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PROBLEMAS RELATIVOS A UTILIZACAO DA HISTORIA DE VIDA E HISTORIA ORAL Guita G. Debert Os métodos qualitativos de anélise, entre os quais @ bistéria de vida ocupa um luger proeminente, t&m aumentado cada vez mais seu prestigio frente aos cientistas cociais. Reduzida a uma uti- lizagéo quase que exclusivamente ligada & antropologia, a hist6ria de vida tem aumentado seu escopo de atuacéo. £, atualmente, enfa- ticamente reivindicada por outras disciplines como a sociologia, # ciéncia politica e, principalmente, pela histéria, onde ja encontra- mos uma rea de especializaao relativa @ hist6ria oral. As vantagens desse instrumental so expressas através da aber- tura de dois campos de problemas, que tendem a mostrar que @ coleta de relatos orais € praticamente insubstituivel. (© primeiro desees campos aparece como especialmente rele- vante quando se tem em vista a produgéo de uma nova documen- tagao, Por um lado, quando as pesquisas se voltam para as classes populares, trata-se de mostrar a importdncia de produzir uma do- cumentagdo que se constitua num ponto de vista altemativo & documentagio oficial. © objetivo parece ser o de incorporar & his- toriografia oficial a versio que os oprimidos ¢ desprivilegiados tém dos grandes ¢ dos pequenos acontecimentos.* Por outro lado, quan- do se trata de pesquisar paises do tipo daqueles da América Latina, “onde as sociedades sto pouco integradas, isto é, possuem escassa informagao disponivel, diversidade social extrema ¢ historiografia ipiente”,? a histéria de vida € um instrumento que vem preen- cher um vazio intranspontvel 1. P. Thompson, Voices of te Past: Oral History, Oxford, Oxford Univer- sity Press, 1978. 2, A. Camargo, L. Hippolito, V. R. Lima, “Histéria de vide na Amériso Latina’, in BIB, Boletim Informative © Bibliogréfico de Ciéncias Sociais. ANPOCS. 0° 16. 14 pasa LLP ween Low nin AZ. No que se refere ao segundo campo aberto; a razdo alegada para a utilizagdo desse instrumental reside no fato dele possibilitar © estabelecimento de uma conversago ou um diélogo entre infor- mante ¢ analista. Quando os autores, nesse caso, fazem uma oposi- do entre falar e conversar* ou enfatizam 0 argumento que a histé- tia de vida possibilita um dialogar* com os sujeitos estudados, cha- ‘mam a atengio para basicamente dois aspectos. Em primero lugar, para a vicléncia implicita no procedimento que envolve a imposi- ‘edo, a0s informantes, de categorias que nao Ihes dizem respeito, vindas de uma teoria exterior a eles ou a0 conjunto de valores pré- prios do pesquisador. Em segundo lugar, para a importancia de

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