Emenda Consti- gistério terão a idade mínima e o tempo de contribuição
tucional nº 20/98 (Reforma Previdenciária), que a aposen- reduzidos em 5 anos. Para o homem, 55 anos de idade e 30
tadoria para o setor público ficou assim: de contribuição e, para a mulher, 50 anos de idade e 25 de
– Quanto ao servidor: contribuição.
• Aposentadoria Exemplo:
O servidor será aposentado: Um professor com 25 anos de serviço necessitaria de
mais 5 anos para se aposentar. Pelas novas regras, ele só
poderá se aposentar com 35 anos de contribuição. Os 25
* Redação dada pela Lei nº 8.647, de 13/4/93. anos já trabalhados serão contados com um acréscimo de
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17% (4,25), ou seja, os 25 anos de serviços cumpridos de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor
equivalerão, na verdade, a 29,25 anos. Para que se cum- vencimento do serviço público, inclusive no caso de
pram os 35 anos de contribuição, agora exigidos, serão natimorto.
necessários mais 5,75 anos (35 – 29,25 anos) que serão Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido
contados com acréscimo (pedágio) de 20% sobre o tem- de 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
po que falta (35 – 29,25 ð 5,75 x 1,20 = 6,9 anos), so- O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro ser-
mando-se o tempo proposto pela regra de transição (no vidor público, quando a parturiente não for servidora,
caso 29,25 anos) ao tempo acrescido pelo “pedágio” (no mediante a apresentação de cópia da certidão de nasci-
caso 6,9 anos), o nosso professor terá que trabalhar e con- mento, tornando-se prescindível o requerimento (Orien-
tribuir até 36,15 anos. tação Normativa nº 22 da SAF).
Ressalte-se que para o magistério houve um “abono”
de tempo (17% para professor e 20% para professora) Salário-família
que as demais categorias não tiveram, salvo os juízes, O salário-família é devido ao servidor ativo ou inati-
membros do Ministério Público e dos Tribunais de Conta vo, por dependente econômico, de baixa renda.
que ganharam um acréscimo de 17% (bônus). Consideram-se dependentes econômicos para efei-
tos de percepção do salário-família:
Magistrados I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
Juízes, membros do Ministério Público ou de Tribu- os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estu-
nais de Contas terão acréscimo de 17% (bônus) ao tempo dante até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qual-
de serviço anterior à reforma. Após a reforma, se aposen- quer idade;
tarão como os outros servidores públicos. II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
Consideram-se doenças graves, contagiosas ou in- autorização judicial, viver na companhia e às expensas
curáveis tuberculose ativa, alienação mental, esclerose do servidor, ou do inativo;
múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingres- III - a mãe e o pai sem economia própria.
so no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do- Não se configura a dependência econômica quando
ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, o beneficiário do salário-família perceber rendimento do
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome provento de aposentadoria, em valor igual ou superior ao
da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e outras que a salário mínimo.
lei indicar, com base na medicina especializada. Quando pai e mãe forem servidores públicos e vive-
A aposentadoria compulsória será automática, e de- rem em comum, o salário-família será pago a um deles;
clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato quando separados, será pago a um e outro, de acordo com
àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma- a distribuição dos dependentes.
nência ao serviço ativo. Ao pai e à mãe equiparam o padastro, a madastra e,
A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigora- na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
rá a partir da data de publicação do respectivo ato. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
A aposentadoria por invalidez será precedida de li- nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusi-
cença para tratamento de saúde, por período não exce- ve para a Previdência Social.
dente a 24 (vinte e quatro) meses. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração
Expirado o período de licença e não estando em con- não acarreta a suspensão do pagamento do salário-famí-
dições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o ser- lia.
vidor será aposentado.
O lapso de tempo compreendido entre o término da Licença para tratamento de saúde
licença e a publicação do ato da aposentadoria será con- Será concedida ao servidor licença para tratamento
siderado como de prorrogação da licença. de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia
O provento da aposentadoria será revisto na mesma médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
data e proporção, que se modificar a remuneração dos Para licença até 30 (trinta) dias, a inspeção será feita
servidores em atividade. por médico do setor de assistência do órgão de pessoal e,
São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou se por prazo superior, por junta médica oficial.
vantagens posteriormente concedidas aos servidores em Sempre que necessário, a inspeção médica será reali-
atividade, inclusive quando decorrentes de transforma- zada na residência do servidor ou no estabelecimento
ção ou reclassificação do cargo ou função em que se deu hospitalar onde se encontrar internado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a aposentadoria. Inexistindo médico do órgão ou entidade no local


O servidor aposentado com provento proporcional onde se encontra o servidor, será aceito atestado passado
ao tempo de contribuição, se acometido de qualquer das por médico particular.
moléstias especificadas anteriormente, passará a perce- No caso do parágrafo anterior, o atestado só produzi-
ber provento integral. rá efeitos depois de homologado pelo setor médico do
Quando proporcional ao tempo de contribuição, o respectivo órgão ou entidade.
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remunera- Findo o prazo da licença, o servidor será submetido a
ção da atividade. nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao servi-
ço, pela prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Auxílio-natalidade O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de
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lesões produzidas por acidente em serviço, doença pro- da, mediante convênio, na forma estabelecida em regula-
fissional ou qualquer das doenças especificadas em lei. mento.

Licença à gestante, à adotante e licença-paterni- Garantia de condições individuais e ambientais de


dade trabalho satisfatórias.
Será concedida licença à servidora gestante por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remu- – Quanto ao dependente:
neração. • Pensão vitalícia e temporária
A licença poderá ter início no primeiro dia do nono Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma
mês da gestação, salvo antecipação por prescrição médi- pensão mensal de valor correspondente ao da respectiva
ca. remuneração ou provento, a partir da data de óbito.
No caso de nascimento prematuro, a licença terá iní- As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vita-
cio a partir do parto. lícias e temporárias.
No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas per-
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se manentes, que somente se extinguem ou revertem com a
julgada aposta, reassumirá o exercício. morte de seus beneficiários.
No caso de aborto atestado por médico oficial, a A pensão temporária é composta de cota ou cotas que
servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remu- podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, ces-
nerado. são de invalidez ou maioridade do beneficiário.
Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá São beneficiários das pensões:
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecuti- I - vitalícia:
vos. a) o cônjuge;
Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis) b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada divorciada, com percepção de pensão alimentícia;
de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser par- c) o companheiro ou companheira designado que
celada em dois períodos de meia hora. comprove união estável como entidade familiar;
À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de d) a mãe e o pai que comprovarem dependência eco-
criança até 1 (um) ano de idade, o prazo será de 90 (no- nômica do servidor;
e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e
venta) dias.
a pessoa portadora de deficiência, que vivam na depen-
No caso de adoção ou guarda judicial de criança com
dência econômica do servidor;
mais de 1 (um) ano de idade, o prazo será de 30 (trinta) dias.
II - temporária:
A licença à adotante será deferida mediante apresen-
a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de
tação do Termo de Adoção ou Termo Provisório (Termo
idade ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez;
de Guarda e Responsabilidade), expedido por autoridade
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um)
competente (Orientação Normativa nº 76 da SAF).
anos de idade;
c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inváli-
Licença por acidente em serviço do, enquanto durar a invalidez, que comprovem depen-
Será licenciado com remuneração integral, o servi- dência econômica do servidor;
dor acidentado em serviço. d) a pessoa designada que viva na dependência eco-
Configura acidente em serviço o dano físico ou men- nômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se invá-
tal sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou lida, enquanto durar a invalidez.
imediatamente, com as atribuições do cargo exercido. A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de que
Equipara-se ao acidente em serviço o dano: tratam as alíneas a e c do inciso I deste artigo exclui desse
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada direito os demais beneficiários referidos nas alíneas d e e.
pelo servidor no exercício do cargo; A concessão da pensão temporária aos beneficiários
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho de que tratam as alíneas a e b do inciso II exclui desse
e vice-versa. direito os demais beneficiários referidos nas alíneas c e d.
O servidor acidentado em serviço que necessite de A pensão será concedida integralmente ao titular de
tratamento especializado poderá ser tratado em institui- pensão vitalícia, exceto se existirem benefíciários da pen-
ção privada, à conta de recursos públicos. são temporária.
O tratamento recomendado por junta médica oficial Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão
constitui medida de execução e somente será admissível
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais en-


quando inexistirem meios e recursos adequados em insti- tre os beneficiários habilitados.
tuição pública. Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e tempo-
A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) rária, metade do valor caberá ao titular ou titulares de pen-
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. são vitalícia, sendo a outra metade, em partes iguais, entre
os titulares da pensão temporária.
Assistência à saúde Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária,
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e o valor integral da pensão será rateado, em partes iguais,
de sua família, compreende assistência médica, hospita- entre os que se habilitarem.
lar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, pres-
pelo Sistema Único de Saúde ou diretamente pelo órgão crevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de
ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou, ain- 5 (cinco) anos.
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Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou II - metade da remuneração, durante o afastamento,
habilitação tardia que implique exclusão de beneficiários em virtude de condenação, por sentença definitiva, à pena
ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data que não determine a perda do cargo.
em que for oferecida. Nos casos previstos no item I, o servidor terá direito
Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela à integralização da remuneração, desde que absolvido.
prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do
servidor. dia imediato àquele em que o servidor for posto em liber-
Será concedida pensão provisória por morte presumi- dade, ainda que condicional.
da ao servidor, nos seguintes casos:
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária Assistência à saúde
competente; As aposentadorias e pensões serão concedidas e
II - desaparecimento em desabamento, inundação, mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encon-
incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; tram vinculados os servidores.
III - desaparecimento no desempenho das atribuições O recebimento indevido de benefícios havidos por
do cargo ou em missão de segurança. fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao Erário do
A pensão provisória será transformada em vitalícia total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos O Plano de Seguridade Social do servidor será custe-
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do ado com o produto da arrecadação de contribuições soci-
servidor, hipótese em que o benefício será automatica- ais obrigatórias dos servidores dos três Poderes da União,
mente cancelado. das autarquias e das fundações públicas.
Acarreta perda de qualidade de beneficiário: A contribuição do servidor, diferenciada em função
I - o seu falecimento; da remuneração mensal, bem como dos órgãos e entida-
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor- des, será fixada em lei.
rer após a concessão da pensão ao cônjuge; O custeio das aposentadorias e pensões é de respon-
III - a cessão de invalidez, em se tratando de beneficiá- sabilidade da União e de seus servidores (Lei nº 8.688, de
rio inválido; 21/7/93).
IV - a maioridade de filho, irmão, órfão ou pessoa de-
signada, aos 21 (vinte e um) anos de idade; Assistência pré-escolar
V - a acumulação de pensão; Para os dependentes dos servidores públicos na faixa
VI - a renúncia expressa. etária compreendida desde do nascimento até seis anos de
Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a idade, em período integral ou parcial, a critério do servidor.
respectiva cota reverterá:
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta Observações:
pensão ou para os titulares da pensão temporária, se não 1 - O tempo de serviço público é comprovado
houver pensionista remanescente da pensão vitalícia; mediante apresentação de certidão expedida por ór-
II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, gão ou entidades públicos.
na falta destes, para o beneficiário da pensão vitalícia. 2 - O servidor aposentado com provento proporci-
As pensões serão automaticamente atualizadas na onal ao tempo de contribuição, se acometido de qual-
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos ven- quer das moléstias especificadas em Lei (alienação
cimentos dos servidores. mental, AIDS, doença de Parkinson, esclerose múltipla
Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção e outros), passará a receber provento integral.
cumulativa de mais de duas pensões. 3 - O servidor que, na data do ato que o colocou
em disponibilidade, contava com tempo de contribui-
Auxílio-funeral ção para aposentadoria voluntária, poderá requerê-la
O auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci- com base no art. 40, III, da Constituição Federal, a
do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a 1 qual deverá ser concedida pelo órgão ou entidade
(um) mês da remuneração ou provento. responsável pelo pagamento de seus proventos
No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será (Orientação Normativa nº 74 da SAF).
pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) DISPOSIÇÕES GERAIS
horas por meio de procedimento sumariíssimo, à pessoa da
família que houver custeado o funeral. O Dia do Servidor Público será comemorado em 28
Se o funeral for custeado por terceiros, este será inde- (vinte e oito) de outubro.
nizado, observado o disposto no artigo anterior. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em caso de falecimento de servidor em serviço fora cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos
transporte do corpo correrão à conta de recursos da União, planos de carreira:
autarquia ou fundação pública. I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a
Auxílio-reclusão – será devido ao servidor de baixa redução dos custos operacionais;
renda II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao
À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu- mérito, condecoração e elogio.
são, nos seguintes valores: Os prazos previstos nesta lei serão contados em dias cor-
I - dois terços da remuneração, quando afastado por ridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; prazo vencido em dia em que não haja expediente.
69
Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófi- do e certo é o que se apresenta manifesto na sua existên-
ca ou política, o servidor não poderá ser privado de quais- cia, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no
quer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida fun- momento da impetração. O prazo para impetração é de cen-
cional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. to e vinte dias do conhecimento oficial do ato a ser impug-
Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da nado. Esse remédio heróico admite suspensão liminar do
Constituição Federal, o direito à livre associação sindical, e ato, e, quando concedida, a ordem tem efeito fundamental e
os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: imediato, não podendo ser impedida sua execução por ne-
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como nhum recurso comum, salvo pelo Presidente do Tribunal
substituto processual; competente para apreciação da decisão inferior.
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até 1 (um)
ano após o final do mandato, exceto se a pedido; II - Mandado de segurança coletivo: inovação da atual
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade Carta (art. 5º, LXX), é remédio posto à disposição de partido
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e con- político com representação no Congresso Nacional, ou de
tribuições definidas em assembléia-geral da categoria; organização sindical, entidade de classe ou associação le-
d) de negociação coletiva;* galmente constituída, e em funcionamento há pelo menos
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Fe- associados. Seus pressupostos são os mesmos do manda-
deral.** do de segurança individual, inclusive quanto ao direito lí-
Consideram-se da família do servidor, além do cônju- quido e certo, só que, como é evidente, a tutela não é indi-
ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas vidual, mas coletiva.
e constem do seu assentamento individual.
Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companhei- Ação Popular
ro, que comprove união estável com entidade familiar.
Para os fins desta Lei, considera-se sede o município É a via constitucional (art. 5º, LXXIII) posta à disposi-
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver ção de qualquer cidadão (eleitor) para obter a anulação de
exercício, em caráter permanente. atos ou contratos administrativos – ou a eles equiparados
– lesivos ao patrimônio público ou de entidades de que o
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO E CONTROLE Estado participe, à moralidade administrativa e ao meio
DA ADMINISTRAÇÃO: ESPÉCIES DE CONTROLE E SUAS ambiente natural ou cultural. Está regulada pela Lei
CARACTERÍSTICAS nº 4.717, de 29/6/65.
A ação popular é um instrumento de defesa dos inte-
O CONTROLE JUDICIÁRIO DOS ATOS ADMINISTRATI- resses da coletividade, utilizável por qualquer de seus mem-
VOS bros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos. Por ela
não se amparam direitos próprios mas, sim, interesses da
O controle judiciário ou judicial é exercido privativa- comunidade. O beneficiário direto e imediato da ação não é
mente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos ad- o autor popular; é o povo, titular do direito subjetivo ao
ministrativos do Executivo, do Poder Legislativo e do pró- governo honesto. Tem fins preventivos e repressivos da
prio Judiciário quando este realize atividade administrati- atividade administrativa lesiva do patrimônio público, as-
va. É um controle a posteriori eminentemente de legalida- sim entendidos os bens e direitos de valor econômico, ar-
de. É, sobretudo, um meio de preservação de direitos indi- tístico, estético ou histórico. A própria lei regulamentadora
viduais, pois visa a impor a observância da lei em ques- indica os sujeitos passivos da ação e aponta casos em que
tões reclamadas por seus beneficiários. a ilegalidade do ato já faz presumir a lesividade ao
patrimônio público, além daqueles em que a prova fica a
Meios de Controle Judicial cargo do autor popular. O processo, a intervenção do Mi-
nistério Público, os recursos e a execução da sentença
Mandado de Segurança acham-se estabelecidos na própria Lei nº 4.717/65. A norma
constitucional isenta o autor popular, salvo comprovada
• Individual má-fé, de custas e de sucumbência.
• Coletivo
I - Mandado de segurança individual: é o meio cons- Interna Corporis
titucional (art. 5º, LXIX) posto à disposição de toda pes-
soa física ou jurídica, órgão com capacidade processual São aquelas questões ou assuntos que se relacionam
ou universalidade reconhecida por lei para proteger di- direta e imediatamente com a economia interna da
reito individual, próprio, líquido e certo, não amparada corporação legislativa e dos tribunais judiciais, como a
por habeas corpus, lesado ou ameaçado de lesão por formação ideológica da lei, atos de escolha da mesa (elei-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ato de qualquer autoridade, seja de que categoria for e ções internas), e cassação de mandatos, licenças, organi-
sejam quais forem as funções que exerça. Está regulado zação interna, etc.
pela Lei nº 1.533, de 31/12/51, e legislação subseqüente. Tais atos sujeitam-se à apreciação da Justiça que pode
O mandado de segurança é ação civil de rito sumário confrontar o ato praticado com as prescrições constitucio-
especial, sujeito a normas procedimentais próprias, pelo nais legais ou regimentais, verificando, pois, se há
que só supletivamente lhe são aplicáveis disposições ge- inconstitucionalidade, legalidade ou infringências regimen-
rais do Código de Processo Civil. Destina-se a coibir atos tais nos seus alegados interna corporis, sem adentrar o
ilegais de autoridade que lesam direito subjetivo, líquido e conteúdo/mérito, de seus atos.
certo, do impetrante. Por ato de autoridade suscetível de A Justiça não pode, por exemplo, substituir a delibe-
mandado de segurança, entende-se toda ação ou omissão ração da Câmara por um pronunciamento judicial sobre o
do poder público ou de seus delegados, no desempenho que é de exclusiva competência discricionária do Plenário,
de suas funções ou a pretexto de exercê-las. Direito líqui- da Mesa ou da Presidência.
70
Atos Legislativos alguns membros da comunidade, não há falar em indeni-
zação da coletividade. Só excepcionalmente poderá uma
As leis não ficam sujeitas a anulação judicial pelos lei inconstitucional atingir o particular uti singuli, cau-
meios processuais comuns, mas sim pela via especial da sando-lhe um dano injusto e reparável. Se tal ocorrer,
ação direta de inconstitucionalidade promovida pelas pes- necessária se torna a demonstração cabal da culpa do
soas e, órgãos indicados na Constituição Federal (art. 103), Estado, através da atuação de seus agentes políticos,
cabendo ao STF declarar a inconstitucionalidade da lei ou mas isto se nos afigura indemonstrável no regime demo-
de qualquer outro ato normativo. crático, em que o próprio povo escolhe seus represen-
tantes para o legislativo. Onde, portanto, o fundamento
Atos Políticos para a responsabilização da Fazenda Pública se é a pró-
pria coletividade que investe os elaboradores da lei na
São os praticados pelos agentes do Governo, no uso função legislativa e nenhuma ação disciplinar têm os de-
da competência constitucional. Devido ao seu elevado mais Poderes sobre agentes políticos? Não encontra-
discricionarismo, provocam maiores restrições ao contro- mos, assim, fundamento jurídico para a responsabilização
le judicial. civil da Fazenda Pública por danos eventualmente cau-
Quando argüidos de lesivos a direito individual ou ao sados por lei, ainda que declarada inconstitucional. O
patrimônio público vão à apreciação da Justiça. que o STF já admitiu foi a responsabilização da Adminis-
tração por ato baseado em decreto posteriormente julga-
A RESPONSABILIDADE CIVIL DA do inconstitucional. Mas decreto, embora com efeitos
ADMINISTRAÇÃO OU DO ESTADO normativos, não é lei, como erroneamente está dito na
ementa deste julgado.
A Constituição adota, no que tange às entidades de O ato judicial típico, que é a sentença, enseja res-
Direito Público, a responsabilidade objetiva, com base na ponsabilidade civil da Fazenda Pública, como dispõe,
teoria do risco administrativo, que, diferindo da teoria do agora, a CF de 1988, em seu art. 5º, LXXV. Ficará, entre-
risco integral, admite abrandamento, quer dizer: a culpa da tanto, o juiz individual e civilmente responsável por dolo,
vítima influi para minorar ou mesmo excluir a responsabili- fraude, recusa, omissão ou retardamento injustificado
dade civil do Estado. de providências de seu ofício, nos expressos termos do
Na responsabilidade civil do Estado, de acordo com a art. 133 do CPC, cujo ressarcimento do que foi pago pelo
teoria do risco administrativo, há a presunção relativa juris Poder Público deverá ser cobrado em ação regressiva
tantum da culpa do servidor, de sorte que, provada a cul- contra o magistrado culpado. Quanto aos atos adminis-
pa total ou parcial do lesado, exime-se a Administração, trativos praticados por órgãos do Poder Judiciário, equi-
na mesma escala, da obrigação de reparar o dano. param-se aos demais atos da Administração e, se lesi-
A nova diretriz constitucional, mantida na vigente vos, empenham a responsabilidade civil objetiva da Fa-
Constituição (art. 37, § 6º), é: “As pessoas jurídicas de zenda Pública.
Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de ser-
viços públicos responderão pelos danos que seus agen- Teoria do Risco Administrativo
tes, nessa qualidade, causaram a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de A teoria do risco administrativo faz surgir a obrigação
dolo ou culpa”. de indenizar o dano do só ato lesivo e injusto causado à
As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmen- vítima pela Administração. Não se exige qualquer falta do
te responsáveis por atos de seus representantes, que, serviço público, nem culpa de seus agentes. Basta a le-
nessa qualidade, causem dano a terceiros, procedendo de são, sem o concurso do lesado. Na teoria do risco admi-
modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito nistrativo, exige-se, apenas, o fato do serviço.
por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do Aqui não se cogita da culpa da Administração ou de
dano (é o que estabelece o art. 15 do Código Civil Brasilei- seus agentes, bastando que a vítima demonstre o fato
ro). danoso e injusto ocasionado por ação ou omissão do Po-
der Público. Tal teoria, como o nome está a indicar, ba-
Responsabilidades por Atos Legislativos e Judiciais seia-se no risco que a atividade pública gera para os
administrados e na possibilidade de acarretar dano a cer-
Para os atos administrativos, a regra constitucional é a tos membros da comunidade, impondo-lhes um ônus não
responsabilidade objetiva da Administração. Mas, quanto suportado pelos demais. Para compensar essa desigual-
aos atos legislativos e judiciais, a Fazenda Pública só res- dade individual, criada pela própria Administração, to-
ponde mediante a comprovação de culpa manifesta na sua dos os outros componentes da coletividade devem con-
expedição, de maneira ilegítima e lesiva. Essa distinção re- correr para a reparação do dano, através do Erário, repre-
sulta do próprio texto constitucional, que só se refere aos sentado pela Fazenda Pública. O risco e a solidariedade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

agentes administrativos (servidores), sem aludir aos agen- social são, pois, os suportes desta doutrina que, por sua
tes políticos (parlamentares e magistrados), que não são objetividade e partilha dos encargos, conduz a mais per-
servidores da Administração Pública, mas, sim, membros feita justiça distributiva, razão pela qual tem merecido o
de Poderes de Estado. acolhimento dos Estados modernos. A teoria do risco
O ato legislativo típico, que é a lei, dificilmente poderá administrativo, embora dispense a prova da culpa da
causar prejuízo indenizável ao particular, porque, como Administração, permite que o Poder Público demonstre
norma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade, a culpa da vítima para excluir ou atenuar a indenização.
em nome da soberania do Estado, que, internamente, se
expressa no domínio eminente sobre todas as pessoas e A Reparação do Dano
bens existentes no território nacional. Como a reparação
civil do Poder Público visa a restabelecer o equilíbrio A reparação do dano causado pela Administração a
rompido com o dano causado individualmente a um ou terceiros obtém-se amigavelmente ou por meio de ação de
71
indenização, e, uma vez indenizada a lesão da vítima, fica a Quadro sinótico
entidade pública com o direito de voltar-se contra o servi-
dor culpado para haver dele o despendido, através da R| 1. Irresponsabilidade Civil do Estado

||
ação regressiva autorizada pelo § 6º do art. 37 da Consti-
tuição Federal. R| 2.1. Com culpa
O legislador constituinte bem separou as responsabi-
| || a) do agente ou civil ou subjetiva;
lidades: o Estado indeniza a vítima; o agente indeniza o
Estado, regressivamente. S| S|
b) do serviço ou administrativa.

||
Evolução 2. Responsa-
Ação de Indenização 2. bilidade
|| 2.2. Sem culpa

|| T
a) risco administrativo ou objetiva;
Para obter a indenização, basta que o lesado acione a
Fazenda Pública e demonstre o nexo causal entre o fato
T b) risco integral.

lesivo (comissivo ou omissivo) e o dano, bem como seu


montante. Comprovados esses dois elementos, surge na- A fase da irresponsabilidade civil do Estado vigo-
turalmente a obrigação de indenizar. Para eximir-se dessa rou de início em todos os Estados, mas notabilizou-se nos
obrigação incumbirá à Fazenda Pública comprovar que a Estados absolutistas. Nesses, negava-se tivesse a Admi-
vítima concorreu com culpa ou dolo para o evento dano- nistração Pública a obrigação de indenizar os prejuízos
so. Enquanto não evidenciar a culpabilidade da vítima, que seus agentes, nessa qualidade, pudessem causar aos
subsiste a responsabilidade objetiva da Administração. administrados. Seu fundamento encontrava-se em outro
Se total a culpa da vítima, fica excluída a responsabilidade princípio vetor do Estado absoluto ou Estado de polícia,
da Fazenda Pública; se parcial, reparte-se o quantum da segundo o qual o Estado não podia causar males ou da-
indenização. nos a quem quer que fosse. Era expressado pelas fórmu-
A indenização do dano deve abranger o que a vítima
las: Le roi ne peut mal faire e The king can do no wrong,
efetivamente perdeu, o que despendeu e o que deixou de
ganhar em conseqüência direta e imediata do ato lesivo da ou, em nossa língua: “O rei não pode fazer mal” e “O rei
Administração, ou seja, em linguagem civil, o dano emer- não erra”.
gente e os lucros cessantes, bem como honorários O estágio da responsabilidade com culpa civil do
advocatícios, correção monetária e juros de mora, se hou- Estado, também chamada de responsabilidade subjetiva
ver atraso no pagamento. do Estado, instaura-se sob a influência do liberalismo, que
A indenização por lesão pessoal e morte da vítima abran- assemelhava, para fins de indenização, o Estado ao indiví-
gerá o tratamento, o sepultamento e a prestação alimentícia duo. Por esse artifício o Estado tornava-se responsável e,
às pessoas a quem o falecido a devia, levada em conta a como tal, obrigado a indenizar sempre que seus agentes
duração provável de sua vida. Essa indenização, por se houvessem agido com culpa ou dolo. O fulcro, então, da
tratar de uma dívida de valor, admite reajustamento às con- obrigação de indenizar era a culpa do agente. É a teoria da
dições atuais do custo de vida, dado o caráter alimentar que culpa civil. Essa culpa ou dolo do agente público era a
a preside. Admite-se, ainda, a correção monetária. condicionante da responsabilidade patrimonial do Estado.
Sem ela inocorria a obrigação de indenizar. O Estado e o
Ação Regressiva indivíduo eram, assim, tratados de forma igual. Ambos,
em termos de responsabilidade, respondiam conforme o
A ação regressiva da Administração contra o causa-
dor direto de dano está instituída pelo § 6º do art. 37 da CF Direito Privado, isto é, se houvessem se comportado com
como mandamento a todas as entidades públicas e parti- culpa ou dolo. Caso contrário, não respondiam.
culares prestadoras de serviços públicos. Para o êxito desta Essa doutrina foi acolhida pelo nosso ordenamento
ação exigem-se dois requisitos: primeiro, que a Administra- através do art. 15 do Código Civil (“As pessoas jurídicas
ção já tenha sido condenada a indenizar a vítima do dano de direito público são civilmente responsáveis por atos
sofrido; segundo, que se comprove a culpa do funcionário de seus representantes que nessa qualidade causem da-
no evento danoso. Enquanto para a Administração a res- nos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito
ponsabilidade independe da culpa, para o servidor a res- ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito re-
ponsabilidade depende da culpa: aquela é objetiva, esta é gressivo contra os causadores do dano”) e vigorou sozi-
subjetiva e se apura pelos critérios gerais do Código Civil. nha até o advento da Constituição da República de 1946.
Como ação civil, que é, destinada à reparação patrimo- A partir daí começou a viger a responsabilidade sem culpa
nial, a ação regressiva (Lei nº 8.112/90, art. 122, § 3º) trans- ou responsabilidade objetiva, como mais adiante se verá.
mite-se aos herdeiros e sucessores do servidor culpado, A solução civilista, preconizada pela teoria da respon-
podendo ser instaurada mesmo após a cessação do exer- sabilidade patrimonial com culpa, embora representasse um
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cício no cargo ou na função, por disponibilidade, aposen-


progresso em relação à teoria da irresponsabilidade
tadoria, exoneração ou demissão.
patrimonial do Estado, não satisfazia os interesses de justi-
Evolução, teorias e características ça. De fato, exigia muito dos administrados, pois o lesado
tinha que demonstrar, além do dano, a situação culposa do
Em termos de evolução da obrigatoriedade que o Es- agente estatal. Tornam-se, assim, inaplicáveis, em sua pu-
tado tem de recompor o patrimônio diminuído em razão de reza, os princípios da culpa civil, para obrigar o Estado a
seus atos, a Administração Pública viveu fases distintas, responder pelos danos que seus servidores pudessem cau-
indo da irresponsabilidade para a responsabilidade com sar aos administrados.
culpa, civil ou administrativa, e desta para a responsabili- Em razão disso, procurou-se centrar a obrigação de
dade sem culpa, nas modalidades do risco administrativo indenizar na culpa do serviço ou, segundo os franceses,
e do risco integral. na faute du service. Ocorria a culpa do serviço sempre que
72
este não funcionava (não existia, devendo existir), funcio- necessidades essenciais ou secundárias da coletividade,
nava mal (devendo funcionar bem) ou funcionava atrasa- ou simples conveniência do Estado”. São exemplos de
do (devendo funcionar em tempo). Era a teoria da culpa serviços públicos: o ensino público, o de polícia, o de
administrativa, ou da culpa anônima (não se tem o causa- saúde pública, o de transporte coletivo, o de telecomu-
dor direto do dano), que recebeu de Hely Lopes Meirelles nicações, etc.
o seguinte comentário: “A teoria da culpa administrativa
representa o primeiro estágio da transição entre a doutri- Classificação
na subjetiva da culpa civil e a tese objetiva do risco admi-
nistrativo que a sucedeu, pois leva em conta a falta do Os serviços públicos, conforme sua essencialidade,
serviço para dela inferir a responsabilidade da Adminis- finalidade, ou seus destinatários podem ser classificados em:
tração. É o binômio falta do serviço – culpa da Adminis- • públicos;
tração. Já aqui não se indaga da culpa subjetiva do agente • de utilidade pública;
administrativo, mas perquire-se a falta objetiva de serviço • próprios do Estado;
em si mesmo, como fato gerador da obrigação do indeni- • impróprios do Estado;
zar o dano causado a terceiro. Exige-se, também, uma cul- • administrativos;
pa, mas uma culpa especial da Administração, a que se • industriais;
convencionou chamar de culpa administrativa” (Direito • gerais;
Administrativo, cit., p. 550). • individuais.
Assim, havia culpa do serviço e, portanto, a obriga-
ção de o Estado indenizar o dano causado se: a) devesse Públicos
existir um serviço de prevenção e combate a incêndio em
prédios altos e não houvesse (o serviço não funcionava, São os essenciais à sobrevivência da comunidade e
não existia); b) o serviço de prevenção e combate a in- do próprio Estado. São privativos do Poder Público e não
cêndio existisse, mas ao ser demandado ocorresse uma podem ser delegados. Para serem prestados o Estado pode
falha, a exemplo da falta d’água ou do emperramento de socorrer-se de suas prerrogativas de supremacia e império,
certos equipamentos (o serviço funcionava mal); c) o ser- impondo-os obrigatoriamente à comunidade, inclusive
viço de prevenção e combate a incêndio existisse, mas com medidas compulsórias. Exs.: serviço de polícia, de
chegasse ao local do sinistro depois que o fogo consumi- saúde pública, de segurança.
ra tudo (o serviço funcionou atrasado). O mesmo poderia
ser exemplificado com o serviço de desobstrução e lim- De Utilidade Pública
peza de bocas-de-lobo e galerias de águas pluviais ou com
o serviço de desassoreamento de rios e córregos. São os que são convenientes à comunidade, mas não
O êxito do pedido de indenização ficava, dessa for- essenciais, e o Poder Público pode prestá-los diretamente
ma, condicionado à demonstração, por parte da vítima, ou por terceiros (delegados), mediante remuneração. A
de que o serviço se houvera com culpa. Assim, cabia-lhe regulamentação e o controle é do Poder Público. Os riscos
demonstrar, além do dano, a culpa do serviço, e isso ain- são dos prestadores de serviço. Exs.: fornecimento de gás,
da era muito, à vista dos anseios de justiça. Procurou-se, de energia elétrica, telefone, de transporte coletivo, etc.
destarte, novos critérios que, de forma objetiva, tornas- Estes serviços visam a facilitar a vida do indivíduo na
sem o Estado responsável patrimonialmente pelos danos coletividade.
que seus servidores, nessa qualidade, pudessem causar
aos administrados. Próprios do Estado
Por fim, diga-se que, se tais teorias obedeceram a essa
cronologia, não quer isso dizer que hoje só vigore a últi- São os que relacionam intimamente com as
ma a aparecer no cenário jurídico dos Estados, isto é, a atribuições do Poder Público. Exs.: segurança, política,
teoria da responsabilidade patrimonial objetiva do Es- higiene e saúde públicas, etc. Estes serviços são prestados
tado ou teoria do risco administrativo. Ao contrário pelas entidades públicas (União, Estado, Municípios)
disso, em todos os Estados acontecem ou estão presentes através de seus órgãos da Administração direta. Neste
as teorias da culpa administrativa e do risco adminis- caso, diz-se que os serviços são centralizados, porque são
trativo, desprezadas as da irresponsabilidade e do risco prestados pelas próprias repartições públicas da
integral. Aquela (culpa administrativa) se aplica, por Administração direta. Aqui, o Estado é o titular e o pres-
exemplo, para responsabilizar o Estado nos casos de da- tador do serviço, que é gratuito ou com baixa remuneração.
nos decorrentes de casos fortuitos ou de força maior, em Exs.: serviço de polícia, de saúde pública. Estes serviços
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que o Estado, normalmente, não indeniza. Esta (risco ad- não são delegados.
ministrativo), nos demais casos.
Impróprios do Estado

SERVIÇOS PÚBLICOS São os de utilidade pública, que não afetam substan-


cialmente as necessidades da comunidade, isto é, não são
Noções Gerais: Conceito essenciais. A Administração presta-os diretamente ou por
entidades descentralizadas (Autarquias, Empresas
Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações
todo aquele prestado pela Administração ou por seus Governamentais), ou os delega a terceiros por concessão,
delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer permissão ou autorização. Normalmente são rentáveis e
73
são prestados sem privilégios, mas sempre sob a II - explorar diretamente ou mediante concessão as
regulamentação e controle do Poder Público. Exs.: serviço empresas sob o controle acionário estatal, os serviços
de transporte coletivo, conservação de estradas, de forne- telefônicos, telegráficos, ou transmissão de dados e demais
cimento de gás, etc. serviços públicos de telecomunicações, assegurada a
prestação de serviços de informações por entidade de
Administrativos direito privado através da rede pública de telecomu-
nicações explorada pela União;
São os executados pela Administração para atender III - explorar, diretamente ou mediante autorização,
às suas necessidades internas. Ex.: datilografia, etc. concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, de sons e
Industriais imagens e demais serviços de telecomunicações;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
São os que produzem renda, uma vez que são pres- aproveitamento energético dos cursos de água, em arti-
tados mediante remuneração (tarifa). Pode ser prestado culação com os Estados onde se situam os potenciais
diretamente pelo Poder Público ou por suas entidades da hidroenergéticos;
Administração indireta ou transferidos a terceiros, me- c) a navegação aérea, aeroespacial e infra-estrutura
diante concessão ou permissão. Exs.: transporte, telefonia, aeroportuárias;
correios e telégrafos. d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário en-
tre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transpo-
Gerais nham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
São os prestados à coletividade em geral, sem ter um e internacional de passageiros;
usuário determinado. Exs.: polícia, iluminação pública, f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
conservação de vias públicas, etc. São geralmente IV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
mantidos por impostos. geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
V - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de
Individuais
fronteira;
VI - organizar e manter a polícia federal, a polícia
São os que têm usuário determinado. Sua utilização
rodoviária e ferroviária federal, a polícia civil, militar e do
é mensurável. São remunerados por tarifa. Exs.: telefone,
corpo de bombeiros do Distrito Federal;
água e esgotos, etc.
VII - explorar os serviços e instalações nucleares de
Regulamentação e Controle qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
A regulamentação e o controle do serviço público industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
cabem sempre ao Poder Público, o qual tem a possibilidade derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
de modificação unilateral das cláusulas da concessão, a) toda atividade nuclear em território nacional so-
permissão ou autorização. Há um poder discricionário de mente será admitida para fins pacíficos e mediante apro-
revogar a delegação, respondendo, conforme o caso, por vação do Congresso Nacional;
indenização. b) sob regime de concessão ou permissão, é autori-
zada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos
Princípios do Serviço Público (Requisitos e Direitos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
do Usuário) VIII - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
balho.
Os requisitos do serviço público são sintetizados em
cinco princípios: Competência dos Estados (CF, art. 25, §§ 1º e 2º)
1º) permanência (continuidade do serviço);
2º) generalidade (serviço igual para todos); “São reservadas aos Estados as competências que não
3º) eficiência (serviços atualizados); lhes sejam vedadas por esta Constituição”. Portanto, são
4º) modicidade (tarifas módicas); da competência dos Estados a prestação dos serviços que
5º) cortesia (bom tratamento para o público). não sejam da União e do Município. Os Estados têm
competência residual.
Competência da União, Estados e Municípios
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Competência dos Municípios (CF, art. 30)


A Constituição Federal faz a partição das competên-
cias dos serviços públicos. Aos Municípios compete a prestação dos serviços
A matéria está prevista nos arts. 21, 25, §§ 1º e 2º, e públicos de interesse local, incluindo o de transporte
30 da Constituição Federal. coletivo.
Competem-lhe também os serviços de educação pré-
Competência da União (CF, art. 21 e incisos) escolar e de ensino fundamental (com a cooperação
técnica e financeira da União e do Estado). Competem-
Os serviços que competem à União estão discrimi- lhe ainda os serviços de atendimento à saúde da população
nados na Constituição Federal. São eles: (com a cooperação técnica e financeira da União e do
I - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; Estado).
74
Diz a Constituição Federal: competência para a prestação destes serviços é da União
e/ou dos Estados e/ou dos Municípios. São da competência
Art. 30. Compete aos Municípios: da União apenas os serviços previstos na Constituição
................................................................................... Federal. Ao Município pertencem os serviços que se
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de referem ao seu interesse local. Ao Estado pertencem todos
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse os outros serviços. Neste caso, o Estado tem competência
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter residual, isto é, todos os serviços que não forem da
essencial. competência da União e dos Municípios serão da
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira obrigação do Estado.
da União e do Estado, programas de educação pré-escolar Os serviços descentralizados referem-se ao que o
e de ensino fundamental; Poder Público transfere a titularidade ou a simples
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da execução, por outorga ou por delegação, às autarquias,
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da entidades paraestatais ou empresas privadas. Há outorga
população; quando transfere a titularidade do serviço. Há delegação
quando se transfere apenas a execução dos serviços, o
Formas de Prestação que ocorre na concessão, permissão e autorização.
A descentralização pode ser territorial (União,
A prestação do serviço pode ser centralizada ou Estados, Municípios) ou institucional (quando se
descentralizada. Será centralizada quando o Estado, transferem os serviços para as autarquias, entes para-
através de um de seus órgãos, prestar diretamente o estatais e entes delegados).
serviço. Será descentralizada quando o Estado transferir Não se deve confundir descentralização com
a titularidade ou a prestação do serviço a outras pessoas. desconcentração, que é a prestação dos serviços da
O serviço centralizado é o que permanece integrado Administração direta pelos seus vários órgãos.
na Administração Direta (art. 4º do Decreto-Lei nº 200/67). A A prestação de serviços assim se resume:

É possível descentralizar o serviço por dois diferentes Estado (não em nome próprio), mas por sua conta e risco.
modos: Esta técnica de prestação descentralizada de serviço
público se faz através da concessão de serviço público e
Outorga da permissão de serviço público. É a delegação. Os
serviços são delegados, sem transferir a titularidade.
Transferindo o serviço à titularidade de uma pessoa A concessão e a permissão podem ser feitas a um
jurídica de direito público criada para este fim, que passará particular ou a empresa de cujo capital participe o Estado,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a desempenhá-lo em nome próprio, como responsável e Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
senhor dele, embora sob controle do Estado. Neste caso, Diz-se por outro lado que a prestação de serviço
o serviço é transferido para uma Autarquia, Empresa público é prestado de modo:
Pública ou Sociedade de Economia Mista. É a outorgada. • concentrado – quando apenas órgãos centrais detêm
Os serviços são outorgados. Exs.: Telebrás, Eletrobrás. o poder de decisão e prestação dos serviços. Ocorre em Es-
tados unitários. Não ocorre no Brasil.
Delegação • desconcentrado – quando o poder de decisão e os
serviços são distribuídos por vários órgãos distribuídos
Transferindo o exercício, o mero desempenho do por todo o território da Administração centralizada. É o
serviço (e não a titularidade do serviço em si) a uma pessoa que ocorre no Brasil que é uma República Federativa.
jurídica de direito privado que o exercerá em nome do A concentração ou desconcentração são modos de
75
prestação de serviços pela Administração centralizada, A concessão exige:
União, Estados e Municípios. • autorização legislativa;
• regulamentação por decreto;
Analisemos agora a distinção entre outorga e dele- • concorrência pública.
gação. O contrato de concessão tem que obedecer à lei, ao
regulamento e ao edital. Por este contrato não se transfere
Outorga Delegação a prerrogativa pública (titularidade), mas apenas a
• o Estado cria a entidade • o particular cria a entidade execução dos serviços. As condições do contrato podem
• o serviço é transferido por lei • o serviço é transferido por lei, con- ser alteradas unilateralmente pelo Poder concedente, que
trato (concessão), ato unilateral
(permissão, autorização) também pode retomar o serviço, mediante indenização
• transfere-se a titularidade • transfere-se a execução (lucros cessantes). Nas relações com o público, o
• caráter definitivo • caráter transitório concessionário fica sujeito ao regulamento e ao contrato.
Findo o contrato, os direitos e bens vinculados ao serviço
retornam ao poder concedente. O Poder Público regula-
Outorga
menta e controla o concessionário. Toda concessão fica
submetida a normas de ordem regulamentar, que são a
Tecemos, agora, algumas considerações sobre os
lei do serviço. Estas normas regram sua prestação e
serviços sociais autônomos, ou Entes de Cooperação.
podem ser alteradas unilateralmente pelo Poder Público.
São pessoas jurídicas de direito privado, criados ou
Fica também submetida a normas de ordem contratual,
autorizados por lei, para prestar serviços de interesse social
que fixam as cláusulas econômicas da concessão e só
ou de utilidade pública, geridos conforme seus estatutos,
aprovados por Decretos, e podendo arrecadar contribuições podem ser alteradas pelo acordo das partes. A alteração
parafiscais. São pessoas jurídicas de direito privado, sem das tarifas que remuneram os serviços concedidos se faz
fins lucrativos. Podem receber dotações orçamentárias. por decreto.
Geralmente se destinam à realização de atividades
técnicas, científicas educacionais ou assistencial, como o Garantia do concessionário
Sesi, Sesc, Senai, Senac. Revestem a forma de sociedades
civis, fundações ou associações. O concessionário tem a seguinte garantia: o equilíbrio
Estes entes estão sujeitos à supervisão ministerial, nos econômico-financeiro do contrato (rentabilidade
termos do Decreto-Lei nº 200/67, e se sujeitam a uma assegurada).
vinculação ao ministério em cuja área de competência se
enquadrar sua principal atividade. Utilizam-se de Poderes do concedente
dinheiros públicos, como são as contribuições parafiscais,
e devem prestar contas do regular emprego deste dinheiro, A Administração Pública tem sobre o concessionário
na conformidade da lei competente. Seus funcionários são os seguintes poderes:
celetistas e são equiparados a funcionários públicos para • poder de inspeção e fiscalização sobre as ativida-
fins penais. Sujeitam-se a exigência de licitação. des do concessionário, para verificar se este cum-
pre regularmente as obrigações que assumiu;
Delegação • poder de alteração unilateral das cláusulas re-
gulamentares, isto é, poder de impor modificações
É o ato pelo qual o Poder Público transfere a relativas à organização do serviço, seu funciona-
particulares a execução de serviços públicos, mediante mento, e às tarifas e taxas cobradas do usuário;
regulamentação e controle pelo Poder Público delegante. • poder de extinguir a concessão antes de findo o
A delegação pode ser feita por: prazo inicialmente previsto.
• concessão; A concessão é uma técnica através da qual o Poder
• permissão; Público procura obter o melhor serviço possível; por isto,
• autorização. cabe-lhe retomar o serviço sempre que o interesse público
o aconselhar.
Concessão de Serviço Público
Remuneração
Concessão de serviço público é o contrato através do
qual o Estado delega a alguém o exercício de um serviço É feita através de tarifas e não por taxas. Esta tarifa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público e este aceita prestá-lo em nome do Poder Público deve permitir uma justa remuneração do capital. A revisão
sob condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo das tarifas é ato exclusivo do poder concedente e se faz
Estado, mas por sua conta, risco, remunerando-se pela por decreto.
cobrança de tarifas diretamente dos usuários do serviço e
tendo a garantia de um equilíbrio econômico-financeiro. Direito do concessionário
A concessão pode ser contratual ou legal. É contratual
quando se concede a prestação de serviços públicos aos O concessionário tem, basicamente, dois direitos:
particulares. É legal quando a concessão é feita a entidades • o de que não lhe seja exigido o desempenho de ati-
autárquicas e empresas estatais. vidade diversa daquela que motivou a concessão;
A concessão é intuitu personae, isto é, não pode o • o da manutenção do equilíbrio econômico-finan-
concessionário transferir o contrato para terceiros. ceiro.
76
Para que o equilíbrio econômico-financeiro se A revogação da permissão pela Administração pode
mantenha, o Estado, cada vez que impuser alterações nas ser a qualquer momento, sem que o particular se oponha,
obrigações do concessionário, deverá alterar a sua exceto se for permissão condicionada.
remuneração, para que não tenha prejuízos. Os riscos do serviço são por conta do permissionário.
O controle do serviço é por conta da Administração, que
Direito do usuário (ver art. 7º da Lei nº 8.987/95) pode intervir no serviço.
A permissão não assegura exclusividade ao per-
Os usuários, atendidas as condições relativas à missionário, exceto se constar de cláusula expressa.
prestação do serviço e dentro das possibilidades normais Assim como a concessão, a permissão deve ser
dele, têm direito ao serviço. O concessionário não lhe precedida de licitação para escolha do permissionário.
poderá negar ou interromper a prestação. Cumpridas pelo Os atos praticados pelos permissionários revestem-
usuário as exigências estatuídas, o concessionário está se de certa autoridade em virtude da delegação recebida e
obrigado a oferecer, de modo contínuo e regular, o serviço são passíveis de mandado de segurança.
cuja prestação lhe incumba. A responsabilidade por danos causados a terceiros é
do permissionário. Apenas subsidiariamente a Adminis-
Extinção da concessão (Ver art. 35 da Lei nº 8.987/95) tração pode ser responsabilizada pela culpa na escolha
ou na fiscalização do executor dos serviços.
A extinção da concessão pode se dar por:
• advento do termo contratual – é o retorno do servi- Autorização
ço ao poder concedente, pelo término do prazo
contratual. Abrange os bens vinculados ao servi- É o ato administrativo discricionário e precário pelo
ço. qual o Poder Público torna possível ao particular a
• encampação – é o retorno do serviço ao poder realização de certa atividade, serviço ou utilização de
concedente pela retomada coativa do serviço, an- determinados bens particulares ou públicos, de seu
tes do término do contrato mediante lei autoriza- exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona
dora. Neste caso, há indenização. A encampação à aquiescência prévia da Administração. Exs.: serviço de
pode ocorrer pela desapropriação dos bens vin- táxi, serviço de despachante, serviço de segurança
culados ao serviço ou pela expropriação das ações. particular.
• caducidade – é o desfazimento do contrato por ato
unilateral da Administração ou por decisão judi- Características
cial. Há indenização. Ocorre rescisão por ato unila-
É ato unilateral da Administração:
teral quando há inadimplência.
• precário;
• anulação – é a invalidação do contrato por ilegali-
• discricionário;
dade. Não há indenização. Os efeitos são a partir
• no interesse do particular;
do início do contrato.
• intuitu personae.
Permissão
Cessação
Permissão de serviço público é o ato unilateral,
Pode dar-se a qualquer momento, sem que a Adminis-
precário e discricionário, através do qual o Poder Público
tração tenha que indenizar.
transfere a alguém o desempenho de um serviço público,
proporcionando ao permissionário a possibilidade de Remuneração
cobrança de tarifa aos usuários.
A permissão pode ser unilateralmente revogada, a Dá-se por tarifas.
qualquer tempo, pela Administração, sem que deva pagar
ao permissionário qualquer indenização, exceto se se tratar Licitação
de permissão condicionada que é aquela em que o Poder
Público se autolimita na faculdade discricionária de revogá- Exige-se se for para permissão de serviços públicos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

la a qualquer tempo, fixando em lei o prazo de sua vigência. (CF, art. 175). Para a realização de atividade pelo particular
A permissão condicionada é usada geralmente para ou para a utilização de certos bens, como regra não se
transportes coletivos. Neste caso, se revogada ou alterada, exige a licitação, mas pode-se coletar seleção por outro
dá causas a indenização. sistema.
São características da permissão: Há que se observar que os serviços autorizados não
• unilateralidade (é ato administrativo e não con- se beneficiam da prerrogativa de serviço público.
trato); Os executores dos serviços autorizados não são
• discricionariedade; agentes públicos, não praticam atos administrativos e,
• precariedade; portanto, não há responsabilidade da Administração pelos
• intuitu personae. danos causados a terceiros.
77
Tarifas

É o preço correspondente à remuneração dos serviços


delegados (concessão, permissão e autorização). Seu
preço é pago pelo usuário do serviço ao concessionário,
permissionário ou autoritário, e é proporcional aos serviços
prestados. Não é tributo. A tarifa deve permitir a justa
remuneração do capital pelo que deve incluir em seu cálculo
os custos do serviço prestado mais a remuneração do
capital empregado, que vai-se deteriorando e desvalori-
zando com o decurso do tempo. As revisões das tarifas
são de exclusiva competência do Poder Público.

Convênios e consórcios

Convênios

Convênios administrativos são acordos firmados por


entidades públicas entre si ou com organizações parti-
culares, para a realização de objetivos de interesses recí-
procos.
São utilizados para a realização de grandes obras ou
serviços.

Particularidades

a) Não é contrato. Não há partes. Há partícipes.


b) Os interesses são coincidentes e não opostos como
no contrato.
c) Cada um colabora conforme suas possibilidades.
d) Não existe vínculo contratual.
e) Cada um pode denunciá-lo quando quiser.
f) É uma cooperação associativa.
g) Não adquire personalidade jurídica.
h) Não tem representante legal.
i) É instrumento de descentralização (art. 10, § 1º, b,
do Decreto-Lei nº 200/67).
j) Não tem forma própria.
l) Exige autorização legislativa e recursos financeiros
reservados.
m) Não tem órgão diretivo.

Consórcios

Consórcios administrativos são acordos firmados


entre entidades estatais, autarquias ou paraestatais,
sempre da mesma espécie, para a realização de objetivos
de interesse comum dos partícipes.

Diferença com o Convênio

Convênio – é realizado entre partícipes de espécies


diferentes.
Consórcios – é realizado entre partícipes da mesma
espécie.

Término dos Convênios

Qualquer partícipe pode denunciá-lo e retirar sua


cooperação quando quiser, ficando responsável pelas
obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que
participou do Convênio.
EXERCÍCIOS

1. Julgue os seguintes itens relativos aos princípios


constitucionais da Administração Pública.
a) Contraria o princípio constitucional de publicida-
de da Administração Pública o fato de um fiscal de
contribuições previdenciárias autuar empresa ex-
clusivamente porque o proprietário é seu desafeto.
b) No regime da Constituição de 1988, em nenhuma
hipótese haverá greve lícita do servidor público.
c) No regime constitucional vigente, a perda da fun-
ção pública e dos direitos políticos, a indisponibi-
lidade de bens e a obrigação de ressarcir as entida-
des de direito público por improbidade no exercí-
cio de cargo público só podem ser cumulatividade
decretadas em conseqüência de condenação cri-
minal.
d) O princípio constitucional da inacumulabilidade de
cargos públicos não se aplica sempre que o ser-
vidor ocupar um cargo federal e outro municipal.
e) Uma vez que a licitação permite a disputa de várias
pessoas que satisfaçam a critérios da lei e do edital,
é correto afirmar que, com isso, estão sendo obser-
vados os princípios constitucionais da isonomia,
da legalidade e da impessoalidade da Administra-
ção Pública.

2. Em relação aos princípios do Direito Administrativo,


julgue os seguintes itens.
a) De um ponto de vista eminentemente prático, não
há diferença entre os princípios e as regras jurídi-
cas, desde que ambos estejam consubstanciados
em normas de direito positivo.
b) É correto afirmar que, como decorrência do Estado
democrático de direito e do princípio da legalida-
de, a lei, em sentido formal e material, deve regular
completa e exaustivamente toda a atividade da Ad-
ministração Pública.
c) Admite-se terem eficácia tão-somente os princípi-
os expressamente consagrados em normas de di-
reito positivo.
d) O princípio da moralidade, pela vagueza, pela sub-
jetividade e pela indeterminação que caracterizam
o termo moralidade, constitui, na verdade, norma
programática na Constituição, como exortação ao
administrador.
e) Os atos da Administração praticados sob sigilo
têm natureza excepcional, sendo, em princípio,
inconstitucionais, as leis que atribuam caráter não-
público, a atos estatais de modo generalizado.

3. Quanto à estrutura da Administração Pública federal,


julgue os itens a seguir.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Embora seja pessoa jurídica de direito privado, a


empresa pública federal caracteriza-se por ser com-
posta apenas por capital público.
b) Ao contrário das entidades da Administração Pú-
blica indireta, os órgãos da Administração Pública
direta, têm personalidade jurídica de direito públi-
co.
c) O fato de as sociedades de economia mista qualifi-
carem-se como pessoas jurídicas de direito priva-
do torna desnecessário que as mesmas sejam cria-
das por lei específica.
d) No Direito Administrativo brasileiro, autarquia b) Sob a ótica dos contratos administrativos, con-
conceitua-se como um patrimônio público dotado funde-se com o fato do príncipe, permitindo ao
de personalidade jurídica para consecução de fi- contratante particular, no regime da atual Lei de
nalidade especificada em lei. Licitações, invocar a exceptio non adimpleti
e) A autarquia é concebida como pessoa jurídica des- contractus.
tinada ao desenvolvimento de atividade econômi- c) Assim como o ato administrativo, o fato adminis-
ca pelo Estado, de modo descentralizado. trativo goza de presunção de legitimidade, a qual,
no entanto, é juris tantum e não juris et de jure,
4. Julgue os itens. As autarquias caracterizam-se podendo ser afastada por decisão em procedimen-
a) pelo desempenho de atividades tipicamente esta- to administrativo ou processo judicial.
tais. d) O fato administrativo não é passível de anulação
b) por serem entidades dotadas de personalidades ou de revogação, mesmo quando decorrente de
jurídica de direito público. decisão administrativa inconstitucional.
c) por beneficiarem-se dos mesmos prazos proces- e) Os Tribunais de Contas, diferentemente do Poder
suais aplicáveis à Administração Pública centrali- Judiciário, podem e devem aquilatar o conteúdo
zada. de discricionariedade do fato administrativo, no
d) como órgãos prestadores de serviços públicos exame de sua economicidade, por expressa deter-
dotados de autonomia administrativa. minação constitucional.
e) por integrarem a Administração Pública centralizada.
8. A respeito dos atos administrativos, julgue os itens
5. Em decorrência da conformação constitucional dos que se seguem.
princípios da Administração, julgue os itens. a) A nomeação de Ministro do Supremo Tribunal
a) Não pode o Judiciário avaliar o elemento moral do Federal caracteriza um ato administrativo comple-
ato administrativo discricionário, porque aquele se xo.
encontra no âmbito do mérito deste. b) A escolha do Diretor-Geral do Senado Federal ca-
b) Há détournement de pouvoir ou desvio de poder racteriza um ato administrativo discricionário.
c) O ato administrativo discricionário é insuscetível
quando o agente persegue finalidade de interesse
de controle judicial.
público estranha à destinação do ato que praticou.
d) A anulação do ato administrativo é o desfazimento
c) A Constituição não admite exceções ao princípio
do ato inoportuno ou inconveniente, ou, em ou-
da legalidade.
tras palavras, é o desfazimento do ato por vício de
d) A ação estatal lícita, harmônica com a Constitui-
mérito.
ção e com as leis, não fere o direito e, portanto, não e) Além da própria Administração, editora do ato, o
gera responsabilidade civil. Poder competente para a revogação do ato admi-
e) Supre a exigência de publicidade a divulgação dos nistrativo é o Judiciário.
atos administrativos na imprensa não-oficial, pela
televisão ou pelo rádio, desde que em horário ofi- 9. Julgue os itens abaixo, quanto aos atos administrati-
cial. vos.
a) Caso exista norma jurídica válida, prevendo que o
6. De acordo com o Direito Administrativo, a personali- atraso no recolhimento de contribuição previ-
dade jurídica de direito público é conferida a determi- denciária enseja multa de 5% calculada sobre o
nados entes, em razão do desempenho de função valor devido, a aplicação desse dispositivo legal
pública própria e típica. Diversamente à entidade será será definida como atividade discricionária.
atribuída personalidade jurídica de direito privado, em b) Segundo a lei e a doutrina majoritária, motivo, for-
razão do desempenho de função pública atípica, dele- ma, finalidade, competência e objeto integram o
gada pelo Estado. Em relação a esse tema, julgue os ato administrativo.
seguintes itens. c) No Direito brasileiro, atos administrativos válidos
a) A União é pessoa jurídica de direito público exter- podem ser revogados.
no. d) Mesmo que ditada pelo interesse público, a revo-
b) Os Estados e os Municípios são pessoas jurídicas gação de um ato administrativo que afete a relação
de direito público interno. jurídica mantida entre o Estado e um particular pode
c) As sociedades de economia mista, ao contrário das gerar o dever de o primeiro indenizar o segundo.
empresas públicas, são pessoas jurídicas de direi- e) Não cabe ao Judiciário indagar do objetivo visado
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to privado. pelo agente público ao praticar determinado ato,


d) As fundações públicas são pessoas jurídicas de se verificar que o administrador atuou nos limites
direito privado. de sua competência.
e) As autarquias e os partidos políticos são pessoas
jurídicas de direito público interno. 10. Ainda acerca dos atos administrativos, julgue os se-
guintes itens.
7. Com relação ao fato administrativo, julgue os itens a) Em linha de princípio, o agente público carente de
que se seguem. competência para a prática de um certo ato pode
a) Pode ser entendido como realizado material da substituir o agente competente para tanto, desde
Administração em decorrência de decisão admi- que ambos pertençam ao mesmo órgão ao qual
nistrativa. está afeto o conteúdo do ato a ser praticado.
b) Em razão do princípio constitucional da legalida- b) quando omissa a lei, pode ser praeter legem, dis-
de, a Administração Pública pode, unilateralmente pondo sobre qualquer matéria concernente à ativi-
– isto é, sem ouvir o particular – editar o ato admi- dade administrativa.
nistrativo II para revogar o ato administrativo I, c) quando configura o chamado decreto autônomo,
que reconheceu, ao administrado, o preenchimen- é aceito pela maioria da doutrina administrativa
to das condições para exercer um direito subjeti- brasileira.
vo, caso constate a ilicitude do ato I. d) em razão da generalidade que caracteriza a lei stricto
c) Ao Judiciário somente é dado anular atos adminis- sensu, deve sempre interpor-se entre a produção e
trativos, não podendo revogá-los. a aplicação dela, a fim de que esta possa regular-
d) Um ato administrativo será válido, se preencher mente ocorrer no âmbito da Administração Públi-
todos os requisitos jurídicos para a sua prática, ca.
nada importando considerações morais a respeito e) quanto à forma, deve estar exclusivamente conti-
do seu conteúdo. do em decretos.
e) Sendo o ato administrativo legal, porém inconve-
niente ou inoportuno, à Administração Pública é 14. Acerca dos poderes da Administração Pública, jul-
dado anulá-lo. gue os itens a seguir.
a) Considere que Cândido seja fiscal do Instituto Bra-
11. Acerca do controle da Administração, julgue os itens sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
seguintes. Renováveis (IBAMA), atuando na repressão à ex-
a) A revogação é privativa da própria Administra- ploração ilegal de madeiras, e que, pelas normas
ção. aplicáveis a seu trabalho, Cândido seja obrigado a
b) O motivo da revogação é a inconveniência ou a apreender a madeira ilegalmente extraída que en-
inoportunidade de um ato administrativo. contrar no trabalho de fiscalização e a aplicar multa
c) A Administração, para anular ato administrativo, aos responsáveis pela extração e pelo transporte
depende de provocação do interessado. do madeirame. Assim, estes são exemplos de atos
d) Todo ato administrativo ilegal tem, necessariamen- resultantes do poder discricionário que Cândido
te, de ser anulado e seus efeitos, em conseqüên-
detém.
cia, excluídos do mundo jurídico.
b) O ato praticado no exercício de poder discricioná-
e) Os tribunais de contas, órgãos do Poder Legis-
rio é imune a controle judicial.
lativo, podem, em certos casos, sustar a execução
c) Considere a seguinte situação: Fátima é Delegada
de atos administrativos que julgue ilegais.
de Polícia Federal e Superintendente Regional da
12. Julgue os itens a seguir, a respeito dos atos adminis- SR do DPF no Estado de Minas Gerais. Um servi-
trativos. dor lotado naquela SR foi alvo de procedimento
a) Domina o Direito Administrativo o princípio da administrativo, por haver-se envolvido em vias de
supremacia do interesse público. Um de seus fato com um colega, por discussão irrelevante. Por
corolários é o de que o ato administrativo, se atin- delegação do Diretor do DPF, a Superintendente
gir finalidade pública, não será passível de anula- aplicou ao servidor, após o devido processo legal,
ção por alegação de desvio de poder. pena de suspensão por quinze dias. Em outra oca-
b) Havendo revogação da revogação do ato admi- sião, a Superintendente constatou que os atos ad-
nistrativo, este voltará a produzir efeitos tão-so- ministrativos praticados na SR freqüentemente apre-
mente a partir da segunda revogação. sentavam defeitos formais, o que a fez chamar a
c) A despeito do princípio constitucional da inafasta- seu gabinete os servidores responsáveis e orientá-
bilidade ou universalidade da jurisdição (“a lei não los, no exercício de coordenação e revisão pró-
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão prias da Administração. Na situação apresentada,
ou ameaça a direito”), nem todos os atos adminis- as medidas tomadas pela Superintendente são
trativos os seus efeitos são passíveis de invalida- exemplos de atos praticados em decorrência do po-
ção judicial. der disciplinar.
d) De acordo com Seabra Fagundes, “administrar é d) A hierarquia implica o dever de obediência do su-
aplicar a lei de ofício”: a administração não carece balterno, dever que, no entanto, não é absoluto.
de ordens judiciais para agir, necessitando de re- e) A hierarquia implica, como regra geral, as faculda-
curso ao Poder Judiciário apenas excepcionalmen- des de o superior delegar ou avocar atribuições.
te. A executoriedade (ou auto-executoriedade) é a
15. Com relação aos poderes da Administração Pública,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

razão dessa característica do funcionamento da


Administração Pública e consiste em apanágio dos julgue os itens seguintes.
atos da administração em geral. a) Nos sistemas administrativos hierarquizados, o
e) No Brasil, vigora o sistema inglês de controle dos poder de delegação não precisa ser expresso na
atos da Administração Pública. lei, a despeito do princípio da legalidade, que ca-
racteriza a atividade administrativa.
13. Julgue os itens. O ato administrativo normativo b) Mesmo nos atos praticados no exercício de poder
a) a despeito de seu conteúdo genérico, é sempre discricionário, há certos aspectos ou elementos do
passível de contraste por via de mandado de se- ato que são vinculados.
gurança, segundo a jurisprudência do STF, em face c) Nos atos chamados vinculados, não existe espaço
do princípio da universalidade (ou inafastabilidade) algum para a interferência de aspectos subjetivos
da jurisdição. do agente público.
d) A capacidade de avocar é inerente ao poder hierár- rou emitir tais títulos, mas, devido às dificuldades
quico, de modo que o superior pode avocar quais- por que passavam as finanças públicas estaduais,
quer atos de competência do inferior. determinou a utilização dos recursos oriundos da
e) A despeito do que diz Súmula do STF (“A Admi- negociação dos títulos no pagamento de dívidas
nistração pode anular seus próprios atos, quando para com fornecedores do estado e de vencimen-
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque tos dos servidores públicos. Na situação descrita,
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por como foi atendido interesse público, a utilização
motivos de conveniência e oportunidade, respei- dos recursos foi juridicamente válida.
tados os direitos adquiridos, e ressalvado em to- e) O poder de polícia é conferido à administração
dos os casos a apreciação judicial.”), a revisão dos pública, decorre da supremacia do interesse públi-
atos administrativos, com base no poder hierár- co sobre o particular e implica a limitação de certos
quico, não pode modificar, revogar ou anular to- direitos dos cidadãos; entretanto, o exercício da
dos os atos praticados pela administração pública atribuição de polícia pode ser delegado.
(ou seus efeitos), ainda que respeitando os direi-
tos adquiridos. 17. Quanto à disciplina dos servidores regidos pelo Re-
gime Jurídico da União (Lei nº 8.112/90), julgue os
16. A respeito dos agentes públicos e dos poderes admi- itens.
nistrativos, julgue os itens abaixo. a) Alcança tanto os servidores públicos das autar-
a) Considere a seguinte situação: Lucíola é servidora quias federais quanto os das fundações públicas
pública, encarregada de dar seqüência a procedi- federais.
mentos administrativos no órgão em que trabalha. b) Prevê expressamente a aposentadoria por invalidez,
Em um determinado dia, ela chegou de mau humor com proventos integrais, nos casos de síndrome
à repartição e resolveu que nada faria com os au- de imunodeficiência adquirida (Sida/Aids).
tos sob sua responsabilidade, deixando para dar, c) Prevê pagamento, apenas para as servidoras, de
no dia subseqüente, o andamento devido a eles, o auxílio-natalidade, por motivo de nascimento ou
que realmente fez. Os autos administrativos sofre- adoção.
ram apenas o atraso de um dia em seu processa- d) Determina que o provento proporcional de apo-
mento, e ninguém chegou a sofrer prejuízo em ra- sentadoria não seja inferior a 3/5 (três quintos) da
zão disso. Na situação descrita, Lucíola, juridica- remuneração da atividade.
mente, não infringiu seus deveres funcionais. e) Determina que o servidor aposentado com proven-
b) Considere a seguinte situação: Ana é Delegada de to proporcional ao tempo de serviço que vier a ser
Polícia Federal e tem, sob sua responsabilidade, acometido por hanseniase passe a perceber
diversos bens de alto valor apreendidos em ações provento integral.
policiais. Em certa e recente ocasião, em um dia de
domingo em que estava escalada para trabalhar, 18. Na análise dos atos relativos a pessoal, inclusive para
Ana chegou cansada à repartição policial, devido fins de registro, os Tribunais de Contas devem consi-
à festa de aniversário a que compareceu na véspe- derar certas regras. Com relação a essas regras, jul-
ra e que se prolongou noite adentro. Ana dormiu gue os itens a seguir.
durante boa parte de seu horário de trabalho nesse a) O Supremo Tribunal Federal admite o provimento
dia e, com isso, culposamente, propiciou que João, derivado de cargo público.
desonesto servidor do DPF, surrupiasse alguns b) O Supremo Tribunal Federal admite que a União
dos bens sob custódia da referida servidora. A mantenha sistema de investidura derivada horizon-
autoria da subtração jamais foi descoberta, con- tal (transferência).
cluindo-se pela culpa da Delegada. Na situação c) Os estados-membros podem estabelecer mecanis-
descrita, a ação de indenização cabível contra Ana, mos de investidura derivada vertical, como a as-
para ressarcimento do erário, poderá ser ajuizada censão, o acesso e a transposição.
independentemente de prazo. d) No TCU, a análise do ato sujeito a registro não
c) Considere a seguinte situação: Ricardo é fiscal sa- gera instauração de tomada de contas especial.
nitário e, em operação de rotina, constatou que e) Ante a vigente Constituição, não mais se admitem
determinado estabelecimento comercial vendia ali- limitações a livre acessibilidade dos brasileiros aos
mentos impróprios para consumo. Segundo a cargos públicos em razão do sexo ou da idade (sal-
normatização aplicável, competiria ao fiscal ape- vo, neste caso, em decorrência de normas da pró-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nas apreender o produto e aplicar multa ao respon- pria Constituição).


sável. Ricardo, no entanto, acreditando que sua
ação seria mais eficaz, também interditou o estabe- 19. A Constituição da República prevê a possibilidade
lecimento. Na situação descrita, a interdição é juri- de o servidor público civil exercer o direito de greve.
dicamente inválida. Passado o mês de janeiro de 1997, sem que tenha
d) Considere a seguinte situação: uma lei permite aos havido o reajuste anual de vencimentos, os funcioná-
estados da Federação a emissão de títulos da dívi- rios do Poder Executivo federal, cientes daquela ino-
da pública, cujo produto da venda deverá ser, em vação constitucional, decidem deflagrar um movimen-
razão do mesmo instrumento normativo, aplicado to paredista. O Ministério da Administração Federal e
exclusivamente nos serviços de saúde e educa- Reforma do Estado (MARE), todavia, determina o corte
ção. O governador de determinado estado delibe- do ponto dos grevistas e a aplicação das sanções
adequadas às situações de ausência ao serviço. Em 22. A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe
face da situação apresentada, considerando o atual sobre o Regime Jurídico (RJ) dos servidores públicos
quadro legislativo brasileiro, julgue os seguintes itens. civis federais, sofreu diversas e profundas alterações
a) É correta a atitude do Mare, pois, com base no com a conversão da Medida Provisória nº 1.573, e
entendimento dos Tribunais Superiores, não po- suas diversas reedições, na Lei nº 9.527, de 10 de de-
diam os servidores entrar em greve. zembro de 1997. Acerca dessas alterações, julgue os
b) Cabia aos servidores impetrar mandado de segu- itens abaixo.
rança, com o escopo de garantir o direito ao reajus- a) Apenas os servidores da União e das autarquias,
te de vencimentos na data-base, segundo entendi- federais passam a ser regidos pelo RJ, os emprega-
mento jurisprudencial recentemente firmado. dos de empresas públicas, sociedades de econo-
c) Os servidores que não tiverem aderido à paralisa- mia mista e fundações públicas serão regidos pelo
ção poderão perceber, durante o período de greve, regime celetista.
adicional por serviço extraordinário (horas extras).
b) A ascensão e o acesso, que já haviam sido decla-
d) Os danos ao erário provocados pelos grevistas
rados inconstitucionais pelo STF, foram excluídos
poderão ser objeto de ação, imprescritível, de res-
do RJ.
sarcimento.
e) Os ocupantes de cargos em comissão deverão ser c) Da data da posse, o servidor deverá entrar em exer-
demitidos. cício no prazo de quinze dias, improrrogáveis.
d) O estágio probatório para servidor nomeado para
20. Ainda a respeito do servidor público, julgue os itens cargo de provimento efetivo passa a ser de trinta
abaixo. meses.
a) O princípio da não-cumulatividade das sanções, e) Passa a ser admitida a demissão de servidor está-
aplicável aos servidores públicos, significa que a vel em decorrência de número excessivo de servi-
imposição de sanção penal por cometimento de dores.
crime praticado por servidor público, na qualidade
de agente administrativo, afasta a responsabilida- 23. Em face das regras constantes no RJ dos servidores
de administrativa. públicos civis da União acerca das suas responsabi-
b) Absolvido o servidor público de imputação de lidades civil, penal e administrativa, julgue os itens
cometimento de crime, por negativa da existência seguintes.
do fato ou por negativa de autoria, afastada estará a) Considere que tenha sido instaurado, contra ser-
a responsabilidade administrativa. vidor, processo penal pelo cometimento de crime
c) No processo administrativo disciplinar, nunca há a contra a Administração Pública, e que este foi ab-
oportunidade de prova testemunhal, pois, sendo a solvido pela negativa de autoria. Em face dessa
atividade administrativa formal, todo o ato admi- situação, a responsabilidade administrativa do ser-
nistrativo irregular provar-se-á sempre mediante vidor ficará automaticamente afastada.
documento. b) Caso o servidor público a quem se imputou o de-
d) A conjugação dos princípios da verdade material e ver de indenizar prejuízo causado ao erário venha
da legalidade, aplicáveis ao processo administrati- a falecer, essa obrigação de reparar o dano poderá
vo, pode, excepcionalmente, afastar a audiência do ser estendida aos sucessores.
interessado, mas nunca o acesso ao Judiciário. c) As sanções civis, penais e administrativas não
e) Após dois anos de efetivo exercício, o servidor poderão ser cumuladas, a fim de se evitar múltipla
público nomeado em virtude de aprovação em con-
punição.
curso público torna-se estável, só perdendo o car-
d) Condenado criminalmente o servidor por fato que
go, a partir de então, em razão de sentença judicial
transitada em julgado. causou prejuízo a terceiro, a vítima do dano deverá
demandar a indenização apenas do servidor, res-
21. Com relação aos servidores públicos, julgue os itens tando de pronto afastada a responsabilidade civil
que se seguem. da administração.
a) A nacionalidade brasileira, a idade mínima de e) A responsabilidade civil do servidor decorrerá ape-
dezesseis anos e a aptidão física e mental são al- nas de ato doloso, seja este comissivo ou omissivo.
guns requisitos básicos para a investidura em car-
go público. 24. A responsabilidade civil da Administração Pública,
b) A feição hierarquizada da Administração Pública disciplinada pela Constituição Federal em seu art. 37,
impõe que o servidor cumpra as ordens superio- § 6º, passou por diversas etapas até chegar ao seu
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

res, mesmo que manifestamente ilegais. estágio atual de evolução. De uma fase inicial em que
c) O servidor público pode atuar em repartições pú- o Estado não respondia pelos prejuízos causados aos
blicas como procurador ou intermediário de cônju- particulares, a responsabilidade civil da Administra-
ge, quando se tratar de benefício previdenciário. ção Pública obedece atualmente a regras especiais de
d) O exercício irregular das atribuições do cargo pode Direito Público. A respeito desse tema, julgue os itens
acarretar responsabilidade civil e administrativa do a seguir.
servidor público. a) Vigora no Brasil, como regra, a teoria do risco inte-
e) A lei impõe expressamente os seguintes deveres gral da responsabilidade civil.
ao servidor público: sigilo acerca de assuntos da b) Quando demandado regressivamente, o agente
repartição, conservação do patrimônio público e causador do prejuízo responderá de forma objeti-
lealdade à instituição. va perante a Administração Pública.
c) Em face de prejuízos causados a particulares, as d) Sempre que o servidor for transferido, removido,
empresas privadas prestadoras de serviços públi- redistribuído, requisitado ou cedido, devendo, em
cos submetem-se às mesmas regras de responsa- razão disso, ter exercício em outra sede, deverá ini-
bilidade civil aplicáveis aos entes públicos. ciar o trabalho imediatamente após o período estri-
d) Será subjetiva a responsabilidade civil do Estado tamente necessário ao deslocamento para a nova
por acidentes nucleares. localidade.
e) Ainda que se comprove erro judiciário, o Estado e) O ocupante de cargo em comissão tem o dever de
não estará obrigado a indenizar o condenado, haja trabalhar unicamente até o máximo de quarenta
vista a sentença judicial não possuir natureza de horas semanais, ressalvado o disposto em lei es-
ato administrativo. pecial.

25. Fernanda, Delegada de Polícia Federal, comanda uma 27. Lúcio foi aprovado em concurso público para o cargo
equipe que está em perseguição automobilística a uma de Agente de Polícia Federal. Tomou posse e, no pra-
quadrilha de traficantes internacionais de crianças. zo legal, entrou em exercício. Durante o estágio
Ambos os veículos – o do DPF e o dos delinqüentes probatório, verificou-se que Lúcio infringiu, sistema-
– trafegam em velocidade relativamente elevada em ticamente, o dever de assiduidade, o que foi apurado
zona urbana. Durante a perseguição, Lúcia, Agente na avaliação final desse período. Considerando esse
de Polícia Federal, que conduzia a viatura policial, ape- quadro e à luz da Lei nº 8.112/90, julgue os itens que
sar de toda a cautela com que dirigia, não conseguiu se seguem.
evitar colisão com o automóvel de Francisca, cidadã a) Ao cabo do estágio probatório, Lúcio poderá ser
que trafegava em uma das vias pelas quais passaram exonerado, em razão da infringência ao dever legal
os automóveis envolvidos na perseguição. O auto- de assiduidade.
móvel de Francisca sofreu danos materiais e a filha b) Se Lúcio fosse servidor estável da Administração
menor dela, lesões corporais graves. Ao final do com- Pública federal antes da posse no novo cargo, não
petente procedimento administrativo, instaurado para seria afastado do serviço público devido à repro-
apurar esses fatos, concluiu-se que Fernanda e Lúcia vação no estágio probatório. Nesse caso, seria
reconduzido ao cargo que anteriormente ocupava.
não agiram com culpa.
c) O período de avaliação conhecido como estágio
Em face da situação apresentada e considerando as
probatório dura, no máximo, trinta meses.
normas aplicáveis à responsabilidade do Estado e de
d) Caso Lúcio adquirisse estabilidade no novo car-
seus agentes, julgue os itens a seguir, observando,
go, só mediante sentença judicial poderia perdê-
em cada um, apenas os aspectos especificamente in-
lo.
dicados. e) A indisciplina, a falta de tentativa, a deficiência de
a) A União poderá ser civilmente responsabilizada produtividade e a ausência de responsabilidade
pelos danos materiais causados à propriedade de são causas que podem levar o servidor à reprova-
Francisca. ção do estágio probatório.
b) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro-
cedimento administrativo, Fernanda poderá ser ci- 28. Acerca do regime jurídico dos servidores públicos
vilmente responsabilizada pelos danos materiais civis, julgue os itens que se seguem.
causados à propriedade de Francisca. a) A ação de responsabilidade civil do servidor, por
c) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro- dano ao erário, é imprescritível, a despeito da sis-
cedimento administrativo, Lúcia poderá ser civil- temática e da tradição geral do Direito brasileiro.
mente responsabilizada pelos danos materiais cau- b) Se a Administração apurar, a qualquer momento,
sados à propriedade de Francisca. que a conduta de serviço público apresenta indí-
d) Se Lúcia fosse penalmente condenada pelas lesões cios de ilicitude penal, deverá remeter ao Ministé-
corporais causadas à filha de Francisca, as conclu- rio Público cópia dos autos do inquérito, mas ape-
sões do procedimento administrativo estariam pre- nas quando de sua conclusão.
judicadas, para efeito de responsabilidades civil e c) As sanções punitivas disciplinares previstas na
penal. Lei nº 8.112/90 estão indicadas em escala ascen-
e) Independentemente das responsabilidades civil e dente de gravidade (advertência, suspensão e de-
penal e ainda que seja absolvido em relação a es- missão, para os servidores da ativa; cassação de
tas, o agente público pode, dependendo do caso aposentadoria ou disponibilidade, para os inati-
concreto, ser responsabilizado na esfera adminis- vos; e destituição de cargo ou função comissionada,
trativa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nos casos de comissionamento). Essas punições


não podem ser aplicadas per saltum, devendo sem-
26. Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Civis da pre a mais grave ser aplicada em caso de reincidên-
União, instituído com a Lei nº 8.112, de 11 de dezem- cia em infração menos grave.
bro de 1990, julgue os seguintes itens. d) O Direito Administrativo disciplinar baseia-se em
a) Apenas o cidadão, pessoalmente, pede tomar pos- certo grau de discricionariedade, tanto que nele
se em cargo público, sendo vedada a posse por não se aplica rigorosamente o princípio da
procuração. tipicidade, próprio do Direito Penal, uma vez que
b) O indivíduo considerado mentalmente inapto não as infrações disciplinares não são necessariamen-
pode, pela lei, tomar posse em cargo público. te descritas de modo preciso. Não obstante, desde
c) Após a posse, o servidor terá até sessenta dias que seja regularmente apurado o cometimento de
para entrar em exercício. ilícito disciplinar, não há margem para que a autori-
dade administrativa deixe de aplicar a sanção cor- GABARITO
respondente e, se for o caso, de comunicá-la ao
1. F, F, F, F, V
Ministério Público, porque, para esse fim, não há
discricionariedade. 2. F, F, F, F, V
e) A liquidação administrativa da responsabilidade 3. V, F, V, F, F
do servidor por dano ao erário deve, necessaria- 4. V, V, V, F, F
mente, dar-se mediante o desconto mensal de par- 5. F, V, F, F, F
celas não-excedentes a décima parte da remunera- 6. F, V, F, F, F
ção ou provento, em valores atualizados. 7. V, F, F, F, F
8. V, V, F, F, F
29. Julgue os itens abaixo relativos ao regime jurídico dos 9. F, V, V, V, F
servidores públicos civis. 10. F, F, V, F, F
a) São formas de provimento de cargo público, valida-
11. V, V, F, F, V
mente aplicáveis no Direito brasileiro, as previstas
na Lei nº 8.112/90, a saber: nomeação, promoção, 12. F, V, V, F, V
ascensão, transferência, readaptação, reversão, apro- 13. F, F, F, F, F
veitamento, reintegração e recondução. 14. F, F, F, V, V
b) A Lei nº 8.112/90, baniu do Direito Administrativo 15. V, V, F, F, F
brasileiro a exigência de exame psicotécnico, que, 16. F, V, V, F, V
por conseguinte, não mais pode ser exigido dos 17. V, V, F, F, V
candidatos a cargos públicos. 18. V, F, F, F, F
c) A Constituição da República estabelece como fun- 19. V, F, V, V, F
damental o direito de petição, que se aplica, tam- 20. F, V, F, F, F
bém, aos servidores públicos, inclusive para o re-
21. F, F, V, V, V
querimento de interesses patrimoniais e créditos
resultantes da relação de trabalho. Nestes casos, 22. F, V, V, F, F
aplica-se, a favor da Administração, o prazo geral 23. V, V, F, F, F
de prescrição dos direitos pessoais, que é vintená- 24. F, F, V, F, F
rio, conforme estipulado no Código Civil. 25. V, F, F, V, V
d) Tendo em vista as circunstâncias especiais do caso 26. F, V, F, F, F
concreto e a relevância do objeto da petição do 27. V, V, F, F, V
servidor, a autoridade administrativa pode relevar 28. V, F, F, V, F
a prescrição. 29. F, F, F, F, V
e) Em relação à responsabilidade do servidor, vigora 30. V, V, F, V, V
a independência entre as esferas civil, penal e ad-
ministrativa, que, no entanto, cede em certos ca-
sos, nos quais há prejudicialidade de uma sobre
outra esfera.

30. A seguridade social do servidor público civil é regu-


lada pela Lei nº 8.112/90. Com base nessa disciplina
legal, julgue os itens que se seguem.
a) O auxílio-natalidade é devido à servidora pública
por motivo de nascimento do filho, mas será devi-
do, também, ao servidor do sexo masculino, se a
parturiente – sua esposa ou companheira – não for
servidora pública.
b) A pensão devida à filha de um servidor público
falecido é temporária; somente na hipótese de
invalidez, o pagamento da pensão prosseguirá após
a beneficiária atingir vinte e um anos de idade.
c) A quantia paga a título de pensão por morte equi-
vale, no início, ao montante dos proventos com os
quais o servidor público era remunerado em vida.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O reajustamento do benefício, contudo, dar-se-á


nos percentuais e datas definidos para os demais
aposentados e pensionistas da Previdência Social.
d) A família do servidor condenado só não terá direi-
to ao auxílio-reclusão – enquanto perdurar o afas-
tamento do servidor, por estar recolhido em esta-
belecimento prisional – na hipótese de a pena im-
posta, em sentença transitada em julgado, incluir a
perda do cargo.
e) Não é devido o auxílio-funeral ao servidor em virtu-
de do falecimento de algum de seus dependentes.

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