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ceeas FRIVCIPAIS DO AUTOR 1 SURIDNCAS owes & Comoe Pome do Dew : Tec eemcecne Prom. 2 vo Te PTmarnae de Renae oe BU do ve ET Coane de 12 de movemive de 1887. cE T Sirah de 1948. 28 ab Sa Som Goa cenenat pce Lapras is devine ot te peacigue ba Coneget Rael be Coun ae | Academe de Drowe laternancaal deb Rape DE mh ee ae te FERRE SSE CT awe poet bate a i aa ho cae Se, eae echt ea eer Pe ee Mnnnde) wets Mirwittang von Dr Pontes de Miranda's, Dr Fate Cote es stl area Pee Eee cae ina, PD Stee ‘labore ‘Tratedo Gon Tewerenics, 5 ola (epotaa). I. DE FILOSOFIA CIENTIFICA © Prosieme Fundamental do Conbeiment Garre, ao « Dede IL socioLocicas Introdaséo 4 Soxcioga Geral (1 prtmio ds Academia Brasilira, exgotadn) Democrasa, Liberdale,[yoaideds, tite camiabor (epotads) Inerodogio a Ponca Chentlica (epotad) Mitode de Andine Sociopucalsgce (epotads) Oc Novo Dirntos do, Homem (eqotaas) Dimnto © Subsurtnce ¢ Drew 40 Trabalho. (eaotads) Dirnto 4 Educagdo (eogotds) ‘Anarguisme, Comumamo, Sovalione (emotsda) TV. LITERARIAS A Sebedoria dos Iratintos (1. primio da Academia Beale) 2* ed. (ergot) ‘A Sebmdere de Intigince (eotnds) © Sitvo eo Arie, eduio de laxo.(egotads) Penaracso, poemus. edo de Taxo (eotada) Inecrigén de Ete Intericepormas. digo de laxo evgotad) MOUR®, EH PONTES DE MIRANDA TRATADO DE DIREITO PRIVADO PARTE GERAL TOMO IV Validade. Nulidade. Anulabilidade. 23 EDIGAO :USDEO EDITOR BORSOL lo DE JANEIRO 1954 acweaanes poses Taw oo TO PRIVADO. we tHaravo ve: conhecer 0 érre, — ou a manifestagho de vontade nfo entrou no mundo juridico, ou entrou com o sentido que era o da vontade do manifestante, ou éle se expds, de seu grado, & anulabilidade. ‘Assim, 0 que conhecia o éro nio pode pedir interésse negative, |A pretensho a interésse negativo nasce quando, intentada a ‘acho de anulagho por érro, comeca a ser prejudicial ao desti- natério o que féz, confiando na validade da manifestacio de vontade. Dai corre a preserigho, que é de trinta anos (art. 179), ‘Assim, a pretensto A reparaclo de interésses negativos no se funda em culpa, inclusive na culpa in contrahendo, nem no ato juridica, que jd eatd anulado (se foi nfo-séria, nko exlatiu sequer), nem em ilicto do art. 169, nem deriva da rela. ‘gho juridica que devia nascer valida (ou simplesmente nascer, fem ee tratando de falta de seriedade) . . Carfruto VI A CAPACIDADE E VALIDADE § 384. A eapacidade como pressuposto de validade em geral do auporte ffetico cuja existéncia 6 essen- ‘do negécio juridieo e, por vézes, do ato juridico titative dow USho nlmolutamente ineapazes de exercer pessoalmente 08 ato Vida civil: [Ox menores do dezeasois anos”; art. 62: “SA0 feapaies, relativamente x certos atos art, 147, 1), ou & ma holra de os exerver! [, Os malores de decesseis ¢ menores de Minto 6 un anos (arta, 184 w 180)"; art, 1,627; “Ste ineapazes tie teatar; 1. On menores de dezeatois anon", So o legislador juveane delxade A vorificagte im eam a detorminagia da expe ‘ohinde © da ineapachladte absolute ow rolativa, seria absurd a iin alituite: perdor-aedam tempo ¢ eafargon em ae discern TRATADO DE DIREITO PRIVADO em cada caso, # existéncia ou nio-existéncia do elemento do suporte factico; deixar-se-ia grande margem as controvérsias, permitir-se-ia perigoso arbitrio ao juiz (R. VON JHERING, Geist des rimischen Rechts, I, 5.8 ed., 53 8). Nao se poderia dizer que tal regra jurfdica fosse injusta (unrichtiges Recht), como queria L. Brit (Die Kunst der Rechtsamwendung, 186) ; mas evidentemente, na evolugéo do direito e da téenica juridica, seri regra técnicamente ultrapassada. b) A normatidade da peique, tomando-se como base a conseiéncia licida do fim, objetivo ¢ aleance dos préprios atos. Também aqui o legislndor se encontrou ein face de estados es- calares, em ntimero quase infinito, entre oa priori do sko mental ¢ 0 @ priori do insano mental. A sua atitude ter-se-ia de informar de teorias psicolégicas e psicoputologieas, e nio s6 de fatos individuais. A matéria néo se prestaria a’ quantifi. cacio, nem, sequer, a precisdes conceptuais. Deu-se, por isso, a busca a expressdo mais conveniente; © 0 Cédigo Civil adotou uma delas, pouco feliz, para designar 0 que todos sabemos que éle tinha em exame: “SAo ubsolutamente incapazes de exercer pessonlmente os atos da vida civil: I, Os loucos de todo 0 género”. Quanto as interdigées plenas, por toxicomania ou intoxicacio habitual (Decreto-lei n. 291, de 25 de novembro de 1938, art. 29), nenhuma distingao se hi de fazer entre elas © interdigio por incapacidade segundo o art. 5.% 11. Sio uma das espécies dessa; os pressupostos de uma silo os das outras: € a mesma a eficdcia, inclusive quanto a parte dla sentenga que se refere ao tempo em que % ineapacidade comecou ©) A surdo-mudez sem expressabilidade do pensamento, Também aqui nio poder in 0 legislador preferir 4 quantitativi dade técnica « qualitatividade natural A pericia tem de dizer 4 ltima palavea; a terminologia juridica nio poderia passar de conceit que aludisse aos trés elementos do suporte fictica: surdez, mudez, ¢ inaptidio a exprimir-se, como efeito dos dois Primeiros. Se falta 0 lago causal (surdo-mudez R inexpressa- Dilidade), a causa da inexpressabilidade é fisiopsiquica ¢ a es- pécie entra na regra juridien do art. 5, 11; e nao na regra juri- ica do art. 6, III: “Sao absolutamente ineapazes de exercer Peasoalmente os atos da vida civil: 11, Os surdos-mudos, que ndo puderem exprimir a sua yontade”. 4.384. CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE 96 4) Aauséncia, sem noticias, julgada ¢ com eficdcia “erga A pessoa que est ausente precisa, eventualmente, de ‘quem cure dos seus interésses (¢.9.. Codigo de Processo Civil, art, 80, § 1.°, sibre curador & lide) ; se a auséneia é duradoura, © direito tem de adotar providéencia para que os interésses do ausente nao fiquem em desamparo, Aqui, os elementos do st porte fictico da regra juridica sobre incapacitacao seriam a ‘auséneia eo tempo: quanto & auséneia, é fato que se tem de provar; quanto ao tempo, é fato, sim, mas envolve o problema da determinacio do quanto temporal que baste para que a regra Juridica sdbre incapacitagio incida. Quando, no art. 59, se iz: “Sio absolutamente incapazes de exerver pessoalmente 108 atos da vida civil: IV. Os ausentes, declarsdos tais por ato do juiz”, 0 contetido da regra juridiea & bem vago, pois nao se ‘aludiu ao tempo da auséncia e se referiu a sentenga, que 0 apreciou. Todo um capitulo do direito de familia esti suben- tendido (arts. 463-484) : primeiro, ha as regras juridicas dos arts, 463-468, a que basta a auséneia-fato atemporal; depois, as dos arts. 469, derrogado pelo art. 583 do Caio de Proceso Civil, 470-480, que supsem a auséncia-fato e © tempo de dois ou trés anos, conforme deixou, o nao, representante, ot pro- arndor: as dos arta 481 ¢ 482, para as quais sto de mister fa sentenga (fato) e © tempo de trinta anos apss o trinsito em julgado, ou os tratos de tempo de que cogita o art. 482; finale tent, lem dha elementos Feri vo att St, os tratos de tempo e © pedido ou nito-pedido de sucessio definitiva. A deere tagio da auséncia contém apenas a apreciagéo dos fatos da au- réneia e da falta do noticias: © julgamento, que & constitutive, negativo dn capacidade, com o elemento declarative do fato de que se haja abstraida do tempo e se tenha satisfe séncia, mais a falta de noticias. A aust Niko se pode 10 w lei com o fato atemporal 1 nio termina com a 6 que termina ¢ a cura ea pessoa, succession praematura (arts, 469-480) ; doria, O ausente, cujos bens ja esti em sucessin provisiriny rio tem curador (Codigo de Processo Civil, art. 582, 111), con- tinua julgado ausente e, vindo-The alguma heranga, ou outra aquisigio, ser-the-4 nomeado curacor, a fim de se partilharem 8 bens pelos herdeiros provisérios. e) A intozicagdo habitual. Ax eapécies 2), b),) ed) sho de pessoas absolutamente incapazes de pesswalmente exercer TRATADO DE DIREITO PRIVADO, fos atos da vida civil; outras hd que simente sio incapazes quanto « certos ator ou d mancira de o# exercer. Quanto & dade J4 faldmos sob a), volvendo a falar de disti tre ineapacidade absoluta ¢ incapacidade relativa, Restam » inter digio dos tozicdmanos ¢ dos intoxicados habituais, quando con. derados relativamente incapazes (evitemos diver “equipara- dor", pois nto se equipara o membro da elasse & classe toda), (4 pridtigos @ on rilvicolas, Div o art. 29 do Decreto-lei n. 291 de 25 de novembro de 1938; “A interdigho limitada dos toxied. manos ¢ dos intoxieados habituais por entorpecentes, por ine. Driantes em geval ¢ bebidas aleoslieas, importa na equipuragho do interdito 40s relativamente incapazes, assim como a inter. dicho plena o equipara aos absolutamente incapazes”. Além daw dluas figuras, 0 art, 30 admite terceita, certa incapacidade re- lative minima, durante a internagho para tratamento, isto, 6 antes de qualquer das sentencas do art. 29 do Decreto-tei n, 201, Lembra a figura da interdicio do prédigo (art. 459), porém & menos do que ela; 0 art, 30 do Decretorei n. 201 estatui: “A simples internacio para o tratamento a6 autoriza x nomen {Ho de pesos nen para cautelar om interés do Internado, 1m pevderes de admi ndo tal pessoa le com per inistragio, podendo tal ser por a 1) A prodigatidade, ou gasto do que tem, sem qualquer consideragio, tendo familia (cnjuge ou parentes da linha reta, consanguineos, art. 460; de lege ferenda, sem razio). Lé-ae Ro art. 6°: “Sido incapszes, relativamente a certos atos ow a maneira de os exercer: III. Os pridigos). O assunto mais per- tence so Dirsito de Familia, onde se interpretam os arts. 6, #) 0 estado social de siletcola, ef. art. 6.°: “Sao tneapa- SP atramente 4 cern aios (are 17,1), 0 A manera de exercer: silvieolas”; parégrafo unico: “Os silvi- cola fear scieits ao reps tatla,evtabulcio em fein © Fegulamentos especiais, o qual ceseara a medida que se forem Em ver dessa regra juridica de ie ‘sequen, que aludia & ascendente adaptacio em eontinuidade, deisando todo o contetido da determinagio do grau de desen- Tipmens simian a periia, a Let a 5484 de 27 de ite 1928, radigin regra de classificagio téeniea: a) silvi- coins (dites indies) mimades: 5) silvicolas arranchados ou 4.384. CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE aldendos; ¢) ‘ilvicolas pertencentes a povoughen indigenas; 4d) nilvicolas pertencentes a centros agricolas (conceito de di reito administrativo) ou que vive promiscuamente com etvili- zados (art. 2°). On wilvieolan das classes a) wc) ten eapaci- dade de direito © eapacidade de disponigho © de aquisigia, in- clusive causa mortis. Se dispiem negocialmente, entre vivo ou a causa de morte, © mundo juridico comum do Hranil re- ccebe n nun vontade como suporte féecticn suficientes ne nao ha vontade manifestads, a heranga ¢ a sueeasio entre vives & do direito da tribo (como regra-conteddo do direite eomum brasileiro). A rexra-conteddo ou a regra juridiea do Cédigo Civil ou do Cédigo Comercial, ou de outra lei de direito pri- vudo ou piblieo, éincide conforme os principios de teoria geral do direito brasileiro, A aplicagdo ¢ feita pelo Inapetor do Ser- vigo de Protecio aos Indios, em processo sem forma especial, no qual, excepeionalmente, mais se atende & fungio de pax do que & de reslizagho do direito objetivo, que, nox povos civili- zadon, pasta i frente daquela. Cf. Comentértoa ao Cédigo de Pro- censo Civil, 1, 13: “O sentido (€ 0 eseopo) do direito proces- sual vigente foi posto em relévo, desde AvoL? Wack (Hand- duck, 1, 11), como independente daquilo que tém por fito as partes; portanto, acima do préprio intuit de pacifieagio. A realizagéo do direito, em que o Estado se interessa, & 0 que prima. Seja como for, a tutela da esfera juridica dos indivi- duos nio vem no primeiro plano (F. BUNSEN, Lehrbuch, 13). ¢ foram vitimas da antiga concepgéo, primitiva, correspondente 0 simbolo das mios cruzadas, K. HitLwic (Lehrbuch, I, 2) ¢ tantos outros. Hoje, os estudos de etno-antropologia e de psi- cologia analitica vieram comprovar o que WACH apontara e s ‘tirava da perspectiva historiea” (I, 82 e 402). O legislador bra sileiro de 1928 teve certa finura em tratar as classes «), >) € ¢) com a concepgio da justica primitiva (Lei n. 5.484, de 27 de junho de 1928, art. 2.°: “Para os efeitos da presente lei, ‘séo classificados nas seguintes categorias os indios do Brasil: 18, indios nomades; 2°, indios arranchados ov aldeados ‘3°, Indios pertencentes a povoagées indigenas; 4°, indios per- tencentes a centros agricolas ou que vivem promiscuamente com civilizados”; art 3°: “A qualquer indio das 14, 24 3 categorias ¢ fucultado o direito de dispor, como quiser. de seus haveres ¢ designar 0 seu sucessor em qualquer fungio « THATADO DE DIREITO PRIVADO rigrafo unico: “No caso de nho haver as indicagies neces. sr is ee Qusiquer meio tradicional de heranga ou aucessho adotado pela tribo interessada, nunca a ésse respeito intervindo autoridade ‘lguma sendo 0 Inspetor do Servigo de Protegio aos Indios ow seus auxiliares, © sb para apaziguar os dnimos, porventura de- savindos”). O intaito politieo de pacifieacao passa & frente, a3 ‘mente «i, do intuito politico de realizagio do direito objetivo. Devido ao art. 141, § 4°, da Constituigio de 1946 (“A lei no podera excluir di apreciagio do Poder Judiciario qualquer le- tio de direito individual”), a exclusio de outras autoridades que © Inspetor do Servigo de Protegio 20s Indios nio pode branger of juizes, se legitimados processualmente os que sus- citarem a cognicio judicial. Em todo 0 caso, o juiz tem de ‘tender, no tocante aos slvicolas das classes 4), 5) ec), i regra, de fontes ¢ interpretagio das leis que se contém no art. 3° da Lei n. 5484 Na Constituigdo de 1946, art. 216, estatui-se que “sera respeitada aos silvicolas a posse das terras em que se achem permanentemente localizados, com a condigio de nio transferirem” Os neicios juridicos de disposigée sio nulos, bem asim 98 atos juridicos stricto sense, de que provenha desapossa- ‘mento; ot atos contra a poste dos silvicolas tutelados pelo art 216 da Constituigdo de 166 so, além de ilicitos, contriries 4 Constituigdo. A posse ¢ transferivel hereditiriamente © en {re vives, dentro da tribe, se de tribe ainda se trata. Respeits- “#4 posse do rrupo social ¢ ni se considers transferincia & sabstituicio entre membros da tribe, aldeia, ou rancho. Quanto ace sivicnlas que §& pertencem a centras agricolae (dos civili- saidos. oe des, mas 34 fora do cirealo social tribal) ou vivem ‘mistarados com os civiizadoe — classe d) ou 4* classe da Lei & S484 art 2*— estatah o art? da Lei m. RAS4: “Ans i SSS crepes oe fencionarine competentes do Servigo Protacio aoe tadioe prestario a assisténcia devida, nos t&r- TE SRE SA Sto 16 do Regatamento gee baton ON See peraste as stcas © astoridades”. Os slviealas Gwe 2) sic capases de exercicin, plenamente, arine s¢ me SPE Stle Pascal gue os senha por incluidos entre ssmiccamente imapenes c¢ op relativamente incapaseh, © despeito de j4 pertencerem a centros agricolas, ou viverem en- tre civilizados. Os silvicolas das classes a), 4) e ¢) sio rela- tivamente ineapazes ¢ nulos os atos juridicos entre éles e os ivilizados, se nio asristidos pelo Inspetor competente ou quem 6 substitua; salvo se hi decisio judicial que, a despeito de se achar, materialmente, nas circunstancias das classes a), b) e c) © silvicola, Ihe tenha decretado a plena ca} . & assim que se hio de entender, como regras juridicas especiais, tas no sistema juridico brasileiro, as do art. “S40 nulos os atos praticados entre individuos civilizados e in- dice das 1.4, 2." ou 3.* eategorias, salvo quando éstes forem representados pelo inspetor competente, ou quem fizer as vé- zes déste”. A categoria juridica é a da assisténcia, ¢ nio a da representacéo, Por outro lado, se 0 negécio juridico exige a forma escrita, a assinatura a rdgo ao implica representagio. 2 MULMER cASADA NAO E INCAPAZ, — A mulher casada no € incapaz, ainda relativamente. © Cédigo Civil, art. 6°, inctuia.a entre os relativamente incapazes: “Sao ineapazes, re- lativamente a certos atos (art. 147, 1), ow & maneira de os exercer: II. As mulheres casadas, enquanto subsistir a socie- dade conjugal”. O Cédigo de Processo Civil (art. 82) nio co- sritou da incapacidade da mulher casada, atendendo, assim, & ‘melhor doutrina, ja assente. 3. ConsngUENCIAS DA INCAPACIDADE ABSOLUTA, — A in- capacidade diz-se absolute quando @ para quaisquer atos; no que o absolutamente ineapaz praticar ha deficigncia grav cial (= marcando, sem tempo, o suporte fictico, no mundo juridico), de modo que, tratando-se de negicios juridicos, a ‘sangdo € a de nulidade, ou a irresponsabilidade, tratando-se de atos illcitas (delitos). Como os absolutamente incapazes tm personalidade e, pois, eapacidade de direito, € preciso que, em lugar déles, se ponha, segundo regras juridicas, pessoa que 08 represente (representagdo legal, que é aquela que nio emana de nemicio juridico do representado, nem de antecipagio da Tepresentagio negveial). 4. CoNSBQUENCIAS DA INCAPACIADE RELATIVA, — A in- ‘capacidade dit-ce relative quando si o é para alguns tos ju- ‘idicos; razio por que os interessados é que devem apontar | imfracio das regras juridicas especiais a essas pessoas. No 1TO_PRIVADO yoo_TRATADO D -apacidade parcial, a que se fé2 corresponder a san- fod tnelbiidade "aslo atribuida a alguém para anular Pevegocio juridico; portanto nulidade eventual, inexisténcia apis 0 trinsito em julgado da sentenga). Percebe-se bem o residuo histérico, 0 dualismo de invalidades, que suplantou a duslidade dos sistemas juridicos romanos (direito civil, ius civile, ¢ direito pretério) e se acentuou no direito pés-romano, Lase no art. 84: “As pessoas absolutamente incapazes se- rio representadas pelos pais, tutdres, ou curadores em todos fos atos jutridicos; as relativamente incapazes, pelas pessoas ¢ nos atos que éste Cédigo determina”. O absolutamente inea- paz ¢ representado. © relativamente incapaz, assistido. Quem manifesta a vontade é ésse, ¢ no aquéle que, de acirdo com fa lei, 86 0 assiste, A assisténcia legal esté para a assisténcia negocial como a representacio legal esté para a representacio negocial. Pode-se estabelecer, em negécio juridico, por exem- plo, que, para determinados negécios juridicos de emprésa, se tenha de exigir o assentimento de determinado credor, ou em- présa-séeia. Na diseriminagio dos negécios juridicos em que ‘© relativamente ineapaz precisa de assisténeia, a técnica legis- lativa emprega diferentes critérios: negocios juridicos inter vivos e negécios juridicos causa mortis (arts. 1.627, II, ¢ 6°, 1); negocios juridicos de administragdo e negécios juridicos que excedem a isso (cf. art. 459; Decreto-lei n. 291, de 25 de no- vembro de 1938, arts. 29 ¢ 30). Quanto a idade, as leis fixam a em que nio hé e a em que hi capacidade, segundo aquéle critério de quantitatividade, para substituir qualidade, que ¢ um dos mais prestantes da técnica legislativa. Néo importa se corresponde, ou nio, & realidade: © menhum poder tem o juiz para corrigir, im casu, 0 que & regra juridica adotou. Houve redugio simplificadora, a que 0 legisiador procedeu, dos proprios elementos do suporte fhetico: todo © qualitativo da incapacidade natural, substituido pelo quantitativo da ineapacidade de obrar, todo 0 qualitative da incapacidade natural relativa, pelo quantitativo da ineapaci- dade natural relative. E essa reducéo, eliminando todo por- menor «, até, thda negacho do que a regra juridiea sobre eapa- cidade supoe (capacidade natural, por exemplo, do menor de noe, art. 5, 1), veda qualquer cognigéo judicial que nie wee quanto wo cimputo dos unos eompletados. woes reuxrem, ae: 2 §.884, CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE 101 ‘que momento se hio de apreciar os epee eral. chega-se as sezuintes conclusées , \Ga que fixa, ex eficicia da interdigio combina declaragio e desconstit desmentindo a capacidade que acaso se haja afirmado. 6) Os — objetiva negocial (ser vendido, trocado, empenhado, ete.), t6 se de verificar assim no momento em que se conelui o nesécio Juridico como desde aquéle em que comeca de ter eficicia. Os arts. 1.668, I, © 1.669 tém explicagio: no art, 1.668, I, ha arbiter, mais do que fiduetirio, com relagio obrigacional alter- nativa subjetiva ativa; no art. 1.669, regra interpretativa. Em- bora ciente da morte do representado, ou da sua interdicio ou mudanga de estado, o representante tem de cumprir 0 negécio j4 comegado, se ha perigo na demora (art. 1.308); © valem, ‘Quanto nos contraentes de hon £é, ox atox com dlox ajuatadon em nome do representado, enquanto o representante ignorava 4 morte daquele, ou a extingio do poder, por outra causa (art, 1.321). ¢) As ofertas (propostas de contrato, 1.079-1.086) ou so sem prazo, ov sio com prazo para a aceitagio, ow a recep cio da aceitagio, Feitas sem prazo a pessoa presente, ou pelo telefone, — a morte, ow ineapacidade, ou mudanca de estado, 96 € relevante se ocorre imediatamente apis elt; « accita- cio imediata & morte seria tardia (art, 1.081). Feita sem razo a pesson ausente, tem-se de verificar se a morte, ineapa- cidade, ou mudanga de estado, ocorreu antes ou apos “tempo suficiente” para a chegada da aceitagho no conhecimento do we TRATADO DE DIREITO PRIVADO oferente (art. 1.081, IT). Trata-se, em verdade, de prazo, que fb lei dispositiva fixa, em fus aequwm, ou lato, em vez de em fus strictum. Se, feita a pessoa ausente, com prazo fixado ne- gocialmente, a resposta nio foi expedida dentro déle (art. 1.081, III), oa, se assim estabeleceu o oferente, dentro déle nio Ihe chegou a aceitacio, a oferta cessa. A morte ocorrida durante 20 para a ciéneia do oferente, ou dentro do “tempo sufi- ciente” segundo 0 art. 1.081, II, é de regra, inoperante; 86 é préexcludente da perfeigho do contrato se, in caru, é de enten- art. 1,080) der-se que essa fora a intencio do oferente (arg. 2 As solugdes que a lei adotou atendem a que hé suporte fi tico do negocio juridico da oferta, 0 suporte factico do negéci juridico da aceitagio e 0 suporte fictico, com formagio suces- siva, do negéeio juridico bilateral. A aceitagio é irrevogivel desde que se faz a declaracio, salvo se tem, no caso do art. 1.083, ‘ou outro semelhante, de ser tratada como nova oferta: se a morte, ineapacidade, ou mudanga de estado, ocorreu depois de decorrido 0 prazo que a oferta fixara, 0 art. 1.085 nfo ineide; ‘se ainda se est dentro do prazo para a aceitacio, ou para ela chegar, 0 aceitante pode revogé-la (art. 1.085), ow 0 podem seus herdeiros ou representantes legais. Dé-se 0 mesmo no caso do art. 1.084, isto é, se 0 negécio juridico bilateral for daqueles em que se nio costuma exigir aceitacio expressa, ou © oferente a dispensou: pois que, ai, se conclui o negécio juri- dico bilateral “se niio chegar a tempo a recusa”. Se a morte corre antes, aos herdeiros ou representantes cabe recusarem a tempo; se 0 nio fazem, conclui-se o negécio juridico. 6. _INCAPACIDADE E CAPACIDADE SUPERVENIENTE, — O pro- blema de ser vilido © negécio juridico se a capacidade sobre- vém & incapacidade ao tempo da conclusio déle, pée-se mais claramente, perguntando-se: se, ao tempo da conclusio do ne- ‘récio juridico, faltava o pressuposto de validade, ; tal falta fica suprida se ocorre depois a capacidade? Tém-se de separar ‘8 espécies concernentes & nulidade e as espécies concernentes anulabilidade, para que os argumentos a propésite de uma do se levantem, ineabiveis, a propésito da outra. O nulo, ain- dda se 0 quer quem deu causa a nulidade, de modo nenhum se faz vilido. A fortiori, a simples superveniéncia nao poderia ter essa consequéneia. O problema reduz-se ao de fe saber Se, 50- § 384. CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE 109 brevindo a capacidade e a vontade de validar, se dé a valida- go, Mas a resposta negativa de pronto se impée, porguanto, ‘se a0 que era capaz e continuou de o ser nio se permite, em verdade, ratificar (= validar), com maioria de razao se era ineapaz ao tempo da conclusio do negécio juridico. A insana- bilidade voluntéria do nulo é um dos axiomas da teoria das nulidades. 0 que leva o piblico a pensar em validagio do nulo é a confusio com 0 preenchimento do défice nos negécios juri- dicos anuliveis e com a superveniéneia do elemento necessé- rio a eficdcia. A essa ultima nio se forrou o proprio A. von ToHR (Der Aligemeine Teil, Il, 275, nota 18), to atento, de ordindrio, a distingao entre nulidade e eficicia: falou de se equiparar, praticamente, 20 nulo 0 ineficaz cujo aperfeigos- ‘mento se mostra pouco provivel (; “ser pouco provivel” nao é ““nio sera” 1) ; e de se tratar como nulo 0 ato de disposigio (no se confunda, nem A. Vox TUH® confundiu, com promessa de dispor, ¢.g.. contrato de compra-evenda da coisa alheia), se & negado 0 consentimento, por ser improvivel a eficacizagio (A. VoN Tou confundia com a convalescenca). Em qualquer dos casos, hé ineficicia, a que se sexue a eficacizagéo pela apro- vagio ou pela aquisicho da coisa. £ sempre perigoso, por in- tuitos préticos, dispensar-se a pretisio de conceitos. Por isso mesmo, o contrato de compra-e-venda de bem imével, se alheio, & inefieaz quanto & transmissio; efleaciza-se com a aquisigio pelo vendedor. No é nulo. O contrato de compra-e-venda de ‘bem mével, alhelo, é ineficaz, quanto a transmissio; eficaciza- se com a aquisigho pelo vendedor. 0 ato de disposigio de bem {mével pelo néo-dono, sem que o dono aprove, é imperfeito, ou ¢ inane, — nio é nulo; se 0 dono vem a aprovar (consentir), ‘ou se 0 disponente do atheio vem a adquirir a propriedade, perfaz-se, Em todo 0 caso, se foi transerita a disposicio, opera- -se a transmisefo da propriedade imobilidria (art. 580, 1) a0 primeiro adquirente, se de boa 1é, e aos posteriores, sem inqui rrigo de boa £6, porque tém por si a fé publica do reristo. 0 ato de disposigio do bem mével, pelo nio-dono, ao adquirente de mé fé, sem que 0 dono aprove, nio entra, segundo 0 direito brasileiro, no mundo juridico (art. 622) : inexiste, nfo é nulo Se 0 adquirente estava de boa £6, existe, é incompleto e, pois, {ineficaz: efieaciza-se pela aprovacio pelo dono da coisa mével, ‘0u se © que alienou vem a ser dono. Nao hé por onde se pen- 106 TRATADO DE_DIREITO PRIVADO. sar, embora s priticamente, em ser nulo: é incompleto (as- im se ha de entender 0 art. 622, 2" parte). Falarse de rati. ficagéo, confirmacao, revalidagao, ete., seria inadequado, tanto mais quanto fora admitir-se sanagdo voluntaria do nulo. Negé- cio nulo ¢ nulo para sempre ¢ desde o coméco. Nem o que dea caus a nulidade, por ineapacidade, do negocio juridico, pode, tornando-se ineapaz, querer e validar negécio juridico nulo, em o tempo pode ter, ai, efeito convalescente. A denincia nula no se faz vilida se @ eausa de nulidade desaparece, inclusive se faltava o fundamento & denuncia que teria de ser “cheia” («.9., arts, 1226 e 1.229). 0 adimplemento nao valida © nulo; © que se pagou pela divida nula é repetivel; se coisa movel (art. 622, parigrafo tnico), reivindicével; repetivel, ainda contra o terceiro que adquiriu, a titulo gratuito ou de ma f6, se imével o bem (art. 968, paragrafo nico), posto que, se efi. caz 0 ato de transmissio, irreivindiciivel (art. 530, 1). ‘Seo figurante quer ou se os figurantes querem que se pro- duzam 08 efeitos que 0 negécio juridico, se nio fésse nulo, teria produzido, tem ou tém de coneluir névo negdcio juridico. Com essa conclusio de outro negocio juridico, posterior, 0 ne- gécio juridico nulo nao se valida: continua nulo, como fora desde 0 inicio. Nunea teve eficécia, nem passa a té-la. Néo € déle, mas do novo negécio juridico, a efiedeia, que éle teria tido e nio teve, nem tem, nem pode vir a ter. Ocorre, porém, ‘que alguns figurantes, sem conhecimento da natureza da nuli- dade, entendem que Ihes é dado validar 0 nulo. Dizem, entio, que o confirmam, ou que o ratificam, ou usam de outro térmo, semelhante, mas, como ésses, impréprio ao que resulta da nuli- dade e da sua insanabilidade pela vontade posterior. Ou o di- reito toma a ésse névo ato juridico como nulo, ou nio deixa ‘a0 ato entrar no mundo juridico, ou salva déle o que ¢ suporte factico suficiente, desde agora. A iiltima solugdo técnica é a melhor: qualquer que tenha sido o nomen iuris, 0 negécio ju- idieo novo produz os seus efeitos, se nio é, por alguma razio, também nulo. Para isso, & preciso: a) que se haja coneluido © novo negécio juridico com o reconhecimento da nulidade do anterior, reconhecimento que ha de ser dos que néle tomaram parte, (0U, pelo menos, dos que tomam parte no negécio juri- novo (se subjetivamente divisivel), pois 86 0 reconheci- ‘mento déles substitui a decretagdo da nulidade, judicialmente ; §.$84._CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE 106 4) que 0 novo negécio juridico reitere, pelo menos, 0 conteddo 4o negocio juridico nulo, e as declaragées de vontade podem ter simples remissio ou cita, salvo se em algumas delas estava 2 causa da nulidade; c) se © negécio juridico era unilateral e recepticio, que se dirija a outra pessoa e a eln chegue, ou, s€ lurlateral, que © wedrdo seja de todos os figurantes; d) se formal o negocio juridieo, que 0 novo negécio juridico satis- faca 0 pressuposto formal de validade, ainda se o anterior nio tatisfer, nio bastando remissio ou eita do texto infringente: te aformal, basta a satisfagio dos requisitos comuns sos neyo dos juridicos, ainda se 0 negécio juridico nulo adotara forma Innis rigorosn, O momento decisive para se apreciarem os pres- uposton de validade, materiais ¢ formais, é 0 da concluséo do ovo negéeio juridieo: se cessou 0 que era causa de mulidade, far deixou de ser, legalmente, eauaa de nulidade, nao se hi de ‘exigir a0 ndvo negécio juridico o que se teria de exigir ao ne- f6ci0 juridico anterior. ‘A eficiein do novo negocio juridico é 96 sua, ainda quando se haja remetido, validamente, a0 texto do negéeio juridico nulo. Sobre ser, ou nfo, dado aos figurantes estabelecerem efeitos interiores & conelusio do névo negéclo juridico, € falsa ques- ‘to: no se trataria de efeito retroativo do negécio juridico, oa retroeficéeia, e sim de prestacio que iguale aquilo que teria sido prestado se o negécio juridico tivesse sido, ao invés de nulo, vlido. Se hé divide quanto A intengéo dos figurantes (pres- far desde 0 momento que teria sido o da eficicia do primeiro negécio juridico, ou sé desde 0 momento da eficicia do novo Juridico), terse a primeira intensio como a dos figa- rantes; e nko importa se se trata de negécio juridico pluti- lateral, ou nio, mas a recepgio é de exigir-se nos nexécios ju- ridieos unilaterais. Ademais disso, é pressuposto da celebragéo do negécio juridico névo, para que se entenda alusivo a0 an- terior, nulo, que o figurante ou figurantes do novo nexéio juridieo conhegam a nulidade do anterior. Fora dai, ¢ outro negécio juridico, que de modo nenhum “reconhece” a nulidade do outro; nem quer que os efeitos sejam os mesma, pésto aque 0s queira iguais, porque entio seria negicio juridico de reconhecimento do outro negéeio juridico (sujeito 4 anulabili- dade por érro, ou & agio de enriquecimento injustificado). ‘Tao- -pouco, hé negéeio jurtdico alusive no nulo quando o novo ne. scio juridico & para adimplemento das obrigacdes do outro, Para que valha © novo negécio jurfdico, em se coxitanda de nulidade do outro por ilicitade, ow impossibilidade, ou fragio de regra juridica cogente, & preciso que, ao tempo de negicio juridico novo, a causa de nulidade haja desapareeide, § 385. Capacidade civil e atos juridicos “stricto sensu” 1. CAPACIDADE, PRESSUPOSTO DE VALIDADE DOS ATOS JUK(. DICOs "STRICTO SENSU". — Os sistemas juridicos eostumam con. ter regra em que se diz que, para a validade dos ““atos juridi- £08, se exixe capacidade civil; ef. art. 82: “A validade do ato juridico requer agente capaz (art. 145, 1), objeto licito e forma prescrita ou nao defesa em lei (arts, 129, 130 ¢ 145)"; art. 145: “"B nulo 0 ato juridieo: 1, Quando praticado por pessoa abso- Jutamente incapaz (art. 5.°)"; art. 146: “E anulivel 0 ato juridico: 1. Por incapacidade relativa do agente (art. 6)" ‘Assim, deixou a lei de dizer quais os atos juridicos para cuja validade se requer capacidade civil. Intervém 0 conceito de negécio jurfdieo; nfo o de ato juridico que tem no suporte fécti- co declaragéo de vontade, mas o de ato juridico em que ha mani- festagio de vontade, embora nio declarada, desde que a entrada désse suporte faictico no mundo juridico foi queridia como cate- goria. Negécio juridico é 0 ato juridieo pelo qual se quis que {f6sse negécio juridico 0 ato. Se, pois, admitimos que hé nego ios juridicos em que o elemento volitivo pode nao ser (ou nio © declaragdo de vontade, como a derrelicgao, surge 0 problema de se saber se “ato juridico”, a que se exige capacidade eivi € qualquer negicio juridico. A resposta 6 afirmativa, 0 que de 86 34 fax sem dificuldades largo setor do direito privado. Mas ha os atos jurfdieos que nio so negécios juridicos, ainda fem sentido amplo. Por exemplo, a interpelagio, procuragi 4 apreensiio da coisa ou o exereicio do direito (art. 493, I e 1). Os que adotassem o conceito do art. 82 como ato juri negéecio juridico, teriam de recorrer & analogia, invocando oS arts. 82.85 (e.g, A. VON TUHR, Der Allgemeine Teil, II, 360) + rio assim, os que adotam, com acérto, 0 conceito ato juridico | su" 1 $985, ATOS JURIDICOS “STRICTO 81 negécio juridico + ato juridieo stricto sensu. De modo at 6 problema se limita aqueles alos juridieos que nao entram no conccito de negécio juridico, Naturalmente, tém-se de distin: uir 08 atos juridicos stricto aensn e 0s atos-fatos juridicos. Quanto aq quase tudo se passa como a propdsito dos ny ocios juridicos 0 wos atos-fatos juridiens, mio (¢. 0 centreyga da posse). ode V. BRUNS (Besitzerwerb dureh Interessenvertreter, 82 8.), que exigia a eapuetdade negocial farts. 5, lo de atos-fatos juridicos passou aE, BRODMANN (em G. PLANCK, Kommentar, HH, 4 td 40), a A. VON TUHK (Der Allgemeine Teil, U, 361), © angsgeschift und Eigentumserwerb ainda em se tr E, ZITHLMANN (Oberely fan Bestandteilen, Jherings Jakrbicher, 70, 258), bem como a P. KLEIN (Die Rechtshandlungen im engeren Sinne, 103) © a L. Rare. (Gebrauchs- und Besitzuberlassung, Jherings Jahr biicher, 71, 160 s.). Certos, admitindo, quanto & entrega corpo- ral da posse, que os absolutamente incapazes a possam fazer, finda a absolutamente incapazes, os Motive (II, 348), MARTIN Wourr (Sachenrecht, Lehrbuch, III, 84 ed., 32) ¢ outros 6 preciso capacidade negocial no que entrega, nem no que ad- quire. Os atos-fatos juridieos sho fatox juridicos, porém nio ato juridicos. Louco pote pasar. 2 INTELIGENCIA Dos ATS. 493, 11, 493, PARAGRAFO UNICO, 8 82 po Conico Civil. — O Codigo Civil, art. 49%, parégrafo ‘inico, di aplicavel & aquisigho da posse © disposto neste Cédigo, arts. 81a A regra juridiea, que ai se formula, nnio considera a aquisicilo da posse negécio juridico; 0 parte grafo tinico do art, 493 $6 se refere ao art. 493, IIL (verbis rar qualquer dos modos de aquisigio em geral”), isto & a ou- tros modos de aquisicio que a apreensio da coisa, ou 0 exercl- cio do direito (art. 498, 1), ou 0 fato de se dispor da coisa ou do direito (art, 493, 11). CLovts BEVILAQUA (Cédigo Civil co- ‘mentado, III, 18), exprobrando a intrusio désse parisrafo tinico do art. 493, oriundo da Comissio do Govérno, fe bem em advertir que, “se a posse 6 o estado de fato, correspondente ‘a0 exereicio da propriedade ou de seus desmembramentos, sem- pre que esta situacio se definir, nas relagies juridicas, havera posse, Mas, de lege lata, distinguiu-se da entrega da posse negocial de adquirir. Cartrove III ILICITUDE $392. Coneeito de ilfeito nulificante 1, ILicrrupE & NULIDADE. — A segunda causa de nuli- dade 6 a ilicitude do negécio juridico, ou do seu objeto. A lei Preferiu 0 conceito de ilicito ao de contrério aoe bons costu- mes (boni mores). Em verdade, evitou que se deixasso s6 a moral 0 determinar o que 6 ilicito. Mais: a) Nem tudo que obrigaria a reparac&o do dano ¢ ilfcito; pois hé reparaglo do dano por parte de quem nfo cometeu ato ilieito: se 0 dono da coisa, na espécie do art. 160, If (deterioragio ou destrulgho da coisa alheia para remover perigo iminente), nfo foi cul- ado do perigo, assiste-the direlto A indenizago do prejuizo, ‘que sofreu (art. 1.519); se o perigo ocorreu por culpa de ter- ceiro, contra éste tem ago regreasiva o autor do dano, para haver a importancia que ressarciu ao dono da coisa (art. 1.520); ea mesma ago regressiva compete contra aquéle em defesa de quem se danificou a coisa (arts. 1.620, parégrafo linico, e 160, 1). 4) Todo ato ilieito, no sentido dos arts. 159 ¢ 160, 6, se objeto de ato jurfdico, cauna de nulidade (art. 145, 1). 08 conceitos sio, pois, um 86, + No ilicito esté incluido 0 contrério A moral? A lei brasi- Jeira nada disse. Donde terse de apanhar todo 0 conteido do conceito de ilicito, para se ver se néle se insere, como eapécie, © contrério aos bons costumes, © ato ilicito tem por pressupostos o ser contririo a di- Teito, isto ¢, 0 infringir prinefpio do ordenamento juridico (pressuposto objetivo), mais o ter sido previsivel ou afasté- vel o resultado. Outros pressupostos so acidentais: dolo, § 292 CONCEITO DE ILICITO NULIFICANTE us culpa, negligéncia, guarda de animais, ete. (Se incluissemos responsabilidade objetiva na classe dos atos ilicitos, teriamos de conceitui-ios largamente, de modo abarcé-la.) 0 ilicito, posto nos negécios juridicos, ou nos atos juridicos stricto sense, civa-os de nulidade; fora déles, causa o dever de inde- nizar extranegocialmente. Os dois ilicitos entram na classe dos atos contrarios ao direito (recktowidria), na qual hi o ato, positivo, ou negativo, que importa infracio de dever, ou de obrixagio, ¢ as causas de caducidade (néo a responsabili- dade por atos nio tidos por ilieitos). © Cédigo Civil, no art. 145, Il, referiu-se ao ilicito, sem © definir. Jé antes aludira ao licito (art, 82). Pergunta-se: 4 ilfeito, no art. 145, 11, € sdmente o contra a lei, ou € o cont 4 lei ¢ moral, ou sdmente contra a moral? A expressio “ ito” sinonimo de “legal”, nem os étimos coincidem. 0 ato ilicito nao é 0 ato ilegal, porque hé atos ilexais (= con- tririos ao direito), que nio sito atos ilicitos (as infragdes das obrigagées, as causas de caducidade e outros atos, contrérios 18 direito, mas escuséveis pelo érro). No direito suigo, 0 con ceito de ilicito nfo apanha o contrario aos bons costumes, tanto ‘assim que se diz ser nulo 0 contrato se tem por objeto coisa impossfvel, ilicita, ou contraria aos costumes (Cédigo suigo das Obrigagdes, art. 20, alinea 1.*), Também lé se teve de interpretar 0 texto como abrangente, também, da impossibi- lidade, Hlicitude e imoralidade dos proprios negécios juridicos, ‘em vez de 96 se referir ao objeto déles. £ de objeto ilfeito 0 ato jurfdico que atenta contra a lei ¢ 08 bons costumes. E. 9., 0 contrato para elevagio de precos, eliminatério da concorréneia (Tribunal de Apelagio do Dis- trito Federal, 19 de dezembro de 1988, R. dos 7., 124, 207); 08 negécios juridicos sébre atos ou servicos concernentes as fungées dos funciondrios piblicos (6.* Camara da Cérte de Apelagio de Séo Paulo, 16 de junho de 1987, 110, 284); 0 de tritico de influéncia nas repartigies piiblicas (1." Camara do Tribunal de Apelagéo de Séo Paulo, 15 de margo de 1943, 148, 221, 1° Grupo de Cmaras Civis, 18 de julho de 1943, 149, 199), que se nio confunde com os de mandato perante ‘as repartigées piblicas; 0 contrato de arrendamento de car- t6rio (1.* Camara do Tribunal de Apelacio de Sio Paulo, 8 de 1 TRATADO DE_DIREITO PRIVADO derembro de 1945, 161, 721); @ renuncia a direitos formati- Yon, a prestagies ¢ agdex de direito de familia, como a de investigagio de paternidade (3.* Cémara do Tribunal de Ape- lagio de So Paulo, 14 de agésto de 1946, R.dos T., 164, 243), Dois acérdios’ sko de afastar-se, por érro evidente, que pretenderam apontar como de objeto ilicito a compra-e-venda da coisa futura ¢ a de coisa alhein: o da 4 Camara do Tri- ‘bunal de Apelagio de Sio Paulo, a 8 de maio de 1939 (R. dos T., 119, 257), no qual se raciocinou como se o contrato de compra cevenda {Gsse, no direito brasileiro, contrato real, de modo ‘que nio existiria venda de coisa futura; o da 2* Cimara do ‘Tribunal de Apelagdo do Parané, a 5 de fevereiro de 1946 (Parand J., 43, 202), em que se viu na venda de coisa alheia venda com objeto ilicito: trata-se de venda valida e ‘no plano obrigacional; 0 que é ineficaz é 0 acérdo de trans- missdo, por faltar ao alienante 0 poder de disposigao, mas, finda assim, pode dar-se ef io posterior (ep. art. 622). A concepgio brasileira do “objeto ilicito” (art. 145, Il, 1.* parte) de modo nenhum deixa ao juiz margem a consul- tar o seu intimo, para dizer se 0 objeto (ou o fim) & imora Nio se poderia ter por nulo o contrato em que se prepara ‘monopélio, ou se assegura monopélio de determinado produto; posto que as leis penais e administrativas possam incidir nos atos de abuso do poder econdmico ¢ apontar certos objetos de contrato, no sentido do art. 145, 11, 1 parte, como ilfcitos. Alias, sempre que 0 objeto nfo é imoral em si-mesmo, ou nao € imoral 0 motivo que se féz relevante no conteiido do ato juridico, nfo hé nulidade por ilicitude, A doagdo que fé2 0 vio Jador, ou o que seduziu, ou 0 que tave relagon sexuais com a donatéria, se posterior ao ato tido por imoral, é vélida. Nao € vélida a doacéo para que o donatério cometa ato imoral. . ‘Deve-se considerar ilfcito — pois ilicito é — todo negécio juridico pelo qual alguém assume dever de praticar ou de s abster de algum ato para o qual, segundo a concepcio da vida, tal como se revels, por exemplo, na Constituicéo, hé de estar livre de téda imposiggo ou coagibilidade juridics. E.9.: @) a promessa de mudar de nacionalidade, ou de reli- iio, ou de domicilio, ou de nfio mudar de nacionalidade, de Teligiio, ou de domicilio; 6) a promessa de nao exercer cert® §.s02._CONCEITO DE ILICITO NULIFICANTE _147 profissio liberal, ou de s6 a exercer dentro de restrigdes, ou de a exercer (se bem que o exercer possa ser condigo) ; ¢) & promessa de no dar ou de dar dentncia penal; d) a pro- messa de depor, ou de nfio depor em juizo ou na policia; e) @ promessa de néo votar ou de votar em determinado candidato (se bem que 0 partido politico possa ter sangdes contra os membros indisciplinados) ; f) a promessa de adotar, ou de io adotar, ou de permitir adogfo; g) a promessa de easar-se ‘com determinada pessoa, ou de nfo se casar; h) a promessa de desquitar-se, ou de divoreiar-se, ou de nio se desquitar, ou de nko se divorciar, ou de 6 se desquitar, ou divorciar por determinado fundamento (algumas promessas nao valem co- ‘mo promessas, manifestagées de vontade, porém, pela conver ‘sho, valem como perdio, manifestaclo de sentimente) ; i) a promessa de se suicidar, ou de sofrer, feita por si-mesmo, ow por outrem, lesio corporal (tratando-se de monstruosidade re- dutivel, ou defeito fisico grave, corrigivel, pode ser condi- gio). Tais agées ou omissbes sio ilieitas porque ofendem prin- ‘cipios que esto A base da nossa concepcfo da vida. Por isso ‘mesmo, foi acertado referir-se o art. 145, II, 1.* parte, & lfet- tude, em vex. de aludir aos bons costumes, ou A moral. Algu- mas promessas aeima mencionadas nfo séo imorais. Nao im- porta se a ilicitude est na prestagdo ou na contraprestagi ‘ou no ato de outrem, que se recompensa, ou se faz. condicé Por exemplo: A promete o prémio za B se B mudar de re ligiéo, ou se casar com C (de quem nio € noivo), ou se nao depuser em jufzo; a promessa de pagar a pessoa que no é detective ou Investigador as provas de adultério do cénjuge; a soma prometida a quem néo sofreu dano para 0 caso de be qucixar ou de denunciar (aliter, se o pramissério foi quem sofreu o dano); a promessa de dote para induzir a0 casamento (aliter, a promessa de dote para ajudar ou tornar possivel mais eedo 0 casamento, ou o casamento de que J s© cogita). Vale o legado a viva para o tempo em que esteja em estado de vidiver se a intengo foi amparar a mulher sem recursos, durante essa época mais dificil (na davida, assim se hé de interpretar) ; nfo vale se o fito foi impedir novo ‘casamento, Quanto as gratificagées © gorjetas, no sio ilicitas te se trata de pessoas a quem se costumam dar gratificagies 4ug_TRATADO DE DIREITO PRIVADO ¢ gorjetas. Sto ilicitas se 20 funcionério publico, ou ao em pregado da emprésa que, pelo cargo que exerce, néo as pode rreceber sem repulsa do cfrculo em que trabalha, ou ao tutor ou curador, ou a0 filho ou parente ou amigo de alguém de que depende decisio judicial ou administrativa de algum caso. Também é nuia a promessa de transferir ou gravar de usu. fruto patriménio futuro; o usufruto de patriménio é de patri- ménio que se define desde j4 e existe, ou vai existir sem ser 0 patrimonio futuro do promitente. As dentincias cheias nio sio suscetiveis de promessa negativa, So ilicitas as cldusulas que imponham a pratica de atos perigosos, se 0 fim nio mais alto, ou a omissdo perigosa de atos (¢. 9., escalar 0 Péo de Agicar, deixar de comer dez dias; no vender no armazém de secos € molhados manteiga, azeite, vinagre, feijao e arroz, porque é proibigio, exorbitarte, de competéncia; nao aumen- tar © prego sem restrigdo de tempo, porque poderia levar & ruina se a matéria prima e a mio de obra crescessem excessi- vamente, ou em caso de inflagdo (a interpretagéo pode reve- lar, segundo as cireunstancias, que foi durante certo periodo, mas, se falta tal elemento interpretativo, a cléusula é nula). ‘Tratando-se de cldusula de eliminagéo de competéncia, ndo hé divida que é nula se as circunstdncias mostram que no é em paridade com 0 que se contrapromete (ndo é nula a clausula de nio comerciar A com sapatos de senhora se B, dono da sapataria vizinha, promete nfo comereiar com sapatos de ho- mem), ou se tem por fito explorago intoleravel, sob 0 as- peeto social e econdmico, do pablico. Se 0 nesécio juridico, em cumprimento do qual se prati- cou 0 ato dispositivo, é nulo por ilicitude, nem por isso se contagia ao ato dispositive (transferéncia da propriedade, ou do crédito), que 6 abstrato, a nulidade. Quando a lei tem de ferir de nulidade 0 ato juridico abstrato, é em virtude do art. 145, V, que o ato juridico abstrato é nulo, ou se estabelece, ‘excepcionalmente, a reivindicaglo (art, 248, IV), ou a resti- tuigéo por enriquecimento injustifieado, Pela mesma razéo, pode ser nulo, por ilicitude, 0 negécio juridico entre 0 ce- dente e o cessiondrio, embora incdlume a cessio, que & nex6- cio juridico abstrato; pode ser nulo, por ilfeito, 0 acérdo en- tre 0 devedor eo adquirente, cabendo aos dois dever de re- i | ONCEITO DE ILICITO NULIFICANTE __149 parar so eredor prejudicado, ¢ fica incdlume a alienagio (al ter, quando a lei permite a revogagéo ou estabelece ineficdcia relative, porque, entio, o ato em adimplemento € atingido pela incidéncia da regra juridica). possivel, pordm, que o ilfeito esteja na propria dispo- sigdo, e.g. se n usura est na transferéncia do imével. Al, no se precisa de repetir, por enriquecimento injustifieado, a que seria obstéculo 0 art. 971 (para o usurério) ; cabe, ai, a Teivindieagio contra o usurério, e nio pelo proprio usurério. Base no tom, no direito brasileiro, a reivindicagao, nem a re- petigio (art. 971), nem, se a pessoa que sofreu a usura se nega a pagar o prometido, a condictio ob causam non secular, 2. INTERPRETAGKO Do ART. 145, 11, 1.8 PARTE (“ILICITO"), o Conic CIVIL. — A interpretagéo do ilicito como abrangente do imoral, do contrario aos bons costumes, tem de ser admi- tida, porque, se assim nio fosse, nfo se explicaria que hou- verse @ condictio do art. 971: “Nao teré direito a repeti aquéle que deu alguma coisa para obter fim ilicito, imoral, ‘ou proibido por lei”. Se néio se pode repetir, seria contradi- tério que se pudesse pedir, ou, mais radicalmente, fazer ob- ico, Alls, nos sistemas juridicos em que dos bons costumes (e. g., Cédigo Civil alemio, § 138), ou de negécios juridicos imorais, teve-se de receber expresso, a seu turno, como abrangente de toda violagdo da “ordem piblica”; nfo 86 do que ¢ imoral. O ili- cito apanha o que ofende a principios mais sensiveis da ordem social, politica, econdmica e moral; nfo s6 moral. Noutras palavras, 0 “contrary to morality” 4+ 0 “contrary to public police” 3, CONTRARIEDADE A MORAL INCLUSA NA CONTRARIEDADE. A DIREITO. — O ato é contrério A moral, se a opinio mais ge- neralizada o nio tolera. Nenhuma alusio se faz a moral do determinada religifio, nem a sensibilidade de pessoas de re- quintada exigéncia étiea, sincera ou s6 doutrinadora. Nem cabe exigir-se que a moral seja apenas a de determinado grupo de pessoas. Hi de contentar-se 0 juiz com o que 6 a moral usual nos negécios juridicos, conforme o ramo de direito (direito das obrigacdes, coisas, familia, sucessées, direito comerc Cartrovo IV IMPOSSIBILIDADE. FISICA E JURIDICA, ORIGINARIAS § 397, Impossibilidade originiria © suas expécies pe Impossimmipapes, — O art. 145, 1, in © negécio juridico se for “impossivel” 0 lo 1, Bre fine, falu de ser seu objeto, A impossibilidade pode ser: cosnoscitiva, moral, juridiea, ou fisiea. O que nfo pode ser conhecido nio pode ser objeto de negécio juridico ou de ato juridieo stricto 4ensu; nilo hi negécio juridico, se 0 objeto do ney ‘atuar, com 0 pensamento, na lua, ou em alguma estréla; nem to juridico stricto seneu, em tais circunstancias de impossibi lidade. A impossibilidade lgica dé-se quando hi invencivel contradigio, e 0 negécio juridico ou 0 ato juridico stricto sensi existe, caindo a parte contraditéria, como se nio crita; ou nio existe o negécio juridico, se a contradigio inven- civel o apanha todo. Ocorre 0 mesmo com a manifestagio de vontade ininteligivel. ‘A impossibilidade fisiea nfio impede a entrada do clemen- 9 negéeio juri- ‘quanto as to, que a ela corresponde, no mundo ju dico todo, ou parte déle, existe, mas 6 nulo (ali condigdes) ; ¢ bem assim, no tocante aox atox juridicos stricto aensu. Di-se 0 mesmo quanto & impossibilidade jurtdi ‘Cumpre distinguirem-se a impossibilidade fisica ou jurtlien a0 tempo da conclusio do ato juridico e a impossibilidade fisi- ea ou juridica posterior. No primeiro caso, a prestagio mio pode ser feita, coisa diferente de vir a nfo poder ser feita. No segundo, o negéeio juridico encontra obstaculo juridico. Aque- In 6 a que se chama impossibilidade inicial, origindria, ou timi- ar, em contraposicfo a impoasibilidade auperveniente, Se o ave §.197,_IMPOSSIBILIDADES ORIGINARIAS. 63 ne promete nio existiu nunca, ou nie existe mais, a promesa ‘entra no mundo juridico, mas 6 nula. A técnica legislative em verdade somente tinha de escolher entre tratar 0 imposetvel como obstaculo a entrada no mundo juridico (e essa foi x solue ‘so romana, Impossibilium nulla oblgatio est, L 185, D., de diversin regulis iuris antiqui, 50, 17, em que “nulla est “no existe”), ou como causa de nulidade. Serin de repelir-se, de inicio, w solugdo du simples anulabilidade: fur-se-ia depen- der da eventual impugnagio 0 que jh de comégo xe tem por ‘causa invencivel de imprestabilidade. A impossibilidade juri- dica nfo 6 mais nem menos significativa: concerne ao que, de- vido a0 direito, nfo pode ser construido; 0 negdcio juridico 6 nulo, por ser impossivel o set objeto, cevido a regras juridicas: retirada da agio privada quanto a rime de ago publica; tran feréneia da propriedade imobiliérin a cuem J4 consta do registo ser 0 proprietério (a promessa disso teria de ser interpretada, fem conversio, como rendnein & ago contra 0 proprictirio) ; constitulcao de direito real que no poderia ser inserito, exceto se devido a nio ser direito real no sistema juridieo, porque, entiio, 0 negécio nao entra no mundo jurfdico. Para que 0 negéelo juridico seja rulo, ossibilidade fisiea ou juridica j4 exista ao tempo da conclusiio déle. A impossibilidade subseqiiente nio produz nulidade: 0 direito respeita a irreversibilidade do tempo: o que foi, e valeu, continua de ser, e valer; de modo que a superveniéneia do im- possivel cria outros problemas, mas jé no plano da eficécia, © aqui 86 nos interessa o que é no plano da validade. yreciso que a im- 2. IMPOSSIBILIDADE DO NEGOCIO JURIDICO NAO SE CONFUN- DE COM IMPOSSIBILIDADE DA PRESTACAO. — Ha a impossibilidade do negocio juridico (= proibigio, art. 145, V) e a impossibili- dade origindria da prestagio. A constivuigho do direito real, se ela nio ¢ suscetivel de registo, negécio juridico nulo (art. 11) : nio se pode inscrever ou transcrever; o contrato de tra porte de mereadorins que estio no estrangeiro, onde se protbe 1 exportagio, 6 negécio juridico nulo (art. 145, 11); a compra- -e-venda, em grosso, de géneros alimenticios, que © govérno ji requisitou, ou submeteu a venda a ser sdmente por entrepostos ous, a retalho, 6 negécio juridico cuja prestagio & impossivel pols, nulo (art, 145, 11). A promessa de constituigio de direi- 104 ‘TRATADO DE DIREITO PRIVADO to real, que nio existe no sistema juridico, é nula (art. 145, Miya constitu de direito real fora do mumerus clausus & iow ente; o eontrato de escravidio 6 inexistente, nio s6 nulo, ‘eacamento de dois entes humanos do mesmo sexo ¢ inexistente, indo juridico o suporte féctico, ai ‘Somente entra no mul ; & nulo 0 negécio juridico, por impossibilidade juridica, se o direito trata a espécie como de verificagio evidente (= se 0 ato Juridico mesmo se pode coneeber) . Se nao se pode coneeber, ¢. ‘casamento de dois vardes ou de duas mulheres, nio existe ne- gécio juridico: 0 suporte fictico néo entra no mundo juridico, '€ sutil, mas de relevincia teédrica e pritica, a diferenca entre o objeto juridicamente impossivel (art. 145, 11) eo ne- xgécio juridico que alguma regra juridica profbe, com a conse- quéncia juridica da nulidade (art. 145, V). O direito brasi- leiro distinguiu-os: no art. 145, II, fala-se dos nezécios juri- dicos com objeto impossivel (impossibilidade fisica ou juridica) ; no art. 145, V, de negécio juridico, que 2 lei considere ta: vamente nulo, ou a que negue efeito. O testamento conjuntivo, seja o simultiineo, 0 reciproco, ou 0 correspectivo, ¢ ““protbidlo” (art. 1.630); portanto, nulo (art. 145, V). O eontrato que verse sébre heranga de pessoa viva nio é sobre objeto juris ‘camente impossivel (art. 145, 11), mas sim, em si-mesmo, in- fringente do art. 1.089 (art. 145, V) 3. PRESTAGAO IMPoSSIVEL. — Impossivel é a prestagio que se ndo pode fazer, por alguma causa ligada a ela; ¢.g., 8 pres tagio de coisa que pereceu. Se a coisa nao ¢ do devedor, mio se pode pensar em impossibilidade: 0 devedor ¢ que nio ma ‘tem; nio pode, éle, presti-la (inaptiddo, impossibilidade subje- tiva, causa difficultatis; L. 137, § 4, D., de verborum obliga tionibus, 45, 1: “et generaliter causa difficultatis ad incommo- dum promissoris, non ad impedimentum stipulatoris pertinel, ze incipiat dici eum quoque dare non posse, qui alienum ser- Yum, quem dominus non vendat, dare promiserit”, isto é, “e™ eral, a causa da dificuldade refere-se & incomodidade do que Promete, nio a impedimento do estipulante, de modo que io se comece a dizer que tio-poueo pode dar quem houver prome- {ido ecravo alheio, que 0 dono no vende"). eompra-evenda le coisa alhein ndo é nula; hd causa commoditatis, ¢ nfo objeto Jmpossivel. A tal contrato de compra-e-venda sdmente falta & §.397._IMPOSSIBILIDADES ORIG! a possiveis (e no 86 inaptiddo ocorre respeito a elus), se esteja alhures a razio de as fazer. Tal acontece quando 0 objetivo se passa no proprio sujeito; e.g., se A promete a B guiar automével, quando ja nao tem bragos: & causa commo- Titatis ou difficullatia une-se impossibilitas. Se 0 incomodo tio desproporcionado que seria evidentemente cruel exigi-lo do dovedor, tem-se 0 extremamente incomodo como impossivel; 10 vender Ao objeto que estd com éle no navio, ja fo que se gastaria para se e.g, BE 0 objeto caira no mar; porque, entiio, fr buscar seria muitissimo além do valor do negocio juridico. ‘Se o devedor sabia disso, 0 negécio juridico vale, porque teria medido o ineémodo, Se alguém me promete prestacio do au nao Ihe pertence, 0 contrato vilido: se a adquire, presta-o; se ndo a adquire, presta a indenizacio em dinheiro. ‘Se a prestagdo ja era impossivel ao tempo do negdetc dico, € nulo (art. 145, II, 2% parte). Mas pode ocorrer que haja dois ou mais objetos e seja separavel a parte do negocio juridico, tal como se hi alternativa na prestacio (ep. art, 885, 1* parte, que alids #6 se refere & impossibilidade supervenien te, € é dispositive), ou se 0 testador nao ligou a sorte de uma disposigio a de outra ou de outras, ou quando o mesmo ocorre fem se tratando de outros negéeios juridicos a titulo gratuito. E to nulo © negécio juridico pelo qual se promete coisa que nio existe quanto aquéle em que se promete coisa que esta excluida de alienacio, O contrato sdbre coisas nio suscetivels de apropriacio nio existe; portanto, nio se ha de discutir se Juri. € nulo, ow nio, Se A deixa ao sobrinho a lua, nada deixou. Se hd protbigio de alienar, a nulidade aprecia-se na data da con- clusio. Se a prestacio depende de autorizacdo, licenca de ex portagio, ou outro ato estatal semelhante, a6 ha impoasibilidade se, de nedrdo com as leis, néo poderia rer dada: o juiz nio tem de apurar se foi dada, ow nio; mas sim xe podia ter sido dada, 0 fato que impossibilita, juridieamente, a prestacio pode ser ligndo ao credor; ¢.9., nio poder a pessoa a que se refere © art. 1.188 comprar a coisa, ou ser cessionéria do crédit (art 1-184); J ser dono da coisa Se A compra casa que the pertence, compra nulamente; 0 contrato continuard nulo, ainda se o vendedor ver @ adquiri-la de A. Quem vende 0 que nio 6 seu vende ineficazmente, 168 TRATADO DE DIREITO PRIVADO salvo quanto a ter de indenizar. Quem compra o que é sey compra nulamente. 4. Et QUE MOMENTO SE APRECIA A IMPOSSIBILIDADE, — 0 que decide, quanto & impossibilidade da prestagéo e conse. qiente nulidade, & 0 momento da coneluséo do negéeio juridico (P. OFBTMANN, Das Recht der Schuldverhaltniss, 155; F. EN. x, Lehrbuch, I, 8.-9.* ed., 683, nota 9). Discute-se, po- . se basta, para a nulidade, ser certo que a impossibilidade ccorreré ao tempo do adimplemento; ¢, para a validade, ser G. PLaNck, Kommentar, II, 4° ed 321; . Unmaglickkeit und Unmdplichkeitsprozess, 107). Assim se ha de pensar, inclusive para aquéles negocios juridicos condicio- nais, em que a impossibilidade fisica desaparece no momento de se realizar a condi¢do, pois que se ha de entender ter sido para ‘© caso de se tornar fisicamente possivel a prestacio, Nos ne- srécios juridicos reais, néo ha a questo, porque, ai, 0 principio do momento da concluséo ¢ tipico. tratamento da impossibilidade fisica e o da impossibi- lidade juridica néo podem ser 0 mesmo. Se 0 objeto é fisica- ‘mente impossivel ¢ a impossibilidade fisica pode ser afastada, ou pode nao existir ao tempo da condigo ou do térmo, em x dade impossibilidade fisica no havia. Se o negécio jur ico se concluiu para 0 caso de vir a ser possivel, fisicamente, 0 objeto, ou essa impossibilidade fisica é permanente e inafas- tével, e ndo eabe pensar-se em espera do que se imagina, ou é de se admitir que cease, ou se afaste, e entio abstrata impossi- bilidade fisica nfo hé. Nao é preciso meter. regra de lei, como féz 0 § 308 do Cédigo Civil alemio, enun- ciando como regra sobre impossibilidade fisiea e juridica o que concerne a0 conceito de impossibilidade fisiea. & confundir ° impossivel no tempo com o impossivel punctual (no instante, onto de tempo, em que a ragra juridicaineide sobre o wuporte féctico). A regra juridica “Se a prestagio 6, no momento da oncusio do nexéelo juridico, fisicamente impossive, hé con ligho suspensiva ou térmo inicial, tem-se de considerar valido © negécio juridico se, a0 realizar-se a condigho suspensiva, OU Atingir-ne 0 térmo inicial, ¢ fisicamente posaivel a prestacio” 0 atingir-se 0 termo inicial, é fisieamente ponsivel a prestacio”, tudo isso em § 207, IMPOSSIBILIDADES ORIGINARIAS ast ‘ou térmo inicial, a impossibilidade fisica se ha de apreciar a0 ‘tempo da conclusio do contrato e até ao tempo em que se reali zar a condigio ou térmo inicial”, Basta ser possivel, mum dos momentos, a prestacéo, para que de impossibilidade fisica ori- ginéria néo se possa falar: qualquer impossibilidade fisiea posterior € superveniente "A impossibilidade juridiea 6 ligada a cada momento que passa; nio se estende no tempo. Nao importa se a0 tempo de te realizar a condigao, ou 0 térmo, ela existe, ou nio existe. S6 importa o instante, ponto de tempo, em que a reera juridica, ineidindo sibre o suporte ffetico, Ihe di entrada no mundo juridico. Nao hé quaestio facti, caja solucéo possa ser revista enquanto pende condiggo suspensiva, ou térmo inicial: @ ques- tho, que hé, é juridiea, — questo de incidéncia de regras juri- dicas, instanténeamente. Para o devedor é indiferente se, minuto ou minutos apis ‘a conelusio do negécio juridico, é impossivel a prestagio. O que Ihe importa é 0 momento da conclusio, se tem de prestar desde logo. Se hé condig&o suspensiva, ou térmo inicial, importa-Ihe que seja possivel no momento de ter de adimplir; mas ao sis- tema juridico, tratando-se de impossivel juridico primério, im- porta que 0 seja no momento da conclusio: © momento do adimplemento élhe indiferente. f certo que ao credor interesss ‘que no momento da condigéo realizar-se, ou de alcancar-se © dice @ quo, se faga a prestacho, e ao devedor, que possa fané-la ‘mas, sendo de impossivel juridico primério que se trata, a polis tica da lei é que importa, e nio o interésse dos que negociaram. ‘Um dos pontos mais interessantes do direito sobre a im- possibilidade juridica ¢ 0 que ressalta na perspectiva no tempo, ‘que as condighes implicam. Se é certo que o art. 145, 11, trata igunlmente o ilieito © o impoaaivel, o art. 116, a respeito das condicées, suscita a necessidade de se distinguir o juridicamen- te impossivel, que é apreciado em si-mesmo, o ‘licito, que o hé de ter no contexto do ato, e o impossivel fisicamente (= natu- ralmente impossivel), pois a sorte do ato juridico ¢ diferente: ‘0 juridicamente impossivel e o iljeito causam nulidade, o fisi- camente impossivel ¢ ndo-escrito, inexistente, no entra no mundo juridico e deixa penetrar 0 ato, Por outro lado, a con- dicho ilfcita hd de ser apreciada no contexto do ato e, ainda ‘resolutiva, pode causar a nulidade do ato; a impossibilidade jo- 18 TRATADO DE DIREITO PRIVADO ridiea s6 apanha a condigéo resolutiva, se af € 0 que a ela ge subordina. ‘Quanto as inalienabilidades objetivas ou sio qualidad removiveis, ou irremoviveis, dos bens (sem cogitarmos aqui dad coisas que nio sio suscetiveis de apropriacio, a respeito das quais os negécios juridicos nio existiriam, como a comprace. ~venda da estréla, do ar, ou da égua da chuva nio captada), em virtude de lei, ou provém de negéeio juridieo a que se di publicidade registéria. Nao se confundem com as proibigges de dispor, que eriam iliitude, nem com as proibigbes de dispor, de euja infragdo resulta ineficécia, O ato juridico, pelo quai se aliena ° inaliendvel, or lei, ou por registo de cliusula re. bared € nulo por impossibilidade juridica (art. 145, [1, 2.8 Lente »» : ef poe jee eae, I, 1." parte). £ ineficaz, we & nulo, Nao se torna efieaz por desaparigio da quali. deem tad do non, porate tal el seria retrain Imente, ofenderia o art. 141, § 3°, da Constituigio a 1946; nem se conval fieativo, 1946; nem se convalide,extina a qualidade or ato raificative, “ infrator, porque o nulo é irratificdvel, nem por ato ti Zin ou pens a favor de qu we etabelecer a nalient- ruin, ere tri de at no pret, apes, i por ter cessado 1 inalienabilidade e, quanto ao pas ‘sudo, por inoperante. Se B aliena o bem imo: ? " crip or inoerant. eB allen 0 bem ive ie 4 he de com a cldusula de inalienabilidade, nula e inefi- ‘euzmente aliens, Treen lem, tmporta mult distingui-ae a nulidade por fade Sc ee At Beet) en nulidade por pons Monde dpa htt 2 parte); tanto main quant 0 ‘ses de ilicitude do negéeio orice ae i coe ns bevahedenprnfie le que resultam, no pssso posicho de bem sree, impossibilidade. © ato de dis nula # aquixigho do prédio de ian oe dart eaisses eae contrat ke bro do eatin, ox do proxtibun, em eu ich it vant enue ei meee maenaual. Nao & nula n trone- mato de wan por we tratar de divi para joyar, winds ave A Snalienabilidade torn Tenultante de reginto de negéeto juridico Imponsivelo ebjeto de promenade atime oat ORIGINARIAS 109 §.307,_IMPOSSIBILIDADI 5. AUTO-REGRAMENTO DA YONTADE & IMPOSSIBILIDADE Fi- ‘sick # JURIDICA. — a) A autonomia da vontade nao sofre limi~ tagio no tocante poder-se prometer, com « assungio da re ponsabilidade especifica, a prestacio fisicamente impossivel. & rnulo o contrato da coisa que se sabe ter perecido; mas, se A entende que nio perecew, ou que éle pode salvé-la (navi ‘afundou, cavalo que desapareceu @ todos o tém por morto), pode, admitindo que B tem por impossivel a prestagio, prome- ter a coisa fisicamente impossivel, assumindo a garantia da possibilidade da prestacio, Se a impossibilidade fisiea néo fot desmentida, presta o equivalente, indenizando. b) A fortiori, pode A prometer a prestacho originiria. mente atingida por impossibilidade fisica, para o easo de vir ‘8 ser desmentida. ‘0 mesmo que se disse em a) € em impossivel juridico secundario, Resta # questéo do impossivel juridico primario: £0 negéclo juridico de tipo a) ou 0 do tipo b) tale, se se trata de impossibilidade juridiea priméria, isto elhanga ransfor to do ) eabe a resp . portanto & para 0 caso de mudar a lei? A soluc da se dé para n impossibilidade fis lidade no longo do tempo « impossibi ‘ou a semethanga da inno, m6 punctual lidaile, que seria, sem ‘que se impée, de si-mesma, para a nulidade pelo ilieite, No 0 alemio, de lege lata, 4 primeira foi a adotada pelo § 200; ai porém 6 to imoral expecular-se com a mudanga da moral o mais geralmente, do ilicito, quanto especular-se com a mudanga de regras juridicas, f verdade que ha lei que dependem, por definicho, das cireunst in permitirte expecular com a mudanga de I feitas da aim fexatamente para que se vedem expeculagées com as clreuns Uneian A fraucde A tet reasalta Surge, ent yroblema da impossibilidade juridliea do objeto, ne condicional suspensivamente, ou a témo negicio juridico, Logo se percebe que o impossivel juridico ou (a) © 6, porque & lei o dix (impossivel juridieo primério) ‘ou () porque hé situacho juridica (impossivel juridieo seeun: diario) que o impede. Nao ¢ @ meama coisa ser inaliendvel 0 bem por ineidéncia de regra juridiea, que o fé tal, ¢ nilo poder A-comprar « coiaa que ¢ sua: 0 direito nto Ihe prothe vender, hem ao comprador que a compre; 0 negéclo juridico puro é 1 TRATADO DE DIREITO PRIVADO nalo; o negicio juridico condicional, ou a térmo, nio, porque esta na vontade mesma de quem compra o que é seu aliend-o € 0 fato de apor a condicéo ou o térmo revela que éle quis 6 nemicio juridico, com 0 poder de alienar a coisa, com a vin. calagio do vendedor da coisa alheia a éle, se a0 tempo da reali. sa¢io da condigéo ou do térmo néo for, de nivo, sua, Ha dois textos romanos que merecem lembrados. Na L. 61, D., de contrahenda emptione, 18, 1, MARCELO disse imo posse me id quod meum est sub condicione emere, quia forte ssperatur meum esse desinere” (Estimo que posso comprar sob ‘condigio 0 que € meu, pois que se espera que talvez deixe de ser meu”). Muito antes do claro MARCELO, na L. 31, D., de verborum obtigationibus, 45, 1, POMPONIO dizia: “Si rem meam ‘sub condicione stipuler, utilis est stipulatio, si condicionis ‘existentis tempore mea non sit” (Se sob condigio estipulei coisa minha, til é a estipulagio, se no for minha ao tempo de se ‘cumprir a condigéo). 6. INVALIDADE E INEFIcAclA. — A coisa embargada, pe- nhorada ou em execucio, ou por outro modo constrita, nio & coisa que se considere objeto impossivel, juridicamente; 08 ne- sicios juridicos, ainda os de compra-e-venda, valem, apenas sho inefienzrs quanto Aqueles a favor de quem se embargou, enhorou, ou de outro modo se constringiu. E 0 que se hé de ‘entender a respeito de téda coisa litigiosa, 7. CEs8K0 DE CREDITO FUTURO. — A cessio de crédi titulo oneroso, pode ser de erédito futuro (isto é, ainda nio ‘existente). Quando o art, 1,073 diz que o cedente fica respon- ‘sivel a0 cessiondrio pela existéncia do crédito ao tempo em que tho cedeu, exclut a ineidéncia do art. 145, II, verbo “impos vel”; tanto assim que concebe a responsabilidade como garantia legal, sinda que néo a tenha assumido. Quem responde em Virtude de garantia legal esté em relagio juridica oriunda de ‘ato juridico, ou de fato juridico stricto sensu. O art. 1.073 con- ‘tm, pois, excesdo ao art. 145, II, verbo “impossivel”. 8, INTIRESSE NECATIV. — Nos negécios juridicos eujo objeto é impossfvel, um dos figurantes pode ignorar a impossi- bilidade, conhecendo-a 0 outro ou os outros. A indenizacso & segundo 0 que o contraente nfo teria perdido, se néo houvesse ‘conclufdo © contrato (interésse negative), porque houve a con- {898 FALTA DE OBJETO E ORJETO IMPOSSIVEL 111 fianga na validade (Vertrawenschaden, danos da confianga, que sho uma das espécies de interésse negative). O art. 158 nio impede que assim seja; e a eqiiidade exige-o. § 398 Falta de objeto e objeto impossivel 1. FALTA DE oRSETO. — Hé cass em que a impossibili- dade deriva da falta do objeto: 0 nexécio juridico ¢ sem objeto (gegenstandlos), Dai TEIXEIRA DE FREITAS, no Esbéco, art. 789, inciso 5.°, dizer que os negéeios juridicos serao nulos “quando no tiverem ob jeto, ou seu objeto principal for protbido”. Aqui, tem-se de distinguir 0 negécio juridico cujo objeto é fisica- mente impossivel, o negécio juridico cujo objeto € juridieamente impossivel, e 0 negécio juridico que seria realmente sem objeto. Na segunda classe, e no na terceira, terinmos de por 0 negocio Juridieo de compra-e-venda da coisa do comprador; na tercei- ra, a compra-e-venda das coisas que nio poderiam, munca, ser objeto de direito: ¢.9., 0 sol, a lua, 0 “poder legislativo”, 0 “poder judicidrio”, 0 “poder executivo". Seria inexistente. 2. ImposstBrLiDabE. — E preciso ter-se sempre em vista que 85 se trata de impossibilidade originaria. CaPtruto V FORMA. § 399. Validade e forma 1. FORMA, PRESSUPOSTO DE VALIDADE. — No direito bra- sileiro, ou a forma 6 deixada a Ifbito do figurante, ou dos fi- gurantes dos atos juridicos, ou é exigida como pressuposto necessirio do ato juridico. Se é exigida, a infragdo da reera Juridica sobre forma importa nulidade, e nao anulabilidade. Se a forma é piiblica, dé-se, como veremos, a incidéncia de dois principios: o prinefpio da nulidade, por infragéo de forma; e © principio da desconstituigéo sé mediante processo judicial, ou administrativa especial, do ato juridico estatal. O resul- tado esté em que, se houve alguma violacéo de lei pelo oficial PAblico, ainda que sem atingir 0 ato juridico, tem-se de obser- var aquilo que se exigiu, em lei, para a desconstituigao do ato da autoridade publica em sentido lato. O assunto merece trato especial neste capitulo. 2 FORMA ESPECIAL © ATOS JURIDIOOs. — A forma espe cial pode ser exigida a manifestagées de vontade e as proprias ‘comunicagdes de conhecimento ¢ de sentimento. Se sio partes de manifestagdo de vontade, obedecem & forma dessa; ¢. 9» & comunicagio das qualidades do imével alienado. Algumas, Porém, auténomas, tém forma especial. Por exemplo, a d0 art. 1207 (cf. Cédigo Civil argentino, arts, 1.616 ¢ 1.617). A nulidade por infrago de regra juridiea sobre forma especial, quando o instrumento contém dois ou mais atos ju ridieos, a algum ou a alguns dos quais nfo se refira a resrs juridiea sbbre forma especial, sdmente atinge o ato juridico § 399. VALIDADE E FORMA m3 —$—_SSE.NAMPADE B FORMA iva ou 08 atos juridicos para os quais & elemento do suporte féctico a forma especial (¢. 9., compra-e-venda do imével de valor superior a mil cruzeiros e de imével de valor até mil cruzeiros, inclusive, ou de méveis, ef. 6.* Cimara do Tribunal de Justicn de Sio Paulo, 21 de janeiro de 1949, R. dos 7, 179, 272). 8. FORMAS ESPECIAIS E SANCAO DE NULIDADE; PRINCIPIO DA CORRESPONDENCIA DA FORMA ESPECIAL EDA PROVA, — As formas especiais mais relevantes em teoria e pritica sio a forma eserita, a forma piibliea (eseritura piblica ou notarial ou outra de origem estatal), a eseritura pablica (notarial), a eserita particular com reconheeimento, ¢ a escrita com confe- réneia e concérto. Na técnica legislativa, a forma especial tem por fito reduzir ao minimo a atribuicdo de manifestacdes ce vontade ou de comunicagdes de conhecimento a quem nio nas fz, assegurar a conservagio da prova dessas manifestagdes ou co- municagées, evitar que se tenham como suporte fictico de atos juridicos, negociais ou nfo, manifestagses de vontade ou co- municagdes de vontade, que se niio destinavam i entrada de suporte fictico no mundo juridieo. Com isso, ao correr dos entendimentos e conversagées dos futuros figurantes, pode ‘qualquer déles saber qual 0 momento preciso em que ficariam vinculados. Separa-se, com 0 expediente téenico, o tempo em que se discutiu e se reflezionou e 0 momento em que se con clusw 0 negécio juridico, ou se féz a comunicagio de conhecl- mento, ou de sentimento. A origem disso prende-se i histérin mesma da psique humana: 0 contacto com o alter, a discussho, fa Teflexio (que é a discusso que se interiorizou) ¢ a decisio, Naturalmente, concorre a forma especial para maior atenci amadurecimento, esclarecimento © precisio do que se mani- festa ou comunica. No direito cambidrio, a localizagio das assinaturas no titulo formal e a ligagio entre nomes que cons- tam do titulo © nomes apostos depois mostram bem até 4 ponto de aperfeicoamento pode chegar a técnica da forma. ‘Além désses préstimos da forma especial, tem ela o de servir A prova, De regra, simplifica-se a soluglo do problema da prova: 60 principio da correspondéncia entre a forma especial @ a prova que eath implicito no sistema juridico; donde ser preciso regra juridica especial para se the abrir excesho (« mm TRATADO DE_DIREITO PRIVADO 314_TRATADO DE DIREITO PRIVADO art. 185, pardgrafo tinico: “A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caréter legal”). Em todo o case hie problema da desaparigio ou destrulgho dos livros de act sristo ¢ outras circunstincias semelhantes, em que se prova a circunstincia mais 0 ter existido o ato juridico, com a forms especial. © assunto merece trato & parte. 4. TECNICA LEGISLATIVA DA FORMA; CONVENIENTES & CONVENIENTES. — Ao lado das conveniéneias, que a técnica legislativa leva em conta, ao estabelecer a necessidade de de- terminada forma, — hé os inconvenientes da forma. Nos pri. meiros degraus da evolugio juridica, a técnica do formalismo colocava-se no plano da existéncia: ou o ato juridico tinha a sua forma adequada, e era; ow no na tinha éle, ¢ ndo era, Quando, hoje, dizemos: “A validade do ato juridieo requer agente capaz (art. 145, 1), objeto licito e forma preserita ou no defesa em lei (arts. 129, 180 ¢ 145", ou “A validade das declaragies de vontade néo dependerd de forma especial, se- nao quando a lei expressamente a exigir (art. 82)", ja supe. Famos, de muitos séculos, a era da forma pressuposto de existéncia: tudo se passa no plano da validade, Os arts. 130 © 145 apenas o reafirmam: “Nao vale o ato, que deixou de re- vestir a forma especial, determinada em lei (art. 82), salvo quando esta comine sangio diferente contra a preterigio da forma exigida” (art. 130) ; “E nulo o ato juridico: TI. Quan- do nio revestir a forma prescrita em lei” (art. 145). Porém, ‘ainda quando j4 concebida no plano da validade, a forma es- pecial apresenta inconvenientes: mio raro, negécio juridico ou comunicagdo de conhecimento que satisfez todos os outros requisites @ cujos suportes féetieos, portanto, corresponderam ‘80 que experavam os figurantes, é mulo, por infragio de regra Juridica sbre forma especial e, pois, nio surte efeitos. Para © intérprete da lez lata, o legislador, ao fazer a regra juridi sobre forma especial, pesou as conveniéneias e os inconve- nientes. Nao ha de o intérprete — inclusive o juiz — nem pode le repesé-los. Foi porque os viu, as convenincias ¢ aos in- convenientes, que o legislador simente adotou forma especial Para alguns negscios juridicos outros atos, ¢ néo para todos. Ademais, deixou aos interessados, fora dessas regras ju- idieas cogentes, a escolha da forma, como conteddo da auto JADE E FORMA 18 nomia da vontade: ainda que a lei nfo exija, in casu, a eseri tura piblica, ou a eserita, ou a escrita com 0 reconhecimento notarial das firmas, podem os figurantes ou o dnico figurante usar a forma especial. Af, foi o particular mesmo que pesou ‘conveniéncias e as inconveniéneias, reflexionou, e decidiu, 5, FORMA ESPECIAL NEGOCIALMENTE IMPosTA, — Diz 0 art. 183: “No contrato celebrado com a cliusula de nao valer sem instrumento piblico, éste 6 da substincia do ato”. O le- gisador poderia, no art. 183, ter inserto regra juridiea inter- pretativa: em caso de divida, ter-seia por nulo o negécio juridieo que nio obedeceu & forma que se determinou noutro hegécio juridico (Cédigo Civil alemAo, § 125, 2.* parte) ; mas, fem ver disso, concebeu-a como ius cogens: se foi estabelecida fem negécio juridico a forma do outro negéeio juridieo, o desa- tendimento da convengio importa em nulidade. A concepgio da regra juridiea como interpretativa considera que, freqien- tes vires, 86 se estabeleceu a forma como sugestio, ou comu- nnicagio de vontade; verdade porém, que a alternativa a respeito de nulidade (— na divida, ¢ nulo o negécio juridieo ‘ow ato juridico) se evidencin desaconselhivel. Tanto mais ‘quanto a concepgio da regra juridiea como cogente nfo exelui que o juiz veja, in eas, s6 sugestio ou comunicagio de von- tade; por exemplo, para seguranca maior da prova. Entio, no tendo havido negéclo juridieo, a regra juridica do art. 188. nfo incide. Se houve, a nulidade & conseqiiéncia necesséria. ‘Advirta-se mesmo em que a exigéncia conveneional, ou auto- -normativa, pode ser técita, inclusive se h& uso e costume (— negécios juridicos ou atos juridicos repetidos, ef. Cédigo de Processo Civil, arts, 259-262; Comentérios, 1, 268272). Se hé costume (regra jurfdica costumeira), & diferente: ou essa regra € cogente, e incide, em vex da convengio; ou é terpretativa, ¢ a convengio a exclui ‘A regra é a liberdade de forma; mas as excesses quase a climinam. A vontade mesma pode preestabelecer exigéncia de forma. O art. 133 6 apenas ineluide em prinefpio que se pede enuneiar: “A forma é de exigir-se, com a sangio de nuli- dade, ce hd infragdo: quando a lei a determina, ou quando foi negocialmente preestabelecida””. Nio se trata, portanto, six mente da exigéneia de escritura publica, pésto que seja a es- 0 PRIVADO i TRATADO DE_DIREIT wcie qe mais acontece. A generalizacho quanto A esrita, qu restim do Allgemeines Landrecht prussiano (I, 15, § 117), preito obrigacional suigo (hoje, art. 16) © do direito civil sponds (§6 125, 2 parte, € 154), foi seruida pela Novela Ristriaca de 1916, que emendou o § 884 do Cédigo Civil aus. frinco, Em todos éses sistemas juridicos, a regra juridica ¢ interpretativa (contra, a jurisprudéncia inglésa, que afastou a interpretatividade). Mas todos presumem nio se terem vin- Gulado os que convencionaram; portanto, a sangio de nulidade, fque supe entrada do negécio no mundo juridico. A téenica curopéia por vézes preferiu a regra juridica pré-excludente (no plano da existéncia) a regra no plano da validade (Csibre ilicito nulificativo). Marea de romanismo tardio Mas os juristas europeus, que ai falam de resolucio, sho con- traditorios, © & velha a contradigéo déles (ef, Eattt, URAN isc, Die Formverfigung bei Rechtegeachaften, 3): 0 nada nio se resolve; aliis, também, a preliminar da nulidade tor- naria supérflua a resolugio, ou a revogacio. Em lei de 1 de junho de 528, JUSTINIANO (L. 17, C. de fide instrumentorum, 4, 21) estatuiu que, havendo sido esco- Thida a forma, nio tivessem fdrga, se niio obedecessem a forma excolhida, os contratos, de maneira que nio se pudesse pedir reivindicagio antes de satisfeita a exigéncia formal, nem déles se pudesse invocar qualquer direito (cf. pr., I. de emptione et venditione, 2, 23), O “non aliter vires habere sancimus prestou-se a que na L. 17 96 se wisse regra de policia juridics, ‘que poderia ser invoeada ainda contra a vontade dos contraen- tes (ius cogens). Assim, F. L, VON KELLER (Pandekten, 1 485 s.), que exprobrou s “presungio” a que a lei prussiana aludia, ¢ F. RecersmenceR (Die Vorverhandiungen, Ciritrecht- liche Evérterunger, 1, 1458). A opinifo de G. SETZER (Abhandlung, 15.), seguida por E, URantrscn (Die Form verfiigung, 8), levaria ao direito de resolugio ou, melhor, Tevogabilidade; mas verdade 6 que nenhuma fOrga havia ® convengio, isto é, néo entrava no mundo juridieo. A discussie sobre ser exigéncia para a prova, ou da substineia do con ‘rato, encontrava nessas indecisées campo largo. A outr® ‘sobre ser interpretativa a regra de a6 se entender exigida pars © prova a eacrita, ou a escritura pabliea, culminou com 8 acres {399 VALIDADE E FORMA am disputas de S. StrycK e W. LEYSER, 8 que alude A. LEYSER, nas Meditationes ad Pondectos. (0 art. 133 fala de nto valer sem instrumento publico 0 contrato, se foi celebrado com a cléusula de nfo valer sem tal fnatrumento. Claro que tal instrumento foi meneionado antes, alhures; ¢ 0 contrato, que jé estarin feito, com infracio, pode- Fin ser provado por outros meies, 0 que faria supor-se a 36 txinencia para a prova normal; mas o art. 139 emprega ex- precedes inconfundiveis: “6 dn substincia do ato”. O pacto de Prema entra no mundo juridico, e vale; no vale © que 0 in- felnja. ‘Alids, pode dar-se que 86 um dos figurantes haja esta- eleeido a nio-validade, e do mesmo modo — salvo se 0 con. feato antecedew ao pacto, ou s¢ no houve recepgdo — 0 ne: foie juridico unilateral tem a eficécia de exixir a forma ao regccio jurfdio.plurilateral, de que & um dos elementos, ou aevoutro elemento (E. URantrsct, Die Formverfigung, 18) 0 oferente pode exigir que a aceltag&o seja por escritura pi- ‘ou que 16 se tenha por vinculado quando se fizer a es- tritura pablicn da oferta, ou do negécio juridico bilateral ow lurilateral, Pode exigi-lo o ofertado ou destinatérfo da oferta. Resta saber se, sendo mulo o negieio juridico que violou a regra negocial de forma e, pois, nlo tendo efeito, algo déle fea, O negéeio entrou no mundo juridico, onde poderia ter lgum efeito, seo sistema juridico 0 admitisse, Nenhum efeito Juridica tem éle; porque se néle mesmo houve o pacto, é 0 pacto, vildo, que o tem, ¢ nfo éle 0 que fica é apenas fictico, RNapontamentos, conversagées, pourparleurs, preparativos. ‘Se houve negéeio juridico selecionador de forma, nos ‘térmos do art. 133 (“contrato” esté, ai, ao invés de “negécio juridico, plurilateral ou unilateral"), 0 contrarius consensus pode distratar 0 negéelo juridien que eseolheu a forma, 20 passo que a exclino da exigéncia feita em negécio juridico Unilateral fica dependente da revogabilidade ow modificabl dade prevista, A revorasio, modifieaglo ou distratagto pode ter técita (0. WARNEYER, Kommentar, 1, 199), om negécio furidico posterior. A escolha de forma’ pode ser em testa- mento, ot em endicilo, ov em promessa de recompensa, ov cm oferta (quanto & aceitagéo, ou alguma comunicagdo de ¢o- nhecimento). Néo importa se a forma que se escolhe em ne- TRATADO DE DIREITO PRIVADO —— sicio juridico plurilateral, ou unilateral, 6 para sto jurj fico unilateral, ou no (G. PLANCK, Kommentar, 1, 4" ed. ¢ 18); e 9s denuneia, direito de resolugio ou de resiligio, fiza. cao de prazo. As regras de forma estabelecidas em estatutes de sociedades, ou de fundagées, ou de sindicatos, siio negécios juridicos da espécie do art. 133. Se no negocio juridico fot ito que algum outro negécio juridico (inclusive aceitagho « dentincia) seria enviado em carta registada € nio se observou isso, o art. 183 néio incide: houve apenas recomendagio og sugestio, ¢ nio estipulagdo de forma (L. ENNBCCERUS, Leh buch, 1, 890, nota 2). O mandante pode estabelecer forma ‘que hé de ser empregada pelo mandatario, no cumprimento do ‘mandato, O juiz, a forma que se hé de observar em quaisquer atos que dependam da sua autorizagio, ou de ato seu de su- primento do assentimento de alguém. Nada obsta a que se exijam duas formas, uma para a conclusio, e outra, posterior, para maior seguranca; entéo, o art. 138 nio incide: « infra. cio do estipulado ¢ violagio de obrigagio pelo que nfo cumpre © prometido. Uma das consequéneias do art. 133 6 a de que, se algo se manifestou, ou comunicou, sem a forma negocialmente exisida, nnho se vineulou quem se manifestou, ou comunicou; salvo, 0 que & raro, se 0s figurantes, a despeito da exigéneia negocial da forma para o negécio juridico, entenderam, no intervalo de tempo, pré-contratar, de modo que ésse pré-contrato vit cule como pré-contrato e ainda se haja de coneluir 0 ne uridico précontratado, respeitada a forma negocialmente Preestabelecida (L. Ewnpccenus, Lehrbuch, 1, 392, nota 9)- tora litt? $0 problema da distratacio do negécio sibre forma, no proprio negécio juridico que a deveria observar © rio olmervou, o direto brasileiro, pousuindo x regra juridica do art. 1.083, 1 parte (“O distrato faz-se pela mesma forms ue o contrato"), obriga & que se ponha por principio que # exivéncia de forms, feita em negéeio juridico plurilateral, a¥€ se féz em escriturs piiblica, nko pode ser objeto de distratl ‘tue no seja em escritura publica; portanto, se 0 negécio 10 ridico & que se exigiu @ forma especial néo foi em escriturs piblica, néle nko we pode conter, validumente, cléurula que supine & Gixws6o convencional de forms, ainda se explicits 4 IDADE_E_FO m0 Por conseguinte, a conelusio do negéeio jurfdico que niio obe- deceu & forma negocialmente estabelecida, sdmente se entende precedida de supressio da exigéncia de forma especial, se déle consta, explicitamente, distrato ou outro modo de supressio, para o qual tenham sido observadas as regras juridicas de forma, inclusive a do art. 1.098, 1.* parte. 6. SANGOES POR INFRINGANCIA DAS REGRAS JURIDICAS 80- BRE FORMA, — No art, 130, 0 Cédigo Civil adverte que as rregras juridieas adbre forma sio, em principio, de direito ¢o- gente (— nio se pode validamente chegar ao que se quer sem se utilizar a forma especial): “N&o vale o ato, que deixar de revestir a forma especial, determinada em lei (art. 82), salvo quando esta comine sangio diferente contra a preterigio da forma exigida”, A sangio, no sendo, na espécie, a nulidade, desloca para outro plano, provivelmente o da eficheia, a con- seqléncia da infragio. ‘Ainda que a regra juridica sdbre forma especial tenha como sangio & infragho a nulidade, nao ha prinefpio que esta- beleca a interpretagio estrita, Certo, é regra que os nexécios juridicos, ou, em geral, os atos jurfdieos nfo precisam de for- ‘ma especial, e excepeional 6 que se Ihes exija alguma forma delerminads, Nem as leis precisam dizé-lo. Tém-se de inter- pretar as regras juridicas sdbre forma especial como abran- gentes do que, segundo as regras de interpretagiéo das leis, a despeito da insuficiéncia ou largueza da letra, devam abran- ger; a lei considerou nulos os contratos do art. 134, II, quando infringentes da forma especial, mas dai nfo se haveria de tirar que os pré-contratos também o seriam (nosso Tratado de Direito Predial, III, 154..). A propria analogia 6 possivel (A. YON TuHR, Der Allgemeine Teil, M1, 501). Pretendeu HANS WOSTENDORFER (Die deutsche Rechtsprechung am Wendepunkt, Archiv fiir die civilistische Prazis, 110, 3273.), depois de se referir ao método de se procurar qual o fim da exigéncia de forma, para se saber qual o verdadeiro contetido da regra juridica que adota, cogentemente, forma especial para determinads espécie de atos juridicos (ef. E. DANz, Auslegung der Rechtageschaft, 3" ed. 1148. © 2948.5 Rich- terrecht, 2058.; Einfuhrung in die Rechtsprechung, 925.), ‘que se dispense a sancio de nulidade quando o fim social do

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