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A farsa da justica burguesa “Texto de Sérgio de Carvalho a pati da proposta ‘grupo Flhos da Mie. Terra para a quart etapa do Tea Procisso que narzou em quatro estagdes a histiria da I pela tera contada pelo panto de vista dos trabalhadores, realizado em Brasia em 2005. Personagens: Coros de mitantes Joie Pliciat Mésico Legs Farendeiro Coreuta PT ase rane ‘CORO DE ENTRADA “Todos na marcha Dime a tua mao « Rompe a esplanada Vem meu irmao Contra a injustiga na terra (Ograndenao (3X) ‘Quem vai na frente empunha a bandeira Ergue a vontade acima do chio [Atrés quem vem $0 os teus companheiros Trazendo a histria da lata nas mos Sabor do fruto Riso, descanso ‘Ames farta ‘Umoutroamanh, manna amanha ‘Quem era, maldits! A vida nto fosse ‘Moeda de troea dos dones da terra ‘Quem dera a verdade [Nao precsasse Da prova das armas Dos gritos de morte ‘Quem ders os dias [Nao fossem comidos Como erva de gado Pvira de beira ‘Migalha de pao x) (grande nto! Tai iV Tt pi Entra em cena um grupo de ators bem em esas, em toro fogiu A sua verdade Popol brea Mnaterperrll einai e meer ctomerier be Seen Sey Sa ectenaeciens ees fe eee reac conduzido por mim das alturas Bi; Senhor Juiz, ars pee shee ete ery aeenseuntee me iene 1 as, oe ree Sores - notes ean ee ae eae Scan ea apes nies rome ee ates ae Sestseee es = sees Fechem a jana, calem o vento, €julguem sem piedade esse acusado ‘i lutar com paus e peas Stacie onde ter sds metalhames pls cons Sooctrevvene deus dota cm lta dfesa timconbete uma cha tnnhas miosis remand tin yer de ealrentara pola pong uso advetta Sos och mote mde fost dia ‘par ecapar do ssacsnato elena defen. fou nuts pando qo moras nom trite o corps empha, fingindo wer adver Tambores representa tos a en a a teins a nem m2 Tat yur ‘Ossenhor fique clade pis io est em julgamento 2 violéncla no campo ‘hem o seu compartments: a covardia em questio eclusivamente desse mau elemento. POLICIAL ‘A minha religitondo permite {que ex mate de ive vontade eu detest dar facadas ‘em lgitima defesa(ruido) ‘entio no me acusam de nada? juz Diga, senhor sargento, ‘nio uma coisa fea ‘uma falta de solidariodade fingirse de defunto corpo cento morrer de verdade junto com os seus companeiros? POLICIAL using tanto dio pela falta de heroismo aco que vou hora. (Chm mata gad ne noe juz Um lencinho tagam o prdsimo depoente ‘coro Porque os mortes nto levantam, MS 2a en ae ete ‘abe a vivos mudar 0 seu destino Porque os mortos no levantarn ‘abe aos vivos cuida dos que est8ovivos Nada ao aleance da vista -mestra of da njstica [Nada ao aleance da ist mera a era repatida ties) jw , mantenham calada ess gente ‘Ordem no tribunal marta com um murtl giant) Senhor médio-eyista ‘estudioso da came humana (oMéicoutitzn wma grande ups) me expligue como um elemento pisoterdo por uma tropa [rremessado num camino com plstica nas costas continua a represefar um defunto fe enganar os outros mesmo ouvindo odisparo €sentindo peso de um corpo jogo sobre'o seu? Ene se diz ras nio more como companteiro. Lecista Permitarme, 6 justigoso, para mostrar no corpo presente 2 difculdade da citi, (eotam separ ohomem,epeximam deleatupa) Te 2 LEGISTA, Veja esta cabega sem rachadura e hemorragia ‘sem os miolos para fora ‘nem a pele rasgada buracos abertos fica dif vera alma cescapar do eoitado. JUIZ(aortu) Merece a val comm seu egoisia da vida vai ficar de novo calado. sem dizer palavra? ‘Vamos, nto ¢ morto que se levanta? Ent fala, (Sitnco. COROenton wel sititotambor) ‘coro Milhares de asassinatos de crimes encomendados prides, ameacas, esmandos judicrios Aespejos, familias expulins ‘rescem a8 cercas do trabalho esersvo ‘os terrenos desmatados dos mil povos dizimados nosso nome & negro, nosso nome ¢indio branco: rosso nome € pobre to longa a histria das perdas ‘que € preciso que faga sentido. JUIZao res ‘oats 56 gritam quando muitos s6lutam como manada, = sécantam na revoada, ‘sozinhos nio sto nada Fecusam 6 humano herosmo do justo individualism, coro Nos tims 29 anos, 1671 trabalhadores assassinados Nada ao akance da ist mostra 0 fim da injustion nada a aleance da vista ‘mostra a terra repatia, (Segue calle com tabores) FAZENDEIRO_ [io esti ouvindo aalgazarra Juiz de mea pataca? yu. Senor fazendeiro ‘meu querido pecuariasta rotivellaifundieio [Note chamei como testemunha ainda que a terra sj sua. FAZENDEIRO Epc cama me ‘sentengs ya fora tem mulos Sime boas aber de gente viva na marcha tenuis dobras de extrada Me dé ch este Martelo. (arrancao Martel) juz Tas np mY 2 Ta in Ni faa sso, amigo, pegue também o anel do meu dedo preciso ritual. Comamoanel) FAZENDEIRO Mais barato um jagungo do que tum juiz de mos oeosas, mais seca a mensagern de uma execugdo suai, (ators pemoanel nee) juz ‘Aproveita eleva a cabega iM quesomos unha e carne (trcam acaba) JUIZ E FAZENDEIRO FALAM JUNTOS EM GESTOS SIMULTANEOS E chegada ahora do grande veredicto ‘onde anda a lealdade neste mundo maldito mals escasa que 0 otro das jacidasexauridas fonde anda o heroismo esse mundo em detrito Aarruinado como o Iuero ‘dos pastes sem subsidio (estos descencontam) a i a teu porno morrer como os outros sangrar em sarificio por escolher ser um corpo no co ter renascido Sua sentenga 6 cert: culpado 6 asim absolvido Pois¢ morrendo de vez {que leva a culpa consigo Sera agora inocente~ executado ‘ua mais companheiro dos vivos. COREUTA 133 porcento da populago brasileira vive hoje em situagho ‘de miséria sem o direito a0 trabalho uma terra que se tomo privilgio de poucos: to 56 milhes de pessoas Iheroicamenteexiladas numa vida defronteira, que sefazem, devivos para enganar a more

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