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DEDALUS - Acervo - FFLCHLE HEGRE ENN Conyiah by Liven Mating Fontes Bites ada * fet iri auto arr Leal Camporiae: stone Leds Siva ‘WkAhta MARTINS PONIES EDITORS LTDA ‘01328 — Sto Paulo — SP — Bra!’ ‘Capitulo 1 —Linguagem, Poder e Diseriminasio Introducto, 1. Una perspectiva.histries 2. Uma perspective linghistica 3. Gramsties normativa ¢ diseriminagao, Referénetas bibllogeificas. Capitulo 2 — Consideragies sobre o campo de festda da ever Introdusso. 1.A constituigto do campo de pesquisa da 11 As crengas sobre a eserita, LAs duvidas sobre a eserit, 1.2 Bscrtas alfabeticas © nao-lfabéticas U3. escrita eo estado da finguagem a 38 4 7 0 2. Algumas cantrbuigdes recentes. para 0 ‘campo de estude da escrta 0 : 2.1 Algumes posites teoricas, 2 22 Comiribuigdes de psicslogos eantropdiogos | 78 Referencias bibliograticas, 9s } arnesenricho Capitulo 3 — Da oralidade para a eserta:o pro- j senso de “redugio” da Linguages wo | No quadro deficitério e deformado da edu cacao brasileira, ¢ lugar-comum alarmar-se dia teda fragilidade do desempenho verbal — sobre tudo, escrito — do conjunto de seus protagonis. tas, ndo apenas discentes, Entretanto, raras ve 2es esse alarime evolu claramente para wma ava lingo eritica séria e abrangente dos problemas de diferentes ordens manifestados nessa area, Ge ralmente, ele tende a diluir-se nas formulas bem conhecidas do conformismo didatico de técnieas supostamente motivadoras e criativas. A evitar altitudes desse tipo, ¢ preciso atentar, pelo menos, pata uma exigéncia bisica: a adogao de um pon tode vista nao-convencional sobre a linguagem, sua natureza, seus modos de funcionamento, suas ‘ventuais finalidades, suas relagdes com a cultura ‘eas implicagdes complexas que ela mantém com a ideologia. F preciso partir de uma concepeao de Tinguagem que nao a confine a uma coletines | arbitraria de regras e excegaes, ¢, tampouco, & ‘um rigido bloco formalizad, imune as variagBes e diferencas existentes nas situagoes concretas ‘em que a linguagem se torna, de fato, um proces: so de signilicagao, Entretanto, especialmente nas discussoes que vém se travando a proposito de escritae al fabetizacio, bem como sobre suas decorrencias politicas, essa exigencia tem side negligenciada, Via de regra, as aparentes propostas tem-se for mulado sobre incontaveis chavoes que acultam uma espécie de preguiga mental ou, 0 que € mals, grave, uma especie de charlatanice intelectual que facilmente descamba para atitudes intensa mente demagogicas. Assim podem ser avaliadas generalidades do tipo “toda linguagem ¢ ideol6 gica’, “a linguagem esti a servigo do poder”, "al fabetizar conscientizando’’ ete, Os dois textos que compsem este volume apontam em profundida de para os fatores que permitem conjugar Lin ‘guagem, Escrita e Poder, ¢ dispaem os seus pro blemas bésicos de maneira inteiramente original numa perspectiva cuidadosa, eapas de alertar pa 2 05 riscos de atitudes tedrieas precipitadas e de téenicas de altima hora, Nesse sentido, se a linguagem tem relago com o poder, sera preci so um exame rigoroso das Formas mais sutis pe las quais a propria linguagem instrumenta esse ‘mesmo poder. Da mesma forma, se se considera a alfabetizacio como um processo comprometi- do com meeanismos sociais suspeitos sera pre iso colocar sob suspeita também a nossa propria forma de avaliagso desse processo, enquanto membros de uma civilizagio grafocéntrica Profundamente responsavel em suas eolaca- ‘goes mais radicais, Maurizzio Gnerre consegue discutir essas questaes, carreando para as suas reflexes de lingistica elementos de natureza po- Iiica, histories e antropologica extremamente thom fundados e vivamente contemporineos. A uilidade de seus trabalhos nao ests, obviamen te, em fornecer modelos e solugdes para os pro bjlemas levantados, mas sim em fornecer os sub: sidios impreseindiveis para a formulagao de qual {quer tipo de resposta consequente que se queira dar a tais problemas. Antonia Alcir B, Pécora Haguiva Osakabe LINCUAGEN, PODER F DISCRIMHINAGAO Introdusio A linguagem nio é usada somente para vei cular informagaes, isto 6, a uneao referencial notativa da linguagem nao é senso una entre ou: tras; entre estas ocupa uma posigao central afun- ‘glo de comunicar ao ouvinte a posigao que o fa Tante ocupa de fato ou acha que ocupa na socie dade em que vive. As pessoas falam para serem ‘ouvidas", ds veres para serem respeitadas ¢ tam. bem para exercer uma influéncia no ambiente em que realizam os atos lingbisticos, O poder da pa liven é 0 poder de mobilizar a autoridade acum Jada pele falante e concentra. la num ato lings tico (Bourdieu, 1977), Os casos mais evidentes em relagao a tal afirmagao sao tambem os mais ex tremos: diseurso politic, sermao na igreja, la, etc, As produgées linghfsticas deste tipo, e tan byém de outros tipos, adquitem valor se realiza das no contexto social e cultural apropriado, AS regras que governam a producio apropriada dos tos de linguagem levart em conta as relagdes ais entre o falante € 0 ouvinte, Todo ser hums: no tem que agir verbalmente de acordo com tais Fegras, isto é, em que "saber: ) quando pode falar € quando nao pode, b) que tipo de contet dos referenciais Ihe sao consentidos,c} que tipo de variedade lingdistica ¢ oportuno que Seja usa dda. Tudo isto em relagao ne contexte lingiistico eatralingdistico em que o ato verbal & produ. do. A presenca de tais regras ¢ relevante nao 36 para o alante, mas tambem para o ouvinte, que, ‘com base em tais regras, pode ter alguma expec tativa em relagdo 2 producao lingtistica do fa lante. Esta capacidade de previsio ¢ devida ao fa to de que nem todos os integrantes de uma So ciedade tém acesso a todas a8 variedades ¢ mui to menos a todos os contetides referenciais. So ‘mente uma parte dos integrantes das sociedades complexas, por exemplo, tem acesso a uma Va Fiedade “culla” ou padra0”, considerada geral mente “a lingua”, e associada tipicamente a con teaidos de prestigio. A lingua padre & um siste ma comunicativo 20 aleanee de uma parte rede: ida dos integrantes de uma comunidade; € um istema associadoa um patrimonio cultural apre sentado como um “corpus” definido de valores, Tixados na tradigao eserita Uma variedade linghistica “vale” o que “va lem” na sociedade os seus falantes, isto, vale ‘como reflexo do poder e da autoridade que eles tem nas relagdes econ6micas sociais, Esta afr magio ¢ valida, evidentemente, em termos “in eros", quando confrontamos variedades de uma mesma lingua, eem termos “externos” pelo pres. tigio das linguas no plano internacional. Houve Epoca em que o francés ocupava a posigao mais alta na escala de valores internacionais das It tas, depots foi a ver da ascensii do inglés. O pas so fundamental na afirmagao de uma variedade sobre as outras é sua associago i escritae, con seqiientemente, sua transformagao em uma va riedade usada na transmissao de informacoes de ‘ordem politica e “cultural” A diferenciagaio po Iitica € um elemento fundamental para favoreeer adiferenciagao lingiistiea. As linguas européias ‘comegaram a ser associadas & escrita dentro de restritos ambientes de poder: nas cortes de prin cipes, bispos, reis e imperadores. 0 uso juridico das variedades lineuisticas foi também determi ante para fixar uma forma escrita. Assim fol que falar de le-de-Franee passou a sera lingua fran ‘esa, a variedade usada pela nobrera da Saxdnia passou a ser a lingua alems, ete 0 caso da historia do galego.portugues € sig: nificativo neste sentido. Os caraeteres mais es pecificos do portugues foram acentuados talver Hino século XM. Esta tendéncia a reconhecer os caracteres mais especificos das linguas semelhan tes pode ser acentuada, como foi no caso do por tugués e do galego, quando a regiao de uso de uma das duas variedades lingisticas constitui lum centro poderoso, como foi a Galicia, desde 0 século XT. A lingua literaria chamada galego portugués que se difundia na Peninsula Ibériea 4 partir do século XII era a expressso, no plano linguistico, do prestigio de Santiago de Compos tela, A associacio entre uma determinada varie dade linghistica ea escrita ¢ 0 resultado histor «0 indireto de oposicoes entre grupos sociais que feram e 30 “ustiios” (no necessariamente fa Tantes nativos) das diferentes variedades. Com a emergéncia politica ¢ econémica de grupos de Juma determinada regio, 2°variedade por eles uusada chega mais ou menos rapidamente a ser aassociada de modo estavel com a escrita, Asso ‘iar a uma variedade lingtifstica a comunicagao escrita implica iniciar um processo de reflexao sobre tal variedade e um processo de “elabora ‘$a0” da mesma. Escrever nunca foi ¢ nunca vai ser a mesina coisa que falar: é uma operaci que influi necessariamente nas formas escolhidas & nos contetidos refereneiais, Nas nagbes da Euro pa Ocidental a fixacio de uma variedade na es- crita precedeu de alguns séeulos a associagao de tal variedade com a tradigao gramatical greco- Iatina. Tal asso. asso fancamental legitimacao” de uma norma. imac” é fundamental para se entender a instituicao das normas lingiisticas A legitimacao é “a processo de dar ‘idoneidade?™ ‘ow ‘dignidade’ a uma ordem de natureea politi ca, para que seja reconhecida e aceita” (Haber mas, 1976), A partir de uma determinada tradi ‘io cultural, foi extraida e delinida uma varie dade linguistica usada, com ja dissemos,em grt 8 de pode, etal variedade fol reproposta co fio algo de central naidentidade nacional em Guanto povtadors de uma radigho © do uma ‘Assim como o Estado eo poder so apresen também o codigo aceito “oficlamente” plo po der ¢ apontado como neuro e superior, e todos os eidadgostém que produ eentendeo nas felayoes com 0 poder, M. Bekhtin eV. Voloshi hove si rade 1929 =ponivam gua pei eondervadora da inguagem dentro da tender 1. Allingua é um sistema estavel,imutivel, de formas linguisticas submetidas a uma norma for recida tal qual 8 consciéneia individual e peremp. toria para esta, 2.As eis da lingua so essncilmente lee lingiisticas especificas, que estabelecem ligagoes entre 0s signos lingdisticas no interior de um sis- tema fechado. Estas leis sto objetivas relativ: mente a toda conscieneia subjetiva 3.As lass Iingisteas eopeificns nada tém a ver com valores ideol6gicos (artisticos, coe nitivos ou outros), Nao se encontra, na base dos fatos lingtisticos, nenhum motor ideolbgico. Fn trea palavra e seu sentido nao existe vineulo na tural compreensivel para a conseiéncia, nem vinculo artistico, 4. 0s atos individuais de fala constituem, do Ponto de vista da lingua, simples refracoes ou va Fiagdes fortuitas ou mesmo deformagoes das for mas normativas. Mas so justamente estes atos individuals de fala que explicam a mudanca hise ‘rica das formas da lingua; engvanto tal, a mu danca é, do ponte de vista do sistema, irracional ‘emesmo desprovida de sentido, Entre o sistema © sua histéria ndo existe nem vineulo nem afinidade de motivos, Eles sao estranhos en tre si. (1979: 68). Os cidadaos, apesar de declaradas iguais pe- rantea le, sio, na realidade, diseriminadlos ja na bbase do mesmo cédigo em que a lei € redigida, A maioria dos eidadaos nao tem acesso ao cox 0, ou, as vezes, tem uma possibilidade redurida de acesso, constituida pela escola e pela "norma pedagdgica’ ali ensinada. Apesar de lazer parte da experiencia de cada um, o fato de as pessous serem discriminadas pela maneira como fala, Fenomeno que se pode verificar no mundo todo, no caso do Brasil nie édilfeil encontrar afirma es ke que aqui ni existem dilerencas dialetais, Relacionado coin este fato esta o da distingdo que se verilica no interior das relagoes de poxler e ‘re a norma reconhecida e a capacidade efetiva de produgae lingiistica eonsiderada pelo falar tea mais préxima da norma. Parece que alguns niveis sociais, especialmente dentro da chamada pequena burguesia, t@m tendéncia a hipercorre ‘20 no esforgo de aleangar a norma reconecida, Talver nd seja por acaso que, em geral, 0 fator dda promincia é considerado sempre como uma ‘marca de proveniéncia regional, eas veres socal sendo esta a drea da produgso lingiistica mais, \ifieilmente “apagada” pela instrucao, separa rao” eas outras é 140 profunda devide a varios motivos: a variedade culta é associada a eserita, ‘como ja dissemos, ¢ & associada a tradicio gra matical € inventariada nos dicionarios ee a por tadora legitima de uma tradigao cultural ¢ de ‘uma identidade nacional. E este 0 resultado his {rico de um processo complexo, a convergéncia de uma elaboragao historiea que vem de longe do entre variedade “eulta” ou “pa 1. Uma perspectiva histérfea Associa a uma determinada variedade lin listica 0 poder da escrita foi nos iltimos secur los da Idade Média uma operaciio que respondeu. a exigéncias politicas ¢ eulturais, Eram grandes as diferengas entre as variedades linguisticas cor rentes e 0 latim, modelo de lingua e de poder, na Europa da Idade Média. As variedades lings cas associadas com a eserita passaram por um claro processo de “adequacio" lexical e sintat. ‘ca, no qual o modelo era sempre o latim. Nas ‘obras de Rei Alfonso X, que “traduzia’” no séeu Jo XIIT do latim para castelhano, encontramos constantemente termos emprestados do latim e introduzidos na variedade usada com uma expli ‘ago anexa: tirano, que quiere decir rey cruel. Cor locar uma variedade oral nos moldes da lingua cserita (tendo em vista a complexidade do latim) Foi operagao complexa, principalmente na sinta xe, Na drea das conjungoes ¢ da subordinasio, por exemplo, até oestabelecimento de expresses do tipo “apesar de", “a fim de’, etc.,o proceso foi demorado, Nos textos mais antigos as ambi. Ebidades que muitas vezes encontramos sao de. Vidas exatamente ao fate de que umas constr ‘ors usaidas na lingua escrita estavam ainda em fase de elaboracao e definigao. As linguas roma niicas levaram tempo para chegar a ser varieda des escritas de complexidade comparivel 4 do modelo a que visavam, o latim. A segunda etapa na processe de fixagso de tums norma foi constituida pela associagao da va riedade ja estabelecida como lingua eserita com ‘tradigdo gramatical greeo latina. A tradigao gra matical até 0 comeco da idade moderna era as sociada somente com as duas linguas elassicas, 0 pensamento ingtistico grego apontont ova ‘minho da elaboracao ideologica de legitimacao de uma variedade lingtistica de prestigio. Des de 0 “legislador” platonico que impoe e escolhe ‘08 nomes apropriades dos abjetos, até chegar & lradigao gramatical divalyada, estruturada tal ver na ¢poca alexandrina, a elaboracio da ideo: logia e da reflexao relativas 8 linguagem fol cons tante, Na nossa perspectiva tual, nos primérdios desta tradigao da especilagao lingtiistica se eo loca Plato e a visio quase que mitica de um ori Bindvio escothedor de nomes que alribuia os no Ines apropriados aos objetos. Tal visio estava ai dda Jonge do processo de elaboracio nos moldes ‘onceituais dentro dos quais foi colocada a lin gua grega na idade alesandeina, e mais tarde a Fbngua latina, Era inspirada porém pela atitude de total confianga no valor dia lingua atiea, que ‘nerecia mitos de origem e especulagdo légico Tilosétiea, ‘Somente com o.comeco da expansio colonial ibérica, na segunda metade do steulo XV, e com 2 estraturagao definitiva dos poxleres eentrais dos estados europeus, os moldes da gramatica preco latina (segundo a tradigao de sistematizagiy de Dionisio de Tricia) foram utilizados para valort zar as variedades lingisticas escritas, jd associa «das com os poderes centrais elou com as regioes economicamente mais fortes. A alirmacsi de una variedade lingiistica era, no caso da Espanta ¢ dle Portugal do fim do século XVL, uma dupla afi ‘magi de poder: em termos internos, em relagio 4s outras variedades lingiisticas usadas na aque eram quase que automaticamente reduct dasa “dialetos” e, em termos externos, em rela ‘sto as inzuas dos poyos que ficavam na rea de influéneia colonial. Na introdugio da primeira ‘gramiética de uma lingua diferente dis das lin suas classicas, a da lingua eastelhana, de Anto nio de Nebrija (1492), encontramos as justifies, tivas da existencia da mesma gramatica,Tais jus tificativas sao colocadas em termos de utilidacde da sistematizagao geramatical para a difusdo da lingua entre os povos “barbaros”. No contexto da corrida para as conquistas coloniais e da concor éncia entre Espanha e Portugal ¢ facilmente ex plicivel o fato de que comegasse a ser elaborada para a lingua portuguesa uma consirucdo ideo logica para elevivla e para ordené-la nos moldes sramaticais. Ferngo de Oliveira, na intreduedo da sua gramatica de 1536, mencionava a expaneao da lingua portuguesa entre os povos das tetras descobertas e conquistadas, Foi Joio de Barros, porém, que realmente considerou o papel da lin rua portuguesa na expansiio colonial. O que € re levante aqui é evidenciar que nem Nebrifa, nem Ferno de Oliveits, nem Joao de Barros percebe rama operacao da qual eles estavam participa do em terms de uso interno da variedade “gra: rmaticalizada”. A Tinga era um instrumento et jo poder nas relacées externas era reconhecido; mento de poder interno, apesar de termos alguns indicios tambem nesta direeao. Assim, Nebri- ja cserevia na introducgao da sua gramatica ‘a lingua sempre acompanhou a dominagio 1 seguiu, de tal modo que juntas comecaram, juntas cresceram, juntas floresceram e, alinal sua queda foi comum”, Joao de Barros, quase cin ‘qienta anos depois, apresentava uma visio mais, atticulada a lingua € para ele (no Didlogo em Lowe vor da nossa Linguagem) um instrumento paras dlfusdo da “doutrina” © dos "costumes", mas io € somente instrumento de difusio, pois ‘as armas e padroes portugueses [..] materials sia e pode.os o tempo gastar, pero ado gastaré ‘a doutrina, costumes ea linguagem que os Por tugueses nestas terras deixaram". Quer dizer, a lingua ser o instruimento para perpetuar a pre senga portuguesa, amb quando dominagdo A legitimagao é um processo que tem como componente essencial a eriacao de mitos de ori tzem, Assim, quande a gramatica das linguas ro Idinicas foi instituida como um dos instrumen tos de legitimagio do poder de uma variedade lin tistica sobre as outras, desenvolvewse toda wma perspectiva ideoldgica visando a justficéla, Des dea meiade do século XVI, comecou unia corri ddados letrados e dos humanistas para conseguir demonstrat genealogias miticas para as linguas as.easas reinantes as quais serviam, Fohan Van Gorp Becan, de Antuérpia, propunhisem 1569 que todas as linguas fossem derivadas das linguas ger anicas ¢ Guillelm Posters e Stefano afirmavam que a lingua dos antigos zauleses era a origins a, para demonsirar a propriedade do francés 0 valor do instrumento da linguagem era clara mente apreciado no século XVI e a construgio de aparato mitice-ideologico em torno d de “cultura” foi um empenho sério dos letrades fe humanistas, Leite de Vasconcelos (1931, p. 865), referindo- se a historia da tradigao gramatical ¢filologiea portuguesa entre o século XVI ea idade pomba- Tina, esereveu que “este periodo da nossa filole gia pode caracterizar-se pelo seguinte: preocups: ‘640, nos gramsticos, da semelhanca da gram: «a latina com a portuguesa... sentimento patrd tico da superioridade da lingua portuguesa em face das outras, principalmente da castelhana, stia concorrente temivel A lingua dos gramaticos é um produto ela borado que tem a fungao de ser uma norma in posta sobre a diversidade. Duarte Nunes de Leo, nha Origem da Lingua Portuanesa (1606) eserevia por 4 muita semelhanca que a nossa lingua tem com ella (a latina) e que he an or que ne haa lingua fem com outra, & tal que em muitas palavras & periodos podeios falar, que sejao juntamente latinos & portugueses" Fatande de tal semelhanca, Nunes de Ledo se relere: ma res lidade, 0 produto lingtistico do trabalho liters rio e gramatical, lingua “construida” durante séeulos de elaboracdo continua para series Catieadas em hides Cognitive monfestadon et “Sontextos experiments elotivamenteesoterieom seqléncias gerais como merecedoras de ateng8o s2ria, {isertamos consider asativilades pada escit "Wa como send de quo lterese psi fo (Serer e Cole, 1981 23) Em lugar de dar agui uma vevisio do livre inteiro, pefiro dar uma visio mais de detathe de tum capitulo longo e muito importante sobre 0 ‘conhecimento” metalingiistico dos Vai alfabe tizados em relacao aos analfabetos. Os autores, depois de uma série de testes, acharam que o "co. nnhecimento” metalingtistico entre os Vai nao & 9”. Em primeiro lugar de- vemos nos perguntar sobre o tipo de“"saber” ou de pratica intelectual que os autores estavam pro- ccurando, Se falamos de "conhecimento”, como Scribner e Cole fazem, supomos que existe um objeto a ser conhecide om, dizendo de forma me nos direta, supomes a existencia de um objeto his: tarieamente constituide que vem a s seqincia, um objeto passivel de ser “conhecido! Scribner ¢ Cole comegaram a pesquisa assumin- do uma visio implicita de lingua que é derivada fda nossa tradigao. Eles simplesmente assumiram {que enire 0s Vai podiam procurar uma ideia de Tingus de alguma forma comparsvel ou semelhan: te-a nossa ideia de lingua. E ébvio, porém, que ‘a nossa ideia de lingua foi constituida histories mente como resultado de uma longa tradigho es crita e de usos especificos da linguagem por parte das elites politicas e culturais do mundo ociden tal. Nao é nem obvio nem necessirio que povos externos 2 nossa tradicao pensem o objeto “lin t2ua’" de uma forma relativamente descontextua Tizada ou formal. Esta observagao poderia ser vi Tida, a meu ver, também para as classes das so- ciedades ocidentais que nao compartilham his toricamente da tradicso intelectual das elites, was que manitém uma complex interagao com aquela tradicao. A lingua, enquanto fate social ha sua pratica cotidiana, é um trago entre wma série de outros que no conjunto constituem as Fe Jagdes soviais einterpessonis. Parece-me que nes te.caso seria mais apropriado falar de “consign cia” em lugar de “conhecimento”, uma vez que hao Sabemos ein que medida um possivel objeto lingua” fo: historicamente constituide na cults: ra dos Vai, Seribner ¢ Cole, uma vez assumida a idéia de que objeto “lingua” existia entre os Vai, comecaram a medir qual era 0 “grau” de “co nhecimento” de tal objeto, Certamente nao $6.0 “objeto a ser medide mas os proprios instrumen tos para esta medica foram constituidos prio 17 pelos autores, com base na propria etnoliloso fia da linguagem. Um dos testes que Scribner e Cole aplicaram cra relative ao coneeito de “palavra”. Em uma primeira etapa cles pediram aos informantes pa rridizerema “palavra mais eomprida que eles po diam pensar” Os autor tis sobre as palavras pressupoem que na lingua ava pata "palavra’ es explicam que “pergun- Vai exista uma pa Ne deerme rapidamente que io exist nem ‘er lesa que pose ser Hentifi ‘om "palavrs” do nplés A express tomcmaignfeado Kav Kuleque se tadur vost Iadamentecome-fagmesto de fale ern (CoiRetultados fragmentation com relagio a0 conce: tovdespaloore” dos que usam a escrte Val 80 i ‘Sie de avai, Ele pveram significa que #8 ipo Teves de hae estar eras, mas podem sipes {de pesquisa (Scribner Coke 1981 14345) Scribner e Cole parece que no tiraram as de vidas conclusoes da primeira experiéneta, e pre pararam uma outra versio do teste: edimos os lfabtizads qe nox mosteassm as un dades que cles considerayanreferentesaproprndos ‘mais froqdentemente proiuridos como exemplo eram nai amplow que aqcles ue nos denticariamos co to palavras Os resultados deste teste com os alfabetiza dos levotros a coneluir que: ‘Unidades basins pars Va que escrevem stoas sen temgas que carve una unidade de spncado (que ‘Sveves consitem de ums palavra sen pala rsentida que iv entendemos (Serioner Cole, 18 Scribner e Cole foram guiados por uma hi- potese como a de Goody de natureza muito ge Tal, para elaborar os testes psicolingdsticos, sem nenhuma medliagdo entre a perspectiva historico Cultural de Goody eos testes psicolingtisticos so- bre individuos, Falare escrever sio pracessos so ciais que comportam algum tipo de conseiéncia metalingdistica, Porém outros fatos sociais,tais, ‘como a presenga de eventos lingisticos forma Tizados, de retorica, de treinamento especial em habilidades linpuisticas, tanto relativas lingua falada como a lingua eserita, a existéneia de um lexico juridico © muitas outras caracteristicas deste tipo podem mudar a natureza da conscién cia metalingtifstica, Esta pode estar em relacio ‘com a escrita, mas nfo de uma forma simples e determinista, como uma interpretagao dos eserk tos de Goody sugeriria, e com os testes de Serib nner e Cole parecem implicar. A escrita em si nao seria uma condigdo nevessdria para o crescimen to de uma consciénein metalingstica, S20 a8 es pevificidades das formas e das modalidades de Uso tanto da Tinga falada como da Lingua eser- ta que sao relevantes. Uma vez mais, se aperamos com grandes abstracaes como “lingua”, “escri ta", para formalar hipoteses, eorremnos 0 risco de ‘nao captar nenhuma generalizacao significativa Em um dos testes, Seribner e Cole verifica ram as ideas dos Vai sobre a arbitrariedade dos nomes sugerindo a permutabilidade dos nomes do sol e da lua, Devemos colocar uma pergunta preliminar sobre a propria hipdtese que levou Scribner e Cole a testar-aquele tipo de “conheci mento” metalingiistico, Por que a eserita deve ria aumentar “a capacidade de compreender as relagaes arbitrarias entre nomes e coisas"? ‘Quando observamos o teste a partir da hips tese bisica, uma primeira pergunta ¢ relativa 2 selegao de “sol” ¢ “lun” como exemplos para 0 teste, Esta escolha € conseqtignecia de uma visio sbstrata da linguagem, uma visao em que as po: lavras ¢ as sentencas s30 consideradas simples ‘mente exemplos do objeto, a lingua. Um uso des te tipo das palavras ¢ ele proprio conseqiencia dla visa segundo a qual tlm nome é arbitraria mente associado a um referente, E esta a visio {que os autores queriam testar entre os Vai. Eles tescolheram “sol” “lua” para repetir um teste realizado por Piaget com criangas de Genebra. Acontece que a seleeao daqueles dois “exemplos foi particularmente infeliz: Respodend posibilidade de rdar ox nomes Fra erwin dtingao entre abjetos eon pos ho Its objeto eriados por Deus (naturals) mantendo {jucen nancy rid por Das no 80 ariiraros por Sue Deus ov cron Ao meno tempo, ele entendeu © Stgumento sobre a mudanga Jos omes mas o rei toscom bascem agtmentasio tole, Poder ‘Scr om base a sua vsposta a questi poses tna os wns do sole dn?" que lee um elle ‘yfominalst que mao fax dstingao ene pal ‘elerente- sts concusto parece se all ao von te-com have na euidénein interna da diseusso que 4 perguntacomportou, ma tambem por ele ante {resolute que os nome eos objets no poi “Er substituidosreiprocamente nas espostas a0 de thas testes (Scribner e ole 198" 142), Seribner e Cole podiam obter provavelmen. te resultados diferentes se eles tivessem usado, digamos, “cadciras" e “mesa”. As relagoes que fs fafantes de Vai mantém com as palavras e seus referentes € iustrada polo teste de definigao das palavras, Os resultados mais altos ipara todos os sujeitos dos testes metalingifsticos) encontram Se para definigaes de palavras tas como “veado” “cadeira’’ € "inar”. Este fato significa que para (5 Falantes as relagoes entre palavras e referen tes io diferentes de caso para caso. As palavras (ou melhor, os “lexemas") no sto somente “exemplos” ila lingua, Classes diferentes de ve ferentes mantém lipos diversos de relacdes com sua representagao lingistica, Alguns nomes re cceberam quase que um resultado nulo no teste de definigao. Estes nomes eram “nome' e “pala ra" Quase nenbum dos Vai entrevistados foi ca par de dar qualquer delinigao "satistatoria” da Gucles eonceitas, 0 fato € que, como ja vimos, os ‘autores tiveram diliculdade em encontrar expres: Soes “satisfatorias” que pudessem expressar um conceito semelhante a0 de "palavra'" em Vai. No Final do eapitulo cles escrevem: A considerago destaspritiéas de usar os nomes en thcen Vate daa crengascologicassugere que ax ths ds pecans com ego sos nomex proisa sere Cra ocomtesto misaoplo do ssteme de creneas aura as nigra que permiteny sentra de no tndie do dessnvolsmcnocogntive (Seiboer Coe, ‘Um grupo de homens que conhece tanto aes crita Vai eomo.adrabe conseguiu resultados mui to altos em varios (estes, Este era provavelmen cum grupo de intelectuais que nao eram somen teconhecedores de duas escritas mas que prati cavam de forma ativa e consciente certas ativi dades intelectsais, Este grupo de 19 homens ti vuha uma meédia de idade de 51 anos (a mui mais iltaye conhecia e usava a eserita Vai desde nui omais tempo queos outros grupos testados(co- hnhecedores somente da eserita Vai), Além disso tudo, a media de ants de estudo do Aleorao, na {quele grupo, era de 13 anes. A analise espeeifica los dados deste grupo de intelectuais com rela {Gao 20s dadlos de outros grupos testados nos su ere que ndo € a escrita em si que desencadeia lum processo de eapacidades metalingtist peciais, mas a pritica ¢ouso da escrita, Este er pode 19 intelectiais manifestou uma certa fami Fraridade com problems de ordem lingtistica. O mesmo grupo, porém, nao teve um desempenlo special no teste do silogismo, Scribner © Cole aacharam que quando logics, grade esp oi sgnfiestiea mente hai alto, pareeendoconfemara nog de que ‘eomtenlscussvo sietavaaancita pla gual tes {closiucte compres (Scrfer Cae 1984 156) A resposta a um silogismo seria entao, entre outros fatores, conseiéneia de um provesso.em. {que algumas operagies mentais sto ativadas. Se ia, assim, a conseqUncia de uma pratica em ter zmos tanto longos quanto curtos. O grupo de 19 intelectuais da pesquisa metalingdistica alcancou resultados muito altos ‘que pres Supunham uma pratica de reflexio. Seria impor tante entender por que eles ndo aleangaram ne. ‘ohum resultado mais brlhante nos testes com os silogismos. No inal da monografia, Seribner e Cole for necem uma tepresentagao esquemaitica dos efe tos que seriam associados ao conhecimento da es cerita Vai, arabe e latina (inglés), O que nos pare ce interessante, neste resumo final, € que, d orias amplas de “efeitos” das eseritas que fs autores testaram, a escrita (ea escolarizaao) associada ao conhecimento do inglés teve efeitos Sobreonze deles, Para as outras duas eseritas os eleitos seriam muito mais restritos, A suspeita ‘obvi é de que estamos ainda dentro do eitculo fechador achamos 0 que procuramos e procurs mos © que consideramos relevante achar ‘Aeritica de algam grau de elreularidade na pesquisa de Scribner ¢ Cole nos leva autra ver a tendéncia de minimizar 0 stavus da eserita nao. allabética ea tendéncia de assumir as elites cul tas das sociedades ocidentais como sendo a me dida de todo o resto, Uma perspectiva mais aberta nos levaria a colocar algumas questaes. Em que sentido os modos de pensamento das membros de uma sociedade sem tradicio eserita sto dife rentes daqueles de um individuo que nao conhe fe a escrita em uma sociedade em que é wsada tuma escrita de tipo nao-alfabético? Tais modos de pensamento sto diferentes dos de um anal: beto em uma sociedade em que ¢ usada uma es crita alfabética? E, se houver diferenca, em que sentido ela seria o reflexo de diferentes tipos de complexidade social e de elaboracao tecnolési- ? Hoje a reflexao e a pesquisa sobre culturas Drais ou dgrafas, ¢ sobre “modos de pensamen- to” dos que nao compartil reflexa e indireta, das tradigoes inteleetuais ba 1am, senao de forma weavlas na eserita, é uma tarefa urgente, porue E sobre o terreno comum da fala de escrita que podemos construir uma perspectiva mais ahcr ta sobre tipos diferentes de usos das escritas e suas conseqilencias sociais © eognitivas, Referéncias bibliograficas Azomben, 6.197 tif La arviers ela pega", om Stance, La 'V: 1970 Lcvitre chine, Paris: Presses Univer enh D. 1028 The aon ed, Fol Tei982,“Artogglamentl ¢ iologe dla trade (927 "Literate and literate Spec em sh 2432-439 (epeinted in yes, De are and Society. New York: Harper sd right W982 Le vi nu fica Brescia Gato. Burke, P. 1078 Popular Culere én Benty Modern Europ Neve York: agper and Row Callers W. ML Toa Mork and Monograms on European and Orient Pottery and Porecain Los Anges Bord ave nthe Modern World. 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O dire lor de éducagao publica da regiso ameagou man dar a forca pablica para que a comunidade en trepasseo terreno para a escola eaceitasse 0 pro- do. No final, de fessor que jé havia sido nome pois de muita resistencia, os in fer deinados em paz, Passados alguns meses, po rem, os representantes da comunidade apresen taram-se as autoridades para pedir a escola. Um padre que trabalha na regio os recebeu eestra- hshow a repentina mudanca de atitude ocorrida nha comunidade indigena, O lider dos indios en tio explicou: ‘ucremos ter escola Me ‘Spanhol ta bom, parc, mas oquichua€ melior ‘Nbsseoladocamponés precisa que aja uma bal, Dosage as rian apeendam a pest, que dep re cganem no mersad. Nacsa de exmpones “rianens aprendun a pagar e dar o Woe, para que Sis da Aiea itimanjar,¢ meso ta est mque sentido "Kilimanjaro, montana da Alrica, €uma besteira”? No sentido em que é um fexeinplo qualquer entre milhares possiveis, de ‘besteiras” analogas. Quer dizer, um exemplo de saber totalmente descontextulidado e fragmen tirio que, na realidad, talver independentemente dda vontade ou das intengdes dos individuos, tor hase uma estratégia entre outras para fazer com {que as criangas indigensas, em lugar de pensarem Seus problemas de subsisténcia de uma forma pela sociedade envalvente, tanto mais poderosa f totalizante, fiquem, 90 contrario, ainda mais onfusas no meio de sts informagoes fragmen tarias e descontextualizadas, Esta caracteristica da escola e do saber es colar ja foi evidenciada muitas vezes por pensa tdores, educadores e antropélogos, Voltemes, uma vez mais, a.um trecho dos textos de Tail tados em outras partes deste livro, quando cle diz falando da “instrugao mica com as novas relagées suscitadas, ocoguir, i todos on sus rae chet, Stpeando € gue tucrreram Sabe de que ta ono pela nem, todom on animals, oda an euposta ames de fechares bas A cabosa de Nestas palavras de Tuiavil, assim como nas palayras do lider indio daquela comunidade an- ina, vemos nitidamente a critica & fragmenta ‘Gio. icompartimentagso ea descontextualizagao Go saber. Talver, em quem participe de formas ‘iscursivas proprias de sociedades de tradigé0 Oral, a consciéncia do absurdo das earacterist Cas do saber escolar seja mais imediata do que hhaguteles que esto acostumados a conviver com i eserita e-com instituigbes como a escola. Este Segundo nivel de critica, porém, relative insti Tuiedo escolar, € muito mais dificil de ser expres: So por quem é interno ao uso da linguagem pré- prio das sociedades de tradigao ora. Existe uma distncia incomensuravel entre ‘o tipo de informasao descontextualizada presente hha prosa expositiva e “cientifica”, resultado de Tongos processos historicos através dos quats pas Sram as linguas “de cultura’, por um lado, ¢ as trancitas nativas e orais de comunicar, organi dave transmitit saber tradicional evodas as in formagoes, também as novas, por outro lado. Na sua essénela, este é um problema de distineia en- tre tradigao oral © um tipo muito especifico de Lraudigao escrita, que nio ¢ aquela dos géneros posticas, narratives ou teatrais, em que, dealgu ma forma, poderiamos encontrar caracteristicas ‘comuns com os usos orais da linguagem, mas ‘aquela do genevo do tratado cientifico-expositive, no qual se preza a sinteticidade, a clareza ea or ‘dem de exposicso, Este tipo de producao escrita Ecertamente o mais distante de qualquer gene ro de produgao linguistica que podemos encom trat numa sociedade de tradicao oral. Quem par ticipa da transmissao oral do saber no pode dis por de uma clara perspectiva sobre o que impli a.a ansmissao e codificacao escrita do saber, fem geral, ede um determinado tipo de saber, em particular. Porém o aspecto disso tudo que tal ver Fique mais (ransparente & o dos contetidos 1 insatisfacio com os “novos” conteddes e com fs formas de transmissdo deles € o que primeira se expressa de forma clara, Por isso, "Kilimam jaro, montanha da Africa” deve ser interpretado nde somente como un protestoem relacso a.um saber [rancamenteidiotizante até mesmo no sem Lido etimologico eda interessante historia seman tica de “idiota"), mas também como uma met fora de uma “nova” forma (velha, na realidade) de expresso lingaistien cientificoautoritaria, que ¢ ponta de diamante do processo de “redu ‘ci0" da linguagem dentro dos moldes do espiri to da “racionalidade’ © processo de passagem de uma sociedade de tradigao exclusivamente oral para uma socie ddade com uma ou mais variedades lingiisticas es ceritas ¢ com uma escola formal ¢ um proceso complexo que abrange a otalidade das relacoes ociais, Para os que estio envolvidos em proces sos deste tipo, sejam eles “intelectuais” nativos tnt individuos interessados no proces larizagao clog de fixagao de uma variedade fin fistica escrta, fica difictldistinguir os dileren tes niveis envolvidos no processo em questo. Ex: pressar nitidamente esta parte da critia, relat ‘ais formas expressivas, algo muito difictl pa Taquem, por um lado, percebe aeserita ea esc Ta como dois tragos entre os muitos que, no seu ‘civilizagao”’, da resso",¢, por outro cconjunto, forma 3 i modernizagao' edo "pr lado, tem uma pereepgao da linguagem muito mais como parte das atividades da vida e muito ‘memos como instrumento para a transmisso do falizado, O que podemos espe rar sao afirmagoes do tipo: "O espanol ta bom, padvecito, mas 0 quickwa é melhor”, que contra poem a riqueza de uma lingua falada em todas fs suas modalidades, para expressar diferentes tstilos verbais e génctos discursivos, aquela es pecifica variedade linguistica representada pelo Estilo didatico dos livros de texto e dos profess res que os repetem, resultado infeliz da mistura do nocionismo fragmentério comas necessidades de fragmentagio © compartimentacao proprias a instituigae totalizante 1A conseqiiencia desta armadilha teorica € ideologiea e que nao conhecemos um nico caso tem que o processe de fixagao na escrita de uma Tingua de tradigao oral nao tenha como finalida- de “traduzie” contetidos ja expressos em linguas ‘de cultura” e definir uma variedade eserita da lingua apta para expressar aquelas informagies saber descontext fragmentarias e descontextualizadas proprias da prosa de tipo escolar ‘Nesta perspectiva,¢ ilusio, ingenuidade ou ind fe pensar que seja dail "traduzir” de linguas ‘cidentais para linguas indigenas textos de escola {que em si representa os resultados complexos dde uma tradicao historica e lingiistica especifi cea que produzit formas de organizacao do saber ¢ formas ou modalidades linghisticas destinadas ‘expressilas, Acritiea a quem atua nesta linha, Flas, de tantos ministérios de educacdo e de tam bastante forte. Nestes casos nos deparamos com luma operagéo que, na sua esséncia, precisa ser Tida jos: comunica-se 20s ind que a lingua deles pode transmitir os mesmos conteridas que as nossas lingtas transmitem, nas ‘mesmas macromodalidades, comunica-se entio ‘que a distancia entte eles enos nao € 30 enorme fale, conseqiientemente, também eles podem ‘ivilizarse", isto 6, chegar a ser algo semelhan: te ands, Estes vontetidos si0 muito perigosos jus lamente porque, enquanto sio passives de uma interpretagao certamente positiva,aberta para a tuniversalidade ea igualdade, em terms mais am pilos, inclusive cognitivos, entre os seres huma nos, exchiers, a0 contrario, de forma prosseira e ‘com a costumeira dureza do colonialismo, todas aquelasinstancias de eritia, de diferenga ou sim plesmente de divergéncia de interpretacao da es Grita e da escola. Fo que esta faz é repropor a Tingua nati, i eserita, “embrulhada” em livros reproduzides aos milhares e "dados para comer’ como dizia o samoano Tuiavit, as eriangas rew nidas em grupos que Idem, escrevem e repetem todos as mesmas frases de saber Iragmentado, Emoutras palavras,o diseurso.em favor da igual dade pode vira ser 10 colonialista quanto o dis. curso em favor da diferenea, quan falta uma analise critica do valor e da profundidade da di versidade, Assim, como a escrita representa em boa me dda um fendmeno de medida também a existéncia de variedades lin difusao cultural, em boa pilistics escritas ¢ resultado da difusto de alg ‘mas modalidades (ou macromodalidades) expres: E dificil pensar qualquer caso de provesso de Formacao de uma lingua padrao hoje observavel que nao seja também um caso de contato direto fu indireto de linguas ede culturas, Pode set um caso de contato lingdstico muito delimitade em termos de classes sociais, no sentido de que so- ‘mente alguns membros de uma elite politica ou cultural de uma determinada comunidade lin ‘istica esto em contato.com os membros de ou ‘ua comunidade, na qual ja existe uma varied de linguistiea eseri ‘Nos poucos casos em que nos ¢ dado seguir tem detalhe o provesso de formagao de uma va riedade lings ‘es de lingua padrao, ja existe nao somente al {gum tipo de modelo externo de variedade “cul ta” eserita e padronizada, que os responsaves pe To processo de transcrieao para uma variedade eserita conhecem, mas também, 0 que talvez se a destinada a preencher as fun- ja ainda mais importante, existe a propria ideia de lingua escrita e padronizada Isto fica claro quando temos a chance de se ir quase que no diava-dia o processo de consti {uicao de uma variedade padrao. Nestes casos, amo-nos conta de que acontece um conjunto de pequenas modificagies que, somando-se e inte Fagindo entre si, yao constituindo uma varieds- de standard que adquire uma legitimidade pro- pria aos olhos dos falantes da comunidade lin Pilistica, De alguma forma, podertamos dizer que thao somente o processo, mas também sua demo. fa, sao constitutivos da legitimidade da varieda: de padrio escrita "Todas as peguenas mudancas Hingtisticas {que vio definindo a variedade padrio da lingua fazem parte de um rumo algo previsivel: 0 mo- delo ideal e talver inconfessado & o das linguas teseritas, como tima tradige nao somente de va riedade escrita, mas mais especificamente de tna waledade propria para conten expos Parece que todo 0 esforco ¢ voltado, no pla no lingiistico, para criar uma variedade lingi tica eserita que incorpore a macromodalidade tisada na escola, que permita expressar em lin- ‘gua nativa contetidas exatamente do tipo "Kili- manjaro, montanha da Africa”, na forma mais Timpa'”, sintética ¢ autorititia possivel. Isto ¢, fo modelo de lingua escrita que € assumido, em feral, Caquele da modalidade expressiva das lin jus europeias que, como ja disse, fica mais lon fe das modalidades e géneros expressivos pr prios da oralidade. Desta forma, realiza-se 0 ti: Reonvencer os dominados de que sua lingua po pe talver mais sutil de dominagao: a de eh ‘dee deve) ser utilizada & imagem e semelhanca ‘Sa lingua dos dominadores, Este tipo de domina- (pio certamente compete com outros tipos, como Sue convencer os daminados de que a lingua de Tese "pobre", "feia”, “selvagem” e de que seria melhor para cles detxv-la de vez em favor da lin tua dos brancos, se realmente querem civilizar Se ou prosredir. A tentativa &a de transferit pa rata lingua nativa, de tradigao oral, as macromo- alidades discursivas encravadas em algumas va tiedades escritas eem alguns géneros comunica: {vor elaborados através dos seculos em algumas Tinguas europeias e também o desejo ou a ilusio decodificar 6 mundo na forma mais "exata” pos sivel A bem da verdade devemos dizer que para muitos povos indigenas escrever a lingua nativa Cc chegar a alguma forma de educagso escolar em Tingua nativa veio a representar tum ponto cen- tral nos projetos de resgate étnico e de procura Ue novor tragos diacriticos da etnicidade. Infe Tiemente, na visdo aqui apresentada, pensamos ‘que este caminho, apesar de ter muito valor co tno esforgo de autoconfianga e de auiopreserva Go elniea, € ilusorio, Cabe dizer aqui algo a respeito de um caso. de processo deste tipo que sezui durante anos: O dos Shuar, indigenas da regio amazonica do Equador, organizades numa federacao desde vin teamos, e que dispoem de um sistema de educa fo radiofonica delinida como “bilingte e bicul- fural", Durante todos estes anos esta acontecen- do 0 pracesso de definigao da variedade escrita, (que é um verdadeiro provesso de “redugio" das formas orais da.lingua pata os moldes da racio- nalidade escrita. Podemos mencionar aqui so- ‘mente algumas earacteristieas lingisticns que re- sultam ébvias para quem conhece as variedades ds lingua falada ‘No quadiro geral de um pracesso que chama ria de "decadéncia do didlogo”, estao ocorrendo mudancas que, no seu complexo, reduzem a po sicdo do ouvinie ou interlocutor ate o ponto de desaparecer qualquer releréncia direta ot indi retaa ele, em favor de um tipo de diseurso mais abstrato, mais objetivo ow mais absoluto, Ante riormente, na sociedade Shuat nd existia o dis curso de uma pessoa para muita. As interacoes verbais eram sempre de um falante para tm in terlocutor, que, na verdade, nunca era somente ouvinte, uma vez que sempre interagia com 0 fa lante principal. Na narrativa de contetido mito logico ou tradicional todos os parigrafos eam Fechados por formas do verbo tivtastw, “dizer de tal forma que toda a narrativa vinka (e ainda vem na lingua falada) a ser transformada num digcurso indireto. A explicacao mais plausivel pax raesta earacteristiea, que encontramos tambem fem muitas outras linguas de tradigao oral, €a da atencéo do falante principal para uma reducio relativa do seu papel em Irente ao interlocutor, Seria como se ofalante principal, onarrador, qu sesse deixar claro o tempo todo que o seu discur so vem do saber de outros, ¢ compartithado por ‘outros, e recusasse qualquer diseurso de forma mais peremptoria ou individualista, Na medida Fama set escrtas, a tendencia fol de estas for bretude a mudanca de panes de quem produ0 texto foram fatores que tveram sm rellexo di eto sobre a produgan escrita : Outracaractrfstics que obsorvamos na for macao da variedadeescrits hoje, eda redagso Oh eliminagao de toda uma complica sere de Sana forma verbal. Nest sistema complexe, gue tem paralelos om outras reas da morfossinaxe {ia Hngua,o interlocutor era prvilesindo pos toemevidencia, Atendéncia hoje de neutes Taartal status eopecial do interlocutor atraves dlouso de una sere de formas pronominas in Cidade expressa pela rir verbal stan carateristicas lingisticas, ave aqui sémencioneiumna ver que‘ descigao dela oe patia muita papinss sao algumas entre mutas, provesso de formngao de una variedade ings fea cocrita, A-“decadéncia do dalogo” €0 pro ‘Tirecdo de novasexigencios de polarizacio ou de fecstrutaragi do poder discursive, ue em th tina anise porter. Na mela en que Sr gem novos papetssocsis que favorecem fala de jdulisee, mio exstin na socidade Shar) ¢ red ema participacio do interact ao silencio, a5 pessoas “bem educadss” escutam em siléncio e neste quando &0 tumno delas falam e preten: [ent silenei do interlocutor, que, desta forma, posit a ser, na tealidade, um ouvinte. Se ouvinnos fine narrativa produzida por um Shuar par tines nao preacupados com as novas formas de ti tiueta de interagao verbal, constatamos que sent tine ha resposta e interacao por parte do interlo Cite, que participa o tempo todo com repetigao “kvsitima palavra pronunciada pelo narrador, ou tim perguntas da tipo “neksa?”, "verdade?”, 08 ‘am expressoes que tém o sentido de confirmar ‘que o falante principal esta dizendo ou mani Testar simplesmente a participacao do ouvinte ‘Ne nivel lexical poderfamos indicar indme vas mudangas que aconteceram no processo de fixaedo de uma variedade eserita. Uma dessas ¢ ‘ucla redusaio quase total dos ideofones efou das Tonmas fonossimbalicss, No Shu falado existem inithares de expressdes que em parte S30 onoma {wpaxticas mas em parte sio expresses fonossins hhatieas que tem um valor semntico entre o ad ietival, o adverbial e © nominal. Na maioria dos Css estas formas so caracterizadas por uma ‘epctigao da mesma seqtiéncia [énica, por exer plo: chikia ehikia fag) se usa para fazer referém rst a um abjeto que trinea ou racha; fpian épian wna para fazer referencia & uma maneira de nunc rabo dos eachorros, dos pissares. E claro tue estas formas permitem um tipo de express wena lingua falada que difieilmente pode s tilerituida por outeas formas, por inovagoes le vee sintaticas na lingua esetita. Agora, 08 que ‘event lingua Shuar hoje tentam de toda for ee sna evita tas formas que, com toda probabil TRAE vou aoe ouvidos des como algo de ar 2atG Ue Incalto ede sesociado com as formas segtubaalede comunicagao. Certamente eeste carsemmplo de “mmodelow” sido pelos fal Ar Ginmadcs que conhecem o espanhol eserito, {Sprotessoresndigenss que lderam o processo qefovinacaoda varedadeexrita da lingua, Eles ‘fem uma tia de como deveria ser wa ln fun encitn que se Pete Ke ‘que diz respeito ao processo atual de fi sag de lexico da lingua escrtae de expansdo SEARS fora que soja posstvel express nai sen Shuay os conteidos da nova stuacio de cn iocaltaral encontramos muitos exemplos dof eye a realidade linguistica que tinka como ‘iti teo mundo tradicional da cullars Shuar Tide hoje pelos jovens “inteectuais” que tr balun na ampagao e Fxagao do lexico como seavatpativel coma nova realidade. Na verso sreal dana nao definitiv, do dicionrio biinate reed fal Shuar, concebido como ur instrament eee tgetinis® em Shusr os termos do espa 1S Ee olhidos para entrar no dicionio mais hel Sirus oeasizo para encontrar pales fou semethangas entre os dois mundos cul Turin, encootramos exemplos deste tip Espanhol — Shuar Tradugao liveral sala ents iruntaiaents, “gente” iruntai, “dugar em que se retinem as pessoas” sua Shuar que poderia ser aproveitado para “traduzir” oconceito de “sala” seria rankayash, que é o nome da parte pabl da casa Shusar tradicional, onde se recebem as vi sitas e onde se retinem os homens para conver sar, De fato, usar este termo para "traduzit” 0 Espanhol “sala” implicaria uma mediacao do ti po: “a funcao da ‘sala’ na casa dos brancos ou nas ‘casas de tipo acidental corresponde aproximada- mente a do tankamash na casa Shuar tradicio nal". Os compiladores do dicionario evidentemen te rejeitam este tipo de mediagso lingiistica ¢ com ela, qualquer discurso metalingiistico, seria também um discurso de comparagio entre formas culturais diferentes, De alguma forma po deriamos afirmar que o que fica implicito na po- siedo dos que preparam 0 dicionario é um lazer de conta que existe uma total traducibilidade en tre as duas linguas evitando qualquer caso que de fato, possa por em divida esta certeza, Espanol Shuar Traduedo literal saludo amikmany —amik- “cumpri mentar forma de rivada do espe nhol amigo)", manu, “participio passado' Na tradiego Shuar eram usados varios tipos de stidagées mais ou menos formais e apropriados para diferentes tipos de situagées, Para cada tie po de saudagio havia um nome. E significative {que o fermo espanhol, que representa uma mo dalidade totalmente diferente das modalidades tradicionais, no seja tradurido com nenhum ter tno tradicional, mas com uma forma derivada de ‘um emprestimo do espanhol. Estes dois exemplos sto sighificativos, a meu ver, de uma atitude de Fentncia em relagao as proprias raizes culturais, atitude esta que Tica escondida atr de uma apa rete atitude de afirmagio de si, através da pro pria lingua, Neste sentido podemos dizer que es- te tipo de implementacio de uma variedade lin fistica escrita ¢ ilusério e, no fundo, esconde tuma rentincia de identidade. Se isso for verdade no que diz respeito lin: gua, muito mais ¢ verdade no que dia respeito a instituiedo escolar, ainda que esta seja pensada como “bilingde e bicultaral” (como no caso dos Shuae).

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