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Autarquias sem dinheiro para


alargamento do Inglês

PEDRO VILELA MARQUES

Autarquias sem dinheiro para alargamento do Inglês


Escolas de Setúbal ainda nem têm Inglês no 3.º ano
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) questiona a capacidade de as escolas
alargarem o ensino do Inglês ao 1.º e 2.º anos e reforçarem a carga horária nos 3.º e 4.º, numa
medida onde o governo terá de gastar cerca de cinco milhões de euros a distribuir pelos parceiros que
suportam as actividades de enriquecimento curricular (AEC). Verba que as autarquias classificam de
insuficiente para pagar os encargos com professores e instalações e que acusam de não corresponder a
uma actualização dos apoios financeiros anunciada pelo Ministério da Educação.

O responsável pelo sector da educação na ANMP, António José Ganhão, está ainda a apreciar o
documento mas não deixa de levantar desde já reservas em relação ao alargamento do ensino do
inglês ao 1.º e 2.º anos e o reforço horário nos 3.º e 4.º. "As dificuldades serão naturalmente maiores,
principalmente ao nível de infraestruturas que consigam albergar estas aulas", defende António
Ganhão, que acumula os cargos na ANMP com a presidência da Câmara de Benavente. O representante
das autarquias revela-se particularmente preocupado com o "aumento de despesas que o alargamento
vai acarretar e que tem de implicar, forçosamente, um maior investimento por parte do Ministério".

No despacho que divulga a generalização do Inglês no 1.º ciclo, a tutela tenta responder aos anseios
dos municípios, ao anunciar a "actualização dos apoios financeiros a prestar às entidades promotoras
das actividades extracurriculares". No entanto, o Ministério da Educação diz - num documento que se
refere apenas ao ensino do Inglês - que "esta comparticipação poderá chegar até aos 262,50 euros
anuais por aluno, quando os planos de actividades incluírem o Inglês, a Música e a actividade física e
desportiva". De fora, fica a informação de que a tutela paga apenas 100 euros por cada estudante que
frequente apenas aulas de inglês. Nestes casos, "o valor mínimo das remunerações dos professores
afectos às actividades de enriquecimento curricular em horário completo não pode ser inferior ao do
índice 126, da carreira dos educadores e dos professores dos ensinos básico e secundário".

Depois de feitas as contas, o Estado terá de despender cinco milhões de euros, ou seja, 100 euros por
cada um dos cerca de 50 mil alunos que frequentam o 1º. ciclo. O que para António José Ganhão é
insuficiente e não representa nenhuma actualização de verbas por parte do Governo. "Cem euros por
aluno era o que o Ministério já pagava antes e que não chega para as autarquias contratarem
professores", competência que ainda ontem o secretário de Estado Valter lemos reafirmou estar a
cargo dos municípios. As declarações do governante seguiram-se às acusações da Fenprof de que o
Ministério mantém os cerca de 15 000 professores envolvidos nas actividades de enriquecimento
escolar "numa situação muito precária e instável".

Nalgumas autarquias ainda não foi sequer concretizada a obrigatoriedade de incluir o ensino do inglês
nos 3.º e 4.º anos do 1.º ciclo, como no caso de escolas do distrito de Setúbal. Por estas razões,
afigura-se como improvável a intenção do Ministério da Educação de alargar o ensino do inglês a todos
os anos do 1.º ciclo já no próximo ano lectivo. "O meu filho anda no 3.º ano e nunca lhe foi sequer
sugerido ter inglês", informa João Viegas, da Associação de Pais da Primária do Viso, em Setúbal. Visão
diferente tem Albino Almeida, da Confap, que defende que "não se pode esperar por quem se atrasa".

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