A princpio Walter resistiu, recusou partir, insistiu em f icar. Agora
que no havia perigo de ser obrigado a faz-lo, ele podia insistir. Porque Marjorie, naturalmente, estava f irme na resoluo de deix-lo ir. Era uma oportunidade que ele tinha pa ra mostrar-se nobre e disposto ao sacrif cio; custava-lhe pouco, era mesmo grtis. Qu e comdia odiosa! Mas representou o seu papel. Ao cabo, concordou em ir, como se, por no f icar, f izesse amante um favor especial. Marjorie atou-lhe no pescoo o leno de seda, trouxe-lhe o chapu alto e as luvas e deu-lhe um beijo leve de despedida, mantendo uma corajosa aparncia de contentame nto. Tinha o seu orgulho e o seu cdigo de honra no amor; e, a despeito da infelicidade, a despeito do cime, conservava-se f iel a seus princpios ele devia ser livre; no tinha direito de se intrometer na vida de Walter. De resto, a melhor polt ica era mesmo no intervir nos assuntos dele. Pelo menos era o que lhe parecia. . . Walter fechou a porta atrs de si e ps-se a caminhar dentro da f rescu ra da noite. Um criminoso que fugisse do local do seu crime, que fugisse ao espetculo da vtima, que fugisse compaixo e ao remorso, no poderia sentir-se mais profundamente aliviad o. Na rua, respirou fundamente. Estava livre. Livre de recordaes, livre de antecipaes. Livre por uma hora ou duas podia recusar-se a admitir a existncia do passad o e do futuro. Livre de viver apenas no tempo e no lugar presente, no lugar onde acontecesse achar-se o seu corpo. Livre mas o alarde era vo; ele continuava a recordar. Fugir no era coisa to fcil. A voz dela o perseguia. "Insisto em que vs." O seu crime era ao mesmo tempo f raude e assassnio. "Fao questo." Com que nobreza ele tinha protestado! E, por f im, com que magnanimidade tinha cedido! Era a trapaa a coroar a crueldade. Meu Deus! disse Walter quase em voz alta. Como pude fazer isso? Estava assombrado, alm de revoltado contra si mesmo. Mas se ao m