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CAMES E A TENA, de Sophia de Mello Breyner Andresen

ANLISE
Neste poema, Sophia dirige-se a Cames. Interpela-o, assumindo-o
como seu destinatrio. Por isso, abundam as marcas lingusticas de
2. pessoa gramatical, que revelam a co-presena de duas figuras: o
sujeito lrico e o destinatrio do poema (Cames). Desta forma,
Sophia parece prestar uma sentida homenagem a Cames, revelando
a influncia que este poeta teve na cultura e literatura portuguesas.
A interpelao de Cames feita pelo sujeito potico manifesta-se no
s atravs de marcas lingusticas, mas tambm atravs de vrios
aspetos biogrficos do poeta:
A convocao do poeta para reclamar a tena que lhe foi prometida "Irs ao pao. Irs pedir que a tena//Seja paga na data combinada"
As crticas aos Portugueses pela forma como trataram Cames em vida
- "E aqueles que invocaste no te viram//Porque estavam curvados e
dobrados"
A atitude dos portugueses nos nossos dias - "Este pas te mata
lentamente//Pas que tu chamaste e no responde//Pas que tu
nomeias e no nasce"
A recriao dos versos iniciais de Erros meus, m fortuna, amor
ardente - "Em tua perdio se conjuraram//Calnias desamor inveja
ardente//E sempre os amigos sobejaram//A quem ousou mais ser que
a outra gente"

Este poema de Sophia de Mello Breyner baseia-se em vrios aspectos


biogrficos de Cames:
- a atribuio de uma tena anual de 15 mil ris por D. Sebastio pela
publicao de Os Lusadas em 1772, escassa e sempre paga em
atraso;
- a referncia ao envolvimento em rixas, quer por calnias, quer por
envolvimentos amorosos;
- a pouca importncia que os portugueses daquela poca dedicaram a
Cames.

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