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Mostra como se organiza o mundo dos mortais, apontando sua origem, limitações e deveres a
fim de explicar em que se fundamenta a condição humana.
“As Cinco Raças” mostram uma relação diferente com o trabalho e o seu consequente
destino:
A Geração Áurea: Foi à primeira raça, semelhante aos deuses. Vivia uma sequência
constante de prazeres. Conviviam em perfeita harmonia com os Deuses. Desconheciam o
cansaço, doença ou dor. Após longos anos de felicidade, a morte vinha como um suave
adormecer. Esta geração foi totalmente destruída como punição pelos terríveis erros do titã
Cronos.
Geração Argêntea: A raça que se seguiu era formada por fracos e tolos. Incapazes de
administrar suas próprias questões, mesmo de ajudarem uns aos outros. Levavam cem anos
para iniciar a fase adulta. Não faziam distinção de bem e mal; e tinham a vida cheia de dor e
tristeza.
Indispostos para o trabalho, não amavam uns aos outros. Viviam do que tomavam pela força e
era comum se matarem. Não se submetiam aos deuses. Zeus insultado por sua prepotência e
violência, matou a todos.
Geração Brônzea: Zeus criou a esta geração. Homens altos e fortes, guerreiros destemidos.
Moldados em bronze, tinham armas do mesmo material. Tudo era de bronze, pois os homens
ainda não haviam descoberto como trabalhar o ferro. Não cultivavam a terra. Viviam da caça e
da coleta. Tornaram-se arrogantes e vaidosos, cheios de tolo orgulho e uniram-se para tomar o
monte Olimpo. Novamente Zeus matou a todos.
Geração de Heróis e Semideuses: A quarta geração veio ao mundo com Hércules, Teseu,
Orfeu, Jasão, Aquiles, Agamêmnon e todo o exército de heróis da mitologia grega. Seus atos
corajosos originaram o nome da geração: Idade Heroica. Mais justos e mais nobres do que as
gerações anteriores, recebiam frequentemente a visita dos deuses do Olimpo que se
misturavam entre eles compartilhando suas alegrias e tristezas. Muitos heróis e nobres eram
filhos de algum deus e estes os protegiam. Grandes cidades floresceram neste período:
Atenas, Micenas, Esparta, Creta, Corinto, Maratona...
A geração de heróis foi derrubada. Muitos tombaram nas sete portas de Tebas, combatendo
pelas riquezas do rei Édipo, e muitos morreram na luta que se travou durante dez anos nos
muros de Tróia.
Quando todos morreram, Zeus os enviou para a Terra dos Bem-Aventurados. A geração heroica
representa os valores que pesavam para o estereotipo do homem helênico.
Geração de Ferro: A idade mítica chegou ao fim. Zeus gerou da terra a abundante geração
de ferro, que ainda habita a terra em nossos dias. A vida é difícil para estes homens. Tem de
trabalhar para sobreviver, enfrentando problemas e provas. Os deuses não lhes demonstram
amor, pois se retiraram para o Olimpo. Distribuíram algumas alegrias, mas o mal sempre
excede o bem e obscurece a vida dos homens.
A quinta geração vive com a lembrança da que a precedeu. A era mítica deixou uma rica
herança cultural para os seus sucessores. Suas histórias ainda foram contadas por Homero,
Sófocles, Hesíodo, Eurípedes, Ésquilo e tantos outros.
O que Hesíodo mostra é que a relação com o trabalho está cada vez mais distante dos Deuses,
quanto mais às gerações se afastaram dos deuses, maior foi o seu comprometimento com a
sua manutenção.
Esta sequência permite presumir que o trabalho era uma atividade menor, voltada para
homens em situação de inferioridade na escala de valores da sociedade helênica.
Para Hesíodo, não existe uma separação entre os conceitos de trabalho e justiça. Ele aborda o
trabalho como uma necessidade humana e a justiça como um dever, estando um ligado ao
outro. A carência de trabalho (ociosidade) provoca a violência (injustiça) e, por isso, não deve
ser praticada. Em sua concepção, o trabalho deve ser exercitado com o objetivo de alcançar
uma elevação espiritual e material, como pode ser visto no trecho seguinte:
Em “Justiça”, Hesíodo explana que Zeus honrará somente aquele (e toda sua estirpe) que for
fiel em seus juramentos, tanto para os mortais como para os imortais. Ao que parece, apesar
de não estar totalmente explícito no poema, Perses, além de "roubar" o próprio irmão,
subornar os príncipes-juízes do processo, estaria jurando falsamente em nome dos deuses ao
reclamar tanto o suposto valor a que teria direito da herança paterna. Seria possível pensar
também que ele não estaria honrando os imortais devidamente. Desta forma, Hesíodo exorta
para que Perses repense o que anda fazendo, pedido que será desenvolvido em “O
Trabalho”. Hesíodo sugere que Perses arrependa-se do ato que está praticando, senão
somente desgraças abaterão em sua casa e em toda sua linhagem.
Já que é impossível deixar de fazê-lo, porque assim determinaram os deuses, Perses deveria
entregar-se à labuta.
Hesíodo diz estas admoestações não só para seu irmão mas também aos "príncipes comedores
de presentes" que, ao invés de fazerem a justiça, aceitam o suborno do "imoral". Assim estes
são mais imorais, porque além de aceitar o suborno mentem por não seguir uma Justiça que
até os deuses conhecem.