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O dever de probidade está constitucionalmente inte- O abuso do poder ocorre quando a autoridade,
grado na conduta do administrador público como ele- embora competente para praticar o ato, ultrapassa
mento necessário à legitimidade de seus atos. Este con- os limites de suas atribuições ou se desvia das finali-
ceito está presente na Constituição da República, que dades administrativas.
pune a improbidade na Administração com sanções po-
líticas, administrativas e penais, nos seguintes termos: O abuso do poder, como todo ilícito, reveste as for-
“Os atos de improbidade administrativa importarão a mas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo como a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- truculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e,
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao não raro, encoberto na aparência ilusória dos atos legais.
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Em qualquer desses aspectos – flagrante ou disfarçado – poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma de
o abuso do poder é sempre uma ilegalidade invalidadora abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do
do ato que o contém. administrador público, colocando-o na ilegalidade e até
A teoria do abuso do poder foi inteiramente inspira- mesmo no crime de abuso de autoridade quando incide
da na moral e a sua penetração no domínio jurídico obe- nas previsões penais da Lei nº 4.898, de 9/12/65, que visa
deceu a propósito determinado. Trata-se, com efeito, de a melhor preservar as liberdades individuais já assegura-
desarmar o pretenso titular de um direito subjetivo e, por das na Constituição (art. 5º).
conseguinte, de encarar de modo diverso direitos objeti- Essa conduta abusiva, através do excesso de poder,
vamente iguais, pronunciando uma espécie de juízo de tanto se caracteriza pelo descumprimento frontal da lei,
caducidade contra o direito que tiver sido imoralmente quando a autoridade age claramente além de sua compe-
exercido. O problema não é, pois, de responsabilidade tência, como, também, quando ela contorna dissimulada-
civil, mas de moralidade no exercício dos direitos. Trans- mente as limitações da lei, para arrogar-se poderes que
plantando-se esses conceitos para o campo do Direito não lhe são atribuídos legalmente. Em qualquer dos ca-
Administrativo, se o poder foi conferido ao administra- sos há excesso de poder, exercido com culpa ou dolo,
dor público para realizar determinado fim, por determi- mas sempre com violação da regra de competência, o que
nados motivos e por determinados meios, toda ação que é o bastante para invalidar o ato assim praticado.
se apartar dessa conduta, contrariando ou ladeando o
desejo da lei, padece do vício de desvio de poder ou de • Desvio de finalidade
finalidade e, como todo ato abusivo ou arbitrário, é ile-
gítima.
O ato administrativo – vinculado ou discricionário – O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quan-
há de ser praticado com observância formal e ideológica do a autoridade, embora atuando nos limites de sua
da lei. Exato na forma e inexato no conteúdo, nos moti- competência, pratica o ato por motivos ou com fins di-
vos ou nos fins, é sempre inválido. O discricionarismo versos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo inte-
da Administração não vai ao ponto de encobrir arbitrarie- resse público.
dade, capricho, má-fé ou imoralidade administrativa. Daí
a justa advertência de Hauriou de que “a Administração O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a vio-
deve agir sempre de boa-fé, porque isto faz parte da sua lação ideológica da lei, ou, por outras palavras, a viola-
moralidade”. ção moral da lei, colimando o administrador público
O abuso do poder tanto pode revestir a forma fins não queridos pelo legislador, ou utilizando moti-
comissiva como a omissiva, porque ambas são capazes vos e meios imorais para a prática de um ato adminis-
de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do trativo aparentemente legal. Tais desvios ocorrem, por
administrado. “A inércia da autoridade administrativa – exemplo, quando a autoridade pública decreta uma
observou Caio Tácito – deixando de executar determi- desapropriação alegando utilidade pública, mas vi-
nada prestação de serviços a que por lei está obrigada, sando, na realidade, a satisfazer interesse pessoal
lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva próprio ou a favorecer algum particular com a sub-
de abuso do poder, quer o ato seja doloso ou culposo”. seqüente transferência do bem expropriado; ou
Entre nós, o abuso do poder tem merecido sistemático quando outorga uma permissão sem interesse cole-
repúdio da doutrina e da jurisprudência, e, para seu comba- tivo; ou, ainda, quando classifica um concorrente por
te, o constituinte armou-nos com o remédio heróico do favoritismo, sem atender aos fins objetivados pela li-
mandado de segurança, cabível contra ato de qualquer au- citação.
toridade (CF, art. 5º, LXIX, e Lei nº 1.533/51), e assegu- O ato praticado com desvio de finalidade – como
rou a toda pessoa o direito de representação contra abusos todo ato ilícito ou imoral – ou é consumado às escondi-
de autoridades (art. 5º, XXXIV, a), complementando esse das ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade
sistema de proteção contra os excessos de poder com a Lei e do interesse público. Diante disto, há de ser surpreen-
nº 4.898, de 9/12/65, que pune criminalmente esses mes- dido e identificado por indícios e circunstâncias que re-
mos abusos de autoridade. velem a distorção do fim legal substituído habilidosa-
O gênero abuso do poder ou abuso de autoridade mente por um fim ilegal ou imoral, não desejado pelo
reparte-se em duas espécies bem caracterizadas: o ex- legislador. A propósito, já decidiu o STF que: “Indícios
cesso de poder e o desvio de finalidade. vários e concordantes são prova”. Dentre os elementos
Há, ainda, uma terceira forma de abuso de poder que indiciários do desvio de finalidade, está a falta de moti-
é a omissão. vo ou a discordância dos motivos com o ato praticado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
festação conjunta e majoritária da vontade de seus mem- entidades por relações profissionais, sujeitos à hierarquia fun-
bros. Nos órgãos colegiados, não prevalece a vontade cional e ao regime jurídico da entidade e que servem ao pú-
individual de seu Chefe ou Presidente, nem a de seus blico. São investidos em cargo ou emprego e com retribui-
integrantes isoladamente: o que se impõe e vale juridica- ção pecuniária, em regra por nomeação e, excepcionalmen-
mente é a decisão da maioria, expressa na forma legal, te, por contrato de trabalho.
regimental ou estatutária. Esses agentes ficam em tudo e por tudo sujeitos ao
regime da entidade a que servem e às normas específicas
AGENTES PÚBLICOS do órgão em que trabalham, e, para efeitos criminais,
são considerados funcionários públicos, nos expressos
São todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva termos do art. 327 do Código Penal.
ou transitoriamente, do exercício de alguma função es- Compreendem as seguintes espécies:
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a) servidores titulares de cargos públicos, (art. 37, II, • Agentes Credenciados
CF e art. 2º da Lei nº 8.112/90). Servidor é a pessoa legal-
mente investida em cargo público; São os que recebem a incumbência da Administra-
b) os contratados “por tempo determinado para aten- ção para representá-la em determinado ato ou praticar
der à necessidade temporária de excepcional interesse pú- certa atividade específica, mediante remuneração do Po-
blico”, (art. 37, IX, CF), sob o vínculo empregatício, nas der Público credenciante.
autarquias e fundações de direito público da União, dos A Administração Pública Federal compreende a Ad-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim como ministração direta e a Administração indireta.
no Poder Legislativo e no Poder Judiciário na esfera ad- Funcionário público, como dissemos, são aqueles
ministrativa (Lei nº 8.745/99 e Lei nº 9.949/99). agentes públicos que respondem por ilícitos penais (cri-
c) os contratados sob o regime de emprego (Lei mes funcionais e contravenções).
nº 9.962/99);
d) os empregados públicos, aqueles legalmente inves- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
tidos em emprego público (celetistas – DL nº 5.452/43); DO ESTADO BRASILEIRO
e) os comissionados:
– os ocupantes de cargo de livre nomeação e livre ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (CENTRALIZAÇÃO)
exoneração. Aqueles nomeados em português e exone-
rados em latim ad nutum (art. 37, V, CF).
A Administração direta é composta pelos órgãos in-
tegrantes da Presidência da República e pelos Ministérios
• Agentes Honoríficos
(Lei nº 9.649, de 27/5/98).
São cidadãos convocados, designados ou nomeados
para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao A Presidência da República é constituída, essencial-
Estado, em razão de sua condição cívica, de sua mente, pela Casa Civil, pela Secretaria Geral, pela Se-
honorabilidade ou de sua notória capacidade profissio- cretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégi-
nal, mas sem qualquer vínculo empregatício ou estatutário ca, pelo Gabinete Pessoal e pelo Gabinete de Segurança
e, normalmente, sem remuneração. Tais serviços consti- Institucional.
tuem o chamado múnus público, ou serviços públicos Integram a Presidência da República como órgãos de
relevantes, de que são exemplos a função de jurado, de assessoramento imediato ao Presidente da República:
mesário eleitoral, de comissário de menores, de presi- I - o Conselho de Governo;
dente ou membro de comissão de estudo ou de julga- II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico e So-
mento e outros dessa natureza. cial;
Os agentes honoríficos não são servidores públicos, III - o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
mas, momentaneamente, exercem uma função pública Nutricional;
e, enquanto a desempenham, sujeitam-se à hierarquia e IV - o Conselho Nacional de Política Energética;
disciplina do órgão a que estão servindo, podendo per- V - o Conselho Nacional de Integração de Políticas de
ceber um pro labore e contar o período de trabalho como Transporte;
de serviço público. Sobre esses agentes eventuais do VI - o Advogado-Geral da União;
Poder Público não incidem as proibições constitucionais VII - a Assessoria Especial do Presidente da Repúbli-
de acumulação de cargos, funções ou empregos (art. 37, ca;
XVI e XVII), porque sua vinculação com o Estado é sem- VIII - a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidên-
pre transitória e a título de colaboração cívica, sem cará- cia da República;
ter empregatício. Somente para fins penais é que esses IX - o Porta-Voz da Presidência da República.
agentes são equiparados a funcionários públicos quanto Junto à Presidência da República funcionarão, como
aos crimes relacionados com o exercício da função, nos órgãos de consulta do Presidente da República:
expressos termos do art. 327 do Código Penal. I - o Conselho da República;
II - o Conselho de Defesa Nacional.
• Agentes Delegados Integram ainda a Presidência da República:
I - a Controladoria-Geral da União;
São particulares que recebem a incumbência da exe- II - a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvi-
cução de determinada atividade, obra ou serviço público mento Econômico e Social;
e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas
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f) aplicação dos mecanismos de defesa comercial; com ou sem rateio de despesas de manutenção, mediante
g) participação em negociações internacionais relati- oferta pública e com pagamento antecipado do preço;
vas ao comércio exterior; 5. a venda ou promessa de venda de terrenos loteados
h) formulação da política de apoio à microempresa, a prestações mediante sorteio;
empresa de pequeno porte e artesanato; 6. qualquer outra modalidade de captação antecipa-
i) execução das atividades de registro do comércio. da de poupança popular, mediante promessa de con-
traprestação em bens, direitos ou serviços de qualquer
X - Ministério da Educação: natureza;
a) política nacional de educação; 7. exploração de loterias, inclusive os “Sweepstakes”
b) educação infantil; e outras modalidades de loterias realizadas por entidades
c) educação em geral, compreendendo ensino funda- promotoras de corridas de cavalos.
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XIII - Ministério da Integração Nacional: f) zoneamento ecológico-econômico.
a) formulação e condução da política de desenvolvimen-
to nacional integrada; XVI - Ministério de Minas e Energia:
b) formulação dos planos e programas regionais de a) geologia, recursos minerais e energéticos;
desenvolvimento; b) aproveitamento da energia hidráulica;
c) estabelecimento de estratégias de integração das c) mineração e metalurgia;
economias regionais; d) petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive
d) estabelecimento das diretrizes e prioridades nuclear.
na aplicação dos recursos dos programas de financia-
mento de que trata a alínea c do inciso I do art. 159 da XVII - Ministério do Planejamento, Orçamento e
Constituição Federal; Gestão:
e) estabelecimento das diretrizes e prioridades na a) participação na formulação do planejamento es-
aplicação dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da tratégico nacional;
Amazônia e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste; b) avaliação dos impactos socioeconômicos das po-
f) estabelecimento de normas para cumprimento dos líticas e programas do Governo Federal e elaboração de
programas de financiamento dos fundos constitucionais estudos especiais para a reformulação de políticas;
e das programações orçamentárias dos fundos de investi- c) realização de estudos e pesquisas para acompa-
mentos regionais; nhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sis-
g) acompanhamento e avaliação dos programas inte- temas cartográficos e estatísticos nacionais;
grados de desenvolvimento nacional; d) elaboração, acompanhamento e avaliação do pla-
h) defesa civil; no plurianual de investimentos e dos orçamentos anuais;
i) obras contra as secas e de infra-estrutura hídrica; e) viabilização de novas fontes de recursos para os
j) formulação e condução da política nacional de planos de governo;
irrigação; f) formulação de diretrizes, coordenação das negocia-
1) ordenação territorial; ções, acompanhamento e avaliação dos financiamentos
m) obras públicas em faixas de fronteiras. externos de projetos públicos com organismos multilate-
rais e agências governamentais;
XIV - Ministério da Justiça: g) coordenação e gestão dos sistemas de planejamento
a) defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e e orçamento federal, de pessoal civil, de organização e
das garantias constitucionais; modernização administrativa, de administração de recur-
b) política judiciária; sos da informação e informática e de serviços gerais;
c) direitos dos índios; h) formulação de diretrizes e controle da gestão das
d) entorpecentes, segurança pública, Polícias Federal, empresas estatais;
Rodoviária e Ferroviária Federal e do Distrito Federal; i) acompanhamento do desempenho fiscal do setor
e) defesa da ordem econômica nacional e dos direi- público;
tos do consumidor; j) administração patrimonial;
f) planejamento, coordenação e administração da 1) política e diretrizes para modernização do Estado.
política penitenciária nacional;
g) nacionalidade, imigração e estrangeiros; XVIII - Ministério da Previdência Social:
h) ouvidoria-geral dos índios e do consumidor; a) previdência social;
i) ouvidoria das polícias federais; b) previdência complementar.
j) assistência jurídica, judicial e extrajudicial, inte-
gral e gratuita, aos necessitados, assim considerados em lei; XIX - Ministério das Relações Exteriores:
l) defesa dos bens e dos próprios da União e das entida- a) política internacional;
des integrantes da Administração Pública Federal indireta; b) relações diplomáticas e serviços consulares;
m) articular, integrar e propor as ações do Governo c) participação nas negociações comerciais, econô-
nos aspectos relacionados com as atividades de repressão micas, técnicas e culturais, com governos e entidades es-
ao uso indevido, do tráfico ilícito e da produção não au- trangeiras;
torizada de substâncias entorpecentes e drogas que cau- d) programas de cooperação internacional;
sem dependência física ou psíquica. e) apoio a delegações, comitivas e representações
brasileiras em agências e organismos internacionais e
XV - Ministério do Meio Ambiente: multilaterais.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujos ati-
FNS vidades estatutárias sejam dirigidas ao ensino, à pesqui-
|S IBGE sa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à prote-
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FUNDAÇÕES IPEA ção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
FUNAI Organização Social (OS) é uma qualificação, um tí-
T FIOCRUZ tulo, que a Administração outorga a uma entidade priva-
da, sem fins lucrativos, para que ela possa receber deter-
minados benefícios do Poder Público (dotações
A principal diferença entre as autarquias e fun- orçamentárias, isenções fiscais, etc.) para a realização
dações está na finalidade. Enquanto as autarquias rea- de atividades necessariamente de interesse coletivo.
lizam atividades típicas de Estado (administrativas), O objetivo da criação das Organizações Sociais foi
as fundações desempenham atividades atípicas de encontrar instrumento que permitisse a transferência para
Estado: assistência social, recreativa e educativa (ca- elas de certas atividades exercidas pelo Poder Público e
ráter social), pesquisa e estudos técnicos (IBGE, que melhor seriam pelo setor privado. Trata-se, na ver-
IPEA, etc.). dade, de uma forma de parceria, com a valorização do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
nômicas.
Agências Reguladoras são pessoas jurídicas de di- Ex.: INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
reito público interno, criadas por lei específica sob a for- Normalização e Qualidade Industrial).
ma de autarquia especial, integrante de Administração
indireta, para desempenharem atividades típicas de Es- O Contrato de Gestão como um Compromisso
de Resultados
tado. Integra o 2º setor (serviços exclusivos), junto com
as agências executivas.
O contrato de gestão é um compromisso institucional,
Foram criadas, então, as Agências Reguladoras:
firmado entre o Estado, por intermédio de seus ministé-
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;
rios, e uma entidade pública estatal, a ser qualificada como
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações; e
Agência Executiva, ou uma entidade não-estatal, qualifi-
ANP – Agência Nacional do Petróleo. cada como Organização Social.
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Seu propósito é contribuir ou reforçar o atingimento b) indicadores de desempenho: forma de represen-
de objetivos de políticas públicas, mediante o desenvol- tação quantificável, e também de natureza qualitativa,
vimento de um programa de melhoria da gestão, com vis- para mensuração do atingimento das metas propostas,
tas a atingir uma superior qualidade do produto ou servi- tendo como base um determinado padrão de excelência,
ço prestado ao cidadão. Um contrato de gestão especifica adotado ou convencionado, para julgamento da adequa-
metas (e respectivos indicadores), obrigações, responsa- ção do nível de realização de cada meta programada,
bilidades, recursos, condicionantes, mecanismos de ava- considerando o horizonte de tempo da avaliação;
liação e penalidades. c) definição de meios e condições para execução
Por parte do Poder Público contratante, o contrato de das metas pactuadas: tais como recursos (orçamentários,
gestão é um instrumento de implementação, supervisão e patrimônio, pessoal etc.), níveis de autonomia, flexibi-
avaliação de políticas públicas, de forma descentraliza- lidades;
da, racionalizada e autonomizada, na medida em que vin- d) sistemática de avaliação: tri ou quadrimestralmente
cula recursos ao atingimento de finalidades públicas. o ministério supervisor e a instituição deverão programar
Por outro lado, no âmbito interno das organizações (es- reuniões de acompanhamento e avaliação, para a verifi-
tatais ou não-estatais) contratadas, o contrato de gestão se cação objetiva do grau de atingimento das metas, com
coloca como um instrumento de gestão estratégica, na me- base nos seus indicadores. Os resultados alcançados de-
dida em que direciona a ação organizacional, assim como a verão ser objeto de análise, pelo ministério supervisor,
melhoria da gestão, aos cidadãos/clientes beneficiários de que norteará as correções necessárias de rumo, para pos-
determinadas políticas públicas. sibilitar a plena eficácia do instrumento. Durante esse
O contrato de gestão, enquanto instrumento-chave acompanhamento, é importante a avaliação da eficácia
que regula o relacionamento entre ministérios e entida- de seus indicadores, podendo, em comum acordo com o
des (estatais ou não-estatais) executoras de atividades sob ministério supervisor, alterá-los por meio de aditivos ao
sua supervisão, destina-se, principalmente, a: contrato, caso se mostrem inadequados à aferição que se
– clarificar o foco da instituição, interna e externa- pretende realizar. Os relatórios parciais e final deverão
mente; ser encaminhados ao ministério supervisor, para parecer
– oferecer uma base para se proceder à comparação técnico, o qual será encaminhado ao MPOG.
entre o atual desempenho da instituição e o desempenho
desejado; ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE
– definir níveis de responsabilidade e responsabili- PÚBLICO OSCIP
zação;
– possibilitar o controle social, por resultados e por A Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, dispõe sobre
comparação com outras instituições. a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem
O contrato de gestão, assim como a conclusão das fins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil de
avaliações do desempenho da instituição, deverá ser tor- Interesse Público (OSCIP), e institui e disciplina o Termo
nado público, a fim de se consolidar como o instrumento de Parceria.
de acompanhamento e avaliação do desempenho da ins- Para obter a qualificação de Organizações da
tituição, tanto por parte do ministério supervisor, do Legis- Sociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, uma enti-
lativo e do Judiciário, quanto da sociedade. dade deve atender aos requisitos dos arts. 1º, 2º, 3º, 4º e
Como instrumento de acompanhamento, o contrato 5º da Lei nº 9.790/99, ou seja:
de gestão permitirá a definição e a adoção de estratégias • ser pessoa jurídica de direito privado sem fins
de ação que se mostrem necessárias para oferecer à insti- lucrativos;
tuição melhores condições para o atingimento dos objeti- • atender aos objetivos sociais e às normas
vos e metas acordados. Além disso, o acompanhamento estatutárias previstas na Lei;
do desempenho institucional pelo contrato de gestão per- • apresentar cópias autenticadas dos documentos
mitirá que se redefinam os objetivos e metas pactuados, exigidos.
caso as circunstâncias em que atua a instituição sofram De acordo com o art. 16 do Código Civil, as organi-
alterações que justifiquem uma redefinição. Por outro zações do Terceiro Setor podem assumir a forma jurídica
lado, o contrato também se prestará à avaliação do de- de sociedades civis ou associações civis ou, ainda,
sempenho dos gestores da instituição. fundações de direito privado.
É considerada sem fins lucrativos, conforme § 1º do
• Conteúdo Básico art. 1º da Lei nº 9.790/99:
O contrato de gestão deve ser um documento flexí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
vel e dinâmico. Flexível, porque seus elementos bási- “(...) a pessoa jurídica de direito privado que não
cos devem comportar ajustes decorrentes de situações distribui, entre os seus sócios ou associados,
peculiares. Dinâmico, porque deve espelhar a realida- conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
de, estando, portanto, sujeito a mudanças na medida em eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
que se modificarem os objetivos ou o contexto das polí- dividendos, bonificações, participações ou parcelas
ticas públicas para as quais está orientado. do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de
São as seguintes as partes básicas de um contrato de suas atividades, e que os aplica integralmente na
gestão: consecução do respectivo objeto social”.
a) disposições estratégicas: objetivos da política
pública à qual se refere, missão, objetivos estratégicos e As OSCIPs devem estar voltadas para o
metas institucionais com seus respectivos planos de ação; alcance de objetivos sociais que tenham pelo menos
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uma das seguintes finalidades, conforme art. 3º da Lei de um Termo de Parceria cabe ao Estado, que deverá
nº 9.790/99: atestar previamente o regular funcionamento da OSCIP
(Decreto nº 3.100/99, art. 9º).
I - promoção da assistência social (o que inclui,
de acordo com o art. 30 da Lei Orgânica da CONCURSO DE PROJETOS
Assistência Social/LOAS, Lei nº 8.742/93, a proteção
à família, à maternidade, à infância, à adolescência, O órgão estatal pode escolher a OSCIP com a qual
à velhice ou às pessoas portadoras de deficiência ou irá celebrar um Termo de Parceria por meio de concurso
a promoção gratuita de assistência à saúde ou à de projetos (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31), que é a
educação ou ainda a integração ao mercado de forma de seleção mais democrática, transparente e
trabalho); eficiente.
II - promoção gratuita da educação, obser- O edital do concurso deve conter informações sobre
vando-se a forma complementar de participação (o prazos, condições, forma de apresentação das propostas,
Decreto nº 3.100/99, art. 6º, define a promoção critérios de seleção e julgamento e valores a serem
gratuita da educação e da saúde como os serviços desembolsados.
prestados com recursos próprios, excluídas quaisquer O julgamento é feito por uma comissão designada
formas de cobranças, arrecadações compulsórias e pelo órgão estatal, que avalia o conjunto das propostas
condicionamentos a doações ou contrapartidas); das OSCIPs. Não são aceitos como critérios de julgamento
III - promoção gratuita da saúde, observando-se quaisquer aspectos – jurídicos, administrativos, técnicos
a forma complementar de participação; ou operacionais – que não tenham sido estipulados no
IV - promoção da cultura, defesa e conservação edital do concurso (Decreto nº 3.100/99, arts. 23 a 31).
do patrimônio histórico e artístico; De acordo com o art. 4º da Lei nº 9.790/99, o estatuto
V - promoção da segurança alimentar e de uma OSCIP deve dizer claramente que a entidade:
nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio I - observa os princípios constitucionais da
ambiente e promoção do desenvolvimento susten- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
tável; economicidade e eficiência;
VII - promoção do voluntariado; II - adota práticas de gestão administrativa que
VIII - promoção de direitos estabelecidos, cons- coíbem a obtenção, de forma individual ou coletiva,
trução de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência
de interesse suplementar; da participação nos processos decisórios;
IX - promoção da ética, da paz, da cidadania, III - possui um conselho fiscal ou órgão equi-
dos direitos humanos, da democracia e de outros valente, dotado de competência para opinar sobre os
valores universais; relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre
X - promoção do desenvolvimento econômico e as operações patrimoniais realizadas, emitindo
social e combate à pobreza; pareceres para os organismos superiores da entidade;
XI - experimentação, não-lucrativa, de novos IV - prevê, em caso de dissolução da entidade,
modelos socioeducativos e de sistemas alternativos de que seu patrimônio líquido será transferido a outra
produção, comércio, emprego e crédito; pessoa jurídica qualificada como OSCIP, preferen-
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de cialmente que tenha o mesmo objeto social;
tecnologias alternativas, produção e divulgação de V - prevê, na hipótese de perda da qualificação
informações e conhecimentos técnicos e científicos de OSCIP, que a parcela do seu patrimônio que houver
que digam respeito às atividades supramencionadas. sido formada com recursos públicos será transferida
a outra pessoa jurídica qualificada como OSCIP, pre-
TERMO DE PARCERIA ferencialmente que tenha o mesmo objeto social.
A qualificação como OSCIP não significa necessaria- A nova Lei nº 9.790/99 tem como objetivos especí-
mente que a entidade irá firmar Termo de Parceria com ficos:
órgãos governamentais e, portanto, receber recursos
públicos para a realização de projetos. I - qualificar as organizações do Terceiro Setor
Para firmar o Termo de Parceria, o órgão estatal tem por meio de critérios simples e transparentes, criando
que manifestar interesse em promover a parceria com uma nova qualificação, qual seja, Organização da
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OSCIPs. Além disso, o órgão estatal indicará as áreas nas Sociedade Civil de Interesse Público/ OSCIP. Esta
quais deseja firmar parcerias e os requisitos técnicos e nova qualificação inclui as formas recentes de atuação
operacionais para isso, podendo realizar concursos para das organizações da sociedade civil e exclui aquelas
a seleção de projetos. que não são de interesse público, que se voltam para
A própria OSCIP também pode propor a parceria, um círculo restrito de sócios ou que estão (ou deve-
apresentando seu projeto ao órgão estatal. Nesse caso, o riam estar) abrigadas em outra legislação;
órgão governamental irá avaliar a relevância pública do II - incentivar a parceria entre as OSCIPs e o
projeto e sua conveniência em relação a seus programas Estado, por meio do Termo de Parceria, um novo
e políticas públicas, tanto quanto os benefícios para o instrumento jurídico criado para promover o fomento
público-alvo. e a gestão das relações de parceria, permitindo a
De qualquer modo, a decisão final sobre a efetivação negociação de objetivos e metas e também o
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monitoramento e a avaliação dos resultados Na Administração Pública, não há liberdade nem
alcançados; vontade pessoal. Enquanto na administração particular
III - implementar mecanismos adequados de é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administra-
controle social e responsabilização das organizações ção Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza ou
com o objetivo de garantir que os recursos de origem permite. A lei para o particular significa “pode fazer as-
estatal administrados pelas OSCIPs sejam, de fato, sim”; para o administrador público, significa “deve fa-
destinados a fins públicos. zer assim”.
Exceções ao princípio de legalidade:
A Lei nº 9.790/99 foi regulamentada pelo Decreto Medida Provisória; Atos de Gestão, aqueles em que
nº 3.100, de 30 de junho de 1999. Os procedimentos para o Poder Público comparece em condições de igualdade
a obtenção da qualificação das entidades como com o particular, fazendo tudo que a lei não proíbe.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
foram disciplinados pelo Ministério da Justiça por meio Moralidade
da Portaria nº 361, de 27 de julho de 1999. O agente administrativo, como ser humano dotado
A Lei nº 9.790/99 foi elaborada com o principal da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distin-
objetivo de fortalecer o Terceiro Setor, que constitui hoje guir o bem do mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar,
uma orientação estratégica em virtude da sua capacidade não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta.
de gerar projetos, assumir responsabilidades, empreender Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o
iniciativas e mobilizar pessoas e recursos necessários ao ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconve-
desenvolvimento social do País. Nele estão incluídas niente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o
organizações que se dedicam à prestação de serviços nas honesto e o desonesto.
áreas de saúde, educação e assistência social, à defesa A moral administrativa é imposta ao agente público
dos direitos de grupos específicos da população, ao para sua conduta interna, segundo as exigências da insti-
trabalho voluntário, à proteção ao meio ambiente, à tuição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem co-
concessão de microcrédito, dentre outras. mum.
A entidade que deseja se qualificar como OSCIP deve A moralidade administrativa está intimamente ligada
fazer uma solicitação formal ao Ministério da Justiça, na ao conceito do “bom administrador” que “é aquele que, usan-
Coordenação de Outorga e Títulos da Secretaria Nacional do de sua competência legal, se determina não só pelos pre-
de Justiça, anexando ao pedido cópias autenticadas em ceitos vigentes, mas também pela moral comum”. Há de
cartório de todos os documentos relacionados a seguir. conhecer, assim, as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo
1. Estatuto registrado em Cartório. e do injusto nos seus efeitos.
2. Ata de eleição de sua atual diretoria.
3. Balanço patrimonial. Impessoalidade
4. Demonstração do resultado do exercício. Nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o
5. Declaração de Isenção do Imposto de Renda qual impõe ao administrador público que só pratique o
(Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aque-
Jurídica – DIPJ), acompanhada do recibo de entrega, le que a norma de Direito indica, expressa ou virtualmen-
referente ao ano-calendário anterior. te, como objetivo do ato, de forma impessoal.
6. Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/ E a finalidade terá sempre um objetivo certo e
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ). inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse
público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-
Em relação às exigências do estatuto – A ata de eleição se-á à invalidação por desvio de finalidade, que a nossa
da diretoria da entidade, assim como os demais lei da ação popular conceituou como o “fim diverso da-
documentos, deve ser xerocopiada e autenticada em quele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
cartório antes de ser enviada ao Ministério da Justi- competência” do agente.
ça. Desde que o princípio da finalidade exige que o ato
É importante destacar que a qualificação como OSCIP seja praticado sempre com finalidade pública, o admi-
introduzida pela nova Lei nº 9.790/99 não substitui a nistrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de
Declaração de Utilidade Pública Federal, fornecida pelo praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros.
Ministério da Justiça, e o Certificado de Fins Filantrópicos, Dispositivo Constitucional:
fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social/
CNAS. A legislação que rege essas qualificações conti- Art. 37. ..............................................................
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
nuará vigorando concomitantemente à Lei nº 9.790/99. § 1º A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos
Legalidade ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
Significa que o administrador público está, em autoridades ou servidores públicos.
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamen-
tos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se Publicidade
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inváli- É a divulgação oficial do ato para conhecimento pú-
do e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e cri- blico e início de seus efeitos externos. Daí por que as leis,
minal, conforme o caso. atos e contratos administrativos, que produzem conse-
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qüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem, exigem se acham à livre disposição dos órgãos públicos, a quem
publicidade para adquirirem validade universal, isto é, apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor
perante as partes e terceiros. da coisa pública. Aqueles e este não são seus senhores
A publicidade não é elemento formativo do ato; é ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever de
requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os guardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estão
atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem vinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Esta-
os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quan- do. Por essa razão, há necessidade de lei e licitação
do a lei ou o regulamento a exige. para alienar bens públicos ou outorga de concessão de
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publi- serviço público, para relevar a prescrição.
cado, porque pública é a Administração que o realiza, só
se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, in- Autotutela
vestigações policiais ou interesse superior da Adminis- A Administração Pública está obrigada a rever os seus
tração a ser preservado em processo previamente decla- atos e contratos em relação ao mérito e à legalidade. Cabe-
rado sigiloso. lhe, assim, retirar do ordenamento jurídico os atos incon-
venientes e inoportunos e os ilegais. Os primeiros por meio
Eficiência da revogação e os últimos mediante anulação.
É o mais moderno princípio de Administração Públi- O art. 53 da Lei nº 9.784/99 estabelece, in verbis: “a
ca que já não se contenta em que os seus agentes desem- Administração deve anular seus próprios atos, quando
penhem suas atividades apenas com legalidade e eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
moralidade (ética); exigindo resultados positivos para o motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
Serviço Público e satisfatório atendimento das necessi- os direitos adquiridos”.
dades da comunidade, de seus membros.
Eficiência consiste em realizar as atribuições de uma Supremacia do Interesse Público
função pública com competência, presteza, perfeição e No confronto entre os interesses públicos e parti-
rendimento funcional, buscando, com isso, superar as culares há de prevalecer o interesse público.
expectativas do cidadão-cliente. A aplicabilidade desse princípio, não significa o to-
A Reforma Administrativa Federal (Emenda Consti-
tal desrespeito ao interesse privado, já que a Administra-
tucional nº 19/98), ao consagrar o princípio da eficiência
ção deve obediência ao direito adquirido, à coisa julgada
administrativa, recomenda a demissão ou dispensa do
e ao ato jurídico perfeito, consoante prescreve a Consti-
servidor público comprovadamente ineficiente e desidioso
tuição Federal (art. 5º, XXXVI).
no exercício da função pública.
Finalidade Igualdade
À Administração Pública é permitido praticar tão- A Constituição Federal, no art. 5º, estabelece que,
somente, atos voltados para o interesse público. Veda- sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais pe-
se, com isso, a edição de atos destituídos desse fim ou rante a lei. É o princípio da igualdade ou isonomia. As-
pré-ordenados para satisfazer interesses privados, a sim, todos os iguais em face da lei também o são perante
exemplo da desapropriação de bens para doá-los a parti- a Administração Pública. Todos, portanto, têm o direito
cular ou como medida de mera perseguição política. É o de receber da Administração Pública o mesmo tratamen-
que se denomina desvio de finalidade quando o ato de- to, se iguais. Se iguais nada pode discriminá-los. Impõe-se
satende ao fim precípuo da lei. Assim, o ato que favore- aos iguais, por esse princípio, um tratamento impessoal,
ce ou persegue interesses particulares é nulo por desvio de igualitário ou isonômico. É princípio que norteia, sob pena
finalidade ou de poder, conforme prescreve o art. 2º, pará- de ilegalidade, não só a Administração Pública direta como
grafo único, e, da Lei Federal nº 4.717/65, Lei da Ação a indireta. O concurso público e a licitação são exemplos
Popular. de procedimentos que consagram este princípio.
Continuidade Motivação
Os serviços públicos essenciais não podem parar, Motivar significa justificar a decisão oferecendo as
porque as demandas sociais não param. Não se admite a causas e os preceitos legais que autorizam a prática dos atos
paralisação dos serviços de segurança pública, de dis- administrativos. Segundo o art. 50 da Lei nº 9.784/99 “os
tribuição de justiça, de saúde, funerários, etc. Por essa atos administrativos deverão ser motivados, com indica-
razão, não se concebe a greve nos serviços dessa natu- ção dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
reza e em segurança da comunidade. A Constituição da I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
República, no art. 37, VII, dispõe que o direito de greve II – imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei ções;
específica. Para os militares, a greve está proibida, con- III – decidam processos administrativos de concurso ou
forme prescreve o art. 42, IV, CF. Assim, se para os seleção pública;
servidores públicos civis o exercício do direito de greve IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
depende de regulamentação, o mesmo não é necessário cesso licitatório;
em relação aos servidores militares, dada a clara vedação V – decidam recursos administrativos;
que, a esse respeito, lhes impôs a Constituição Federal. VI – decorram de reexame de ofício;
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada so-
Indisponibilidade bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propos-
Os bens, direitos, interesse e serviços públicos não tas e relatórios oficiais;
27
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou dade de seu povo, pleno exercício dos direitos e realiza-
convalidação de administração”. ção dos objetivos nacionais, dentro da ordem jurídica vi-
gente.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO Os assuntos relacionados com a defesa nacional com-
PÚBLICA FEDERAL petem aos Conselhos da República e de Defesa Nacional
(Constituição Federal, arts. 89 a 91).
A Reforma Administrativa de 1967 (Decreto-Lei nº 200)
estabeleceu os princípios fundamentais, com a preocupa- Coordenação
ção maior de diminuir o tamanho da máquina estatal, O princípio da coordenação visa a entrosar as ativi-
simplificar os procedimentos administrativos e, conse- dades da Administração, de modo a evitar a duplicidade
qüentemente, reduzir as despesas causadoras do déficit de atuação, a dispersão de recursos, a divergência de so-
público. luções e outros males característicos da burocracia. Coor-
São princípios fundamentais da Administração Pú- denar é, portanto, harmonizar todas as atividades da Admi-
blica federal: planejamento, coordenação, descen- nistração, submetendo-se ao que foi planejado e poupando-
tralização, delegação de competência e controle. a de desperdícios, em qualquer de suas modalidades.
Da aplicação permanente, a coordenação impõe-se a
Planejamento todos os níveis da Administração, através das chefias in-
A finalidade precípua da Administração é a promo- dividuais, de reuniões de que participem as chefias su-
ção do bem-estar social, que a Constituição traduz na ela- bordinadas e de comissões de coordenação em cada nível
boração e execução de “planos nacionais e regionais de administrativo. Na Administração superior a coordena-
ordenação do território e de desenvolvimento econômico ção é, agora, da competência da Secretaria Geral da Pre-
e social”. sidência da República, nos termos do art. 3º, II do Decre-
Bem-estar social é o bem comum da coletividade, to nº 99.180, de 15/3/90.
expresso na satisfação de suas necessidades fundamen- Como corolário do princípio da coordenação, nenhum
tais. assunto poderá ser submetido à decisão presidencial ou
Desenvolvimento é prosperidade. Prosperidade eco- de qualquer outra autoridade administrativa competente
nômica e social; prosperidade material e espiritual; pros- sem ter sido previamente coordenado, isto é, sem ter pas-
peridade individual e coletiva; prosperidade do Estado e sado pelo crivo de todos os setores nele interessados, atra-
de seus membros; prosperidade global, enfim. Diante des- vés de consultas e entendimentos que propiciem soluções
sa realidade, podemos conceituar o desenvolvimento na- integrais e em sincronia com a política geral e setorial do
cional como o permanente aprimoramento dos meios es- Governo.
senciais à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, vi- A fim de evitar a duplicação de esforços e de investi-
sando ao bem-estar de todos e ao conforto de cada um na mentos na mesma área geográfica, admite-se a coordena-
comunidade em que vivemos. Assim, o desenvolvimento ção até mesmo com órgãos das Administrações estadual
nacional é obtido pelo aperfeiçoamento ininterrupto da e municipal que exerçam atividades idênticas às dos fe-
ordem social, econômica e jurídica; pela melhoria da edu- derais, desde que seja inviável a delegação de atribuições
cação; pelo aumento da riqueza pública e particular; pela àqueles órgãos. Com isso, além de economizar recursos
preservação dos direitos e garantias individuais; pelo apri- materiais e humanos, faculta-se aos Estados e Municí-
moramento das instituições; pela manutenção da ordem pios a integração nos planos governamentais, deles hau-
interna e pela afirmação da soberania nacional. Todavia, rindo benefícios de interesse local.
esses objetivos não podem ser deixados ao acaso e, para Em outras disposições do Estatuto da Reforma, pre-
sua consecução, necessitam da tranqüilidade que advém vêem-se medidas especiais de coordenação nos campos
da segurança interna e externa. da Ciência e da Tecnologia, da Política Nacional de Saú-
Planejamento é o estudo e o estabelecimento das di- de, do Abastecimento Nacional, dos Transportes e das
retrizes e metas que deverão orientar a ação governamen- Comunicações, abrangendo as atividades de todos os in-
tal, através de um plano geral de Governo, de programas teressados nesses setores, inclusive particulares.
globais, setoriais e regionais de duração plurianual, do
orçamento-programa anual e da programação financeira Descentralização
de desembolso, que são seus instrumentos básicos. Na Descentralizar, em sentido comum, é afastar do cen-
elaboração do plano geral, bem como na coordenação, tro; descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é
revisão e consolidação dos programas setoriais e regio- atribuir a outrem poderes da Administração. O detentor
nais, de competência dos Ministros de Estado nas respec- dos poderes da Administração é o Estado, pessoa única,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tivas áreas de atuação, o Presidente da República é asses- embora constituída dos vários órgãos que integram sua
sorado pelo Conselho de Governo. Toda a atividade da estrutura. Despersonalizados, esses órgãos não agem em
Administração federal deve ajustar-se à programação nome próprio, mas no do Estado, de que são instrumen-
aprovada pelo Presidente da República e ao orçamento- tos indispensáveis ao exercício de suas funções e ativida-
programa, vedando-se a assunção de compromissos fi- des típicas. A descentralização administrativa pressupõe,
nanceiros em discordância com a programação de desem- portanto, a existência de uma pessoa, distinta da do Esta-
bolso. do, a qual, investida dos necessários poderes de Admi-
Segurança nacional, atualmente denominada defesa nistração, exercita atividade pública ou de utilidade pú-
nacional pela Constituição de 1988 (art. 21, III) é a situa- blica. O ente descentralizado age por outorga do serviço
ção de garantia individual, social e institucional que o ou atividade, ou por delegação de sua execução, mas sem-
Estado assegura a toda a Nação para a perene tranqüili- pre em nome próprio.
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Diversa da descentralização é a desconcentração supervisão e controle), bem como evitar o desmesurado
administrativa, que significa repartição de funções crescimento da máquina administrativa. É estimulada e
entre os vários órgãos (despersonalizados) de uma aconselhada sempre que, na área de atuação do órgão in-
mesma Administração, sem quebra de hierarquia. Na teressado, a iniciativa privada esteja suficientemente de-
descentralização a execução de atividades ou a prestação senvolvida e capacitada para executar o objeto do contra-
de serviços pelo Estado é indireta e mediata; na to, precedido de licitação, salvo nos casos de dispensa
desconcentração é direta e imediata. previstos em lei ou inexigibilidade por impossibilidade
Ao lado da descentralização e da desconcentração de competição entre contratantes.
ocorrem também, como técnicas de descongestionamento
administrativo, a delegação (de execução de serviço ou Delegação de Competência
de competência) e a execução indireta, as quais, confor- A delegação de competência, princípio autônomo,
me suas características, ora se aproximam da descen- forma de aplicação do “princípio da descentralização”, é
tralização, ora da desconcentração. Todavia, delas dife- também simples técnica de descongestionamento da Ad-
rem principalmente porque são efetivadas através de atos ministração, como se viu acima.
administrativos, mediante previsão legal, enquanto a Pela delegação de competência, o Presidente da Re-
descentralização e a desconcentração realizam-se, nor- pública, os Ministros de Estado e, em geral, as autorida-
malmente, por lei. des da Administração transferem atribuições decisórias a
Feitas essas considerações, verifica-se que o legisla- seus subordinados, mediante ato próprio que indique com
dor da Reforma Administrativa, após enquadrar na Ad- a necessária clareza e conveniente precisão a autoridade
ministração indireta alguns entes descentralizados, dei- delegante, a delegada e o objeto da delegação. O princí-
xando de lado, porém, os concessionários de serviços pú- pio visa a assegurar maior rapidez e objetividade às deci-
blicos e as entidades paraestatais conhecidas por funda- sões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou
ções governamentais e serviços sociais autônomos, pro- problemas a atender.
põe, sob o nome genérico de descentralização, tomado o Considerando que os agentes públicos devem exer-
termo na sua acepção vulgar, um amplo descongestio- cer pessoalmente suas atribuições, a delegação de com-
namento da Administração federal, através da descon- petência depende de norma que a autorize, expressa ou
centração administrativa, da delegação de execução de implicitamente. As atribuições constitucionais do Presi-
serviço e da execução indireta. dente da República, por exemplo, só podem ser delega-
A desconcentração administrativa opera desde logo das nos casos expressamente previstos na Constituição.
pela distinção entre os níveis de direção e execução. No A delegação de competência tem caráter facultativo
nível de direção, situam-se os serviços que, em cada ór- e transitório, apoiando-se em razões de oportunidade e
gão da Administração, integram sua estrutura central de conveniência e na capacidade de o delegado exercer a
direção, competindo-lhe primordialmente as atividades contento as atribuições conferidas, de modo que o
relacionadas com o planejamento, a supervisão, a coor- delegante po-de sempre retomar a competência e atribuí-
denação e o controle, bem como o estabelecimento de la a outrem ou exercê-la pessoalmente.
normas, critérios, programas e princípios a serem obser- Observamos, finalmente, que só é delegável a com-
vados pelos órgãos enquadrados no nível de execução. A petência para a prática de atos e decisões administrativas,
esses últimos cabem as tarefas de mera rotina, inclusive não o sendo para o exercício de atos de natureza política
as de formalização de atos administrativos e, em regra, como são a proposta orçamentária, a sanção e o veto. Tam-
de decisão de casos individuais, principalmente quando bém não se transfere por delegação o poder de tributar.
localizados na periferia da Administração e em maior
contato com os fatos e com os administrados. Como bem Controle
observa Nazaré Teixeira Dias, a desconcentração admi- O controle das atividades administrativas no âmbito
nistrativa traduz “a orientação geral da Reforma no senti- interno da Administração é, ao lado do comando, da coor-
do de prestigiar a ação dos órgãos de periferia, facilitar denação e da correção, um dos meios pelos quais se exer-
seu funcionamento e repor a estrutura central de direção cita o poder hierárquico. Assim, o órgão superior contro-
superior no plano que lhe cabe, liberando-a da massa de la o inferior, fiscalizando o cumprimento da lei e das ins-
papéis, impeditiva de sua atividade de cúpula”. truções e a execução de suas atribuições, bem como os
A delegação da prestação de serviço público ou de atos e o rendimento de cada servidor. Todavia, o princí-
utilidade pública pode ser feita a particular – pessoa físi- pio do controle estabelecido na Lei da Reforma Adminis-
ca ou jurídica – que tenha condições para bem realizá-lo, trativa tem significado mais amplo, uma vez que se cons-
sempre através de licitação, sob regime de concessão ou titui num dos três instrumentos da supervisão ministerial,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
permissão. Esses serviços também podem ser executados a que estão sujeitos todos os órgãos da Administração
por pessoa administrativa, mediante convênio ou consór- federal, inclusive os entes descentralizados, normalmente
cio. Os signatários dos convênios ficam sujeitos ao poder não submetidos ao poder hierárquico das autoridades
normativo, fiscalizador e controlador dos órgãos federais da Administração direta. Esse controle, que, quanto às
competentes, dependendo a liberação dos recursos do fiel entidades da Administração indireta, visa, em especial,
cumprimento dos programas e das cláusulas do ajuste. à consecução de seus objetivos e à eficiência de sua ges-
A execução indireta das obras e serviços da Admi- tão, é exercido de vários modos, como adiante se verá
nistração, mediante contratos com particulares, pessoas podendo chegar até a intervenção, ou seja, ao controle
físicas ou jurídicas, tem por finalidade aliviá-la das tare- total.
fas executivas, garantindo, assim, a melhor realização das No âmbito da Administração direta, prevêem-se, es-
suas atividades específicas (planejamento, coordenação, pecialmente, os controles de execução e observância de
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normas específicas, de observância de normas genéricas são inerentes a esse tipo de administração. No momento em
e de aplicação dos dinheiros públicos e guarda de bens da que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o
União. mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Esta-
Em cada órgão, o controle da execução dos progra- do. Neste novo momento histó-rico, a administração patri-
mas que lhe concernem e o da observância das normas monialista torna-se uma excrescência inaceitável.
que disciplinam suas atividades específicas são feitos Administração Pública Burocrática – Surge na se-
pela chefia competente. Já, o controle do atendimento gunda metade do século XIX, na época do Estado liberal,
das normas gerais reguladoras do exercício das ativida- como forma de combater a corrupção e o nepotismo
des auxiliares, organizadas sob a forma de sistemas (pes- patrimonialista. Constituem princípios orientadores do seu
soal, orçamento, estatística, administração financeira, desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carrei-
contabilidade e auditoria e serviços gerais, além de ou- ra, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo,
tros, comuns a todos os órgãos da Administração, que, a em síntese, o poder racional-legal. Os controles admi-
juízo do Poder Executivo, necessitem de coordenação nistrativos, visando evitar a corrupção e o nepotismo, são
central), é realizado pelos órgãos próprios de cada siste- sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos
ma. Finalmente, o controle da aplicação dos dinheiros administradores públicos e nos cidadãos que a eles diri-
públicos e da guarda dos bens da União compete ao ór- gem demandas. Por isso, são sempre necessários controles
gão próprio do sistema de contabilidade e auditoria, que, rígidos dos processos, como por exemplo, na admissão de
em cada Ministério, é a respectiva Secretaria de Contro- pessoal, nas compras e no atendimento a demandas.
le Interno. Por outro lado, o controle – a garantia do poder do
Estabelecidas as formas de controle das atividades Estado – transforma-se na própria razão de ser do funcio-
administrativas, devem ser suprimidos todos os controles nário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si mes-
meramente formais, como determina, acertadamente, o mo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir
Decreto-Lei nº 200/67, que prevê também a supressão à sociedade. A qualidade fundamental da Administração
daqueles cujo custo seja evidentemente superior ao risco Pública burocrática é a efetividade no controle dos abu-
decorrente da inexistência de controle específico. sos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a inca-
A Administração federal é constituída na forma de pacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos
uma pirâmide, cujos componentes são mantidos no devi- como clientes. Este defeito, entretanto, não se revelou
do lugar pelo poder hierárquico e em cujo ápice coloca- determinante na época do surgimento da Administração
se o Presidente da República; ficando logo abaixo os Pública Burocrática, porque os serviços do Estado eram
Ministros de Estado, seus auxiliares diretos. muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem
Assim, o Presidente da República é o chefe supremo, e administrar a justiça, a garantir os contratos e a proprie-
exercendo o poder hierárquico em toda sua plenitude, por dade.
isso que o Estatuto da Reforma lhe confere expressamen- Administração Pública Gerencial – Emerge na se-
te o poder de, por motivo de relevante interesse público, gunda metade do século XX, como resposta, de um lado,
avocar e decidir qualquer assunto na esfera da Adminis- à expansão das funções econômicas e sociais do Estado,
tração federal, o que faz dele o controlador máximo das e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globali-
atividades administrativas. zação da economia mundial, uma vez que ambos deixaram
Os Ministros de Estado detêm o poder-dever de su- à mostra os problemas associados à adoção do modelo
pervisão sobre todos os órgãos da Administração direta anterior. A eficiência da Administração Pública – a neces-
ou indireta enquadrados em suas respectivas áreas de com- sidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos ser-
petência, ressalvados aqueles sob a supervisão direta e viços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se, en-
imediata do Presidente da República: tão, essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a
a) o Conselho de Governo; ser orientada predominantemente pelos valores da efi-
b) o Advogado-Geral da União; ciência e qualidade na prestação de serviços públicos e
c) a Secretaria de Comunicação; pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas orga-
d) Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano; nizações.
e) o Gabinete da Presidência da República; e A Administração Pública Gerencial constitui um
f) a Corregedoria Geral da União. avanço e, até certo ponto, um rompimento com a Admi-
Junto à Presidência da República funcionarão, como nistração Pública Burocrática. Isto não significa, entre-
órgãos de consulta do Presidente da República: tanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário,
a) o Conselho da República; a Administração Pública Gerencial está apoiada na ante-
b) o Conselho de Defesa Nacional. rior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
como contribuinte de impostos e como cliente dos seus regulamentar, fiscalizar e fomentar; como exemplo, te-
serviços. Os resultados da ação do Estado são considera- mos a cobrança e fiscalização de impostos, a polícia, a
dos bons não porque os processos administrativos estão previdência social básica, a fiscalização do cumprimento
sob controle e são seguros, como quer a Administração de normas sanitárias, o serviço de trânsito, o controle do
Pública Burocrática, mas porque as necessidades do ci- meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço
dadão-cliente estão sendo atendidas. de emissão de passaporte, etc.
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamen-
tado nos princípios da confiança e da descentralização Serviços não-Exclusivos – setor onde o Estado atua
da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizonta- simultaneamente com outras organizações públicas não-
lização de estruturas, descentralização de funções, in- estatais e privadas; as instituições desse setor não pos-
centivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do suem o poder de Estado; este, entretanto, está presente
31
porque os serviços envolvem direitos humanos funda- No setor de produção de bens e serviços para o mer-
mentais, como os da educação e da saúde, ou porque cado, a propriedade privada é a regra. A propriedade es-
possuem “economias externas” relevantes, na medida tatal só se justifica quando não existem capitais privados
que produzem ganhos que não podem ser apropriados disponíveis ou então quando existe um monopólio natu-
por esses serviços através do mercado; as economias ral. Mesmo neste caso, a gestão privada tenderá a ser a
produzidas imediatamente se espalham para o resto da mais adequada, desde que acompanhada por um seguro
sociedade, não podendo ser transformadas em lucros; sistema de regulação.
são exemplos deste setor as universidades, os hospitais,
os centros de pesquisa e os museus. TEÓRIA GERAL DO ATO ADMINISTRATIVO
Produção de Bens e Serviços para o Mercado – CONCEITOS
setor que corresponde à área de atuação das empresas; é
caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para Segundo Hely Lopes Meirelles: “Ato administrati-
o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado,
vo é toda manifestação unilateral de vontade da Admi-
como, por exemplo, os do setor de infra-estrutura; estão
nistração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
no Estado seja porque faltou capital ao setor privado
fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
para realizar o investimento, seja porque são atividades
naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mer- extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
cado não é possível, tornando-se necessária, no caso de administrados ou a si própria”.
privatização, de regulamentação rígida.
J. Cretella Junior apresenta uma definição partindo
Setores do Estado e tipos de gestão do conceito de ato jurídico. Segundo ele, ato administra-
tivo é “a manifestação de vontade do Estado, por seus
Cada um desses quatro setores referidos apresenta representantes, no exercício regular de suas funções, ou
características peculiares, tanto no que se refere às suas por qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração de
prioridades, quanto aos princípios administrativos ado- poder reconhecido pelo Estado, que tem por finalidade
tados. imediata criar, reconhecer, modificar, resguardar ou ex-
No núcleo estratégico, o fundamental é que as deci- tinguir situações jurídicas subjetivas, em matéria admi-
sões sejam as melhores e, em seguida, que sejam cum- nistrativa”.
pridas. O que importa saber é, primeiro, se as decisões Para Celso Antonio Bandeira de Mello é a “declara-
que estão sendo tomadas pelo Governo atendem eficaz- ção do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por
mente ao interesse nacional, se correspondem aos obje- exemplo, um concessionário de serviço público) no exer-
tivos mais gerais aos quais a sociedade brasileira está cício de prerrogativas públicas, manifestada mediante pro-
voltada ou não. Segundo, se, uma vez tomadas as deci- vidências jurídicas complementares da lei, a título de lhe
sões, estas são de fato cumpridas. Neste setor, o mais dar cumprimento, e sujeitos a controle de legitimidade
adequado é um misto de Administração Pública Buro- por órgão jurisdicional”.
crática e Gerencial. Tal conceito abrange os atos gerais e abstratos, como
No campo das atividades exclusivas do Estado, dos os regulamentos e instruções, e atos convencionais, como
serviços não-exclusivos e da produção de bens e servi- os contratos administrativos.
ços, o que importa é atender aos cidadãos com boa quali- Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato admi-
dade a um custo baixo. E fazer mais com menos. Nestes nistrativo é “a declaração do Estado ou de quem o repre-
setores a administração deve ser necessariamente geren- sente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com obser-
cial.
vância da lei, sob regime jurídico de direito público e su-
jeita a controle pelo Poder Judiciário”.
Setores do Estado e formas de propriedade
A distinção deste último conceito dos demais é que
Ainda que se considerem apenas duas formas de pro- nele só se incluem os atos que produzem efeitos imediatos,
priedade – a estatal e a privada, existe no capitalismo con- excluindo do conceito o regulamento, que, quanto ao con-
temporâneo uma terceira forma intermediária de proprie- teúdo, se aproxima mais da lei, afastando, também, os atos
dade, extremamente relevante: a propriedade pública não- não produtores de efeitos jurídicos diretos, como os atos
estatal, constituída pelas organizações sem fins lucrati- materiais e os enunciativos.
vos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ou
grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento Traços Característicos do Ato Administrativo:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É o resultado que a Administração pretende atin- Tal teoria relaciona-se com o motivo do ato adminis-
gir com a prática do ato e efeito mediato, enquanto o ob- trativo.
jeto é imediato. Segundo tal teoria, a validade do ato se vincula aos
Não se confunde com o motivo porque este ante- motivos indicados como seu fundamento, de tal modo
que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.
cede a prática do ato, enquanto a finalidade sucede a sua
Por outras palavras, quando a Administração motiva
prática, já que é algo que a Administração quer alcançar
o ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ficará ela
com sua edição.
vinculada ao motivo declinado e o ato só será válido se
Há duas concepções de finalidade: uma, em senti-
os motivos forem verdadeiros.
do amplo, que corresponde à consecução de um resulta- Ex.: exoneração ad nutum sob alegação de falta de
do de interesse público (bem comum) outra, em sentido verba. Se, logo após a exoneração, nomear-se outro fun-
estrito, é o resultado específico que cada ato deve produ- cionário para o mesmo cargo, o ato será nulo por vício
zir, conforme definido em lei. quanto ao motivo.
É o legislador que define a finalidade do ato, não
existindo liberdade de opção para o administrador. Objeto ou Conteúdo
Infringida a finalidade do ato ou a finalidade pú-
blica, o ato será ilegal, por desvio de poder (ex.: desapro- É o efeito imediato que ato administrativo produz,
priação para perseguir inimigo político). enuncia, prescreve ou dispõe.
Assim como o ato jurídico, requer objeto lícito, pos-
Forma Legal ou Forma Própria sível, certo e moral.
Visa a criar, a modificar ou a comprovar situações
No Direito Administrativo, o aspecto formal do jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades
ato tem muito mais relevância que no Direito Privado, já sujeitas à ação do Poder Público. Por ele a Administração
que a observância à forma e ao procedimento constitui manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente
garantia jurídica para o administrador e para a Adminis- situações preexistentes.
tração. É pela forma que se torna possível o controle do
ato administrativo. ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS)
Apenas a título de esclarecimento, advirta-se que,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
na concepção restrita da forma, considera-se cada ato iso- Os atos administrativos, como manifestação do Po-
ladamente e, na concepção ampla, considera-se o ato den- der Público, possuem atributos que os diferenciam dos
tro de um procedimento (sucessão de atos administrati- atos privados e lhes conferem características peculiares.
vos da decisão final). São atributos do ato administrativo: presunção de le-
A observância à forma não significa, entretanto, gitimidade, imperatividade e auto-executoriedade.
que a Administração esteja sujeita a formas rígidas e sa-
cramentais. O que se exige é que a forma seja adotada Presunção de Legitimidade
como regra, para que tudo seja passível de verificação.
Normalmente, as formas são mais rigorosas quando es- Esta característica do ato administrativo decorre do
tão em jogo direito dos administrados (ex.: concursos princípio da legalidade que informa toda atividade da
públicos, licitações e processos disciplinares). Administração Pública.
33
Além disso, as exigências de celeridade e segurança eis que não se aplica às penalidades de natureza pecuniária,
das atividades administrativas justificam a presunção da como as multas decorrentes de infrações a obrigações tri-
legitimidade, com vistas a dar à atuação da Administra- butárias.
ção todas as condições de tornar o ato operante e Também a utilização deste atributo administrativo fica
exeqüível, livre de contestações por parte das pessoas a a depender de a decisão que se pretenda executar ter sido
eles sujeitas. precedida de notificação, acompanhada do respectivo auto
A presunção de legitimidade autoriza a imediata exe- circunstanciado, através dos quais se comprove a legali-
cução ou operatividade do ato administrativo, cabendo dade de atuação do Poder Público.
ao interessado, que o impugnar, a prova de tal assertiva, O administrado, porém, não poderá se opor à exe-
não tendo ela, porém, o condão de suspender a eficácia cução do ato, alegando violação de normas ou procedi-
que do ato deriva. mentos indispensáveis à validade da atuação administra-
Somente através do procedimento judicial ou na hi- tiva. Eventual irresignação deverá ser endereçada ao Po-
pótese de revisão no âmbito da Administração, poderá o der Judiciário, através de procedimentos próprios e, obti-
ato administrativo deixar de gerar seus efeitos. da a liminar, ficará o ato com sua execução sobrestada
Aliás, os efeitos decorrentes do ato nascem com a até final julgamento da lide.
sua formação, ao cabo de todo o iter estabelecido nas
normas regulamentares, depois de cumpridas as formali- CLASSIFICAÇÃO
dades intrínsecas e extrínsecas.
Ao final do procedimento estabelecido em lei, o ato Os atos administrativos são classificados, quanto aos
adquire a eficácia, podendo, no entanto, não ser ainda seus destinatários, em atos gerais e individuais; quanto ao
exeqüível, em virtude da existência de condição seu alcance, em atos internos e externos; quanto ao seu
suspensiva, como a homologação, o visto, a aprovação. objeto, em atos de império e de gestão e de expediente;
Somente após cumprida a condição, adquirirá o ato a quanto ao seu regramento, em atos vinculados e discri-
exeqüibilidade, tornando-se operante e válido. cionários.
A eficácia é, tão-somente, a aptidão para atuar, ao passo
que a exeqüibilidade é a disponibilidade do ato para produ- Quanto aos Destinatários
zir imediatamente os seus efeitos finais.
A perfeição do ato se subordina à coexistência da • Atos Gerais
eficácia e exeqüibilidade, requisitos obrigatórios.
São os que possuem caráter geral, abstratos, impes-
soais, com finalidade normativa alcançando a todos
Perfeição = Eficácia + Exeqüibilidade
quantos se encontrem na situação de fato abrangida por
seus preceitos.
Imperatividade
Tais atos se assemelham às leis, revogáveis a qual-
quer tempo, não ensejando a possibilidade de ser invali-
A imperatividade é um atributo próprio dos atos ad-
dados por mandado de segurança, através do Poder Judi-
ministrativos normativos, ordinatórios, punitivos que
impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou exe- ciário, salvo se de suas normas houver ato de execução
cução. violador de direito líquido e certo.
O descumprimento do ato sujeita o particular à força Os atos gerais se sobrepõem aos individuais, ainda
impositiva própria do Poder Público, ou seja, à execução que emanados da mesma autoridade.
forçada pela Administração ou pelo Judiciário. Os efeitos externos de tais atos só se materializam
A imperatividade independe de o seu destinatário com a sua publicação no órgão de divulgação da pessoa
reputar válido ou inválido o ato, posto que somente após jurídica que os editou, salvo nas prefeituras que não os
obter o pronunciamento da Administração ou do Judiciá- possua, hipótese em que a publicidade será alcançada com
rio é que poderá furtar-se à obediência da determinação a sua afixação em local acessível ao público.
administrativa.
• Atos Individuais
Auto-Executoriedade São os que se dirigem a destinatários certos e deter-
minados, criando uma situação jurídica particular.
Consiste na possibilidade de a própria Administra- Tais atos podem alcançar diversas pessoas, sendo que
ção executar seus próprios atos, impondo aos particula- normalmente criam direitos subjetivos, circunstância que
res, de forma coativa, o fiel cumprimento das determina- impede a administração de revogá-los, conforme resulta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
posta, parecer, laudo técnico, homologação, etc., são, usurpação de função pública ou assiste no campo do im-
geralmente, compostos. possível jurídico, na esfera dos comportamentos que o
Ex.: uma autorização que dependa do visto de uma Direito normalmente inadmite, isto é, dos crimes.
autoridade superior. Ex.: instrução baixada por autoridade policial para
que subordinados torturem presos.
Quanto ao Conteúdo
ESPÉCIES
• Constitutivo
É o que cria uma situação jurídica individual para Quanto à espécie, os atos administrativos se dividem
seus destinatários, em relação à Administração. Ex: no- em: normativos, ordinatórios, negociais, enunciativos e
meação de funcionário. punitivos.
36
Atos Normativos da própria revogação – são ex nunc. Isso significa que a
revogação respeita os efeitos já produzidos pelo ato, por-
São os decretos, regimentos, resoluções, deliberações que o ato é válido. Enquanto a anulação pode ser feita
e regulamentos. Contêm um comando geral do Executivo, pelo Judiciário ou pela própria Administração, a revoga-
visando à completa aplicação da lei. Seu objeto é explicar ção é privativa da Administração, não sendo lícito ao Ju-
a lei. diciário conhecer da oportunidade e conveniência. Isso
Decreto: ato administrativo de competência exclusi- não significa que a revogação deva ser feita fora dos limi-
va dos Chefes do Poder Executivo, destinados a prover tes da lei.
situações gerais e individuais, abstratamente previstas de – Não podem ser revogados os atos vinculados, por-
modo expresso, explícito ou implícito pela Administração. que nesses casos não há oportunidade e
Decreto regulamentar ou de execução é o que explica conveniência a apreciar.
a lei, facilitando sua execução, aclarando seus mandatos e – Não podem ser revogados os atos que exauriram
orientando sua aplicação. seus efeitos. Ex.: se a Administração concedeu afas-
Regulamento: ato administrativo posto em vigência tamento, por dois meses, à funcionária, a revoga-
por decreto, para explicar os mandamentos da lei. ção será impossível.
Regimento: ato administrativo de atuação interna, – A revogação não pode atingir meros atos adminis-
dado que se destina a reger o funcionamento de órgãos trativos, como certidões, atestados, votos, cujos
colegiados ou de corporações legislativas. efeitos decorrem da lei.
Resolução: ato administrativo normativo expedido pe- – Também não podem ser revogados os atos que ge-
las altas autoridades do Executivo (não pode ser expedida ram direitos adquiridos, conforme está expresso na
pelo Chefe do Executivo, que só pode expedir decretos) ou Súmula nº 473, do STF.
pelos presidentes dos Tribunais, órgãos legislativos e – Também não são passíveis de revogação atos que
colegiados administrativos para disciplinar matéria de sua integram um procedimento, pois, a cada novo ato
competência específica. ocorre a preclusão com relação ao anterior.
São inferiores aos regulamentos e regimentos. Existe re-
solução individual. Anulação
dade recai sobre o motivo e o objeto. Hely Lopes Meirelles (1996: 112) inclui no con-
A valoração dos motivos e a escolha do objeto ceito de poder regulamentar a faculdade de ‘expedir
consubstanciam o mérito do ato administrativo. decretos autônomos sobre matéria de sua competên-
A discricionariedade não pode ser confundida com a cia ainda não disciplinada por lei’.
arbitrariedade, pois comporta atuação nos limites do per- Preferimos excluir do conceito essa referência por-
missivo legal, informada pelos princípios que regem a que, não sendo complementar à lei, não se pode dizer
Administração. Trata-se de poder sempre relativo (juris que o decreto autônomo ou independente se baseie no
tantum), porque a competência, a finalidade e a forma são poder regulamentar, já que este supõe a existência de
vinculadas ao enunciado legal. uma lei a ser regulamentada. Seria, pois, o decreto au-
tônomo manifestação do poder normativo do Poder
Executivo e não do poder regulamentar. (Direito Admi-
* Lei nº 9.784, de 29/1/99. nistrativo. 8ª ed. São Paulo: Ed. Atlas, 1997. p. 74-75)
38
Celso Antônio Bandeira de Mello define regulamen- TELECOMUNICAÇÕES: CONCESSÃO OU PERMIS-
to e estipula sua extensão, expurgando qualquer modali- SÃO PARA A EXPLORAÇÃO. DECRETO AUTÔ-
dade de ato normativo tendente a substituir a lei. Cite-se: NOMO: POSSIBILIDADE DE CONTROLE CONCEN-
TRADO. OFENSA AO ARTIGO 84-IV DA CF/88.
... pode-se conceituar o regulamento em nosso LIMINAR DEFERIDA.
Direito como ato geral e (de regra) abstrato, de com- A ponderabilidade da tese do requerente é segu-
petência privativa do Chefe do Poder Executivo, ex- ra. Decretos existem para assegurar a fiel, execução
pedido com a estrita, finalidade de produzir as dis- das leis (artigo 84-IV da CF/88). A Emenda Constitu-
posições operacionais uniformizadoras necessárias cional nº 8, de 1995 – que alterou o inciso XI e alínea
à execução de lei cuja aplicação demande atuação a do inciso XII do artigo 21 da CF – é expressa ao
da Administração Pública. dizer que compete à União explorar, diretamente ou
É que os dispositivos constitucionais caracteriza- mediante autorização, concessão ou permissão, os
dores do princípio da legalidade no Brasil impõem serviços de telecomunicações, nos termos da lei. Não
ao regulamento o caráter que se lhe assinalou, qual havendo lei anterior que possa ser regulamentada,
seja, o de ato estritamente subordinado, isto é, mera- qualquer disposição sobre o assunto tende a ser ado-
mente subalterno e, ademais, dependente de lei. Daí tado em lei formal. O decreto seria nulo, não por
que, entre nós, só podem existir regulamentos co- ilegalidade, mas por inconstitucionalidade, já que
nhecidos no Direito alienígenas como “regulamen- supriu a lei onde a Constituição a exige. A Lei
tos executivos”. Daí que, em nosso sistema, de di- nº 9.295/96 não sana a deficiência do ato impugnado,
reito, a função do regulamento é muito modesta. já que ela é posterior ao decreto. Pela ótica da maioria,
(...) concorre, por igual, o requisito do perigo na demora.
Em suma: é livre de qualquer dúvida ou entredú- Medida liminar deferida.
vida que, entre nós, por força dos arts. 5º, II, 84, IV, e (STF, Tribunal Pleno, ADIMC-1435/DF, Rel. Min.
37 da Constituição, só por lei se regula liberdade e Francisco Rezek, julg. 7/11/96, DJ 6/8/99, p. 5)
propriedade: só por lei impõem obrigações de fazer TRIBUTÁRIO. AITP. DECRETO Nº 1.035/93: LI-
ou não fazer. Vale dizer: restrição alguma à liberda- MITES.
de ou à propriedade pode ser imposta se não estiver I - Como no ordenamento jurídico brasileiro não
previamente delineada configurada e estabelecida existe o “decreto autônomo”, mas tão-somente o decre-
em alguma lei, e só para cumprir dispositivos legais to para a “fiel execução da lei”, padece de ilegalidade o
é que o Executivo pode expedir decretos e regula- Decreto nº 1.035/93, que atuou ultra vires em relação à
mentos. (Curso de Direito Administrativo. 7 ed. São lei regulamentada (Lei nº 8.030/93). O art. 3º do regula-
Paulo: Malheiros Editores, 1995, p. 184-189). mento, na verdade, criou novos sujeitos passivos para a
obrigação tributária, uma vez que equiparou, sem poder,
Diógenes Gasparini também rechaça de seu conceito os operadores portuários aos “importadores, exporta-
de regulamento o decreto autônomo ou qualquer outro dores ou consignatários das mercadorias”.
tipo de ato normativo independente, por entender incom- II - Afronta ao princípio da legalidade (CTN, art.
patível com a previsão constitucional. Transcreve-se: 97, III).
III - Recurso não conhecido.
O ato que se origina do exercício da atribuição re- (STJ, 2ª Turma, RESP 156858/PR (1997/0085963-0),
gulamentar chama-se regulamento. Pode, em nosso Rel. Min. Adhemar Maciel, julg. 20/10/98, DJ 19/4/99,
ordenamento, ser definido como o ato administrativo p. 110)
normativo, editado privativamente pelo Chefe do
Poder Executivo, segundo uma relação de compati- Conclui-se, portanto, que o decreto autônomo não
bilidade com a lei para desenvolvê-la. Por essa defi- pode fazer parte do conceito de “Poder Regulamentar”.
nição vê-se que o Direito Positivo brasileiro só admite
Poder de Polícia
o regulamento de execução, isto é, os regulamentos
destinados à fiel execução da lei, consoante prescreve
“É a faculdade de que dispõe a Administração Pú-
o inc. IV do art. 84 da Constituição Federal. blica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
Não bastasse isso, diga-se que nos termos do inciso atividades e direitos individuais, em benefício da coleti-
II do art. 5º da Lei Maior, “ninguém será obrigado a fazer vidade ou do próprio Estado.” (Hely Lopes Meirelles)
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Assim, se o regulamento não é lei no sentido formal, não Não se confunde com a polícia judiciária e a polícia
pode criar direito novo, como os regulamentos autôno- de manutenção da ordem pública, pois estas atuam so-
mos criam. Ademais, cabe ao Congresso Nacional, nos bre pessoas.
termos do art. 48 da Constituição Federal, dispor sobre O Código Tibutário Nacional conceitua o Poder de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
todas as matérias de competência da União. Sendo as- Polícia em seu art. 78, in verbis:
sim, não há lugar, espaço jurídico, para o regulamento
autônomo ou independente. (Direito Administrativo. 3 Art. 78. Considera-se poder de polícia a ativida-
ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1993. p. 112). de da Administração Pública que, limitando ou disci-
plinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá-
A Suprema Corte brasileira e o Superior Tribunal de tica de ato ou abstenção de fato, em razão de interes-
Justiça, em consonância com a doutrina retro citada, já se público concernente à segurança, à higiene, à or-
explanaram seu entendimento sobre a expedição do decre- dem, aos costumes, à disciplina da produção e do
to autônomo, entendimento esse que nos reportamos: mercado, ao exercício de atividades econômicas de-
pendentes de concessão ou autorização do Poder Pú-
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONA- blico, à tranqüilidade pública ou ao respeito à pro-
LIDADE. MEDIDA LIMINAR. DECRETO 1.719/95. priedade e aos direitos individuais ou coletivos.
39
Atributos do Poder de Polícia e a sanção aplicada, quando se tratar de medida punitiva. O
Poder de Polícia autoriza limitações, restrições, condiciona-
Os atributos específicos do Poder de Polícia são a mentos; nunca supressão total do direito individual ou da
discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. propriedade particular, o que só poderá ser feito através de
desapropriação. A desproporcionalidade do ato de polícia
• Discricionariedade – consiste na possibilidade da ou seu excesso equivale a abuso de poder e, como tal, tipifica
livre escolha pela Administração sobre a conveniência e ilegalidade nulificadora da sanção.
oportunidade do exercício do poder de polícia. A legalidade dos meios empregados pela Administra-
Entretanto, o ato emanado em razão desse poder passa a ção é o último requisito para a validade do ato de polícia. Na
ser vinculado, se a norma legal que o rege estabelecer o modo escolha do modo de efetivar as medidas de polícia não se
de sua realização e exteriorização (forma própria ou legal). compreende o poder de utilizar meios ilegais para sua conse-
cução, embora lícito e legal o fim pretendido.
• Auto-executoriedade – é a faculdade de a Adminis-
tração decidir e executar diretamente sua decisão por seus
próprios meios, sem intervenção do Judiciário. No uso REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS
desse poder, a Administração impõe diretamente as medi-
das ou sanções de polícia administrativa necessárias à LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
contenção da atividade anti-social que ela visa a obstar.
Se o particular se sentir agravado em seus direitos, sim, (Atualizada pelas Leis nos 8.270/91, 8.429/92,
poderá reclamar, pela via adequada, ao Judiciário, que in- 8.647/93, 8.688/93, 8.730/93, 8.745/93, 9.515/97 e
tervirá oportunamente para a correção de eventual ilegali- 9.527/97 e EC nos 19 e 20/98)
dade administrativa ou fixação da indenização que for ca-
bível. A auto-executoriedade autoriza a prática do ato de DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES (ARTS. 1º A 4º)
polícia administrativa pela própria Administração, inde-
pendentemente de mandado judicial. Assim, por exemplo, A Lei nº 8.112, de 11/12/90, decretada pelo Congresso
quando a Prefeitura encontra uma edificação irregular ou Nacional e sancionada pelo Presidente da República, veio
oferecendo perigo à coletividade, ela embarga diretamen- instituir o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis
te a obra e promove sua demolição, se for o caso, por dos Poderes da União e ex-territórios, das autarquias
determinação própria, sem necessidade de ordem judicial (inclusive as em regime especial), das fundações públi-
para essa interdição e demolição. cas federais e extensivo aos serventuários da justiça (re-
Não se deve confundir a auto-executoriedade das munerados com recursos da União, no que couber).
sanções de polícia com punição sumária e sem defesa. A A nova disciplina legal abrange não só os estatu-
Administração só pode aplicar sanção sumariamente e tários (antes regidos pelo antigo Estatuto dos Funcionári-
sem defesa (principalmente as de interdição de atividade, os Públicos Civis da União, Lei nº 1.711, de 28/10/52) como
apreensão ou destruição de coisas) nos casos urgentes que também os chamados celetistas (contratados sob o regi-
ponham em risco a segurança ou a saúde pública, ou quando me da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprova-
se tratar de infração instantânea surpreendida na sua da pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º/5/43), exceto os contra-
flagrância, aquela ou esta comprovada pelo respectivo auto tados por prazo determinado. Ficando estabelecido que,
de infração, lavrado regularmente; nos demais casos exige- quanto a estes, seus contratos não mais seriam prorroga-
se o processo administrativo correspondente, com plenitude dos após o vencimento do prazo de prorrogação.
de defesa ao acusado, para validade da sanção imposta. Na vigência do novo diploma, os empregos ocupados
pelos servidores incluídos no regime instituído por esta Lei,
Excluem-se da auto-executoriedade as multas, ain- ficam transformados em cargos, na data de sua publicação.
da que decorrentes do poder de polícia, que só po- As funções de confiança também foram transforma-
dem ser executadas por via judicial, como as demais das em cargos em comissão, até a implantação dos planos
prestações pecuniárias devidas pelos administrado- de cargos, quando exercidas por não-integrantes de tabe-
res à Administração. las permanentes de órgãos e entidades.
As universidades e instituições de pesquisas cientí-
• Coercibilidade – é a imposição coativa das medidas fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos
adotadas pela Administração. Todo ato de polícia é impe- com professores, técnicos e cientistas estrangeiros
rativo (obrigatório para seu destinatário, admitindo até o (Lei nº 9.515, de 20/11/97).
emprego da força pública para seu cumprimento, quando
resistido pelo administrado. Não há ato de polícia faculta- O Regime Jurídico, previsto pela Constituição de
tivo para o particular, pois todos eles admitem a coerção 1988, excluiu, portanto, os empregados públicos: os
estatal para torná-los efetivos, e essa coerção também trabalhadores das empresas públicas (CEF/ECT) e os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
reconduzido, sem direito a indenização. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completa-
b) Recondução – é o retorno do servidor estável ao do 70 (setenta) anos de idade.
cargo anteriormente ocupado, em decorrência da inabili-
tação em estágio probatório, relativo a outro cargo, ou da Em síntese: a reintegração é do demitido; a
reintegração do anterior ocupante. Se o cargo de origem recondução é do inabilitado em estágio probatório de
estiver provido, o servidor será aproveitado em outro car- outro cargo ou da reintegração do anterior ocupante; o
go, com atribuições e vantagens compatíveis com o ante- aproveitamento é do disponível, e a reversão do aposen-
riormente ocupado. tado.
* Enquanto pendente, o pedido de readaptação fundado em desvio funcional, * À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente,
não gera direitos para o servidor, relativamente ao cargo pleiteado. (Súmula nº o seu aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da
566 do STF) Administração. Diz a Súmula nº 39 do STF.
42
Do Concurso Público • A Aprovação no Concurso e a Expectativa de Nome-
ação
A prévia habilitação em concurso público de pro- O aprovado em concurso público, em princípio, não tem
vas ou de provas e títulos é imprescindível para a no- direito à nomeação, pois o Poder Público pode escolher a opor-
meação para cargo de carreira ou cargo isolado, de pro- tunidade da nomeação que melhor atenda às suas conveniên-
vimento efetivo, obedecidos a ordem de classificação e cias. Se o instrumento convocatório fixou prazo para o provi-
o prazo de validade do concurso. mento dos cargos, aí existe o direito à nomeação, observada a
ordem de classificação.
Dispõe a lei que o concurso público terá validade
O aprovado tem o direito de não ser preterido na no-
de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada por uma
meação, ou, mais ainda, tem o direito de ser nomeado,
vez, por igual período. Aqui é repetida a norma consti- quando for preterido, isto é, quando o cargo for provido
tucional (art. 37, III). Conclusões podem ser extraídas por candidato de classificação inferior a sua. A esse res-
dessa norma: peito, dispõe a Súmula nº 15, do STF: “Dentro do prazo
de validade do concurso, o candidato aprovado tem di-
a) o prazo máximo de validade de um concurso pú- reito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
blico, já incluída a prorrogação, será de 4 (quatro) anos; observância da classificação”.
b) o prazo de validade inicial do concurso público, Funcionário nomeado por concurso tem direito a pos-
sem a prorrogação, poderá ser menor do que dois anos, se (Súmula nº 16 do STF). Já a nomeação de funcionário
pois a lei fala em “até 2 (dois) anos”; sem concurso pode ser desfeita antes da posse (Súmula
c) a prorrogação do prazo de validade de um con- nº 17 do STF).
curso público é uma faculdade, não um dever do poder
público; • Concurso Público: Direito à Convocação
Com base no art. 37, IV, da CF (“durante o prazo
A fixação do prazo será feita no edital do concurso, improrrogável previsto no edital de convocação, aquele
aprovado em concurso público de provas ou de provas e
salvo se a lei já o determinar.
títulos será convocado com prioridade sobre novos
Outra questão que pode ser colocada é a do signi-
concursados, para assumir cargo ou emprego, na carrei-
ficado da expressão “prorrogação por igual período”. ra;”), a Turma deu provimento a recurso ordinário em
Por igual período deve ser entendido “o prazo igual ao mandado de segurança para assegurar a candidatos sele-
que haja sido estabelecido para a validade do con- cionados na primeira fase do concurso público para o
curso”. cargo de fiscal do trabalho (Edital nº 1/94) – que não es-
tavam classificados dentro do limite das vagas existentes
d) haverá prorrogação do prazo de validade de con- – a prioridade na convocação para a segunda fase (pro-
curso se prevista no edital; grama de formação) sobre eventuais aprovados em novo
e) não há prazo mínimo de validade do concurso concurso público. Considerou-se que o Edital nº 1/94
público. determinara o provimento dos cargos quanto às vagas
existentes ou que viessem a ocorrer no prazo de validade
Atenção! do concurso, ficando, em conseqüência, a autoridade
Embora o Estatuto proíba a abertura de novo coatora impedida de nomear candidatos aprovados em
concurso, se o anterior ainda é válido e restam can- posterior concurso de fiscal do trabalho enquanto não se
didatos aprovados a serem aproveitados, a Consti- concluir o competitório em que os impetrantes foram apro-
vados na primeira fase, o que somente ocorrerá com a
tuição permite a abertura de novo concurso, embo-
convocação à segunda etapa. Precedente citado: RMS
ra seja válido o concurso anterior, porém ficará obri-
23.040-DF (DJU de 17/12/99).
gada a observar a prioridade dos concursados apro-
vados no certame anterior para só depois admitir RMS 23.538-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence,
os novos aprovados. 22/2/2000.
Há entendimentos de que existem dois prazos:
no primeiro biênio 2 (dois) anos não se pode reali- Requisitos básicos para a investidura em cargo
zar outro concurso; já no segundo biênio (prazo público
improrrogável) a administração poderá realizar um Os requisitos para a investidura em cargo público
novo concurso. O que não se pode é ficar com o estão elencados no art. 5º da Lei nº 8.112/90. São eles:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
texto taxativo da lei: “Não se abrirá novo concurso a) a nacionalidade brasileira – aqui a lei não poderá
enquanto houver candidato aprovado em concur- estabelecer distinção entre brasileiros natos ou
so anterior com prazo de validade não expirado” naturalizados. A Constituição disciplina, contudo, no art.
(art. 12, § 2º) em desconsideração à alusão que faz 12, § 3º, que são cargos privativos de brasileiros natos:
a lei maior (art. 37, inciso IV): “Durante o prazo Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da
improrrogável previsto no edital de convocação, Câmara ou do Senado Federal, Ministro do Supremo Tri-
bunal Federal, oficial das Forças Armadas e integrantes da
aquele aprovado em concurso público de provas
Carreira Diplomática, membros do Conselho de Defesa e
ou de provas e títulos será convocado com priori-
Ministro de Defesa;
dade sobre novos concursados para assumir cargo b) o gozo dos direitos políticos;
ou emprego, na carreira”. c) quitação com as obrigações militares e eleitorais;
43
d) nível de escolaridade exigido para o exercício do 10 – O servidor que durante o estágio probatório for
cargo; aprovado em outro concurso público não poderá aprovei-
e) idade mínima de 18 (dezoito) anos;* tar o tempo anteriormente prestado naquele estágio para
f) aptidão física e mental; esta nova situação.
g) outros, conforme a natureza do cargo (idade máxi- 11 – O tempo de serviço de servidor que já adquiriu
ma, sexo, altura mínima, estado civil, etc.). estabilidade no serviço público e que se encontra subme-
Estrangeiros poderão ser contratados para cargos de tido a estágio probatório em razão de um novo provimen-
cientistas, pesquisadores e professores universitários. to não poderá ser computado para efeito de progressão e
promoção do novo cargo.
Tutela aos deficientes 12 – Será declarado vago o cargo de servidor estável
que for aprovado em concurso público e nomeado, em
A lei assegura aos portadores de deficiência o decorrência de ter sido empossado em outro cargo
direito à inscrição em concurso público para pro- inacumulável (Lei nº 8.112/90, art. 37, VIII).
vimento de cargo compatível com a deficiência de 13 – No ato de nomeação de outro servidor para pre-
que é portador. Serão reservadas para essas pesso- encher a vaga, decorrente do provimento de que trata o
as até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas item 14, deverá ser indicada a ocorrência, com a respecti-
no concurso. No Distrito Federal é lei: 20% (vin- va data.
te por cento) das vagas serão reservadas para porta- 14 – Não há necessidade de edição de portaria decla-
dores de deficiência física (Lei nº 160, de 2/8/91; rando a vaga do cargo, uma vez que no ato da vacância
Decreto nº 13.897, de 14/4/92). será indicado o respectivo motivo.
15 – Até que sejam implantados os Planos de Carrei-
• Estágio Probatório ra no Serviço Público Federal, os órgãos e entidades po-
1 – O estágio probatório tem por objetivo avaliar a derão expedir normas para a avaliação de desempenho
aptidão e a capacidade do servidor, para desempenho das no cargo, em suas áreas de competência, durante o está-
atribuições do cargo de provimento efetivo, para o qual gio probatório.*
foi nomeado mediante aprovação em concurso público.
1.1 – O estágio probatório terá a duração de 36 (trinta e • Nomeação, Posse e Exercício
seis)** meses e somente decorrido este período o servidor, se Já vimos que a nomeação é a única forma originária
habilitado, será confirmado no cargo.
de provimento de cargo público. Trata-se de provimento
2 – O estágio probatório somente poderá ser realiza-
inicial e autônomo.
do no cargo para o qual o servidor foi nomeado.
Entretanto, a relação entre o Estado e o servidor não
3 – O órgão ou entidade deve criar as condições, de for-
se aperfeiçoa com a nomeação. Para que se complete o
ma a facilitar o desenvolvimento das atribuições do servidor.
4 – O servidor em estágio probatório deve ser acom- vínculo empregatício, é necessário que o nomeado tome
panhado, orientado e avaliado, periodicamente, em suas posse e entre em exercício.
atribuições pela chefia imediata. Posse é “o ato de aceitação do cargo e um compro-
5 – A avaliação de desempenho do servidor em está- misso de bem servir”. Do termo de posse, assinado pelo
gio probatório terá por base o acompanhamento diário com nomeado, constam suas atribuições, deveres, responsabi-
apurações periódicas (avaliações parciais) e avaliação fi- lidades e direitos relativos ao cargo ocupado, bem como
nal que consistirá da consolidação das avaliações parciais. uma declaração expressa de que o nomeado não acumula
6 – A homologação da avaliação final do servidor cargos públicos vedados pela Constituição, não pratica
em estágio probatório deverá ser feita por comissão de- atos de gestão ou de comércio (não é sócio-gerente ou
signadas para este fim, observadas além dos fatores enu- dirigente de sociedade comercial ou civil). No ato de pos-
merados no art. 20 da Lei nº 8.112/90, outras habilidades se, o servidor declara os seus bens. O prazo para a posse
e características necessárias ao desempenho do cargo. é de trinta dias, contados da publicação do ato de provi-
7 – O servidor em estágio probatório faz jus aos be- mento. A posse pode se verificar por procuração espe-
nefícios e vantagens concedidos aos demais servidores cífica.
da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional regidos pela Lei nº 8.112/90, com exceção Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
daqueles que a lei, expressamente, restringe aos servido- cargo. A partir da data da posse, o servidor dispõe de
res estáveis. quinze dias improrrogáveis para entrar em exercício. Só
8 – Ao servidor, em estágio probatório, poderá ser com o exercício, o servidor adquire direito às vantagens
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
concedida licença para tratamento da própria saúde e apo- do cargo e à contraprestação pecuniária.
sentadoria por invalidez a qualquer tempo, uma vez que
a lei estatutária não exige carência para este fim. Notas importantes:
9 – O servidor em estágio probatório não poderá afas- 1) Se o servidor nomeado não tomar posse no prazo
tar-se do exercício do cargo efetivo, exceto nos casos legal, será tornado sem efeito o ato de provimento.
excepcionais previstos em normas específicas cuja deter- 2) Se o servidor empossado não entrar em exercício
minação seja compulsória. no prazo de quinze dias, contados da data da posse, será
exonerado de ofício.
* Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão de idade, inscri-
ção em concurso para cargo público (Súmula nº 14 do STF).
** Há entendimento do MPOG e MPU que o estágio probatório permanece de 24
meses e a estabilidade será alcançada após 3 anos. * Instrução Normativa nº 10, de 14/9/94 (DOU de 15/9/94).
44
3) Também é de trinta dias o prazo para entrar em exer- Na verificação do atendimento dos limites definidos
cício em outra localidade, do servidor transferido, removi- neste artigo, não serão computadas as despesas:
do, redistribuído, requisitado ou cedido. Nesse prazo, já se I – de indenização por demissão de servidores ou
inclui o tempo de deslocamento para a nova sede. empregados;
4) A duração máxima semanal do trabalho do ocupan- II – relativas a incentivos à demissão voluntária;
te de cargo de provimento efetivo é de quarenta horas, III – derivadas da aplicação do disposto no inciso II
salvo quando a lei estabelecer duração diversa, observa- do § 6º do art. 57 da Constituição;
dos os limites mínimos e máximos de 6 e 8 horas diárias, IV – decorrentes de decisão judicial e da competên-
respectivamente (Lei nº 8.270/91 e Decreto nº 1.590, de 10/8/ cia de período anterior ao da apuração a que se refere o
95, que regulamenta a jornada de trabalho). § 2º do art. 18;
4.1) Do exercente de cargo em comissão, chefia e V – com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do
assessoramento superiores, exige-se regime de dedicação Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela
integral. União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Cons-
5) A posse e o exercício de servidor em cargo, em- tituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;
prego ou função da administração direta ou indireta fi- VI – com inativos, ainda que por intermédio de fun-
cam condicionados à apresentação, pelo interessado, de do específico, custeadas por recursos provenientes:
declaração dos bens e valores que integram o respectivo a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
patrimônio, bem como os do cônjuge, companheiro, fi- b) da compensação financeira de que trata o § 9º do
lhos ou outras pessoas que vivam sob a sua dependência art. 201 da Constituição;
econômica, excluído apenas os objetos e utensílios de uso c) das demais receitas diretamente arrecadadas por
doméstico (art. 13 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da
regulamentada pelo Decreto nº 978, de 10/1/93). alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu supe-
6) A Lei nº 8.730, de 10/11/93, estabelece a rávit financeiro.
obrigatoriedade da declaração de bens e rendas no momen- A repartição dos limites globais não poderá exceder
to da posse, final de exercício financeiro, no término da ges- os seguintes percentuais:
tão ou mandato e nas hipóteses de exoneração, renúncia ou I – na esfera federal:
afastamento definitivo, por parte das autoridades e servido- a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para
res públicos adiante indicados: o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
I - Presidente da República;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cen-
II - Vice-Presidente da República;
to) para o Executivo;
III - Ministros de Estado;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério
IV - membros do Congresso Nacional;
Público da União.
V - membros da Magistratura Federal;
II – na esfera estadual:
VI - membros do Ministério Público da União; e
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o
VII - todos quanto exerçam cargos eletivos, empregos ou
funções de confiança, na administração direta, indireta, Tribunal de Contas do Estado;
fundacional, de qualquer dos poderes da União. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
DA VACÂNCIA (ARTS. 33 A 35) d) 2%(dois por cento) para o Ministério Público dos
Estados.
Vacância do cargo público III – na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o
Vacância é a abertura de um cargo público dantes ocupa- Tribunal de Contas do Município, quando houver;
do. O art. 33 da Lei nº 8.112/90 dispõe sobre os casos de b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Exe-
vacância do cargo público, que pode decorrer de: cutivo.
– Exoneração – é a dispensa do servidor a seu pedi-
do ou de ofício, nos casos em que pode ser dispensado. – Demissão – é a dispensa do servidor, a título de
Não tem caráter sancionador (punitivo). Não constitui penalidade funcional. Nenhum servidor, quer estável, quer
penalidade. Ocorrerá a exoneração de ofício quando o em estágio probatório, pode ser punido com a pena máxi-
servidor não for aprovado no estágio probatório ou quan- ma de dispensa do serviço, sem comprovação da falta
do, após a posse, não entrar em exercício no prazo legal. que deu causa à punição.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. O substituto fará jus a gratificação pelo exercício do
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-
II - Redistribuição reza Especial, nos casos de afastamentos ou impedimentos
É o deslocamento de cargo de provimento efetivo, legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, de
ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, afastamento ou impedimentos legais do titular.
para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com pré-
via apreciação do órgão central do Sipec, observados os NOTA:
seguintes preceitos: As figuras Readaptação, Promoção e Recondução
I - interesse da administração; acarretam simultaneamente provimento e vacância de
II - equivalência de vencimentos; cargos públicos.
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
46
DOS DIREITOS E VANTAGENS (ARTS. 40 A 115) Poderão, entretanto, ser regulamentadas formas de
consignação em folha de pagamento em favor de tercei-
Vencimento básico* em sentido estrito é a retribui- ros, mediante autorização do servidor e a critério da Ad-
ção pecuniária pelo exercício de cargo público, com va- ministração, com reposição de custos.
lor fixado em lei. Serão descontados dos vencimentos dos servidores
Remuneração* tem um significado mais abrangente, os valores relativos aos dias em que faltar ao serviço sem
pois compreende “vencimentos, acrescidos das vantagens justificativa, bem assim à parcela da remuneração diária
pecuniárias de caráter individual, estabelecidas em lei”. proporcional aos atrasos, ausências e saídas antecipadas.
No caso de ser convertida em multa a pena de suspensão,
Subsídio está prevista a perda da metade da remuneração (arts. 44,
É a retribuição pecuniária paga aos agentes políticos, e 130, § 2º, da Lei nº 8.112/90).
como Presidente da República, Ministro e Secretário de
Estado, membros do MP, do TC e magistrados em geral. Das Vantagens
A lei proíbe a fixação de vencimentos em importân-
cia inferior ao salário mínimo. A relação entre a maior e a
Além dos vencimentos, os servidores podem receber
menor remuneração dos servidores públicos não poderá
exceder o fator correspondente a vinte e cinco vírgula outras parcelas pecuniárias, que são as vantagens, variá-
seiscentos e quarenta e um. (Lei nº 9.624, de 2/4/98) veis quanto à natureza e efeitos, concedidas a título defi-
Assim, genericamente considerados, os ocupantes de nitivo ou transitório.
cargos com atribuições iguais ou assemelhadas são trata- As vantagens previstas na Lei nº 8.112 são as indeni-
dos igualmente pela lei. Pode, entretanto, haver diferen- zações, as gratificações e os adicionais.
ças específicas de funções, de condições de trabalho, de ha- As indenizações visam a compensar o servidor pelo
bilitação profissional, de tempo de serviço, dentre outras, acréscimo de despesas decorrentes de situações especiais
que desigualem os servidores genericamente iguais, sem do serviço. Assumem, assim, caráter eventual e não se
ofensa ao princípio isonômico. Por isso, cada funcionário incorporam ao vencimento ou provento, para qualquer
ou classe de funcionário pode exercer as mesmas funções efeito. Compreendem as ajudas de custo, as diárias e a
em condições pessoais ou de serviços diferentes, fazendo, indenização de transporte.
assim, jus a remunerações distintas. A lei ressalva expressa- A ajuda de custo* se destina a compensar o servidor
mente do tratamento igualitário as vantagens de caráter in- das despesas de instalação, quando, no interesse do servi-
dividual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. ço, passa a ter exercício em nova sede, mudando seu do-
Em observância à norma constitucional, é assegurada micílio em caráter permanente.
a irredutibilidade dos vencimentos do cargo efetivo, acres- As despesas de transporte do servidor e sua família,
cido das vantagens de caráter permanente (art. 41, § 3º, da
bagagem e bens pessoais também correrão, nesses casos,
Lei nº 8.112).
por conta da Administração.
A Constituição (art. 37, XIII) veda a vinculação ou equi-
paração de vencimentos para efeito de remuneração de pes- A ajuda de custo não pode exceder o valor correspon-
soal do serviço público, ressalvado o teto estabelecido no dente a três meses de remuneração do servidor. Se este não
inciso XI do mesmo artigo e o que trata o § 1º do art. 39. se apresentar na nova sede, no prazo de trinta dias, sem
O inciso XII do art. 37 da Constituição dispõe que justa causa, devolverá a ajuda de custo recebida, no prazo
“os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do de cinco dias.
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos Se o servidor falecer na nova sede, asseguram-se a
pelo Poder Executivo”. sua família ajuda de custo e transporte, para a localidade
Os descontos em folha de pagamento** são usualmente de origem. O prazo para o deferimento dessa vantagem é
efetivados pela Administração, para retenção de contribui- de até um ano, contado do óbito.
ções previdenciárias, de imposto de renda e de valores pa- As diárias são vantagens deferidas ao servidor que,
gos indevidamente aos funcionários. Somente podem se em caráter eventual ou transitório, se afasta da sede a ser-
realizar por imposição legal ou por mandado judicial. viço, indo para localidade diversa. Destina-se a cobrir suas
As reposições e indenizações ao erário serão previa- despesas com pousada, alimentação e locomoção urba-
mente comunicadas ao servidor e descontadas em parcelas na. É concedida uma diária por dia de afastamento. Se o
mensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994. deslocamento não exigir pernoite fora da sede, será devi-
Foi estabelecido que os descontos seriam previamente da a diária pela metade.
comunicados ao servidor, em valores atualizados até 30/6/94,
Não faz jus a diárias o servidor que, permanentemente,
sendo que agora as indenizações e as reposições não pode-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
* Lei nº 8.852, de 4 de fevereiro de 1994. * O Decreto nº 1.445, de 5/4/95, alterado pelo Decreto nº 1.637, de 15/9/95, dis-
** Sobre os descontos de consignações, em folha de pagamento, dispõe os De- põem sobre a concessão de ajuda de custo e transporte e de mobiliário e bagagem,
cretos nos 1.903, de 10/5/96, e 1.927, de 13/6/96. aos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas.
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A indenização de transporte se destina a compensar A Lei nº 8.112 fala em “contato permanente” com
as despesas realizadas pelo servidor que utilizar meio pró- substâncias nocivas. A jurisprudência trabalhista tendia à
prio de locomoção, para a execução de serviços externos, concessão do adicional, mesmo que o contato com agen-
próprios do cargo. Seu valor corresponderá a 11,5% do tes nocivos não abrangesse toda a jornada. Sob a regên-
maior vencimento básico do serviço público federal civil cia de norma mais expressa, a exegese deverá pender para
(Decreto nº 1.238, de 12/9/94, e IN nº 10, de 7/6/96). o sentido mais estrito.
Além das indenizações, a lei prevê como vantagens A Lei nº 8.270/92 regulou a matéria atinente ao adi-
as gratificações e os adicionais, que podem ou não se cional de insalubridade em radiologia e radioatividade
incorporar aos vencimentos, conforme dispuser a lei. para o servidor público.
Há dois tipos de gratificação: a deferida pelo exercí-
cio de função de direção, chefia ou assessoramento e a • Adicional de Periculosidade
natalina. Os inflamáveis, explosivos e a eletricidade são as
fontes reconhecidas como produtoras de periculosidade,
Adicionais em condições de risco acentuado. A Lei nº 8.112/90 si-
lencia a respeito da tipificação legal das condições que
Os adicionais são vantagens que, dependendo de sua na- ensejarão o deferimento dessa vantagem.
tureza, podem ou não ser incorporados à remuneração. Em Não há direito adquirido à percepção dos adicionais
princípio, são acumuláveis, desde que compatíveis entre si e em questão, se forem eliminadas as causas e condições
que não importem repetição de um mesmo benefício já con- perigosas ou insalubres.
cedido. Desde que o motivo gerador de uma vantagem ocor- Na esfera do Direito do Trabalho, o uso de aparelhos
ra, serão concedidos. protetores contra a insalubridade, aprovados pelo órgão
Os adicionais podem ser concedidos tendo em vista competente, exclui a percepção do adicional respectivo.
apenas o tempo de serviço, ou condicionam-se a determi- A Lei nº 8.112 não se estende sobre a matéria. O adi-
nados requisitos, relativos ao modo e à forma de presta- cional de periculosidade incide sobre o vencimento, em
ção do serviço. Por isso, são considerados vantagens um percentual de 10%.
modais ou condicionais, pois a sua concessão depende Os efeitos pecuniários decorrentes de trabalho em
não só do exercício do cargo, mas também da ocorrência condições de periculosidade ou insalubridade são devi-
de certas situações ou do preenchimento de certas condi- dos a partir da data do reconhecimento da atividade como
ções. Quando cessa a situação ou desaparece o fato que tal, pelo órgão competente.
lhes dá causa, termina o pagamento dessas vantagens. O exercício de atividades insalubres, perigosas e pe-
nosas sujeita os servidores a controle permanente. Os
• Adicional por Tempo de Serviço* operadores de raio X e substâncias radioativas serão sub-
O adicional por tempo de serviço é devido à razão de metidos a exames de seis em seis meses.
cinco por cento a cada cinco anos de serviço público efe- O conceito de atividade penosa, nos termos da lei,
tivo prestado à União, às autarquias e às fundações públi- refere-se a atividades exercidas em zonas de fronteiras
ou outras localidades cujas condições de vida justifiquem
cas federais, observado o limite máximo de 35% inciden-
a percepção do respectivo adicional. Os termos, condi-
te, exclusivamente, sobre o vencimento básico do cargo
ções e limites para sua concessão serão fixados em regu-
efetivo, ainda que investido o servidor em função ou car-
lamento próprio.
go de confiança.
O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em
• Adicional por serviço extraordinário
que completar o qüinqüênio.
A Lei nº 8.112/90 só disciplina seu percentual: 50%
(cinqüenta por cento) sobre a hora normal, sem acrésci-
• Adicional de Insalubridade, de Periculosidade e mo. É estabelecido o limite máximo de duas horas por
de Atividade Penosa** jornada de trabalho, para o atendimento a situações ex-
Não podem se acumular os adicionais de insalubri- cepcionais e temporárias. Obedecidos, ainda, os limites
dade e periculosidade. O servidor que fizer jus a ambos, de 44 horas mensais e noventa horas anuais (Decreto nº
deverá optar por um deles. 948, de 5 de outubro de 1993). Não está previsto o regi-
A Lei nº 8.112/90 prevê o estabelecimento por legis- me de compensação, adotado na legislação trabalhista.
lação específica, das situações que ensejam o deferimen-
to desses adicionais. • Adicional Noturno
Na legislação trabalhista, a tipificação da insalubri- Serviço noturno é o realizado entre as 22 horas de
dade depende, para cada caso, de que o Ministério do um dia e as 5 horas do dia seguinte. O acréscimo do paga-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Trabalho considere as condições de trabalho acima dos mento da hora noturna é de 25% (vinte e cinco por cento)
limites toleráveis para a saúde. O adicional é deferido em em relação à hora normal.
percentual variado (5, 10 e 20), conforme sejam os graus A duração da hora noturna é de 52 minutos e 30 se-
mínimo, médio e máximo de insalubridade, calculado gundos.
sobre o vencimento. Se for prestado serviço extraordinário, o adicional
noturno incide sobre o valor já previsto para a hora extra-
* A Medida Provisória nº 1.815, de 5/3/99, publicada no DOU de 8/3/99, re- ordinária.
vogou este dispositivo. No entanto, aqueles servidores que fizerem jus a essa
vantagem até 8/3/99 terão seu direito preservado.
** A Emenda Constitucional nº 19/98 suprime o adicional de remuneração para • Adicional de Férias
as atividades penosas, insalubres ou perigosas dos ocupantes de cargos públi-
cos. Este direito social do trabalhador comum era extensivo aos servidores É pago ao servidor por ocasião das férias, no valor de
pela redação originária da Constituição de 1988. Agora é vantagem pessoal. 1/3 da remuneração desse período. A vantagem pelo exer-
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cício de função de direção, chefia e assessoramento será 10. As férias poderão ser parceladas em até três eta-
considerada no cálculo desse adicional, que é concedido pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
automaticamente, independentemente de solicitação. resse da Administração Pública.
Em caso de parcelamento, o servidor receberá o adi-
Das Férias cional de 1/3, quando da utilização do primeiro período
(Lei nº 9.527, de 10/12/97).
Com a finalidade de uniformizar os procedimentos
relativos às férias dos servidores públicos federais dos • Interrupção de Férias
órgãos e entidades integrantes do Sistema de Pessoal Ci- 11. O gozo das férias não pode ser interrompido,
vil da Administração Pública Federal, recomendou-se que salvo quando o motivo da solicitação se enquadrar nas
fossem observadas as seguintes orientações: situações previstas no art. 80 da Lei nº 8.112/90.
11.1 Os dias correspondentes ao período de interrup-
• Concessão de Férias ção de férias serão gozados imediatamente após o térmi-
1. Para a concessão de férias compreende-se cada no do impedimento, não cabendo nenhum pagamento
exercício como o ano civil. adicional.
2. Somente para o primeiro período de férias serão 12. Durante o período em que o servidor estiver
exigidos 12 meses de efetivo exercício no cargo para o usufruindo férias, ocorrendo casos de afastamentos pre-
qual foi nomeado, quer seja este efetivo ou em comissão. vistos no art. 97 e art. 208, da Lei nº 8.112/90, estes não
3. O exercício correspondente ao primeiro período servirão de fundamento para a ininterrupção das mesmas.
de férias do servidor nomeado será aquele em que o perío-
13. Nesta hipótese, poderá apenas completar o perío-
do de efetivo exercício de doze meses for completado.
do do afastamento quando este coincidir com o término
Exemplo:
das férias, se for o caso.
3.1 o servidor foi nomeado para ocupar cargo efeti-
14. O servidor que estiver em pleno gozo de férias
vo ou em comissão e entrou em exercício em 2/2/94.
não terá as mesmas interrompidas para a concessão de
Em 1º/2/95, completou o interstício exigido para o primeiro
período de férias referentes ao exercício de 1995. licença, a qualquer título, podendo, quando for o caso,
3.2 Aos servidores amparados pela Lei nº 8.878, de os dias que ultrapassarem o período de férias serem con-
1º de maio de 1994, considera-se a data do retorno. siderados.
4. O gozo das férias deverá ter início dentro do exer-
cício, ressalvada a hipótese da acumulação por necessi- • Indenização de férias
dade do serviço. 15. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em
5. As férias de servidor que se afastar para participar comissão faz jus ao pagamento de indenização relativa ao
de eventos constantes da programação de treinamento período de férias completo e não usufruído corresponden-
regularmente instituído, poderão ser usufruídas quando te à remuneração do mês da exoneração, mais gratificação
do seu retorno, ou durante o curso, desde que haja previ- natalina proporcional. Se contar com período incompleto,
são na respectiva programação de treinamento. deverá ser calculado na proporção de 1/12 (um doze avos)
6. O período das férias do servidor deverá constar da por mês trabalhado ou fração superior a quatorze dias, so-
Programação Anual de Férias, previamente elaborada, bre a remuneração do mês da exoneração.
observado o interesse do serviço. Exemplo:
6.1 A critério da chefia imediata, as férias poderão – o servidor nomeado em 17/10/94 e exonerado
ser reprogramadas e comunicadas à área de Recursos do cargo em 2/3/95 tem direito a 4/12 (quatro doze
Humanos, em tempo hábil. avos) da remuneração das férias, tendo como base o
7. O servidor que opera eventualmente com Raios X mês em que foi publicada a exoneração.
ou substâncias radioativas não está amparado pelo art. 79 16. O servidor exonerado do cargo efetivo ou em
da Lei nº 8.112/90, vez que a Lei somente alcança aquele comissão que tiver gozado férias relativas ao mesmo exer-
que opera direta e permanentemente os citados aparelhos cício em que ocorreu a exoneração, não receberá nenhu-
ou substâncias. ma indenização a título de férias e não sofrerá desconto
7.1 O servidor amparado pelo mencionado art. 79 terá do que foi recebido a esse título.
que gozar as férias de 20 dias consecutivos por semestre 17. O servidor que não tiver usufruído férias dentro
de atividade profissional, ou seja, de 6 em 6 meses. do exercício em que ocorreu a vacância do cargo anterior-
8. Por falta de amparo legal, as férias que não foram mente ocupado, receberá as parcelas correspondentes a
usufruídas durante o exercício, por motivo de afastamen- que se refere o item 16 e terá que cumprir os 12 meses
to do servidor para tratamento da própria saúde, não po- exigidos para o primeiro período de férias no novo cargo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Licença para Desempenho de Mandato Classista O tempo de afastamento do servidor para o de-
É assegurado ao servidor o direito a licença sem remu- sempenho de mandato eletivo federal, estadual, mu-
neração para o desempenho de mandato em confederação, nicipal ou do Distrito Federal é considerado como de
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindica- efetivo exercício, exceto para promoção por mereci-
to representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da mento.
profissão, observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 associados, um ser- No caso de afastamento do cargo, o servidor contri-
vidor; buirá para a seguridade social como se estivesse em exer-
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, cício.
dois servidores; Enquanto investido em mandato eletivo ou classista,
III - para entidades com mais de 30.000 associados, o servidor não poderá ser removido ou redistribuído de
três servidores. ofício para localidade diversa daquela onde exerce o man-
Somente poderão ser licenciados servidores eleitos dato.
para cargos de direção ou representação nas referidas
entidades, desde que cadastradas no Ministério da Admi- • Do Afastamento para Estudo ou Missão no Ex-
nistração Federal e Reforma do Estado. terior
A licença terá duração igual à do mandato, podendo Para que o servidor possa se ausentar do País, para
ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez. estudo ou missão oficial, necessitará, no âmbito dos res-
pectivos Poderes, de autorização do Presidente da Repúbli-
Dos Afastamentos ca, do Presidente dos órgãos do Poder Legislativo e do
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
A Lei nº 8.112/90 prevê, também, algumas modali- O prazo máximo de afastamento é de 4 (quatro) anos.
dades de afastamento do servidor do órgão em que está Finda a missão ou estudo, somente poderá ser permitido
lotado, para finalidades diversas, como a de serviço em novo afastamento após o decurso de igual período.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta- Ao servidor que tiver se afastado para estudo ou mis-
dos ou do Distrito Federal e dos Municípios, para o exer- são no exterior não será concedida exoneração ou licença
cício de cargo em comissão ou função de confiança, e em para tratar de interesse particular, antes de decorrido pe-
casos que forem previstos em lei específica. ríodo igual ao do afastamento, salvo se ressarcir a despe-
O servidor em estágio probatório somente poderá sa havida com seu afastamento. Essa disposição (art. 95,
afastar-se do exercício do cargo efetivo para ocupar car- § 3º) não se aplica aos servidores da carreira diplomática.
go em comissão de natureza especial ou de direção e Sobre os afastamentos do País de servidores civis da
chefia de níveis DAS-6, DAS-5, DAS-4 ou equiva- Administração Pública Federal, dispõe o Decreto nº 1.387,
lentes (MP nº 1.480-21, de 29 de agosto de 1996). de 7 de fevereiro de 1995.
Do Tempo de serviço
Direito de Petição
São considerados como tempo de serviço apenas para
efeito de aposentadoria e disponibilidade: O direito de petição da lei vem regulamentar precei-
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, to constitucional que, em estrita obediência ao poder hie-
Municípios e Distrito Federal; rárquico, deve ser encaminhado à autoridade competente
II - a licença para tratamento de saúde de pessoa da por intermédio da autoridade a que o servidor estiver ime-
família do servidor, com remuneração; diatamente subordinado.
III - a licença para atividade política, a partir da data O requerimento, instrumento adequado à forma-
do registro da candidatura até o 10º dia seguinte ao da lização da petição, deve se apresentar com os seguintes
eleição; elementos:
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man- • configuração do direito de petição;
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, an- • a quem será dirigido o pedido;
terior ao ingresso no serviço público federal; • exposição do conteúdo pedido (ou situação de fato);
V - o tempo de serviço em atividade privada, vin- • fundamentação do pedido;
culada à Previdência Social; • anexos (declarações, certidões, etc.).
VI - o tempo de serviço relativo a Tiro-de-Guerra.
Verifica-se que não será considerado, na contagem do
tempo de serviço, o tempo de licença do servidor para tra- O servidor deve atentar para os prazos de pres-
tamento de saúde de pessoa de sua família que exceder os crição do direito de requerer em defesa de interesses
prazos para os quais a lei prevê o pagamento da remunera- legítimos: cinco anos ou cento e vinte dias, depen-
ção. A lei (art. 103, II) somente prevê a contagem para dendo do fato.
efeito de aposentadoria e disponibilidade do período de
licença, a esse título, com remuneração.
Além das ausências ao serviço previstas nas conces- DO REGIME DISCIPLINAR (ARTS. 116 A 142)
sões especiais são considerados como de efetivo exercí-
cio os afastamentos em virtude de: Regime Disciplinar
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, • Deveres do Servidor
em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta- Para tentar explicar a peculiar posição do servidor
dos, Municípios e Distrito Federal; perante o Estado e a natureza da relação existente, é ne-
III - exercício de cargo ou função de governo ou Ad- cessário extrapolar a noção de relação empregatícia, e,
ministração, em qualquer parte do território nacional, por sendo o ordenamento jurídico insuficiente para clarear a
nomeação do Presidente da República; essência dessa peculiaridade, faz-se mister recorrer ao
IV - participação em programa de treinamento regu- ordenamento ético.
larmente instituído; Portanto, é mais adequado dizer deveres do servidor pú-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, blico em lugar de obrigações, pois assim evidencia o caráter
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção preponderantemente ético fundamentado em tal relação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assiduidade, responsabilidade, produtividade, ca- parâmetros limítrofes que a lei estabelece. É seu dever
pacidade de iniciativa, disciplina, quantidade de traba- conhecer, observar, divulgar as normas e manter-se atu-
lho, comprometimento, tempestividade, relacionamen- alizado em relação a elas.
to e criatividade são alguns dos fatores avaliados, hoje,
em desempenho. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quan-
do manifestamente ilegais;
f) Pontualidade O dever de obediência advém do poder hierárquico,
O servidor deve ser pontual, isto é, observar rigoro- típico da Administração. Obediência que não deve ser
samente o horário de início e término do expediente da absoluta, acatando somente as ordens legais, emanadas
repartição e do interstício para refeição e descanso, quan- pela autoridade competente, nos ditames da Lei. Este
do houver. inciso está estreitamente ligado ao anterior, visto que é o
53
servidor subalterno que deve ter a clareza e o VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
discernimento (se a ordem recebida é legal ou não), É o dever de sigilo funcional. O servidor deve man-
advindo este do conhecimento, pois quem conhece, re- ter irrestrita reserva e discrição sobre informação de que
conhece. tomou conhecimento em razão do cargo, cuja publici-
dade possa trazer danos quaisquer à Administração. Este
V - atender com presteza: preceito deve ser rigorosamente observado. A simples
a) ao público em geral, prestando as informações revelação oral, em caráter confidencial, a terceiro que
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; (esta de outro modo jamais ficaria conhecendo, ainda que não
alínea é literal). produza prejuízo algum, já configura a quebra e desres-
É direito constitucional o acesso a informações (art. peito ao sigilo funcional.
5º, XIV) e dever do servidor atendê-las com presteza,
ressalvadas as protegidas por sigilo, por exemplo: in- IX - manter conduta compatível com a moralidade
vestigação policial, proposta de licitação (até sua aber- administrativa;
tura), assuntos que envolvam segurança nacional, etc. O elemento ético deve estar sempre presente e
b) à expedição de certidões requeridas para de- nortear a conduta do servidor, no exercício da função e
fesa de direito ou esclarecimento de situações de in- fora dela, devendo ser impecável em suas palavras, ati-
teresse pessoal; tudes, costumes e apresentação pessoal, zelando pela
Direito assegurado pela Constituição (art. 5º, própria imagem e igualmente pelo prestígio da função
XXXIV, b) a obtenção de tais certidões (certidões nega- pública.
tivas, que equivalem a um atestado de “nada consta” ou
estar o usuário quite em relação ao órgão em questão). X - ser assíduo e pontual ao serviço;
O servidor deve comparecer habitualmente ao local
Lei nº 9.051, de 18/5/95 de trabalho, observando fielmente o horário de início e
Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e término do expediente. Esse preceito é um dos fatores
esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos que serão objeto de avaliação para o desempenho do
da administração centralizada ou autárquica, às cargo durante o estágio probatório: sem ausências
empresas públicas, às sociedades de economia mis- injustificadas e comparecimento rigoroso nos horários
de entrada e saída estabelecidos.
ta e às fundações públicas da União, Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
expedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) O servidor deve tratar as pessoas, o público e os cole-
dias, contados do registro do pedido no órgão gas de trabalho com educação e respeito, zelando pela har-
expedidor. monia do ambiente e bem-estar geral.
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
Atender prontamente, com preferência sobre qual- abuso de poder;
quer outro serviço, as requisições de papéis, documen- Esse dever decorre do princípio constitucional da le-
tos, informações ou providências que lhe forem feitas galidade, que impõe ao agente público agir nos limites e
pelas autoridades judiciárias ou administrativas, para ditames da Lei, cabendo a quem souber de ilegalidade,
defesa do Estado, em juízo. omissão ou abuso de poder, representar à autoridade com-
petente.
VI - levar ao conhecimento da autoridade supe- O abuso de poder (gênero) configura-se em duas es-
rior as irregularidades de que tiver ciência em razão pécies: excesso de poder e desvio de finalidade.
do cargo; No excesso de poder, o agente, embora competente,
É dever do servidor levar ao conhecimento da auto- extrapola os limites das atribuições que a lei lhe confere,
ridade superior as irregularidades de que tiver ciência, exorbitando sua competência legal.
porque se não o fizer, torna-se conivente com elas, con- Já no desvio de finalidade o agente público, embora atu-
figurando condescendência criminosa e assumindo a ando nos limites de sua competência, procura fim diverso
posição de responsável solidário, respondendo, na esfe- ao que seria legítimo, determinado por lei ou pelo interesse
ra cível, administrativa e penal, ao que couber. público, o bem comum, atentando contra o princípio da
impessoalidade. Ambas situações invalidam o ato: o ato é
arbitrário, ilícito e nulo.
VII - zelar pela economia do material e a conser-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XII - receber propina, comissão, presente ou vanta- XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emer-
A Lei nº 8.429 de 2/6/92 prevê situações e estabelece gência e transitórias;
instrumentos de responsabilização dos que tentarem le- Cargo público é um lugar na estrutura organizacional,
sar o erário: criado por lei, com atribuições a ele inerentes e com venci-
mentos próprios.
Assim, um servidor não pode determinar ou alterar as
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa atribuições a serem desempenhadas por outro a ele su-
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo bordinado porque elas já são previstas, excetuando-se
de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício situações de emergência e transitoriedade, onde todos
de cargo, mandato, função ou atividade nas entidades devem colaborar, no que for possível, para que as condi-
mencionadas no art. 1º desta Lei, notadamente: ções normais se reestabeleçam.
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem Perceba que não basta ser situação de urgência há
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, que ser de emergência, e, não só de emergência, requer
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gra- transitoriedade.
tificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou
indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam in-
omissão decorrente das atribuições do agente público; compatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho.
A Constituição Federal, art. 37, § 4º, já previa: “Os O elemento ético deve nortear a conduta do servidor,
atos de improbidade administrativa importarão a suspen- dentro e fora do exercício da função, devendo ele evitar
são dos direitos políticos (de 3 a 10 anos), a perda da quaisquer atitudes que atentem contra o princípio da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci- moralidade administrativa.
mento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível”. Além das atividades incompatíveis retratadas no
inciso X: participar de gerência ou administração de
empresa privada de sociedade civil, ou exercer comér-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de es- cio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
tado estrangeiro; comanditário.
Esta falta é de substancial seriedade, podendo, em A Constituição Federal/88, art. 37, XVI prevê a veda-
razão do cargo que o servidor ocupe, por em risco a sobe- ção da acumulação de cargos públicos:
rania do Estado, e se cometida em tempo de guerra oficial-
mente declarada, pode ser punido com pena de morte XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
(Constituição Federal, art. 5º, XLVII, a). públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá-
rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; a) a de dois cargos de professor;
Usura é sinônimo de agiotagem, ou seja, especula- b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou
ção sobre fundos, câmbios ou mercadorias, com objetivo científico;
de obter lucro exagerado mediante juros exorbitantes. c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; (NR)*
XV - proceder de forma desidiosa;
Ser negligente, indolente e preguiçoso. Agir com Obs.: Por cargo técnico ou científico, entende-se aque-
descaso e apatia, não empregando a devida atenção, cui- le que tenha como pré-requisito para investidura a forma-
dado e eficiência na ação praticada. ção em 3º grau, isto é, nível superior.
A Constituição Federal/88 traz outras duas exceções
à vedação da acumulação de cargos públicos:
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da Art. 38, III - investido no mandato de Vereador, ha-
repartição em serviços ou atividades particulares; vendo compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
Conforme esclarecimentos anteriores, o ato não pode gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
desviar-se de sua finalidade, que certamente tem como
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
instaurado, indicando o horário e local de funcionamento o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da pró-
da comissão, de modo a assegurar-lhe o direito de acom- pria defesa.
panhar o processo desde o início, pessoalmente ou por O acusado será perguntado sobre o seu nome, núme-
intermédio de procurador legalmente constituído, arrolar ro e tipo de documento de identidade, CPF, naturalidade,
e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas estado civil, idade, filiação, residência, profissão e lugar
e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial, onde exerce a sua atividade, e, depois de cientificado da
bem como requerer diligências ou perícias. acusação, será interrogado sobre os fatos e circunstâncias
objeto do inquérito administrativo e sobre a imputação
Da inquirição das testemunhas que lhe é feita.
As testemunhas serão intimadas a depor com, no As respostas do acusado serão ditadas pelo presiden-
mínimo, 24 horas de antecedência, mediante mandado te da comissão e reduzidas a termo que, depois de lido
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pelo secretário ou por quaisquer dos membros da comis- mais de um indiciado, respectivamente, para diligências
são, será rubricado em duas folhas e assinado pelo presi- reputadas indispensáveis.
dente da comissão, pelos vogais, pelo secretário, pelo O indiciado poderá, mediante instrumento hábil, dele-
acusado e seu procurador, se presente. gar poderes para procurador efetuar sua defesa, desde que
não seja funcionário público, face aos impedimentos legais.
Da indiciação
Encerrada a colheita dos depoimentos, diligências, Da revelia
perícias, interrogatório do acusado e demais providências Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
julgadas necessárias, a comissão instruirá o processo com citado, não apresentar defesa no prazo legal.
uma exposição sucinta e precisa dos fatos arrolados que A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
indiciam o acusado como autor da irregularidade, que de- cesso e devolverá no prazo de 15 (quinze) dias para a
verá ser anexada à citação do mesmo para apresentar de- defesa dativa se houver apenas um indiciado, e de 20 (vin-
fesa escrita. te) dias, quando houver dois ou mais indiciados.
A indiciação, além de tipificar a infração disciplinar, Para defender o indiciado revel, a autoridade
indicando os dispositivos legais infringidos, deverá espe- instauradora do processo, após solicitação do presidente
cificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas da comissão, designará um servidor como defensor
provas, com indicação das folhas do processo onde se dativo, ocupante de cargo de nível igual ou superior
encontram. ao do indiciado.
Em caso de falecimento de servidor em serviço fora cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos
transporte do corpo correrão à conta de recursos da União, planos de carreira:
autarquia ou fundação pública. I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a
Auxílio-reclusão – será devido ao servidor de baixa redução dos custos operacionais;
renda II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao
À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu- mérito, condecoração e elogio.
são, nos seguintes valores: Os prazos previstos nesta lei serão contados em dias cor-
I - dois terços da remuneração, quando afastado por ridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; prazo vencido em dia em que não haja expediente.
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Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófi- do e certo é o que se apresenta manifesto na sua existên-
ca ou política, o servidor não poderá ser privado de quais- cia, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no
quer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida fun- momento da impetração. O prazo para impetração é de cen-
cional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. to e vinte dias do conhecimento oficial do ato a ser impug-
Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da nado. Esse remédio heróico admite suspensão liminar do
Constituição Federal, o direito à livre associação sindical, e ato, e, quando concedida, a ordem tem efeito fundamental e
os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: imediato, não podendo ser impedida sua execução por ne-
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como nhum recurso comum, salvo pelo Presidente do Tribunal
substituto processual; competente para apreciação da decisão inferior.
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até 1 (um)
ano após o final do mandato, exceto se a pedido; II - Mandado de segurança coletivo: inovação da atual
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade Carta (art. 5º, LXX), é remédio posto à disposição de partido
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e con- político com representação no Congresso Nacional, ou de
tribuições definidas em assembléia-geral da categoria; organização sindical, entidade de classe ou associação le-
d) de negociação coletiva;* galmente constituída, e em funcionamento há pelo menos
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Fe- associados. Seus pressupostos são os mesmos do manda-
deral.** do de segurança individual, inclusive quanto ao direito lí-
Consideram-se da família do servidor, além do cônju- quido e certo, só que, como é evidente, a tutela não é indi-
ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas vidual, mas coletiva.
e constem do seu assentamento individual.
Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companhei- Ação Popular
ro, que comprove união estável com entidade familiar.
Para os fins desta Lei, considera-se sede o município É a via constitucional (art. 5º, LXXIII) posta à disposi-
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver ção de qualquer cidadão (eleitor) para obter a anulação de
exercício, em caráter permanente. atos ou contratos administrativos – ou a eles equiparados
– lesivos ao patrimônio público ou de entidades de que o
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO E CONTROLE Estado participe, à moralidade administrativa e ao meio
DA ADMINISTRAÇÃO: ESPÉCIES DE CONTROLE E SUAS ambiente natural ou cultural. Está regulada pela Lei
CARACTERÍSTICAS nº 4.717, de 29/6/65.
A ação popular é um instrumento de defesa dos inte-
O CONTROLE JUDICIÁRIO DOS ATOS ADMINISTRATI- resses da coletividade, utilizável por qualquer de seus mem-
VOS bros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos. Por ela
não se amparam direitos próprios mas, sim, interesses da
O controle judiciário ou judicial é exercido privativa- comunidade. O beneficiário direto e imediato da ação não é
mente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos ad- o autor popular; é o povo, titular do direito subjetivo ao
ministrativos do Executivo, do Poder Legislativo e do pró- governo honesto. Tem fins preventivos e repressivos da
prio Judiciário quando este realize atividade administrati- atividade administrativa lesiva do patrimônio público, as-
va. É um controle a posteriori eminentemente de legalida- sim entendidos os bens e direitos de valor econômico, ar-
de. É, sobretudo, um meio de preservação de direitos indi- tístico, estético ou histórico. A própria lei regulamentadora
viduais, pois visa a impor a observância da lei em ques- indica os sujeitos passivos da ação e aponta casos em que
tões reclamadas por seus beneficiários. a ilegalidade do ato já faz presumir a lesividade ao
patrimônio público, além daqueles em que a prova fica a
Meios de Controle Judicial cargo do autor popular. O processo, a intervenção do Mi-
nistério Público, os recursos e a execução da sentença
Mandado de Segurança acham-se estabelecidos na própria Lei nº 4.717/65. A norma
constitucional isenta o autor popular, salvo comprovada
• Individual má-fé, de custas e de sucumbência.
• Coletivo
I - Mandado de segurança individual: é o meio cons- Interna Corporis
titucional (art. 5º, LXIX) posto à disposição de toda pes-
soa física ou jurídica, órgão com capacidade processual São aquelas questões ou assuntos que se relacionam
ou universalidade reconhecida por lei para proteger di- direta e imediatamente com a economia interna da
reito individual, próprio, líquido e certo, não amparada corporação legislativa e dos tribunais judiciais, como a
por habeas corpus, lesado ou ameaçado de lesão por formação ideológica da lei, atos de escolha da mesa (elei-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ato de qualquer autoridade, seja de que categoria for e ções internas), e cassação de mandatos, licenças, organi-
sejam quais forem as funções que exerça. Está regulado zação interna, etc.
pela Lei nº 1.533, de 31/12/51, e legislação subseqüente. Tais atos sujeitam-se à apreciação da Justiça que pode
O mandado de segurança é ação civil de rito sumário confrontar o ato praticado com as prescrições constitucio-
especial, sujeito a normas procedimentais próprias, pelo nais legais ou regimentais, verificando, pois, se há
que só supletivamente lhe são aplicáveis disposições ge- inconstitucionalidade, legalidade ou infringências regimen-
rais do Código de Processo Civil. Destina-se a coibir atos tais nos seus alegados interna corporis, sem adentrar o
ilegais de autoridade que lesam direito subjetivo, líquido e conteúdo/mérito, de seus atos.
certo, do impetrante. Por ato de autoridade suscetível de A Justiça não pode, por exemplo, substituir a delibe-
mandado de segurança, entende-se toda ação ou omissão ração da Câmara por um pronunciamento judicial sobre o
do poder público ou de seus delegados, no desempenho que é de exclusiva competência discricionária do Plenário,
de suas funções ou a pretexto de exercê-las. Direito líqui- da Mesa ou da Presidência.
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Atos Legislativos alguns membros da comunidade, não há falar em indeni-
zação da coletividade. Só excepcionalmente poderá uma
As leis não ficam sujeitas a anulação judicial pelos lei inconstitucional atingir o particular uti singuli, cau-
meios processuais comuns, mas sim pela via especial da sando-lhe um dano injusto e reparável. Se tal ocorrer,
ação direta de inconstitucionalidade promovida pelas pes- necessária se torna a demonstração cabal da culpa do
soas e, órgãos indicados na Constituição Federal (art. 103), Estado, através da atuação de seus agentes políticos,
cabendo ao STF declarar a inconstitucionalidade da lei ou mas isto se nos afigura indemonstrável no regime demo-
de qualquer outro ato normativo. crático, em que o próprio povo escolhe seus represen-
tantes para o legislativo. Onde, portanto, o fundamento
Atos Políticos para a responsabilização da Fazenda Pública se é a pró-
pria coletividade que investe os elaboradores da lei na
São os praticados pelos agentes do Governo, no uso função legislativa e nenhuma ação disciplinar têm os de-
da competência constitucional. Devido ao seu elevado mais Poderes sobre agentes políticos? Não encontra-
discricionarismo, provocam maiores restrições ao contro- mos, assim, fundamento jurídico para a responsabilização
le judicial. civil da Fazenda Pública por danos eventualmente cau-
Quando argüidos de lesivos a direito individual ou ao sados por lei, ainda que declarada inconstitucional. O
patrimônio público vão à apreciação da Justiça. que o STF já admitiu foi a responsabilização da Adminis-
tração por ato baseado em decreto posteriormente julga-
A RESPONSABILIDADE CIVIL DA do inconstitucional. Mas decreto, embora com efeitos
ADMINISTRAÇÃO OU DO ESTADO normativos, não é lei, como erroneamente está dito na
ementa deste julgado.
A Constituição adota, no que tange às entidades de O ato judicial típico, que é a sentença, enseja res-
Direito Público, a responsabilidade objetiva, com base na ponsabilidade civil da Fazenda Pública, como dispõe,
teoria do risco administrativo, que, diferindo da teoria do agora, a CF de 1988, em seu art. 5º, LXXV. Ficará, entre-
risco integral, admite abrandamento, quer dizer: a culpa da tanto, o juiz individual e civilmente responsável por dolo,
vítima influi para minorar ou mesmo excluir a responsabili- fraude, recusa, omissão ou retardamento injustificado
dade civil do Estado. de providências de seu ofício, nos expressos termos do
Na responsabilidade civil do Estado, de acordo com a art. 133 do CPC, cujo ressarcimento do que foi pago pelo
teoria do risco administrativo, há a presunção relativa juris Poder Público deverá ser cobrado em ação regressiva
tantum da culpa do servidor, de sorte que, provada a cul- contra o magistrado culpado. Quanto aos atos adminis-
pa total ou parcial do lesado, exime-se a Administração, trativos praticados por órgãos do Poder Judiciário, equi-
na mesma escala, da obrigação de reparar o dano. param-se aos demais atos da Administração e, se lesi-
A nova diretriz constitucional, mantida na vigente vos, empenham a responsabilidade civil objetiva da Fa-
Constituição (art. 37, § 6º), é: “As pessoas jurídicas de zenda Pública.
Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de ser-
viços públicos responderão pelos danos que seus agen- Teoria do Risco Administrativo
tes, nessa qualidade, causaram a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de A teoria do risco administrativo faz surgir a obrigação
dolo ou culpa”. de indenizar o dano do só ato lesivo e injusto causado à
As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmen- vítima pela Administração. Não se exige qualquer falta do
te responsáveis por atos de seus representantes, que, serviço público, nem culpa de seus agentes. Basta a le-
nessa qualidade, causem dano a terceiros, procedendo de são, sem o concurso do lesado. Na teoria do risco admi-
modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito nistrativo, exige-se, apenas, o fato do serviço.
por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do Aqui não se cogita da culpa da Administração ou de
dano (é o que estabelece o art. 15 do Código Civil Brasilei- seus agentes, bastando que a vítima demonstre o fato
ro). danoso e injusto ocasionado por ação ou omissão do Po-
der Público. Tal teoria, como o nome está a indicar, ba-
Responsabilidades por Atos Legislativos e Judiciais seia-se no risco que a atividade pública gera para os
administrados e na possibilidade de acarretar dano a cer-
Para os atos administrativos, a regra constitucional é a tos membros da comunidade, impondo-lhes um ônus não
responsabilidade objetiva da Administração. Mas, quanto suportado pelos demais. Para compensar essa desigual-
aos atos legislativos e judiciais, a Fazenda Pública só res- dade individual, criada pela própria Administração, to-
ponde mediante a comprovação de culpa manifesta na sua dos os outros componentes da coletividade devem con-
expedição, de maneira ilegítima e lesiva. Essa distinção re- correr para a reparação do dano, através do Erário, repre-
sulta do próprio texto constitucional, que só se refere aos sentado pela Fazenda Pública. O risco e a solidariedade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
agentes administrativos (servidores), sem aludir aos agen- social são, pois, os suportes desta doutrina que, por sua
tes políticos (parlamentares e magistrados), que não são objetividade e partilha dos encargos, conduz a mais per-
servidores da Administração Pública, mas, sim, membros feita justiça distributiva, razão pela qual tem merecido o
de Poderes de Estado. acolhimento dos Estados modernos. A teoria do risco
O ato legislativo típico, que é a lei, dificilmente poderá administrativo, embora dispense a prova da culpa da
causar prejuízo indenizável ao particular, porque, como Administração, permite que o Poder Público demonstre
norma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade, a culpa da vítima para excluir ou atenuar a indenização.
em nome da soberania do Estado, que, internamente, se
expressa no domínio eminente sobre todas as pessoas e A Reparação do Dano
bens existentes no território nacional. Como a reparação
civil do Poder Público visa a restabelecer o equilíbrio A reparação do dano causado pela Administração a
rompido com o dano causado individualmente a um ou terceiros obtém-se amigavelmente ou por meio de ação de
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indenização, e, uma vez indenizada a lesão da vítima, fica a Quadro sinótico
entidade pública com o direito de voltar-se contra o servi-
dor culpado para haver dele o despendido, através da R| 1. Irresponsabilidade Civil do Estado
||
ação regressiva autorizada pelo § 6º do art. 37 da Consti-
tuição Federal. R| 2.1. Com culpa
O legislador constituinte bem separou as responsabi-
| || a) do agente ou civil ou subjetiva;
lidades: o Estado indeniza a vítima; o agente indeniza o
Estado, regressivamente. S| S|
b) do serviço ou administrativa.
||
Evolução 2. Responsa-
Ação de Indenização 2. bilidade
|| 2.2. Sem culpa
|| T
a) risco administrativo ou objetiva;
Para obter a indenização, basta que o lesado acione a
Fazenda Pública e demonstre o nexo causal entre o fato
T b) risco integral.
que o Estado, normalmente, não indeniza. Esta (risco ad- não são delegados.
ministrativo), nos demais casos.
Impróprios do Estado
É possível descentralizar o serviço por dois diferentes Estado (não em nome próprio), mas por sua conta e risco.
modos: Esta técnica de prestação descentralizada de serviço
público se faz através da concessão de serviço público e
Outorga da permissão de serviço público. É a delegação. Os
serviços são delegados, sem transferir a titularidade.
Transferindo o serviço à titularidade de uma pessoa A concessão e a permissão podem ser feitas a um
jurídica de direito público criada para este fim, que passará particular ou a empresa de cujo capital participe o Estado,
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a desempenhá-lo em nome próprio, como responsável e Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
senhor dele, embora sob controle do Estado. Neste caso, Diz-se por outro lado que a prestação de serviço
o serviço é transferido para uma Autarquia, Empresa público é prestado de modo:
Pública ou Sociedade de Economia Mista. É a outorgada. • concentrado – quando apenas órgãos centrais detêm
Os serviços são outorgados. Exs.: Telebrás, Eletrobrás. o poder de decisão e prestação dos serviços. Ocorre em Es-
tados unitários. Não ocorre no Brasil.
Delegação • desconcentrado – quando o poder de decisão e os
serviços são distribuídos por vários órgãos distribuídos
Transferindo o exercício, o mero desempenho do por todo o território da Administração centralizada. É o
serviço (e não a titularidade do serviço em si) a uma pessoa que ocorre no Brasil que é uma República Federativa.
jurídica de direito privado que o exercerá em nome do A concentração ou desconcentração são modos de
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prestação de serviços pela Administração centralizada, A concessão exige:
União, Estados e Municípios. • autorização legislativa;
• regulamentação por decreto;
Analisemos agora a distinção entre outorga e dele- • concorrência pública.
gação. O contrato de concessão tem que obedecer à lei, ao
regulamento e ao edital. Por este contrato não se transfere
Outorga Delegação a prerrogativa pública (titularidade), mas apenas a
• o Estado cria a entidade • o particular cria a entidade execução dos serviços. As condições do contrato podem
• o serviço é transferido por lei • o serviço é transferido por lei, con- ser alteradas unilateralmente pelo Poder concedente, que
trato (concessão), ato unilateral
(permissão, autorização) também pode retomar o serviço, mediante indenização
• transfere-se a titularidade • transfere-se a execução (lucros cessantes). Nas relações com o público, o
• caráter definitivo • caráter transitório concessionário fica sujeito ao regulamento e ao contrato.
Findo o contrato, os direitos e bens vinculados ao serviço
retornam ao poder concedente. O Poder Público regula-
Outorga
menta e controla o concessionário. Toda concessão fica
submetida a normas de ordem regulamentar, que são a
Tecemos, agora, algumas considerações sobre os
lei do serviço. Estas normas regram sua prestação e
serviços sociais autônomos, ou Entes de Cooperação.
podem ser alteradas unilateralmente pelo Poder Público.
São pessoas jurídicas de direito privado, criados ou
Fica também submetida a normas de ordem contratual,
autorizados por lei, para prestar serviços de interesse social
que fixam as cláusulas econômicas da concessão e só
ou de utilidade pública, geridos conforme seus estatutos,
aprovados por Decretos, e podendo arrecadar contribuições podem ser alteradas pelo acordo das partes. A alteração
parafiscais. São pessoas jurídicas de direito privado, sem das tarifas que remuneram os serviços concedidos se faz
fins lucrativos. Podem receber dotações orçamentárias. por decreto.
Geralmente se destinam à realização de atividades
técnicas, científicas educacionais ou assistencial, como o Garantia do concessionário
Sesi, Sesc, Senai, Senac. Revestem a forma de sociedades
civis, fundações ou associações. O concessionário tem a seguinte garantia: o equilíbrio
Estes entes estão sujeitos à supervisão ministerial, nos econômico-financeiro do contrato (rentabilidade
termos do Decreto-Lei nº 200/67, e se sujeitam a uma assegurada).
vinculação ao ministério em cuja área de competência se
enquadrar sua principal atividade. Utilizam-se de Poderes do concedente
dinheiros públicos, como são as contribuições parafiscais,
e devem prestar contas do regular emprego deste dinheiro, A Administração Pública tem sobre o concessionário
na conformidade da lei competente. Seus funcionários são os seguintes poderes:
celetistas e são equiparados a funcionários públicos para • poder de inspeção e fiscalização sobre as ativida-
fins penais. Sujeitam-se a exigência de licitação. des do concessionário, para verificar se este cum-
pre regularmente as obrigações que assumiu;
Delegação • poder de alteração unilateral das cláusulas re-
gulamentares, isto é, poder de impor modificações
É o ato pelo qual o Poder Público transfere a relativas à organização do serviço, seu funciona-
particulares a execução de serviços públicos, mediante mento, e às tarifas e taxas cobradas do usuário;
regulamentação e controle pelo Poder Público delegante. • poder de extinguir a concessão antes de findo o
A delegação pode ser feita por: prazo inicialmente previsto.
• concessão; A concessão é uma técnica através da qual o Poder
• permissão; Público procura obter o melhor serviço possível; por isto,
• autorização. cabe-lhe retomar o serviço sempre que o interesse público
o aconselhar.
Concessão de Serviço Público
Remuneração
Concessão de serviço público é o contrato através do
qual o Estado delega a alguém o exercício de um serviço É feita através de tarifas e não por taxas. Esta tarifa
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público e este aceita prestá-lo em nome do Poder Público deve permitir uma justa remuneração do capital. A revisão
sob condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo das tarifas é ato exclusivo do poder concedente e se faz
Estado, mas por sua conta, risco, remunerando-se pela por decreto.
cobrança de tarifas diretamente dos usuários do serviço e
tendo a garantia de um equilíbrio econômico-financeiro. Direito do concessionário
A concessão pode ser contratual ou legal. É contratual
quando se concede a prestação de serviços públicos aos O concessionário tem, basicamente, dois direitos:
particulares. É legal quando a concessão é feita a entidades • o de que não lhe seja exigido o desempenho de ati-
autárquicas e empresas estatais. vidade diversa daquela que motivou a concessão;
A concessão é intuitu personae, isto é, não pode o • o da manutenção do equilíbrio econômico-finan-
concessionário transferir o contrato para terceiros. ceiro.
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Para que o equilíbrio econômico-financeiro se A revogação da permissão pela Administração pode
mantenha, o Estado, cada vez que impuser alterações nas ser a qualquer momento, sem que o particular se oponha,
obrigações do concessionário, deverá alterar a sua exceto se for permissão condicionada.
remuneração, para que não tenha prejuízos. Os riscos do serviço são por conta do permissionário.
O controle do serviço é por conta da Administração, que
Direito do usuário (ver art. 7º da Lei nº 8.987/95) pode intervir no serviço.
A permissão não assegura exclusividade ao per-
Os usuários, atendidas as condições relativas à missionário, exceto se constar de cláusula expressa.
prestação do serviço e dentro das possibilidades normais Assim como a concessão, a permissão deve ser
dele, têm direito ao serviço. O concessionário não lhe precedida de licitação para escolha do permissionário.
poderá negar ou interromper a prestação. Cumpridas pelo Os atos praticados pelos permissionários revestem-
usuário as exigências estatuídas, o concessionário está se de certa autoridade em virtude da delegação recebida e
obrigado a oferecer, de modo contínuo e regular, o serviço são passíveis de mandado de segurança.
cuja prestação lhe incumba. A responsabilidade por danos causados a terceiros é
do permissionário. Apenas subsidiariamente a Adminis-
Extinção da concessão (Ver art. 35 da Lei nº 8.987/95) tração pode ser responsabilizada pela culpa na escolha
ou na fiscalização do executor dos serviços.
A extinção da concessão pode se dar por:
• advento do termo contratual – é o retorno do servi- Autorização
ço ao poder concedente, pelo término do prazo
contratual. Abrange os bens vinculados ao servi- É o ato administrativo discricionário e precário pelo
ço. qual o Poder Público torna possível ao particular a
• encampação – é o retorno do serviço ao poder realização de certa atividade, serviço ou utilização de
concedente pela retomada coativa do serviço, an- determinados bens particulares ou públicos, de seu
tes do término do contrato mediante lei autoriza- exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona
dora. Neste caso, há indenização. A encampação à aquiescência prévia da Administração. Exs.: serviço de
pode ocorrer pela desapropriação dos bens vin- táxi, serviço de despachante, serviço de segurança
culados ao serviço ou pela expropriação das ações. particular.
• caducidade – é o desfazimento do contrato por ato
unilateral da Administração ou por decisão judi- Características
cial. Há indenização. Ocorre rescisão por ato unila-
É ato unilateral da Administração:
teral quando há inadimplência.
• precário;
• anulação – é a invalidação do contrato por ilegali-
• discricionário;
dade. Não há indenização. Os efeitos são a partir
• no interesse do particular;
do início do contrato.
• intuitu personae.
Permissão
Cessação
Permissão de serviço público é o ato unilateral,
Pode dar-se a qualquer momento, sem que a Adminis-
precário e discricionário, através do qual o Poder Público
tração tenha que indenizar.
transfere a alguém o desempenho de um serviço público,
proporcionando ao permissionário a possibilidade de Remuneração
cobrança de tarifa aos usuários.
A permissão pode ser unilateralmente revogada, a Dá-se por tarifas.
qualquer tempo, pela Administração, sem que deva pagar
ao permissionário qualquer indenização, exceto se se tratar Licitação
de permissão condicionada que é aquela em que o Poder
Público se autolimita na faculdade discricionária de revogá- Exige-se se for para permissão de serviços públicos
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la a qualquer tempo, fixando em lei o prazo de sua vigência. (CF, art. 175). Para a realização de atividade pelo particular
A permissão condicionada é usada geralmente para ou para a utilização de certos bens, como regra não se
transportes coletivos. Neste caso, se revogada ou alterada, exige a licitação, mas pode-se coletar seleção por outro
dá causas a indenização. sistema.
São características da permissão: Há que se observar que os serviços autorizados não
• unilateralidade (é ato administrativo e não con- se beneficiam da prerrogativa de serviço público.
trato); Os executores dos serviços autorizados não são
• discricionariedade; agentes públicos, não praticam atos administrativos e,
• precariedade; portanto, não há responsabilidade da Administração pelos
• intuitu personae. danos causados a terceiros.
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Tarifas
Convênios e consórcios
Convênios
Particularidades
Consórcios
res, mesmo que manifestamente ilegais. estágio atual de evolução. De uma fase inicial em que
c) O servidor público pode atuar em repartições pú- o Estado não respondia pelos prejuízos causados aos
blicas como procurador ou intermediário de cônju- particulares, a responsabilidade civil da Administra-
ge, quando se tratar de benefício previdenciário. ção Pública obedece atualmente a regras especiais de
d) O exercício irregular das atribuições do cargo pode Direito Público. A respeito desse tema, julgue os itens
acarretar responsabilidade civil e administrativa do a seguir.
servidor público. a) Vigora no Brasil, como regra, a teoria do risco inte-
e) A lei impõe expressamente os seguintes deveres gral da responsabilidade civil.
ao servidor público: sigilo acerca de assuntos da b) Quando demandado regressivamente, o agente
repartição, conservação do patrimônio público e causador do prejuízo responderá de forma objeti-
lealdade à instituição. va perante a Administração Pública.
c) Em face de prejuízos causados a particulares, as d) Sempre que o servidor for transferido, removido,
empresas privadas prestadoras de serviços públi- redistribuído, requisitado ou cedido, devendo, em
cos submetem-se às mesmas regras de responsa- razão disso, ter exercício em outra sede, deverá ini-
bilidade civil aplicáveis aos entes públicos. ciar o trabalho imediatamente após o período estri-
d) Será subjetiva a responsabilidade civil do Estado tamente necessário ao deslocamento para a nova
por acidentes nucleares. localidade.
e) Ainda que se comprove erro judiciário, o Estado e) O ocupante de cargo em comissão tem o dever de
não estará obrigado a indenizar o condenado, haja trabalhar unicamente até o máximo de quarenta
vista a sentença judicial não possuir natureza de horas semanais, ressalvado o disposto em lei es-
ato administrativo. pecial.
25. Fernanda, Delegada de Polícia Federal, comanda uma 27. Lúcio foi aprovado em concurso público para o cargo
equipe que está em perseguição automobilística a uma de Agente de Polícia Federal. Tomou posse e, no pra-
quadrilha de traficantes internacionais de crianças. zo legal, entrou em exercício. Durante o estágio
Ambos os veículos – o do DPF e o dos delinqüentes probatório, verificou-se que Lúcio infringiu, sistema-
– trafegam em velocidade relativamente elevada em ticamente, o dever de assiduidade, o que foi apurado
zona urbana. Durante a perseguição, Lúcia, Agente na avaliação final desse período. Considerando esse
de Polícia Federal, que conduzia a viatura policial, ape- quadro e à luz da Lei nº 8.112/90, julgue os itens que
sar de toda a cautela com que dirigia, não conseguiu se seguem.
evitar colisão com o automóvel de Francisca, cidadã a) Ao cabo do estágio probatório, Lúcio poderá ser
que trafegava em uma das vias pelas quais passaram exonerado, em razão da infringência ao dever legal
os automóveis envolvidos na perseguição. O auto- de assiduidade.
móvel de Francisca sofreu danos materiais e a filha b) Se Lúcio fosse servidor estável da Administração
menor dela, lesões corporais graves. Ao final do com- Pública federal antes da posse no novo cargo, não
petente procedimento administrativo, instaurado para seria afastado do serviço público devido à repro-
apurar esses fatos, concluiu-se que Fernanda e Lúcia vação no estágio probatório. Nesse caso, seria
reconduzido ao cargo que anteriormente ocupava.
não agiram com culpa.
c) O período de avaliação conhecido como estágio
Em face da situação apresentada e considerando as
probatório dura, no máximo, trinta meses.
normas aplicáveis à responsabilidade do Estado e de
d) Caso Lúcio adquirisse estabilidade no novo car-
seus agentes, julgue os itens a seguir, observando,
go, só mediante sentença judicial poderia perdê-
em cada um, apenas os aspectos especificamente in-
lo.
dicados. e) A indisciplina, a falta de tentativa, a deficiência de
a) A União poderá ser civilmente responsabilizada produtividade e a ausência de responsabilidade
pelos danos materiais causados à propriedade de são causas que podem levar o servidor à reprova-
Francisca. ção do estágio probatório.
b) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro-
cedimento administrativo, Fernanda poderá ser ci- 28. Acerca do regime jurídico dos servidores públicos
vilmente responsabilizada pelos danos materiais civis, julgue os itens que se seguem.
causados à propriedade de Francisca. a) A ação de responsabilidade civil do servidor, por
c) Ainda que estejam corretas as conclusões do pro- dano ao erário, é imprescritível, a despeito da sis-
cedimento administrativo, Lúcia poderá ser civil- temática e da tradição geral do Direito brasileiro.
mente responsabilizada pelos danos materiais cau- b) Se a Administração apurar, a qualquer momento,
sados à propriedade de Francisca. que a conduta de serviço público apresenta indí-
d) Se Lúcia fosse penalmente condenada pelas lesões cios de ilicitude penal, deverá remeter ao Ministé-
corporais causadas à filha de Francisca, as conclu- rio Público cópia dos autos do inquérito, mas ape-
sões do procedimento administrativo estariam pre- nas quando de sua conclusão.
judicadas, para efeito de responsabilidades civil e c) As sanções punitivas disciplinares previstas na
penal. Lei nº 8.112/90 estão indicadas em escala ascen-
e) Independentemente das responsabilidades civil e dente de gravidade (advertência, suspensão e de-
penal e ainda que seja absolvido em relação a es- missão, para os servidores da ativa; cassação de
tas, o agente público pode, dependendo do caso aposentadoria ou disponibilidade, para os inati-
concreto, ser responsabilizado na esfera adminis- vos; e destituição de cargo ou função comissionada,
trativa.
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