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Universidade de Fortaleza
Fortaleza
2006
2
Fortaleza
2006
3
BANCA EXAMINADORA
Prof.
Membro
Prof.
Membro
4
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
RESUMO
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ 10
1. CARTAZES: PRÓXIMAS ATRAÇOES EM UM CINEMA PERTO DE VOCÊ
......................................................................................................................... 18
1.1. O CARTAZ............................................................................................. 18
1.2. OS CARTAZES DE CINEMA .......................................................................... 19
1.2.1. Tipos de cartazes de cinema........................................................... 21
1.2.1.1. One Sheet [Uma folha] ............................................................. 21
1.2.1.2. Advance One Sheet [Uma folha adiantado].............................. 22
1.2.1.3. Regular One Sheet [Uma folha Regular] .................................. 23
1.2.1.4. Teaser One Sheet [Uma folha teaser] ...................................... 23
1.2.1.5. Character Advance Poster [Pôster adiantado de personagem] 24
1.2.1.6. Two Sheet [Duas folhas]........................................................... 24
1.2.1.7. Three Sheet [Três folhas] ......................................................... 25
1.2.1.8. Six Sheet [Seis folhas].............................................................. 25
1.2.1.9. Twenty-four Sheet [Vinte e quatro folhas]................................. 26
1.2.1.10. Lobby Display Cards [Cartões de lobby]................................. 26
1.2.1.11. Personality Posters [Pôsteres de personalidades].................. 29
1.2.1.12. Fine Art Posters [Pôsteres artísticos ou de Belas Artes] ........ 30
1.2.1.13. International Posters [Pôsteres Internacionais]....................... 31
1.2.1.14. Limited Edition Prints [Impressões de edição limitada]........... 31
1.2.1.15. Reissued ou Re-release [Reintrodução ou Relançamento]: ... 32
1.2.1.16. Reprint [Reimpressão]: ........................................................... 32
1.2.1.17. Reproduction [Reprodução]: ................................................... 33
1.2.2. A história dos cartazes de cinema................................................... 33
1.2.2.1. O nascimento do cinema .......................................................... 34
1.2.2.2. Anos 20..................................................................................... 34
1.2.2.3. Anos 30..................................................................................... 36
1.2.2.4. Anos 40..................................................................................... 38
1.2.2.5. Anos 50..................................................................................... 39
1.2.2.6. Anos 60..................................................................................... 41
1.2.2.7. Anos 70..................................................................................... 43
1.2.2.8. Anos 80, 90 e 2000................................................................... 45
2. A LINGUAGEM VISUAL.............................................................................. 48
2.1. ELEMENTOS BÁSICOS ............................................................................... 48
2.1.1. Ponto............................................................................................... 48
2.1.2. Linha ............................................................................................... 50
2.1.3. Forma.............................................................................................. 51
2.1.4. Direção............................................................................................ 52
2.1.5. Tom ................................................................................................. 53
2.1.6. Cor .................................................................................................. 54
2.1.7. Textura ............................................................................................ 57
2.1.8. Escala ............................................................................................. 58
2.1.9. Dimensão ........................................................................................ 59
2.1.10. Movimento..................................................................................... 60
8
LISTA DE FIGURAS
1.1. O CARTAZ
O cartaz foi uma das primeiras e continua sendo uma das principais
formas de se fazer publicidade1 em mídia impressa. Segundo Abraham Moles,
ele “[…] nasceu da vontade de difundir o anúncio impresso e o cartaz
publicitário [...] do texto que se desejou ilustrar […]”(MOLES, 1978 p.21).
O autor Milton Ribeiro, afirma que o primeiro cartaz a ser produzido
para essas finalidades tenha sido criado pelo renomado artista francês Jean du
Pré, no ano de 1482, mas ele só passou a ser considerado relevante para a
publicidade a partir do séc. XIX, com a evolução da impressão. É neste
momento que despontam os nomes de Henri Toulouse-Lautrec e Gustavo
Doré, entre muitos outros artistas que marcaram a produção de cartazes.
Figura 2: Cartaz soviético de propaganda. Sirocenqo, Long live to the great Stalin!,
1938.
3 A tradução literal do inglês para o português seria “uma folha”. É o principal tipo de cartaz de cinema.
22
4 Espaçamento de “segurança” deixado nas bordas de documentos para garantir que o recorte não afetará as imagens ou textos contidos nos
mesmos.
23
Figura 9: Cartazes duas folhas do filme O Gigante de Ferro [The Iron Giant].
Figura 10: Cartaz três folhas do filme Na Boca do Lobo [That Funny Feeling].
juntas. Também foi extinto na década de 80, principalmente por ser de difícil
manuseio e colocação (Poole, 2003).
Figura 11: Cartaz seis folhas do filme O Homem do Terno cinzento [The man in the
Gray Flannel Suit].
Figura 12: Cartaz vinte e quatro folhas do filme Star Wars Episódio V: O Império
Contra-ataca [Star Wars Episode V: The Empire Strikes Back].
Figura 13: Coleção completa de Lobby Cards do filme Soberba [The Magnificent
Ambersons].
Figura 14: Cartaz meia folha do filme O Sol é para Todos [To Kill a Mockingbird].
preços altos, o seu valor como peça de coleção é bastante valorizado por sua
raridade (Poole, 2003).
Figura 18: Cartaz artístico do filme E o Vento Levou [Gone with the Wind].
31
Figura 21: Cartaz do relançamento do filme Star Wars Episódio IV [Star Wars
Episode IV].
Figura 23: Cartaz reproduzido do filme 20.000 Léguas Submarinas [20,000 Leagues
under the Sea]
6 O advento da internet possibilitou a fácil aquisição de reimpressões e reproduções de pôster em sites especializados, como o
www.allposters.com e o www.movieposters.com.
34
essa mídia passou, pois ao mesmo tempo a própria sociedade também estava
se modificando.
No momento a seguir focaremos o relato histórico nos cartazes de
cinema, cuja arte e história é objeto de adoração e estudo de muitos, e é a
temática dos livros A Century of Movie Posters [Um século de cartazes de
cinema] (Emily King, 2003) e Learn About Movie Posters [Aprenda sobre
Cartazes de Cinema] (Ed e Susan Poole, 2003) que embasam o relato a
seguir.
1.2.2.2. Anos 20
Com a ascensão do cinema em Hollywood, começou a surgir uma
maior demanda por cartazes publicitários, em sua maioria com o nome e/ ou o
rosto de grandes estrelas estampados em ilustrações multicoloridas, e esta
fórmula manteve-se durante algumas décadas. No começo, os atores não eram
sequer nomeados nos cartazes, pois os produtores acreditavam que manter
sua identidade em segredo evitaria que outros estúdios tentassem contratá-los
Figura 25: Cartazes do filme The Jazz Singer, o colorido e conservador (estilo A), e o
experimental em preto e branco (estilo B).
Figura 26: Detalhe do cartaz de O Gabinete do Dr. Calgari [Das Cabinet des Dr.
Caligari].
1.2.2.3. Anos 30
8 Segundo o livro de Ed e Susan Poole, “The Jazz Singer” foi o primeiro filme que coordenou sons e imagens.
37
Figura 27: Cartaz do filme O Mágico de Oz [The Wizard of Oz], um dos exemplos de
grandes produções dessa década.
9 Este cinco estúdios formavam um grupo conhecido como os “Big Five” (King, 2003).
38
Figura 28: Os cartazes do filme O Último Gangster [The Last Gangster] e do filme
Plutopia ilustram as diferenças de design (especialmente no uso de cores) entre os
filmes de realidade ficcional (O Último Ganster) e de fábulas (Plutopia).
1.2.2.4. Anos 40
No começo dos anos 40, com Segunda Guerra Mundial já
acontecendo, o cinema tornou-se um refúgio para a população. Ao mesmo
tempo, surgiu a demanda de filmes de guerra que incitassem o patriotismo nos
E.U.A. Os cartazes da época, além de utilizazarem as cores azul, vermelho e
branco da bandeira, e os verdes das roupas militares, eram repletos de cenas
de ação com motivos de guerra. Uma grande perda deu-se na qualidade do
papel utilizado para a impressão dos cartazes, pois houve uma queda na
produção de papel devido à falta de homens, cuja força estava concecentrada
no exército; e também pela utilização do papel de qualidade para a impressão
de cartazes de propaganda de guerra.
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1.2.2.5. Anos 50
Com o final da Segunda Guerra, a indústria do cinema passou a
enfrentar a massificação da televisão, e o pós-guerra resultou em uma
avalanche de filmes de horror e ficção científica. A criatividade e os absurdos
presentes nos roteiros dessas produções refletiram diretamente nas
composições de sua publicidade, e as artes dos cartazes da época tornaram-se
ainda mais criativas e incomuns, com imagens de alienígenas, monstros, e
cores inusitadas.
Um dos artistas que despontou neste período foi Saul Bass (1920 –
1996). Suas artes, repletas de grafismos, abstrações e símbolos, estamparam
40
Figura 30: Cartazes dos filmes O Homem do Braço de Ouro [The Men with the
Golden Arm], Änatomia de um Crime [Anatomy of a Murder] e Um Corpo que Cai
[Vertigo], do designer Saul Bass.
Figura 31: Cartazes dos musicais Cantando na Chuva [Singing in the Rain] e
Sinfonia de Paris [An American in Paris].
1.2.2.6. Anos 60
Os anos 60 não trouxeram muitas mudanças na produção de
cartazes de cinema, mas muitos dos grandes diretores aclamados da
atualidade tiveram as suas primeiras produções lançadas nesta década, e os
cartazes desses filmes são “objetos de desejo” de vários colecionadores.
Alguns nomes de destaque são: Stanley Kubrick, diretor de Laranja Mecânica
[Clockwork Orange], Lolita [Lolita] e Dr. Fantástico [Dr. Strangelove]; os
italianos Michelangelo Antonioni, diretor de Depois Daquele Beijo [Blow-up], e
Federico Fellini, de A Doce Vida [La Dolce Vita]; o espanhol Luis Buñuel, de A
Bela da Tarde [La Belle de Jour]; Akira Kurosawa, de Os Sete Samurais
42
Figura 32: Cartazes dos filmes Laranja Mecânica [Clockwork Orange] e Lolita, do
renomado e já falecido diretor Stanley Kubrick. A ilustração produzida para o cartaz de
Laranja Mecânica tornou-se uma estampa “cult” para muitos produtos nos dias de
hoje.
Figura 33: Cartazes do premiado filme 007 contra Goldfinger [Goldfinger], de 1964.
Sean Connery foi o primeiro James Bond do cinema.
43
1.2.2.7. Anos 70
A década de 70 despontou com o aparecimento dos cinemas
Multiplex; que logo se espalharam pelos E.U.A., e que nas décadas seguintes
foram alastrando-se para o resto do mundo (Poole, 2003). Neste tipo de
cinema, como nas grandes redes da atualidade, havia não só uma, mas várias
salas de exibição.
O aparecimento dos Multiplex mudou completamente a
abordagem publicitária dos filmes, já que agora as peças publicitárias de filme
tinham que dividir espaço com as peças de outros filmes. Isto resultou,
gradativamente, na extinção de diversos tipos e tamanhos de cartazes de
cinema, até que, em meados da década de 80, somente o tamanho One-sheet
[agora com medidas 27” x 40”] continuou a ser produzido (Poole, 2003).
Foi também na década de 70 que começaram a surgir os primeiros
blockbusters [“arrasa-quarteirão”]: os grandes filmes campeões de bilheteria,
como Star Wars Episódio IV – Uma nova esperança [Star Wars Episode IV:
A New Hope], do diretor George Lucas; e o suspense Tubarão [Jaws], de
Steven Spielberg. Alguns filmes da época, como Superman – O filme
[Superman, the movie - 1978], Jornada nas Estrelas [Star Trek – 1979] e
também a série Star Wars, foram sucessos tão grandes, que geraram
seqüências que atravessaram as décadas seguintes (King, 2003).
10 A arte escolhida para ilustrar o cartaz do filme foi a produzida por Saul Bass.
44
Figura 34: Cartazes dos filmes Star Wars Episódio IV: Uma nova esperança [Star
Wars Episode IV: A New Hope], e Tubarão [Jaws], sucessos de bilheteria que
alavancaram as carreiras dos diretos George Lucas e Steven Spielberg.
Figura 35: Cartazes poloneses dos filmes O Poderoso Chefão Parte II [The
Godfather: part II] e A Profecia [The Omen], ambos desenhados por Andrzej
Klimowski.
Figura 36: Os filmes Um Tira da Pesada [Beverly Hills Cop] e Scarface são dois
exemplos de filmes que fizeram ainda mais sucesso nas locadoras do que no cinema.
A Arte de seus cartazes também foi utilizada na capa do vídeo.
Figura 37: Os cartazes dos filmes Tempo de Violência [Pulp Fiction], e Ata-me!
[Atame!] são dois exemplos de cartazes atuais que foram inspirados em designs de
décadas anteriores.
48
2. A LINGUAGEM VISUAL
2.1.1. Ponto
49
Figura 38: O cartaz de Um Estranho no Ninho [One Flew over the Cuckoo’s Nest] e a
versão polonesa do cartaz de Cowboy da Meia-noite [Midnight Cowboy] (de
Waldemar Swierzy) exemplificam como o elemento ponto pode ser usado para
destacar detalhes de grande importância (o cadeado no primeiro e os lábios no
segundo cartaz).
2.1.2. Linha
Quanto maior a proximidade dos pontos, mais intensa será a
capacidade de se conduzir o olhar. Quando esta proximidade é extrema pode
ocorrer a formação de uma linha. A linha surge quando “[…]os pontos estão tão
próximos entre si que se torna quase impossível identificá-los
individualmente[...]. Também podemos definir a linha como um ponto em
movimento, ou como a história do movimento de um ponto[…]” (Dondis, 2003
p.55).
Figura 39: A linha pode ser formada a partir de vários pontos muito próximos, um
ponto que se movimenta, ou a história do movimento de um ponto.
11
“Composta de vários pontinhos de tamanhos variados, correspondentes aos
diversos valores de luz, a retícula produz assim nas retinas do observador a impressão
do conjunto” (Ribeiro, 2003 p. 106)
51
Figura 40: No cartaz do filme A Malvada [All about Eve], a linha é usada não só para
conduzir o olhar do observador, mas também para expressar a idéia de “conflitos
amorosos” presente no filme.
2.1.3. Forma
A forma é criada a partir da linha. Para facilitar uma posterior
classificação dos cartazes, as formas serão consideradas num único conjuntos,
mas é importante saber que existem classificações variadas para este
elemento. Dondis classifica três como sendo as “formas básicas”: O triângulo
eqüilátero, o círculo, e o quadrado; mas as formas derivadas dessas três
podem ser as mais variadas possíveis, e assumir diversos significados,
dependendo de seus criadores e observadores (Dondis, 2003).
Figura 41: As três formas básicas descritas por Dondis são o quadrado, o triângulo
eqüilátero e o círculo.
Figura 42: No cartaz polonês do filme Solaris a imagem central e o título do filme são
inteiramente formados por variações das três formas básicas.
2.1.4. Direção
A autora também explica que, das três “formas básicas” citadas
anteriormente, surgem as três “direções visuais básicas”. O quadrado gera as
direções vertical e horizontal; o triangulo eqüilátero gera a diagonal, e o círculo,
as curvas (Dondis, 2003).
Figura 43: As direções básicas são geradas a partir das formas básicas e,
dependendo de como forem utilizadas, podem assumir vários significados.
Figura 44: O cartaz do filme A Primeira Vitória [In Harm’s Way] expressa bem o uso
do elemento Direção. O braço apontando a direção horizontal faz referência ao título
em inglês “In Harm’s Way” [em direção ao perigo] e à temática do filme.
2.1.5. Tom
O tom refere-se à idéia de claro ou escuro, ou seja, as variações
tonais ocorrem pela presença de luz (branco), ou a falta dela (preto). A noção
das variações entre os tons se dá através da comparação entre o claro e o
escuro, e isto permite que o olho reconheça sombras, volumes, profundidade,
distância; entre outros efeitos que o torna importante para as artes (Dondis,
2003).
54
Figura 45: O cartaz do filme O Bebê de Rosemary [Rosemary’s Baby] possui uma
imagem formada de um único matiz, e suas variações tonais: o verde.
Figura 46: Exemplo de escala tonal com 13 variações de tons de cinza que vão do
branco (0%) ao preto (100%).
2.1.6. Cor
Segundo Dondis, a cor pode variar em três diferentes aspectos. O
matiz ou coma, que é a cor em si, e seu numero ultrapassa o de cem. De uma
maneira simplificada, os matizes podem ser representados através do círculo
de cores, que possui cerca de doze variações de matizes obtidas da mistura de
três matizes fundamentais: o vermelho, o amarelo e o azul (2003).
55
Figura 49: Nos cartazes da “Trilogia da cor”, do diretor Krzysztof Kieslowski, as cores
branco, azul e vermelho têm papel atuante no cartaz, e remetem aos títulos dos filmes.
2.1.7. Textura
A textura é o elemento visual que subsidia, na composição, as
necessidades do sentido do tato. Permitindo a criação de volumes e
tridimensionalidade, a textura tenta transmitir ao olho a sensação que se tem
ao tocar em um objeto, ou simplesmente possui qualidades atrativas à visão.
Como Dondis afirma, “a textura deveria funcionar como uma
experiência sensível e enriquecedora”(2003 p.70), mas sabe-se que a
sensação de observar, por exemplo, uma textura arenosa, é bastante
diferenciada da sensação real de tocar a areia. Apesar disso, a textura ainda é
a maneira mais eficiente de se imitar a sensação original do tato na
composição visual.
58
Figura 50: O cartaz de Fargo possui uma textura que imita o crochê (ver detalhe).
2.1.8. Escala
A escala existe e é percebida através da comparação entre dois ou
mais elementos. É ela que permite a diferenciação entre um objeto pequeno e
um grande, a copia perfeita de um avião e um aeromodelo, ou mesmo as
proporções mais harmônicas existentes na natureza: “ […] No estabelecimento
da escala, o fator fundamental é a medida do próprio homem […]” (Dondis,
2003 p. 73).
O homem desenvolve estudos de proporções e escalas desde a
antiguidade, e a mais importante das fórmulas conseguidas é a chamada
“seção áurea”12, do estudioso grego Euclides, que é utilizada em criações
variadas para transmitir “elegância visual”. A proporção áurea pode ser
observada na figura a seguir, e tem como módulo a proporção matemática π
(≅1,0618) (Ribeiro, 2003).
12 “Para que um todo, dividido em partes desiguais, pareça harmonioso, é preciso que exista, entre a parte pequena e a maior, a mesma relação
entre a grande e o todo.” (RIBEIRO: p.157)
59
2.1.9. Dimensão
A dimensão só pode ser percebida no bidimensionalismo, como é o
caso dos cartazes, através da criação de “ilusões de ótica”. A percepção do
tridimensional (dimensão) onde ele, na verdade, não existe, pode ser
conseguida através da utilização de técnicas que utilizam outros elementos
anteriormente citados. As variações tonais podem ser utilizadas para criar
sombras e volumes, por exemplo, mas o a perspectiva, segundo Dondis
(2003), é a melhor maneira de simular a dimensão. O uso da perspectiva é
preciso e complexo, e a sua aplicação, como pode ser observada a seguir, é a
que mais transmite a sensação de “realidade” (Dondis, 2003 p.75).
Figura 54: A dimensão pode facilmente ser percebida através da proporção construída
no cartaz do filme Imensidão Azul [The Big Blue].
2.1.10. Movimento
Assim como acontece com a dimensão, o movimento em uma
composição visual também é criado através da ilusão. Ele é percebido pelo
espectador através da experiência conhecida como “persistência da visão”
(Dondis, 2003 p.81). O que existe, de acordo com a autora, são “tensões e
ritmos” (Dondis, 2003 p.81) na composição visual. Ou seja, os elementos não
estão em movimento, mas o fato de possuírem uma repetição estrategicamente
formulada faz com que o olho, continuamente explorando e se movimentando,
“crie” a ilusão de movimentação.
61
Figura 55: No cartaz do filme A Era do Gelo 2 [Ice Age: the meltdown] a disposição
das imagens das piranhas faz com que o olho do observador percorra o cartaz em
movimentos circulares. Observe que, na verdade, não há movimento, apenas a ilusão.
2.2.1. Representacional
O nível representacional é o que mais se aproxima da experiência
visual real. Os melhores exemplos desse nível de linguagem, que reproduz a
realidade com o máximo de detalhes, são as esculturas como as gregas e
romanas, a fotografia, e o cinema. Mas a própria autora ressalta que, não
importando quão perfeita seja feita uma reprodução, ela possuirá
características resultantes da interpretação do artista, o que a torna única
(Dondis, 2003).
É o melhor nível a ser utilizado quando se quer que a comunicação
ocorra de forma rápida e direta, pois o reconhecimento é fácil de ser realizado.
62
Figura 56: Cartaz do filme Trópico de Capricórnio [Under Capricorn]. Observe como
a ilustração presente no cartaz assemelha-se a uma fotografia.
2.2.2. Simbólico
O nível simbólico ocorre quando há uma simplificação extrema da
realidade, sendo esta reduzida aos seus mínimos detalhes possíveis, mas de
forma que ainda haja o reconhecimento do seu significado pelo observador. O
significado de um símbolo deve ser aprendido e memorizado, e pode variar
culturalmente (Dondis, 2003).
Quanto mais abstrato, melhor será a transmissão de informações,
mas Dondis alerta que quanto mais abstrato for o símbolo, maior deve ser sua
penetração na mente do público para que entendam seu significado (2003).
O uso dos símbolos e a sua importância podem ser facilmente
percebidos ao pensarmos na logomarca de grandes empresas, que devem
transmitir a realidade, a identidade e a missão em apenas uma única imagem.
Figura 57: No cartaz de Deu a Louca no Mundo [It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World], o
designer Saul Bass utiliza-se de um símbolo estilizado do globo terrestre para
representar a temática do filme.
2.2.3. Abstrato
A abstração nasce quando se reduz uma imagem ou estrutura à
uma mínima informação, seja ela representacional ou até mesmo sem manter
nenhum vínculo perceptível com a realidade conhecida (Dondis, 2003). Apesar
de simplificadora, pode carregar consigo significados e símbolos, mas nunca
será representativa.
63
Figura 58: Outro cartaz de Saul Bass, para Amor Sublime Amor [West Side Story].
Aqui, uma das cenas do filme é abstraída até tornar-se apenas grafismos geométricos.
Figura 59: O cartaz do filme O Sétimo Selo [Det sjunde inseglet] é caracterizado pelo
uso de diversos tipos de Contrastes, enquanto o cartaz do filme Estranhos no
Paraíso [Stranger than Paradise] prioriza o uso da Harmonia.
Figura 61: O cartaz do filme Dr. Fantástico [Dr. Strangelove] possui o espelhamento
que caracteriza a simetria. O cartaz de Zabriskie Point é totalmente assimétrico.
Figura 65: O cartaz de O Último Tango em Paris [Last Tango in Paris] é bastante
econômico na utilização de elementos, enquanto o cartaz de Barbarella presa pela
ornamentação profusa.
Figura 67: O cartaz do filme Rambo III é convencional, típico dos filmes de ação,
Previsível. Já o cartaz do filme Pink Floyd - The Wall, da banda Pink Floyd, possui
um resultado que aparenta Espontaneidade.
Figura 68: O cartaz do filme Attack of 50 ft. Woman, com cenas de ação e
movimento, apresenta a técnica Atividade. Já o cartaz teaser de X-Men: o Confronto
Final [X-Men: The Last Stand], apresenta a imobilidade da técnica Estase.
Figura 70: O cartaz de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa [Annie Hall], do diretor
Woody Allen, é Neutro, possuindo uma composição bastante uniforme; já no cartaz do
filme Alien: o oitavo passageiro [Alien], o ovo eclodindo é colocado em destaque, o
que caracteriza a Ênfase.
Figura 71: O cartaz do filme A Força do Destino [An Officer and a Gentleman]
apresenta a técnica da transparência em seus elementos, já o cartaz de Romeu +
Julieta [Romeo+Juliet] possui elementos sobrepostos, escondidos pela Opacidade.
Figura 72: O cartaz de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres [The Lord of the Rings:
the two towers] é Estável, possui elementos compatíveis entre si; já o cartaz de
Submarino Amarelo [Yellow Submarine], possui elementos diferenciados
característicos da Variação.
74
Figura 73: O cartaz teaser de Touro Indomável [Raging Bull] reproduz com perfeição
uma cena do filme; já o cartaz de Chelsea Girls, filme de Andy Warhol, é um resultado
intenso obtido através da manipulação da realidade (Distorção).
Figura 74: O teaser de Pacto de Justiça [Open Range], sem perspectiva, caracteriza
a Planura. O cartaz de Os Intocáveis [The Untouchables] possui Profundidade.
Figura 75: O cartaz do filme O Veredicto [The Verdict] foca apenas um tema na
composição (Singularidade); enquanto o cartaz de Fama [Fame] usa a Justaposição
para criar interações entre vários temas (música, dança, romance, etc).
Figura 76: O cartaz de Um Cão Andaluz [Un Chien Andalou] possui imagens
seqüenciadas que contam a história do filme, enquanto que Basquiat apresenta a
desorganização característica do Acaso.
Figura 78: O cartaz americano de Trem Mistério [Mystery Train] é caracterizado pela
Repetição, mas o de Sorte no Amor [Just my Luck] possui elementos independentes,
se utilizando a Episodicidade.
2.4. TIPOLOGIA
O texto é uma das principais ferramentas utilizadas para se
transmitir uma informação, e está presente na maioria das peças gráficas
produzidas, incluindo os cartazes. No caso específico dos cartazes de cinema,
os textos são utilizados principalmente para informar o nome do filme, os
créditos de produção e, em alguns, casos para informar e atrair o espectador
em relação ao enredo.
Tratando de linguagem visual, a principal característica de um texto
diz respeito aos Tipos, ou seja, às fontes utilizadas nos textos. E, assim como
acontece nas técnicas visuais, o contraste e a harmonia também têm papel
fundamental na organização visual de textos em uma composição.
Figura 79: Características das fontes Estilo Antigo, fonte “Goudy”. (Dondis, 1995 p.84)
Figura 80: Características do Estilo Moderno, fonte “Bodoni Poster”. (Dondis, 1995
p.85)
Figura 81: Características das fontes Serifa Grossa, fonte “Claredon”. (Dondis, 1995
p.86)
Figura 82: Características da fonte Sem Serifa, fonte “Franklin Gothic”.(Dondis, 1995
p.87)
Figura 83: Exemplo de fonte estilo Manuscrito, fonte “Edwardian Script ITC”.
Figura 85: O exemplo acima ilustra como o tamanho pode ser usado para criar
contraste em um título mantendo uma mesma tipologia.
82
Figura 86: O contraste de pesos, quando bem aplicado, pode gerar resultados
curiosos.
Figura 87: O título formado por uma fonte estilo Decorativo (“AdLib”, em cima) e outra
com a estrutura de Estilo Antigo (“Academy Engraved LET Plain”) representa um
exemplo de duas estruturas bastante diferenciadas e que contrastam bem entre si.
Figura 88: O título é formado por apenas uma única tipologia (“Myriad Pro”), cujo
contraste de forma é conseguido através do uso do itálico e do negrito.
83
Figura 89: O uso da Direção, mesmo quando aplicada para contrastes, deve ser
utilizado com bastante cautela, para não gerar resultados que dificultem a leitura.
Figura 90: As cores, quando bastante contrastantes, são um excelente recurso para
criar resultados simples, mas intensos.
Figura 91: Os exemplos mostram como os contrastes podem ser combinados (cor+
estrutura + peso + forma, em “Faça a coisa certa”, e cor + estrutura + forma em
“Meninas Malvadas”) para gerarem resultados ainda mais interessantes e intensos.
85
15 Tradução livre: “[…]O estilo dele de ilustração era vastamente diferente do que era popular na época [...]. Não só Peak estava insatisfeito com o
que estava produzindo como ilustrador, ele não estava conseguindo trabalho o suficiente para ‘viver’ disso”.
16 Marca de bourbon muito famosa nos E.U.A. nesta época.
17 René Bouche (1906 – 1963) foi um grande ilustrador, e o auge de sua carreira se deu na década de 50.
6. Anonymous. Robert Peak. Communication Arts, 1999. Tradução literal: “ De repente eu passei de nada por semana para trinta a quarenta mil
por ano. Eu estava na contra capa da Look, Life, todas as grandes revistas. Muito rapidamente eu tinha um nome [sic].”
87
Figura 92: Anúncio ilustrado por Peak para a marca de refrigerantes 7-Up.
19 A revista Sports Illustrated enviou Peak para diversos traballhos ao redor do Mundo, incluindo um safári com o Xá do Irã.
88
Figura 94: Três das mais famosas capas da Time ilustradas por Robert Peak. Da
esquerda para a direita: Henry Kissinger, Anwar Sadat e Marlon Brando.
Figura 95: Arte-final de Peak produzida para o filme “Amor Sublime Amor” [West Side
Story].
20 Designer e ilustrador também mundialmente conhecido por seus trabalhos de ilustração de cartazes de cinema, já anteriormente citado na p.
39.
21 Neste mesmo ano, Peak foi nomeado “Artista do Ano” pelo Artists Guild of New York.
89
Figura 96: Cartaz do filme “Minha Bela Dama” [My Fair Lady], do estúdio Warner Bros.
Figura 97: Artes-finais produzidas para o filme “Apocalipse Now” [Apocalypse Now].
23 Tradução livre: ”trabalho de ilustração para o cinema nunca havia sido considerado muito importante. Aí eu ganhei uma medalha de ouro da
Sociedade dos Ilustradores por Camelot. Uma medalha de ouro por um cartaz de cinema era inédita. Trabalho para o cinema começou a ser
considerado como uma boa área (de trabalho)”
92
Figura 98: Arte-final do cartaz do filme “Camelot”, premiada pela “The Society of
Illustrators” de Nova York.
26 A diferença entre os cartazes estilo “A” e estilo “B” podem ser observadas na página 37, no primeiro capítulo desta monografia.
27 Bilheteria é o total de dinheiro obtido com as vendas de ingressos para o cinema. As bilheterias foram consultadas no site The Numbers
(http://www.thenumbers.com).
94
28 A tabela utilizada para a análise pode ser encontrada nos anexos a esta monografia.
95
Figura 100: Variações tonais imitam luzes e sombras, que dão volume aos músculos
do herói, imitando o real. A escolha das cores vermelho, verde e amarelo para o
uniforme do herói, no entanto, não condizem com as utilizadas no uniforme original.
Figura 101: A dimensão pode facilmente ser observada no título do seriado, onde é
criada a ilusão de tridimensionalismo através do uso da perspectiva.
Figura 102: Ao traçarmos uma linha dividindo o cartaz ao meio pode ser observado
que não há simetria entre os lados do cartaz.
Figura 105: Detalhe do cartaz do filme. Observe o caminho (seta vermelha) pelo qual a
linha guia o olhar do espectador pelo cartaz, passando por todos os elementos de
destaque como o símbolo “S” (ponto destacado com círculo azul) e indo até a tagline.
29
Taglines são frases que funcionam como o slogan do filme, chamando a atenção do
observador para a temática do filme.
102
Figura 109: Detalhe do cartaz do filme. Observe o caminho (seta azul) pelo qual a
linha guia o olhar do expectador pelo cartaz, e o elemento ponto ( símbolo “S”
circulado em vermelho).
Figura 110: O tridimensionalismo do símbolo “S” está ainda mais bem elaborado neste
cartaz, devido o uso de programas de computador que imitam e desenham com
perfeição elementos tridimensionais em sua perspectiva e suas texturas.
Figura 111: A difusão é ainda mais facilmente observada no plano de fundo do cartaz,
onde não há contornos nítidos e as transições de cores e as fusões de imagens são
bastante suaves.
3.1.1.4. Resultados
Apenas ao observar as imagens, sem a necessidade de uma análise
mais profunda, já se percebe que o cartaz do mais novo filme sobre o Super-
110
Figura 112: Cartazes do filme “Superman Returns” (2006), onde influência do design
de Bob Peak pode facilmente ser percebida. Observe que o primeiro cartaz à direita
usa como fundo a ilustração produzida por Peak para o cartaz de 1978.
30 Planeta proibido não é o filme de ficção científica que arrecadou mais dinheiro antes de 1970, mas é o único que consta na lista dos maiores
sucessos de bilheteria nesses anos.
112
Figura 114: Detalhe ampliado do cartaz do filme. Observe a textura “gasta” de carimbo
usada na representação da tagline “Amazing!”.
Figura 115: Note o aparente “desequilíbrio” no andar do robô. Ele parece ser causado
pelo peso da mulher que carrega em seus braços, e pelo terreno acidentado.
Figura 116: Observe que a profundidade também pode ser conseguida através da
perda de detalhamento na imagem e nos elementos que a compõem. O robô, mais
próximo, é rico em detalhes, enquanto que planetas e montanhas, mais ao fundo, são
bastante simples.
Figura 118: Os raios de luz coloridos, além de assumirem o papel de elemento linha,
também assumem os elementos direção e movimento, pois criam a ilusão de
movimentação na vertical, pois fazem com que os olhos do observador movimentem-
se da borda superior do cartaz em direção ao título.
Figura 119: Ao traçarmos o eixo vertical do cartaz facilmente podemos perceber que
além de estar equilibrado, o cartaz é perfeitamente simétrico, pois ambos os lados são
idênticos em termos de elementos e pesos visuais.
Figura 120: Na região central do cartaz, principalmente nas figuras dos protagonistas,
é que o uso da transparência torna-se bastante evidente, pois se visualizam detalhes
de três elementos sobrepostos: os raios coloridos, os rostos dos atores e o fundo
estrelado.
Figura 122: Os detalhes da imagem do cartaz criam “linhas imaginárias”. Uma das
linhas (em verde) passa exatamente no eixo vertical do cartaz, guiando o olhar até o
título do filme. As outras linhas (em azul) guiam o olhar até a região central do cartaz,
que é a de mais destaque.
Figura 124: A ênfase é dada a esta área central do cartaz, principalmente pelo
acentuado brilho, o que faz com que ela contraste e se destaque dos outros
elementos.
3.1.2.4. Resultados
Mediante as análises descritas anteriormente, pudemos observar
que o cartaz atual, de 1994, possui uma linguagem visual muito mais
semelhante (e até em alguns pontos idêntica) à utilizada por Robert Peak no
cartaz de Star Trek.
Destacamos, entre essas características o uso dos elementos: linha,
tom, cor, dimensão, textura, direção e movimento; do nível
representacional; e das técnicas visuais: equilíbrio, simetria, regularidade,
unidade, atividade (sugerida), ousadia, ênfase, estabilidade, exatidão,
profundidade, singularidade e difusão.
Bob Peak ilustrou todos os cartazes principais dos filmes da série
Star Trek até a sua morte, em 1992, num total de seis filmes. Muito da
linguagem visual desses seis cartazes de ficção científica também pode ser
observado em outros cartazes de filmes do mesmo gênero até os dias de hoje.
Figura 127: São vários os eixos de alinhamento presentes nesse cartaz. Alguns
elementos estão alinhados à extrema esquerda do cartaz, há um alinhamento à
esquerda deslocado mais para o centro, um alinhamento no eixo central, e outro à
extrema direita.
Figura 128: A ênfase dada ao título tem suas qualidades ofuscadas pela exagerada
exposição de imagens e textos no cartaz.
Figura 132: A ênfase é dada a ao rosto de Marlon Brando, em tamanho maior do que
todos os outros elementos do cartaz, e também ao título do filme, que contrasta com a
imagem em estrutura e cor.
Figura 135: A silhueta do soldado parece estar em primeiro plano, e no segundo plano,
as figuras dos atores parecem estar ainda mais ao fundo à medida que se afastam do
centro, principalmente por estarem sobrepostas umas às outras, e em perspectiva.
3.1.3.4. Resultados
As análises dos três cartazes permitiram concluir que o cartaz
atual de 1998, do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, possui uma linguagem
visual muito mais semelhante à utilizada por Robert Peak, em 1979, para o
cartaz de Apocalipse Now, do que a utilizada para o filme “A Ponte sobre o Rio
Kwait”.
As seguintes características da linguagem visual se repetem, e
podem ser destacadas: elementos básicos - tom, cor, escala, dimensão e
textura; nível de linguagem representacional; e das técnicas visuais:
equilíbrio, regularidade, unidade, minimização, ousadia, ênfase,
estabilidade, exatidão, profundidade, singularidade e difusão.
Ao verificarmos as bilheterias dos filmes, percebemos que
Apocalipse Now não foi um grande sucesso nos cinemas da época, mas ao
longo das décadas que se seguiram tornou-se um filme cultuado e venerado
por muito diretores e cinéfilos, de modo que hoje é referência para muitos
outros filmes que também abordam a temática da guerra. No seu re-
lançamento com o título de “Apocalipse Now Redux”33, no ano de 2001, a
imagem utilizada para o novo cartaz foi a mesma produzida por Robert Peak
para o poster estilo “B” em 1979; o que mostra que, mais de 20 anos depois de
sua produção, o estilo da ilustração de Peak mantém-se atual e ainda é
utilizado em novos cartazes (como aconteceu anteriormente também com o
novo filme do Superman).
33 Mesmo filme em novo formato, com edição do diretor Francis Ford Coppola.
144
Figura 137: O cartaz com fundo branco, à esquerda, foi lançado como estilo “B” em
1979 com esta ilustração de Robert Peak; o cartaz à direita, que utiliza a mesma
ilustração, foi usado no re-lançamento no ano de 2001.
Figura 140: Detalhe do cartaz que ressalta uma das cenas de movimento presentes na
imagem, onde os cavalos correm levando uma biga.
Figura 141: Cartaz do filme Excalibur (1981), com ilustração de Robert Peak.
Figura 142: As cores criam contrastes que individualizam as várias cenas que
compõem o cartaz. Detalhes do cartaz, da esquerda para a direita: luta entre os
cavaleiros, a espada Excalibur, a cena de romance, e o mago Merlin.
Figura 144: Título do cartaz. A textura metálica de brilho e a profundidade também são
usadas no título para ornamentá-lo e destacá-lo.
Figura 146: O título é tridimensional, e sua textura imita metal, parece ser feito de aço
“arranhado”.
Figura 147: A perspectiva elaborada para criar dimensão, cria também contrastes que
individualizam as várias cenas que compõem o cartaz. Cada protagonista encontra-se
em um plano diferente: O plano destacado em amarelo, com a figura feminina,é o mais
próximo; seguido pelo plano em verde e o plano mais ao fundo, em azul.
Figura 148: A figura está marcada com os eixos usados para alinhar centralmente os
elementos dispostos no cartaz. Note como há uma Regularidade na disposição dos
mesmos.
Figura 149: Este cartaz é um dos raros casos em que o nome dos personagens, e não
dos atores, é ressaltado na composição.
3.1.4.4. Resultados
As análises dos três cartazes permitiram concluir que o cartaz do
filme “Rei Arthur”, de 2005, possui uma linguagem visual bastante semelhante
à do filme “Excalibur”, de 1979, cuja linguagem visual foi criada por Robert
Peak.
As seguintes características da linguagem visual de ambos os
cartazes se repetem: elementos básicos - tom, cor, escala, dimensão,
textura e movimento; nível de linguagem representacional; e das técnicas
visuais: equilíbrio, assimetria (em “Excalibur” é acentuada; em “Rei Arthur”,
leve), complexidade, fragmentação, exagero, atividade, ousadia, ênfase,
transparência, estabilidade, exatidão, profundidade, singularidade,
difusão e episodicidade.
É curioso notar que, assim como aconteceu no grupo de cartazes
anterior, o filme mais antigo, “Ben-Hur”, também foi um campeão de bilheteria e
um grande vencedor do Oscar, sendo um filme muito mais aclamado pela
crítica e conhecido pelo público do que Excalibur. Um cartaz de linguagem
visual semelhante à de “Ben-Hur” possivelmente criaria associações do filme
novo com o primeiro, o que poderia resultar em uma maior atenção do
espectador que conheça o filme “Ben-Hur”, e uma possível maior bilheteria.
Ainda assim, o cartaz de Rei Arthur possui uma linguagem visual mais
semelhante à de Bob Peak possivelmente porque é mais certo que os
observadores gostarão de uma linguagem visual (eficiente) com a qual já
estejam acostumados, pois será mais fácil interpretar o cartaz.
161
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Disponível em: <http://www.bobpeak.com/articles/communication_arts1.htm>.
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LONGMAN, Robin. Bob Peak – Images that work. American Artist. EUA.
Disponível em: <http://www.bobpeak.com/articles/american_artist1.htm>
Acessado em: 06 de Novembro de 2004.
KING, Emily. A Century of Movie Posters: from silent to art house. 1ª ed.
EUA: Barron’s Educational Series Inc e Octopus Publishing Group Ltd, 2003.
MARSH, Graham e Tony Nourmand (ed.). Film posters of the 70s: essential
movies of the decade. Woodstock: The Overlook Press, 1999.
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PEAK, Mathew J. Artist Info. Artist Bob Peak 1927-1992. EUA: 2001.
Disponível em: <http://mjpeak.com/bp/artist.html> Acessado em: 13 de
Setembro de 2004.
THE NUMBERS. Top movies of each year. EUA. Disponível em: <
http://www.the-numbers.com/movies/index.html#YearIndex>. Último acesso
em: 02 de Maio de 2006.
Ponto
Linha
Forma
Tom
Cor
Textura
Escala
Dimensão
Movimento
REPRESEN-
TACIONAL
SIMBÓLICO
ABSTRATO
172
PRESENÇA (sim/não) E
TÉCNICAS VISUAIS O QUE SÃO
DETALHES
O equilíbrio é a segunda técnica visual mais
importante. Funciona como se a obra, dividida
INSTABILIDADE
design, sem que necessariamente estes
elementos sejam iguais. Já a instabilidade é o
resultado da falta de equilíbrio na obra, o que
gera um resultado inquieto e provocante.
A Simetria e a Assimetria nascem do elemento
equilíbrio. A simetria é o equilíbrio perfeito. É
ASSIMETRIA
uma repetição exatamente igual, como se as
metades estivessem espelhadas. A assimetria
nasce, portanto, da ausência desse
espelhamento.
A regularidade existe quando há uma
uniformidade não só dos elementos, mas
REGULARIDADE E principalmente da disposição dos mesmos na
composição, dando uma idéia de certeza e
IRREGULARIDADE invariabilidade. Já a irregularidade preza pela
falta de uniformidade, resultando em
composições inesperadas.
COMPLEXIDADE
utilização de muitos elementos e forças,
podendo gerar até dificuldade no entendimento
de um padrão de comunicação.
EXAGERO
transmissão de uma mensagem. A Minimização
tenta transmitir o máximo de conteúdo possível
com uma mínima exposição do mesmo, e o
exagero transmite a mensagem com o máximo
de informações.
A Previsibilidade sugere convencionalismo. É
PREVISIBILIDADE como se o observador já soubesse, observando
muito pouco da informação, como é toda a
E mensagem visual presente na obra. Já a
espontaneidade funciona como o desenho de
ESPONTANEIDADE uma criança: o resultado da composição deve
ser (ou parecer) livre e inesperado.
JUSTAPOSIÇÃO
Justaposição vários estímulos são utilizados e
interagem entre si para transmitir uma
mensagem através de uma inespecificidade.
E ACASO
padrão rítmico, e sugerindo uma composição
intencionalmente desorganizada, ou até
acidental.