You are on page 1of 83
Analise de Estruturas Contraventamento de Edificios Portico entreligado See EEE série ESTRUTURAS francisco carneiro joao guerra martins Nan erel(erCoarAl 0) Apresentacao Este texto resulta, genericamente, o repositirio da Monografia do Eng. Francisco Carneiro, Pretende, contudo, 0 seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer a especifi idade dos cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar- se ao que se pensa omitido. Embora 0 texto tenha sido revisto, esta versio no é considerada definitiva, sendo de supor a existdi ia de erros e imprecisées. Conta-se nfo s6 com uma critica atenta, como com todos os contributos técnicos que possam ser enderegados. Ambos se aceitam e agradecem. Jodo Guerra Martins Contraventamento de estruturas Sumario E objectivo da presente monografia justificar a razio de ser dos contraventamentos, bem como sistematizar os conhecimentos fundamentais necessirios a uma boa compreensiio das acgdes que interagem nos edificios e relacioné-las com os varios subsistemas estruturais utilizados para este fim: o contraventamento estrut ural Uma apresentago sobre as mais usuais acgdes e fendmenos que os contraventamentos tém ‘que suportar, além dos materiais de materiais que os compdem € efectuada, identificam-se as mais usuais acgdes verticais e horizontais, directas e indirectas, mencionando a sua natureza e 0 modo de interferéncia com as estruturas. Apresentam-se e estudam-se os tipos de contraventamentos mais correntes, quer para edificios vulgares, como altos (torres) ou industriais, executados em betio armado, metal cos ou mistos. Uma breve sistematizacio do modo de analise dos sistemas de contraventamento foi ainda realizada no final deste trabalho, sem qualquer outro propésito que no o meramente qualitativo, dado nao ser designio deste texto a quantificagaio numérica do tema, seja na vertente das solicitagdes, como dos esforgos ou dimensionamento estrutural Contraventamento de estruturas indice Geral Apresentago 7 . . Sumario 7 . . I indice Geral . ‘ : 1 Indice de Figuras . . . . . Vv indice de Quadros. . . . . x Introdugio. 7 . . 1 1. Generalidades..... 7 . . 1 2. Razio de ser dos contraventamentos 7 . . 2 3. Organizagdo do texto. 7 . . 3 1. Asacgaes. 7 . 5 1.1. Generalidades..... 7 . 5 1.2. Acgdes verticais... 7 . 7 1.3. Acgdes horizontais 7 . . ul TBD Vento non 7 . . 16 1.3.2. SiSMO econ 7 . . 7 1.4. Acces indirectas. 7 . 20 1.4.1, Assentamento dos apoios .. 7 . 20 1.4.2. Efeitos de 2.* ordem ..... 7 7 2 2. Contraventamentos.... 7 . 7 31 iit Contraventamento de estruturas 2.1. Contraventamentos tipo... - 31 2.1.1. Pérticos (Moment-resisting frames)...... 32 2.1.2. Paredes (Shear-walls)....... - 7 35 2.1.3. Paredes associadas a porticos. - - 37 2.1.4, Niicleos e tubos (Tubes)... - - 38 2.1.5. Reticulada contraventada (Braced structures), . 43 2.1.6. Contraventamentos mais utiliziveis...... 48 2.2. Contraventamentos em edificios de grande altura 50 2.4. Contraventamentos especificos em estruturas metdlicas 53 2.4.1. Contraventamentos a forcas horizontais (sismos e ventos) em edificios urbanos . 53 2.4.2. Contraventamentos a forgas horizontais (sismos ¢ ventos) em edificios industriais, 2 7 : 7 : 58 3. Aniilise de sistemas de contraventamento .. 67 Conclusio 2 7 : 7 2 Bibliografia i 5 " . ss 14 iii Contraventamento de estruturas indice de Figuras Figura 1.1 — Classificagdo dos diferentes tipos de acgdes em estruturas e seus materiais.......6 Figura 1.2 — Alguns subsistemas verticais [15]... . . 8 Figura 1.3 —Tipos de modos de instabilidade de pérticos [12] . . 10 Figura 1.5 —Efeito do vento nas edificagdes [26]... . . 12 Figura 1.6 — Transmissdio das acgdes horizontais em edificios em altura. . 13 Figura 1.7 — Edificios industriais: A) Viga horizontal de apoio dos pilares de fachada e de fixagdo das madres (que por sua vez garantem 0 contraventamento dos banzos superiores das vigas); B) Contraventamento das vigas metilicas, C) Elementos de rigidificago dos pérticos de fachada; D) Viga horizontal de apoio dos pilares : . 14 Figura 1.8 — Quadro comparativo da importincia relativa da acgdo dos sismos e do vento [fonte]..... ‘ : eee : 3 15 Figura 1.9 — Capacidade de carga de sapatas: a) esquema; b) diagrama genérico carga assentamento [1 5]... . . . . 21 Figura 1.11 — Contraventamento em edificios altos [13] - 23 Figura 1.12 — Efeito P-A em edificios [20] - 25 Figura 1.13 — Efeito P-8 em edificios [20] 7 . . 25 Figura 1.14 —Hipétese de consideragaio da deformada para 0 céleulo do momento [13] ......26 Figura 1.15 ~Hipotese de consideragaio da deformada para 0 cdlculo do momento [5] .......26 Figura 1.16 — Efeitos de pé-direito duplo e fundagio elevada, por motivo da geomettia (comprimento) dos elementos [14] .... 7 7 i 27 Figura 1.17 — Efeitos de variagdo da rigidez da estrutura, por motive da geometria (inércia) das secgdes. : 7 : 7 : 28 1V Contraventamento de estruturas Figura 1.18 — Sitwagdes de energia potencial de um corpo [4] 28 Figura 1.19 — De portico deslocivel para indeslocével por introdugio de um contraventamento [4]... 7 : : 29 Figura 1.20 — De portico deslocivel para indeslocével por introdugio de um contraventamento [4]... 2 : 7 29 Figura 1.21 —Hipdtese de consideragao da deformada para 0 célculo do momento [13] ......30 Figura 1.22 —Hipdtese de consideragao da deformada para 0 célculo do momento [5] .......30 Figura 2.1 — Tipos de contraventamento: a) Parede cheia ou cega; b) Idem mas com pequenas aberturas; c) Idem mas com uma ou varias filas de abertura; d) Pérticos, e) Paredes associadas a porticos; f) Nicleo...... . z : 7 32 Figura 2.2 — Estrutura de pérticos rigidos (22)... : 7 34 Figura 2.2 — Estrutura em parede com pisos rigidos [7]... : 7 35 Figura 2.3 — Estrutura com parede de contraventamento ao corte [22] 7 36 Figura 2.4 — Deformagdes parede/portico [11] .... : 7 38 Figura 2.5 —Niicleo estrutural (normalmente caixa de escadas ou elevadores) [22]... 39 Figura 2.6 — Rigidez relativa da unidio viga padieira com 0 niicleo [15] 7 40 Figura 2.7 — Estrutura tubular [15]... : . . 40 Figura 2.8 — Estrutura tubular [22]... . . s 41 Figura 2.9 -Empenamento da sece3o do nicleo [15] 7 42 Figura 2.10 —Funcionamento diferenciado entre paredes unidas ou independentes [15].....43 Figura 2.11 —Contraventamento em “Cruz de St° André” [7] : z 44 Figura 2.12 — Tipo de contraventamento comuns [7] : : 44 Figura 2.13 — Contraventamento planos conjuntos com resultante espacial [7] ¢ [26] 45 V Contraventamento de estruturas Figura 2.14 — Travamento realizado pelo contraventamento [7] 46 Figura 2.15 — Contraventamento planos conjuntos com resultante espacial [4]........ 47 Figura 2.16 — Contraventamento em W (ou K), em Ye em X [26]... 7 47 Figura 2.17 — Composigao dos sistemas estruturais de edificagdes elevadas pelo subsistema horizontal e vertical [26] 7 : 7 : 48 Figura 2.18 — Composico dos porticos planos e paredes do niicleo na direcgio x [26].......49 Figura 2.19 — Composico dos porticos planos e paredes do miicleo na direcgio y [26].......49 Figura 2.20 — Estruturas de contraventamento para mega edificios altos: a) tubular peri ) tubular treligado + tubular central; c) tubular treligado + nicleo central [26]... 50 Figura 2.21 — Petronas Towers (modelo tubular circular) [26] e novo World Trade Centre... 51 Figura 2.22 —Diseretizagdo de uma face do edificio em superficies elementares...... 51 Figura 2.23 — Comparagdo de sistemas estruturais [3, adaptado do original], 7 52 Figura 2.24 — Deformabilidade por insuficiéncia do contraventamento 7 54 Figura 2.25 — Solugo de solidarizago e uniformidade de desdobramentos. 7 54 Figura 2.26 — Forma eficiente de dissipagdio de energia com barras em K aberto ou fechado 55 Figura 2.27 — Chapas laterais nos perfis dos pisos mais baixos, 7 55 Figura 2.28 — Esquema de contraventamento verti 1 para edificios baixos 7 56 Figura 2.29 — Esquema de funcionamento do contraventamento vertical para edificios baixos : zi e e : 56 Figura 2.30 — Esquema de pértico metilico contraventado com niicleo rigido......... 57 Figura 2.31 — Esquema de portico metilico contraventado de formas diversas... 57 Figura 2.32 — Esquema de pértico metilico contraventado de formas diversas... 58 VI Contraventamento de estruturas Figura 2.33 — Esquema de contraventamentos horizontais para edificios baixos...... 58 Figura 2.34 — Vigas de bordadura, que unem os porticos lateralmente, devem ter ligagdes rigidas. : 7 : : 59 Figura 2.35 — Contraventamentos de juntos as empenas (vento) e a meio da cobertura (variagdes térmicas)..... 2 i 2 59 Figura 2.36 — Contraventamentos dos pilares de empena efectuados com transmissio pelas madres : zi e : 59 Figura 2.37 - Deformagio transversal devida 4 variagdo térmica... : 60 Figura 2.38 ~ Desfazamento de madres, : 7 7 61 Figura 2.39 — Esquema correcto de introdugdo de contravantamento para as madres s6 terem tracgdes. é . : : 62 Figura 2.40 — Travamento complementar das madres de cobertura : 63 Figura 2.41 —Travamento para momentos negativos das travessas dos portico... 63 Figura 2.42 —Elementos estruturais de um edificio industrial, com contraventamento na zona superior da asna (compressdes por efeito das forgas graviticas: carga permanente © sobrecarga) . . 7 . 64 Figura 2.43 —Elementos estruturais de um edificio industrial, com contraventamento na zona inferior da asna (por efeito da acgdo horizontal do vento, quando provoca sucgio na cobertura) y 2 : 7 64 Figura 2.43 — Contraventamento lateral dos porticos por elementos metilicos........ 65 Figura 2.44 — Contraventamento lateral dos porticos por alvenaria..... 7 65 Figura 2.45 — Sistemas de contraventamento para revestimentos de fachadas......... 66 Figura 2.46 - Treliga espacial como sistema auto-contraventado de cobertura[4]...... 66 Figura 2.47 — Contraventamentos em sistemas de apoio espaciais [23] 7 66 Vil Contraventamento de estruturas Figura 3.1 — Assimetrias e irregularidades a evitar nos edi Figura 3.2 — Ensaios no tunel de vento. cence Vill ios. 68 70 Contraventamento de estruturas indice de Quadros Tabela I.1 —Relagdes de distribuigdo em planta entre rigidez e massa [18] 7 19 Tabela 2.1 - Consequéncias da regularidade estrutural na andlise ¢ dimensionamento sismico pT 7 : 7 : 7 : 69 1X Contraventamento de estruturas Introdugio 1. Generalidades Com o desenvolvimento das cidades ha uma tendéncia de localizagdo de grandes contingentes da populagdo junto dos centros urbanos, elevando o custo financeiro e provocando escassez dos terrenos disponiveis, torando os edificios altos numa caracteristica fisica dominante nas cidades modernas. O cilculo de estruturas de edificios ¢ os processos de verificagaio da sua seguranga tém softido um desenvolvimento importante ao longo dos anos, devido em grande parte a utilizagdio de ‘computadores como instrumentos de apoio. Esta evolugio tem gerado a procura intensa de novos métodos numéricos cada vez mais aperfeigoados ¢ capazes de analisar estruturas com um grau crescente de complexidade e com maior precisdo [24] Sendo fungdo prioritéria das estruturas suportar todas as solicitagdes a que a estrutura possa estar exposta, mantendo a sua forma espacial e integridade fisica, se faz necessirio o estudo dos possiveis arranjos estruturais que garantam a estrutura 0 desenvolvimento do papel a que se destina, © comportamento de qualquer estrutura ¢ influenciado por diversos factores, sendo os principais: + A forma (ou geometria), desde a global (tipo de pértico, de asnas, etc) & das secgdes (rectangulares cheias ou vazadas, circulastes cheias ou vazadas, em “I” em “H”, em C em “Z”, etc), passando pela dos elementos (vigas, pilares de secedo constante ou varivel, ete); + O niimero e tipo de ligagdes da estrutura (internas e externas ¢ se de continuidade, simplesmente apoiadas, semi-rigidas, ete = Osmateriais de fabri + As forgas, as aceleragdes e deformagdes impostas (no fundo, as accdes); = Osolo. Contraventamento de estruturas Portanto, © comportamento estrutural depende das caracteristicas dos materiais, das dimensdes da estrutura, das ligagdes entre os diferentes elementos, das condigbes do terreno, etc. © comportamento real de uma construgdo é normalmente tio complexo que obriga a que seja representado através de um “esquema estrutural” simplificado, ou seja, através de uma idealizagiio da construg&io que mostre, com o grau de preciso adequado, como & que esta resiste as diversas acgdes. O esquema estrutural ilustra 0 modo como a construgdo transforma acgdes em tensdes e como garante a estabilidade. Uma construgio pode ser representada através de diferentes esquemas, com diferente complexidade e diferentes graus de aproximagao a realidade [21] (O papel do engenheiro de estruturas, frente a essa perspectiva, é elaborar projectos seguros & que resultem em edificios com custos de construgdio e manutengao relativamente baixos. Para tal finalidade & necessirio a utilizagiio de procedimentos e técnicas de céleulo que permitam uma boa aproximago ao comportamento real da estrufura, Como veremos, sendo as estrufuras de contraventamento substruturas que visam assegurar a absorgiio de alguns tipos de forcas e/ou diminuir deslocamentos de grandeza significativa da estrutura principal, constituem uma tarefa de grande interesse para a engenharia estrutural. Razao de ser dos contrayentamentos presente trabalho tem como finalidades principais estudar os diversos subsistemas de contraventamento de edificios, pretendendo-se estudar os principais sistemas estruturais utilizveis em edificios contraventados e avaliar as suas possibilidades e limitagdes, elegendo recomendavel a cada um dos fundamentais casos tipo. Proceder-se-a a aniilise dos diversos sistemas estruturais sob o ponto de vista da resisténcia a yes horizontais, Duas definigdes baisicas devem ser consideradas: + Aestrutura de um edifi é um sistema tridimensional, formado pela ass: iagdio de elementos estruturais lineares ¢ laminares, dispostos, em geral, em planos horizontais & em planos verticais; + © contraventamento ¢ uma estrutura auxiliar organizada para resistir a soli extempordneas que podem surgir nos edificios. A sua principal fingo & aumentar a Contraventamento de estruturas rigidez da construgio, permitindo-a resistir as acgdes horizontais, sendo os grandes ios altos [24] responsiveis pela seguranga das estruturas tri Contudo, mesmo em. edificios de baixo porte estes sistemas podem ser ainda mais importantes, como em naves, em que uma grande rea é apenas coberta por uma estrutura bastante esbelta, dado o reduzido valor das cargas permanentes. Resumidamente, poderemos afirmar que os contraventamentos tém sua razdo de ser: Na necessidade de limitar os deslocamentos das estruturas, quer por restringir ou inibir 0 aparecimento de efeitos de 2" ordem, quer por verificagao de Estados Limites de Utilizagao, * Na necessidade de absorver forgas excepcionais (sismo e vento) para as quais a estruturas principal ndo esti habilitada, ou outras forgas secundirias cuja natureza ¢ indirecta (como o travamento lateral de pescas comprimidas), Portanto, a fungo dos contraventamentos tem pertinéncia quer em termos da mobilidade da estrutura como da sua resisténeia, 3. Organizacio do texto trabalho é constituido por trés capitulos, a presente e uma breve conclusio, A estrutura utilizada, bem como o nivel de desenvolvimento dado a cada assunto, procuram contribuir para tornar este trabalho uma referéncia itil e atractiva para futuros interessados pela rea abordada. ia As acgdes © aos materiais intervenientes nas estruturas No primeiro capitulo faz refer numa forma generalizada, abordam-se as acgdes horizontais (directas e indirectas) e verticais, mencionando a sua natureza e o modo de interferéncia com as estruturas. lo de: No segundo cay revem-se os tipos de contraventamentos: planos, nio planos e de edifi 's altos (torres), abordando-se os mais utilizados. No terceiro capitulo realiza-se uma breve sistematizagio do modo de andlise dos sistemas de contraventamento, bem como se referem alguns métodos construtivos aos quais os edificios devem obedecer, de forma a existir uma melhor distribuigdo dos esforgos pela estrutura. Contraventamento de estruturas Conforme se tomou claro no sumirio, nio tém este estudo qualquer outro objective que ndo 0 meramente qualitativo, dado nfo ser seu propdsito a quantificagtio numérica do tema, seja na vertente das solicitagdes, como dos esforgos ou dimensionamento estrutural Contraventamento de estruturas 1. As acgdes A primeira preocupagdo do Engenheiro que vai projectar um edificio é a escolha de uma solugdo estrutural adequada, que consiga conciliar a resolugdo dos problemas arquitectonicos e funcionais com a necessidade de garantir resist@ncia & estrutura actuada pelas acgdes a que 4 estar sujeita [24] As “acgdes” sio definidas como qualquer agente (forgas, deformagdes, etc.) que produza tensdes ¢ deformagdes na estnatura € qualquer fendmeno (quimico, bioligico, etc.) que afecte normalmente reduzindo a sua resisténcia. As acgdes ori inais, que ocorrem desde o inicio da construgdo até & sua conclusdo (por exemplo, 0 peso proprio), podem ser modificadas durante a sua vida e ¢ frequente que estas mudangas produzam danos ¢ degradagdes, As accées tém naturezas diversas, com efeitos muito diferentes na estrutura e nos materiais. Frequentemente, a estrutura € afectada por virias acgdes (ou modificagdes das acgdes originais), as quais devem ser claramente identificadas antes de se decidirem as medidas de reparagdo, As acgdes podem ser classi das em accdes mecanicas, que afectam a estrutura, e acgdes quimicas e biologicas, que afectam os materiais. As acgdes mecénicas sio estiticas ou dindmicas, sendo as primeiras directas ou indirectas [21]. No caso de contraventamento de edificios, 0 caso que nos interessa em especial, os contraventamentos so sobretudo pensados tendo em conta as acgéves horizontais, como 0 vento & os sismos. Estas servem de travamento aos deslocamentos da estrutura principal, mas também absorvem esforgos induzidos por estas acgdes, Na figura 1.1 encontra-se esquematizadas as aegdes genéricas que podem solicitar uma estrutura, sendo de salientar, para o efeito deste estudo, as de cardcter dindmico, como 0 vento eo sismo. Na verdade tratam-se acgdes de sentido horizontal, predominantemente, em termos de do seu significado condicionante de dimensionamento da estrutura, em oposigdo as forgas -as tradicionais, como 0 peso proprio e a sobrecarga. Contraventamento de estruturas Assis ‘Acybes Mecinicas ‘Acsbs Fea ‘Asgdes Quimics(actuam ‘Acsbes Biologics (cet sb a ests) ‘ote os tei) {astuan sobre os (octuan sobre 05 a) ‘Acsbes Dindmieas (acolragdes insta) Acgdes Drea (cng apical) ‘Aces gravitieas AcgéesIndinecns (exelbagbes inposts) ‘Assenemento dos Apoios tet de2“ Ondom Figura 1.1 — Classificagio dos diferentes tipos de acces em estruturas e seus materiais. Contraventamento de estruturas Basicamente o sismo relaciona-se com a massa e o vento com a superficie e a geometria, sendo 0 primeiro importante em estruturas com pavimentos em altura ¢ 0 segundo em edifi ios leves, de piso tinico e cobertura, do tipo industrial ou de armazenamento (grandes superficies comerciais térreas também caiem neste Ambito) 1.2. Acgies verticais A primeira finalidade dos edifi is, sendo este factor ios & a sua resisténcia As acgBes verti que condiciona a escolha ini jal de um sistema estrutural. A localizagio e distribuigdo em planta dos pilares e paredes corresponde ao inicio da organizagio estrutural consequentemente 4 escolha de um outro sistema [24]. Na verdade, uma forma de conceber edificios de varios pisos & inicialmente criar a matha de pilares que absorvem as acces verticais, € depois introduzir-lhe as paredes (ou outros elementos ou sistemas de contraventamento) para fazer face as acgdes horizontais. As act es verticais so, fundamentalmente, a carga permanente (peso proprio dos elementos estruturais, das al venarias, dos revestimentos, etc.) e a sobrecarga (carga distribuida por metro quadrado nos andares, devido as pessoas, moveis e divisorias, desde que ndo incluida nas permanentes, etc). ‘As acces verticais sio suportadas pelas lajes que as transmitem as vigas, que podem trabalhar em conjunto com as lajes, no caso de vigas mistas (vigas de ago estrutural, perfis metalicos, ¢ laje de betio armado). As vigas podem transmitir as accSes para outras vigas nas quais se apoiam, ou directamente para as colunas (situagio mais recomendavel). As colunas transmitem as acces verticais directamente para as fundagdes [22]. Contudo, também & comum 0 caso lajes que desearregam directamente nos pilares efeito das cargas verticais sobre os edificios é, geralmente, estimado de uma maneira simples, considerando as superficies de influéncia dos pisos. Os resultados, assim obtidos, si0 suficientemente préximos da realidade e apenas para estruturas de excepcional importanc: se justifica ter em conta um célculo rigoroso. Os sistemas de contraventamentos werticais podem ser obtidos através de varios tipos de modelos, como, por exemplo [9]: * Os sistemas em pérticos planos ou tridimensionai Contraventamento de estruturas * Os sistemas em pérticos treli cados; + Paingis tipo parede (toda a estrutura em paredes resistentes) e portico-parede; © Os sistemas com niicleos 1 jidos em beto armado ou em ago € os pilares isolados; © Os sistemas tubulares. Esta classi Jo nao é estanque € pode variar com 0 autor. As lajes e as vigas integram este grupo sendo denominadas de elementos horizontais de contraventamento [15] —! Portico Plano Portico Espacial ‘Nitcleo resistente an TEE Portico-Parede Pilares em laje em fungiforme _Trelica inter pavimentos Figura 1.2 Alguns subsistemas verticais [15] Os sistemas estruturais resistentes as aogdes verticals podem-se subdividir em. sistemas horizontais, correspondentes aos pisos, e sistemas verticais, correspondentes aos pilares e paredes, que fazem a transmissdio de cargas entre pisos ou para o solo. Os sistemas estruturais, verticais serio descritos quando nos referimos a resisténcia de acgdes horizontais [24]. Estabilidade © clculo ¢ dimensionamento de estruturas, ¢ no caso particular de estruturas porticadas, tende a ser condicionado pelos fendmenos de instabilidade global, ao nivel do elemento pilar, ‘ou mesmo da secgao local. Sendo tal verdade para qualquer material, torna-se mais premente 8 Contraventamento de estruturas no caso de estruturas metilicas. Contudo, a avaliagdo do comportamento de um pértico, em termos de estabilidade global, é substancialmente diferente caso se trate de um pértico com deslocamentos laterais ou de um pértico sem deslocamentos laterais, ou seja: a mobilidade de uma estrutura é condicionante na veri icagdo da sua estabilidade. A maior ou menor mobilidade depende do carregamento aplicado numa estrutura Ihe gerar deslocamentos laterais significativos, sendo 0 conceito de significative 0 aparecimento de efeitos de segunda ordem nao negligencidveis, ‘Num pértico sem deslocamentos laterais, ao que se convencionou designar por portico de nds fixos, a verificago da seguranga em termos de estabilidade (excepto na situagdo de fenomenos de instabilidade local), passa por verificar a encurvadura por flexio das barras ‘comprimidas (normalmente os pilares) no plano do pértico, no plano perpendicular e ainda a ‘encurvadura lateral em barras submetidas a esforgos de flexdo (vulgarmente as vigas). Contudo, a veri \¢do da seguranga dos elementos depende, essencialmente, de uma correcta definigao dos comprimentos de encurvadura no caso de elementos 4 compressio e dos ‘comprimentos entre secgdes contraventadas lateralmente, no caso de elementos submetidos a flexi. ‘Num port co com deslocamentos laterais, designado vulgarmente por portico de nés miveis, a0 contririo da nogdo anterior, em que a preocupago se situa exclusivamente ao nivel das pegas individualmente, depende incondicionalmente da estabilidade global para se apreciar a sua seguranga estrutural, De facto, para as estruturas de nds méveis 0 modo de encurvadura fundamental corresponde a um modo de instabilidade global da estrutura enquanto que para as estruturas de nds fixos, sendo despreziveis os efeitos dos deslocamentos relativos de andar, ‘0s modos de encurvadura relevantes correspondem a modos de instabilidade local dos pilares da estrutura, pelo que serdo distintas as metodologias a adoptar num € noutro caso [3] Neste caso, a avaliagdo da carga critica global do pértico, ou eventualmente do parimetro de carga (J..) no caso de carregamentos proporcionais, é a base para a verificagao da estabilidade global da estrutura, Para tal, existem varios métodos para a sua determinago, com maior ou menor exactidio. Dos modelos simplificados refira-se 0 Método de Horne que, apesar de ser somente aplicavel a porticos regulares e ortogonais ndo contraventados, ¢ 0 mais utilizado nos porticos correntes [12] Contraventamento de estruturas Na figura 1.3 & exposto o tipo encurvadura que pode suceder no caso de estnuturas de nds moveis e de nds fixos, sendo nitido que no pri iro caso a instabi lade pode ser gerada por movimento global lateral da estrutura, enquanto no segundo sio os elementos que sofrem fenomenos de encurvadura sem que a estrutura o sofra gl obalmente. Sem contraventamento 0 modo critico de instabilidade, ao qual corresponde 0 valor critico do pardmetro de carga 2.,, envolve sempre deslocamentos laterais. Com deslocamentos laterais (nds méveis) Sem deslocamentos laterais (nds fixos) foo ne oY [ pe 2 Por < Por < cr Tipos de modos de instabilida de de pérticos [12] Figura 1.4 — Efeito comparativo do contraventamento de pérticos no valor carga critica (12) Na figura 1.4 pode-se apreciar que a carga critica, P.,, fungdo do pardmetro de carga ci Jen através da relagio: Por = Preat * Der Em que Presi & a carga efectivamente aplicada ma estrutura, cresce em fungdo do melhor contraventamento global da estrutura. Contraventamento de estruturas ‘Como se percebe, o valor desta carga ct ica depende da carga real aplicada na estrutura, ou seja: cada carregamento diverso determina uma carga critica diferente e, logo, um pardimetro de carga critica também diverso. Mais, quanto 4 sua mobilidade uma estrutura pode ser classificada de nds fixos para uma situagdo de carga e de nds méveis para outra situagiio de carga diferente, ou seja: a incidéncia de deslocamentos significativos numa estrutura depende das accdes a que esti sujeita 1.3, Acgdes horizontais A consideragio de acces horizontais (directas e indirectas) no dimensionamento de edificios reveste-se de grande importincia, na medida em que obriga a dotar a estrutura de elementos resistentes em todas as suas direcges. Alias, tem-se verificado que a uma boa parte das estruturas que tém sofrido acidentes nao tém uma adequada capacidade resistente as acgBes horizontais, tendo sido exclusivamente dimensionados para as acgdes verticais. Como o efeeito das a s horizontais & extremamente varidvel ¢ aumenta rapidamente com o acréscimo da altura, grande parte das estruturas esbeltas tendem a apresentar deslocamentos que comprometam a estabilidade global da estrutura. A concep ¢do de estruturas mais esbeltas tem Ievado a solugdes nas quais as soli itagdes causadas pelas acgdes horizontais assumem proporgdes cada vez mais signifi itivas, tomando a consideragio destes efeitos no seu dimensionamento imprescindivel Assim, a construgio de edificios com bom comportamento as acgdes horizontais implica que Br es a que vio estar sujeitos sejam convenientemente caracterizadas; * A concepedo da sua estrutura seja a adequada; * A determinagao dos seus ef s seja feita através de métodos apropriados; * Se proceda a um dimensionamento correcto, acompanhado de aspectos construtivos convenientes; © Finalmente, uma execugio cuidada. Os sistemas resistentes a aegdes horizontais sio, no caso de edificios elevados e em geral, dimensionados segundo jos de rigidez. O sistema deve impedir as deformagdes e as aceleragdes excessivas sob acedes de natureza dindmica. Limita-se, por norma, a flecha Contraventamento de estruturas horizontal no topo do edificio a um valor compreendido entre 1/300 a 1/S00 da sua altura, de forma a evitar a fendilhagio de paredes ¢ vibragdes desagradiveis pam os ocupantes. O projectista poderd fixar walores limites para a deformagdo, atendendo ao grau de simplificagao, do modelo de cilculo, Tanto para edificios de cobertura (piso térreo) quanto para edificios de miltiplos andares, essa rigidez é obtida através de, no minimo, trés planos verticais nao simultaneamente paralelos (ou dois ortogonais), onde asseguram a estabilidade sob influéncia das acgdes horizontais: essencialmente as aces do vento e sismicas. As acgdes horizontais que solicitam o sistema de contraventamento so aplicadas ao nivel das, lajes, em edificios em altura, ou na cobertura ¢ transversalmente aos pérticos, em estruturas de cobertura (tipo nave ou hangar). A pressio do vento, por exemplo, exerce-se contra as fachadas que se apoiam lateralmente contra as lajes (figura 1.2) Figura 1.5 ~ Efelto do venta nas edificagies [26] Da mesma forma, para as acgdes sismicas, as massas que geram as forgas dindmicas estio essencialmente concentradas 20 nivel das lajes de piso. Estas forgas horizontais sto transmitidas aos elementos de contraventamento pelas lajes, trabalhando como vigas paredes ‘ou membranas horizontais, em cada nivel (figura 1.3). O sistema de contraventamento dos edificios baseia-se no funcionamento conjunto de nicleos em betdo amado (caixa de elevadores e/ou caixa de escadas) que sio responsiveis pela resisténcia do edificio ds acgdes horizontais [19]. Poderemos dizer que os pilares seriam concebidos para resistir as forcas verticais © estes niicleos és horizontais, se bem que estes iiltimos tém a dupla competéncia. Um niicleo é um conjunto de varias paredes, pelo que as proprias paredes isoladas so, também e por si sd, elementos de contraventamento segundo 0 plano em que se desenvolvem. 12 Contraventamento de estruturas Nos corpos onde no existem niicleos ou paredes rigidas 0 contraventamento terd que ser realizado pelos proprios pilares, sendo certo que o uso de vigas de grande altura (elevada rigidez) methora também a rigidez global lateral, diminu do os deslocamento. Assim, teremos porticos mais rigidos que funcionam como elementos resistentes is acgdes horizontais, embora com bastante menor eftito de travamento que paredes e niicleos. Na verdade, as paredes e os nt is encastradas eos resistentes trabalham quase como se de consolas verti nas fundagdes se tratasse, 0 que para os pilares ndo se verifica, pois que os elementos horizontais (vigas ¢ lajes) restringem fortemente a sua liberdade de rotagio nos nds em que ‘com estas se cruzam, Pareds, | Fundoate Figura 1.6 — Transmissio das acgdes horizontais em edificlos em altura Os elementos de contraventamento, nomeadamente as paredes e os micleos, sio igualmente solicitados por esforgos normais de compressio devidos, por um lado, a0 seu peso proprio e, por outro, 4 sua participagdo na tomada das cargas verticais dos pisos. Estes esforgos de compressio podem ter um eftito favorvel sobre 0 comportamento destes elementos, designadamente na reducGo da armadura longitudinal e no incremento de resisténcia a0 esforgo transverso. Contudo, serio sempre nocivos no que trata a estabilidade geométrica destas pegas, uma vez que a compressio é na essénci |, sede e fonte de instabilidade (a encurvadura é um fendmeno proprio de colunas comprimidas, nio de tirantes traccionados). B Contraventamento de estruturas Figura 1.7 — Edificios industriais: A) Viga horizontal de apoio dos pilares de fachada e de fixaglo das madres (que por sua vez garantem o contraventamento dos banzos superiores das vigas tilieas; C) Elementos de rigidificagio dos pérticos de fachada; D) Viga B) Contraventa rato das vigas n horizontal de apoto dos pilares. Nas edificagdes com elevada altura, além da concepgo estrutural dos pisos, responsiveis por colectar os carregamentos das acgdes graviticas, tém importincia a concepgdo de conjuntos estruturais que confiram estabilidade as construgdes. O subsistema que confere estabilidade as ‘tema de contraventamento”. construgdes ¢ denominado A concepgio arquitecténica de edificios altos deve contemplar solugdes prévias para 0 adequado langamento do subsistema de contraventamento, no que diz respeito a0 posicionamento dos elementos verticais, continuidade estrutural — seja pela formagao de porticos ou pelo uso de laje como diafragma rigido, e composigdo estética, pela definigio ou no dos componentes estraturais como participantes na arquitectura. Os pilares, a medida que se aumenta a altura das edificagdes, ganham seco pelo esforgo normal de carregamentos de gravidade © também pelo papel desempenhado na estabilidade a carregamentos do vento, factor relevante na concepeio arquite ctonica das edificagdes elevadas. O prévio conhecimento da importincia do sistema de contraventamento, ¢ das compatibilidades referidas ja referidas, Contraventamento de estruturas permite grande compatibilidade, entdo, entre o projecto arquitecténico e o projecto estrutural [10}, Corte Bosal 0 Pace We Bese Lege “ uw 1 | 7] 1 = pvgoakoie Tt 7 | > 4 2 = Rugosdade Toll i i a ‘B= Zora B CWento) ‘ ‘ 3 soe i “ u ‘ sence 3 sasros ‘ ‘ Figura 1.8 — Quadro comparativo da importiineia relativa da acgio dos sismos ¢ do vente [Fonte] Com 0 objectivo de se analisar a importincia relativa da acgdo do vento e dos sismos com a altura do edificio, um estudo procedeu a analise de um edificio, de planta regular e estratura em pértico, em que se fez variar a sua altura, Contraventamento de estruturas Considerou-se na anilise os trés tipos de terreno, de que depende a aco sismica, a rugosidade tipo Te IT e a zona Ae B, de que depende a acco do vento. Para a elaboragio dos dois grificos, que se representam na figura 1.8, elegeu-se como partimetro de comparagdo 0 corte basal e admitiram-se os dois casos de ductilidade das estruturas de betiio armado, normal e melhorada. Aandlise dos quadros permite concluir que 0 vento ganha maior importincia quando aumenta aaltura do edi io, verificando-se que, para a zona D, nos edificios com duetilidade normal a acgio sismica & sempre condicionante para edificios com menos de 8 andares, enquanto que com a ductilidade methorada a acgdo do vento é condicionante em muitos casos. A partir da zona C verifica-se que 0 sismo é praticamente sempre condicionante. Deve-se, no entanto, chamar a ateng’o que uma andlise deste tipo depende muito do tipo de estrutura, bem como de que o efeito final nesta depende da combinagdo em que estas duas acgdes estio incluidas. Por exemplo, é de salientar que a acgdo do vento entra com um valor reduzido de combinagio nao nulo (em geral) quando a acgdo de base ¢ outra acgio, enquanto © valor reduzido de combinagaio da aceao dos sismos ¢ nulo [3] 1.3.1. Vento Independentemente do regulamento em causa, a acco do vento poder ser caracterizada pelo regime de ventos locais, que pode ser concretizado com valores de velocidades médias, e pela ‘geometria da construgiio, que ndo depende de outro parimetro que ndo as propriedades aerodinimicas do obstéculo. Em geral, a a do vento toma maxima importincia nos projectos de edificios altos, O desenvolvimento de novas formas estruturais e arquitectonicas, a utilizagdo de materiais de alta resisténcia e baixo atrito, a formulago de novos métodos de célculo € uma quantificagio mais exacta deste tipo de acedes pode conduzir 4 diminuigdo dos seus efeitos [1]. A determinagdio da acgdo do vento nas estruturas pode ser efectuada por métodos analiticos ou experimentais. Resulta da interacco entre 0 ar em movimento ¢ as construgdes, exercendo-se sob a forma de pressdes aplicadas nas superficies [2] Nos casos em que existe compartimentagdo interior, apenas se consideram presses exteriores ndo levantando, em geral, qualquer dificuldade a sua definigdo. A acco na cobertura & desprezivel nos edificios de betio armado, independentemente da sua altura, por regra, dada a 16 Contraventamento de estruturas resultante vertical ser inexpressiva para a estnitura e a horizontal ter um grandeza baixa (dada 1 anulago do efeito de barlavento com o de sotavento, em coberturas de duas gua). a parci A acgio do vento, traduzindo-se numa pressio sobre as paredes, & transmitida aos pilares € vigas. O seu efeito na estrutura pode ser considerado como forgas concentradas a0 nivel dos andares, correspondentes as respectivas areas de influéncia [3] 13.2. Sismo Os movimentos tect6ni cos da crosta terrestre originam deformagdes € tensdes no seu interior, as quais podem vir a originar uma rotura siibita com a correspondente libertagdo de energia Parte desta energia origina vibragdes que se propagam sob a forma de ondas de diversos tipos, através da crosta terrestre. As ondas que chegam a superficie provocam 0 movimento das fundagdes das estruturas originando nestas fendmenos vibratorios, os quais sé podem ser conyenientemente estudados através de métodos de anilise dindmica [25]. A consideragio das acgSes sismicas deve reflectir-se na concepgio das estruturas, através de medidas especi is tendentes a melhorar 0 seu comportamento em face deste tipo de acedes. Assim, tanto que possivel e entre outras recomendagdes, deve procurar-se que [1]: © As caracteristicas de resisté ia e rigidez das estruturas sejam ponderadas de tal modo que, por um lado, minimizem as acgdes sismicas e, por outro, limitem a ocorréncia de grandes deslocamentos (de referir: a simplicidade estrutural, uniformidade e simetri adequada); acgio de diafragma ao nivel dos pisos, fundagio * As estruturas tenham os seus elementos (vigas, lajes, _pilares) convenientemente interligados em todas as direcgdes, de modo a assegurar um ef nte funcionamento de conjunto, assegurando resisténcia © rigidez bi- direccional ¢ & torgdo; * A disposigdo dos elementos da estrutura apresente simetria, 0 mesmo se recomendado relativamente ao conjunto das massas da construgio: © As variagdes de rigidez © de massas (peso paredes, revestimentos, peso proprio, lajes, etc.), principalmente em altura, no apresentem grandes descontinuidades; 17 Contraventamento de estruturas As estruturas tenham possibilidade de dissipar energia por deformagio nio elistica, o que requer adequadas caracteristicas de ductilidade dos seus elementos. A acgio dos sismos resulta de um conjunto de vibrages do solo que sio transmitidas is estruturas durante a ocoméncia de um sismo, protagonizada por ondas sismicas relacionadas com libertagdo de energia num ponto ou zona da crusta terrestre. Estes movimentos esto caracterizados como deslocamentos, velocidades & aceleragdes com diferentes direogSes, magnitude, durago e sequéncia, A resposta da estrutura aos movimentos esti influenciada pelas propriedades da mesma, o terreno em que se insere a estrutura e 0 cardcter do movimento de excitagdo [1 1] Dada a grande massa que as construgdes tém, nomeadamente ao nivel dos pisos, geram-se forcas de inércia cuja resposta no é simultnea com essa aceleragio, nem tao pouco idéntica a0 nivel dos diversos pavimentos. Daqui resulta um desfasamento, mais ou menos acentuado, ‘entre as massas em causa, gerando-se deslocamentos diferenciais entre pisos. Esses deslocamentos produzem forcas importantes que terio de ser suportadas pelos elementos estruturais, sobretudo, ¢ designadamente, os verticais. Por sua vez estes tiltimos esto monoliticamente ligados as restantes pegas horizontais, transmitindo-hes esforgos, obrigando-os também a contribuir na absorgdo e dissipag do destes efeitos [18] Na determinago dos efeitos da acgio sismica sobre as estruturas é necessério, em princi considerar a variabilidade da sua duragio e do seu conteitdo em frequéncias, que dependem, para uma mesma intensidade da acco sismica, dos valores de magnitude e da distancia focal E suficiente, no entanto, verificar a seguranga das estruturas em relagdo a duas acgdes sismicas que representem um sismo de magnitude moderada a pequena distiincia focal (acgdo sismica tipo!) © um sismo de maior magnitude a uma maior distancia focal (acgdo sismi tipo2) 2] A.acgio dos sismos produz tantos maiores esforgos na estrutura quanto maior for a sua massa Também 4 maior a perda de energia sismica corresponde menor intensidade dos efeitos no edificio, através, por exemplo, do recurso a amortecedores nas fundagdes, ou methoramento da ductilidade da propria estrutura. 18 Contraventamento de estruturas Também ¢ recomendivel um eficaz equilibrio entre a disposigo da massa e da rigidez no cdificio, quer em planta (Tabela 1.1) quer em altura. ‘Tabela 1.1 ~ Relagdes de distribuicio em planta entre rigidez.e massa [18] M + Forma da planta R totalmente simétrica R + Moduto torgiio adequado ‘+ Sem excentricidade © Forma totalmente + Alto médulo de torgao © Sem excentricidade # Alto niédato de torga0 [M.-centro de massa: R - centro de rigider 19 Contraventamento de estruturas 1.4, Acgbes indirectas Consistem em deformagdes impostas & estrutura, tais como: © Assentamentos do terreno; Efeitos geométricos de 2.* ordem; Ou produzidos nos materiais, tais como movimentos térmicos, fluénci retrac . que podem variar continuamente ou ciclicamente, produzem esforgos apenas se as deformagies forem impedidas de se desenvolver. ‘A mais importante ¢ ffequentemente mais perigosa de todas as acgdes indirectas sio os assentamentos do terreno (provocados por mudangas no nivel fredtico, escavagdes, sismos, etc.) os quais podem criar grandes movimentos, fendilhacio, rotagdes de corpo rigido, etc. Virias acgdes indirectas possuem cardcter ciclico, tais como variagdes de temperatura © alguns movimentos do terreno devidos a variagdo sazonal do nivel fredtico. Os seus efeitos sio habitualmente ciclicos, mas & possivel que produzam deformagies ou degradagdes continuadas, uma vez que cada ci iclo produz alterages pequenas mas permanentes na estrutura. O gradiente de temperatura entre a superficie exterior € o interior da constmugdo pode causar variagdes de deformagdes no material e, desse modo, tensdes € micro-fendas que aceleram as degradagdes. As acgdes indirectas também podem resultar da redugdo progressiva da rigidez dos elementos de uma estrutura hiperestética (enfraquecimento, processos de degradagio, etc.), originando uma redistribuigao de tensdes [21]. 1.4.1, Assentamento dos apoios Considere-se a fundagdo superficial ou sapata, representada na figura 1.9 a), assente sobre a superfici de um macigo terroso submetida a uma carga vertical crescente. A figura 1.9 b) mostra 0 aspecto tipico do diagrama carga vertical-assentamento. A parte inicial, aproximadamente linear e de pequeno declive, representa a deformagdio do macigo em regime essencialmente elistico. A parte fortemente inclinada corresponde & rotura por corte do solo. Entre as duas aparece uma zona de transi¢io onde se produem roturas localizadas e 20 Contraventamento de estruturas deslizamentos limitados. A interse a, Qui io das tangentes aos dois ramos da curva determina a carga de rotura te A capacidade de carga da fundagio ¢ a razio da carga de rotura pela area da base respectiva: Sendo B a largura e L 0 comprimento da sapata. Q ate ®) s b> Figura 1.9 ~ Capacidade de carga de sapatas: a) esquem ento [15]. b) diagrama genérico carga-assent: 1.4.2. Efeitos de 2." ordem A classificagio da estrutura de um edificio quanto ao seu grau de mobilidade, estrutura de nds fixos ou estrutura de nds méveis, é fundamental na sua andlise em relagao a encurvadura. Esta classificagdio possibilita a adopgdo de critérios simph icados na quantificagdo dos efeitos de 2." ordem, Segundo o REBAP (Regulamento de Estruturas de Bettio Armado e Pré-esforgo [1]), no seu artigo 58°, estruturas de nds fixos como sendo estruturas que, sob 0 efeito dos valores de cilculo das acgdes actuantes, sofram deslocamentos horizontais de valor despreziivel. Caso contririo as estruturas devem ser consideradas como de nés méveis. Nesta apreciagio entende-se que o valor dos deslocamentos horizontais & desprezivel quando 0 forem os efeitos secundirios a eles devidos [1] A caracterizagdo de uma estrutura como sendo de nés fixos ou de nds mdveis é extremamente complexa, porquanto depende do estabelecimento da sua deformada na situagdo de instabilidade, que possibilite a quantificagio dos efeitos de 2.* ondem. De facto, seria 2 Contraventamento de estruturas necesséria uma andlise da estrutura tendo em consideragio a no linearidade geométrica (efeitos de 2.* ordem) e as nio linearidades fisicas do material [3] ‘As acgdes horizontais geram deslocamentos horizontais, estes, quando associados as acgdes verti is, vo gerar os efeitos de 2" ordem global. Quando 0 aumento nos esforgos decorrentes dos efeitos de 2" ordem global for inf desprezados [13] a 10%, esses efeitos podem ser Para a determinagao dos esforgos de 2.* ordem das estruturas de contraventamento € preci considerar © fincionamento bisico das mesmas, ilustrado pela figura 1.10. ; a a ar rei i / / al) fon fy a . : ; ve Bettie BSinentnde RS Figura 1.10 - Funcionamento bisico das estruturas de contraventamento [13] Neste exemplo, © equilibrio do pilar P2, que € contraventado pelo pilar Pl, fornece a condigio: O momento de 2.* ordem na base do pilar de contraventamento PI vale, entio: M 5 Xa +H L=F, xa Fxpek= Fl + F2)xa Deste modo, o célculo do momento de 2." ordem necessério ao dimensionamento da estrutura de contraventamento pode ser feito como se todas as cangas verticais fossem aplicadas 4 propria estrutura de contraventamento. De salientar, que esta hipotese s6 & valida para 0 2 Contraventamento de estruturas cAleulo dos momentos de 2 ordem. Para o cileulo dos efeitos de 1." ordem as forgas devem ser aplicadas nas suas posi es verdadeiras. Note-se, também, que as flechas sio consideradas na determinagdo dos esforgos solicitantes da estrutura de contraventamento, embora esas mesmas flechas sejam admitidas como desprezive para a deteminagio dos esforgos dos pilares contraventados Em edifi jos altos o esquema bisico de funcionamento das estruturas de contraventamento & repetido em todos os andares da construgio, conforme figura 1.11 Fin Fen re, boy - a Fein FlintFein kK ree Fiera 4 Fa. FLLF2,L PL Por de Por Efeito Global pora Contraventanento —Contraventada © cAlculo de He Figura 1.11 - Contravent ento em edificios altos [13] Neste exemplo, os pilares ¢ as paredes de contraventamento sio tratados como pegas isoladas submetidas a forgas normais varidveis ao longo do seu comprimento. Nas estruturas deslociveis, em lugar da excentricidade acidental das cargas, pode-se considerar uma inclinagio acidental dos pilares. O efeito de 2°, ordem geométrica em edificios altos, com estrutura em betio armado, pode levar a danos de diversas gravidades: desde a fissuragdo das alvenarias, num primeiro momento, até a fissuragéio das pegas estrutur: podendo induzir o sistema ao colapso global Nas estruturas de ago também as alvenarias ¢ caixilhos podem soffer alteragdes, as pegas estruturais softerem danos irreversiveis e o prédio ser levado & ruina [10] 2B Contraventamento de estruturas Efeitos de 2." ordem “P-A* e “p-5” © uso da anilise estitica eldstica e linear (primeira ordem) para determinar esforgos de projecto como resultado de cargas agindo numa estrutura é comum, A andlise de 1 (primeira) ordem supde comportamento de pequenos deslocamentos e deformagoes [20]: + As forgas resultantes € momentos ndo tomam em nenhuma conta 0 efeito adicional devido deformagio da estrutura sob carga. se de 2." (segunda) ordem combina dois efeitos a alcangar numa solugdo [20]: + Teoria de grandes deslocamentos - as forcas resultantes e momentos tomam em plena conta os efeitos devido a forma deformada, tanto da estrutura como dos seus membros; + Os efeitos das tensdes elisticas sdo tido em conta, sobretudo provocados pelas cargas de axiais, na forma de “endurecimento” em tracedo (aumento de rigidez) e “amolecimento” em compressao (redugdo de rigidez), Como as estruturas se tomam cada vez mais esbeltas, logo menos resistentes deformag: necessidade cor designados de P-A. lerar os efeitos de 2.” orem aumenta, para ser mais especifico, os efeitos ‘O que sao os efeitos de P-A (P-Delta)? s efeitos P-Delta so um fensmeno ndo-linear (segunda ordem) que ocorre em cada estrutura ‘onde existem elementos que esto sujeito a carga de axial de compressdo. E um "efeito" genutino que é associado com a magnitude da carga axial aplicada (P) ¢ um deslocamento (delta), ver figura 1.12. A magnitude do efeito de P-Delta é relacionada com: © A magnitude de P (carga de axial); * A rigidez/flexibilidade/deformabilidade da estrutura como um todo; * A rigidez/flexibilidade/deformabilidade dos elementos individuais. Pode-se controlar a deformabilidade e a magnitude do efeito de P-Delta, sendo frequentemente "administrado" de tal modo que pode ser considerado insignificante e, entio, 24 Contraventamento de estruturas "ignorado" em projecto. Por exemplo, no nivel de estrutura pelo uso de elementos de contraventamento mais robustos ¢ a0 nivel de elemento por aumentar tamanho da sua secgo. Figura 1.12 Efeito PA em edificos [20] Pode-se entender o efeito P-Delta como o resultado de carga axial (P) exeéntrica, do topo em relacdo a base, por imperfeigées da estrutwra ¢ deslocamentos da mesma por forgas que Ihe sio aplicadas, introduzindo mais momentos que nao os directos dessas forgas (efeitos de 1" ordem). Estes “segundos efeitos”, P-Delta, no entanto, sb ilustram 0 que se passa ao nivel el dos elementos: global da estrutura, pois também ha que considerar as excentricidades a0 efeitos P-5 (P-Sigma), ver figura 1.13 Figura 1.13 ~ Efeito P-8 em edificios [20] De facto, para calcular 0 momento-flector que actua na seccdo transversal indicada na figura 1.14, tém-se duas possibilidades: * Considerar 0 equilibrio na posigdo inicial da estrutura, Neste caso, consideram- se apenas os efeitos de 1." ordem (ou seja, toma-se a posigdo inicial da 25 Contaventamento de estruturas estrutura para calcular o valor do momento flector que tatua numa determinada secgfo transversal); * Considerar o equilibria na posigio deformada da estrutura. Neste caso, consideram-se também os efeitos de 2" ordem (ou seja, considem-se a deformagio da estrutura para calcular o valor do momento flector numa determinada secgdo transversal), N N N fe [M=N.e. er ke ni a) Equilibrio na posigdo inicial 'b) Equilibrio apd a consideragito da deformasivn da extrutura Figura 1.14 — Hiptese de consideragio da deformada para o eilculo do momento [13] Estes factos também se encontram ilustrados e comentados na figura 1.15. Figura 1.15 ~ Hipétese de consideragio da deformada para o cileula do momento [5] 26 Contraventamento de estruturas (O que realmente acontece & que hi mudangas nas caracteristicas de deformagdo da estrutura e seus elementos em presenga de carga axial — a estrutura deformari mais na presenga de um esforgo axial superior. Este efeito ocorre em ambos os niveis: estrutural num total e nos elementos individualemente, Obter forgas e momentos verdadeiros de projecto, que acomodam todos os efeitos de P-Delta (P-A) e P-Sigma (P-8), depende do método de anilise usado, mas que deve, implicitamente, atender a que ambos os efeitos estio, inextrincavelmente, ligados — um aumento em um ocasiona um aumento no outro [20] Vale anotar que este efeito pode atender, adicionalmente, dos membros imperfei gio ini da estrutura. Contudo, a imperfeigao inicial dos membros nao é, tipicamente, incluida numa andlise global de segunda ordem e, assim, & depois considerada na verificago da estabilidade individual de cada elemento e suas secgdes (caso do EC3), Também € de referir que a acentuago destes efeitos podem surgir também, por irregularidades geométricas da estrutura, logo da sua rigidez (K= EXI/L) seja ao nivel da variag3o do comprimento (L) dos seus elementos (figura 1.16), quer das suas secgdes (1) (figura 1.17). Figura 1.16—Efeitas de pé-direito duplo e fundagio elevada, por motive da geometria (comprimento) dos elementos [14] a Contraventamento de estruturas Figura 1.17 ~ Efeitos de variagHo da rigidez da estrutura, por motivo da geometria (Inéreia) das seegies. Por tiltimo diga-se que, em termos fisicos simples, o que se pretende é conduzir a estrutura contraventada de uma situagdo de equilibrio instavel para estivel (figura 1.18) com todos os inerentes beneficios para a sua seguranga. ibrio instivel _equilibrio indiferente Figura 1.18 ~ Situagdes de energia poteneial de um corpo [4] Essa situago, em termos de estrutura contraventada ou ndo, pode-se ilustrar na figura 1.19, bem como o importante efeito do travamento horizontal para 0 mesmo designio, figura 1.20, 28 Contraventamento de estruturas — /. deslocavel / i { Pértico indeslocavel Figura 1.19 — De pértico deslocivel para indeslocivel por introduedo de um contraventamento [4] xen cer (emumumacstary aera ng mano wees cen oe (perma era ime Ra Ate Vista em Algado Vista em Planta Figura 1.20 —De pértico deslocivel para indeslocivel por introduslo de um contraventamento [4] 29 Contraventamento de estruturas Como se veri, no capitulo seguinte, existem diversos tipos de solugdes para conseguir contraventar, eficazmente, as estruturas, ilustrando-se as mais comuns na figura 1.21 1.22. Portico entreligado Nuicleo Parede | a) estrutural Figura 1.21 ~ Hipétese de consideragio da deformada para o cilculo do momento [13] Figura 1.22 ~ Hipétese de consideragio da deformada para o cileula do momento [5] 30 Contraventamento de estruturas 2. Contraventamentos Podem-se distinguir vétios tipos de contraventamento, baseados nas diferentes formas de comportamento quando as estruturas sio submetidas a cargas laterais [11], sendo certo que a ‘ar a necessidade de contraventamento, existéncia tinica de cargas verticais pode just nomeadamente se para esse modo de eventual encurvadura a carga critica for baixa, ou seja: a estrutura for de nds méveis, ou sofra deslocamentos laterais significativos para essa solivitagio, ou 0s efeitos de 2 ordem, ao nivel global (P-A), no possam ser desprezados. Em termos normativos, existe um consenso, com alguma tolerdncia, que limita o deslocamento maximo entre a base ¢ 0 topo do edificio em 1/300 a 1/500 da sua altura total. 2.1. Contrayentamentos tipo Nos sistemas de contraventamento os pilares de contraventamento, ou outs elementos verticais, como paredes ou miicleos estruturais, tém papel decisivo: além de serem responsiveis pela colecta dos camegamentos que sio aplicados nos pisos (através dos subsistemas horizontais, levando-os até 0 solo), recebem também os carregamentos laterais, (horizontais). Outro modo de travamento das estruturas & 0 uso de treligas horizontais (de pavimento, no plano deste) e verticais (em altura, no plano de desenvolvimento vertical da cestrutura) Resumidamente, os tipos comuns de contraventamentos sao: * Porticos; * Parede (cheia/cega, com pequenas aberturas ou com uma ou varias filas de aberturas); * Paredes associadas a porticos; © Niicleos e tubos; Reticulada contraventada (sistema de treliga), ‘Também o tipo de material desempenha papel fundamental, comparativamente, diremos que 0 travamento de uma estrutura puramente metilica é em geral, dado por sistemas de treligas verticais e horizontais, enquanto em estruturas de betio armado sdo paredes, ou niicleos, neste material, verticalmente, ¢ as proprias lajes de betdo armado, horizontalmente. 31 Contraventamento de estruturas 2.1.1, Porticos (Moment-resisting frames) Os pérticos ndo sio muito utilizados como elementos de contraventamentos, ja que p suem uma rigidez relativamente pequena. Poderio garantir, s6 por si, a resisténcia a acgdes horizontais no caso de edificios de pequena altura, ou entio so utilizados conjuntamente com outros elementos mais rigidos. a ooc70 a oo70 o omo 1.0) 1b) 1c) Figura 2.1 —Tipos de conteaver olde to: a) Parede cheia ou eega; b) Ide com pequenas aberturas; 14S com uma ou viirias filas de abertura; d) Porticos, ¢) Paredes associadas a pérticos; ) NGcleo 2 Contraventamento de estruturas No caso de ser este o sistema de contraventamento a eleger, poderd o seu desempenho ser melhorado com a inclusio de ligagBes rigidas entre algumas vias e pilares, convenientemente escolhidas ao longo das filas e eixos da estrutura. Desta forma pretende-se obter um conjunto de pérticos verticais rigidos com a mesma altura do ediffcio. A ideia & que dade jidez a flexdo das vigas e pilares que esta estrutura, composta por pérticos verticais rigidos ¢ lajes rigidas, adquira estabi ‘como um todo para as cargas horizontais em fuungaio da compdem os porticos. As vigas que ndo fizem parte destes pérticos, com fungdes de contraventamento, podem ser rotuladas nos pilares. Qs esforgos horizontais actuantes no plano do piso sio transferidos aos porticos através da ris lez da laje de cada andar. De facto, ¢ em geral, ndo ¢ conveniente que todos os lares participem do sistema estrutural admitido como responsivel pela estabilidade global da construgdo. Essa participagao, se fosse considerada, levaria a uma complexidade exagerada de célculo. Por esse motivo, os pilares das construgdes so usualmente divididos em duas categorias: pilares contraventados e pilares pertencentes a estrutura de contraventamento. s pilares contraventados sio tratados como se pertencessem a uma estrutura indeslocavel, sendo certo que o indeslocavel, neste contexto, ¢ sindnimo que deslocamentos negligenciveis € no auséncia total dos mesmos. Assim, a estrutura de contraventamento deve assegurar a validade dessa hipotese. Para isso, ela deve ter rigidez adequada, a que corresponde uma estrutura de contraventamento suficientemente rigida para que os seus deslocamentos nio afectem a seguranga dos pilares contraventados, podendo estes continuar a ser tratados como se pertencessem a uma estnutura indeslocavel. Quando isso acontece, isto é, quando a estrutura de contraventamento & quase indeslocavel, ela pode efectivamente garantir a estabilidade global da construgio. Caso contririo, ndo se pode admitir a estrutura como contraventada todos os pilares devem ser tratados como pertencentes a elementos est ruturais de nés méveis, Pela sua importincia os pilares podem receber tratamentos arquitectonicos especiais, se 0 arquitecto optar por deixar aparente a estrutura na concepgio do projecto. Para os pilares metilicos tém-se com mais facilidade as seeydes obtidas por perfis padronizados, mas mesmo iveis ou, se tiver liberdade assim 0 arquitecto pode fazer composicdes com as secgdes dispor de orcamento, projectar secedes diferenciadas [10], 3 Contraventamento de estruturas De referir que as estruturas reticuladas sob a acgo de forgas horizontais tém uma deformagao predominantemente por corte (Shear-ftames) [24]. A principal vantagem desse sistema & deixar livres para a utilizagdo todos os vos entre colunas, 0 que ndo é completamente possivel nos demais sistemas. Contudo tem significativas desvantagens, tais como: + Pode ser um sistema menos econémico quando comparado com os outros; + As ligacdes encastradas vigas-colunas sio de execugdo mais elaborada (sobretudo no caso de construgdo metilica); + As colunas dos pérticos rigidos sio significativamente mais pesadas porque, além da compressio, so dimensionadas também a flexio e, frequentemente, os deslocamentos horizontais sio factor preponderante no dimensionamento [22] \ViGAS ROTULADAS incerta | AJE RIGOR 08 sFoRCOS ‘onizonTals } PLANO 00 ANDAR Figura 2.2 ~ Estrutura de pérticos rigidos [22]. 4 Contraventamento de estruturas 2.1.2, Paredes (Shear-walls) Nestas paredes, a resisténcia as acgdes Laterais & geralmente realizada por um sistema formado pelos pisos da edificagdo e pela propria parede. Devido a elevada rigidez no seu proprio plano, os pisos da edificagdo, que sio geralmente constituidos por lajes de betio armado, comportam-se como diafragmas rigidos e transmitem as paredes de contraventamento os fo de esforgos decorrentes das ac es laterais aplicadas sobre a edificagdo, Esta distribui esforgos depende da rigidez do diafragma, da posigio do centro de massa e do centro de rigidez/torgdo do sistema estrutural da edificagio, Figura 2.2 — Estrutura em parede com pisos rigidos [7] Estas paredes podem funcionar predominantemente ao corte (figura 2.3) ow a flexdo (figura 2.4), dependendo da sua geometria e condigdes de fronteira (forma como se ligam aos restantes elementos da estrutura). Uma vez determinada a forga Lateral que actua numa dada parede de contraventamento, deve- se proceder a distribuigdo desta forga entre diversos elementos verticais que a constituem. O processamento desta distribuigio depende de vérios factores tais como: nivel de pré- compressio, relagdo de forma dos elementos verticais, condigdes de contorno e processo de fissuragdo, aspectos que concorrem para a alterago da rigidez da parede e seus elementos alterando, por seu turno, a maneira como se processari a distribuigdo da forca cortante aplivada, 35 Contraventamento de estruturas Esforcos horizentais transferidos is paredes rigidas de contraventamento (encaminhados pela laje de piso) Laje rigida no seu plano / | i ola nn plas / | (embora outros tipos dle igacdes sejam possiveis) Figura 2.3 — Estrutura com parede de contrav-entamento no corte [22] Contraventamento de estruturas A anilise de paredes de contraventamento dotadas de aberturas constitui-se um dos aspectos mais dificeis do proceso de dimensionamento, porque as aberturas introduzem complexidade a0 seu comportamento estrutural, tendo influéncia directa na modificagdo do seu perfil de deformagio e na redugdo de sua resisténcia A flexio e ao corte Do ponto de vista da andilise estrutural, a disposi de aberturas toma problema fortemente hiperestitico, tornando dificil a determinagdo das tensdes e deformagdes nas proximidades das mesmas, de forma a possibilitar a avaliagdo da necessidade de disposigdo das armaduras de cintagem a envolvé-tas, Para fins de projecto, nos métodos classicos disponiveis na literatura, a distribuigdo das forgas laterais totais entre os diversos elementos verticais das paredes de contraventamento, dotadas de aberturas, realiza-se na proporgdo directa da rigidez relativas destes elementos. Como se viu, no caso de paredes cegas estas funcionam quase se como de consolas encastradas nas fundagdes se tratasse. Em ambos os casos, para a determinagiio de esforgos, ¢ admissivel 0 recurso a elementos de barra com rigidez equivalente (preferivelmente com trogos rigidos), sendo, especialmente no caso de paredes com aberturas, recomendivel o uso de elementos de ceasca, 2.1.3. Paredes associadas a pérticos Frequentemente, a estrutura de contraventamento € composta por paredes estruturais em balango, encastradas na fundagio, ou por porticos miltiplos eventualmente entreligados. Em qualquer desses casos, os nds da estrutura de contraventamento sio de facto méveis, pois & impossivel a imobilidade completa, apenas os seus deslocamentos sio despreziveis, s sistemas compostos por pérticos € paredes resistentes podem ser usados para edificios até cerca de 40 andares. Quando o sistema de contraventamento associa pérticos com estruturas tipo parede teremos de ter atengdo a circunstincia de se tratar de elementos com comportamentos diferentes ‘Assim, enquanto a estrutura “tipo” parede (com relagéio entre altura/largura > 3) tém uma deformagdo devida 4 flexio do conjunto (deformagio por flexio), 0 portico tem uma deformagio rigida pelo esforgo transverso do conjunto (deformagio por distorgao) 7 Contraventamento de estruturas Tais deformagdes, resultado de um conjunto de forgas de interacgdo, varidveis em altura jidos a sempre que os elementos sio obrigados a deformar-se conjuntamente (com os impor a cada nivel igualdade de deslocamentos), conforme figura 2.4 [3] Reacgdes nas ligacdes entre portico e parede, ao longo da altura x Deformacio tipo Deformagio tipo Deformasao tipo do conjunto de portico isolado de parede isolada portico e parede Figura 2.4—Deformagies parede/pértico [11] 2.1.4. Nuicleos ¢ tubos (Tubes) Um niicleo resistente (figura 2.5), enquanto definido como um conjunto de paredes resistentes dispostas perpendicularmente e com planta reduzida face 4 do piso, ¢ considerado um dos principais elementos componentes dos sistemas estruturais de edificios de andares miiltiplos, conseguindo conferir 4 estrutura um aprecidvel acréscimo de rigidez, nas duas direcgdes principais da estrutura. Os tubos associam esta propriedade com a resisténci ‘A torgdo, dada a sua implantagdo em planta ser da ordem de grandeza da propria estrutura, evitando modos de rotagdo global da mesma, Assim, denominam-se de micleos resistentes ou estruturais os elementos de elevada rigidez, constituido pela associagdo tridimensional de paredes rectas ou curvas, formando secgdes transversais abertas ou semi-fechadas. As suas dimensdes transversais sio superiores is dos de is elementos que normalmente compdem as estruturas de contraventamento, sendo sua rigidez a flexdo responsdvel por grande parte da resisténcia global da estrutura, Estes eT Contraventamento de estruturas elementos sio usualmente posicionados nas dreas centrais dos edificios, ou seja, em torno das escadas, elevadores, depésitos ou espagos reservados para a instalagdo de tubulagdo hidréul ou ell rica. Ao nivel das lajes apresentam seco parcialmente fechada devido a presenga 15}, desta ou de Lintéis (erie + tng Figura 2.5 —-Nacleo estrutural (normalmente casa de eseadas ou clevadores) [22] Os miicleos, que nomalmente séo a envolvente de caixa de escadas, sio subsistemas estruturais tridimensionais resultantes da associagio de elementos verticais de parede, capaz de resistir is adamente a todos os esforgos actuantes na estrutur de um edifi io, contribuindo na determinagdo mais precisa dos seus deslocamentos. Tais elementos si0 9 Contraventamento de estruturas compostos pela associagio tri aberta, cuja fun: escadas [15]. imensional de paredes, formando uma secedo transversal (0 arquitecténica é comummente, a de abrigar as caixas de elevadores ¢ Em geral, as secydes dos miicleos de caixa de escadas nio sio abertas, nem totalmente fechadas contendo antes, pequenas aberturas dominadas por vigas padieira, correspondentes as portas de entrada/saida do micleo [6]. Estas vigas de contoro das aberturas dos nitcleos podem ligar-se com maior ou menor continuidade aos préprios nicleos, conforme a rigidez da ligagdo, muito fungi da eventual reentrincia que 0 micleo faga para dentro do espago da abertura, conforme se pode apreciar na figura 2.6 ip ip fp a) encastrado-encastrado b) articulado-articulado ©) encastrade-articulado Figura 2.6 Rigidez relativa da unig viga padicira com o niicleo [15] Em alguns edificios de altura a rigidez lateral da estnutura est assegurada parcialmente por um ou varios nicleos centrais que contém os meios de comunicagdo vertical [11]. Lis Figura 2.7 - Estrutura tubular [15). a0 Contraventamento de estruturas Os niicleos estruturais ganham importines i medida que se aumenta ainda mais a altura da ilizadas as circulagbes verticais enclausuradas para que este edificagdo. Geralmente sio elemento seja vidvel arquitectonicamente. Niicleos estruturais sio constituidos pela unidio de paredes macigas de betiio armado em direcgdes diferentes 2.7), ou por pilares metilicos contraventados formando estruturas tubulares treligadas (figura 2.8), Figura 2.8 - Estrutura tubular [22], Em suma, sio essencialmente caixas, com ou sem aberturas, os micleos resistentes de edificios elevados e paredes tendo secgdes em L, T, etc. Estes elementos tém dupla rigidez de flexdo (planos ortogonais) e para as caixas fechadas existe, ainda, rigidez torcional expressiva. De facto, a caracteristica principal que o distingue dos demais elementos que compdem a cestrutura, encontra-se na sua capacidade de restri¢&o ao empenamento, que nada mais & que 0 deslocamento na direcgo longitudinal da secgdo causado pela rotago da mesma em torno do centro de torg3o, como esquematizado na figura 2.9, Uma solugao ainda mais eficaz & a composta pela solugio em tubo na fachada (tubo de contorno) & por um micleo interior, sendo por isso conhecida por sistema tubo em tubo, indicada e com recursos para edificios com mais de 40 andares. a Contraventamento de estruturas Centro de Torco Tragao Figura 2.9 -Empenamento da secgdo do nieleo [15] E 0 resultado recente da evolugdo estrutural dos edificios de grande altura, Os porticos ou contraventamentos sio trazidos para as faces extemas do edificio, ao longo de toda altura e todo perimetro, obtendo-se na forma final um grande tubo reticulado altamente resistente aos efeitos de flexio e torgio, Em geral, estas estruturas tém planta rectangular com dois planos verticais de simettia. Sob a acglo de Forgas horizontais as estruturas em tubo, quando nio sio perfuradas, tém um comportamento semelhante ao das estruturas parede [24] De realgar que © funcionamento conjunto de paredes isoladas ou unidas num niicleo & bastante distinto, assim: + Arrigidez do micleo & muito superior & das paredes (com base na inércia total somada das secgdes e, comparativamente, a do nucleo); Contudo, seri precavido nao realizar os célculos com a rigidez matemitica directa da secgao cado, integral do niicleo, dado a mesma poder vir a fissurar em caso de um sismo com signifi nomeadamente nos cumhais entre paredes do niicleo, dada a sua diferente rigidez nas aD Contraventamento de estruturas direcgdes ortogonais (X e Y). Com a queda da rigidez dos micleos, ao fim de alguns ciclos do sismo, as forgas sismica subsequentes terfio tendéncia a ser, percentualmente, mas atraidas icial. Deste modo, estes pilares pelos pilares, em caso destes manterem a rigidez de calculo i poderio ter que suportar forgas sismicas para as quais no estariam dimensionados. Assim, serd de apenas considerar 60% da inércia da secgio dos niicleos na determinagio da sua igidez, admitindo uma secgio fendilhada Forgas de corte, com provavel fissuragio quando de wm sismo ¢ consequente perda de rigidez globall do niicleo a) Nacleo resistente b) Paredes isoladas Figura 2.10 ~ Funclonamento diferenciado entre paredes unidas ou independentes [13] 2.1.5, Reticulada contraventada (Braced structures) Em edificios elevados somente a ligago continua das vigas com os pilares pode no conferir a rigidez necessiria 4 estabilidade. Surge, entdo, outro tipo de composigdo estrutural: os porticos enrijecidos por contraventamentos, ou diagonais que prendem de um né ao outro, tomando-os indeslocdveis. Poder utilizar-se esse recurso em estnuturas de betfio armado, inclusive fazendo estas diagonais deste material. Contudo, funcionaré de maneira mais adequada se as estruturas forem metiilicas, podendo estar, ou ndo, sujeitas tanto a compressio como 4 tracedo. Nas edificagdes metilicas, de uma maneira geral, este & 0 sistema mais utilizado de contraventamento, podendo as unides entre vigas e pilares ser perfeitamente rotuladas [10]. Na figura 2.11 encontra-se um exemplo tipico de um contraventamento em a Contraventamento de estruturas “Cruz de St? André’ talvez 0 mais conhecido e corrente, e na figura 2.12 outros tipos também usados. Figura 2.11 — Contrav to em “Cruz de St.” André” [7] Cruz de St." André K na vertical KI K na horizontal Figura 2.12 Tipo de contraventamento comuns [7] Na figura 2.13 podemos apreciar varios edificios com contraventamentos do tipo acima ilustrados. mnte espacial [7] ¢ [26] Contraventamento de estruturas A estabilidade estrutural ¢ obtida através de contraventamentos verticais ao invés de ligages vigas-pilares encastradas. Os contraventamentos, geralmente em X, K e Y, sio colocados ao longo de toda a altura do edificio. A estrutura adquire rigidez horizontal através de efeitos de tracgdo © compressio nas diagonais, além dos efeitos adicion de tracglo e compressio nas colunas adjacentes aos contraventamentos. Digamos que & como se a resisténcia por flexto fosse transferida por tracedo e compressio, sendo certo que a propria flexo & a resultante de uum binairio de tracgdo com compressio (figura 2.14). od > ++ 4 Figura 2.14 Travamento realizado pelo contraventamento [7] Por outro lado, sera de referir que muito embora os diversos tipos de contraventamento € suas possiveis direcgdes, em estruturas reticuladas, a verdade é estes acabam por funcionar como um todo, mais no seja como uma composigdo de figuras planas, tanto horizontais como verticais, com resultante espacial [4] (figura 2.15). Sio mostrados na figura 2.16 exemplos de edificios onde foram utilizados os contraventamentos a partir dos nés de pdrticos, em edificagdes de ago, dos tipos de contraventamento. enumerados. Para acomodar os pérticos enrijecidos estes podem ser colocados em paredes cegas, ou entdo utilizados arquitectonicamente nas fachadas [10] a6 Contraventamento de estruturas E um sistema composto inteiramente de elementos estruturais lineares, caracterizado pela dos elementos horizontais dos Este deformagio axi s © das diagonai grande aplicagio em edificios em ago estrutural. A dificuldade de fazer as ligagdes em betio armado, aliada 5 vantagens dos ‘temas em estrutura parede, tem reduzido © uso desta solugio em edificios de betio armado. © contraventamento pode ser feito interiormente ou nas paredes exteriores [24] Estrutura tridimensional --—- composigdio de estruturas planas Contraventamento de estruturas 2.1.6. Contrayentamentos mais utiliziveis Apresentou-se anteriormente um conjunto de sistemas estruturais util izados em edificios para resistirem a acgdes horizontais © a acgdes vert is. Apesar de sua descrigao isolada, na realidade 0 processo de concepgdo da estrutura ndo consist, necessariamente, na escolha separada de um destes sistemas mencionados. Pelo contrério, trata-se de um processo criativo em que a concepgdo & desenvolvida como resposta a um conjunto de condigdes impostas ou de restrigdes. Raramente a escolha cairé numa das solugdes basicas apresentadas, mas poder ser © fiuto da combinagdo de algumas destas solugdes de modo a se conseguir responder adequadamente as exigéncias arquitectonicas e funcionais impostas [24] ‘Como exemplo admita-se a discretizagao da estrutura do edificio da figura 2.17, sendo esta efectuada através da consideragio de um conjunto de pérticos, em ambas as direcgdes e, eventualmente, de paredes e/ou caixa de escadas, sendo os correspondentes deslocamentos horizontais ao nivel de cada piso compatibilizados com os deslocamentos da respectiva laje de pavimento, suposta indeformavel no seu plano médio [6] Figura 2.17 - Composigio dos sistemas estruturais de edificagies elevadas pelo subsistema horizontal ¢ vertical [26] tipo de contraventamento mais utilizado em edificios & 0 constituido por paredes ou por niicleo ou caixa resistente, sendo este sistema particularmente adequado para edificios de altura pequena out média (ndo ultrapassando 100 metros), a que comesponde a generalidade das construgdes em Portugal. ae Contraventamento de estruturas Muitas vezes, as circulagdes verticai (ascensores, escadas), assim como as canalizagies verti (fluidos, energia), so concentradas numa ou varias zonas do edi Estas zonas, chamadas de niicleos (ou caixas), devem ser isoladas por paredes do resto do edificio (isolamento sonoro, seguranga contra incéndios), constituindo elementos de contraventamento por exceléncia. As estruturas, que nas. constru es tridimensionais, sio jes terdo que configurar compo: obtidas a partir de estruturas planas, quer dizer, com comportamento estrutural possivel de ser reduzido a comportamentos de elementos planos. Na figura 2.17 pode-se visualizar uma estrutura tridimensional composta pelo plano de piso (subsi ema horizontal) & pelo subsistema vertical, no caso de pérticos e niicleo tridimensional igido central, que podem ser reduzidos a planos segundo as duas direcedes (figura 2.18 e 2.19) [10], tanto para efeitos de visualizagao didactica, como para real célculo e andlise da estrutura no seu global Com o desenvolvimento das ferramentas de ¢: uulo e © incremento do desempenho dos computadores, estes modelos planos, como o ilustrado, tem vindo a ser substituidos por efectivos esquemas modos espaciais de analise. értico x pértico 2x —paredes nucleo x Figura 2.18 - Composiedo dos pérticos planos e paredes do cleo na direcedo x [26] vento y Pértico 1-y pértico 2y paredes nucleo y Figura 2.19 - Composiedo dos pérticos planos e paredes do miicleo na direegdo y [26] a9 Contraventamento de estruturas 2.2. Contraventamentos em edificios de grande altura Os designados arranha-céus, edificios com mimero de pavimentos na ordem das virias dezenas, necessitam de cuidados subsistemas verticais, como os incluidos na figura 2.20: cstrutura tubular de periferia, tubo treligado em todas as fachadas do edificio, tubo dentro de tubo — que & a associagao pelo diafragma ido). Mas v: contraventamento para os mega edificios em altura, porém, podem ser concebidas [26] ido de tubo de periferia com tubo central (ou nicleo estrutural ias outras possibilidades de composicdes de sistemas de El ai bj c Figura 2.20— Estruturas de contraventamento para mega edificios altos: a) tubular periférieo; b) tubular treligado + tubular central; ¢) tubular treligaddo + nicleo central [26] ‘As outrora torres do World Trade Center (figura 2.21), com 110 pavimentos, totalizando 417 m de altura, tinham 0 subsistema vertical composto por estrutura tubular periférica, formada por pilares de ago afastados de apenas I m entre eles, € niicleo central, onde 2/3 do carregamento gravitico era suportado pela estrutura central, ou seja, a estrutura tubular periférica tinha a finalidade principal de conter as cargas horizontais. Os edi jos do World Trade Center foram os primeiros do mundo a ter um estudo de modelo em tine! de vento, onde foi determinado a pressio estatica de 2,20 kN/m* e deslocamentos horizontais no topo que chegariam a 91 cm [26] ‘As torres Petronas (figura 2.21), na Maldsia, com 88 pavimentos, totalizando 452 m, tém pilares periféricos circulares em betio armado de alta resisténcia associados a nticleo estrutural também macigo, com uma conexio rigida entre pilares periféricos e niicleo a meia 30 Contraventamento de estruturas io, em tés pavimentos. A escolha do betdo armado como material da estrutura is altos do mundo, dentre outros factores, deve-se a melhor resposta de \gBes geradas pelo vento, principalmente pelas secgdes robustas que 0 betiio armado propicia, quando comparadas as secgdes de ago. Figura 2.21 ~ Petronas Towers (modelo tubular circular) [26] ¢ nove World Trade Centre Muitas destas solugdes usam sub-estruturagdo, ou seja, 0 travamento é realizado para conjunto de andares, pois de outro modo nao seria exequivel (exemplo na figura 2.22). PERE EERE TEE ETE ETI iE Figura 2.22 Diseretizagio de uma face do edificio em superficies elementares A figura 2.23 ilustra diferentes formas de concepgdo de sistemas de contraventamento de mega edificios em fungao da altura [3, adaptado do original]. 31 Contraventamento de estruturas (SEATRGTIN SARIISIS) (Spavagcean-e 2 Sayama SVT SELES a Figura 2.23—Ci NOMERD DE ANDARES sg 8 2 8 fer Partico-Porede Partico can travenente vertical Fecofnde con colunes de grarde resistéreta Facorada con vgunente a grange resstenca Portico en tubo con trovanenta total Contraventamento de estruturas Como se pode apreciar da figura 2.23, ediffcios muitissimo altos, com niimero de pavimentos em média superior a 60 andares, exigem solugdes mais arrojadas para o subsistema vertical contraventamento, ou seja, torna-se necessirio fazer participar a fachada conjuntamente com © micleo central [10] De reparar que a tendéncia em edificios extremamente altos & assemelhar a estrutura (@ a propria construgiio) 0 mais possivel a um tubo verdadeiro, sendo hoje a aproximagio arquitectonica a um tubo circular uma realidade (torres “Petronas”, figura 2.21, e arranha-céus substituto das “torres gémeas” em Nova lorque — World Trade Centre), Na verdade consegue- se aliar uma forma aerodindmica altamente favordvel a uma solucdo estrutural extremamente eficaz, com uma simetria perfeita, mesmo total, e com maxima resisténcia torcional (praticamente insensivel ao empenamento). Esta geometria é, em suma, excelente, pois além de universalmente simétrica (logo com comportamento idéntico independentemente da dire de andlise), tem uma excelente rigidez e resisténcia em flexdo e torgio, para qual quer eixo imagindvel (nio & por acaso esta a configurago dos foguetdes) 2.4. Contraventamentos especificos em estruturas metal 2.4.1, Contraventamentos a forgas horizontais (sismos ¢ ven tos) em edificios urbanos jos urbanos em estrutura metal No sentido de uma boa concepedo dee |, seguem-se algumas regras que devem ser atendidas: + Qs pisos devem funcionar como diagramas rigidos (ndo existir deformabilidade no plano da laje); + Lajes com um minimo de 50 mm de espessura; + Evitar grandes frentes com um nico sistema de contraventamento, pois hi deformabilidade lateral (figura 2.24), Assim, 0s contraventamentos horizontais devem- se criar diafragmas rigidos (figura 2.25); A ideia, tal como numa boa concepgdo a resisténc global sismica, & evitar grandes excentricidades entre 0 centro de massa (CM) e de rigidez (CR) (d = CM — CR < 15% da largura do edificio); 33 Contraventamento de estruturas O ideal, quando nao € possivel a estrutura tubo em tubo, ou seja, 0 nitcleo interior associado a0 miicleo exterior, serd de adoptar dois niicleos afastados (perto das empenas, conforme esquema inferior da figura 2.25); Figura 2.24 - Deformabilidade por insufeiéncia do contrav Solugdo de solidarizagdo ¢ uniformidade de desdobra Figura 2.25 De notar que os pisos se vio deslocando em altura, aumentando a excentr pilares (efeitos de 2* ordem); Para reduzir a excentricidade dos esforgos dos niicleos (e = M/N), convém que estes recebam um esforgo axial (N) significativo, afastando os pilares deste; E sempre vantajoso para ajudar os niicleos a receber s forgas horizontais ou, para eliminar estas, conceber em: de contraventamento, tipo cruz de Santo André (X) em pontos apropriados da estrutura; 4 Contraventamento de estruturas A ductilidade da estrutura é essencial ao seu bom comportamento sismico, sendo que 0 uso de paredes de betio & recomendiivel. Também nos sistemas de contraventamento de barras ipag ou fechado (figura 2.26); trian gulares a dit de energia se pode fazer de forma eficiente com bamas em K aberto Figura 2.26~ Forma eficiente de dissipacdo de energia com barras em K aberto ou fechado A ideia ¢ a criagdo de rétulas plasticas em locais em que as mesmas dissipem energia sem formar um mecanismo de colaps Em geral a ideia & baixar a rigidez, a frequéncia de vibragdo e as forgas sismicas, aumentado a capacidade de deformag.io; De notar que os jemas de contraventamento também funcionam como geradores de forgas de estabilidade e nio apenas de resisténcia directa a forgas horizontais, tal como, vento e sismos; s altos, para nao fazer variar a secedo dos pilares (sua envolvente) podemos incluir chapas laterais nos perfis dos pisos mais baixos (Fig. 2.27), fazer variar a espessura das chapas das secgdes ou aumentar a classe resistente do ago (S275—$355—S46\ Figura 2.27 — Chapas lat als nos perfis dos pisos mais balxos 35 Contraventamento de estruturas Apresentam-se, seguidamente, varios esquemas/modelos estruturais recomendaveis para estruturas metilicas de edificios urbanos. A figura 2.28 ilustra um esquema corrente de contraventamento em estruturas metilicas de edificios de poucos pisos, bem como um pértico transversal da mesma estrutura, em modelo de cdleulo. Figura 2.29 Esquema de funcionamento do contraventamento vertical para edificios baixos 36 Contraventamento de estruturas A figura 2.29 contém o funcionamento do esquema anterior e a figura 2.30 mostra uma alternativa, eventualmente mais econdmica ¢ eficaz, com niicleo de betio armado. Na figura 2.31 surge uma sequéncia das altemativas mais usuais a este fim. Nucleo em betiio armado Nucleo em pérticos rigidos Nucleo em treliga Figura 2.31 — Esquema de portico metilico contraventado de for mas diversas Na figura 2.32 pode-se constatar a influéncia dos contraventamentos sobre os deslocamentos horizontais de uma estrutura, designadamente, sobre a acgio do vento. A diminuigdo destes deslocamentos atinge, com facilidade, valores acima de 80% dos iniciais. 7 Contraventamento de estruturas Vento Vento | Deslocamento horizontal Redugo do desiocamento. sob acséo do vento horizontal devido aos ontraventamentos Figura 2.32 — Esquema de portico metilico contraventado de for mas diversas A figura 2.33 ilustra um esquema corrente de contraventamento horizontal em estruturas metalicas de edificios de poucos pisos. —— Kp Bel } i | ( Pe Ll tah reer 1 PS pee tt | PSA ; 1 f , Le XIX OK Kk ‘ NANZNZNAZN WYVNYIVN LL A Figura 238 - Eaquema de comtraventamentos horizontals para edifis bauos 2.4.2. Contraventamen tos a foras horizontais (sismos e ven tos) em edificios industriais No sentido de uma boa conceprao de edificios industriais em estrutura metdlica, seguem-se algumas ideias e regras que devem ser atendidas: (O vento é mais condicionante para vaos pequenos de cobertura; ‘As vigas de bordadura, que unem os porticos lateralmente, devem ter ligagdes rigidas ‘aos mesmos (figura 2.34); Os contraventamentos devem ser localizados, para a cobertura e para forcas horizontais, como o vento, na extremidade (empenas), para receber uma reacgio das resultantes (pilares) dos porticos dos topos (empenas) (figura 2.35 e 2.36); 38 Contraventamento de estruturas + Os contraventamentos devem ser localizados, para a cobertura e para variagdes térmicas das fachadas longitudinais (perpendiculares §s empenas) devem estar a meio da cobertura, pois vz (figura 2.35); Figura 234 — Vigas de bordadura, que unem os porticos lateralmente, devem ter ligagies rigidas Figura 2.35 — Contraventamentos de juntos as empenas (vento) € a meio da cobertura (variagBes térmicas) Vento Figura 2.36 ~ Contraventamentos dos pilares de empena efectuados com transmissio pelas madres 39 Contraventamento de estruturas Para os elementos resistentes transversais aos edificios — os pérticos principais — as produzem efeitos apreciiveis no caso de vos muito grandes ou de variagdes térmicas s existirem varias naves em paralelo. Dado que elas s6 introduzem esforgos de coacgio nao afectam a resisténcia tiltima do portico. Hé, no (auto-equilibrados) em princip: entanto, que ter em atengiio aos esforgos normais introduzidos nas travessas, pois podem afectar a sua estabilidade, as deformagdes em fase de servigo e aos efeitos de 2* ordem que estes eventualmente produzem (figura 2.37). 7 + Dilatagiies ! ; térmicas i 2 \ \ \ \ ! ! ! térmica Dilatagio térmicas impedida a Dilatagdes | térmicas versal devida & variagio térmica + As madres fora do sistema de contraventamento, mas no seu enfiamento, tém que suportar os esforgos axiais que possuem. O sistema pode ser calculado como uma treliga 0 Contraventamento de estruturas © quando os esforgos axiais so elevados ou se fecha a secgdo com 2 UPN ({ ]) ou passa de Tou H; + Quando se faz o travamento por elemento flexiveis devem estes ser cabos de pré-esforgo (que tém 0s fios j4 acomodados e sec dio compacta, pois os cabos ordinirios relaxam © tém 0 fios a acomodar-se nos espagos do eixo, ou seja, a adaptar-se aos vazios| + Hoje o INP foi substituido pelo IPE; + Madres trianguladas sempre haja que vencer mais de 10 m; + As madres no vencem mais que dois vaos pois sio dificeis de manusear (encurvadura) Logo se a madre vencer dois vos, existem porticos mais carregados do que outros (umas a 1,25 Qe outros a 0,75 Q), devendo-se efectuar um desfazamento (figura 2.38); Figura 2.38 — Desfuz + © uso de vardes em contraventamento & possivel, mas teré que haver apoios que pecam a deformacdo gravitica (dos vardes), sendo sempre pre feriveis os tubos; + As madres contraventam as travessas dos pérticos se estiverem fixas num sistema de contraventamento; + Se estivermos a trabalhar com dois temas de contraventamento simétricos, as madres podem, neste caso, trabalhar s6 com esforgas de traccdo. De outro modo também terao que resistir 4 compressio (figura 2.39); él Contraventamento de estruturas ‘Accao do ‘vento Compresséo. ) Alcados de edificios Figura 2.39 — Esquema correcto de introduco de contravantamento para as madres sé terem tracgies + A chapa de cobertura também trava 0 banzo superior das madres (¢ a propria cobertura) mas deve ser desprezada, em caso de duivida, em abono da seguranga e por dificuldade de contabilizagio; + Aceitando que a face superior da madre, para momentos positives, pode ser travada pelas chapas de cobertura, para momentos negativos tal nio sucede. Assim, para que as madres (perfis em “I” com altura entre 100 a 140 mm) ndo tenham comprimentos de encurvadura da dimensto dos pirticos (4 a 3 m, passados cerca de 50 mm do banzo) pode-se introduzir travamentos laterais entre os pérticos de forma complementar (figura 2.40); Contraventamento de estruturas ‘ Madie ' \ \Traya Made Figura 2.40 Travamento complementar das madres de cobertura + Quando as chapas de cobertura podem constituir um diafragma rigido impedem a flexio das madres segundo 0 eixo da secgdo de menor inércia (zz’s). Ainda assim, na construgdo, com auséncia das chapas de cobertura, e sobretudo para éguas bastante inclinadas, tal mecanismo ndo se mobiliza, ou seja: se as madres fazem flecha tanto maior quanto a inclinagio da cobertwra, mesmo para o seu peso proprio, as chapas se constituam um diafragma podem evitar o fendmeno e dispensar o seu travamento lateral No entanto, ha que estudar 0 que se passa durante a montagem, na auséncia das telhas; + Para momentos negativos € necessério impedir a encurvadura das travessas dos pérticos (provecados, por exemplo, pela sucgo do vento na cobertura), por compressiio do banzo inferior, podendo usar-se travamentos desde a base da alma is madres, conforme figura 2.41; Figura 2.41 — Travamento para momentos negatives das travessa s dos pérticos As vigas inclinadas dos pérticos (nomalmente com seog3o em 1), siio essencialmente subm las a flex em torno do eixo de maior inércia (yy's). Nestas condigdes, para evitar a ocorréncia de encurvadura lateral & necessério contraventar o banzo comprimido. Em geral, as madres sio consideradas como contraventamentos efectivos do banzo superior das vigas, pelo que 0 banzo inferior pode ser contraventado com 0 recurso a reforgos ligados as madres (figura 2.41); @ Contraventamento de estruturas + As madres em coberturas ¢ paredes sio também consideradas como contraventamentos cefectivos em relagio & encurvadura global. Assim, na direcgio perpendicular ao plano de um portico, considera-se que 0 comprimento de encurvadura dos elementos (vigas & pilares) é igual a distancia entre madres, + Quando da existéncia de asnas 0 comprimento de encuryadura da perna (Agua inclinada) desta também seré a distincia entre madres (figura 2.42). Contudo poderd suceder ser a linha da asna a softer tracges (acgdo do vento em sucgdo na cobertura), pelo que poder ser de exigir o seu travamento (figura 2.43); ‘Contraventamento da parte superior das asnas com cestabilizagao da cobertura Figura 2.42 — Elementos estruturais de um edificio industrial, com contraventamento na zona superior da asna (compresses por efeito das forgas graviticas: carga permanente e sob reearga) Contraventamento ma linha a asna (prevenindo 0 feito de suecio do vento) °S. Contraventamento lateral Contraventamento na base das asma (efeito de compressio gerado pela ‘sucgaio do vento) Figura 2.43 ~ Elementos estruturais de um edificio industrial, com contraventamento na zona inferior da sna (por efeito da acco horizontal do vento, quando provoca sucedo na cabertura) a Contraventamento de estruturas +O contraventamento lateral dos pérticos também é essencial (figura 2.43), podendo idez e resisténcia sul ser efectuado por paredes de alvenaria com ri 2.44); te (Figura i Contraventamento longitudinal de um pavilhao Figura 2.43 — Contraventamento lateral dos pérticos por elementos metilicos Viga de betio a confinara alvenaria [_— Parede de alvenaria Figura 2.44 — Contraventamento lateral dos pérticos por alvenaria No caso de revestimentos de fachada também pode ser necessirio proceder ao seu travamento (figura 2.45); De frisar que os sistemas de cobertura em treliga espacial so auto-contraventados no seu plano e para fora deste (figura 2.46); Refira-se, ainda e se bem que fora do Ambito dos edificios industriais, que as estruturas de suporte em treliga espacial terdo ser contraventadas vertical e horizontalmente (figura 2.47), 6 Contraventamento de estruturas Hlomentos tubulares Cabos. Figura 2.45 — Sistemas de contraventamento para revestimentos de fachadas Nl Figura 2.47 - Contraventamentos em sistemas de apoio espaciais [23] 66 Contraventamento de estruturas 3. Andlise de sistemas de contraventamento A distribuigdo em planta dos elementos verticais, influencia 0 modo como os edifi 5 se comportam. A partida, pode referir-se que quanto maior for o nimero de elementos ver ais, melhor & 0 comportamento das estruturas porque, nio s6 a existéncia de maior nimero de nds permite uma maior capacidade de dissipagdo de energia mas também no caso de acontecerem roturas localizadas, as mesmas tem maior capacidade de redistribuigdo de esforgos [16]. Assim & necessirio que haja um bom envolvimento dos nés com cintas e, de um modo geral, assegurar que a estrutura tenha um grau de ductilidade adequado. Na verdade, sendo a duetilidade a propriedade que materiais ¢ estruturas tém de se deformar sem perda significativa da sua resist@ncia, assume esta particular relevancia na dissipagio de energia, nomeadamente de origem sismica, tormando-se a garantia da sua existéncia, em estruturas e subsistemas de contraventamento, assumida importancia. Outro aspecto de grande destaque € © posicionamento dos pilares nas edificagdes altas. O seu mau posicionamento impede a formagio de porticos ortogonais nas direcgdes de actuagiio do vento e, dessa maneira, podem tornar os edificios muito flexiveis. Além da posigdo relativa de ‘um pilar em relago ao outro, & importante que se tenha uma distribuigdo das maiores inércias dos pilares segundo as direcgdes ortogonais de actuagdo das solicitagdes. Pilares com inércias maiores 4 flexto para um mesmo lado da edificagiio, sob a acco do vento na direcgdo menos rigida, podem levar a fissuragdo das alvenarias de enchimento e compartimentagao (externas & internas) ¢ dos elementos estruturais, como jé visto, pela movimentagdo excessiva do edificio em iiltimo instante, causar colapso global. Inércias maiores distribuidas nas duas direegdes principais enrijecem 0 edificio de maneira global Como os pilares interferem directamente na arquitectura, jé que obstruem 0 espago construido © utilizével, & importante que 0 arquitecto os posicione jé na concepedio arquitecténica, informando 0 engenheiro, de cilculo estrutural, quais os locais e dimensdes com que os pilares poderdo ser implantados, para que no venham a ser pontos de discérdia durante a construgio e, 0 que seria pior, depois da obra executada. Hi casos onde © posicionamento inadequado dos pilares chega até a inviabilizar 0 uso para que foi projectada determinada edificagio [10] 7 Contraventamento de estruturas Como se referiu, os edificios devem possuir uma distribuigdo uniforme e regular de rigidez e de massa em altura e planta, estrutura em malha ortogonal e nfo demasiado deformavel, pisos que funcionem como diaftagmas rigidos (no seu plano) [2], devendo ainda evitar-se espagos alargados sem paredes transversais, com elementos salientes (torres ou chaminés) [3] ou reentrincias, Casos tipicos de assimetrias e irregularidades que devem ser evitadas estio reproduzidos na figura 3.1 Em Planta aN NZ Altura Figura 3.1 ~ Assimetrias ¢ irregularidades a evitar nos edificios, Assim, os aspectos desejdveis para a estrutura de um edificio sio a simplicidade, a regularidade e a simetria, quer em desenvolvimento vertical como horizontal. Estas propriedades contribuem para uma mais previsivel distribuigdo das forgas horizontais no sistema estrutural e eficdeia do seu contraventamento. Qualquer irregularidade da distribuigo da rigidez ou da massa, conduz-nos, necessariamente, a um abaixamento da sua resposta dindmica [17] Para evides iar o valor intrinseco da regularidade, diga-se que 0 EC8 [27] condi jona a anilise a efectuar em fungao dessa harmonia estrutural, sendo 0 modelo de estudo tanto mais complexo e exigente quanto mais irregular essa estrutura se mostrar (Ttabela 2.1), Cy Contraventamento de estruturas ‘Tabela 2.1 - Consequéncias da regularidade estrutural na anilise ¢ dimensionamento sismico [27] Coeficiente Regularidade Simplificagio permitida ‘Comportamento Planta | Altura | Modelo | Anilise eldsticae linear | (para andlise linear) Sim | Sim —_| Plano Estitica (a) Valor de referéncia Sim | Nao | Plano Sobreposi¢’o Modal Valor reduzido Nio | Sim _| Espacial (b) | Estitica (a) Valor de referencia Nio | Nao —_| Espacial Valor reduzido (a) Se o periodo fundamental de vibracéo Tl < 4Tc e TI < 2.0, com Te definido na tabela 3.2 e3.3do ECR (b) Dentro das condigdes estabelecidas no ponto 4.3.3.1(8) do EC8, um modelo plano pode ser usado segundo as duas direogdes principais horizontais (incluido a frente). A observaco do comportamento dos edificios, tanto em experimentagio laboratorial como na pritica, mostram que as estruturas simples, simétricas e regulares so as que menos danos sofrem e melhor resistem as acgdes horizontais. Contudo, e para edificios com geometria irregular, as acgdes do vento podem ser determinadas por simulagdes em tiineis de vento através da instrumentagdo de modelos reduzidos da sua forma ¢ volumetria, recomendo a maquetas volumétricas e arquitecténicas (figura 3.2) Nas simulagdes priticas também & possivel determinar deslocamentos, vibragdes e estudar pontos especificos da arquitectura em relagdo a0 conforto de utilizadores, como aberturas ou passagens pelos edificios, onde 0 vento pode limitar ou até inviabilizar 0 uso do espago projectado. o Contraventamento de estruturas Figura 3.2 — Ensaios no ténel de vento. Com os carregamentos determinados também se pode fazer modelagens computacionais, com programas que utilizem Métodos Numéricos, como 0 Método dos Elementos Finitos, Jargamente aplicado actualmente, buscando simular 0 comportamento do edificio frente as pressdes estiticas ¢ também dindmicas do vento [1 0} Oestudo do comportamento de sistemas resistentes a acgdes laterais € 0 seu dimensionamento sio, em geral, efectuados por meio de uma anélise eldstica. De facto, muito embora 0 comportamento material, aquando da acgio de um sismo expressivo, ultrapasse os limites da elasticidade, torna-se mais vantajoso efectuar os cilcios em regime linear e introduzir os coef nntes de comportamento correctivos, tendo em conta 0 material de fabrico ¢ 0 tipo de estrutura, As hipdteses de base desta andlise sio geralmente as que a seguir se enumeram: + Ocomportamento do sistema & admitido linear e elistieo, o que & correcto no dominio das cargas de utilizagio normal © ponderivel (coeficientes de comportamento) em situagdes de acgdes violentas e de curta durago (como 0 sismo). S6 no caso de edificios muito elevados, ter significado tomar em conta 0 comportamento nio linear do material 08 efeitos de 2." ordem sob a acgdo da soli 70 Contraventamento de estruturas + Arrigidez das lajes no seu proprio plano é considerada infinitamente grande; lez das paredes e das lajes para fora do seu plano ¢ desprezivel (numa andlise + As deformagées de esforgo transverso de elementos esbeltos (L/h > 3) © a rigidez torsional de elementos esbeltos e de paredes delgadas so insignificantes. Repare-se que para um conjunto de paredes de betio armado formando uma caixa a rigidez torsional no é desprezaivel e poder ser muito favorivel; + As dreas ea rigidez das seegdes sio baseadas nas secgdes de betdio ou metilicas: + As juntas entre elementos sdo supostas rigidas. Esta hipdtese é em geral valida no caso de niicleos de paredes em betio armado. No caso de paredes de alvenaria é mais seguro considerar em separado os varios elementos, atendendo as baixas tensdes de corte admissiveis; + A deformacao axial dos elementos verticais & desprezivel ; + Os efeitos de 2* ordem so despreziveis, em geral, tendo em consideragio que a estrutura é contraventada e, logo, de nds fixos, + Os comprimentos de encurvadura so, verificando-se a premissa do ponto anterior, correspondentes a estrutura de baixa mobilidade e, como tal, no limite iguais ao ‘comprimento do elemento estrutural Note-se que o grau de complexidade existente na andlise a acgdes laterais € bastante elevado imensional altamente hiperestitico). Assim, 0 projectista deve fazer as simplificagdes adequadas de acordo com a importincia da estrutura em estudo, de forma a diminuir 0 tempo e custo do cilculo. 71 Contraventamento de estruturas Conclusio A identifi \¢0 dos varios tipos de contraventamento, que foi efectuada, conduziu & sua posterior recomendagdo face 4 natureza e dimensio da estrutura principal, tendo sido percorridas as mais utilizadas formas de construgdes, quer urbanas quer industriais. Entre outros reparos finais que se poderiam efectuar, sub linham-se os seguintes [9, adaptado): * Na concepgdo arquitectonica de edificios altos devem contemplar-se solugdes prévias para 0 adequado langamento do subsistema de contraventamento, no jonamento dos elementos verticais e continuidade que diz respeito a0 posi estrutural — seja pela formagao de pérticos ou pelo uso de laje como diafragma rigido, composigio estética, pela definigo ou ndo dos componentes estruturais como participantes da arquitectura. Os pilares, 4 medida que se aumenta a altura das edificagdes, ganham secgao pelo esforco normal (carregamentos graviticos) e também pelo papel desempenhado na estabilidade as soli itagdes horizontais - factor extremamente relevante para a concepgdo arquitectonica das edificagdes elevadas. O prévio conhecimento da importincia do subsistema vertical e das possibilidades ja consagradas permite grande compatibilidade, enti, entre o projecto arquitectinico e o projecto estrutural; * Nos sistemas rigidos, os esforgos solicitantes e os deslocamentos horizontais sio maiores do que nos sistemas contraventados. Pelo que no primeiro caso formam-se estruturas mais pesadas, maior consumo de ago e, ‘consequentemente, menor economia; * © incremento da altura das edificagdes determina 0 aumento da rigidez da estrutura, 0 que para modelos rigidos ocorre com 0 aumento da rigidez das vigas e, para os modelos de contraventados, com 0 aumento da rigidez das diagonais [9] Do exposto parece poder-se concluir que, em regra e para edificios urbanos, o sistema ideal (até economicamente) seri o de uma estrutura base em pilares (para fazer face a solivitago grav! vento e sismo), sendo certo que certos tipos de subsistemas de contraventamento podem, -a) auxiliada por um sistemas de contraventamento (absorvedor das acgdes horizontais, simultaneamente, tomar conta de acgdes verticais. Dy

You might also like