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SOBRE ARTE,TECHICA, LINGUAGEM E POLITICA walter benjamin Intredagio de T. W, ADORNO RELOGIO D'AGUA ae Res Syivo Rebelo 15 1000 Lisboa — Tel 870775 Aor; Wales Benin Talo: Sobre Ant, Téenica, Lnguagem e Pbtica Tragugi de Mra Lz Moi ‘A bra de Artem rac sua Reprodubildade Ténica Das Kunstverk im Zeit seine technischen Reprodiertrkit — 193639) (© Autor enquano Produtor (Det Aur als Podazent 1934) ‘Pogue Histria da Fotografin (Kleine Geschichte der Photographie — 1931) Sobre Linguagem om Gere sobre a Linguagem Humana (Ober Sprache ‘temaupe und de Sprache des Menschen 1916) ‘radu de Maia Amin Cr (Oar (Der Ele ~ 1936) ‘Teoria das Semthangas (Lee vom Abalchen — 1933) (OBringuedo co Jog Spies und Spieler — 1928) ‘rade de Maou Abert: “Tews sobre a lost da Hsia (her don Regi de Geschicte — 1940) Problemas da Sociologia da Linguagem (Zitat ir Sonsaiforching 1955) (Capa: Femando Mateus (© Regio D’Apun Editors, 1992 Composito: Regio D'Agua Tress: Are, Artes Gries, Lia Deposio Legal: ssiace ‘Nota: Trades fits part da ei da Subskamp Verlag, 1980 Walter Benjamin Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Politica Tins de Mai Lz Mota ‘Maria Amelia Craze Manuel Alber Prefécio de T.W. Adorno corsersnronr won Antropos ‘AOBRA DE ARTE NAERADASUA REPRODUTIBILIDADE TECNICA® ‘As nossas belas-artes foram instituGas e 0 seus tipos e usos ‘ixados numa época que se diferencia decisivamente da nossa, por homens cujo poder de acgdo sobre as coisas era insignifi cante quando comparado com 0 nosso. Mas o extraordingrio crescimento dos nossos meios, a capacidade de adaptagio © cexactidfo que atingiram, a ideas ¢ 0s habitos que introduzem anunciam-nos mudangas prOximas ¢ muito profundas na antiga, inddstria do Belo, Em todas as artes existe uma parte fisica que ‘no pode continuar a ser olhada nem tratada como outrora, que ‘if nfo pode subirair-se ao conhecimento e poténcia modernos. "Nem a matéria, nem o espago, nem o tempo sfo desde hé vinte anos 0 que foram até eno. & de esperar que tio grandes ino- ‘vages modifiquem toda a técnica das artes, agindo, desse ‘modo, sobre a prépria invengéo, chegando talvez mesmo a ‘modifica a prépria nogd de arte em terms magicos. aul Valery: Pies sur Yar. Pasi (dats) pp. 103/104 (La conquéte de Tubiquite). *Traase da segunda verso do texto, nciats por Walter Beajamin em 1936. publicada om 1955. PROLOGO Quando Marx empreendeu& andlise do modo de produgso capitalist, este modo de produgioestva ainda nos ses Pr tors. Marx orientoua sua ands de ta forma que ela ad ‘ira um valor de prognéstio. Reevou até 8s relages funda. thentais da produgdo capitalistaeapresentou-a deforma tal auc els explctaram aguilo que, de futur, se poder esperar do capitaismo. Fcou expliito que dele seria de esperar, nfo ‘86 uma exploragao crescentemente agravada do proletariado, omo também, por fim, acriagio de condgbes que tornariam possve a sua propria aboligto. ‘A transforma superstars que decor muito mais lentamente do qu ada infa-esttur, necesitou de mais de rio século pra tomar vida a alteragao das condigaes de Produ, em todos os dominios da cultura. 6 hoje se pode Indicar sob que forma isso sucede. A essasindicagdescolo- aime certs exigencis de prognntco, Mas estas exigencias orrespondem menos a teses sobre a arte do proltariado de- pois d tomada de poder, paramo faar da sociedade sem clas- es, do que a teses tobe as tndncias de evolugao daar, Sob as condigies de produgioacns. A soa Gatien note amo na supersrutra como na economia. Por essa razio seria ‘ado subesimaro valor delta de ais tse. Elmina alguns ‘onceltostradicionis — como a criativdade, a geialidade, © ” Water Benjamin valor eterno e 0 secreto — conceitos cuja apicacio descontro- Ida (¢ actualmente difcilmente controlével) conduz ao trata- ‘mento de material factual num sentido fascista. Os conceitos, seguidamente ineroduzidas, novos em teoria da arte, diferen- clam-se dos correntes pelo facto de serem totalmente inadequa- dos para fins fascists. Pelo contrario,sdo aproveitdveis para a {formulagao de exigéncias revoluciondrias em pottica de arte. Box rin obra de ae soy jutivel. O que Feito sempre péde set imitado por homens, ee a aaa oa are, por ness pura cvulgogto das bs 6 teeckon hig ct Ee conrponio lo anca da ade ae algo dene Seneamanene os sed ca oceans ane ‘umas das outras, mas com.crescente intensidade, Os Gregos — Sti spe ls cee ep Me RO ae os isa ea orn resco te pa posure Tse Tos us oes cm diets ¢ np olan ot ope, Shs tole At ares grea repress seapinsin erent «ogarese ue ee topos wre pel impresio,aeesecta fee eprodure, S80 ehess mw snrmesuercbn qe ayes repo shila enn da cet owen ns erate Mi oh SoeuaiiseinRessea ie gasamrcanypeieien lod que exuctGuaranintsimpane do fentnene due aqui se observa. A xilografia juntam-se, no decorrer da Idade Matas pevuracn cove cs tgurfowe, bem come som Ao inde do culo 76 Walter Benjamin Com a titografia a técnica de reprodugdo regista um avango decisive. O proceso muito mais conciso, que diferencia & transposigao de um desenho para uma pedra do seu entalhe ‘num bloco de madeira, ou da sua gravagdo numa placa de co- bre, conferiu, pela primeira vez, as artes grficas a possibili- dade de colocar no mercado 0s seus produtos, nio apenas os produzidos em massa (como anteriormente) mas ainda sob formas todos os dias diferentes. A litografia permit As artes jas rem usando o quan Comeraram a acomps- nhar a impressao. Mas poucas apés a invengio da lto- sgrafia, as artes grdficas foram ultrapassadas pela fotografia Pela primeira vez, com a fotografia, a mio liberta-e das mais ‘importantes obrigagdes artsticas no processo de reprodugo de ‘imagens, as quais, a partir de entio, passam a caber unica- ‘mente ao olho que espreta por uma objectiva, Uma vez que © -olho-apreende. mais depressa do que a mio desenha, 0 pro- ‘eeSso de reprodusio de imagens foi tio extraordinariamente avelerado que pode colocar-sea par da fala. O operador de ci ‘nema ao dar & manivela, no esto, pode acompanhar a velo- Cidade com que 0 actor fala. Se o jornal ilustrado estava vir- twalmente oculto na litografa, também na fotografia o est o filme sonoro. A repro técnica do som fo iniciada no final 4 século passado. Os esforgos convergentes fizeram antever ‘uma situa¢do que Paul Valery caracterizou, com a seguinte frase: "Tal como a gua, o gis ea energia eléetrca, vindos de Tonge através de um gesto quase imperceptivel, chegam a nos- ‘sas casas para nos servir, assim também teremes a0 nosso dis- por imagens ou sucessées de sons que surgem por um pe- ‘queno gesto, quase um sinal, para depois, do mesmo modo, ‘nos abandonarem.”! No infio do séeulo XX, a reprodugdo técnica tinha atingido wm nfvel tal que comecara a tornar ob- Jecto seu, no sé atotalldade das obras de art provenientes de 3 Pua alley: Picer su Par Pai et dt, pop 105 CL congue de uate) A Obra de Arte na Era da sua Reprodutbiidade Técnica 77 épocas anteriores, e a submeteros seus efeitos as modificagées ‘mais profundas, como também a conquistaro seu préprio lugar entre os procedimentas arsticos, Para o estudo deste nivel, nada € mais elucidativo do que as suas duas diferentes manifes- tages — a reprodugio da obra de arte eo cinema —e a sua Fepercussdo retrospectiva sobre a arte, na sua forma tradicional, 1 ‘Meesmo na reprodugio mais prfita falta wma coisa: 0 aqui ¢ agora obra se aie a suena din no fgar em que todavia, nessa existéncia nica, € apenas af, “hee campre ainsi qual eo decurso Gatun etstncia, cla esteve submetida, Nisso, contam tanto as medificagdes que ‘ote ao lang do emo na sua srt fsa, come as die: rentes relagbes de propriedade de que tenha sido objecto.! Os “vestigios da primera s6 podem ser detectados através de andli- $8 de tipo quimico ou fisico, que ndo sio realizveis na repro-

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