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Apontamentos sobre o status cientifico das técnicas projetivas Liza Fensterseifer Blanca Susata Guevara Werlang Existe uma variedade expressiva de instrumentos de avaliacdo psicol6gica gerados para a exploragio de diversas variéveis e processos psicol6gicos. Cada tipo de instrumento ofe- rece atributos positivos ¢ limitacdes que o psicélogo deve considerar quando o inclui ow exclui de um proceso avaliativo. As técnicas projetivas, como instrumentos que geram hipéteses interpretativas, so importantes ferramentas para a identificacao de caracteristi- cas € tragos de personalidade, bem como de sinais e sintomas relacionados a quadros psicopatolégicos. Qualquer avaliagio psicolégica tem como objetivo fornecer informagoes, para que, a partir destas, sejam tomadas decisdes sobre 0 individuo avaliado. Estas decisoes situam-se nos mais variados ambitos, tais como no organizacional (individuo se encaixa ou néo no perfil desejado para determinado cargo), no juridico (individuo deve ou nao ser considerado imputavel por algum delito cometido) e no clinico (individuo precisa ou nao de acompanha- mento psicol6gico ou psiquiatrico), citando apenas alguns. Em todos estes ambitos é comum que se faca uso de técnicas projetivas. Independentemente da area de atuacdo, a atividade profissional do psicdlogo vincula-se diretamente ao ato de avaliar e, na sociedade contempo- inea, cada vez mais ¢ preciso avaliar comportamentos humanos em diferentes contextos € com alto grau de preciso e confiabilidade. Testes e técnicas projetivas podem ser utilizados na avaliacdo da personalidade ¢ de outros elementos (relacées interpessoais, dindmica familiar) que se mostrem importantes para a compreensio de um sujeito ou de uma situacao vivenciada ou percebida por ele. Na “Meitura” de um fendmeno projetivo, deve se considerar a percepco externa que um indivi- duo tem de determinado estimulo, que é influenciada e determinada pelo seu mundo inter- no. Assim, € possivel pensar que a producio feita a partir de uma mancha de tinta, um desenho ou uma histéria sempre trara consigo informacdes sobre o que se passa internamen- te com aquele que a fez. Essa idéia abre espaco para que as técnicas projetivas sejam utiliza- das em outros contextos e ndo apenas na investigagéo da personalidade, trazendo dados sobre a forma com que cada sujeito percebe determinadas cenas ou situagdes. Por isso, con- corda-se que a eleigao do instrumento que ser4 utilizado em cada situacao de avaliacao deve ser pautada por trés grupos de fatores: 1) 0s objetivos da avaliacéo; 2) a orientagao teérica ea 16 ATUALIZAGOES EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIAGLO PsicoLOcICA Preparacao do avaliador para 0 uso de determinada técnica; ¢, 3) as caracteristicas do sujeito, como idade e outras peculiaridades (Sendin, 2000) PROJECAO, PSICOLOGIA PROJETIVA E TECNICAS PROJETIVAS Projecao € um termo introduzido na area da psicologia por Freud, para nomear, primei- ramente, um mecanismo de defesa, que consiste em atribuir aos outros ou ao mundo exter- no impulsos e afetos que pertencem ao préprio sujeito. No momento em que é possivel projetar (para o exterior) contetidos inconscientes, o individuo pode, através dessa estraté- gia, ignorar o que é indesejivel, protegendo-se de um possivel sofrimento ou ansiedade (Freud, 1894/1986b; Freud, 1896/1986a). Em 1913, com 0 texto Totem e Tabu, Freud (1994) passa a considerar a projegdo como um mecanismo normal, determinando, em parte, o modo como cada um percebe 0 mundo externo. Dessa forma, 0 autor destaca que tal mecanismo também ocorreré onde nao ha conflito, salientando que as lembrancas passadas de um individuo tém papel decisivo em suas percepg6es de estimulos atuais. A projeg4o também pode ser entendida como uma for- ma de funcionamento mental, proporcionando ao sujeito a estruturacao de seu mundo ex- temo, a partir do interno. A “principal suposig&o de Freud 6 que as lembrancas conscientes ou inconscientes influenciam na percepgao de estimulos contemporaneos” (Werlang, 2002, p. 410). Fica claro, entao, que a projectio desempenha importante papel na maneira com que cada um estrutura e percebe o mundo externo. Valendo-se das idéias psicanaliticas e protestando contra as principais correntes da psi- cologia académica da época, que tinham sua atencao voltada, principalmente, para a respos- ta dos sujeitos frente a determinados estimulos, desvalorizando os componentes internos que podiam estar envolvidos naquele processo, surgi a psicologia projetiva, nome dado a um ramo da psicologia e que se refere a um conjunto de pressupostos, hipéteses e proposi- es, expresso em métodos projetivos usados por psicdlogos clinicos, para o estudo e o diag- néstico da personalidade humana (Abt, 1984). Diferentemente das correntes te6ricas vigen- tes naquele periodo, a psicologia projetiva baseia-se no estudo funcional dos individuos, investigando a estrutura intrinseca e as propriedades internas dos sistemas, 0 que faz com que avaliagbes dessa ordem sempre sejam expressas em termos dindmicos. Para Anzieu (1981), © principal objetivo da psicologia projetiva é “colocar em evidéncia 0 conjunto dos fatores internos, de registro puramente psicolégico, intervenientes nas condutas humanas” (p. 263) Quando a psicologia projetiva insiste em uma anilise dinamica e funcional da personalida- de, entende-se que ela nao se ocupa de segmentos isolados da conduta, mas de técnicas mais complexas. Sao as fungdes ¢ os processos psicologicos que compoem a personalidade total de um sujeito que interessam a psicologia projetiva. Alguns fatores podem ser listados como grandes inspiradores da psicologia projetiva, sublinhando cada vez mais 0 seu carter dindmico ¢ holista. O primeiro fator € 0 desenvolvi- mento da teoria psicanalitica, com a insisténcia de que os comportamentos sao impulsiona- dos e determinados por motivagdes inconscientes, apontando, conseqiientemente, para a existéncia de uma estrutura ¢ de uma dinmica de personalidades subjacentes, para o empre- go de mecanismos de defesa e, finalmente, para a utilidade da interpretacdo do significado simb6lico das elaboragdes e produgdes dos sujeitos. © segundo fator ¢ 0 desenvolvimento das escolas totalistas, que tém a Gestalt como seu principal icone, célebre por sua compreensio do LIZACOES EM METOOOS PROJETIVOS PARA AVALIACAO PSICOLOGICN ser humano como uma totalidade, que sempre teré prioridade e representar mais do que 43s partes que o compéem. 0 terceiro fator é o surgimento da psicologia do individuo, cujo maior representante Alfred Adler, que defendia a idéia da personalidade como uma uni- Gade indissohivel ¢ tinica. Por fim, outro fundamento que merece mengao é a personologia de Murray, segundo a qual os individuos tém necessidades, que fazem pressao/forca para serem satisfeitas, Sob grande influéncia desses fatores, a psicologia projetiva sustenta fir- memente que a causalidade psicolégica sempre sera singular, ou seja, os individuos nao podem ser estudados como representantes de classes de individuos ou de caracteristicas, € sim como sujeitos tinicos. Entretanto, a crescente necessidade de criagao de classes pata andlise formal e validacao de técnicas projetivas, exigiu a maior consolidagdo de uma teoria da_psicologia projetiva, sugerindo e explicitando conceitos claros para condutas e para a personalidade, passiveis de verificagdo (Bernstein, 1951; Abt, 1984; Abt & Bellak, 1984). E evidente que essa verificagao deve, por um lado, ser empreendida com métodos e condigdes vidveis para esse tipo de técnica - as projetivas. Por outro, é de grande importncia que os dados gerados por esta investigagdo possam ser admitidos no conjunto geral de conceitos e proposicdes na drea da psicologia, mostrando sua utilidade no estudo e na avaliacao da personalidade. O conceito de projecao ¢ a psicologia projetiva foram, entao, aqueles que sustentaram 0 nascimento dos métodos projetivos, expressao utilizada pela primeira vez por L. K. Frank, ‘em 1939, para se referir a trés técnicas (Teste de Associacao de Palavras de Jung, Rorschach e Teste de Apercepcao Tematica - TAT), que, segundo ele, “formavam o modelo de uma inves- tigagao dinamica e global da personalidade” (Werlang & Cunha, 1993, p. 123), idéia central destes instrumentos. Tipicamente, caracterizavam-se por uma situagdo-estimulo, sem qual- quer significado estabelecido pelo examinador ou aplicador do instrumento, sobre a qual 0 sujeito pode imprimir um sentido particular, singular e proprio (Montagna, 1989; Bunchaft & Vasconcellos, 2006). Para Rapaport (1971), a hipdtese que sustenta a existéncia das técnicas projetivas indica que por tras de toda atividade humana esté a individualidade do sujeito que a empreendeu. Assim, a interpretacdo de qualquer conduta pode servir como base para a compreensio de aspectos de sua personalidade, bem como de aspectos adaptativos e nao adaptativos. Além disso, a idéia de que cada individuo vive em um mundo tinico, que Ihe é préprio (0 mundo ‘como cada um o percebe), faz com que a observacdo de suas condutas em uma atividade controlada (como a aplicacao de testes projetivos) sirva para a dedugio de tragos de persona- lidade e da dinamica de seu funcionamento. ‘As semelhancas existentes entre as diversas técnicas projetivas residem no fato de que todas so “reveladoras de material dindmico, normal ou patol6gico, através da projecao” (Werlang & Cumiha, 1993, p. 123). Elas possibilitam a avaliacao de Areas sadias e patolégicas da personalidade, “retratando 0 mundo interno do individuo ¢ revelando seu equilibrio e seus recursos para lidar com seus conflitos” (p. 124). Nesse tipo de instrumento psicolégico, © sujeito atribui as proprias qualidades e necessidades a estimulos externos, sem que tome consciéncia disso. Entretanto, cabe lembrar que nao somente na projecao é que se funda- mentam as técnicas projetivas, uma vez que aquele fenémeno integra outros processos psi- col6gicos em seu dinamismo, tais como a identificacao e a introjecdo, que participam da estruturacao do mundo interno do sujeito e o auxiliam, igualmente, a modelar sua impres- so e percepgao do meio externo. Considerando que as técnicas projetivas visam a favorecer intensamente o aparecimen- to do mundo interno do testando, justifica-se o uso de estimulos com elementos suficientes, 18 ATUALIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS PARA AVALIACKO PSICOLOGICA apenas, para cliciar uma resposta possivel de ser avaliada, Cabe destacar que a percepcio é uma funcdo exercida por fatores externos, do campo da estimulagao, e por fatores internos, conforme a ordem e a intensidade das necessidades do individuo, e que os estimulos serio Percebidos conforme o que estiver mais evidente, lembrando que “os estimulos nao agem isoladamente; organizam-se num campo de forcas que, sendo estruturado, faré predomina- Tem 0 fatores externos; sendo pouco estruturado, predominarao 0s fatores internos” (Silva, 1989, p. 2), Por esse motivo, os estimulos utilizados em técnicas projetivas sto, de maneira geral, Pouco estruturados, propiciando o aparecimento de elementos do funcionamento interno do individuo, impedindo que este se apdie e se refugie em informagoes ou dados convencio- nais € que podem ser controlados. Laplanche e Pontalis (1997) salientam, ainda, que nao se trata apenas da correspondéncia entre a estrutura da personalidade do individuo avaliado e sua resposta aos estimulos apresentados. £ importante lembrar que, mais do que projetar 0 que é, 0 sujeito projeta o que recusa ser. Em oposicio a tradi¢ao psicométrica, que valorizava os procedimentos quantitativos, estatisticos e normativos, as técnicas baseadas na projecdo enfatizam os aspectos qualitativos € psicolégicos do sujeito avaliado, identificando tendéncias espontaneas, motivadas por ne- cessidades implicitas (Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado, 2006). £ como se se criasse uma terceira realidade, no momento em que “hi uma interag4o dinamica entre os objetos do mundo extemno e 0 mundo interno da pessoa (...) a esta percepcao dinamicamente significa tiva da realidade Bellak propoe 0 termo apercepcio” (Silva, 1989, p. 1). Considerando essa definigao, fica clara a idéia de que a apreensio dos dados do mundo externo sempre sera plasmada por componentes subjetivos. As necessidades e desejos do individuo direcionam sua atengao para as possibilidades de gratificacao, produzindo uma Percepcao seletiva do ambiente, podendo, até, haver um “falseamento” da realidade, em que 0 individuo cria fantasticamente a possibilidade de satisfazer suas vontades. Por exemplo: se estiver com fome, uma pessoa pode confundir a placa de uma farmacia com a de um restau- ante. Dessa forma, Silva (1989) salienta que € possivel pensar que na capacidade de percep- So de um sujeito existe um continuum, que vai desde a percepcao totalmente objetiva da realidade até a distorcao aperceptiva extrema, que implica na perda de contato com a teali- dade e pode estar presente em alguns quadros psicopatolégicos, Apercepgao € 0 “processo pelo qual uma experiéncia ¢ assimilada e transformada pelo residuo da experiéncia passada, ou seja, ¢ a interpretacdo subjetiva da percepcao, que é ape- nas a interpretacao objetiva de um estimulo” (Werlang, 2002, p. 410). Sendo assim, duas Pessoas podem ter a mesma percepcao sobre determinado evento ou situacaio, mas nunca a mesma interpretacdo ou apercepcao. De acordo com seus contetidos intetnos, cada pessoa, frente a uma percepcao, fard uma “deformacao” aperceptiva do que percebeu. Ha que se acrescentar que “cada percepcao € modificada por todas as demais, e se integra a elas” (Bellak, 1984, p. 32), como demonstra o principio gestiltico de que todo é mais do que a soma das partes. Juntamente com os elementos mencionados a respeito da interpretagdo e compreensao do fendmeno da projecao no contexto das técnicas projetivas, Werlang e Cunha (1993) fa- zem referéncia a importancia do conceito de regressao a servico do ego, que possibilita “a interrup¢ao temporaria da a¢éo do juizo critico, com o relaxamento da censura, liberando material que envolve indicios sobre conflitos, fantasias, desejos e emogdes” (p. 125). Através dia regressdo a servico do ego o sujeito faz um movimento regressivo ao longo de um continuum do pensamento, que vai do processo secundério (principio da realidade) ao processo primario ATUAUIZAGOES EM METODOS PROJETIVOS PARA AVALIAGKO PSICOLOGICA 19 Btincipio do prazer), através do afrouxamento de controles. Nas tarefas de ordem projetiva dizer o que vé em manchas de tinta, contar historias), assim como em sonhos, em lapsos, =m produgoes artisticas ¢ na associagao livre, hd uma redugdo dos controles do ego, 0 que permite ao sujeito que se sinta livre para fugir As regras rigidas do processo secundario, mes- ®o que temporariamente, introduzindo em suas respostas elementos simbélicos que tentam disfarcar 0 significado dinamico de contetidos mais profundos. As tarefas menos estruturadas, como as do Rorschach, tém maior probabilidade de fazer aparecer contetidos primitivos do individuo que responde ao teste, em funcao da projecdo. as técnicas aperceptivas, como o TAT, em que o produto final (historias) requer um minimo de organizagio, a projecao também acontece, mas, além dela, € necessério que o sujeito “ance mao de outros recursos para a execucao da tarefa, mais caracteristicos do processo secundério (Werlang & Cunha, 1993). Cabe mencionar, ainda, que a regressiio é uma fungao do ego que pode operar de manei- ra adaptativa ou ndo-adaptativa. Isso significa que ndo ha a perda do controle do ego, apenas seu relaxamento. Por isso, a diminuigéo excessiva deste controle pode representar indicios de funcionamento de nivel Psic6tico, assim como a dificuldade em executar a funcio de regressao pode ser sinalizada por problemas para expressar livremente as respos- las ao teste. E gracas a essa fungao do ego que se torna possivel 0 processo de elaboracao frente ao estimulo projetivo, uma vez que para responder ao teste o individuo precisa, concomitantemente, diminuir a censura interna e mobilizar recursos para que consiga executar com sucesso sua proposta (Werlang & Cunha, 1993). Por fim, destaca-se que, na tarefa de interpretagao de testes projetivos, cabe ao psicdlogo desvendar as motivacdes inconscientes que se deflagram no momento em que as respostas sao elaboradas. O mundo interno do individuo traduz-se através do desvendamento das forcas psicoldgicas envolvidas nas respostas dadas ao teste. Ainda assim, é importante lem- brar que “nao podemos tomar esta interpretacéo como sendo a expressio de fato do compor- famento do sujeito, mas sim de suas necessidades e fantasias” (Montagna, 1989, p. 9). Por outro lado, Freitas (2002) completa essa idéia, salientando que, na interpretagao desse tipo de teste, leva-se em consideracdo que as vivencias infantis tém papel decisivo nas condutas e comportamentos adultos. Além disso, hd um profundo interesse pela verbalizagao do sujeito, que, acredita-se, revela suas motivagdes inconscientes, No momento em que uma pessoa é colocada frente a determinada situagao, a forma como vai experimenta-la é de acor- do com sua perspectiva pessoal, e € nisso que se traduz a estrutura de personalidade de cada individuo. Quando conta historias, compde imagens ou constrdi formas, a pessoa utiliza-se de registros de vivéncias e imagens passadas para atualizar sua experiéncia, colocando em acao as formas com que lida com as situagées da vida, bem como demonstrando seus recur- sos ¢ habilidade para o enfrentamento e a resolugdo de problemas. Esse fenémeno sinaliza no apenas para como funciona o psiquismo da pessoa, mas, também, para os elementos que © compoem. Logo, as respostas dadas no teste descortinam a dindmica afetiva do sujeito avaliado, assim como suas habilidades cognitivas (Gintert, 2000). Finalmente, concorda-se com Aronow, Reznikoff e Moreland (1995), que chamam a atencdo para a distingdo entre as aproximacdes nomotéticas (abordagem estatistica) ¢ idiograficas (abordagem clinica) na avaliagto da personalidade e de dados aperceptivos, que dizem respeito a um individuo. Vale destacar que ambas so importantes e complementam- ‘se, ndo podendo ser desconsideradas (Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado, 2006). Na abor- dagem nomotética, o interesse centra-se na avaliagdo dos dados de um grupo, a partir de Stupos normativos (para avaliar caracteristicas de uma populacao) ou de grupos-critério (para ATUALIZAGOES EM METODOS FROIETIVOS PARA AVALIACAO PSICOLOGICA avaliar caracteristicas de grupos especiais, tais como os portadores de algum transtorno psicopatolégico). A performance da pessoa avaliada ¢ comparada com as médias e desvios do srupo do qual ela faz parte (populacdo geral ou clinica). As conclusdes geradas por essa com- preensao da validade baseiam-se na premissa de que sujeitos diferentes respondem de ma- neira semelhante a um determinado procedimento, conforme a caracteristica que os asseme- lha (por exemplo, tacos de personalidade, capacidade intelectual/cognitiva, presenca de sintomas). A abordagem idiogréfica fundamenta-se na comparacdo intra-sujeito, e no mais intersujeitos ou intragrupos. Nessa forma de investigacao da validade, hé a suposigaio de que comparacées, coeréncias e contraposigdes de informagdes sobre o proprio sujeito, de millti- Plas fontes, constituem um aspecto fundamental de sua avaliaco (Tavares, 2003). Por isso, especialmente nas técnicas projetivas, o carter idiogréfico 6 o ponto forte, uma vez que 0s sujeitos atribuem contetidos subjetivos as suas respostas, mas desconhecem a relacdo entre eles (Aronow et al., 1995). Ao encontro disso esté a idéia de Sendin (2000), que sustenta que “este tipo de prova esta sujeita a uma grande controvérsia, que ainda esta longe de se resolver satisfatoriamente: tanto seus criticos como seus defensores apresentam argu- mentos sdlidos e dificeis de contra-argumentar” (p. 295). Os criticos sustentam 0 excessivo subjetivismo na interpretagao daqueles instrumentos: a grande influéncia que sofrem do ambiente e do examinador, a baixa fidedignidade, poucos trabalhos de validacdo e necessi- dade de dados normativos. Os defensores, por sua vez, destacam a riqueza qualitativa das informages produzidas pelos testes projetivos e a possibilidade de investigar comportamen- tos de grande complexidade. Talvez, justamente por essas qualidades, esses testes ainda sio utilizados. Sendin (2000) arrisca-se a dizer que essas vantagens e inconvenientes demarcam a debilidade e a forca das técnicas projetivas. As técnicas projetivas fora de um contexto psicanalitico Seguindo 0 percurso histérico do conceito de projecdo, fica clara a sua telagao com a teoria psicanalitica, o que, num primeiro olhar, parece também se aplicar as técnicas projetivas. Certamente a génese desses instrumentos reside na psicandlise e em suas formulacdes sobre @ personalidade. No entanto, atualmente, alguns autores tém usado outras abordagens te6 cas para a interpretacdo de técnicas de cunho projetivo, sem desconsiderar a afiliagao do conceito de projec com a teoria psicanalitica, as quais tém demonstrado sua utilidade. Como exemplo, pode ser citado 0 uso do TAT numa abordagem gestéitica ou simplesmente através da técnica da andlise de contetido, trabalhando com o que 0 stijeito relata em cada lamina (Telles, 2000), numa abordagem transacional (Bunchaft & Vasconcelos, 2006) e humanista-existencial (Azevedo, 2002). Telles (2000) argumenta que o referencial psicanalitico oferece uma das possiveis inter- pretacdes dos dados de um teste projetivo, mas nao a tinica, e declara, ainda, que aquele que se desvincular da exclusividade psicanalitica na interpretagao dos dados sera beneficiado ¢, por conseqiiéncia, beneficiara o sujeito avaliado. A autora concorda que historicamente a designacao de projetivo vincula o pesquisador ao referencial tedrico da psicandlise. Entretan- to, nao ha nada que obrigue que essas técnicas sejam interpretadas por uma teoria tnica; ou seja, 0 fato de se basearem no fenémeno da projecao nao atrela, automaticamente, esses instrumentos a uma leitura psicanalitica. Outro ponto que pode ser tomado para sustentar a legitimidade da transferéncia das técnicas projetivas para outras abordagens tedricas é a idéia de apercepcio, que indica o ATUALIZAGOES EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIACLO PSICOLOGICR a proceso pelo qual a experiéncia nova é assimilada e transformada pelo traco da experién- cia passada. Portanto, a apercepgdo é uma interpretacdo e, como tal, da sentido a experién- cia do sujeito, que pode, por sua vez, ser compreendida a luz de diferentes correntes te6 cas. No momento em que o sujeito responde a uma instrucao, ele langara mao de recursos préprios para realizar a tarefa proposta, construindo-Ihe um sentido, a partir de sua subje- tividade, de seu mundo interno. Entra em jogo, entao, além da projecdo, a cogni¢io, a percepcao e a apercepgao, inscrevendo essas técnicas em outras abordagens teéricas, que nao a psicodinamica. Nesse sentido, fica evidente que a forma com que cada individuo percebe e responde ao teste pode ser interpretada com base em outros parémetros, sem que necessariamente se recorra 4 compreensao intrapsiquica e inconsciente do sujeito (Telles, 2000; Ribeiro, Pompéia & Bueno, 2005; Bunchaft & Vasconcelos, 2006). © uso da teoria sistémica para interpretacdo das respostas dadas a uma técnica Projetiva ganha espaco neste contexto. Osorio (2002) enfatiza que diferentes referenciais contribuem para a compreensio de familias e dos eventos relacionados a elas, e que, mesmo valendo-se da teoria sistémica, conceitos psicanaliticos, como as motivacdes in- conscientes das agdes, ¢ a possibilidade de falar de si na representacdo de um papel em uma dramatizacao, postulados do psicodrama, so de extrema utilidade. Desse modo, explicita-se a possibilidade de uma certa integragao de conceitos, sendo de particular interesse aqui, 0 uso da projecéo em uma abordagem sistémica. Ou seja, acredita-se que 0 sujeito expressa, através de projecdo ou representagao, motivacées inconscientes, per- cepedes singulares, no momento em que o externo é filtrado pelo interno, que é tnico em cada individuo. Contudo, a leitura que se fara desse material ¢ orientada por pressupostos sist@micos, possibilitando a percepgao nao de conteiidos intrapsiquicos de um sujeito, mas deflagrando a forma com que esse sujeito em especifico percebe e discrimina o jogo interativo entre 0s individuos pertencentes a um contexto grupal, especialmente, a uma familia. Assim como acontece em diversas praticas, guiadas por teorias distintas, na orienta- sao sistémica também podem ser utilizadas fetramentas, com a intenco de mobilizar o sujeito para a situagao, seja de atendimento ou de avaliacdo, ou para facilitar a emergéncia de contetidos expressivos de determinada conflitiva familiar. Valle (2002) relata 0 uso que fez do computador em um atendimento de orientagio sistémica, apoiando-se na idéia de que cle é um instrumento com recursos ltidicos, identificado com os valores das geracées da atualidade. Ao empregar 0 computador como um recurso psicoterdpico, no contexto dos sistemas terapéuticos, a autora visava diferentes objetivos, entre eles 0 projetivo, uma ver que a tela funcionaria como um espago onde o sujeito poderia expressar seus sentimen- tos e conflitos internos. Vale mencionar, ainda, os autores Gross e Schneider (2005), que trabalham com con- tos de fadas, em uma visio sistémica. Segundo eles, a compreensio das hist6rias pode ser sistémica, na medida em que “elas so vistas como comunicagao a partir de um contexto familiar, e nao como possibilidade de interpretagao para um processo de desenvolvimento individual” (p. 27). Além disso, as hist6rias servem, igualmente, como imagens que trazem a luz algo que escapa do pensamento, dando vazao a elementos dispostos no intimo/no inconsciente dos individuos, muitas vezes, clamando para serem vistos. Em seus trabalhos com contos de fadas, os autores ressaltam o importante papel da identificagao, néo sendo dificil, a partir da historia de vida dos sujeitos, entender por que uma historia em especifi- Co foi escolhida como predileta por um individuo. Essa questo nao ¢ diferente quando uma pessoa tem liberdade para, frente a uma imagem, contar a hist6ria que quiser. Aqui também os fendmenos identificatérios so determinantes e ajudam no entendimento de 2 ATUALIZAGOES EM METODOS > LETIVOS PARA AVALIAGAO PsICoLOctCA que posicao ou papel o dono da historia tem, em relaco aos demais personagens/familia- res. Essas idéias ndo apenas sinalizam, mas demarcam um uso proficuo das hist6rias sejam as “prontas”, como 0s contos de fadas, sejam as inventadas por cada um — em um contexto sistémico de interpretacdo. O STATUS CIENTIFICO DAS TECNICAS PROJETIVAS Apesar de o teste de Rorschach ter surgido na década de 1920, foi a Segunda Guerra Mundial que testemunhou 0 aumento no uso dos testes projetivos, usados com a finalidade de avaliar soldados que voltavam do front com severos problemas emocionais. Passadas algu- mas décadas, esses instrumentos comecaram a ser alvo de criticas (Lilienfeld, 1999). Contro- vérsias no campo da avaliagdo da personalidade e de outros elementos nao so uma novida- de e, nesse contexto, certamente, 0 status cientifico das técnicas projetivas € algo sempre discutido e, ainda, um dilema. Dados sobre a validade e a fidedignidade desse tipo de instru- mento psicolégico sdo alvos de criticas ha varias décadas (Lilienfeld, 1999; Lilienfeld, Wood Garb, 2000; Garb, Wood, Lilienfeld & Nezworski, 2002). A popularidade no uso cl{nico das técnicas projetivas continua muito expressiva, apesar de nem sempre apresentarem resultados psicométricos positivos, 0 que demarca uma discre- pancia entre a pesquisa e a pratica (Anastasi & Urbina, 2000). Nessa mesma direcdo, esto Camara, Natan e Puente, que em um estudo realizado nos Estados Unidos, citado por Seitz (2001), demonstraram que 0 Desenho da Figura Humana (DFH), 0 Rorschach, o Teste de Apercepcio Temética (TAT) e 0 House-Tree-Person (HTP) sao alguns dos testes mais utilizados Por psicdlogos clinicos. No Brasil, Hutz e Bandeira (1993), Pereira, Primi e Cobéro (2003), Godoy e Noronha (2005) e Noronha, Primi e Alchieri (2005), demonstraram em pesquisas nos mais variados contextos que, apesar de certo descrédito existente em relacdo aos resulta- dos produzidos por testes projetivos, muitos psicdlogos utilizam-nos em suas praticas, com 0 objetivo de subsidiar suas avaliacdes. Testes como Rorschach, Zulliger, TAT, Pfister, DFH Teste das Fébulas figuram na lista dos mais populares entre os profissionais da drea. Esse dado revela que € equivocada a idéia de que tal tipo de instrumento estaria fadado a extingéo. Lowenstein (1987) relata que, embora estejam sendo utilizadas menos do que no passado, essas técnicas estao longe da morte, e ainda hd razOes para usé-las e estudé-las © autor cita, ainda, que Rorschach e TAT tém se mostrado de grande utilidade no estudo de pacientes suicidas e regressivos, além de fornecerem mais informagées do que testes psicométricos, quando aplicados em pessoas que tiveram vivéncias traumiticas E certo que as concepgdes que guiam a interpretacdio e 0 uso de técnicas projetivas de- vem ser explicitadas e estudadas, buscando cada vez mais solidez e confianca em seus resul- tados, bem como nos pilares que sustentam a psicologia projetiva, uma vez que nao é possi- vel que se trabalhe com conceitos que so “mais esotéricos do que piiblicos” (Abt, 1984, p. 50). Entretanto, Villemor-Amaral e Pasqualini-Casado (2006) afirmam que o critério de cientificidade nao pode se fundamentar apenas nos parametros da psicometria, desprezan- do-se 0 raciocinio clinico e o estudo dos aspectos idiograficos, em destaque em determinados instrumentos. Dessa forma, nao se pode esquecer que exigir dos testes projetivos os mesmos requisitos exigidos dos testes psicométricos, quanto a sua validade e fidedignidade, é estabe- lecer algo impossivel de se satisfazer. Parece que os testes projetivos tém evidenciado a necessidade de se abandonar a dicotomia entre dados quantitativos e qualitativos, pois ambos sao importantes para o estudo da personalidade humana, e € preciso que existam H-5. EACOES EM METODOS PROJETIVOS PARA AVALIAGAO PsiCoLOciCA B nicas adequadas para o manejo de ambos. Certamente esse j4 era um desafio quando do ‘gimento da psicologia projetiva e, hoje, permanece como o estandarte dos testes sajetivos, na discussdo a respeito de sua utilidade e confiabilidade. Criticas as técnicas projetivas A maior parte das criticas feitas aos testes psicolégicos endereca-se, de acordo com Alves 2004), aos testes psicomeétricos, dos quais “mais claramente se espera que devam apresentar ormas, validade e fidedignidade, bem como uma fundamentacao te6rica que os sustente” 9. 361). Especificamente para os testes projetivos, as criticas centralizam-se na suposta au- ncia de espirito cientifico por parte daqueles que constroem esses instrumentos como para ‘5 que os utilizam. Realmente existem praticas documentadas que, ao invés de agregar cientificidade a técnicas jé criticadas, dificultam ainda mais as possibilidades de estas adqui- zirem um status mais adequado € confiavel entre os membros da comunidade académica e cientifica. Muitos atribuem, erroneamente, as eventuais dificuldades na determinacao das propriedades psicométricas de técnicas projetivas ao material utilizado, modificando-o. Entre- tanto, nenhuma anilise experimental ou estatistica costuma ser empreendida para que a ade- quacao dessa mudanga seja verificada, bem como sua relagdo com o favorecimento ou a inibi a0 da capacidade dos sujeitos submetidos ao teste projetivo. Além disso, mesmo com as modificacdes do material, a tendéncia é de que o sistema utilizado para a categorizacao das respostas seja mantido conforme o original, 0 que compromete ainda mais 0 resultado do teste ¢ a avaliacéo decorrente dele. Essa mesma discussio aplica-se as modificagoes em- preendidas, eventualmente, na aplicagao dos testes, 0 que aponta para a necessidade de sua padronizacao, Outra critica, talvez a mais contundente, relaciona-se ao valor intrinseco das técnicas Projetivas, questionando seu status de verdadeiros testes. Essa idéia ancora-se na argumenta- a0 de que, nesse tipo de instrumento, as respostas do sujeito estariam demasiadamente influenciadas pelo examinador, assinalando para a impossibilidade de o profissional nao deixar marcas de sua propria personalidade sobre a técnica por ele empregada. Uma tiltima critica encontra sustentacao na fragilidade da maioria dos trabalhos realizados, na tentativa de validacao das técnicas projetivas. Anzieu (1981) cita um estudo.de Cronbach, em que foram identificados erros estatisticos grosseiros em intimeros trabalhos sobre o Rorschach, além de pesquisas envolvendo amostras pouco representativas e sem controle de varidveis como sexo, idade, origem étnica e cultural, escolaridade, nivel socioeconémico, capacidade cognitiva. Dessa forma, vé-se que muitas criticas e objecdes podem ser rebatidas, Primeiramente, ¢ importante relatar que, assim como ha autores e estudiosos que encontram, em sua maioria, pesquisas que apontam para a ineficécia dos testes projetivos, pregando, entio, 0 seu aban- dono, h4, também, aqueles que citam a existéncia de inimeros estudos que demonstram justamente o contrario. Pesquisadores tendem a realizar buscas a partir de uma idéia precon- cebida, 0 que faz com que cada um encontre argumentos favoraveis a sua tese. Diz-se que os testes projetivos tém importincia somente no contexto clinico, ao que Anzieu (1981) contra-argumenta, chamando a ateng3o para a idéia de que “consignar o carater eminentemente clinico dos métodos projetivos nao invalida o seu rigor” (p. 257). Certamente isso nao autoriza o profissional a basear-se em sua intuigo no levantamento e anilise do teste, até porque 0 proprio método clinico em psicologia nao se reduz simples 24 ATUALIEAGOLS EM _METOOOS PROIETIVOS PARA AVALIAGAO PSICOLOGICA intuigao. Vale lembrar, também, que ainda nao se dispde de técnicas de pesquisa totalmen- te adequadas para a investigagdo envolvendo os testes projetivos, o que gera dificuldades Por um lado, as pesquisas que se valem de métodos quantitativos séo facilitadas pelas aplicacées coletivas, ago nao passivel de implementagao na administragio de técnicas projetivas, instrumentos essencialmente individuais. Por outro, a investigacao intens! da personalidade toma muito tempo, o que explica por que as exigéncias estatisticas de amostragem e de diferencas significativas sao dificeis de serem satisfeitas, além de exigirem alto grau de experiéncia e treinamento por parte do pesquisador. Considerando esses argumentos, fica explicito que esse tipo de técnica ainda carece de estudos sérios, que possam delimitar seu papel e sua funcao na avaliagao da personalidade, indicando para os profissionais, seu grau de confianca ¢ utilidade. Controvérsias sempre existiro, mas nesse ponto, parece de extrema importéncia e relevancia que alguns aspectos positives das técnicas projetivas possam ser discutidos. Pontos fortes das técnicas projetivas Se a maioria das criticas langadas as técnicas projetivas fundamenta-se em seus resulta- dos pobres de validade e fidedignidade (Lilienfeld, 1999; Seitz, 2001), por que elas ainda sao tao populares ¢ usadas com expressiva freqiiéncia? As idéias de Shneidman (1965) podem contribuir para a compreensio desses aspectos. O autor concorda que algumas vantagens dos testes psicométricos, tais como objetividade, economia e simplicidade, nao sio total- mente contempladas nas técnicas projetivas; por outro lado, estas tiltimas valorizam 0 com- portamento do sujeito, que reflete o funcionamento e a estrutura de seu mundo interno Gnico e singular. O surgimento desse tipo de instrumento pode set pensado como uma ma- nifestacdo contra uma certa inadequacio dos questionarios, escalas ¢ inventarios objetivos de personalidade, que fornecem uma compreensdo um tanto simplista do ser humano. As qualidades cientificas das técnicas projetivas sempre foram e sao questionadas. Em contrapartida, também deveria existir uma preocupacao em relacao as inabilidades dos tes- tes psicométricos de capturarem e refletirem os miiltiplos fatores e aspectos da personalidade de um individuo, de acordo, igualmente, com 0 seu contexto e momento de vida. Além disso, concorda-se com Tavares (2003), que sustenta que as criticas em relagdo ao que é um procedimento objetivo ou subjetivo de coleta de informagées deviam fundamentar-se mais no proceso de verificacao da validade da informag4o do que na forma de apresentacao dos instrumentos - por exemplo, questionarios e inventarios versus técnicas projetivas, Anastasi e Urbina (2000) tecem alguns comentarios sobre o uso de testes do tipo projetivo. O primeiro deles diz respeito ao rapport e a sua aplicabilidade, destacando sua capacidade de funcionar como “quebra gelo” durante os contatos iniciais entre 0 individuo que esta sendo avaliado e o psicdlogo. Uma vez que nao ha resposta certa ou errada, as técnicas projetivas nao poem em risco o prestigio do sujeito, o que costuma reduzir seu embaraco e sua postura, geralmente, defensiva. Como se utilizam de respostas orais a estimulos pictéricos/visuais, alguns testes projetivos podem ser de muita utilidade na avaliacao de criangas pequenas ou de pessoas analfabetas, possibilitando a comunicacao entre avaliador e avaliado. Além disso, aspectos nao verbalizados do comportamento do individuo podem ser esclarecidos, inclusi- ve para ele proprio, através desse tipo de instrumento. Outro ponto destacado pelas autoras é a questdo da fraude ou da simulagao. De maneira geral, os testes projetivos sA0 menos suscetiveis a esses eventos do que os inventirios de “UALIZAGOES EM METODOS PROIETIVOS PARA AVALIAGAO PsicoLociCA 2s auto-telato. O objetivo do teste projetivo costuma estar mais mascarado, fazendo com que ja dificil para o sujeito avaliado “controlar” suas respostas. Mesmo para aqueles com certa sofisticacao psicolégica, ou com alguma familiaridade com a natureza geral da técni-

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