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Pedro Costa Santos
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18 de Fevereiro de 2010
WOODY ALLEN
Trabalho realizado para a cadeira de Metodologias de Realização, leccionada pelo Prof. Serge
Abramovici (Saguenail). Este trabalho tem como intuito conhecer o trajecto artístico de Woody
Allen e qual o método que utiliza como realizador.
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Woody Allen
“As pessoas enganam‐se sempre em duas coisas sobre mim:
pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um
artista (porque os meus filmes perdem sempre dinheiro).”
Woody Allen
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Woody Allen
Índice
Biografia ............................................................................................................................ 4
Filmografia ........................................................................................................................ 6
Metodologia de Realização .............................................................................................. 8
Inspiração ..................................................................................................................... 8
Género .......................................................................................................................... 9
Realização ..................................................................................................................... 9
Equipa técnica............................................................................................................. 10
Direcção de actores .................................................................................................... 10
Rodagem ..................................................................................................................... 11
Pós‐produção – Montagem ........................................................................................ 12
Pós‐produção – Banda Sonora ................................................................................... 12
Bibliografia ...................................................................................................................... 14
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Woody Allen
Biografia
Entrou no mundo do espectáculo com 15 anos
quando começou a escrever piadas num jornal local,
recebendo $200 por semana, escrevendo nessa altura cerca de 2 000 piadas por dia.
Mais tarde, começou a escrever piadas para talk‐shows, mas sentiu que as suas piadas
estavam a ser desperdiçadas. Os seus agentes, Charles Joffe e Jack Rollins
convenceram‐no a começar a fazer stand‐up contando assim as suas próprias piadas,
facto que eventualmente aceitou com relutância pois nos seus espectáculos quando o
público aplaudia as suas piadas, Woody tapava os ouvidos, facto que lhe deu sucesso
ao fazê‐lo.
Após alguns anos de palco, foi contactado por Warren Beatty para escrever um
guião: “What’s New Pussycat?” tendo também entrado no filme com um papel
moderado. No decurso da produção, Woddy deixou para si as melhores falas ficando
os diálogos de Beatty menos convincentes. Inevitavelmente, Beatty abandonou o
projecto e foi substituído por Peter Sellers, que ordenou que o tempo do filme
aproveitado com melhores falas. Todas estas complicações levaram a que Woody
percebe‐se que não poderia trabalhar num filme sem o controlo completo sobre a sua
produção.
Teoricamente, a estreia de Woody como realizador deu‐se em “What’s up,
Tiger Lily?” em 1966. Um produtor da American Internation, especializada em
produções de série B, contratou Woody para dar uma faceta humorística na dobragem
de um filme policial e de artes marciais japonês, Kagi No Kagi realizado por Senkichi
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Woody Allen
Taniguchi. O resultado foi “What’s Up Tiger Lily?”, que explorava o contraste entre
imagens de acção típicas da série B com diálogos que aparentemente nada tinham a
ver com aquilo, com questões políticas e filosóficas, entre outras coisas, bem à
maneira de Woody que provocavam o riso pela situação em que surgiam. O método
não era original, pois algumas séries e shows de televisão já o faziam. A sua verdadeira
realização surgiu no ano seguinte com “Take the Money and Run” em que escreveu,
realizou e simultaneamente continuou a escrever mais de uma dúzia de peças e alguns
livros de comédia.
Apesar de ser mais conhecido pelas suas comédias românticas “Annie Hall” e
“Manhattan”, Woody participou em diversos géneros fílmicos como o Documentário,
Drama, Biografia ou até mesmo em Animação, dando a sua voz a personagens.
Continua a sua actividade de clarinetista de Jazz, e dá concertos semanais num
bar em Nova Iorque: o Cafe Carlyle com a banda Eddy Davis New Orleans.
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Woody Allen
Filmografia
Duração
Nome do filme Ano Género Cargo (s)
(min)
What's Up, Tiger Lily? 1966 Comédia 80 Realizador; Actor
Take the Money and Run 1969 Comédia 85 Realizador; Actor
Realizador;
Bananas 1971 Comédia 82
Guionista; Actor
Everything you always
Wanted to know about Realizador;
1972 Comédia 87
Sex (but were afraid to Guionista; Actor
ask)
Realizador;
Sleeper 1973 Comédia 88
Guionista; Actor
Realizador;
Love and Death 1975 Comédia 85
Guionista; Actor
Comédia Realizador;
Annie Hall 1977 93
Romântica Guionista; Actor
Realizador;
Interiors 1978 Drama 93
Guionista
Comédia Realizador;
Manhattan 1979 96
Romântica Guionista; Actor
Realizador;
Stardust Memories 1980 Comédia 89
Guionista; Actor
A Midsummer night’s sex Comédia Realizador;
1982 88
Comedy Romântica Guionista; Actor
Realizador;
Zelig 1983 Comédia 79
Guionista; Actor
Realizador;
Broadway Danny Rose 1984 Comédia 84
Guionista; Actor
Realizador;
The Purple Rose of Cairo 1985 Comédia 82
Guionista
Realizador;
Hannah and Her Sisters 1986 Comédia 103
Guionista; Actor
Comédia Realizador;
Radio Days 1987 88
Musical Guionista
Realizador;
September 1987 Drama 82
Guionista
Realizador;
Another Woman 1988 Drama 81
Guionista
New York Stories
Realizador;
(segmento Oedipus 1989 Comédia 124
Guionista; Actor
Wrecks)
Realizador;
Crimes and Misdemeanors 1989 Comédia 104
Guionista; Actor
Realizador;
Alice 1990 Comédia 102
Guionista
Realizador;
Shadows and Fog 1991 Comédia 85
Guionista; Actor
Realizador;
Husbands and Wives 1992 Drama 108
Guionista; Actor
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Woody Allen
Realizador;
Manhattan Murder Mystery 1993 Comédia 104
Guionista; Actor
Realizador;
Bullets Over Broadway 1994 Comédia 98
Guionista
Realizador;
Mighty Aphrodite 1995 Comédia 95
Guionista; Actor
Realizador;
Everyone Says I Love You 1996 Comédia 101
Guionista
Realizador;
Deconstructing Harry 1997 Comédia 95
Guionista; Actor
Realizador;
Celebrity 1998 Comédia 113
Guionista
Comédia Realizador;
Sweet and Lowdown 1999 95
Musical Guionista; Actor
Realizador;
Small Time Crooks 2000 Comédia 94
Guionista; Actor
Realizador;
The Curse of The Jade Scorpion 2001 Comédia 103
Guionista; Actor
Realizador;
Hollywood Ending 2002 Comédia 112
Guionista; Actor
Comédia Realizador;
Anything Else 2003 108
Romântica Guionista; Actor
Realizador;
Melinda and Melinda 2004 Comédia 99
Guionista
Realizador;
Match Point 2005 Drama 124
Guionista
Comédia Realizador;
Scoop 2006 96
Romântica Guionista
Realizador;
Cassandra's Dream 2007 Drama 108
Guionista
Realizador;
Vicky Cristina Barcelona 2008 Romance 96
Guionista
Comédia Realizador;
Whatever Works 2009 92
Romântica Guionista
You Will Meet a Tall Dark Realizador:
2010 Romance *
Stranger Guionista
*Em fase de pós‐produção
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Woody Allen
Metodologia de Realização
Inspiração
Deveremos ter em conta que Woddy Allen é um realizador extremamente
activo, colocando no mercado cerca de um filme por ano.
Existem dois realizadores que predominam no universo de Woody: Ingmar
Bergman e Federico Fellini, que analisando os seus filmes conseguimos dissecar
citações explícitas.
Na altura da morte de Bergman, Woody declarou ao diário sueco Aftonbladet
que ficou “muito triste ao saber da sua morte” e que este “era realmente um amigo e
sem dúvida o melhor realizador que alguma vez vi”. O seu filme de 1978 “Interiors”, o
primeiro filme dramático, é inspirado quer nos temas quer no estilo de Bergman. Ele
vai mais longe afirmando que “existe o grupo geral de cineastas que oferecem ao
público bom entretenimento um ano após o outro. Acima deles, existem os artistas que
fazem filmes mais profundos, mais pessoais, mais originais, mais excitantes. E
finalmente, acima de todos esses, existe Ingmar Bergman, que é provavelmente o
maior artista do cinema, levando‐se em conta, desde a invenção da câmara de filmar”.
A outra fonte de inspiração de Woody é, como já foi dito, Fellini. Este utiliza
também o imaginário e temas de Fellini em diversos filmes, por exemplo, “Stardust
Memories” (1980) evoca “8 ½” (1963), “Radio Days” (1987) evoca “Amarcord” (1973),
“Broadway Danny Rose” (1984) evoca “Luci del varietà” (1950) e “The Purple Rose of
Cayro” (1985) evoca “Sceicco Bianco” (1952).
A inspiração destes realizadores é vulgarmente confundida com cópia. No caso
de “Stardust Memories”, acusam Woody de plagiar Fellini em “8 ½”, mas o génio do
realizador nova‐iorquino nota‐se nos seus diálogos e na fotografia presente de Gordon
Willis nas lembranças a preto e branco do realizador italiano, plano a plano. No mesmo
filme, é possível contemplar o uso da câmara subjectiva em que o personagem vê
pessoas estranhas ou figuras exóticas num mundo vazio e por vezes sombrio, citando
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Woody Allen
personagens de Fellini que, na maioria dos seus filmes, vive num mundo exótico e
onírico.
Género
Realização
A principal preocupação de Woody Allen é que a fotografia seja boa, mas para
além disso existe outra que considera mais importante que é a fusão entre bons
desempenhos dos actores com uma boa história, facto que existe “uma grande
habilidade” e um “enorme refinamento” como confessa a Eric Lax, no seu livro
“Conversas com Woody Allen”.
Qualquer pessoa consegue fazer um filme segundo Woody, mas aquilo que lhes
falta é a atenção ao conteúdo e colocar sobre este um determinado peso, seja este
cómico, dramático ou outro qualquer adequado ao tipo de filme: “Milhões de pessoas
que foram ao cinema a vida inteira poderiam fazer um filme. Tecnicamente (...) podem
dirigir muito melhor do que eu. Fazem tudo sair lindamente: a fotografia é óptima, os
filmes delas são lindos. Mas o que falta a elas, como a muitos realizadores publicitários
de televisão que fazem filmes, é que não têm um senso dramático ou um senso de
comédia. Por isso é que os filmes do Buñuel 1 podem ser horríveis e ainda assim ser
obras‐primas, porque o que é absolutamente importante é o conteúdo”.
1
Luis BUÑEL (1900‐1983) – Realizador espanhol de cinema, nacionalizado Mexicano. A obra
cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo,
tornou‐o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo. Buñuel também
influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodôvar.
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Woody Allen
Equipa técnica
Ao longo do tempo, Woody desenvolveu uma congruência entre ele próprio e a
sua persona, mas Woody é definitivamente um autor. Para além disso, desempenha o
papel de realizador, guionista e protagonista na maioria dos seus filmes.
Uma característica que o separa do sistema de Hollywood é o facto de usar
normalmente a mesma equipa, desde os cinematógrafos Sven Nyquist, Gordon Willis e
Carlo DiPalma, passando pelo seu produtor Jean Doumanian e terminando,
obviamente, com os seus actores, entre eles, Mia Farrow, Diane Keaton, Dianne Weist,
Judy Davis e Alan Alda.
Poderá parecer uma característica pouco significante, mas com a utilização das
mesmas pessoas, nas suas diferentes produções, cria‐se uma noção de família. Torna‐
se mais fácil de trabalhar pois toda a máquina está já pré‐formatada, sendo mais fácil
que toda a equipa se entenda. Woody afirma mesmo ao New York Times “If I had my
way, and the money, everyone who started with me would still be with me”, o que
demonstra verdadeiramente o seu espírito de equipa.
Direcção de actores
Uma velha máxima do cinema, diz‐
nos que o realizador tem de se apaixonar
pela actriz através da câmara para que o
público também se apaixone. Woody
empenha‐se bastante neste aspecto
quando sente necessidade de criar esse
impacto no espectador.
Ele confessa a Eric Lax no mesmo livro supra citado, que por exemplo no filme
“Anything else” (2003) se dedicou bastante à actriz principal Christina Ricci
(desempenhando o papel de Amanda Chase) para mostrar ao público da forma que
tinha imaginado.
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Woody Allen
Por vezes essa “obsessão” é tanta que o realizador refaz a cena as vezes que
acha necessário para que a paixão chegue mesmo ao espectador, como é o exemplo
de “Match Point” (2005) em que Scarlett Johansson desempenha o papel de Nola Rice:
“Refiz três vezes a cena em que a Scarlett encontra Jonathan Rhys Meyers (no papel de
Chris Wilton) na mesa de pingue‐pongue [É o primeiro momento em que o público a vê,
e a tomada determina de imediato a beleza e a perigosa sensualidade dela, que são
centrais na história]. Mudei o cabelo dela, mudei a roupa” e até a forma de filmar,
“negociando” com o operador de câmara a melhor forma para fazer a tomada, para
que aquilo que Woody sentia em relação à personagem fosse também sentido pelo
público.
Mas nem sempre todo este trabalho é necessário, na verdade, nem sempre
uma personagem feminina tem de criar um impacto tão grande numa cena, mesmo
que seja a actriz principal. Em Scoop (2006), a mesma actriz – Scarlett Johansson –
desempenha um papel diferente e que Woody não tinha em mente que esta criasse
um impacto tão grande: “Não me empenhei num um pouco para fazer com que ela
ficasse sexy. Só tive o cuidado com que parecesse uma rapariga universitária
potencialmente atraente”.
Rodagem
Woody Allen transporta consigo um espírito cómico que o despeja na altura da
rodagem de um filme, quer para a equipa quer para o próprio filme. Existem certas
coisas que Woody faz nos filmes que tem o único intuito de o divertir a ele próprio. Um
exemplo disso é uma tomada que costuma fazer nos seus filmes: “Pessoas a andarem
na rua, em direcção da câmara, e quando estão perto, a câmara começa a subir na
dolly, puxada para trás por um membro da equipa”. Outro exemplo é “pessoas a andar
no passeio, e a câmara no passeio oposto, paralelamente. Certos clichés que venho a
usar ao longo dos anos”.
Ainda assim, Woody ainda tem tempo e imaginação suficiente para inovar: “nos
últimos anos (...) desenvolvi planos‐sequência realmente longos. Não falo daquele tipo
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Woody Allen
de sequência feita com uma Steadicam e que nunca mais acabam. Falo da cena em
"Anything Else", com o Jason e a Christina na casa, junto com Stockard Channing, em
que as pessoas entram e saem de campo e as combinações são complicadas. (...) Passei
a coreografar bastante assim nos últimos anos, porque (...) poupa‐me de fazer
coberturas [closes e tomadas de relação; a cena fica completa numa única tomada].
Ensaio com o director de fotografia a manhã inteira, faço a iluminação complicada e aí
paramos para almoçar, voltamos e fazemos a cena, eliminamos sete páginas em cinco
minutos”.
Pós‐produção – Montagem
Outra velha máxima do cinema, diz‐nos que o filme só começa realmente na
montagem. Nesta fase consegue‐se transformar um conjunto de imagens num
verdadeiro filme e Woody faz questão de estar presente nela.
“Annie Hall” (1977) é um bom exemplo disso. A intensão de Woody era a de
fazer um filme de suspense com um enredo romântico no contexto da história.
Durante a montagem, ao ver que as melhores cenas do filme eram as românticas,
Woody decidiu transformá‐lo numa comédia romântica.
Woody é capaz até mesmo de excluir actores nesta fase. Depois da rodagem de
“Everyone Says I Love You” (1996), na fase de montagem, Woody decidiu excluir as
participações de Tracey Ullman e Liv Tyler que tinham chegado a gravar cenas para o
filme.
Pós‐produção – Banda Sonora
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Woody Allen
Bibliografia
IMDB ‐ http://www.imdb.com/name/nm0000095/bio (acedido pela última vez no dia
30 de Janeiro de 2010)
LAX, Eric. Conversas com Woody Allen, São Paulo: COSAC & NAIFY, 2008 (Tradução de
José Rubens Siqueira)
Senses of Cinema (artigo de Victoria Loy – “Is Woody Allen a misanthrope?”) ‐
http://archive.sensesofcinema.com/contents/directors/03/allen.html (acedido pela
última vez no dia 18 de Fevereiro de 2010)
“Um filme de sucesso é aquele que consegue levar adiante uma
ideia original.”
Woody Allen