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Tema
III
Racionalidade
Argumentativa
e
Filosofia




2.
ARGUMENTAÇÃO
E
RETÓRICA


 
2.1

O
Domínio
do
Discurso
Argumentativo



 
 
–

A
Procura
de
Adesão
do
Auditório 
Apresentação
1/2


Argumentar

início

III
Racionalidade




Argumentativa


e
Filosofia


2.
Argumentação













e
Retórica

2.1
O
Domínio
do
Discurso
Argumentativo

 início


–

A
Procura
de
Adesão
do
Auditório


Apresentação
1/2


Sumário

Lógica
formal
e
argumentação

Elementos
da
comunicação

argumentativa:
ethos,
pathos
e
logos

Domínios
de
intervenção
da
retórica

Estrutura
e
organização
do
discurso

argumentativo

início

Problema

O
que
é
um
discurso

argumentativo?

Discurso
argumentativo


início

e
a
adesão
do
auditório


Todos
os
dias
utilizamos
o
discurso
para

levar
os
nossos
interlocutores
a
aderir


às
nossas
opiniões
–
chamamos
a
isto

comunicação
argumentativa.



Estamos
no
domínio
da
lógica
informal,

mais
centrada
nos
efeitos


da
comunicação
do
que
na
validade

formal
dos
argumentos.


Lógica
formal

 início

e
lógica
informal



Distingue‐se
demonstração
de
argumentação


demonstração

 argumentação


é
tarefa
da
lógica

 é
tarefa
da
lógica
informal,


formal,
cujo

 cujo
domínio
são
os
efeitos


domínio

 da
comunicação

é
a
validade

 a c
b
dos
argumentos


a2
=
b2
+
c2

início

Demonstração



Domínio
 Características

 
validade
dos
argumentos
  um
cálculo
impessoal


 
o
constringente
  avalia
a
validade



de
um
raciocínio


 usa
linguagem
artificial,

não
equívoca

 visa
uma
verdade

universal
e
necessária

Argumentação
(retórica)
 início


argumentação
 retórica


Domínio

 
comunicação
 Características

(visa
obter

  é
pessoal:
supõe
um
auditório


a
adesão

  é
comunicação,
diálogo



de
um
auditório)


e
discussão

 o
verosímil

  está
situada
num
contexto
preciso

 é
um
poder
exercido
através
do
discurso


 utiliza
a
linguagem
natural,
equívoca

O
que
é
a
retórica

início


Retórica
é
o
domínio
da
lógica
informal


que
estuda
a
arte
de
falar
com
eloquência.

Nasceu
na
democracia
da
Grécia
Clássica


e
foi
estudada
por
Aristóteles.


Aristóteles
distinguiu
entre:

  raciocínios
analíticos,
ou
demonstrativos

  e
raciocínios
dialécticos,
ou
argumentativos


Aristóteles
considerou
a
retórica
como

 ARISTÓTELES

um
instrumento
necessário
para
discutir

 384‐322
a.C.


e
persuadir
acerca
do
que
é
apenas
provável.

O
que
é
a
retórica

início


No
século
XX,
os
debates
sobre
problemas

axiológicos,
éticos
e
jurídicos
levaram


à
renovação
da
retórica.


O
filósofo
Chaim
Perelman,
de
origem
polaca,


foi
um
dos
contribuiu
para
essa
renovação.

Retomando
a
concepção
aristotélica,
Perelman

construiu
uma
«teoria
da
argumentação»,


ou
«nova
retórica».

PERELMAN

1912‐1984

Argumentação
–
 início


condições
sine
qua
non


A
comunicação
argumentativa
é
uma

relação
intersubjectiva
e
pressupõe:



a
existência
de
uma
língua
 o
reconhecimento
implícito,
tanto

comum,
em
geral,
uma
língua
 pelo
orador
como
pelo
auditório,


natural,
uma
vez
que

 de
que
a
outra
parte
é
constituída

a
comunicação
decorre

 por
seres,
dotados
de
razão,


no
contexto
da
vida
 capazes
de
compreender


quotidiana
 os
argumentos
e
de
ser
convencidos

através
dos
discursos

Argumentação
–
 início


condições
sine
qua
non


A
comunicação
argumentativa
pressupõe:



o
carácter
persuasivo

 o
recurso
a
técnicas
psicológicas


do
discurso
 e
a
elementos
capazes
de
desencadear

estados
emocionais


o
recurso
a
estratégias

 a
utilização
de
imagens
e
/
ou
sons
para


de
persuasão
 criar
um
ambiente
adequado
à
mensagem

a
transmitir
e
à
reacção
a
obter

Características
gerais
 início

da
retórica


A
comunicação
argumentativa:



usa
recursos
estilísticos

 pretende
modificar
as
crenças,


e
artifícios
discursivos
 as
atitudes
e
o
comportamento


como
meio
de
persuasão
 do
auditório


tem
maior
preocupação
com


serve‐se
da
linguagem
 a
sedução
do
auditório
do
que

comum
 com
a
verdade

Elementos
da
comunicação
 início


argumentativa


A
comunicação
argumentativa
supõe

um
orador,
um
auditório
e
um
discurso.


Aristóteles
chamou…


ethos

 pathos

 logos




à
dimensão

 à
disposição

 à
organização

do
orador
 do
auditório

 do
discurso


Elementos
da
comunicação
 início


argumentativa


orador

ethos


Alguém
que
se
propõe
exercer
uma
certa

influência:
o
que
é
determinante


é
a
vontade
de
agradar,
de
persuadir,


de
seduzir,
de
convencer,
através
de
belos

discursos
ou
de
argumentos
racionais.

Elementos
da
comunicação
 início


argumentativa


auditório

pathos

Pessoa
ou
pessoas
que
o
orador
pretende

influenciar.
O
que
conta
é
a
decifração


das
intenções
e
do
carácter
do
orador,


a
inferência
que
temos
o
direito
de
fazer


a
partir
daquilo
que
é
enunciado
literalmente.

Elementos
da
comunicação
 início


argumentativa


discurso

logos

Conjunto
dos
argumentos
organizados
de
modo


a
persuadir.
Hoje
designa
o
medium
(meio
–
palavra

ou
imagem)
que
transmite
a
mensagem.
Refere


a
racionalidade
dos
argumentos
e
o
tipo


e
a
estrutura
dos
discursos.

Estratégias


início

discursivas


Para
exercer
influência
sobre
o
auditório

através
do
discurso
e
não
pela
força,


o
orador
tem
de
usar
estratégias

adequadas
ao
auditório,


às
suas
características
psicológicas,

conhecimentos,
crenças


e
valores,
para
o
levar
a
interessar‐se,


a
ouvir
e
a
dialogar.

Estratégias

 início

discursivas


Procedimentos
mais
usados:


Exemplos

 Metáforas
e
 Repetição



e
analogias

 alegorias

 de
uma

Situações
reais

 Apelar
à
imaginação
 ideia


ou
fictícias,
para
 para
motivar


Insistir
numa

facilitar

 e
facilitar


ideia‐chave

a
compreensão

 a
compreensão


da
mensagem
 da
mensagem

Estratégias

 início

discursivas

Alteração
do
tom
de
voz 

Procedimentos
 Modular
a
voz
e
usar
o
tom

mais
usados:
 adequado
para
induzir
estados

emocionais
no
auditório


Uso
de
emoções
 
 

Ironia


Usar
a
dramatização

 Linguagem
gestual
 
 Dizer
o
contrário



(teatralização),

 daquilo
que


Comunicar
através

a
sedução
amorosa

 as
palavras

do
movimento

e
o
jogo
para
 (como
num
bailado,
 significam,

produzir
emoções
 por
exemplo)
 alterando
o
tom

favoráveis

 de
voz
ou

sorrindo

Estratégias

 início

discursivas


Sugestão
de
Schopenhauer:


SCHOPENHAUER

«[Não
devemos
produzir
argumentos
 1788‐1860


excessivos.
Por
isso],
os
Chineses
enunciam
a
seguinte

máxima:
aquele
que
é
eloquente
e
que
tem
a
língua
afiada

só
deverá
enunciar
metade
de
uma
proposição;
e
aquele

que
tem
a
razão
do
seu
lado
pode
voluntariamente

sacrificar
três
décimas
do
seu
discurso.»

Schopenhauer,
A.
Le
monde
comme
volonté
et
comme
représentation.

Usos


início

da
retórica


São
muitos
os
domínios
onde
se
usa
a
retórica:



comunicação

quotidiana
 discurso

político

 discurso


e
jurídico
 dos
meios


de
comunicação

social;
discurso

publicitário

Retórica

 início

e
opinião
pública


Na
política,
quer
nos
regimes

democráticos
quer
nos
regimes

totalitários,
a
retórica
é
usada

para
formar,
controlar
e
manipular

a
opinião
pública.


Do
mesmo
modo,
quer
os
meios

de
comunicação
social
quer















a
publicidade
adoptam

procedimentos
retóricos
para

captar
a
atenção
dos
seus

auditórios.


Factores
que
influenciam
a

início

opinião
pública


Factores


sociais

Factores

 Emoções


individuais
 colectivas


Meios













 Líderes










de
comunica de
opinião

ção

social

Factores
que
influenciam
a

opinião
pública
 início


Factores
individuais

Como
os
seres
humanos
têm

tendência
gregária
(pertencer


a
um
grupo)
e
gostam
de
partilhar

crenças,
opiniões
e
valores,


estão
predispostos
a
aceitar


o
que
lhes
facilite
a
sua


integração
social.

Factores
que
influenciam
a

opinião
pública
 início


Factores
sociais

Cada
grupo
ou
classe
social
tem
um
conjunto


de
estereótipos
e
preconceitos
que
se
traduzem

em
atitudes
e
comportamentos
considerados

normais,
entre
os
membros
desse
grupo,


e
que
são
como
que
cartões
de
identificação,


ou
passwords,
necessários
para
que


se
estabeleça
a
comunicação.

Factores
que
influenciam
a

opinião
pública
 início


Emoções
colectivas

Quando
as
pessoas
estão
em

multidão,
o
nível
de
capacidade
crítica

e
de
discernimento
racional
diminui,

porque
as
mensagens
emotivas


se
comunicam
mais
rapidamente


e
são
mais
fortes.
Isto
cria
uma

empatia
que
permite
a
difusão


de
ideias
simples
(não
analisadas
pelo

auditório)
e
que
facilita
o
controlo


e
a
manipulação
da
multidão.

Factores
que
influenciam
a

opinião
pública
 início


Líderes
de
opinião

Os
líderes
de
opinião
são

pessoas
que,
pela
sua

autoridade,
prestígio


ou
carisma,
influenciam


a
constituição


de
representações

colectivas
e
orientam


os
comportamentos


das
pessoas.

Factores
que
influenciam
a

opinião
pública
 início


Meios
de
comunicação
social

É
conhecida
a
força
dos
meios


de
comunicação
social
para
condicionar


e
manipular
as
emoções
do
auditório

através
de
artigos
de
opinião,
filmes,

documentários
e
outros
programas.

O
poder
político
procura
controlar


os
meios
de
comunicação
social,

reconhecendo
a
capacidade
persuasiva

das
suas
mensagens.

Discurso
publicitário

início


Na
nossa
sociedade,
a
retórica
é
aplicada


na
actividade
publicitária


(quer
no
marketing
comercial,


quer
no
político),


que
usa
sobretudo


mensagens
visuais


e
auditivas.


«Vale mais um
a
imagem il
que m
Ditado
chinês


palavras»
Planificação
de
um
anúncio

início

publicitário


A
figura
de
retórica
a
utilizar
numa

campanha
é
discutida
e
analisada,


de
modo
a
compatibilizar
a
ideia
com


o
produto
anunciado
(acordo
entre


a
mensagem
e
o
signo).



Também
deve
adequar‐se
ao
canal,
pois

deverá
ser
diferente
conforme
se
destine

a
ser
usada
num
anúncio
televisivo,


na
comunicação
escrita
ou
num
outdoor.

O
que
faz
a
publicidade

 início

para
seduzir
o
seu
auditório



Utiliza
a
sedução,
provocando
carências


e
despertando
o
desejo
de
as
satisfazer


Explora
o
poder
da
palavra
e
da
imagem


Propõe
um
jogo
de
associações
semânticas


Impõe
uma
escala
de
valores

concretizada
nos
objectos
publicitados

O
que
faz
a
publicidade


para
seduzir
o
seu
auditório

 início


Apela
à
sensibilidade


Mobiliza
o
desejo


Manipula
símbolos
para
alterar


a
avaliação
que
os
receptores


fazem
da
realidade


Induz
o
consumidor
à
opção


por
um
determinado
produto

Estratégias
da
publicidade
 início


Estratégia 
 Objectivos 

  usar
a
mensagem
   afagar
o
ego
do
auditório

emotiva

  envolvê‐lo
emocionalmente

início

  usar
artifícios

psicológicos

   buscar
a
sua
simpatia


de
persuasão
   fazê‐lo
identificar‐se
com



o
apelo

  faz
crer
que
aderir
ao
apelo

dá
um
estatuto
superior

início

Tácticas
da
publicidade


Texto 
 Marca 

  coloquial

  curta

  simples

  directa

  pessoal

  memorizável;

  informal


  evocativa
das
qualidades

  busca

 
a
associar
ao
produto


da
intimidade


Slogan 

  original

  sintético

  impessoal

  com
sonoridade

início

Tácticas
da
publicidade

Estrutura
do
discurso

início

argumentativo


Um
discurso
argumentativo
deve
ter
uma
estrutura


e
uma
organização
adequadas
ao
auditório.


Um
dos
modelos
de
organização
mais
utilizados


é
o
seguinte:


1.º
momento 

Introdução
 2.º
momento

Tema
(subtemas)
 Campo

3.º
momento 

–
tese
do
autor
 argumentativo
 Conclusão

sobre
esse
tema
 Argumento
1,
2,
n
 Síntese
final

Refutação
de
possíveis

contra‐argumentos

Estrutura
do
discurso

início

argumentativo


Neste
sermão,
este
mestre
português
da
retórica

sugeriu,
para
o
discurso
argumentativo,



uma
organização
em
três
momentos:

Estrutura
do
discurso
 início

argumentativo

Como
elaborar
um
discurso
 início

argumentativo


Perguntas 
 Tarefas 

Qual
o
objectivo
deste
discurso?
 Estabelecer
um
objectivo



Qual
o
assunto
ou
tema
a
tratar?
 Definir
o
tema


Onde
obter
informação
sobre
o
tema?
 Estabelecer
as
fontes
de
informação


Qual
é
a
tese
a
defender? 

 Sublinhar
o
sentido
e
a
utilidade
da
tese

Como
elaborar
um
discurso

início

argumentativo

Perguntas 
 Tarefas 

Definir
conceitos,
estruturar
ideias


Como
organizar
o
discurso?

e
construir
bons
argumentos


Quais
são
as
conclusões
da
investigação?
 Apresentar
uma
conclusão


Como
responder
às
refutações?
 Antecipar
possíveis
respostas



Como
se
caracteriza
o
auditório?
 Fazer
um
diagnóstico
das
motivações


do
auditório



Pedir
opiniões
críticas
antes


O
discurso
está
inteligível? 


da
apresentação

Regras
para
construir


início

bons
argumentos


Para
construir
bons
argumentos
(segundo
Anthony
Weston):


Distinguir
 Apresentar

 Usar
premissas
 Usar
termos



claramente
 as
ideias

 fidedignas,
 consistentes


entre
premissas
 a
defender
 evitando

 e
um
só
sentido

e
conclusão
 segundo
uma
 a
linguagem
 para
cada
termo

ordem
natural
 tendenciosa

Regras
para
construir


bons
argumentos
 início


Para
construir
bons
argumentos
(segundo
Sérgio
Navega):


Aceitabilidade
 Relevância
 Suporte
/
 Refutabilidade



As
premissas
 Premissas
 justificação
 Um
bom
argumento

têm
de
ser
 relevantes
 As
premissas
 deve
possibilitar


aceitáveis
 fornecem

 propostas
 e
proporcionar


(aceitável

 as
razões
para
 devem
ser
 uma
refutação

é
diferente

 que
possamos
 suficientes

 efectiva
de
todos


de
verdadeiro)
 crer
na
 para
podermos
 os
argumentos
que

veracidade

 aceitar

 conduzam


da
conclusão
 a
alegação
 ao
oposto
do
que

nelas
implícita
 estamos
a
afirmar


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