You are on page 1of 24
Os confins como reconfiguragao das fronteiras CE RANCIERE. Jacques A ria do sesivel. sete politica. Teal. Ménica Con Netto. Sto Paulo: exo experimental ator, 2008 a elincemsciente erin, Trad. S. Duluc eta. Bacos Altes: Del estante. 2008: BADIOU, Alain, Condiciones. Trad E.L Molina y Veda México: Siglo XXI,2002, Raul Antelo (UFSC) Um rapido exame das tendéncias axiolégicas que operam no ‘campo do comparatismo latino-americano poderia apontar, para in cio de conversa, que nele existe, residualmente, um universalismo politico, formal e ficcional, inscrito nos marcos da nagdo, e voltado Ai regulagdo das hegemonias ideol6gicas, enfrentado ao qual temos um outro tipo de universalismo, 0 universalismo irrepresentavel da 1p6s-nagdo, que se sustenta em paradoxais inclusdes excludentes. Po- deriamos, entio, registrar, em consequéncia, como dado novo, aemer- géncia de uma universalidade concreta, p6s-nacional ou global, com seu corolirio fiecional especifico, as agdes simbélicas unitarias (mercadol6gicas, segundo a vertente integrada desta tendéncia) ou pluralistas (que, segundo a visio apocaliptica da mesma, cabe 10 multiculturalismo). Mas, mesmo assim, constatamos a sobrevivén- cia residual da primitiva universalidade concreta do Estado-nagio, cujos efeitos ainda ndo cessam de registrar-se nos estudos de area, Haveria, entretanto, a meu ver, uma terceira posi¢io, a da singulari- dade da literatura que, através de um regime estético , se oferece como um excesso imanente que motiva uma incessante insubordina- gio contra a hierarquia dada, Com efeito, uma das safdas da critica cultural contempordnea, entendida como critica entre culturas, € a de resgatar um regime estético que proponha um modo de ultrapassamento das decisdes de cunho racionatista dos modelos universalistas herdados do alto mo- dernismo. Trata-se, na verdade, de uma alternativa que confronta, de fato, dois modelos de historicidade. Uma histéria evolutiva, historicista, pautada por rupturas, e uma histéria circular, hiper- . construida através de reinterpretagGes. Aposta-se, as- (60. Revista Brasilia de Litera Compara, 9 8,206 sim, em um futuro artistico que é, a0 mesmo tempo, um futuro da politica, um futuro que, ao enfrenta se com 0 presente da ndo-arte, io deblatera nem esconjura a nova barbarie, remetendo, porém, diretamente ao pasado, a seu carter inacabado e virtual, para assim potencializar a ago, a partir da impoténeia comprovada na atualida- de. Dirfzmos, portanto, que &, paradoxalmente, em fungdo do dado anestésico, que se reabre, nacritica (inter-)eultural, a discuss acerc do que se passat e que, ao passar, atua, vindo a configurar 0 aspecto atual ¢ ativo da presenga e da sensibilidade contempordneas. Esse modo de encarar a critica cultural nao se baseia em deci- sdes de ruptura, porém, reivindica para si decisdes de reinterpretagio, Eo regime de uma relago nfo tradicional com a prépria tradigao, em que hd co-presenga de temporalidades radicalmente heterogéne- as, Jé tive ocasido de mapear o campo e destacar que, diante de uma fragdo entrincheirada na restauragZo universalista, consolidada pela dos “grandes textos”, podfamos registrar outras estratégi reinterpretativas que, pelo contrario, valorizavam o contetido de ‘massa da obra de arte contemporanea, para melhor devolver-Ihe seu cardter transgressivo. Em ambos os casos, por exemplo, langava-se mio da precursividade da teoria do texto barthesiana mas, nesta se- ‘gunda perspectiva, destacava-se que toda linguagem critica consiroi seu prdprio verossimil e que todo verossimil é, por definigZo, arbi trario, até se tornar waceptable la pretensiGn absolutista de la vieja critica que, natu- ralizando y deshistorizando su. verosimil aspira a convertitlo en criterio absoluto de legitimidad y propiedad literario-institucional La idea de verosimilitud eritica, formalista y convencionalista en. tanto es respecto de las propias proposiciones que el sistema det critico adquiere su verdad, va a convertirse en algo como un prin- cipio epistemolégico para Barthes, tanto en sus intervenciones ntes, como en su critica del gusto.”? Apropriando-se, com exclusivisme, do critério de pluralidade, 6 julgamento critico universalista forgaria o dominio do estético, até associg-lo com uma veracidade pedagdgica, idéia que aparece em alguns textos jd chissicos dessa vertente, tais como Occidental Poetics (1990) de Lubomir Dolezel, Is literary history possible? (1992) de David Perkins, O cdnone ocidental (1994) de Harold Bloom, Altas literaturas (1998) de Leyla Perrone-Moisés ou mesmo Knowledge SARLO, Beater (od) ~ EI ‘mand de Rotand darthes. ‘Buenos Ans, Cento aioe “América Latina, 1981.p.2% Exsas idsias de Sarlo cea precem, potencaizadas, etn Las muds de ser Barthes" reficioqueelaesereveu pa fdigdo em espanhol de La préparation div roman (CE BARTHES, Roland. La ve racine la movela. Tr Willson, Buenos Aires: Siglo NAL 2005) Faves Canjanasson World Literatu” (New Left Review. 0° 1, 2000) pate da homologia enee sistema fi tersrio e vapitalismo para afirmar que “the Hiterary worklsystem is analogous to Waterss’ capitalist wort: sysiem, and Bravdel's oie-ne in hio—voe pespsy sc pnphicy te with one major difference Within the capitalist word syste the Now of pret is alvaystw-way. some prots fromthe corto the pips (Coit. foo the opposite route and go frm petihery tothe core. he the Iierry word-systnn on the ter and the ow is sly tena very sang from the ‘oetorhe periphery. very weak {nthe opposite direction” ea fr de msi “oe its renner one, at Aocpy, whereas the reverse alinost never dhe case", Paras Movottidefende a tese Ja Iratara mundial arguinen tando que “applying world sync analysts fo erature anezox emphasing he wey strate wii whic erste invite: the advantages tha very few cultures enjoy. and the consrsnts under which ll the others must work, T nye ofthe erry wo system isthe key contribution Of world-systes analysis to itera stay = ais als the point that has encountered the ipeatest resistance, Beebe Tots of people refuse to seknowledge the power of material constraints over cultural production: the power ofmatter over spin. asit “Aquilo que Mort no svuine © que, assim vache ‘Sinan impede mans ormativa, una questa de nero universal —o mance ee pai dessa forma se const a teflexbo sobre sina dos iterdibios,0 ‘ave € una maneira de no ‘qustionara poles da for, E verdade que ele denuneis a hegemonia de um sistem Iiterdro nacional °Nintocath cetuy Fenisthepeatpraian formal inventiveness") mas somesmoteinp9"it'sthe geal exception of hterary history You look atincteeth centiry Briain and immedi sche Aiference: i's such a Tess poblomatie society, so mel ‘nore sats with isl This ‘what hegemony bsngs abou the US today. so simila 10 Victorian Bataan s0 many ays" Daf sua cones" Not that worldsytems analysis anything relevant say about form‘ doesn't. farsa ‘exislont concept in historical Sociology ~ bat world-systems analysis makes us understand thar form is not a given of literary history, i's not somthing that canbe taken for trate ike we Hterary people tend to do, bu isthe res oa very specific non-iterary configuration: fora inven thrives in those soit thal belong to the core, bt ar hegsmonie, or those that are inthe more dynamic par ofthe semiperphery. Societies were contradictions a Saluions are imaginal teses de Moretti, frtamente poinds nas anses mac “saivs como os de Hamar Even-Zohar (“Polysystem (Os conlins come reconfigurasao das fronteiras 6 and Comitment (2000), de Douwe Fokkema e Elrud Ibsch. A verso a” dessa posigZo universalista seria a de Pascale Casanova, ou Franco Moretti, defendendo, na vira-da de milénio, a literatura mundial ® A diferenga do universalismo clissico, 0 prineipio de verossi- milhanga eritica pés-litersria, disseminando a nocio de pluralidade, abre mio da unanimidade do “grande texto” e assenta-se, pelo con- twirio, na dindmica das forgas. Sob 0 ponto de vista pés-critico, na ‘medida em que toda forga mantém uma relagdo essencial com outras forgas, ela passa a ser vista como intrinsecamente plural, Nao faz sentido, em conseqiiéncia, pensi-la em singular, como obra prima ou cfinon insuperdvel: a forga é 0 poder de um sujeito soberano mas € também 0 objeto sobre o qual esse dominio é exercido. Nesse sentido, uma forga € sempre uma relagao entre forgas, portanto, uma pluralidade, Essa pluralidade, enfim, faz com que uma forga sempre seja afetada por outras forgas, e em conseqiiéncia, a vonta- de de poder, o desejo de cada forga se tornar objeto exclusivo de atengio p: propria, pode ser traduzido como a intengio ambivalente de poder ser afetado e, ao mesmo tempo, afetar as outras forgas. Como agdes combinadas e complementares, criticar e avaliar equivalem, portanto, a experimentar e problematizar di- versas forgas em Mas, ao lado do universalismo pré-litersrio e anti-culturalista, hi outras correntes criticas, no interior do comparatismo, sem res postas convincentes, a meu ver, para a situago presente. Naqueles criticos em que a hegemonia do modernismo sobrevive colada marca do nacionalismo, o paradoxo talvez seja ainda mais visfvel. A posi- gio que eles sustentam é a priori defasada, uma vez que, se ja é dificil justificar a sobrevivéncia de uma comunidade textual, como querem os universalistas, mais érduo ainda é proclamar aexisténcia de uma comunidade nacional. Em fungdo do hiato que se estabelece entre enunciado ¢ enunciagZo, ndo é possivel esconder que essa cri- tica jé nfo fala do interior de uma comunidade pré-capitalista e auté- noma, mas, a0 contriio, sua posigdo ¢ legitimidade foram, ha mui- 10, universalizadas, quando nao globalizadas. O paradoxo de uma “dialética da colonizagio” reside justamente nesse ponto: ela critica as comunidades imaginadas em tomo ao ser nacional, mas, ao mes- mo tempo, ela amarra essa dialética ao desejo de uma impossfvel comunidade por vir, Mais impossivel ainda, no caso do Brasil, diante 62 Revista Brasileira de Litecuura Compara. 9 2006 da queda de todos os semblantes democriticos, decorrentes dos par- tidos construfdos, 4 maneira ocidental, ewropéia, como representan- tes de classe ou setores de classe. Assim como 0 Oitocentos inventa a maquina, dentre elas, a nagio como maquina simbélica, e adquire, portanto, consciéncia de moderidade, 0 século dos nacionalismos descobre também, com Flaubert, a bétise como niio-pensamento do lugar comum. O discur- so nacionalista desempenha, precisamente, essa fungio de bétise coniceitual j4 que busca sempre outorgar materialidade a um objeto como a nagiio, que carece de toda especificidade. A nagiioé um con- junto de pontos do imagindrio que fazem laco social, daf que seu valor mude constantemente, Nao é 0 mesmo 0 sentido de nagio em Alencar, Manoel Bonfim ou Mario de Andrade. De fato, depois de 1945, 0 conceito de nacional precisa ser pensado, a partir da Tigio de Gramsci, como um objeto hibrido, nacional-popular, que é uma forma de dizer que esse nacionalismo é, na verdade, um nacionalis mo anti-imperalista, JA tive ocasido de mostrar de que modo o debate pés-estrutu- ralista francs repercutiu nos ensaios iniciais de um conjunto de es- critores e criticos latino-americanos como Beatriz Sarlo, Leyla Perrone-Moisés! ou Ricardo Piglia’. Gostaria, dessa vez, de me de- ter na reflexio de Ernesto Laclau para melhor equacionarmos os desenvolvimentos posteriores de sua teoria da politica contempori- nea concebida como um populismo incontornavel Em seu tiltimo livro, Beatriz Sarlo destaca a relevincia de 1970 para captar as forgas do presente. “La Argentina no iba a ser la misma a partir de los hechos de mayo y junio de 1970 — diz a analista, em refer€ncia aocrime de Aramburu e pondera, ainda— muchos creyeron que se iniciaba el desenlace de una época que concluiria con una victoria revolucionaria”. Mais ainda, diz que, unanimemente, “se erey6 que habia sonado la hora dela justicia Quienes se movian por estas convicciones, no se preguntaron entonces si la justicia «que se habja ejercido sobre Aramburu podfa reclamarese nombre. ‘Tampoco se preocuparon por que otros pensaran que esa justicia tenfala forma de una venganza. Sustancialmente, lo que se habia hecho estaba bien por razones hist6ricas y politicas. Por eso, la muerte de Aramburu no obligaba a resolver ningtin dilema moral, sobre todo porque la idea misma de un problema moral parecéa inadecuada para entender cualquier acto politico™. in Poetics Today sping 1990) ou Enuly Apter Global Translate: The “tovention” of Comparative Literature, Istanbul. 1933" Cia lagu 9°29, 2003) "fF ANTELO, Ra. “Visor € In: MARQUES, Naores, Ave Merve Palinea, Belo Wo zoe Filtoeada URMG, 2002, =." sais dela post writca”. Revi de Critica Caltrat, #25. Santiago do (Chik mo: 202, p 16-7, “A eattica dy son” I RESENDE. Bests (ol) A Picci Ltinesincricana ne Séeuty XI. Rood Jansen, ‘Acropano (ho pel “Cf. ANTELO, Rast, “0 amacronisio ea politics do ‘empaths FONSECA. Maria Augusta.) Oltares brea romance. S39 Paolo: Na ‘qi, no pelo. Anda espto tk Peli. Andrea Giunta 0s tekembra ue “en 1965, en ot Sinico adimero de Ia revista literary Sociedad Ricardo ia interven om este largo Abate abcde amare Able: intent, por un ado ietine el lugar de ta neo: ‘uquicrla argentina, ales sleaguella vieja izquieeda a Ta que’ catendia come inremedialemente separa ‘de pac bajo la vomsigna de combat a zien eo ina que, Tavoeeida porTarevolucidn cabana, bia ‘nicndo na “dels ons de eonciencia’, eplanteando fa fecesidad dean cam ‘ocinmal para el mars “Argemin Por tran questa discutie 130 Posieida de esta ign ta jerdaenel ferreno cultural, En este sentido, al mismo tiempo que buscaba diferenciaese de scetores dogimsticos que titewslicamente desechhan a ley caions ors psi politiea, se eponia a toa Prep: "Es Toa prs sicily movil Contenides o alicnando Virtua onl neice de bo polio cn pers esr ‘lawl de esto emp CCEGIUNTA, Ande. Wn, inernacionalizm ¥ pli rte argent en fas 6 ‘Buenos Aires: Pais, 2001 p38 SARLO, Beatie A puisivew cexvegia. Borges. Era Penn. ‘uontonesve 889 Palo: Com pnbia da Lets, 2005. Chto pelo orignal ar sin da excep, Buns Ate. Sigh XI 2008, p 134 Ma ane Sarl teorza as consequencin tesco do snactonisto: "Los 10 son los siguiente primo. caso Aranburues un hecho exeepeianal que no puede Ser asinilado a a serie the mivertex que siguievon funque esta en el origen de Is organizacién que fue respoasable de muchas deesas iteries; segundo, ef caso ‘Ambush pon forganizado simbslicamente sobre el eje de una pasida isis, bade I vegans eseepcionaldad pasional del «aso pone de manifesto ans sensibilidad que hoy puede considerarse histories (es ‘decir que ha cumplide un cielo y hadesaparecido oslo se manifesta dsm pois denegacionesysutverfogios de | mala coneieneia, entre favienesmantienen”firos Subjetivos con esa xensiiidad depos) Esti ascondcions. femtonces. par imterpretar es Iechos tos discursos en e terreio de a cultura, No se ‘wata de una reconstruecisn ogc baa en fo que hes (Os contin come revonfiguragdo das fronteiras 8 Justamente nessa época, em meados de 1969, e numa pequena revista maofsta dirigida pela prOpria Sarlo, Laclau publica um en- saio, “Los Nacionalistas”. Nele argumenta, simétricamente & Sarlo de 2005, com relagaio aos 70, que 0 conhecimento da década de tvinta é decisivo para uma adequada compreensao da Argentina con- temporainea. O ensaio € uma vindicagio do anacronismo avant la lettre, Viias slo as causas. primer término porque, con la crisis econémica mundial que asistea su nacimiento, surge el conjunto de condiciones —funda- mentalmente diversas de las predominantes en los setenta aiios “anteriores — que habfan de imperar en el curso de su complejo desarrollo ulterior. Adems, constituye la prehistoria del peronismo, el eco mis significativo de las tres itimas décadas. Finalmente, si bien en los iltimos tiempos nuevos hechos de estructura tienden a ‘modificar la correlacién de las fuerzas politicas y las alianzas de clase — notoriamente fa irrupeién det capital imperialista norteamericano a partir de la década del cincuenta—estos nuevos hechos debieron operar a partir de los conflictos y contradicciones de una estructura previa cuya génesis es preciso rastrear a partir de fa década del treinta” Portanto, para Laclau, a histéria do nacionalismo e de suas transformagées internas adquire relevancia singular para entender © novo surto vanguardista dos 70, “Nadie duda que tuvo una influencia ideolégica especialmente significativa en la revolucién de 1943 y en el proceso ulterior de xgénesis del peronismo, pero nunca se habia trazado de él una historia completa y adecuada, que tendiera a rescatar lo esencial de su evolucién y diferenciacién interna. A esto contribufa la “leyenda negra” elaborada por la oligarquifa liberal y sus adkéteres de izquierda, cuyo virulento antiperonismo tendié. a presentar al ‘gran drama hist6ri mocracia y fascismo, pero también la actitud de fos mismos naci- onalistas, que en algunos casos por ocultar sus simpatias poltt \s por los regimenes de Mussolini e Hitler, en otros ~ mas frecuente por presentarse como tinica alternativa al marxismo, hha contribuido a la cristalizaci6n de su pasado en una vacua simbologfa que oculta su rica historia interna y buena parte de sus logros mas significativos y vigentes. La interesada indent por parte de la izquierda liberal de todo el nacionalismo de la o de 1945 como un enfrentamiento entre de- ‘acién 64 Revita Braslsieade Literatura Compara, 8,206 década de los treinta con la paranoia permanente de un Julio Meinvielle, por ejemplo, no ha encontrado por parte de los nacio- nalistas desmentidos que serfan tan justos como posibles”. Analisando, entZo, um livro, quase um manual, alids, assinado pela futura diretora da Latin American Snudies Association, Marysa Navarro Gerassi, Luclau louva nele “la captacion de este variado origen y de esta diversidad de influencia” do fendmeno nacionalista que Ihe permitem isolar “la concepeién de que el partero de la historia y ef agente de kt revolucién nacional no lo constituyen lay masas sino una élite privilegiada. En la década del veinte las primeras formas de nae onalismo fueron antidemocraticas, antipopulares, pero no necesariamente antiliberales. Se trataba de reformara la vieja élite conservadora para hacerla apta a la reconquista de su papel pro- eminente frente al gobierno de la “chusma radical” y alas tuchas reivindicativas del movimiento obrero — semana trigica de 1919 —asf como frente a la marea ascendente en la revolucién mundial simbotizada porla Revolucién de Octubre. Asi, la idea de un Es- tado autoritario se ligaba a un proyecto de reimplantacién det poder oligarquico pero no a un cuestionamiento del cardcter agroexportador de la Argentina y de su dependencia del imperia- lismo inglés, problemas que s6lo surgirian en fa década del treinta, cuando la crisis econémica mundial y la quiebra de ta divisign internacional del trabajo, revelarfan la naturaleza vulnerable y dependiente de nuestra economia” Nesse sentido, diante do impacto da crise econémica mundial, ‘© nacionalismo dos anos trinta cinde-se em duas vertentes. Em pri meiro lugar, a do revisionismo historiogrifico que “redefine el papel del Estado, cuestiona el papel del imperialismo inglés en la historia argentina y reivindica el papel de Rosas frente ala oligarqufa liberal y portuaria”, enquanto, de outro lado, outros setores mais radicais “se transforman en el apéndice pandillero y provocativo de la oligarqufa del fraude patridtico”. Assim, “hacia fines de la década del treinta los mejores sectores de naci ‘onalismo habfan disefiado el modelo abstracto de una revolucién que seria industrialista y antiimperialista por su contenido y se apoyaria en el ejército como élite dirigente, Estamos en los protagonistashoy eeuerdand aquellos anos, sino de una interrogacin oqc drone iia em agus Inetns de 1970 y su nrracion fh Tos res 0 evatro aos siguientes. {Por qu este ino? Porque interesa saber, si esto es posible Caungue muy dificil, ta versa de acotecinicn ene taomtenie des sce ‘qos sureaticulexinen ane decay dsimmespedionss que han sido ineludiblen tweados por los aos de la dvtadua lasdivenss etic ta violencia de ht transihon democtatica y los sabotes historigedicos que quotes recuerdan los aos de Comienzos de Ta Gea del setenta no pueden oeluir cewando picasa y hab ‘Cuando sical scene de ‘Arambur, toes fox gus hoy recverdan esa época eran ony jovenss fo que recuerdan esd raves por ks poli de tna edad especialmente apa Puralaidetizacdn.Serecuera ‘tmomentoen qe tpl teajnencomplsiitates Una coc nc 0 ‘nse imets, Sinenbar toeciendleemm dels regu. Ponue gui no seuatirade ver ‘qvcserecgnasino esque fe, unpreseru Bs den gu joria produce su pasa om una itersecci eine fo fque se Fecwerda, 19 qs se permite record, Io qe ~e ‘vid. fo que sepsaen sco, Toque cambia de regia y de tomo ,chso de ne rai. LLoqucta memoria free tiene acomplejidad de na ueroni, en el sentido de un tempo, bifronte, hecho de dos temporalades bade reerte delet y fal para de to nnarrado, que se atualizan en sl presente de la Ieelora Discriminar catre esas Aemporaidadese cea y reconsuetiva SARLO op vit. L61¥7 Quam &relevincin do Ushate ultra do sessenta para & onpreeasto do preset, eh KATZENSTEIN Ins &GIUNTA Andrea (ed) Listen. Here None! Argentine Art iy the 13608: Writings ofthe Ava Garde New York The Mes of Modem Art 206 MASOTTA. Oncat Revln nla Pp a happenings arte He os Imediae en la déeasa del sesen, Estolg primi Ans Lagos Buenos Ais Ets, 25 RIZZO. Pain it Tele Exerionias 68 Massrade resonance his, Bus ‘Nes Fain Pa, 18%, ‘CE LACLAU, Eresto. "Los cionalistas” i Lae bros, Buenos Aires =f 9% otha e196, 0s contins como reconfiguragso das froneiras 65 comienzos de la guerra mundial, en visperas del 4 de junio y en ka antevispera del peronismo. Era neces rio, entretanto, nos diz Laclau, um passo além, i ue el proyecto abstracto de revolucién dejara de ser la entelequia {que presidiera los actos de una minorfa esclarecida y que se trans- formara en una fuerza material por la accién de las masas en las calles. Es lo que ocurrié el 17 de octubre de 1945. A partir de entonces el nacionalismo militar sin pueblo se transform6 en la revolucién nacional antiimperiatista de un pais dependiente.(..) En resumen, la melancélica historia del nacionalismo oligérquico sugiere una conclusién: si el nacionalismo del pafs central es expresi6n del terrorismo de gran capital monopolista, el naciona- lismo de un pais dependiente es progresistay revolucionario, pero s6lo en la medida en que sea auténticamente popular y confunda su destino con el de las masas”” Umano mais tarde, ainda nessa linha de nacionalismo “argeli- no”, Laclau resenha os escritos programiticos de um desses te6ri- cos que operaram a passagem do nacionalismo elitista para o nacio- nalismo progressista e revoluciondrio, 0 neo-nacionalismo, popular € de massas. Em “EI nacionalismo popular”, Laclau valoriza a militancia de um escritor em luta contra a restauragéio nacionalista de élite. Muito embora ainda julgue “ingénua e errdnea” a tese de Scalabrini Ortiz, de que “el proceso desencadenado por el golpe de 1955 conducia a restaurar el predominio inglés sobre la economia argentina”, com a vantagem de quinze anos de distanciamento com relagdo ao precursor, 0 jovem Laclau tem condigées de constatar, pelo contrario, que os investimentos do imperialismo norte-ameri- cano modificaram profundamente a natureza da sociedade argenti- na, Endo apenas dela. Destaca, entdo, a importincia de “remontarse a las fuentes de este notorio error de perspectiva que procede, en ‘nuestra opinién, de la limitada concepcién que, en la década del treinta, elaborara el nacionalismo popular acerca de la dominacién imperi lista”. Analisando, pois, o periodo 1930-1943, Laclau detecta “dos formas distintas de enfrentamiento al sistema oligirquico. Una de ella, lade los partidos liberales, que tendfan a democrati- 2ar el sistema agroexportador sin cuestionar las bases del mismo. Asi, lo largo de la década se constituy6 entre el radicalismo, fa democracia progresista el socialismo y el comunismo, una “unién (66 evista Brasitera de Literatura Compan 8.2006, democtitica” més o menos informal que actuaba como oposicién interna al sistema oligdrquico. Pero junto a elta el nacionalismo popular~ cuyos representantes principales fueron Arturo Jauretche y Sealabrini Ortiz. -cuestioné las races del sistema oligdrquico- imperialista y plantes, como altemativa a é1, el desarrollo indus: {rial auténomo, (...) El antiimperialismo expresado por el nacio- nalismo popular presentaba, pues, dos rasgos centrales: por un lado, la afirmacién de la indisoluble unién de intereses entre la oligarqufa tradicional y la potencia imperialista dominante; por otro, laconsecuente afirmacién de que ta lucha antiimperiatista se confundia con ia lucha por la industrializacién’”. Este dltimo aspecto adquire especial relevancia apés a crise institucional de 2001, quando, de certo modo, o kirchnerismo reto- maa velha tese aventada por Scalabrini*, Jé em 1970, Laclau consi derava que essa era a atitude anti-imperialista mais adequada, uma vez que “el capital extranjero no se invertia en industrias sino en el comercio, en las finanzas, en los servicios piblicos y en los papeles del gobierno. En tales circunstancias, las divisas necesarias para un proceso sostenido de industrializacién s6lo podfan proceder de ta confiscacién de una parte de la renta agropecuaria por parte de un Estado nacionalista”. B, nesse sentido, apoiado na leitura de Arturo Jauretche, condenava “la impostara de aquellos grupos de izquierda que, sospechosamente, se deshacian hacia aquellos improperios contra el imperialismo norteamericano, en un pats do- minado por el imperialismo inglés” Laclau, porém, é consciente de que a natureza da exploragio imperialista comega a mudar no pés-guerra, “Crece la fusién del capital briténico con el norteamericano, a la vez. que se incrementan aceleradamente las inversiones norteamericanas en América Latina, La posibilidad de resurgimiento de un imperialismo inglés agresivo se torna, de mas en mis, una ficcién”. Chega-se, assim, a uma situa- do concentracionaria que introduziu jos en “dos cambios fundamentales en las formas de la explotaci6n i perialista en Latinoamérica: por un lado, fa aditamentos ~no es ya mas una banderade lucha antiimperi Por otro lado, se ha resquebrajado la identidad de intereses entre las oligarquias locales y el imperialismo, ya que la ampliacién de mercados necesaria para la expansi6n de las nuevas industrias monopolizadas requiere cambios estructurales que s6lo son industrializacién ~ sin ita, exit, isn depo. azo comin entre ef obrero saentino yl parono atin slanocesidd do lafiica existay subsista Sila Tiviea angntin es desu pore ‘molestaconsuonptenciaa a fabricaextrnjora.e pronase dqveda sin su propiedad y el theo argentina, Ess coincidencia es el azo nacional queue al patono ya ‘bree por arriba de sas antagialeos puntos de vista Sociales” Apu. LACLAU, Ernesto. “El nacionalismo evan Lg tbo, Bsns Rites ano fa 8, aio 1970 ‘como roconfiguragio das Fonteiras a realizablesa costa de las oligarqufas tradicionales y, ademas, que Ja funcionalidad de éstas dentro del sistema tradicional de exploracién procedia de una divisi6n internacional del trabajo que hha perdido vigencia. De ahi que los dos pilares bisicos de ta concepcién antiimperialista que elaborara e] nacionalismo popu- iren la década de! treinta no hayan podido resistir el embate de lanueva situacién”” Laclau, de algum modo, toca assim na fratura exposta do libe~ ralismo, que hi de se tornar explicita com a ditadura militar, seis ‘anos mais tarde. Si lox mismos ejecutores de esa politica erefan ser los protago- nistas de una restauracién ~ la eliminacién de industrias “antficiales” y el retorno a la bucélica Argentina del Centenario— en los hechos, al liberalizar la economia en el contexto de una situacién mundial sustancialmente modificada, lograron un efecto bien distinto del imaginado por ellos: la penetracién arrotladora del gran capital monopélico que, en 1966 [porém, de forma bem mais agressiva, dez anos depois], una vez que hubo logrado sufi- ciente fuerza econdmica y un Ejército dispuesto a actuar como su partido politico, desplazé del poder con un sencillo diktar al siste- ma de la partidocracia fraudulenta.” Contritio & opgio do nacionalismo popular anti-britanico e pré-norte-americano que, da mesma forma que o getulismo, aposta na politica pendular (apoiar-se no patrdio emergente para derrotar 0 dominante), Laclau conclui que, apesar dos aspectos favoriiveis, € muito dificil uma verdadeira aproximagiio com os Estados Unidos. EI obsticulo es sw falta de espititu politico nacional. El terror (norteamericano) a un bombardea atémico es hoy la t6nica de la politica que gira alrededor de st propia seguridad. Sobre ese fuin- damento afectivo es dificil y peligroso establecer una relacién perdurable y s6lida. Pero tampoco es posible oponérsele abiertamente. De todas maneras parece indudable que el precio de cualquier apoyo norteamericano serfaindudablemente la concesién de bases ~0 la seguridad de poder usarlas en caso de guerra, en aso de construirlas nosotros ~ que traerfa aparejado obligaciones y compromisos para un futuro bélico, en momentos en que la estrategia norteamericana estd enfrentada a perspectivas poco favorables. Jugar a la balanza, pero sin caer esel arte de equilibrio 68 Revista Brasieea de Literatura Compara n.8, 2006 que no debemos perder de vista en el planteo de nuestras reivindicaciones nacionales.” Laclau, enfim, vé no precursor, Scalabrini, um sujeito “dema- siado auténticamente antiimperialista como para no comprender que estaba asistiendo a la instauracién de un nuevo sistema de dominacién”. E a partir, portanto, dessa leitura gramsciana do presen- te (dos anos 70) que Laclau elabora sua teoria da hegemonia e, mais importante ainda, que, em momentosem que dominam as teses monistas de um poder centralizado enquanto Império, ele ainda aponte em dire- G40 a uma l6gica da margem, como desconstrugio do iluminismo ‘metropolitano. Um exame um pouco mais pormenorizado de seu tilti- mo livro nos ilustra no apenas certas linhas de continuidade com 0 jovem Laclau de Los libros (que, a rigor, 6 uma linha de continuidade entre Jauretche e Kirchner) mas, acima de tudo, o peso que sobre essa reflexio deixou cair uma nova nogio de diferenca (como substituto do substancialismo identitario) e uma nova nogio de sujeito (como sujeito da linguagem e sujeito do desejo), através do debate desconstrucionista e psicanalitico dos diltimos trinta anos. Por isso mesmo, em seu iltimo livro, A razdo populista, Laclau pensa 0 povo como categoria social heterogénea. Sem este atributo, © povo ainda poderia ser concebido tio somente como a forma fenoménica portadora de um néicleo homogéneo e transparente, algo que, sem diivida, estava no horizonte de Jauretche ou de Manoel Bonfim, de Brizola ¢ de certas correntes do PT, quando, pelo con- trério, o Lactau de 2005 considera a heterogeneidade um principio indispensavel, mas, ao mesmo tempo, irredutivel, na medida em que ele garante 0 excesso. Esse excesso nio pode ser controlado através de qualquer manipulagdo, Entretanto, a heterogeneidade do concei- to de povo nfo se confunde para o analista com pura e simples pluralidade ou multiplicidade, uma vez que o miltiplo nao entra em contradigdo com a positividade dos elementos constitutivos da cate- goria, Portanto, um dos tragos distintivos da heterogeneidade cultu- ral do presente € 0 fato de ela ser deficiente ou, melhor dizendo, ser uma singularidade fulha. Neste sentido, se a heterogeneidade € irredutivel a qualquer tipo mais profundo de homogeneidade, nao quer dizer por isto que ela esteja simplesmente ausente: ela estdé presente como aquilo que esté ausente. Em outras palavras, a singu- laridade mostra-se através da propria auséncia, A ambivaléneia perceptiva da presenga//auséncia decorre, pois, (0s contins como revonfigurayso das frontsiras 9 do fato de que os elementos do conjunto heterogéneo chamado povo estio sobredeterminados ou mesmo investidos diferencialmente. Desse modo, objetos parciais encarnam, a despeito de sua propria parcialidade, ou melhor, pour cause, uma totalidade elusiva ou re- traida. Em conseqiiéncia, ela exige, dado seu carter negativo, uma construgio social contingente, que Laclau denomina articulagdo ¢ hegemonia. Nessa construgao, é que ele detecta 0 aparecimento da nogiio de povo. ‘Ora, para que este conceito seja possivel, é indispensavel, em primeiro lugar, conceber 0 povo como uma categoria politica e ndo como um dado da estrutura social, Para Laclau, a nova unidade de andlise ja no é, como na sociologia funcionalista, o grupo, como referente natural, mas a demanda, como solicitagiio discursiva s6- cio-politica. Vale dizer que o analista propde uma assimetria entre conceito totalizador de comunidade (0 populus) e 0 conjunto alta- mente heterogéneo dos marginalizados (a plebs), com a ressalva de que a margem é sempre uma parcialidade que, no entanto, identifica~ sea si mesma com a comunidade enquanto todo. Nessa sutil contaminagdo entre a universalidade do populus «a parcialidade da plebs, repousa a singuralidade do povo como ator st6rico, cuja Kégica constitutiva é designada por Laclau como ra- do populista . Uma vez accita, entio, a heterogeneidade do objeto povo, duas perspectivas impéem-se a seu respeito: a universalidade do singula \gularidade do universalismo. A prépria nogio de singularidade € quase um oximoro: ela perdeu o sentido particular de outrora e se tornou um dos nomes da totalidade. Por isso, a razio populista, que Laclau identifica com a politica tout court, quebra com duas formas da racionalidade que instauram o fim da politica. Ela rompe tanto com a nogiio de vanguarda e revolugio, que torna supérfluo o momento politico, uma vez que reconcilia a sociedade consigo mesma, quanto se afasta da ago comunicativa gradualist rea que reduz a politica & mera administragdo de conflitos, o que encerra uma tese progressista da histéria, ‘iter parcial da demanda com 0 objeto a Identificando 0 ca lacaniano, a relagdo populus / plebs abriga ainda uma ten} irredutivel em que cada um dos termos inclui e, ao mesmo tempo, exclui o outro. Essa tensio infinita garante o cariter politico da so- ciedade como um conjunto plural de encarnagdes do populus que ja nio conduzem a qualquer tipo de reconcialiagao final, mas que, pelo 70 Rovista Brasileira de Literatura Compara, 8, 2008, contrario, justapdem os dois pélos. Nao existe, portanto, parcialida- de que simultaneamente nio exiba as marcas do universal. Mas raciocinemos, contrario sensu, em nome da parcialidade do universal. Nao importa qual for o contetido atribufdo a entidade ontolégica em questo, sempre poderiio se reconhecer nela as mar- cas do investimento, portanto, toda parcialidade, toda singularida- de, indica o ponto em que a universalidade esta necessariamente pre- sente no fragmento parcial em questio. Ha, com efeito, uma relativa ersalidade e particularidade, que traduz a légica do objeto a e da hegemonia. Esse momento fusional aponta para o horizonte hist6rico final, que ndo pode ser cindido nas suas imensGes constitutivas, o universal e o particular, que so ain- dimensdes constitutivas da prépria literatura comparada iluminista, Portanto, a histéria ndo pode ser concebida como um processo infinito em diregao a um objetivo final, ao qual, kantianamente, denominarfamos Idéia regulat6ria, A hist6ria, muito pelo contrario, € um processo descontinuo de formagoes hegeménicas, que resiste a toda narrativa universal que queira trans- cender sua historicidade contingente. Podemos entao traduzir a mes- ma idéia afirmando que 0 povo, como dizem Copjec e o proprio Laclau, ndo tem desejo, mas exibe pulsdes, 0 que, em termos deleuzianos, ao menos do Deleuze leitor de Bergson, se traduz na f6rmula: “o povo nao tem instintos; ele cria i Em todo caso, para Laclau, a emergéncia do povo como ator histérico € sempre uma transgressio com relagio a uma situag’o precedente, € neste sentido, ela sempre conota um elemento de tragicidade. Como Edipo, 0 povo é menos um transgressor vanguardista do que 0 fundador de uma nova ordem. Dirfamos, em resumo, que a posigao de Laclau equilfbra-se entre (e, a0 mesmo tempo, escolhe como interlocutores a) Zizek, Negri, Hardte Ranciére. “Contra Zizek sostenemos que la naturaleza sobredeteminada de toda identidad politica no se establece aprior horizonte transcedental, sino que es siempre el resultado de Procesos y précticas concretos. Eso es lo que otorga a la nominacién y al afecto su rol constitutive. Contra los autores de Imperio pensamos que el momento de ta articulacién, aunque sin duda es mas complejo que fo que fSrmutas simples ~ como la mediacién partidaria — preconizaban en el pasado, no ha perdido “amente en un “CF LACLAU. Emeto, The Popul Reason. London: Routledge, 2003. Cito pela tralugioao espanol, rain popstisia, Trad. Soledad {Lat Bens Aires: Fondo de Cattara Eeonsmica, 2008, py !SJAMESON, Fredric Modernidade singular ensue sobre a antiga do presente, Tad, Roberta Fo Wake. Ri de Janeiro: Cvi= rx Brae, 2008, 0s confins como reconfigurago das fronteiras " nada de su relevancia y centralidad. En relacién con Ranciére, la respuesta es més dificil, ya que compattimos los presupuestos centrales de su enfoque. El pueblo es, tanto para él como para nosotros, el protagonista central de la politica, y la politica es to que impide que lo social cristalice en una sociedad plena, una entidad definida por sus propias distinciones y funciones preci- sas. Es por esta razén que, para nosotros, la conceptualizacién de los antagonismos sociales y de las identidades colectivas es tan importante, y que resulte tan imperiosa la necesidad de ir mas all de férmulas estercotipadas y casi sin sentido como ser la “lucha de clases’ Ora, voltando ao ponto de partida, dirfamos que, na constru- do de um lugar para a cultura, a neo-esquerda (em 70 apenas naci- onal, “argentina”, em 2005, devidamente internacionalizada, através da academia ou simplesmente das editoras) esta nos propondo rela- tos de modernidade que definem 0 espago democritico como um exercicio da diferenga, Nao é poss{vel derivar deles uma teoria, mas uma razdo populista, isto € um pensamento diferencial, heterogé- ‘neo, um pensamento da dépense do iluminismo racionalista e metro- politano, que atravessa todas as categorias com que se organiza nos- so discurso critico, a comegar de nogées tais como literatura, naci- onal ou universal. E isto, bviamente, fere frontalmente os pressu- postos clissicos da literatura comparada tradicional Fredric Jameson, em seu recente Modernidacde singular", nos relembra a propésito que, em se tratando de ler a modernidade, “é impossivel nao periodizar”, ou seja, no podemos dar conta do pre- sente sem lembrar das arqueografias de Laclau, Piglia ou Sarlo, nos idos de 70. Mas, ao mesmo tempo, essa periodizagio nada tem de inapelvel, uma vez que ela niio nos propde conceitos. Ela trabalha com categorias narrativas —o presente, o anacronismo, a demanda etc. Portanto, € abusivo, funcionalista, autonomista, para nao dizer cerradamente fetichista, propor uma teoria da modemnidade. O que podemos propor através, por exemplo, da leitura de Laclau, € um relato de modemnidade, relato nacional-popular gramsciano nos 70, acrescido pelo principio de indecidibilidade ou pela nogio de sujeito dividido, em outras palavras, atravessado pela forca da diferenga, que redefine o relato original da cultura nacional situada (lida) entre as outras culturas. Assim sendo, se essa fiegdio da modernidade perif 72 Revista Brasileira de Literatura Compara. 0 2006 ser organizada em tomo de categorias da subjetividade (j4 que cons- iéncia e subjetividade so impossiveis de serem representadas), s6 podemos ter acesso a situagdes de modernidade e, por outro lado, se tdio somente situages de modemidade podem ser narradas, € pos- sivel dar conta de contatos imanentes ou contingentes da histéria com uma dada subjetividade, com 0 que é possivel também afirmar ‘que a propria subjetividade é irrepresentivel fora dessas condicdes. Vale dizer, em resumo, que o alvo dessa reconstrugao anacrdnica ou retrospectiva que estou propondo nao é nada além do que uma nar- rativa, uma subjetividade, uma periodizagdo enunciada em primeira pessoa, ou, para ser mais preciso, no singular" ‘Um dos nomes, portanto, que poderfamos atribuir a essa situ- ago de modernidade que vimos analisando é 0 de reconfiguragdo de fronteiras (tanto estatais, quanto disciplinares). Essa situagio, além de ser uma situagio cléssica do comparatismo, nos coloca um novo problema teérico que 6, simultaneamente, uma nova situagdo politica, a de uma cultura lida entre culturas, i.e. uma contestagiio do comparatismo convencional. Dirfamos, a prinefpio, que ha duas for- mas de conceber a fronteira, Podemos imagind-la como um limes inequivoco, o limite, o contorno que circunda uma forma ideal, ou como uma instancia liminar, 0 fimen, isto a soleira, a passagem, 0 peniiltimo, aquilo que nos permite reabrir a série. Se na primeira alternativa predomina a cronologia, a segunda nos abre as portas a0 anacronismo. Se na primeira nos movimentamos na clausura, no en- cerramento de uma disciplina, na segunda circulamos no interior de um espago te6rico interdisciplinar que nos comunica, Ora, a situagZo atual, desinteressada pela posigZo dualista, metafisica, quando nao religi ‘alimite x limen, orienta-se, entretanto, a pensar a superposigdo de ambas as margens, na figura dos confins, aquilo que Agamben, definiria como “la personalizzazione di cid che, in noi, ci superaed eccede”!, um espago (lerritorial, nacional mas também te6rico), onde ja nfo imperam as imagens compactas do modernismo (autonomia, nagio, subjetivida- de soberana), mas donde emergem novas imagens ausentes, fruto de contato ou friego, de impressio ou modelagem, em todo caso, de uma matéria (elusiva) que deixa, io somente, uma marca, um sinal, que, enquanto enigma, se impde a nossa leitura e reconstrugio anagramiticas. E, de fato, a passagem de uma estética vanguardista ou ab- soluta para uma estética do presente, meramente imanente ou acidental sa, obrigada a alterna "Em uma dela teitura Uesconstrucionista “de es ‘queda, 0 critica note cino Derek Age define 3 singulaidade de um objeto ‘aural como sa difrengaem felagio a qualquer outro ‘objeto, nao importando nela 4 manifestagdo particular de a, preebids como ald ‘ave reise exc ato 26 determinagbes gerais pre ceistente, A singularidade decor, portant, ABO ex tamente de 0 smateralidae medotiveow de ua cotingécia em rela ‘qual osesquemaseulrais qe wlilizamos mdo poderiam Penetrar. mas de uma con Figur de propria eis ‘qe. constturom acne rapassa as poms prvisas plas norms de un eae, normas em ela 3 duais Seus membros esto seoxtmadse através ds as _rmsiriados produto culras ‘20 comprozndides. A sing lardae.emconseqinci ‘cleo de impr. sempre aberia a con taminagies, deslocamentos, acidentes,reinespectaglo © tecontentalizagio e elt nem mesmo ¢ inimitavel: pelo contri, ¢ Tundamental- renin nie dando intinaderplicaserespostas Coneretamente, pomante 3 ‘inglaridade, como aloe eniva, no & wna po Pica, mas um evento de Singularizagao que ocore na rexspao, Blend aontece fo las respstasdos que com elase ‘ncontran ea comsuci, Ela produzida, alo € dada de nlemao, © sua emerpéncia & também o nico de sua erst. sa medida em que ativa modangascutuais nccessiis paraabrigils A singular patticulardade, identiade inginciaouespifiidad Nem deve ser peasada como a conesito gcse arsentdades que so diferentes de owas som ferem eriaivas ei sua di ferenga, isto sem itrodurie salemde na esfra do esi, Ua ob nies, pont ao singular € aquela qe pode et oplctanente compre ‘eno das nora cul De fo, € 0 processo de com reensio ~ 0 rgiseo de ta articular coafgurao de es twdinias ~ que desvenda 3 ondigao do -daieo. CE ATTRIDGE, Derek. The Singularity of literature. Lodo: Route, 2006 p63. 64, Silviano Santiago. qe i usouoeoncetode singular Ter poesia de Ana Cristina César desenvolve sia se slams de Atridge em O ‘osmopoliizn do pobre (slo ovis UFMG, 20, \ AGAMBEN, Giovgio Prafanazioni Roma nottetempo,2008,p.9. © RELLA, Franco - “La ‘ettaaeritcayel pension {de ls confines” in Coins, 16, primieno semeste 1939, pais. (Os conlins como reconfiguragio das fronteras B Um dos ensaistas argentinos que, principiante nos 70, porém, critico agudo da fetichizagao funcionalista sociolégica dessa déca- da, vem ativamente elaborando, como doublé de narrador-ensaista, uma tentativa de articulagdo entre a tradigIo do ensafsmo de inter- pretagio nacional, aquele da linhagem Scalabrini Ortiz, com os mes- tres da critica cultural européia, notadamente da Teoria Critica, € Nicolas Casullo, através de sua revista Confines (ou, melhor dizen- do, pensamiento de los confines). Em 1999, ele publica um ensaio especialmente escrito para a revista pelo critico italiano Franco Rella, quem, na dedicatéria, destaca a concomitincia do conceito de confim € oestimulo que este Ihe causou em trabalhos que o proprio Rella estava a escrever. Retomando a tradi¢do adorniana de pensar o en- saio, e mesmo a reconfigurago de Foucault (do Foucault da Histé- ria da sexualidade), 0 autor do ja classico Miti e figure del moderno nos diz, portanto, em “La escritura critica y el pensamiento de los confines”, que “el ensayo detiene en el umbral del olvido lo que emerge en el mundo y en las formas que hablan el mundo. Detiene en el umbral del olvido lo que el poder de una raz6n orientada a una verdad y 2 un lenguaje quisieran sacrificar. Nos queda sin embargo otro problema por afrontar. Dijimos més arriba que asumir la forma artistica como sustituto de la verdad filoséfica nos deja prisioneros de una parcialidad insuperable. El ensayo debe supe- rar esta parcialidad, 20 no es ella también, en cuanto singularidad —emergencia ¢ instancias subjetivas —algo que también debe ser salvado del olvido? El problema ya fue planteado nada menos que por Kierkegaard en uno de sus primeros trabajos, Johannes Climacus de omnibus est dubitandum: ta singularidad es el Gnico problema del que vale la pena ocuparse y también el problema del que la filosofia no esta en condiciones de ocuparse. Acaso esto fuera posible en la forma del relato, El intento de Kierkegaard de articular una suerte de sinuoso relato a través de la muchedumbre de seudnimos con los que firmé su obra, es precisamente el intento de atravesar las » Nessa reonstuo do 2000 arent (que € © 2005 bra sileiro) Ludmer evoca que ‘estava se colocando, ais uma ‘ser, com Kaote com Foucault 8 pergunta O que € 0 flumi ison’. em outs pale, ‘esto capita da merida: emo pensar un presente lque estamos inludos™ Que ‘slo que en el presente tiene Searido para una reflexiGa sia? (.) Me encanta eh Bucnos Aires, en un Estado- rnaciin del sur que habia transformado sus estruturas ‘estates paca refornular sus funciones dentro del orden lobal. (Een el 2000 exando Sstala el sisiema politica angen y con la enuncisdel Wice-presidente comniensa 8 exbirde un madoexpitasus “nuevas iecaninos en forma de eorrupeién polities. en la scleracida temporal en ana sarrra contrac tempo, ne Dresente ctemo del Inperio (que no se define como un periodohistco sino como la ulinacin de Ia bistori.¥ fen una especie de dé vu onde el presente se dupicabs enctespectieul del presente FI 2000 en Buenos Aires parecia ser una especifica y compleja contiguracion de temporalidadesseity pense jnronces que el instrurmento eritico 0 categoria simplex para leerlo tenia que ser “el Hempo”. CF. LUDMER. Josefina. “Temporalidades el presente” In Boletin del Centra de Estudine ile Teoria ¥ Crtiew Literarin, Universidad Nacional de Rosario, a 10, dez 2002, 92: 3.Eaaindanarevista Margen! Imivgenes Belo Horizonte, Bucnos Aites, Mar del Plata Salvador, a” 2, dex. 2002, pass. "Cf, LUDMER, Josefina “Teritorios del presente” in Canfines, 18, Buon Aves, ez 2004, p 103 ‘como reconfiguragio das fronteiras 81 “han cambiado no tanto las imiigenes en si (los mitos y estereotipos, Jos personajes y los relatos) sino fa forma en que se agrupaban, dividian y oponian, Y también la forma en que se usaban. En literatura caen las divisiones tradicionales entre formas nacionales © cosmopolitas, formas del realismo 0 de la vanguardia, de la 2 pura” o la “literatura social”, y hasta puede caer la nentre realidad hist6rica y ficci6n, Aunque muchas cescrituras siguen usando esas divisiones cliisicas de la tradicién literaria (la tienen como centro y quieren encamnarla), después de 1990 se ven nitidamente otros tertitorios y sujetos, otras temporalidades y configuraciones narrativas: otros mundos que no reconacen los moldes tradicionales. Que absorben, contaminan y desdiferencian lo separado y opuesto y trazan otras fronteras, Literatura urbana y rural, por ejemplo, ya no se oponen sino que ‘mantienen fusiones y combinaciones miiltiples. La reorganizacién del mundo que operan hoy algunas escrituras implica una cada de fronteras en la imaginacién publica, que se reproduce en el plano politico y a veces juridico, mientras se refverzan las fronteras para los cuerpos desplazados. Ese parece ser uno de los movimientos del presente. Un doble registro o canton que se reproduce sin fin y hace que las escr desdiferenciadoras convivan con “las anteriores”, las que tefuerzan las fronteras y oponen nitidamente las Formas de la tradici6n, To das estén presentes, funcionando sincrdnicamente como en una :xposicién Universal que quisiera contar, supongamos, la historia de la literatura latinoamericana, Porque con la presencia del pasado en el presente (con la superposicién de temporalidades: todas las Epocas y lugares se exponen en “la Exposicién” o en el mismo teivitorio del presente), la literatura de hoy (y no sélo la de Ame rica Latina) cuenta todo el tiempo la historia de la literatura con otras categorfas hist6ricas: ls estilos y formas que antes se opontan y sucedfan, ahora conviven y se exhiben en synchro, y también se texhiben en fusion, Este régimen de “Exposicién universal”, que esterritorial, produce efectos de sobreimpresin y de ambivalencia, ¥ por lo tanto produce cambios no sélo en la idea de ta histori sino en la concieneia hist6rica. Acompaita otra conciencia hist6ri- cadonde el antes (todos los antes) estd presente en el aquf y ahora de la Exposici6n, y donde coexisten la desdiferenciacién y diferenciacién de fronteras (su abolicién y al mismo tiempo su refuerzo) entre formas, géneros y estilos”™ A posigao de Ludmer nos obriga, pois, a recapitular. Digamos, 82 Revit Basra Liter entdo, para concluir, que, a partirdo nacionalismo descentrado de Laclau, passando pelas nogdes de exilio, vida nua, testemunho ou aberto, elabo- radas pelos criticos italianos, até chegarmos a ubiqua Exposiyiio con- tempordnea, constatamos, em resumo, 0 processo de uma idént reconfiguragiio de fronteiras, gerada, forgada, pela nogio de confins do pensamento. Talvez seja esse 0 lugar que ainda Ihe rest: ocupar a uma Literatura Comparada pés-nacional, se ela niio quiser repetir 0 sé- culo XIX e, com ele, a hétise como niio-pensamento do lugar comumn.

You might also like