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PEDAGOGIA DO JOGO TEATRAL: UMA POETICA DO EFEMERO! Carmela Soares Como professora de teatro do sistema municipal e estadual do ensino publico do Rio de Janeiro, procuro refletir, neste estudo, sobre as possibilidades de se realizar na pritica, especificamente dentro da grade curricular, uma acao pedagogica condizente com 0s principios da linguagem teatral. Neste sentido, atribuo ao jogo teatral, papel central na formulagio de uma pedagogia, que se propée a desenvolver e estimular a educacio estética do aluno. A grande questao que se coloca em evidéncia é que funcao 0 jogo teatral ocu- pa na praxis pedagégica? E ainda, como 0 jogo teatral permite ao aluno encontrar o gancho do prazer e reconhecer a natureza e o valor estético do conhecimento? Portanto, de que maneira, dentro do caos da sociedade contemporanea e dentro do contexto escolar, aluno ainda pode encontrar e dar significado 4 sua vida e as acées humanas? Segundo Carlos Byington’, o aprendizado escolar e 0 desenvolvimento do ser humano devem passar pela capacidade do individuo e da escola de criar simbolos e imagens significativas ou “estruturantes do self” - de si mesmo - como ele denomina. A fungio principal destas imagens é a de apoiar (no sentido de sustentar) a forma- gio de uma personalidade integrada com o todo, a partir da visio de unidade, e nao de fragmentacio, que tem prevalecido no mundo contemporaneo, Certamente, propor- cionar aos alunos uma educagao estética € um dos grandes desafios da sociedade atual, uma vez que ela esté sofrendo, em escala gigantesca, os clichés, as imagens e os simbolos de meméria curta que os meios de comunicagao de massa multiplica e reproduz. Encontramos, assim, no ato de levar 0 jogo teatral para a escola, um meio va- lioso de proporcionar ao aluno uma educagio estética, fundada na experimentagio, na relacao sensivel e direta com o espaco e com 0 outro, na produgio e apreciagao de formas e imagens teatrais, que lhe permitam experimentar e criar novos universos simbélicos, dotados de maior significagao para sua vida. " Este artigo teve origem a partir de minha dissertagio de mestrado, intitulada Pedagogia do jogo teatral. SOARES, Carmela. Pedagogia do jogo teatral: uma poética do efémero. O ensino do Te- atro na Escola Pablica. 2003. Dissertacio (Mestrado) - Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. ! BYINGTON, Carlos Amadeu Botelho. Pedagogia simbélica: a construgio amorosa do conhe- cimento do ser. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos ‘Tempos, 1996. 49 Se a invencao € a reinveng3, Em sua natureza, 0 jogo teatral pressupor 3 inven oes em cuca, * ani, do vazio; dos jogos de corpos ¢ do uso do espace ny ‘os, da falta de escy, Presen, ta, E até mesmo da falta, Da falta de interesse dos aie da falta de oie daft, de comunicacao, da falta de auto-estima e, princips me: odos or wy SMO gue pais, muitas vezes massa Por uma Tealidaa, caracteriz. di d é , se de seu poder e dire: stancia de si mesmo P direitg de social, fam: os jovens de nosso iar ¢ escolar, que os di expressio, Partindo-se desta perspectiva, 0 estético, ou seja, possui uma elaboragio teatralidade em sala de aula, que podera ser olhar do aluno, como também do professor, fo! Esta teatralidade, no entanto, tem caracteristl . ‘ rie . at é ténue, imprecis i colar e esta sujeita a intameras varidveis. Seu aspecto € tenu P’ ‘© € manifest. se em meio a profusao de corpos, gestos, sons, ruidos, num movimento de ordem ¢ desordem, caracteristico da sala de aula. Ela nao se define COMO NO teatro profissig. nal, por seu alto grau de acabamento formal, mas, mesmo assim, pode ser reconhe. cida, enquanto forma expressiva dotada de qualidades estéticas. Enquanto objeto estético, o jogo teatral comporta, em sua anilise, dois elementos distintos e complementares: um elemento material € outro nao mate. rial. Isto significa que, se por um lado, o jogo teatral pode ser reconhecido por suas caracteristicas formais, isto é, por seu aspecto concreto, visivel e sensivel, possui também uma dimensio simbélica, ou seja, é da ordem do vivido, da expe- riéncia e, enquanto tal, é capaz de colocar o aluno em contato com 0 dentro eo fora de si mesmo. Assim, através de um substrato material proprio da linguagem jogo teatral é elevado 4 categoria de Objet formal e, enquanto tal, € Produtor de uma econhecida e apreciada a medida queo 1 trabalhado nesta direcao, cas particulares ao Contexto es, teatral, podemos ver surgir, em sala de aula, imagens poéticas de grande signi- ficagdo para os alunos. Traduzidas em sensagées, sentimentos, pensamentos ¢ Percepg6es interiores, estas imagens nascem da relacdo de troca entre o sujeito — jogadores e espectadores — e 0 objeto, ou seja, as formas sensiveis geradas no decorrer do proprio jogo. Assim, a nogio do objeto estético permite-nos reconhecer que 0 jogo teatral praticado em sala de aula comporta um sentido que pertence a propria esfera da experiéncia do teatro, compreendida como um acontecimento tinico, realizado no momento presente e dotado de uma carga expressiva capaz de despertar, no aluno, o conhecimento de si mesmo e do mundo. Portanto, onde reside a beleza do jogo teatral realizado em sala de aula? Segundo Duarte’, a beleza nao € atributo ou . i" . Propriedade que pertenca a0 jeito ou ao objeto, mas se localiza nesta zona dee: Neontro entre um e outro. A beleza habita a relagio. A telagéo onde o: com as formas que lhes tocam, vindas do exterior, O prazerestético reside na yivén” cia da harmonia descoberta entre as formas dinamicas dos sentimentos ¢ 3s for™ 3s da arte*. » DUARTE JUNIOR, Joio Francisco, Fiy Papirus, 2000. + DUARTE, 2000, p. 93. mdame , < apinas. SE MENIOS estéticos da educagdo. 2. ed. CamP ina a voerema Pe nce gaainte £ ropaado que o homme stribus wentade « segeufacado b cade snagae do sndivides que soge Aqucies qur ube pwrwadincaahs was “Sapa ndade gO" ou anteracho hades com 4 eealadade. cacontrem-« eee etme de tal * witwemnae”. de enditereaciacio cin reach 6 u mec ¢ ao aw NO Siar MOEN Pe Se attT Lat te ndnrduo problemas de onde pacalogecn O Tepe etrendane" Cetetorsuce do yags, como define Winmonet. « Remember co Crp hs Cape earee ae entetE ® “o plage” oe man copeccicamente, ”« + aeoges Ae Cope e . siete de tealedede”, que permmurs av tetet ©, mage conde EM, OO tee os. seteds deenmashen eth sontamonio dr Portier mmnmtc he energy Be mnie « ee Lepe, deacobr sus proprs wngulendade Ne fe ptetiie cise seem ot page teetal, 6 comecninces do aluno ¢ lew ARG BREE CRS ors simdbeaten, sone + peepee do abyrto passa 4 ecorres | Pee ae OE em ete ae wee Soppeedads om que cebe aor semtemonton © be sem RMS DACRE de Comet S Mm eEES (RO sonido de apenas Comcestwal ROC RE © Ht ceo uimee, apore dentine dr ume perapectes du oF muandin dee Dee eter 6 nen he de “eapayeserso”, amemrado mo pomsamento de de setae ondton ee trmese git Birch camibtem mos comets @ adie do tence eePMRG aM aon A ears om recenedel dettemade prot Wimmer Nie “enrayc o4 Somer re rs ak teuudmes preset ade pede crobmcis &e sepataghe Sacco beers 9 anecude 6S ua sree de qme mteude Midicm Que compote « FeRAM roe ge 6 ae Tete preemie, slcamgere ame anes de nilimce gee noe coger ncie de sagtade, do gheghune on de reneindeade. em qu 24 PUNE cite ge sadism PAT. 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