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A rvore nyugu

Segundo uma tradio tibetana, nosso mundo foi primordialmente


habitado por deuses, que passavam seus dias meditando. No necessitavam
comer nem beber, e uma luz radiosa emanava de seus corpos.
Nossa erra era, naquele tempo, recoberta por uma subst!ncia cremosa.
Aconteceu, ento, que um dos deuses teve dese"os de e#perimentar essa
subst!ncia, que lhe pareceu muito apetitosa. $ ela era mesmo deliciosa. %s
outros deuses, percebendo o fato, quiseram prov&la tamb'm e no tardou que
nenhum deles pensasse em outra coisa.
(or'm, quanto mais comiam, menos fora seus poderes tinham. ) no
conseguiam se concentrar para fazer suas medita*es e sua luz radiosa aos
poucos se e#tinguiu.
% mundo todo mergulhou nas trevas e os deuses se converteram em
seres humanos. +as sua luz divina no se perdeu, transformou&se no Sol, na lua
e nas estrelas, que ainda ho"e nos iluminam.
$ntretanto, a subst!ncia cremosa tamb'm chegou a seu fim. $nto da
terra brotou uma rvore, a rvore nyugu, que dava frutos saborosos e passou a
alimentar os homens. -ada homem tinha a sua pr.pria rvore, que produzia um
fruto por dia / o bastante para satisfazer&lhes a fome.
-erta manh, um homem percebeu que sua planta havia dado dois frutos,
em vez de um. 0uloso, ele comeu os dois. No dia seguinte, por'm, no havia
nenhum fruto na sua rvore. -omo estivesse com fome, o homem roubou o
fruto da nyugu de seu vizinho. $, como numa seq12ncia de domin., um foi
roubando de outro para poder comer. Assim nasceu o roubo e tamb'm a cobia,
" que o 3ltimo, aquele que ficara sem ter de quem roubar, resolveu, a partir
da4, cultivar outra rvore nyugu. %s outros fizeram o mesmo, pois um passou a
querer ter mais frutos que outro, e dessa maneira passaram a trabalhar sem
descanso, sempre insatisfeitos.
$ assim foi como os seres humanos, de deuses perfeitos se converteram
em criaturas su"eitas aos sofrimentos e insatisfa*es. 5elizmente, l no c'u
brilham as estrelas, a lua e o sol, que devem ser, para o homem, a lembrana
permanente de sua ascend2ncia divina e da possibilidade de um mundo feliz e
sem conflitos.

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