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BIBLIOTECA DE CIBNCIAS SOCIAIS Sociologia sola -2008- 9 Anthony GIDDENS Membro do King's College, Cambridge Fabawe te Seite uma breve porém critica introdugao Tradugéo: Alberto Oliva Luis Alberto Cerqueira ZAHAR EDITORES 310 DE ieee Zaye Prefacio ‘LA pela década passada, importantes mudangas ocorreram nha sociologia e nas ciéncias soclais em geral. Contudo, tals desenvolvimentos quase que s6 tém ‘sido discutidos: fem trabathos que encerram considerével complexidade ‘Dai no serem facilmente acessivels. a ‘que care- gam de certa familiaridade com a diseiplina, ‘Tal fato im- leo das preocupagées teéricas que a soclologia compart. ha com todas as ciénclas socials. Néo adoto o ‘ponto de. Vista usual de que tais questées sejam Irrelevantes para. os que buscam fhnllariza-se com's soiolagis'‘Tarspears scaitow ila guntments diundidn dogo tas queen Por demais compleras para que possi ser apresnde das antes que o leltortenha adquirdo certa desteen com relaplo ao'contetido empirco da dsc+pling, Ao anallsat 8 sociologia: uma breve porém critica inrodugao esse contetido empirico, ressalto certos aspectas normal- ‘mente descurados em trabalhos introdutérios. Multas ca- racter'zagdes da soclologia sio escritas tendo em vista fun- damentaimente determinada socledade — aquela em que © autor, ou 0 piblico ao qual se dirige, vive. Tentel evitar fesse tipo de provincianismo na erenca de que uma das principals tarefas do soclol6gico consiste em romper a fronteira do familiar. Mas, talvex a principal caracteristica distintiva do livro seja'a forte énfase que concede a0 histérico. Podemos ensinar “sociologia” e “Tis: téria” como se fossem distintos campos de estudo, mas tal ostura se me afigura equivocada, Envidel esforgos no sentido de ser conciso e isso en- volve algum tipo de sacrificio com relagéo & abrangencia, Nilo me preocupel em fazer uma cobertura. encl de todos os topicos que constituem dreas legitimas de in- teresse socioligico, © leitor que desejar tal abrangencia, deveré buseé-la alhures. Cambridge, ‘outubro dé 1981 ANTHONY GopENS isewon | infeneive 1 Sociologia: Questdes e Problemas as Yaga oafo dot tplns erudado pia tet . ainda assim a vinewlam & subversio, dg tas por delezados mltanes esdanis Por visio multo diferente da. sociologi que faz com 10 sociologia: uma Breve porém erftca introdugto \docientifica. [i ivocada a concepgfio de que a so~ ees ares ‘rey tess oes loco incited re a Ne ee nae ae See cae oe ee ea que pretenda vincular a a J ee eee ee pep n aa aa eee ee et ee ee ae prec di sSash of atcar Reny Ena ol a “esse carater porque lida com problemas que se mostram Soa reat ae Sear Se ae ee ara ee ne ee ee ne OE ae aes Thoristra de modo inequivoco quéo prementes so as ques- a nee te occa n a aso oe Slgaferaee quo he un. a serie ee aah nee i idade. saris Minch esters etry woe Grathar seu contetido. Como as Cae clay patina z. as oe an ge ia Seeman conan eel ae fehao gine Snir al ma rc epuae a Soo EP anes spat sociologa: quesides ¢ problemas ML de ter sso parecido a inimeros “soci6logos” profisslonais 8 multas pessoas lelgas angustiadas com o fato de exis. firem numerosas conceposes competindo ‘pela’ mancira Adeginda de enfoar'¢ atalisar cielo da ocelot que ‘se afligem com a perssténcla dos embates sociolgt os e com a falta de consenso para resolvélos usualmente caracterlzam essa situagéo como sinal de imaturidade de sociologi. Bles querem que a sociologia se essemelhe a uma eléncia natural, gerando um sistema de les univer: sais supostamente semelhante Aqueles que a cléncia na tural deseobriu e validou. No entanto, de scordo com a concepeo que aqui delinearet, f sociologia deva ser elaborada’& maneira das cientlas na turals, ou imaginar que uma cléncia natural da socledade fseja_ possivel ou desejével. Outrossim, gostaria de enfat ¥ar que tal afirmagio néo pretende veicular o ponto de Vista segundo o qual os métodos e objetivos das cléneias naturals se mostram totalmente irrelevantes para o\e3. fuudo do comportamento socal humano. A soeolovia ida com um objeto tatualmente observavel, depende a pes. uisa empiriea e envolve tentativas de formular torige ¢ generalizagdes que dario sentido acs fatos. Mas «natu. teza dos stres umanos nfo 6 a mesma dos objetos mate: Faig_O estido de nosso proprio com i, no que se refere a certos aspectos muito importantes, € comple: famente diferente-do-estuda-dos fendmenos naturals © desenvolvimento da soclologia, assim como suas preo- cupagées atuais, tem de ser apreendide no conterto das Judaneas que claram 0 mindo moderno. Viremos ‘numa época de muciga transformagdo social, No decorrer de apenas dois séculos, tiveram lugar avassaladoras mudan- 2s socials que, nos’ dias de hoje, slo ainda mais acelera. as, Tals mudangas, que se oviginaram na Buropa Oct ental, fazem-se sentir agora por toda parte. Elas diseol. Yeram totalmente as formas de organizagao social em que ' humanidade viveu durante milhares de anos. Seu nticeo, eve ser encontrado nas que tém sido descritas como "ay dduas grandes revolugdes” dos séeulos xvit'e XIX que tive, 12 sociologia: uma breve porém critica introducto of tam lugar na Europa. A primeira 6 a Revolugéo Francesa de 1788, que corresponde nio apenas a um eonjunto es pecific ‘de eventos, mas também a um simbolo de trans. {formagées pliticas de nossa era. Pols © Revolucso de 1789 fol mutt Uerente’ dag feels que anteoeteri, De tempos em tempos, os camponeses ve rebelavam contra os Senhore febdns, tas tentaram apenas afar crtor Gividuos do poder, ou fazer com que os pregos ou as taxas ossem redusidos.'Com a Revolugho Francesa (a qual po- demos associar, com certas reservas, & revolugto antiea- Jonial ocorrida'na América do Norte em 1776), pela. pri ‘mera ver na hlstéria uma ordem social fot completamen- ‘te transformada por um movimento condus'do por Iddias uramente seculares — lberdade e igualdade univers, — se, mesmo nos dias de hoje, os ideals dos reolucionérios et tratar-se de “democracias", seja qual for sua compleigéo politiea real. Isss0 6 algo totalmente novo na historia da « ‘humanidade. # claro que existiram outras Tepublicas, ee“ peclalmente as da Grécia e Roma clissicas, Porém, nko ppassaram de casos raros. E nesses casos, os que integra- ‘yam 0 corpo de “cidaddos" constituiam ‘uma minoria da opulacio, cuja maioria era composta de escravos ou de Dessous que nfo desfrutavam das prerrogativas dos gru- Pos restritos que tinham acesso a cidadania, sociologia: questées ¢ problemas 13 (gio da producéo agréria, além de promover a expansio das cldades com uma intensidade jamais vista na historia, Calcula-se que antes do século xrX, mesmo nas socledades, ‘mais urbanizadas, niio mals que 10% da populacéo habi- tavam as pequenas ou as grandes cldades — e geralmen- te multo menos na maloria dos Estados e impérios susten- tados pela agricultura. Conscante os padrées modernos, virtualmente todas as eldades nas socledades pré-indus: ttiais, mesmo os mais afamados centros cosmopolitas, erat relativamente pequenas. Estimou-se, por exemplo, a popt- lagio londrina do século xiv em 30'mil habitantes e a de Florenca durante o mesmo periodo em 90 mil. No inicio do século xix, a populagko de Londres {6 ultrapassara a de qualquer cidade em todos_os tempos, aleangando @ ci- fra de cerea de 900 mil @lmas) Mas, em'1800, mesmo cor {iio grande centro metropolitano, apenas ttma pequena minoria da populago da Inglaterra e Pais de Gales resi- dia em eidades. Um século depois, quase 40% da popula ‘940 residiam em cidades de 100 mil habitantes ou mals € cerca de 60%, em cidades de 20 mil habitantes ou mais. Quon 1.1 Percentage da, pepulage mundiol (que vende om cidade 1800 ay 3 1080 23 . ‘que ocorreu ‘na Inglaterra no final do 1900 5s > séctlo XVM © se disseminou, ao longo do séeulo xr, pela 89 aa <© Europa Ocidental e Estados ‘Unidos. As vezes, a Revolugéo aa 164 Industrial 6 apresentada como um conjunto de movacbes © ctdenieas: especialmente a utiliaagio do vapor para manu: Sfaturar a produgdo e a introdugio de novas formas de ‘The origin and ee fmerion Journal of Soniagy, wok 6t, 0° aquinaria acionadas por tals fontes de energia. Entre- tanto, essas invengOes téenicas foram apenas parte de um © Quadro 1.1 mostra que a urbaniizacio tem-se ex- conjunto pandido dramaticamente em escala mundial, © que 1890 nomicas, continua a ocorrer. Todos os paises Industrializados slo. ‘muito urbanizados, quaisquer que sejam os eritérios que ‘usemos para distingulr a “pequena” ea “grande” cidade =i 1M sociolopia: uma breve porém crlticeintrodugo dos centros menos. populosos. No entanto, também nos ‘paises do Tereeiro Mundo se verifica rapida expansio das reas urbanas. As malores reas urbanas do mundo con ‘temporineo mostram-se imensas, quando as contrastamos com cidades de sociedades anteriores ao século xt ‘Se a industrializagdo e a urbanizacio esto no centro das transformagdes que dissolveram inexoravelmente a3 formas mais tradicionais de socledade, devemos menc'onar tm ss fopomeno ae les ei atsocadn rats do surpreendente aumento da populagio mundial nos dias ‘hoje, comparativamente com 0 passado. Ja se estimou que, nna €poea do nascimento de Cristo, a populagéo do munds rovavelmente néo chegava a 200 milhoes de habitantes, Até 0 séoulo xvi, sua totalidade parece ter crescido de ‘maneira bem constante, ainda que lenta; provavelmente, ‘8 populagéo do mundo duplicou durante esse’ perfodo, ‘Desde entéo tem ocorrido a tio falada “explosio popula ional", embora pouco se saiba sobre ela. Atualmente, hé quaze 4 bithdes de pessoas vivendo no mundo, ¢ esse nii- mero tem aumentado de tal modo que, a perdurar tal situagio, a populagdo mundial duplicaré'a cada 40 anos. Embora ‘as conseqiiéncias de tal creselmento populacional para o futuro da espécle humana sejam assustadoras, po- endo ser objeto de grande controvérsia, os fatores que subjazem as origens do recente creseimento demogrético ssio menos controvertidos. que os da industrializagso ou urbanizagfo. Na maior parte da histéria da humanidade, hhouve um equilibrio geral entre as taxas de natal de mortalidade. Ainda que, em alguns as de_questéo. complexa, (© primeiro é que, anteriormente aos dois lti- ‘mos séculos, a média de vida raramente ultrapassava. os 35 anos, e em geral era menor. O segundo fator fol a taxa de mortalidade infantil: néo era incomum, na Europa ‘medieval e alhures, que até a metade das eriancas nascl- Gas em cada ano'morresse antes de alcancar a idade adulta, O aumento da expectativa de vida e 0 dramatico ecréscimo da taxa de mortalidade Infantil — produs'dos ‘pelas melhores condig6es sanitérias e higiénicas e pelo Progresso da medicina, que propicioy a cura das princ!- pais doeneas infecciosas — tém contribaido para esse pro- ‘digioso crescimento populaciona. sociologia: quesbes e problemas 15 Sociologia: uma definigéo al A socbologia surg quand aqueles envoli fs ase emlidangas ocasionadas belay "Our ides revolugdes™ que tiveramlogar em sho eurcrey seuram compreender as condiées de sua emergéncin rs provarelsconseqiénsiae | Naturivent bido Pode set exatamente demarcada em termoe de suas origens Podemos prontamente raga Gna like antinun que val dos autores ‘de meatos do ssculo avi ‘0s perfodos mals recentes do pensamento social Be fate 4 formagao da soclologia envolveu um cla ldeoldglo ae ontribuinparalMefeMenta ambos ox processos rercluc. iri ‘Como deveriamos deins a “sciologia"? Vejamos uma detnipo trivia A socologia da resptto 20 estado de tociedades humaies. Ora, af podemas formular a nogis ae sociedad de modo muito feral. Pols sob a categoria feral de “socledades™ desejantos Inclult nko apents on Dales industrialendos, mas também os kmensoe Estados Imperais sustentados ‘pela agrictlfura (como, ©. impeio Romano ou a China tradicional) e, no extremo oposte, as Poquenas. combnidades tribals que apenas podem aban. fer um mimero insignifeante de ndviduos {Uma sociedade um propo, ou sistema, de modes snstifucionaizados decontilia, Fula Ge formas “ingtar lonalizdas® de condula social 6 refert-se a modallgades fe crenga-e comportamento que scorn & haan on como expressn & terminologia da, moderne tora social So sociimente reprodusidas —no tempo eno espaga. K linguagem ¢ excelente exempio de una forma 8e slant de" institiclonalizads, on institulgdo, por ser to funds ‘mental para a vide sol. Todos née alums Unguas ae, fniquania indivduos, nenhum de nes rion, embors Gos: Samos uttizar a linguagem de forma crativa. No entan to, multas outros aapectos da vida soll podem Serine ficionatizads, ou ja, tornamse’ gerabmentepréticas ‘uotadas que imantém tina forme reenheclonmente sens Taro longo das geragdes. Por eonsogulnte:peceows fe de insittgoesecontimiess, poltieas'e asia te ten E cevemos-assinalar que semelhante ‘sn do Concete ge “institulgo” dere da'maneira em que'o termes hewdece 16 sociolopia: uma breve porém erica introducdo temente empregndo na linguagem comum, como vago si onime de “erapor ou “oletiidads" — odmo quando, a0 {alarmos de Sime prio ou hospital, nos referimos a tm Tocas consideragGes servem para mostrar como deve- ros eompreender o lermo vaoeeade", mas no pedemos deixar a por resWer. Como objeo de estudo, 8 sooedatie® 6 aboreada fanto pela socologia quanto pelas demis cionslas soni. [A caraterstca distintiva. da 20- Glologia reside no. fato de ela concern principalmente ‘tgulas tormas de-soceda que tim emergido na este as "duas,prandey revelugdes";-as sociedaces-intustrial hente avangadas eel muito 2 dln nos eapitlos que ‘ aeguemn a rexpllo de o que impllea a expresso “indus- frutente avangadae", Mis 0 serd prejudicial para etn, quer. sD sas aniedndes “fvangnday" nfo poderem ser See nas do Pests Oo mn, aa sole fe ese ccieam-no tempo — ainda que grande dos tabalhos soe ologlcos tenha sido esc. como Eton fone. io, galmente porate ene Hae nde ¢ pouivel scar precamenie nie di Se oe aoa cue pessemes fase. alguns question da teoda Se ead tem a yer cam 8 maneira Pela qusl 0 CoMar- Be Me Winltigies hurmanay deveram ser cone! Harada abel de tatado por pare Gas clenclas so iu eoua un tts iferentes “areas” de comport a shaman que ado abordadas pelas divers clacis ent a ao aaa Inteletaa! do traalno gue Sa or mificada de manera muito geral. A entre. * bor exempl, esta, nominalmente com Pa es tals cinples: as soledades tribals, a cht- $2 Siete Jor sustentaos pels agriculture, Tals soce- fas ‘porem, vem sondo eompetamente dimivias pels Gade Prsnidancas soeais que tm acometido © mundo Prana ane rem incorprada pelo moderns su eitle utils © objeto de esto da economia, are Esta inate excie, & 0 produgho e a lst sayeghtO! Bx sociologia: questoes ¢ problemas 1 ‘cio de berg materials. Contudo, as instituigdes econdmi- as sempre estdo, obviamente, associadas a outras insti- tuigées nos sistemas sociais, que as influenciam e so por las influenciadas. Fmalmente, a historia, como o estudo 0 continuo distanclamento entre passado e presente, constitu a fonte material da totalidade das ciéncias sockais. “Mu‘tos pensadores notéveis associados ao desenvolvi= mento da soc.ologia ficaram impressionados com a sm porlancia da c.éncia e da tecnologia para as mudancas gue testemunharam. Portanto, ao estabelecerem as metas da sociologia, buscaram, no estudo das questdes sociais Jhumanas, conseguir o mesmo éxito obtido pelas ciéncins | naturals’ ao explicarem o mundo material. 6 soeialogia. devia ser-tuma “clénela natural da_socledade”. Augusto (Comte (1799-1887), que eunhou 6 termo “soelologin”, for- ‘mulou essa concepgao de modo mais claro e abrangente, ‘Alegou que todas as ciénclas, inclusive a sociologia, com- partilham uma estrutura global de légica e de método; Togas visam descobrir as leis universals que regem os fe ynomenos patticulares com os quais lidam. Comte acredi- fava que, se descobrirmos as leis que reem a sociedade humana, poderemos forjar nosso préprio destino, do mes- mo modo que a ciéncla nos tem permitido controlar 0s eventos que fazem parte do mundo natural. Sua famosa formula, Prévoir pour pouvoir (prever para poder), ex- pressa essa idéia, VER PARA PREVER ‘Desde a epoca de Comte, a nogio de que a sociologia everia tomar como modelo as ciéncias naturals tem pre- Gominado —~ embora certamente nfo tenha deixado, de softer objegdes, sendo também ‘de varias © dife- rentes maneiras. Emile Durkheim (1858-1917), uma das Figures mais infiuentes que contribuiram para 6 desenvol- vimento da soclologia no século xX, deu continuidade a ins. aspectos importantes do_pensamento, de Comte. Segundo ele, a sociologia diz respelto aos “fatos socials” ‘que-podem_ ser abordados do mesmo_modo objetivo que os fatos com que lidam as cléncias naturals. Em seu peque- tio, mas por demais influente livro As regras do método Sociolégico (1895), Durkheim propos que os fendmenos Socials deveriam ser tratados como coisas: deveriamos con- Siderar @ n6s mesmas como s fOssemos objetos que fazem 18 sociologia: uma breve porém erica introducao atte da natureza. Assim sendo, ele acentuou as similart- Gades entre a sociologia e a ciénela natural, Como mencionei anteriormente, ‘ejeito esse tipo de ponto de vista, ainda que ele tenha' sido muito diftndiae ‘tm sociologia. Falar da sociologia, e de outros temas, como antropologia ou a economia, como “ciéncias sosiancn enfatizar que elas envolvem o’estudo sistemition te: axe objeto empirico. Tal terminologia nfo nos eonfundird ex quanto percebermos que a soclologia e as outras sienenes ‘ociais diferem das clénclas naturals em dois’ aspesios fo que tange ‘soeial, no podemos tratar as alividades humanas come se fossem determinadas por certas catisas da mesma for, ‘ma que os eventos naturals, Temas de compreender @ que chamariamos de duplo.envotvimento de individuos © tne, Se it San Steere fe Stas mle oma 3 A ash ee eaten Si neha chara wa, sep, Sieg fae Se ret ate Sones eo aa Fe go els Ses eons Bae 2 oc teagan oe oe ieee Saal eh a aa gmc elias «hee ges se aan es ar tone Spee rat Rehan eet eum ee daa en oe oon aces "a ms Stain sociologia: questbes ¢ problemas 19 . J ‘diticios que _estdo_sendo_constantemente reconstruidoa logia nio sho e ndo podem ser diretamente andlogas aos usos tecnologieos da clea, De dtemos no podem saber o que os elentistas disem so.» bres ‘les, ow mudar de comportamento com base’ mesce Conhecimento, J4 com os.seres humanos di-se 0 conch Fe. Por conseguinte, a relacao entre soricloga a ty objeto de estudo” & necessariamente diterente a felt aaa elas cléncias naturals, Se considerarmos a ater de social como um conjunto mecinico de eventos: deter, a 8 historia é e do que pode vir a ser Eis por Gaga ou Podemes satistner coi ion ae Soe ae ouooir, considerada coma teenslogin woe A imaginagio socioligica: « sociologia como eitca Neste ivo,aflrmo que a pritica da sociologa demanda 0 que. Wright My tao nablantg oan de nag =: ee {C. Wright Mills, The Sociological Ima. ~gination, \dsworth, Penguin, 1970, [4 tmaginacéo eioléiea, Rio, Zahar, 126s; eed, 1082} weer ase tem sido tio utlzado que core 6 rise Wd ieee cm al, 80 Proprio Mills usou-o num sentido unk tears gat 40 imenciontio, quero refer 8 formas ‘ela: 20 sociologia: uma breve porém critica introdugéo clonadas de sensibtdade que_se_mostram indispensivele ndlse soelologin da maneira comes cancebs ae demos compreender-o-mundo sell a que-derses tins ny foctedades indusrialzadas contemporineas on eee de atual_que se formouprimeiramente no Oaiderign raetianle-um tiple exerleo de imaginagko Besse [oF ‘as da imaginacdo sociologca-envolveta uss fonabiln de histrica,-antropologica © eric Seres hiumanos geneticamente dénticos a nés exstem ‘M4 mais ou menos 500 mil anos Na melila eau que wn demos obteralgum conhecimento partir das ‘eae argueotigios, “Civilzagbes" baseadas Aa agriculture exe tem, quando muito, ha apenas 10 mil ance 'No entane esse’ parece um grande periodo quando’ comparado aig. Sgnilleante duragio da historia feoente, onde prego o eupitalismo industria. Os histriadores nfo" extSa ae seotdo com relado & quando o caitaliamo, emo mode ic atvidade econdmiea, comegou a predominam; mas ¢ at Sell sustentar a afirmagdo de que suas origens pesssns Sr contradas na Buropa antes do atclo AV ou a¥l O cx Bitalsmo ‘industri, enguanto assclaglo do ‘erapeece: imento ‘eapitallsta com a. produgio mechnies {ander ‘monte lima parte do. seculo ava ‘mo industrial em nivel mundial, tem, néo obstante, cae ‘sado mudancas sociais mais perturbadoras em suag con. Seqiiéncias que qualquer outro periodo em toda a histo. ia “anterior da humanidade, Os ocidentais vivem em so. socldades Adapladas a uma rapita inovagho termebioen opulagdo vite em eldades grees u peauenas, dediease'a'um trabalho industfial Fe Se aaah’ Ge’ Estados NagdtsEnretanta, ae how "manda fpcial familar, crindo de forma tio répida @ dean € Ginico na histéria da humanidade, a "No que serefere &tmaginago goclolgiea, quem ana: 1is"hoje em dla as socledades industria zadag mses Dr meio Tope, dose sforar pars weupetar Nose bee, ‘BHo pasado iniediato ~ o “mundo que pdenen eo, flante tl esfrgo' de a0, que nafuraimente ‘ox. Volve-uma eonseiéncia hstoiea, & fue podernen corer, sociologia: questées ¢ problemas $1 fender como o mado de vida dos que atualmente vivem nas Stciedades industralizadas 6 diferente do dao peasoas quo ‘iveram um pasmdo relatiramente recente, OF fatos ie tos, como os. que mencionel ao falar da urbanizaglo, now aibillam a eampreender fal fendmena- Mac’ que ¢ reat mento necessrio ¢ ume tentatia.de-recoisitngio tau iinativa da consBiaigho das formas. de vida: ssea]- ae Foe gran ge rata ioe oat siret Taser lum Uistingo entre 0 efelo do socitogo ¢ Marte do historiadoe.A'loguatera selecentata © ee dade que experimentoa pela primeira vex o impacto da Re- ‘ohiclo Thdustria, ern ainda uma socletade em qu es ostumes-da comnidade local eam ‘mantides pla’ pene, ffante intluencin da teligito Pol uma socldede ent que demos eansiater ima continuidade com » Gri-Bretarha © seule as ene or conta sto notes: as or anizagSes que hoje em dia slo comuns exisiam apenas oma forma rudinnentar: nio apenas Tibrcns © eetio: Fos, mas escolas, factldades, hospitals prises 96 's0 tor. narim commana no séeulo xi ‘De certo modo, naturalmente, esas mudangas na es- trutura da vide soa! sho de tipo material, ao'desarever 4 Revolicko Indust, assim esceveu um historiador ‘A eeologia modems slo apcnasprodus mss © mals pido; ela produ objetor que de modo slgam poderam ser prod $idow pel métodr de que dipinhamce anerionmente A ‘nchor fader indiana nfo poder prods um fo tuo ino repulr como o da fadees aufomc, nerinms fo do Selo xv poder's prod cpus de foo grande Tae, < honor omy ch ode, og © mms ‘importante, « moderna tecnologia tem crado cist que Fiimete eam sido cnet ‘na ca preiontal cdmara, © sutoméel, 0 scopiano, fla # ste de inventor eis ("ri cmp), ‘ln ma = Assim por dane, guste af ifm [Isp tem el ‘2am ime Samet ds prot © varedade de bens servios, endo 0 bastante pura tansformar a vide do fomem mais que qualquer cola que ele teaka fet deste 1 descoberta do ogo: Ingles de 1750 extave mas peéximo, iy i oy ns eC oe ss trios bisnetos. (David S. Landes, The Unboand rome. theus, Cambridge, Cambridge University Press, 1969, p. 5.) 82 sociologia: uma breve porém erica inrodugio jA,cetlnde a diseminagto da inovagto tenolgien fontituem tnegeremente uma as narae,tenoliien vas das'atual eciedades industralintes goa Iamente antocadhs ao Geli da teak at, a al cotidana na cominidade adel nae si 8 ypeana na vila urbana da goa nee : inclu ¢ presente ne bacmade ae Sularmente 0 sufrigio universal, é Telativamente . : ahs ie caine ee Semen aun es pee ES ences ae eras oe sociologia: questbes ¢ problemas 2 ‘8 divisio do trabalho era muito menos complexa, A maic parte da populagto satistazia te quase todas a ‘Suas necessidades e, quando nfo o fazia, utlllzava 0 st vvigo de outras ‘de sua comunidade loral. Entre ‘tanto, atualmente os produtos so manufaturados e tr cados num ambito mundial, o que demanda uma divis do trabalho verdadelramente global, N&o apenas muito dos bens consumidos no Oeidente séo produzidos no Orie te, e até certo ponto vice-versa, mas também podem cconstatar intrincadas ligagdes entre processos de producd levados a cabo em lugares distintos. Determinadas part de um aparelho de TY, por exemplo, podem eer ‘eltas nit pais e outras partes, alhures; ele pode ser montado not {ro lugar e ainda ser vendido noutro pais. ‘Mas nifo foi somente a expansio das relagées econ ‘micas que deu origem a um novo e tinico sistema mur dial. A’ expansin do capitalismo tem sido acompanhed pela predominancia geral do Estado-Nacio. J& me rete 4 algumas caracteristicas “internas” do Estado-Nag&o ( quero analisi-las mais completamente no Capitulo. 7 tudo, num sentido importante, 6 enganador falar “do Estado-Nagio pols, a partir de suas ofigens na Europe sempre tem havido Bstados-Nagées que se relaclonam am biguamente, de maneira harméniea ou conflituosa. 20) fem dia, todo o mundo esta dividido em diversos Estado Nagoes. Ndo_s6 a emergéncia dos Estados-Nacées na 2 ropa, mas especialmente seu desenvolvimento noutras pai tes do mundo é, uma vez mals, fenomeno relativament Feoente. Durante «maior parte de sua historia, a huma nidade esteve escassamente disserinada pelo mundo, ¥ vendo em sociedades muito pequenas, cagando.animais coletando vegetais comestivels, Trata-se das chamadas s iedades de “cacadores e coletores", No decorrer dos lt ‘mos 10 milénios, o mundo manteve-se ainda esparsamer te habitado, em comparacso com @ époea atval, por pe 0s que viviam em sociedades de caga e coleta, pequena comunidades agricolas, eldades-Estados ou impérios, A ‘guns impérios, principalmente o da China, foram. mul vastos. Mas eram muito diferentes dos Bstados-Nacée ontemporineos. Por exemplo, o Governo central chine v@ China tradicional, nunca’ logrou obter um control muito direto sobre suas varias provincias, especialment + a8 mals extensas. A maior parte dor que se sujeitavam 1% sociologa: uma breve porém erica inrodusio ‘soberania do Estado chinés levava uma vida muito dite- Fente da de seus governantes, com os quais tinha muito acre atuaimente. A cbservaggo “Oriente ¢ Oriente ¢ Oot dente & Ocidente eos dots monca se encontrar’, ante: For ao steulo afusl,expreseara uma creunalanen’ santo eal Houve conates um corto contro in. fermitente entre a” China e a, Buropa do. scsi en e; mins durante og steoe que se soguirtn,& Chine 0 Otidente habitaram universe spartan, atasuceess tudo iso mudou, tuo. obsanta aferengas cuturals pos: stm ainda separar’ Oriente Osldente”-A Cine ade ais um imperio, maa um Bstado Nagio, = bem que’ de (Grandes dimensies, ndo 26 em termos, Ge Teron mas {abl de populapto, Natursimente, & tamer aa ae clarado Bstado sociasta.Embora os Estados Nagios est jam atuatmente dsseminades peio mundo, ee mascics a uma tm soguldo © modelo “iberaldemocraticg” que se Sitar Gn ae fnzen ne Buope Gta primera dimensio én imagines a en vive o dtsenvelvimento de uma seasblidade histiree, « Segunds searreta 0 aperfegoumento de um tight antior Dll, Puser al airmagio € novaments enfaieat 0 tk ‘ue nafurera das fronts convencionalmente, reconhe- Cidas entre as diversas elénciag sola A obtangdo de um sentido histrico\de- quo recentes e:dramaticas sho ae ‘Fanaformauctes sols oorridns nos Goi sales paseades titel ay talverseja anda tals diel supaca? 2 Cog fe alguma iperiores ao de Outras culturas. Tit crenga 6 eneo: ajuda pela ampla aisserninaglo- do proprio capitalimo ie de eventos que des- ino io. pensar soe 50, ores socials {Wm atroutdy forma conereta a essa nopto ao tntarens Inclulr @ histéria humana em esquemas de evolugio a0 lal nos quals a “evolucso” & compreendida em termes da capacldade de d'versos tipos de socledade de eontrolarem, ou dominarem seu meio amblente material Tnevitevel- socilogia: queibes ¢ problemas 25 mente, a industrialsagfo ocldental parece set_o spice ‘ise eoyermas vty inageretiuts da tiny lea Gado ume produitvdade material mensamente maior que S3'Ge-qualaquer oultas sccedades ques precederam na Bettie No entanto, tals esquemas evoluclonlstes expressam um einocentriao que cate & imaginacto soctligies as. Spar. Uma coneepolo etnocintriea € aquela que dota 0 nto de vista de sun propria yocledade ou cultura como Padito de medida para avaliar todas as outeas. Sem di. ‘ide, tal afitude esta profundamente enrateada na, cula- ta celdental. f tambéin tem earacterissdo muttas outras ‘eeiedates, Contudo, no Oeldente a. conviegio-de-supero ‘dade lem sido, de ce todo, uma expresso, bem como ‘ima urtfiagto, da acerbe-dainaclo sobre ‘OotasT nelras de vier por parte do capltalisne industria. Pore, nfo devemos canfundir 0 poder economico e militar das Seles oeias gh te rnp stam uma Posiplo preemlnente no mundo, cam o apice de umn esque- aa evolitivo, A valorzao da produtivigade material to ronunclada no Ocldente modem, € em si mesma oma Eide especlicamente anomals, quando comparada om otras ealbaras "A dimensio antropoldglea da smaginagSo sociolégica 4 smpartante porgue ‘hos_permite-apraciar adverse og modop de exstenciahummanos que ge tem sucedido em nosso. mundo, Uma das Ironias da era moderna: € que 0 ‘Sige set de reve hr cars poe w'so trabalho de campo antropolégien” — surgi parsle Jaments 2 voras expatiato' do capliatis industrial e do niltarlamo ceddental que acclerava a destruglo de tale alturas No entanta,o aspesto antropologico da imagine: ‘Ho sololigca tem caracterzado as clenelas socials desde {eu inicio, rivallzando com 0 pensamento evoluctoniata de tariter etnocentrio, No Discurso sobre a origem da dest ‘Jualdade entre os homens (175), de Jean-Jncques Rous: Sean, encontramos repetidas vent idilaexelarecedora de ‘Que eo nos fornarmnes contclentes da desconcertante va: ‘Hoiade des sociedades humanas, podemos aprender a com- Dreender menor a nds mesmos, "0 mundo todo", observot Rousvent, esta constituido por soiedades “daa ‘quals eo- Thecemos apenas os nomes no obstante cusemos opinat tobre a rage humanal” Bem seguida pedernoe pers ins: 2% sociolgia: uma breve portm ertice inrodupéo finar uma expedicfo constituida de intrépidos observado- es que se mostrem sensvels 4 diversidade da experiencia humana para descrever as multifacetadas socledades exis fentes, aceren das quais conhecemos muito pouco. “Supe ‘hamés", eereve Rousseau, “que esses NovoE Hercules, 40 vollarem’ de suas memoravels expedigdes, ponhaise ca. Tamente © escrever «historia natural, moral e. police dagullo que viram, nto, veriamos um hove mundo emer. fir do suas pens e, conseqtientemente, sprenderiamas fonhecer a ne mesmos" No decorrer do séeulo e meio que se seguiu & publica so do Discurso de Rousseau, visjantes, missiontfoe, co. Jerciantese outros mais realouram ess viagens. NO en. tanto, seus relatos eram "incertos ou parc, Gu asst: ‘alam @” proprio etnocentrismo que Rousseau pretenders atacar, 0 trabalho de campo antropclgies de tipe asic ‘itico e minucioso s6 teve inielo por volta da virade do sfeulo XX. Desde essa época, a partir da, qual seu campo de, ete iminui "apidsinente, 8 anol Togo eunlr muller informacées a respeito de dferesies Cl "a8 Por um lado tal informagio confirma a unidade da aga humana, néo tem findamenta'.afirmagio de ce fs pessoas que vivem em socledades pequenas e “primit as" slo de algum modo geneticamente inferior ts que vivem em “civiliagées" Supostamente’ mals. avangadns ‘No conhocemos soviedades “humanas que nfo’ possusm ntropologh & também subjer 0 amplo espectro de fastitalgeee pees ‘uals seres humanos podenordenar suas Wis Geraimente, 0. antropologo cantemperanen tim cro- nista'do deste, de cultures devastalas pe destaisto tilar,assoladas por enfermidades ntrodusis pelo con, {ato comm o ocidental ou arruadas pea dasolagto de seus costumes tradicionais. Segundo Cade Levi Strassy, tay Yet o mais eminente pensador que gs dedin e eae nist: 40 nos das de hoje, o antroplogo ¢o “alino ea testema- ‘tha dessa povos‘em via de extingto. Auta para impo. dir o continuo despojemento des drelice desses povon, ou elo menos para suavizarines © ajustamento a novos mo dos de vida quando 0 ot Ja se detintegrou, envoNte quer: tees urgentes e bastante priticas Noventantoy a bape sociolopia: quesider € problemas 27 ‘nea de tals lutas niio deveria levar-nos a ignorar a im- rtincia do trabalho antropoligico que fol produsido no eu vrer dos ultimes 60 anos, pois a partir de tal traba ho poaemos manter viva a 'imagem ‘de formas de vide soelal que podem estar as vésperas de serem erradicadas para sempre ‘Ao combinar esse segundo sentido com 0 primeiro, o exercicio da imaginagio soclolgiea possibilite-nos. ultra ‘Passer o acannado ponto de vista de £6 pensar em termos ‘Asim sendo, cada qual € direlamente Televante para terosra fornia de imaginagao soclopea que ger) aaa alla. Ele concere as posible futuras. Ao eriticar 4 \dtia de que a socelogia te assemelha a uina clencla Balural,aleguel com veeméncia que nenfium proceso so. lal @ fegido po. ieisinlterkvels Como eres hmane, ‘lo estamos condenados a sermos srvastades por orga ue ejam tho inevtavels quanto as lls naturals Mas Sao Sigalicn que devemes ent conscientes das aliematioas tures que potenciamente se nos apresentamn nese fereeiro sentido que & ‘oclalgica se une & tae Fela da socclogia no contibat pare @ eftice das formas ‘cistentes de sociedad, Aes eve bar ne andi, os capil s es, inearel a dlscusto de diferentes consepaten ‘iturera dng soesedeynduttaltadeneateetito ot com interpretagdes contrrias. Mas as thadangas que ti ‘veram iniio no Ocldente, como enfatize! anteriornente, ‘lo podem ser apreendidas sem ee levar mn conta ts Te Jagoes entre essassociedades 0 restante do mundo, Em conseqiéncia, aiscutrel minuclosamente a. importinels 44g formapio’ do sstema mundial eonterporines, um fe- ‘meno fundamental para se estimarer ay fataray po. tenciadades de organiagio ssi Humana “abosiresea eh edgan ot ay ae cera zap Me achoeignapoeecesen ; urna Gua etpaades ones: essnasete a been oe ew, sewer erence saber. : = "alert? Sa rant Rosam'? 2 on seraiie pete aon Pea oe

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