You are on page 1of 112
O Contrato Social ee om Martins Fontes Pucas obras marcaram tanto 3 histria dd literatura plicn, Ninguém nega que (0 Contato Sociales care os principais tenor neste ampo. ‘Todo empreendimento intelectual ou aris importante aac ao mesmo tem- po de uma insaisfaio e de um impulso de entasimo, Por mais que Rovsseat aj diferente de seus predecesors, neste aspeco est em stuago semelhante. Em sun refleno politia, junto com ua pro funda insatistago existe um entusiasmo adoro. Instisfcso dante da sored «deem que vives us insciigds considera shrundas epernicioas. Entsiaamo dian- te ds ida de uma ordem social eacal- mente diferente, onde a obediéndia lei fran, pelo acordo de todos, a liber the de cada um Eases dos sentimenton guiam seu penta mento regendo a prépra consrusio de ddoutrina ews argiteuea secrets, outro lado, o sucesso do uo leva-nos com fregiéncia a esquecer o subtilo: Principios do Dieta Poca. Rowseau colocase no plano dagulo que mais tarde se chamaré o dineito pblico gel ‘ou ands eoiageral do Fstado.O.pro- ‘ema em toma do qual Rousseau ri condenar a sua reflexio pola € pres mente oda justificaio do poder, ox me thor da autoridadesuprema que Se impse 1 todor os membros da colevidade O CONTRATO SOCIAL PRINCIPIOS DO DIREITO POLITICO J.-J. Rousseau TOMO BEAD Martins Fontes oP 198 Prefito. Ps ‘Gronologia = Rousseau e seu tempo. xxv Nota desta edigao. xox (0 CONTRATO SOCIAL 1 Adverténcia. 3 Livro 1. Objeto deste primeizo live 9 1 Das primeiras sociedades. 10 Do direto do mais fore 2 IN. Da eseravid0 B ¥, De como sempre € preciso remontar a uma 4) ___ imei convengao. 49 VI Do pacto social (20 VII, Do soberano i VII. Do estado evi 25 TX. Do dominio real 2 Lore 1. A soberania ¢ inaienavel IL A soberana ¢ indivisvel, TIL Se a vontade geral pode err IV. Dos limites do poder soberano, V. Do direito de vida e de more VE Da ei VIL. Do legisiador VIIL. Do povo. TX. Continuagao. X. Continuagao..n XL Dos divers sistemas de legislaao XIl, Divisio das les. toro Itt 1. Do governo em ger I Do principio que constiul as diversas for. ‘mas de governo. IL, Divisio dos governos IV. Da democraca ¥. Da anstocracia Vi. Da monarquia. VIL. Dos govesnos mists. VII Nem toda forma de governo convésn a to- dos os paises « : 1X, Dos indicios eum bom govern X. Do abuso do governo e de sua tendéncia « degenerat XI. Da mote do coxpo politico Xl Como se mantém a autoridade soberana 3 a 3 9 54 36 9 a 65 be 103 107 108 Ill, Continuagio. XIV, Contiouagao. XV. Dos deputados ou representantes XXVI_A insituicao do governo no € um conato XVIL. Da insiuiglo do governo XVII Meio de prevenir as usurpagies do govern oo 1 A vontade geral € indestruvel I. Dos sufrgios. ML Das eleigoes. 1. Dos comicios romanos V, Do tibunato Vi. Da ditadura VIL. Da census VIL Da religito civil. TX, Conelusto Notas. 109 m na n7 18 ha 12s 18 BI 134 46 v9 152 155 197 169 De JeanJacques crianga, Rousseau escreve: “Ima sginava-he grego ou romano,” Entendamos que se entu- siasmava pelo heroismo civismo dos herbis de Plu- ‘arco. Genebra pareca-Ihe uma cidade da. Antiguidade. ogo deiea sua patra; tanto em Savéia como em Paris fempenha-se numa busca incessante de si mesmo. Aos tint e um anos, um acaso 0 envia a Veneza, como se retro do embaixador da Panga. Os venezianos nio sto ‘espartanos, Diante dos costumes corrompidos e do mat governo, € provavelmente um dos primeiros a ver, nos tempos modernos, que “tudo estava ligado a politica” Sim, mas hi um circulo, pois o govemo depende dos costumes que estimula. A primera tarefa nao € formar bons cidadoe? A politica supde uma boa educagao, O ppensamento de Rousseau est esborado. O espeticulo da Franga confirma seu diagnéstico. Logo sonha escrever Institutions pabtiques, & bons autores 20 mesmo tempo fem que compoe seu Discours sur lindgalté, depots, para a Bncilopédia,o arigo Economie politique, Em 9 de abril de 1756, recuse para Montmorency € estbelece seu plano de trabalho. Primeto resumir e co- rmentar os trabalhos do abade de SaincPerte,cujos ma rusertos le poss, sobre a Paix perptucl © a Pox ysynodie, govemo pelos conselhos. Em seguida realizar trés grandes projet: terminar as Institutions polgues Iniciadas em 1751, escrever a Morale seni, sobre 4 harmonia ene a felicidade e a vise, reunc sas lias sobre a educaclo.Intertompido pela composi impre- visa de La noutelle Helos, perde a coragem de taba lar em suas Institutions politiques, Estas devam te dias pares, uma sobre os pincpios do direto polico (uta sobre as relages ete Gx povos, Conserv a pr mein e queimou o reo. © confeide desis és obras concretizouse na redo do tatado sobre a educacto, nie, co quinto lo tata de politic. as publica simultaneamente seus prncpios do direito politi sob 6 tulo de O contrao social 17628 impossivel dexae de notar que Se miantém a Tigagao estreita entre a politi- ‘cea edveago, que Rousset i encontrava em A Rep ‘ica de Patio. Para nés, a poltica € a ane de adminisar uma s- cledade, de manternela a paz socal, de wansformar a Tegslagso para adapesla As modlficagdes acanetadas pela histéria, de controlar as diversas atvidades dos ho- tens de tal modo que a8 insuigoes seam juts e ef Cazes, de regula as elagdes entre o Extado e os outos Eaados.Falamos de poticafinanceia, escolar, econd- mica, social Mas a enfase € outa quando a palavra se ples 4 are de conquisar ov de conservar 0 povetno. Rouseau ceramente no ignora esses problemas. Sabe, em paricolr, que a politica €, como se dss, a ate do Possve cleo most quando ralocina sobre casos con- {retos: 4 Polbna, a Crsega, Genebra, ou quando esc ‘eo antigo Bconomie poltique, Também sabe que spor rpc ‘de conceber uma ciéncia poltica que busca as leis que “resultam da natureza das coisas”: Montesquieu forneceu os principios em seu O expt das Kis B)>Roussea ‘io ambiciona refazor ea Binder, Rem exudar @ politica em si mesma, mas determina seu Fandament, 0s “principio do dteto politico". Mon em Primeio huge usta socilogd, Rousseas € Fl6sofo, Beier ca cae Cs Eee os eee bo tajto enconra accessriamente a politica. Nao se ppreende o que os homens podem admitie os meios de formé-los. Sobre esse saber, 0 Legislador estabelece um sistema de leis, das quais moitas sto arbiterias, até mesmo surpreendentes, mas respondem 3 finalidade da Cidade. A evidéncia de muitos precetos de Moisés nao se impoe: proibiczo das imagens, sabi, tabus alimenta- fes, regras de cisamento ou de partlha de bens. Seu papel € obrigar constantemente 0 povo a sentir-se uno, Sob uma lei, em sua diferenga de todos os outros, En- tregarse a habitos que the dio uma s6 alma, Num outro estilo, Licurgo 0 fez em Esparta, e Rousseau tentou imitlos, quando seus amigos poloneses, ranomados ela iminéncia do pergo, pirate conselho Mas € preciso ssdnalar que 0 Leislador no € nem soberano, nem magisrado, Permanece fort do pov pode scr earangero, Prope um seria que o scbersno adota. Depois se retira. Portanto € um pedagogo, que busca & mancia de fazer homens, pond as ena um dciptina que as mode ar setrarem sen F um mediagor ene jsga para € oS ates uma expec cde genio univer, que se inpbe peo prego de ua inspiragio e empreende a “desnaturagio” dos homens, 0 _que significa: fazé-los sair do isolamento, de seu egocen- temo espontino, obi osase verem como elementos ‘de um too, como “unitadesfraconiia’ en abso ts, ubmetido Te io 6, 0 ever, capanes de vencer Sitmesmos, logo, viewoso.Acrescentemos QUE, ars qUE as consis sam bem eaarecds € os hbion sa {oso itera da les devera srt Esa espécie de raconalim, espinal e mor, € um dos pontosdelcacos da dvi. Ene o invids lismo e © univesalsmo, Rowsens quero cist. Para cle, po hi amor fraternal de tds» humanidaderaa- Se os iraos que no se vem passe dispensat dear © proximo. A boa Cidade, realmente un, orga, per manece na media de nossa experinca, no ene ite ‘esses demasiado dvergntes,podemos penta, que Ine aml, Mais lm, ours Gace existe. Rousea ¢ adversirio do cosmopaitsmb que dest ss Singular ‘dades,denanca utopia do bom abade de Saint Pere Sobre'a paz universal. Para ele as cides tem povcos ats com as ouase vivem ma aurea econdmica Peranecem ente sino ado de natrera.Mesmo que Pst existam, 21 manera antiga, leis de hospitalidade, nao hi conitato socal universal. Em termos bergsonianos, diga- mos que a moral civca de Rousseau € fechada, © problema coloca-se quase da mesma maneira para a religito, fermento da unidade espiritual. Ovigario sa boiano ensina que a verdadeira religto € natural, isto 6, sensata, mostrando um Deus autor ¢ guardiio de toda ordem, c6smica e moral, ea imonalidade da alma. A rell- so assegura a consciéncia moral e foralece o homem fem seu dever. A moral do ateu € sem fundamento, sua adesio ao contrato social, sem garania:ndo participa da alma da cidade, ndo tem lugar ali. A religiao civ unica fs coragbes sem forgar as consciéacas, pois ela. nao impoe nada que nio seja sensato, inclusive 0 reconhecl- mento do cariter sagrado do contrato. Nao & intolerant, [As formas do culko ndo concemem as consciéncas, s30 ‘da aleada do governo, “etarutéias’, dirt Kan, e entram no sistema das les. liberdade das consciéncls s6 tela sentido se coexisissem tradicionalmente varias religioes Mas a vontade geral no pode ir mais longe que a ret 80 natural Talver Rousseau tivesse nostalgia do tempo em que cada Cidade possua seus deuses, mas € preciso que se coloque a questio do criianismo, ao qual o vigitio dava sua adesio, Enguanto exprime a religio natural, nada dizer, com a condigio de que nio se tome “fanitico”, intolerante. Mas ele pretende ser uma relgito universal, {que no limita 0 préximo ao concidaddo: no poderia por- tanto aceitar 0 cvismo como principio titimo. Sob certos aspectos, 0 esto no pode ser totalmente cidadio. Na Cidade fechada, vamos dizer, ele representa a moral saber, Cenamente Rousseau proclama a universslidade da conscigncla moral € 0 vigitio repelia expressamente as anomalias moris que tas ajantes descrevem aqui ou ali £ um ponto em que o pensamento de Rousseau se ‘embaraca por nto haver considerado, como Kant 0 cere ‘ura, um estatuto do génewm humano, '& um aspecto importante de sua atiude. Se & um ‘tant sticente quanto a considera a fala como 0 mo- delo da sociedade politic, as duas insituigdes sto no en tanto pensadas em conexio.O casamento é una decis20, lum contrato social panicular entre duas pessoas, ea fa: ni, assim que os filos tm uso da razao, deixa de ser ‘natural para se tornarcontratual. Nesse sentido, poderia- mos vera Cidade como uma grande familia, onde a edu cacao é pablica, logo coletva. Como toda familia, nlo ppoderia ser iimitada sem disipar a forga de sentimento {que une seus membros. ‘Temas duas versbes de O contrato social. prime'- 1, que $6 foi publicada no final do século XIX, parece ter sido redigida por volta de 1758. Nao oferecem dife- rengas doutrinais imponantes. Rousseau modiicou a frdem das duas primeteas partes para tomas mais coe- fentes. A primeira comecava com a sociedade geral do _género bumano (cap. 1), que fazia a ligagdo entre 0 Discurso € O contrato social. Esse capitulo suprimido cede lugar na versio definitva a uma polémica contra as. Soutrinas adversas, A questio da soberania € passada para o segundo livro, Rousseau refaz 0 capitulo da rel ‘pio civil que era demasiado polemico na primeira ver- ‘Sho, Termina o terceio livro esbogado ¢, fel a seus pri melros amores, inroduz. num quarto capitulos sobre 2 “policia® roman, para mostrar eomo funciona “um Con: selho de duzentos mil homens’ prgace = ivr, proido ma Feansa, condenado em Ge- ifundivse lentamee- Foi julgado dif che- ‘Fada da Revolugio fez com que 0 lessem: falaram muito dle, ¢ as vezesnele se inspiraram, como, por exemplo, Robespiere ¢ SaintJust. Para homens 2s volas com & acto politica urgente, ele esava um pouco afastado dos fatos € preciso sobretudo assnalar 0 ulto extraoring fio prestado a Jean-Jacques ap6s sua morte. ‘Transfor mmaram © autor de O contrato socal em mito & em si bolo estimulante ca reconsrugao polite. Sua estva ‘em Paris, sua transeréncia para 0 Panthéon, 0 decteto de 7 de maio de 1794, instuindo os dogmas da religito do vig saboiano, x40 0 Apices disso, Liga assy 2 Revolugio, sua obra participa dos julgamentos e dos sentimentos contraditrios susctados por esse momento \ecisivo de nossa histra, Aw cerea de 1830, Rousseau ermanece atyal Despertri paixdes até 0 inicio de ‘nosso século. Enigementes, na_Alemanha, Kant, Fich Hegel faziam deleum cissiso da flosoia oda ser quaifcado como utopia, porque se mane tém no nivel dos principios, no abstrato. Const6i a smiquina, diz ele, cabe aos outs fazéla funcionar. Es: ‘abeleceram-se duas tradigdes inversas: uns Item em O. Contras apotogia & a deta, da Bondade do ‘Povo. Outros comipreendem ali a aniecipagio do que jhamames regimes toalitinos.Isolan-se e “emalgamse Faciimente os texios. No enianto, esis duas scries de ‘conseqténcias que s¢ extriem deles menosprezam, a ‘nosso ver, fto de que para Rousseau a autoridade no nem 0 pow, em sua realidade, nem 0 poder politico, mas a @zio escareida pela conseiéaia Soberano em Aieito5 powo € digno dele se raz em 5\ a vontade ge- {ral ndo suas paixdes ou seus preconceitos; mesmo sen} do possivel admitir que as paixdes e os preconceltos lanulam por sua oposi¢o, hé maior probablidade de sna maioria exprima a vontade geral. Quanto 20 gover 30, ele se exerce legtimamente somente nos limites de ‘uma lei que ele mo faz, © 0 Legisador inspirado perma rece sem poder. Assim, o herbi messiinico que nosso tempo conheceu, com 0 aparlho de sua policia € ploracio de sua propaganda cienfica, nto tem relacio ‘com a doutrina humanista de.O. contro, Ele ve chara propriamenteo tno, Ceramente Rousseau sabe que os homens so mal-educados, pouco esclarecidos, com fre~ ‘qdencia pervertdos 2 ponto de ignorar sua consciéncia, Datizada preconceto, subordinando seu julgamento 2s palxdes. Nunca tém em vist, a maneira de Maquiavel, ‘que se possa explorilos. Mas, sobrenido, okamos 20 es: sencial, 20 tema que di sua verdadeirs, e sempre atval, signifcacao politica 2 Rousseau 'A politica implica antes de tudo a educacio do cida- dio, Apenas homens esclarecidos nao se detxario enga- ‘ar por insidioses propagandss, erdo como tnica paixio ‘amor pela pris, x6 eles poderto estabelecer uma so- Cedade jusa. Enquanto no formos capazes deste esfor- ‘0, permaneceremos escravos. Como moralsta © como flosofo, Rousseau anuncia que os homens sio responsi- veis pela sociedad que fazem, qualquer que set a escusa sociologica que possam encontrar, © contato social nto term interesse historic, & a condigto implica de todo jul- ‘gamento politico. A Cidade s6 existe tendo em vist 0 ‘bem do homem, isto €, sua realizagio como vootade es- Clarecida. Sendo as siuagdes demogrificas, econdmicas ‘04 outras que sto, nto nos devemos entregar a'um des. Pre tino que tansformasia os homens em simples objets, ‘mas nos referimos aos objetvos da Cidade, determing. dos pelo contto, No nos debzaremos mal ede nem pelos demagogos, os homens das palates, nem pelos tec ocratas, 0s homens do destino, ato ensinava que, no xado bem institu, om fotos seram rls eo es fe sofas 0 & mb edocadores De eso, basa lembrat 203 homens que amar a si mesmo, essa indicagio ds nas turea,€ desearse verdaderamente lve, io ibis Rousseau era suicientemente cco acerea de seus ‘oncemporinos, até mesmo de ses compatriots, para tao eraergar a decacia das insttuigbes eds cost mes f por so que se pesuadiu de que a zona de 3520 do horem de boa vontade agora nao podia estenderse ‘muito além da fanaa e que seu tatado de educa se lmiou a esse dominio. talvez os pais ainda postam ec car seus flhos de acordo com a ratreza, 0 qv sgifea Sensatamente Mas iscreveu O contro sola n0 Ble Sev aluino nao ignora os reveses eos disabores, a ambi G20 do mesve € que o verdadeio homer termina se Immpondo sobre aqueles que nfo passam de excavos. Mulipliquemos os mies etalvex chegue o dia em que ventura da cidade antiga poder recomecat sob via forma nova Pere Burglin Cronologia Rousseau e seu tempo L.A Preparacao (1712-1742) 1712. 28 de juno, Nasce em Genebra Jean-Jacques Rows- seau, segundo filho de Isaac Rousseau © de Su anne Berard, Esta morte em 7 de julho, Betkeley: Didlogos entre Hylas ¢ Philonous. 1712-1722. Rousseau vive com seu pai, ¢sob sua influén- ia 1 romanegs, sobretuda Plutagco.” 1713, Nascimento de Diderot 1714, Leibniz: Monadolagie. 1715, Morte de Luis X0V. 1721. Fundagio da primeira loja magdnica na. Franca Montesquieu: Letre persanes. 1722-1724, Issac Rousseau muda-se para Nyon em 1722 Jean-Jacques © seu primo Abmham Bernard so ‘mandados para Bossey, onde sio pensionisias do pastor Lambercier. 1722, J-S. Bach: Cravo bem temperado, 1724, Nascimento de Kant, 725, Aprendizado com o gravador Ducommun, 1727, Mome de Newton. 1728, 14 de margo, Rousseau abandons Genebra tor nase calico. No dia 21 encontra a Sr. de Warens fem Annecy. Em 21 de abril abjura em Tusim. Tra- balla como lacaio e secretaro. 1729-1731, Apos um ano de servga na casa de panticula- es na tli, Rousseau vai viver em casa da Sra. de ‘Watens em Annecy, mais tarde em Chambery. Aprenders diversos oficios, especialmente misica, sgens 2 Suiga (1730-1731), a Pars Gunho-agosto de 1730, ‘Outubro de 1731-junho de 1732, Roussea trabalha no cadasto de Savoia, 1734, Montesquieu: Considérations. Voltaire: Lettres anglaises. 4.1735 ou 1736, Primeira estada em Charmettes (Chambéry), ‘casa de campo da Sra, de Wazens, onde comegs a 1738-1739, Em Charmettes, Rousseau prossegue sua edu- ‘cago clentfica, terri, flosoica e compoe seu smagasin d ides. 1739 Hume: Traité de la nature bumaine. Frédéric I: Anti Macbiavel 174021741, Estada em Lyon como preceptor dos filhos de ‘Mably, fungio em que nao se sai bem. Escreve © ‘Prog! pour l@ducation de M. de Sainte-Marie. Ea tra em contato com 0 filsofo Bordes © com 0 ci urgito Parisot LH Os Anos Partstenses (1742-1756) 1742, Depois de sua chegada a Paris, Rousseau apresen- ta 8 Academia de Ciencias seu Projet concernant dde nouveatessignes pour la musique. ona 1743-1744, Relagdes com os Dupin e com os Francuel Co- ‘mega a escrever uma Opera: Les muses galantes. Rousseau passa uma temporada em Veneza como secretirio do embaixador da Franca. Descobre a im- portincia da politica 1745, Amizade com Diderot. Primeira apresentagio de Les ‘muses galantes. Inicio de sa ligagio com Thérése Levasseur. Deixaré seus fllhos no Enfante-Trouvés Gsilo de cangas abanddonacs). 1746, Secretirio da Sra. Dupin, Rousseau tabalha com ela fem um livre sobre as mulheres. Publicaglo do Essa! sur lorigine des connaissances bumaines, de Con dilac. C748) Moneesquicu publica Oespinto das les T7A9. Rousseau escreve os ages sobre misica da Bncy clopadie, Em outubro, na estrada de Vincennes, Indo vistar Diderot, que est preso, I no Mercure de France o tema do concurso da Academia de Dijon: Seo restabelecimento das ciénciase das ar- 1s contrbusu para purficar os costumes; tem uma inspiracao repentina. Buffon comeca a publicar sua Histrla natural _— Nascimento de Goethe. 41750)9 de julho. O Discours de Rousseau sobre as cién- clas e as artes € laureado, Esse aque contra 3 ¢ viliagio parisense ter grande repercussio e seré ‘objeto de polémicas de 1750 a 1752. 1751, Voltaire: Le sidelede Louis XV. Inicio da publicagao da Encyclopaie. 1752, outubro. Le devin eliage, letra e mvisica de Rouse ‘eau, € representada em presenga de Luis XV. 0 Autor se retira sem querer ser apresentado, Em de Se pea teeta tenemos easeee eae 1053, noone ee eretoan pa medi Be ee ees cee ol cel ee eaeter ee eccrine tenet ee ae ee Mecicodeiehperietrrete Sere reas, =~, recusamelhe o ingresso & Opera (dezembro). agen te ee eee ge Pare eee ees So 175 Puberl dseando Dsus com ma de pire para taba baie Some Ve Bnet conch oa ke ee oe UIA Solldao de Montmorency (1756-1762) 1756, 9 de abell. Rousseau instaka-se em Ermitage, casa de campo da Sra, DEpinay. Comeca a meditar c= bre os amores de Saint-Preux e Jule 18 de agosto. Carta a Volar sobre 0 wemor de ter- ru em Lisboa e a Providéncia 1736, Nascimento de Mozart, Voltaire: Essay Su les moeurs. Margués de Mirabeat: lam des hommes. 1757. Idlio com a Sea, de Houdeto. Bega com Grimm, ‘Sra. DEpinay e Diderot. Em dezembo insal-se no ‘Mootlouis em Montmorency. Coat. 1758, Rousseau responde a0 artigo de Alembert sobre Genebra, publicado no tomo VII da Encyclopédie 4 Lettre a M. d'Alembert sur ls spectacles. Porque Rousseau nado quer o teatro que Voltaire e seus amigos queriam ver estabelecido em Genebra, RoUs- Seau termina a redacao de La noweelle Heloise e ‘comeca a preparar Emile. Abandona a idéla de cescrever suas Insitutions potiques, Trabalha so- ‘re os manuscritos do abade de Saint-Pierre (1658. 1748), Quesnay; Tableau économique. 1759, Voltaire publica Candide, que Rousseau ro le. Ami zade com o marechale Sra. de Luxembourg, Condenacio da Encyclopédie 1769, Franklin: invengao do para. 1761, janeiro. Publcacio e sucesso de La nowwelle Hé- toss, {2782 ani, Rossa cacteve a ut cars aobio- ‘grificas a Malesherbes, O contnato social € publi ‘cad em abril e Emile em maio. IV, Os Anos Ervantes (1762-1770) 1762, 9 de juno, Condenagao de Bimtlee processos con- tra o autor, que foge e se refugia em Ywerdon (14 de junho), depois em MOtiers (10 de julho), no principado de Neuchatel, que pertence ao rei Fre= derico da Prissia. Em 19 de junho Fimilee O com {rato social sio queimados em Genebra, Em 28 de ‘agoso pastoral conta mile de Chrstophe de Bea ‘mont, arcebispo de Pars. Rousseau respontle pars se defender a Lares & Christophe de Beaumont, aque seri publiada em margo do ano seine 1763, Rousseau renuncin 4 bunguesa de Genebra. Seu compatriotaTronchin publica as Lettres dries de a campagne 1764, Rousseau responde a Tronchin através das Les derites dela montage, onde aca 0 proces ile ado conta ele e examina a instics religions © Civs de Genebra. So publeads no fim de outubro. Enpenlase em reg um projeo de consul par a Gorsega, Taba em suas Confessions =>) Wolaie: Dictionnaire piesopbique 1765) Rousseau, que pratca sua seligio, desntende-se ~” com 0 pastor e com os habitantes de Motes. ES- tadas naa de Saint Phere im outubro € explo peo Pequeno Consetho de Berna. f festa em Exsusbugo (oovembr) eem Pars (dezembro) (27) Panda para a Inglaterra com Hume 7. Rousseau, que (des ‘com HOA volta & Frings ese instala no fim de fsbo em Trye, em ‘Beauvaiss, em casa do principe de Cont. Seu Dic tionnaire de musique’ posto a vena em Pais no final de novembro. James Watt constr a méquina a vapor. 1768.Deixa Trye em meados de junho, pass por Lyon, Grenoble, Chambery se instala em Bourgoin no Dauphin€ em agosto, No da 30 case-se com Thé- Ree cromatit V. Parts, Oltmos Anos (1770-1778) 1770, fm ari, Rousseav deixa Monguin, onde tinh se estabeleido no fim de janeito de 1758. Em jino irsalase em Pars, na rua Pte. Comega a fazer letras privadas das Confess Nascimento dediegeD 1771 Comego de sas relagdes com Berardin de Saint Pere Lures publics das Gonfessons. Con sas Conidraton sure gousernement de Poog- ne esr a pedi de Wiehorky 172, Kascmento de Reardo, de Foure, de Novalis © de Coleridge. Fim da publicago da Eneclpée 173, Rowse eceve ses Dales comeyados 9 a0 titer Reuss jug de eanacues pr defen der sus obra emia Peson pret poser 174, Mone de ais XV 1775, Representa de Plgmalona ComédieFanaise 176,24 de fever, Roustens no consegue deposiar Seu manuserto dos Dialogues no atarmor de Novre Dame. Em sbi dri na ut sa ear 1 out francais cimant encore laste la t= 16, Componigio dos dos prineios Paseos de ‘Rivers promeneur soar Declargto de independéncia das colénias ingle sas.na America, Thomas Fane: The Common So- Se. Adam Smith: A riquesa das nage. 177. Composite dos cinco Pasir suites {@778) Compost dos Since Pastor Rousenndiige se n0 dia 20 de maio a Ermenonvll, 3 casa do St De Girardin. Therese vai ter com ele no dia 26 Rousseau morre no dia 2de jlho e 6 enterrado no sia 4 na iha dos Peuplers, que logo se tomara umn local de peregrinagio. Mone de Voltaire (10 de maio) Goethe: sphigente (primeira verso) VIA Gl6rta Postuma 1782, Poblicago das obras de Rousseau em Genebra pelos cuidados de um comit®. Ente 0s inéaitos: 05 textos sobre o abade de Saint Piere (apenas 08 e- ‘aut sur la pate perpétuellehaviam sido public dos em 1761) a primeira parte das Confessions, os Dialogues. as Réveres. 1788, Mme. de Sal publica suas Lettres sur fe caractere tes écrit deJ-f. Rousseau 1789-1791, Assembléia Consttuinte 1790, julho, © busto de Rousseau € carregado triunfal- mente em Pars. 1791, janho. A rua Plitiée gana © nome de J-J. Rous- 21 de dezembro. A Assembleia Consttunte apro- ‘va a realizaglo de uma estitua de Rousseau € a concessio de uma pensio para sua viva, 1792. 0 Conselho Geral de Genebra anula 0 decretolan- «ado contra Rousseau. Queda da monarquia 1794, 7 de maio, Por decreto da Conveneio, 0 pove fran ‘és reconhiece a existéncia de Deus, as sangoes da vida fumurae a imonalidade da alma, crag 26 de setemibro, Thérése Levasseur oferece & Con- vvengio um manuscrio das Confessions, 9-11 de outubro, Transferencia dos restos de Rows- seau para o Panthéon, A cerimOnia & seguida de festas solenes em Lyon e em diversas cidades, 1795. Kant publica seu livro: Para a paz perp. 1801. Dia 12 de jlho Thérése Levasseur more em Ples sis Belleville, pero de Ermenonville Nota Desta Edicao A presente raducto fol fia a partir do texto da edi- ‘io orginal de 1762, As notas indicadas por asteriscos e apresentadas no pé da pagina sao de JJ. Rousseau. ‘As notas indicadas por nimeros e apresentadas no final do livo sto de JM, Fateaud e M. C. Barholy,pre- pparadas para a edigdo da obra publicada na série Univers des Letzes Borda, Ed. Bordas, Pais; selecionadas, a+ ‘duzidas e adapeadas por Marla Ermantina Galvio G. Pe- 0 tor O CONTRATO SOCIAL ou Principios do Direito Politico pordeh Rowseau,cidadio de Genebra fede acquas ‘Dicarns ges, eid, Xt Adverténcia ste pequeno tratado fot extratdo de uma obra mats extensa, empreendida outrora sem nenbuma consulta {as minbas forcas e de bd muito abandonada. Dos diver- ‘05 trechos que se poderiam tirar do que estava pronto, tate 6 0 mais considerdvel e pareceu-me 0 menos indig- node se oferecido-ao publico, O reso fa ndo existe mats, Livro ‘Quero indagar se pode exist, na ordem civil, lgu- sma regra de adminisragio legtima e segura, consderan- do 08 homens tais como sio e as leis tis como podem ser. Procurarel sempre, nesta investgacio, allar © que 0 direlo permite a0 que 0 interesse prescreve, a fim de {que 2 justiga ea utlidade ado se encontrem divididas no na matéra sem provar 2 impordncia de meu| wssunto, Penguniar-me-do se sou principe ov legislador 2 escrever sobre politica. Respondo que no, © quel 'ss0 mesmo escrevo sobre politic. Fosse eu princ legisldor, ndo perderia meu tempo dizendo o qu [deve Ser feito: ou o fara, ou me calara. ‘Nascido cidadio de um Estado livre e membro do Soberan’, por frgil que sej a influéncia de minha opi- ido nos negocios pablicas, 0 direto de votar basta para Iimpor-me o dever de instuirme a esse respeito. Todas as veres que medito sobre 0s governos, sinto-me feliz por encontrar sempre, em minhas reflexdes, novos moti- vos para amar 0 do meu pats! cartravo 1 Objfeto Deste Primetro Livro © homer, thoade, Aquele que se cr senhor dor outros nfo deta “Ge ser mais ecravo que ees. Como se de essa mudan- {22 lgnore-o.O que pode eg I” Creto poder resolver sta questo, Se eu consierase apenas a fora eo efeto que dela deriva, dita: enquanto um povo € obrigado a obedecer © 0 faz, age bem: assim que pode saci ese ago © 0 fax, age melhor tina; porque, recobrando a ibewade pelo mesmo deo que Ia tina arebatado, ou cle te ako em retomla ou no tinham em ha tae. Mas a sdemsocial € um direto sugrado, que serve de base part todos os demals, Tal cre, erento, no adem dana ‘ureza fndase, pos, emicontendies, Ttase de saber xs tao moe as prinout pro rs ‘Stepin Guage ro met se oan oe, a ae ‘apie oar es pena Ap de Ta ener ‘impo do to, pects pease Ge ene mc, ‘SEun ftmaiie clu We Css Ire Fes che ncn a“ Dastrse ast mesmo; aquele,enfim, que reine @ consis tacia de um povo antigo a docilidade de um povo mo- ‘demo, O que torna penosa a obra da legislacdo no é tan- to 0 que cumpre estbelecer como o que cumpre des tui, © 0 que toma o sucesso to raro @ a impossbilida- de de encontrar a simplicidade da natureza junto com 28 nnecessidades da sociedade. Todas estas condigées, &ver~ dade, dficlmente se acham reunida. Bis porque se véem, ‘poucos Estados bem constituidos. Exist ainda na Europa ui pais capaz de legisla: a itha da Cérsega, O valor e a constincia com que esse ‘bravo pova soube reconquistar e defender sua liberdade bem merecem que algum sibio Ihe ensine a conservicla ‘Teno certo pressentimento de que um dia essa peque- ra ilha havers de assombrar a Europa”. ccartrexo x1 Dos Diversos Sistemas de Legislagao Se indagaemos em que consi precisamente © maior de todas os bens, que deve ser o fim de qualquer sistema, de legislagdo, chegaremos 8 conclusio de que ele se re ‘duz a estes dois objtivos principals: iberdadee a igual- dade liberdade, porque toda dependéncia particular & ‘gualmente forga trada a0 corpo do Estado, a igualdade, Porque a lberdade no pode subsist sem ea, "icdisse 0 que € iberdade civil, respeito da igual- dade, ndo se deve entender por essa palavra que os graus ‘de poder € riqueza sejam absolutamente 0s mesmos, ‘mas sim que, quanto ao poder, ela estejaacima de qual~ ‘quer violencia e nunca se exerca sendo em vimude da classe ¢ das les, e, quanto 2 riqueza, que nenhum cida- ‘Go seja 2ssaz opalento para poder comprar 0 out, € rnenhum assaz pobre para ser obrigado a venderse. ‘que supe, da pant dos grandes, moderacto de bens & de crédito, e, da parte dos pequenos, moderago de ava era ede cobiga’ sea igualdade, dizem, & uma quimera especulativa _que nio pode existe na pritca. Mas, se © abuso &inev ‘vel, segue-se que nio se deva pelo menos regulamen: ‘lo? Eexatamente porque a forga des coisa tende sem pre a destruir a igualdade que a forga da legislacdo deve sempre propender a mant&la ‘Mas as objetivos gerais de toda boa insiuigio de- vvem ser modificados em cada pais pelas relagtes que nascem tanto da situagio local como do carter dos babi tantes,e € com base nessas elagdes que import destinar 1 cada povo um sistema panicular de insituigdo que seit ‘omelhor, nao talvez em si mesmo, ms sim para o Estado 20 qual se destina. Por exemplo, 0 solo & ingrato e ext rl, ou o pais excessivamente exiguo para os habitantes? ‘Volta-vos para 2 indstria e as antes, cs produgbes tro- cates pelos géneros que vos falkam. Vives, ao contririo, fem ricas planicies e encostas fetes? Num bom tereno, faltam-ves habitants? Dedial todes o8 vossos cuidados 4 agricutura, que mulplica os homens, e esquecel as artes, que s6 acabarlam despovoando o pais, amontoan- Que acne 2 snd? Api os rs een tno ‘pars So pone nan tet ne has ope tomar. fer ca by rime cpr, ot ure Res 5 Semcon dense rato re dean Se oon rans empress mo wat uae pbs a cope 2 6 do em alguns pontos do teit6rio os poucos habitantes {que poss. Viveis em cosas extensas.e cémodas?Jun- cai o mar de navios,cultival 0 comércio e a navegavio, tereis uma existéncia brihante e fii, O mar em vossos Itorais nao banha senio rochedos quase inacessivels? Permanecei barbaros eictibfagos vvereis mai tanqui- los, talver melhor, e seguramente mais feizes. Numa palavra, além das maximas comuns a todos, cada povo fencerra em si alguma causa que 0s ordena de maneira particular e tora sua leislacto apropriada unicamente ele, Foi por isso que os hebreus outrora, e recentemen- {eos érabes, iveram como principal objeto a relgito, os atenienses as letras, Cartago e Tro 0 comércio, Rodes a ‘marinha, Espara a guerra ¢ Roma a vitude. © autor de O espinto das leisdemonstrou com muitos exemplos com {que are o legisladordiige a instituigio para cada um de seus objets ‘© que torna a constiuiglo de um Estado verdade- ramente sla e duradoura € o fato de as conveniéncias serem de tal forma abservadas que as relagbes natrais as leis estio sempre de acordo nos mestos poatos, & estas dlimas mo fazem, por assim dizer, sen asseu- ra, acompanhat ¢retificat as outeas. Mas, se 0 legislador, enganando-se em seu objeto, tomar um principio dife- rente daquele que nasce da natureza das coisas, um ten dendo para a servidio e © outro para a liberdade, wm para as rqueras e o outro para a populagto, um para a [Paz € outro para as conquists, veremos as lisse enfra- Ganka no ecm ni dt as Sh, a ‘én tn anes ae pao roo ct ge pect ws prs ou meme aiunae cae, mans so em nt ei pn mm tence op quecerem gradualment, a constitugio se aera ¢ 0 Es tado nfo deixar de agitar-se até ser destuido ou mud do ea invencivel natureza recuperss 0 seu impéri. ccavtruto x Divisdo das Leis ara ordenar 0 todo ou dara melhor forma possivel coisa pablica, hi que considerae diversas relagbes, Pri- rmeiramente, a a¢20 do compo inteito auando sobre $i mesmo, isto €, a relacio do todo com o todo, ou do sobe- ‘ano com 0 Estado, ¢ essa relagao 6 composta da relacio os termos intermediiros, como veremos mais adiante, AS leis que regulam essa relagio sao denominadas leis polcicas; chamam-se também leis fundamentals, na0 sem alguma razao, se forem sibias, Porque, se nfo hi, ‘em cada Estado, sendo uma boa maneita de ordent-lo, 0 Povo que a enconirou deve conservé-la; mas, se a ordem festabelecida & mi, por que tomar por fundamentas leis {que a impedem de ser boa? lis, em qualquer situacio, lum povo é sempre senhor de mudae suas leis, mesmo as melhores, pois, se Ihe agrada fazer mal a si mesmo, ‘quem teri dirito de impedilo? A segunda relago € 2 dos membros entre si ou com © corpo todo, e essa relaglo deve ser no primero caso "Wo pequena e no segundo to grande quanto possve, e sorte que cada cidadio esteem perfeita indepen éncia de todos os outros e em excessiva dependéncia «a Cidade; © que se consegue sempre pelos mesmos melos, pois sé a forga do Estado faz a liberdade de seus 6 membros. & dessa segunda relagio que se orginam as leis cvs. Pode-se consierar ums terceia espécie de relacio entre 0 homem e a lei, a saber, a da desobediéncia 3 pe- naldade, dando lugar 20 estabelecimento das leis crim- ris, ue no fundo So menos ima especie panicular de leis que a sancio de todas as outs. ‘A essas tes espécies de les, jta-se uma quar, ‘mais importante de todas, que mo se grava nem no mar- more nem no bronze, porém nos coragbes dos cidadaos; ‘que faz a verdadeira constiuicio do Estado; que ganha toxlos os dias novas foras: que, quando as outas leis ‘envelhecem ou se extinguem, as reanima ou supe, con serva um povo no espinto de sua instrigdo e substitu _radualmenteaforga da autoridade pela do nabito.Refiro- me aos usos, 20s costumes e sobretudo 4 opinizo, pare desconhecida de nosos politicos, mas da qual depend ‘o sucesso de todas as demals; pare de que o grande legis: lador se ocupe em segredo, enquanto parece limitarse a ‘egulamentos parculares que no passam do cimbre da bobada, da qual os costumes, mals lentos para nascer, formam enfim a chave inabalavel, nite esas diversas classes, 2s leis polticas, que cons- tiuyem a forma do governo, 0 as Gnicas ligadas a0 meu Livro HII Antes de falar de diversas formas de gover, procure ‘mos fixar 0 sentido preciso dessa palava, ainda no per- feitamente explicado. carfrawo 1 Do Governo em Geral Previno oleitor de que este capitulo deve ser ido pau sadamente, ede que nio conbego a ante de ser claro para quem nio desea ser atento. “Toda ago livre tem duas causas que concorrem para produzils, uma moral, 2 saber, 2 vontade que determina ato, ¢ outa sia, ou Sea, 0 poder que a executa. Quan- do me dinjo 2 um objeto, € preciso, primeio, que eu queira ir até ele e, em Segundo lugar, que meus pés me levem ate ld. Que um parltico quera core, que um. hhomem Agi nto 0 quer, ambos ficar4o no mesmo lugar © corpo politico tem os mesmo méveis; nele se distin quem foreae a vontade, esta sob o nome de poder legi- lative © aquela sob o nome de poder executio!. Nada se faz ele, ou nlo se deve fazer, sem Seu concurs. ‘Vimos que 0 poder leislativo pertence a0 povo, €s6 «tele pode pertencer& ici perceber, 20 conritio, pelos rincipios antriormente estabelecides, que o poder exe ‘tivo nto pode pertencer 20 conjunto dos cidadios como legislador ou soberano, pois que esse poder consiste apenas em atos pariculares que nio slo, em absoluto, da algada da lei, nem, por conseguinte, da do soberano, ‘cos atos 56 podem ser leis. Requer, pois, a forca pablica um agente proprio que retina ea ponha em agdo segundo as diregbes da von: ‘ade geral, que siva para a comunicacio entre 0 Estado e co soberano’, que fica de certo modo na pessoa pablia 0 {que faz no homen a undo da alma e do corpo. Eis qual 6, no Estado, a azio do govero, confundido indevida- ‘mente com 0 soberano, de quem & apenas 0 minis. Que vera ser, enti, 0 governo? Um corpo interme dlirio extabelecido entre os silts €0 soberano, ara per- mitir sua metua correspondéncia, encarregado da exe cuglo das leis € da manutengo da liberdade, tanto civil como politic (Os membros desse corpo chamam-se magistrados ou ‘eis, sto &, govemadores, € 0 corpo txo reeebe 0 nome de principe. Desse modo, mits razio assiste 308 que pretendem que o ato pelo qual um povo se submete a che- fes nao & um contrat. Isto ndo é, absolutamente, sero uma comissic’, um emprego no qual, como simples of ‘ais do soberano, eles exercem em seu nome o poder de {que os fez depostirios, ¢ que pode limita, modifica retomar quando Ihe aprouver, sendo a alienacao de tal dlireito incompativel com a natureza do compo social e contra finalidade da associaco. CChamo, pois, govemo ou suprema administag20 20 ‘exercicio legtimo do poder executivo, « principe ou ma aistrado a0 homem ou ao corpo encarregado dessa admi- ristagao, min ee ner on cl one de Sanne om meat quand ges se ome, Eno govemo que se encontram as Forgas intermedis- sas, cujas relagdes compoem a do todo com 0 todo, ou do soberano com 0 Estado”. Pode-serepresentar esa iti- ‘ma relagio pela dos extremos de uma proporcio conti- na, cua média proporcional 0 governo. O governo re- ‘cebe do soberano as ordens que di povo,e, para que ‘0 Estado permaneca em bom equilbri, énecessirio que, ‘do compensado, haja igualdade entre 0 produto ov 0 poder do govemo, tomado em si mesmo, ¢0 produto ou © poder dos cidadies, que por um lado sio soberanos e, por outro, sds ‘Ademais, no se poderia alterar nenfuum dos es ter mos sem romper instantancamente a proporcio. Se 0 soberino quer governar, ov se 0 magisrado quer pro ‘mug les, ou se os sGtos se recusam a obedecer, a de- sondem toma o lugar da regra, a forca ea vontade Ji n20 ‘agem de comum acordo e o Estado, disolvido, cal assim ‘no despotsmo ou na anarquia.Enfim, como exise ape- ‘as uma médla proporcional ene cada relagio, nlo hi, tampouco, mais que um bom governo possivel num Es. ‘ado, Como, porém, mil acontecimentos podem mudar as ‘elagdes de tim povo, nao somente diferentes governos ‘podem ser bons para diversos povos, mas também para ‘© mesmo povo em diferentes 6pocas. Para dar uma idéia das varias relapdes que podem rena entre esses dois extremos, tomarei como exemplo ‘© ndmero da popvlagio, por ser uma relario mas fail de exprimic ‘Supontiames que 0 Estado se componha de dez mil cidadaes. O soberano 56 pode ser considerado coletiva- mente € como ue corpo. Mas cada particular, na qualia de de sito, &considerado como individuo. Logo, 0 $0» berano esti para 0 stidito assim como dez mil estdo para um, is 6, cach membro do Estado tem como sua apenas 8 décima milésima parte da autordade soberana, conga to Ihe escjasubmetido por itero, Se 0 povo se compe de cem mil homens, 0 estado dos sidtos nao muda, © cada qual suport igualmente todo império das leis, en ‘quanto seu sufrigo, reduzido 2 um centésimo de milést- mmo, tem dez vezes menos influgncia em sua redagio. Entio, permanecendo 0 sidito sempre um, a relagdo do soberano aumenta em raz40 do ndimero dos cdadios. Se- _gue-se que, quanto mais o Estado aumenta, mais diminui a liberdade, (Quando digo que a regio aumenta, entendo que ela se fasta da igvaldade, Assim, quanto maior fora eacio na acepeo dos geémetas, tao ener seria relacio na acep- (fo comum: ra primeira, a relacio considerada segundo a ‘quansdade, mede-se pelo expoente,e, na our, consders- cde segundo a identidide, estima-se pela semelhanca ‘Ora, quanto menos as vontades pariculaes corres pondem 3 vontade ger sto , os costumes is leis, tanto mais forga repressiva deve aumnentar. Ponanto, 0 gover- no, para ser bom, deve ser relativamente mais forte na ‘medida em que 0 povo é mais numeroso. Por outro lado, como o crescimento do Estado ofere- ce aos depositirios da autoridade pblca maior némero de tentagdes e meios para abusar de seu poder, de mais fora precisa 0 governo para conter © povo e mais fora fequer © soberano, por sua vez, para canter o govemo. Nao falo aqui de uma forga absolut, mas da forca relati- va das diversas partes do Estado, Decor dessa dupla relagdo que a proporelo conti- hua entre o soberano, 0 principe eo pove nio é uma idéia ” abitrra, mas wma consequéncia necessiria da narureza {o corpo pote. Seguerse ainda que, sendo um dos ex- ttemos, a saber, o povo como sito, fixo representado pela unidade, sempre que a razo compostaaumenta ou dliminui, também a razio simples sumenta ou diminui, que, conseqlentemente, 0 trmo médo se modifica, 0 que ‘demonstra nao haver urna constitugto de govemo Gnica e absolut, mas que pode haver tntos goveros de dsinta ratureza quantos Estados de diferentes grandezas. Se, ridicuarizando esse sistema, se dissese que para ‘encontrar essa mécia proporcional e formar © corpo do ‘govemo nio é preciso, a meu ver, seo extra riz qua- ‘drada do nimero da populagio, eu responderia que 56 tomo aqui ese nimero a titulo de exemplo, que as rla- {ea que me refro ndo se medem unicamente pelo ni- ‘mero de homens, mas, em eral, pela quantidade de cio, {que se combina por uma infinidade de causas, e que de resto, se, para me expressar em poucas palavra, tomo de tempréstimo alguns termos da geometra, nem por isso Jgnom que a precsio geomética ndo € cabivel nas quar tidades moras (0 governo € em pequena escala 0 que 0 compo politico, que o encerra, 6 em grande escala. F uma pes: soa moral dotad de cenas faculdades, ava como 0 soberano, passiva como o Estado, e que se pode decor por em outras relagdes parecidas, de onde nasce, conse- lentemente, uma nova proporsao, e ainda outa nest, segundo a ordem dos trbunas, até se chegar 2 um termo médi indivisive, isto 6, a um Gnico chefe ou magisiado supremo, que podemos representar, no meio dessa pro- ‘ressdo, como a unidade entre a série das fragdes ea dos -dmeros ‘Sem nos embanigarmos nessa mukiplcagio de termes, contentemo-nos em eonsiderar 0 governo como um NOVO corpo no Estado, distin do povo e do soberano,e inter= ‘medio ent um e out, Hi entre esses dois corpos esta difeenga essencial: 0 Esado existe por si mesmo, 0 governo s6 existe pelo so- berano, Assim, a vontade dominante do principe $6 ou 6 deve sera Vontade geral ov a lei sua forga nto € sento 1 forca pblica nele concentada; to logo ele desea rar de si mesmo algum sto absolut e independente, 2 iga- ‘io do todo comega aafrouxar Se acontecesse,enfim, que ‘principe uvesse Uma vontade paricular mas atva que a do soberano, e para exigt a obediéncia a essa vootade particular fizesse uso da forca pablica que esti em suas _maos, de modo que houvesse, por assim dizer, dois sobe- ‘anos, um de direto e outro de fato, nesse mesmo instan- te a unido social se dewaneceriae 0 compo politica sera disolvido, ‘Todavia, para que compo do governo tenha uma cexisténcia, uma vida real que 0 distinga do corpo do Es- tado, para que todos os seus membros possam agir de ‘comum acordo e responder a finalidade para a qual foi Insitido, élhe necessrio um eu particular, uma sensibi- lidade conum aos seus membros, uma fore, uma vor de propria que propenda a sua conservasio. Essa exisén- «a panicular supde assembléas, conselhos, um poder de eliberar, de resolver, diretos,ttulos e prvlégios que pertencem exclusivamente 20 principe € que tornam a condigio do magistrado mais honorivel na proporgio. fem que € mais penosa. As difculdades residem na ma- reir de ordenar num todo esse todo subaltemo, de modo que no altere a constiuigao geral 20 afirmar a sua; que 76 dlstinga sempre sua forga particular, destnada a sua r= pra conservacio, da forea pablica, destinada & conserva- ‘so do Estado; © que, numa palavrs, steja sempre pronto | saerificar 0 governo a0 povo,e no 0 povo a0 govemo! or outro lado, embora o compa artificial do govemo sea obra de outro corpo arifcial «tena, de certa forma, apenas uma vida emprestada e subordinada, iso nad impede que poss air com mais ou menos vigor ou rapi- ez, gozar, por asim dizer, de uma sade mais ou menos robusta. Finalmente, sem se afastr dretamente do alvo de sua insttugao, dele pode-se separar mais ou menos, ‘onforme a manera como est constituido, £ de todas essasdiferengas que nascem as diversas relagbes que © governo deve ter com o corpo do Estado, segundo as relagdes acidentais e particulares pelas quais esse mesmo Estado se modifica, pois com freqiéncia 0 melhor governo em si se tomari 6 mais Vicioso, se suas relagSes mo forem alteradas de acordo com 0s defeitos do corpo politi 20 qual perence. cavirvio a Do Princtplo que Constitut ‘as Diversas Formas de Governo Para expor a causa geral dessasdiferencas, cumpre ora aprovacto daqueles que o medo faz clare punir os ‘que ousam fala. Assim os decénviros, elit 2 principio por um ano, depois conservados por mais um, tentaram. perpettarse no poder, nao mais permitindo que 0 povo ‘Se reunisse em comico; e€ gragas a esse fil meio que todos os governos do mundo, uma vez revesidos da for- ‘8 pblic, mais cedo ou mais tarde vém a usurp 8 auto ‘dade soberana. -Asassembleia peridicas a que alu anterioemen- ‘e, lo apropradas para prevenir ou adiar esse mal, mor- ‘mente quando mo dependem de convocagio formal, pois entlo © principe nao poderia imped sem se declarar abertamente ifrator des leis ¢ inimigo do Estado, ‘A abertura dessas assembles, cujo tnico objetivo & ‘manter 0 tratado social, sempre deve ser feta por duas proposigdes que nunca possam ser suprimidas e que pas sem separadamente pelos sufrigios. A primeira & Se apraz ao soberano consersara pre- sente forma de govermo; ea segunda: Se apr ao pove dei- ‘xara administragdo aos que dela se acham atwalmente Incumbidos Suponho, neste ponto, o que crio ter demonstra, Isto €, que nfo Iii no Estado nentuma lei fundamental que ndo se possa revogar, nem mesmo 0 pacto social porque, se todos 0s cidadias se reunissem para romper ese pacto de comum acordo, no ha davida de que ele seria muito legitimamente rompido. Grotivs chega a pen sar que cada qual pode renuncar ao Estado de que € mem= bro € retomar sua liberdade natural ¢ seus bens, saindo do pais’. Or, seria absurdo que todos os cidadios reuni> ddos no pudessem fazer 0 que pode separacamente ‘cada um des" nt dot oe nnn po oe ‘nae ne nostra ma eed, de deo. cariruio A Vontade Geral ¢ Indestruttce! Enquanto muitos homens reunidos se consideram ‘como um 56 coxpo, tem uma s6 vontade que se rere a conservagio comum e a0 bem-estargeral. Elo todos ‘0s mébeis do Estado sto vigorosos e simples, suas mixi- ‘mas sto claas e luminosas, nio existem interesses con- fasos e contracts, o bem comum mostrase por toda parte com evidéncia © ndo exige senio bom senso para ser percebido. A psa, uniio ea igualdade so inimigas das suilezas politicas. Os homens retos e simples so di ficeis de enganar em virtude de sua simplicidade. Os en- odos, os pretextos arilosos nose les impdem: nB0 0 Sequer sufcientemente sutis para serem tolos. Quando se vé entre os povos mais felizes do mundo grupos de ‘camponeses resolvendo os negocios do Estado & sombra ‘de um carvalho e se conduzindo sempee com sabedoria, pode-se deixar de desprezar os rebuscamentos das ouras hagdes, que se tornam Hlustres e miseriveis com tanta ame e tantos mistérios? Um Estado assim governado precisa de pouguisimas leis e, & medida que se faz necessirio promulgar ousras owas, fal necessidade @ reconhecida universalmente. O primeito a propé-las mio faz senio dizer © que todos ji Sentra, e nto cabem nem discussdes nem eloguéncia para converter em lei o que cada um ji resolveu fazer, desde que esta cero de que os demas o fario como ele. ‘© que engana os polemisias € que, vendo apenas Estados mal consttuidos desde suas erigens,ficam cho- cados com a impossibilidade de manter ai uma policia’ semelhante. Riem a0 imaginar todas as parvoices que ‘um habil impostor, um palradorinsinuante podria im- Pingir a0 povo de Paris ov de Londres. Ignoram que Cromwell teria sido submetido aos guizos pelo povo de ‘Berna e 0 duque de Beaufort posto na discipina pelos ‘genebrinos! Quando, porém, 0 vincule social comeca a afrouxar ‘© 0 Estado a debiltarse, quando os interesses particula- es comegum a se fazer sentir € as pequenas sociedades ‘influ sobre 2 grande, o interesse comum se aera € ‘enconira oponentes, a unanimidade ji no reina nos vo- tos, a vontade geral deixa de ser # vontade de todos, levantam-se conttadigtes, debates, ¢ © melhor parecer ‘no € admitido sem disputas. Por fim, quando o Estado, 2 beira da ruina, no subsiste sento por uma forma iluséria e va, quando © vinculo socal se rompeu em todos as coragdes, quando ‘ommais vil interesse se pavonela impudentemente com 0 rome sagrado do bem piblico, entlo a vontade geral ‘emudece e todos, guiados por motivos secretos,jé no ‘opinam como ckdadaos, como se o Estado jamais tivesse ‘existido, e fazem-se passarfraudulentamente, sob o no- 16 sme de les, decretos iniquos cuje nica finaidade € o in- teresse particular Decor dai que a vontade geri este aniquilada ou corrompida? Nao. Ela é sempre constant, inalterivel € pura, mas esti subordinada a outrs que a sobrepujam, Cada qual, desvinculando seu interesse do interesse co- ‘mum, vé que nao pode separi-los por intezo, porém sua pare do mal pablico parecethe insignificante quando comparado ao bem exclusvo de que pretende apropriar- se. Exceruado esse bem panicular, cada qual dseja o ber _gerl em seu proprio interesse e com o mesmo Vigor que qualquer outro. Mesmo vendendo seu sufrigio, em toca de dinheiro, nfo extingue em sia vontade geral:elide-a, A falta que comete esti em mudar 0 estado da questao e ‘em responder coisa diversa do que se Ie perguntous de modo que, em vex de dizer através de seu voto: Evan ‘ajoso para o Bsado, dia: B vantajoso para tal bomem ott ‘al paride que exe ou aguele parccer soja aprovado, Assim, lel da ordem pablica nas assembleias ito consis. te tanto em manter 2 vontade geral quanto em fazer com ‘que esa seja sempre interrogaae que responda sempre. [Nesta altura eu tera multasreflexbes a fazer sobre 0 simples direto de votar em qualquer ato de soberania; dlireto este que nada pode subtrair aos cdadios,¢ sobre © direto de opinar, de propor, de dvi, de dscutir, que © governo tem sempre o grande cuidado de reserva ape- as aos seus membros. Porém essa importante materia cexigia um tatado a pare, e nese no posso dizer tudo, carro n Dos Sufrdgios \Vése, pelo capitulo anterior, que a manera peta qual se tratam o= negocios gers pode fornecer um indice bastante seguro do estado atual dos costumes e da sade «do corpo politico. Quanto maior a harmonia reinante nas assembléias, ito &, quanto mais as opniges aproximam- se da unanimidade, tanto mais prevalece a vontade ger pporém os debates interminaveis, as dissensbes e o turmal to anunciam o predominio dos iteresses pariculares ¢ 0 declinio do Estado, Isso parece menos evidente quando duas ou mais ‘ordens enirim em sua constiig0, como em Roma os pa- trcios ¢ os plebeus,cujas queelas perturbaram com fe _qéncia 9s comicis’, mesmo nos melhores tempos da Re: pablica, No entanto, essa exceglo mals aparente que real, porque entao, pelo vio inerente 20 corpo politico, temse, por asim dizer, dois Estados em um: 0 que no € verdadeito para 0s dois em conjunto o € para cada um. fem separado, E, de fto, mesmo nos tempos mais contur- bhados, 08 plebisctos do povo, quando © Senado neles nose ingeria,realizavam-se sempre com trangiildade & pluralidade de votos: no tendo os cidados mais que um. interesse, 0 povo tinha apenas uma vontade. ‘No autro extremo do circulo @ nanimidade retorna & quando os cdadios, tombados na servi, jf nao tem rem liberdade nem vontade. Entdo 0 medo e a adulag30 rmudam os suftigios em aclamagdes; jf mo se deibera ~ adore-se ou amaldigoa-se. Esta era a abjeta maneira de ‘pinar do Senado sob os imperadores. Algumas vezes isto se fazia com precaugdes rdiculs, Técito* observa «que, reinando Otd0, os senadotes, a0 cumulat Vitélio de ‘execragbes,fiziam 20 mesmo tempo um enorme alri= dos, a fim de que, se por acaso ele se trnasse 0 Senor, ino pudesse saber o que cada um delesdissera Dessas diversas consideragdes nascem as maximas pelas quais se deve regulamentar a maneira de conta 05 votos e de comparar as opinides,conforme a vontade ge ral seia mais ou menos ficil de conhecere o Estado eta fem major ou menor decinio, a somente uma lei que, por sua natureza, exige um consentimento undnime: &0 pacto social, pois a associ ‘co civil € 0 mais voluntrio de todos os atos do mundo; ‘cada homem tendo nascido livre e senhor de si mesmo, ringuém pode, sob pretexto algum, sujit-lo sem seu ‘onsentimento’. Decdir que ofilto de um eseravo nasce ceseravo € decidir que ele nao nasce homem. ‘Se, no momento do pacto socal, howver, pois, opo= stores, sua oposiclo mao invaida © contrato, impede apenas que se incluam nele: serio estrangeiros ene 05 ‘idadios. Quando 0 Estado € insituido, 2 residéncia implica 0 consentimento; habitar 0 teritério € submeter se 3 soberania” Fora desse contratoprimitvo, 0 voto da maicria obriga sempre os demais— e uma conseqizncia do prépio con- tro. Penrunt-e, porém, como pode um hoem set livre ‘€ 20 mesmo tempo foryado a se conformar com vontades ‘que ilo sio a sua. Como podem os oponentes ser ives 6, 20 mesmo tempo, submetidos a leis que no consentiran? ‘ut bent + pci ele Pos ee at ‘tae wo ei e's ere eo ape mane ‘Sonos comments n conan cs 8 ele eons Respondo que o problema esti mal colocado. O ci cadio consent todas 2 leis, mesmo as que so aprovadas ‘contra sua vontade, e mesmo as que © punem quando ‘oust volar alguma delas. A vontade constante de todos ‘0s membros do Estado & a vontade geal por ela & que cles s20 idadaos e livres". Quando se prope uma le na assembléia do povo, 0 que se Ihe pergunta nto € preci samente se aprovam a proposta ou sea rejeltam, mas se cla esti ou nio de acordo com a vontade geral que € a deles; cada qual, dando sev sufrigio, dé seu parecer, € do cileulo dos wotos exraise a decaracio da vontade Re ral, Quando, pois, © parecer contririo ao meu prevalece, {sto $6 prova que eu me enganei e que aquilo que eu Jmaginava sera vontade gerl ndo o era. Se meu parecer particular tvesse prevalecdo, eu teria feito © que nao desejava e entio nao teria sido live Isto supbe, & verdade, que todos os caracteres da vontade geralestejam ainda na plurlidade; quando dei xxam de estar, seja qual for o partido que se tome, m0 bh liberdade. ‘Ao mostrar, mais acima, como a vontade geral ext substiuida pelas vontades pariculares nas deliberagdes pobilicas, indiquei suficientemente os meios praticivels ‘de preven tal abuso; falarel ainda sobre isso mais adian- te. A propésito do ntimero proporcional dos sufrégios pra dedlarar ess vontade, fomeci também os principios ‘com base nos quais se pode determind-lo. A diferenga de lum Ginico voto rompe a igualdade; um Unico oponente Ti Gina on ahah dt pees at thes dos conden. oa pln ras En pag sable Con et, ‘menor eos inn ao et em po (ptocr pee een spl, ptr ma pecs Ire 130 srompe a unanimidade; no entanto, entre a unsanimidade fea igualdade, ha vias divisdes desiguais, para cada uma elas pode fixar esse nimero segundo a sito e as necessidades do corpo politico, Dols precetos gerais podem servis para regulamen- tar essas elagdes:primelro, quanto mais graves e impor- ‘antes sejam as deliberagdes, mais se deve aproximar da ‘unanimidade 0 parecer aprovado; segundo, quanto mais rapide exige 0 assunto debatido, mais se deve restingl 4 diflerenca prescita na divsto dos pareceres, nas deli- ‘beragdes a serem encerradas imediatamente, 0 exceden- te de um $6 voto deve basta. O primeiro desses precei- ts parece mais conveniente 3s leis, segundo 20s news ‘os. De qualquer forma, ¢com base em sua combinaco que se estabelecem as melhores relagdes sobre as quais a pluralidade deve pronunciarse. carhruvo mt Das Eleigbes A respeito das elegbes do principe e dos magia dos, que so, como ji dse, atoscomplexos, exstem das. tmaneiras de realizé-las, a saber: escolha e 0 soneio. ‘Uma e outro foram empregados em diversas repablicas, € ainda hoje se vé uma mistara muito complica cas dvas ra eleigto do doge de Venez”. 0 sultigio por sorteo", diz Montesquieu, “perence A natureza da democracia."® Concordo, mas pot que?“ sonteio", continua ee, “& um modo de eleger que m0 afige ninguém; deixa a cada cidadio uma razodvel espe xanga de servir a pita,” Isso no sto razes. Br Se considerarmos que a eleigio dos chefes € uma fungao do governo e nao da soberania, veremos por que © expediente do sorteio estd mais na natureza da demo- cracia, na qual a administragao ¢ tanto melhor quanto ‘menos mulkplicidos sio os atos. Em qualquer verdadeira democrica, a magisrarura rio € uma vantagem, mas uma carga onerosa que nao se Pode, com justi, impor maisa um particular que a outro, ‘6 a lel pode impor essa carga a quem 0 sorte indica, ois, neste caso, senda condo igual para todos, e n30 dependendo a escolha de neninuma Vontade hun, n&0 ‘hd aplicacio particular que atere a universlidade da le [Na anstocraca,o principe escolhe 0 principe eo go: vvemno se conserva por si mesmo; nela 08 sufigios S40 bem adequados. © exemplo da eleigdo do doge de Veneza,longe de

You might also like