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APRENDA A PENSAR COM LEONARDO DA VINCI Michael J. Gelb a ettore at Sabe-se hoje que nosso Quociente de Inteligéncia (Qn) depende em parte da heranga genética, mas fatores de igual importancia sao os euidados pre- natais, o meio social e a educa- Gao. Isso significa dizer que nosso Ol pode aumentar, se 0 cérebro for devidamente orien- tado para esse objetivo. Alem disso, é fato amplamente aceito que nao existe uma inteligéncia tunica, mas mulliplas inteligén- Clas, como a légico-matematica, a lingtifstica, a espacial, a musi- eal, a corporal, a social e a intra- essoal, Leonardo da Vinci 1452-1519) foi um dos raros homens que conseguiu desen- volver todas elas ao mesmo empo, tendo produzido obras notaveis las areas mais diversas. Personilicou o ideal cenascen- tista do “homem universal”, dapaz de dominar todos os cam- pos do conhecimento. Grande mestre da pinture, foi também arquitelo, botanico, urbanista, cendgralo e figurinista, cozi- nheiro, inventor, matemadtico, sedgrato, ffsico.., Seguir os passos desse sénio espetacular, descobrir-lhe a sabedovia ¢ a inspiragdo, trazendo-as para o dmbito de nossa propria vida, isso € 0 que propoe o consultor norte-ameri- cano Michael J. Gelb — que tem entre seus clientes a AITG@GT, a DuPont e a Xerox. Neste Apren- da a pensar com Leonardo da Vinci, ele apresenta um. método pratico e experimentado de apli- cagao dos elementos essenciais do génio de Leonardo, a fim de enriquecer nossas vidas — uma maneira estimulante e original de vocé degenvolver novas formas de auto-expressao e estralégias para pensar criativamente. Este livro é dedicado ao espirito vinciano, expreso na vida e na obra de Charles Dent AGRADECIMENTOS Grazie a todos os que colaboraram no desenvolvimento dos exercicios vin- cianos € aos leitores que nos deram valiosas sugestOes quando 6 manuscrito estava sendo redigido: Ann-Marie Bolton, Jolie Barbiere, dr. Rudy Bauer, Stacy Forsythe, Michael Frederick, Ruth Kiss Dale Schusterman ¢ Sylvia Togneti, Grazie aos cognoscenti de misica: Audrey Elizabeth Ellzey, dr. Roy S Ellzey, Joshua Habermann, Murray Horwitz, dr. Elain Jerdine e Stacy Forsythe. Grazie ao professor Roger Paden pelas intimeras incursdes que, por minha causa, fez 4 biblioteca de sua faculdade, Grazie aos meus clientes e amigos que mantém vivo o espirito vinciano em suas organizagdes, especialmente Ed Bassett, Charlie Bacon, Bob Ginsberg, Dave Chu, Peter Cocoziello, Jim D'Agostino, Marv Damsma, Doug Durand, Gerry Kirk, Delano Lewis, Nina Lesavoy, Joseph Rende, Harvey Sanders, dr. Raj Sisodia, e a equipe do Lucent Idea Verse Grazie molto a. meus pais, Joan e Sandy Gelb, que me desper uma visio vinciana da vida, A Joan Amold por seu percuciente trabalho de edi- do € por suas sugestées construtivas. A Sir Brian Tovey por partilhar comigo suas idéias sobre Florenga e 0 Renascimento. A minha maravilhosa agente lite- ane, Cathy Raines, John Ramo, dr. m para ia, Muriel Nellis, € sua equipe, especialmente Jane Roberts, E a Tom Spain na € pelo brilhante trabalho de edigiio, ¢ & sua equipe da Delacorte, especialmente Mitch Hoffman e Ellen Cipriano. Grazie mille a Lorraine Gill por seu notével compromisso com 0 saper vedere, por sua visio vinci Grazie mille a quatro pessoas que deram excepcionais contribuig6es a este livro: A Nusa Maal por suas contribuicdes para 0 Curso de Desenho, suas ma; 5 ilustragdes e sua defes «a dos principios de inteligéncia multissensorial Ao mocerno uomo universale Tony Buzan por criar 08 mapas instrumento vinciano do pensamento Ao ilustre mestre Raymond Keene, O.B.E. [oficial da Ordem do Império Britinicol, por partilhar comigo seu profundo conhecimento de hist6ria ¢ seu génio. A Audrey Elizabeth Ellzey por seu inestimavel apoio © por sua vinciana fidelidade a verdade mentais, 0 SUMARIO Preficio: “Nascido do Sol” XI PRIMEIRA PARTE Introdugao: Seu eérebro é muito melhor do que voce imagina 2 Aprendendo com Leonardo 5 Um modo pritico de acercarse do génio 6 © Renascimento, ontem € hoje I A vida de Leonardo da Vinci 17 Principais realizagoes 34 SEGUNDA PARTE (Os sete principios vincianos 41 Curiosita 42 Dimostrazione 67 Sensazione 83 Sfumato 124 Arte/Scienza 143 Corporalita 169 Connessione 193 Conclusao: O legado de Leonardo 225 TERCEIRA PARTE Curso Da Vinci de desenho para principiantes 228 11 Cavallo: © renascer de um sonho 267 Cronologia de Leonardo da Vinci: vida e €poca. 270 Sugestdes de leitura 271 Outras fontes e recursos 276 Lista de ilustragdes 279 PREFACIO: “NASCIDO DO SOL” Pense em seus maiores herdis e heroin s, seus modelos mais inspiradores. Talvez, se voce for uma pessoa de muita sorte, essa lista inclua sua mae ou seu pai. Talvez voce se inspire principalmente nas grandes figuras da hist6ria, De- brugar-se sobre a vida € a obra de grandes artistas, Iideres, eruditos ¢ mestres espirituais nos traz um grande enriquecimento da mente ¢ do coragio. Com cer teza, voce pegou este livro porque reconhece em Leonardo um arquétipo do po- tencial humano € esta encantado com a possibilidade de uma relagdo mais es- treita com ele Quando eu era crianga, Super-Homem e Leonardo da Vinei eram meus he- Enquanto 0 “Homem de Aco” era deixado de lado, minha fascinago por ‘er, Entao, na primavera de 1994, recebi um convite para visitar Florenga ¢ falar a uma prestigiosa ¢ exigente associagao de presidentes de empresas. O presidente da associagao perguntou; “O senhor pode preparar alguma coisa para nossos membros sobre como ser mais criati- vo € equilibrado, pessoal e profissionalmente? Algo que Ihes aponte o caminho para se tornarem homens ¢ mulheres renascentistas?”. Respondi num piscar de olhos: “Que tal algo sobre pensar como Leonardo da Vinci?” Nao era uma tarefa que pudesse assumir de forma impensada, Meus alu- nos jé deviam ter pago altas taxas para assistir ao curso de seis dias da “univer- ri Leonardo da Vinci continuou a cr sidade”, uma das muitas oportunidades que a associacao oferece aos seus mem- bros, anualmente, para que se retinam em importantes cidades do mundo, visando a pesquisar hist6ria, cultura e negocios, na busca de desenvolvimento pessoal € profissional. Podendo escolher entre vi meu era dado ao mesmo tempo que cinco outros, inclusive um ministrado pelo os membros deveriam fazer uma ava liagao do professor numa escala de um a dez e eram orientados a descartar toda apresentacdo de que nao gostassem. Em outras palavras, se nao gostassem de voce, eles o mastigavam e cuspiam fora! Apesar da Fascinagdo que tive a vida inteira por meu novo tema, eu sabia que tinha que tabalhar muito. Além da leitura intensiva, minha preparago in- clufa uma peregrinacao vineiana, comegando com uma visita ao Retrato de Gi- nevra De’ Benci, de Leonardo, na National Gallery, em Washington, D.C, Em Nova York, deparei com a exposicdo itinerante "Codex Leicester’, patrocinada por Bill Gates e a Microsoft. Dai fui a Londres para ver os manuscritos do Mu- ios Cursos concorrentes ~ 0 ex-presidente da Fiat, Giovanni Agnelli Peelicio seu Britinico, Santana, a Virgem e o Menino na National Gallery, ¢ a0 Louvre, em Paris, para passar alguns dias com Mona Lisa e Sao Jodo Batista, © ponto alto dessa peregrinacdo, porém, foi visitar 0 castelo de Cloux, préximo a Am- boise, onde Da Vinci passou os iltimos anos de sua vida. O castelo agora é um museu Da Vinci, com admiréveis réplicas de algumas das invengdes de Leo- nardo, construidas por engenheiros da IBM. Andando no chao que ele andou, sentando-me em s\ janela, observando a vista que ele descortinava todo dia, senti meu coragio encher-se de pasmo, reveréncia, espanto, tristeza e gratidao. Naturalmente fui visitar Florenga, quando, finalmente, fiz minha apresenta- io para os presidentes, Logo no comego aconteceu uma coisa engragada. A pessoa que me apresentou confundiu o texto sobre Da Vinci com meu curti- culo, Ela disse -e, para citar Dave Barry, nao estou inventando isto: “Senhoras e senhores, sinto-me honrada em apresentar-thes um individuo cuja formacao supera a de qualquer outro de que eu tenha noticia: arquiteto, botanico, urb: nista, designer de cendrios e figurinos, cozinheiro, humorista, engenheiro, bom cayaleiro, inventor, geografo, ge6logo, matemitico, cientista militar, miisico, pin- tor, fil6sofo, fisico e raconteur... Senhoras e senhores, permitam-me apresentar- Ihes... senhor Michael Gelb!” Ah, se ao menos, Bem, a palestra foi um sucesso (ninguém saiu da sala) e deu origem ao livro que vocé tem em mos. Antes daquela inesquecivel apresentacao, um dos membros da associagio ‘4 oficina, demorando-me em seu quarto, clhando por sua aproximou-se de mim e disse: “Nao acredito que alguém possa aprender a ser como Leonardo da Vinci, mas de qualquer forma vou assistir as palestras”. Voce deve estar pensando algo parecido: o livro parte do pressuposto de que toda crianga nasce com as aptiddes ¢ dons de Leonardo da Vinci? Sera que 0 autor acredita mesmo que todos nés podemos ser génios do porte de Da Vinci? Bem, para falar a verdade, nao. Nao obstante as décadas que dediquei a descobrir a extensio do potencial humano € como desperti-lo, endosso as palavras de Francesco Melzi, discipulo de Da Vinci, que escreveu quando da morte de seu mestre: “A perda de um homem como esse € lamentada por todos, porque a natureza nao € capaz de produzir um outro”, Quanto mais aprendo sobre Da Vinci, mais aumentam meu espanto e minha impressio de mistério. Todos os grandes génios sao Gnicos, e Leonardo foi, talvez, o maior de todos os génios. Agrende « wae Mas questo central permanece: é possivel abstrair os fundamentos do método de aprendizagem e de cultivo da inteligéncia de Leonardo ¢ aplicé-los para nos inspirar e orientar na realizagdo de nosso proprio potencial? ‘Naturalmente a minha resposta a esta pergunta €: sim! Os elementos essen- ciais do método vinciano de aprendizagem e de cultivo da inteligéncia sao mui- to claros e podem ser estudaclos, seguidos ¢ aplicados E muita ousadia pensar que podemos aprender a ser como o maior de to- dos os génios? Talvez. E melhor pensar em seu exemplo que nos inspira a ser mais 0 que realmente somos. As belas palavras do poeta Sir Stephen Spender sao um perfeito prelidio a nossa viagem pela historia da mais elevada das mentes: PENSO © ‘TRMPO TODO NAQUELES Qt FORAM VERDADEIRAMENTE GRANDES Penso 0 tempo todo naqueles que foram verdadeiramente grandes Aqueles que, desde o titero, lembraram a bistoria da alma Pelas corredlores de luz onde as horas séio sots, Incessantemente e a cantar: Aqueles cujo sonbo dourado Era que seus labios, ainda tocados pelo fogo, Pudessem falar do espirito, todo banbado em poesia. E que colberam dos ramos da primavera Os desejos que desciam sobre seu corpo como flores. O que importa é nunca esquecer O encanto do sangue sorvido de primaveras perenes Alravessando rochas, em mundos anteriores a nossa Terra; Nunca negar-se ao prazer na simples luz matinal, Nem a dnsia de amor na tarde solene; ‘Nunca permitir que, aos poucos, o trénsito, Com sua fimaca e barulbo, entorpeca o desabrochar do espirito. Junto da neve, perto do sol, nos campos mais elevados Veja como esses nomes sao festejados pela relva ondulante, Pelas fitas de nuvem branca, E pelos murmuirios do vento no céu expectante; Os nomes daqueles que, em suas vidas, lutaram pela vida, Que traziam em seus coragdes 0 centro do fogo. Nascidos do sol, eles viajaram um breve tempo rumo ao sok E deixaram no espaco luminoso a marca de sua gloria. Prefécie ait Vivemos num mundo com barulho, tiinsito e polui¢ao sem precedentes. Mas vocé também nasceu do sol, ruma em sua diregao. Este livro, inspirado em um dos maiores espiritos da hist6ria, € um guia para essa viagem. Um convite para respirar 0 ar luminoso, sentir © fogo no Amago do seu coragdo € 0 completo desa- brochar de seu espirito. Michael |. Gelb Janeiro de 1998, XIV Apeonds a penser com Leonardo de Vinci APRENDA A PENSAR COM LEONARDO DA VINCI Sete passos para o sucesso no seu dia-a-dia Michel J. Gelb ‘Tradusio: Luciano Vieira Machado HLaVd VALHWidd IN TRODUCAO SEU CEREBRO E MUITO MELHOR DO QUE VOCE IMAGINA mbora seja dificil exagerar 0 talento de Leonardo da Vinci, pesquisas cien- tificas recentes indicam que vocé provavelmente subestima sua propria ‘ capacidade. Voce € dotado de um potencial praticamente ilimitado de aprendizagem e de criatividade. Noventa € nove por cento do que sabemos sobre © potencial do cérebro humano foi descoberto nos tiltimos vinte anos. Nossas es- colas, universidades ¢ autoridades estio apenas comecando a aplicar esse recente conhecimento do potencial humano, Vamos preparar 0 caminho para pensar ‘como Leonardo da Vinci, considerando a visio moderna da inteligéncia ¢ alguns resultados de pesquisas sobre a natureza € a extenstio do potencial de seu cérebro. Muitos de nés fomos educados com um conceito de inteligéncia baseado no tradicional teste de QI, O teste de QI foi desenvolvido por Alfred Binet (1857-1911) para medi, objetivamente, compreensio, raciocinio ¢ capacidade de julgamento. Binet foi motivado por um grande entusiasmo pela entao nas- cente disciplina da psicologia e por um desejo de superar os preconceitos cul- turais e de classe do fim do século XIX, na Franea, na avaliagao do potencial de aprendizagem das criangas. Embora 0 tradicional conceito de QI tenha sido revolucionario a época em que foi formulado, as pesquisas atuais mostram que ele tem duas falhas importantes. A primeira falha € a idéia de que a inteligéncia jé esta determinada ao nas- cer ¢ € imutavel, Ainda que os individuos sejam dotados, geneticamente, de mais ou menos talento em determinada rea, estudiosos como Buzan, Machado, ‘Wenger € muitos outros mostraram que o desempenho com 0 teste de QI pode ser melhorado significativamente com um treino apropriado. Numa anilise recente de mais de duzentos estudos de QI publicados na revista Nature, Ber- nard Devlin concluiu que os genes respondem por apenas 48% do Ql; 52% de- pendem de cuidados pré-natais, meio ¢ educagao. ‘A segunda falha no conceito de inteligéncia normalmente aceito é a idéia de que a capacidade de raciocinio verbal e matematico medida pelos testes de QI ( Testes de Aptidao Escolar) € condigao sine qua non de inteligéncia. Essa concepeao estreita da inteligéncia foi amplamente refutada pela pesquisa psi- col6gica contemporanea. Em seu clissico modemo, Frames of Mind (1983), 0 psicdlogo Howard Gardner apresentou a teoria das miltiplas inteligéncias, se- gundo a qual cada um de nés possui pelo menos sete inteligéncias mensura- veis (em trabalho mais recente, Gardner e seus colaboradores relacionaram 25 diferentes subinteligéncias). As sete inteligéncias ¢ alguns génios exemplares (excluindo-se Leonardo da Vinci, que foi génio em todas essas 4reas) de cada uma delas sao: Leipadspue # Légica-Matematica — Stephen Hawking, Isaac Newton, Marie Curie © Verbal-Lingdistica — William Shakespeare, Emily Dickinson, Jorge Luis Borges + Espacial-Mecinica — Michelangelo, Georgia O'Keeffe, Buckminster Fuller * Musical — Mozart, George Gershwin, Ella Fitzgerald © Corporal-Muscular—Mirihei Ueshiba, Muhammad Ali, FM, Alexander * Interpessoal-Social — Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Rainha Elizabeth 1 * Intrapessoal (autoconhecimento) — Viktor Frankl, Thich Nhat Hanh, Madre Teresa A teoria das miltiplas inteligncias agora € amplamente aceita e, quando combinada com a compreensao de que a inteligéncia pode ser desenvolvida ao longo da vida, € fonte de grande inspiragio para homens e mulheres que aspi- ram ao espirito renascentista. Além de ampliar a compreensao da natureza e da extensio da inteligéncia, as pesquisas psicol6gicas atuais revelaram fatos espantosos sobre @ extensio de nosso potencial. Podemos resumir os resultados com a frase: seu cérebro melhor do que voce pensa. Apreciar seus extraordinarios dotes corticais € um maravilhoso ponto de partida para um estudo pratico do pensamento vinciano. Pense sobre o seguinte: seu cérebro + € mais flexivel ¢ multidimensional que qualquer supercomputador, = € capaz de apreender sete fatos por segundo, a cada segundo, pelo resto de sua vida e ainda sobra lugar para aprender muito mais. * vai melborar com © tempo, sé vocé souber usi-lo adequadamente. © nao é s6 sua cabega. Segundo a famosa neurocientista dra, Candace Pert, “LJ a inteligéncia localiza-se no apenas no cérebro mas também nas oélulas que se encontram em todo © corpo [..] A tradicional separacao processos mentais Ginclusive emogdes) x corpo nao € mais valida” + € iinico, Entre os 6 bilhdes de pessoas que vivem hoje ¢ os mais de 90 bilhoes que jf viveram, nunca houve, a menos que vocé seja um gémeo univitelino, nin- guém igual a voce, Seus dons criativos, suas impresses digitais, suas expresses, seu DNA, seus sonhos so sem precedentes € tnicos. * capaz de realizar um niimeto praticamente ilimitado de conexdes sinapticas ou padroes potenciais de pensamento. Quem primeiro demonstrou esta Gitima afirmagio foi Pyotr Anokhin, da Universidade de Moscou, discipulo do legendario pioneiro da psicologia, Ivan Pavlov. Anokhin causou espanto em toda a comunidade cientifica quando pu- blicou sua pesquisa em 1968 demonstrando que 0 nimero minimo de padrées de pensamento potenciais de que 0 eérebro é capaz. coresponde ao niimero 1 seguido de 10,5 milhées de quilometros de zeros datilografados Apreads a pensar com Leowardo de Vinci que acontece ao seu oérebro quando voce envelhece? Muitas pessoas imaginam que a capaci dade mentale fisica diminui necessariamente com a idade; que depois dos 25 anos vamos per- dendo, diariamente, significativa parcela de nossa capacidade cerebral. Na verdade, a média dos cére- bros pode se aperfeigoar com a idade. Nossos neurénios so capazes de fazer novas conexdes com um. {grau cada vez maior de complexidads ao longo de toda a nossa vida. E nossos dotes neuronais so t8o grandes que, mesmo se perdéssemos mil neur6nios todo dia pelo resto de nossas vidas, isso corres- Ponderia a menos de 1% do total (desde que vooé nao perca aquele 1% que vocé realmente usal). Anokhin comparou o cérebro humano a um “instrumento musical multid mensional que pode tocar um infinito nimero de pegas musicais simultanea- mente’. Ele salientou que cada um de nés tem um patriménio com um poten cial praticamente ilimitado, Afirmou também que nenhum homem ¢ nenhuma mulher, no passado ou no presente, explorou completamente a capacidade de seu cérebro. Certamente Anokhin concordaria, contudo, que Leonardo da Vinci poderia servir como o exemplo mais inspirador para aqueles que desejam ex- plorar suas capacidades ao maximo. APRENDENDO COM LEONARDO Os filhotes de pato aprendem a sobreviver imitando suas mies. Aprender pela imitacdo é fundamental para muitas espécies, inclusive a espécie humana, Quando nos tornamos adultos, temos uma vantagem sem igual: podemos esco- Ther a quem ¢ © que imitar. Podemos também escolher, conscientemente, novos modelos para substituir aqueles que superamos. £ conveniente, portanto, esco- Ther os melhores “modelos” que nos orientem € inspirem a realizagao de nosso potencial Assim, se vocé pretende se aperfeicoar no golfe, estude €0n Battista Alberti(1404- Ben Hogan, Jack Nicklaus e Tiger Woods. Se quiser se tornar 1472) foi o primeira uo- um lider, estude Winston Churchill, Abraham Lincoln ¢ a Rai-__'™0 universafe.e um dos “mo- nha Elizabeth I. E, se vocé quer se tornar um homem ou uma ‘delos" de Leonardo. Arquiteto, mulher de espirito renascentista, estude Leon Battista Alberti, __engenheiro, metemético, pin- “Thomas Jefferson, Hildegard von Bingen e, sobretudo, Leo- _ tore fil6sofo, Alberti era tam- nardo da Vinci bém atleta @ midsioo de te Em The Book of Genius, Tony Buzan ¢ Raymond Keene __ lento. fizeram a primeira tentativa, em nivel mundial, de relacionar Tntrodugso 5 os grandes génios da historia, Adotando categorias tais como “originalidade”, “versatilidade”, “dominio de determinada Area”, “universalidade de visio” € “forga ¢ energia”, eles apresentam a seguinte lista de seus “dez mais” 10, Albert Einstein 9, Fidias (arquiteto de Atenas) 8. Alexandre, o Grande 7. Thomas Jefferson 6. Sir Isaac Newton 5. Michelangelo 4, Johann Wolfgang von Goethe 3. Os Construtores das Grandes Pira 2. William Shakespeare mides E omaior génio de todos os tempos, segundo a exaustiva pesquisa de Buzan e Keene? Leonardo da Vinci. ‘Como escreveu Giorgio Vasari sobre Leonardo na versio original do seu As vidas dos artistas, “O céu as vezes nos envia seres que representam nao a hu- manidade apenas mas a propria divindade, de forma que se os tomamos como modelos ¢ os imitamos nossas mentes e o melhor de nossa inteligéncia podem se aproximar das mais altas esferas celestiais, A experi€ncia mostra que os que estudam e procuram seguir os passos desses génios maravilhosos, ainda que a natureza Ihes dé pouca ou nenhuma ajuda, podem pelo menos aproximar-se das elevadas obras que participam de sua divindade” Nossa progressiva compreensio da multiplicidade de inteligéncias ¢ das capacidades cerebrais parece indicar que a natureza nos ajuda mais do que po- deriamos imaginar. Em Aprenda a pensar com Leonardo da Vinci, vamos “estudar © seguir os pasos” do mais maravilhoso dos génios, trazendo sua sabedoria e inspiragao para sua vida, todos os dias UM MODO PRATICO DE ACERCAR-SE DO GENIO Nas paginas seguintes, vocé vai aprender um método pratico, testado com experiéncias, para aplicar os elementos essenciais do génio de Leonardo a fim de enriquecer sua vida. Vocé vai descobrir uma maneira estimulante e original de ver e de desfrutar seu mundo enquanto desenvolve eficientes estratégias para pensar criativamente e novas formas de auto-expressao. Vocé vai aprender Aprenda a ponsar vom Leonards da Vinci (Genicas de eficiéncia comprovada para agucar seus sentidos, liberar sua inteli- géncia tinica e harmonizar 0 corpo com 4 mente. ‘Tendo Leonardo como inspi- rago, vocé fara de sua vida uma obra de arte. Embora talvez ja esteja familiarizado com a vida € a obra de Da Vinci, voc’ acabard a leitura deste livro com uma nova perspectiva e uma visio mais apro- fundada de sua figura tio enigmatica, Olhando o mundo do seu ponto de vista, vocé vai sentir também o gosto de solidao que © génio traz. Mas posso garan- tir que vocé vai se sentir elevado pelo espirito de Da Vinci, inspirado por sua busca € enaltecido por sua associagio com ele. © livto inicia-se com um rapido panorama do Renascimento, confrontan- do-o com o nosso tempo, seguido de um resumo biogréfico de Leonardo e um quadro sumério de suas mais importantes realizacdes. O nicleo do livro é a discussio dos sete principios vincianos. Esses principios derivam de um estu- do intensivo do homem e de seus métodos. Eu os denominei em italiano, a lin- gua materna de Leonardo, A boa noticia é que provavelmente os principios de Leonardo ja sao intuitivamente 6bvios para vocé, que nao vai precisar inventa- los, Antes, como muitos outros principios de senso comum, eles precisam ser relembrados, desenvolvidos ¢ aplicados. Os sete principios vincianos so: Curios — Uma insaciavel curiosidade em relacdo a vida e uma busca continua incansavel do conhecimento. Dinosteaziont — Um firme propésito de testar 0 conhecimento pela experiéncia, ppersisténcia e disposic4o para aprender com os proprios erros. Sexsazione — O continuo refinamento dos sentidos, especialmente a visio, como meio de tornar a experiéncia mais vivida. Srumaro (literalmente “esfumado") — Disposigao para aceitar a ambigitidade, o pa- radoxo e a incerteza, Anrt/Scirvza ~ © desenvolvimento do equilibrio entre ciéncia e arte, logica e ima- ginagao. Pensar com “todo 0 cé: Conroraurra ~ O cultivo da graca, da ambidestria, boa forma fisica ¢ equilibrio. Connessione ~ O reconhecimento e a apreciagao da interconextio de todas as ¢é sas € fendmenos, Pensar globalmente. bro" Tendo lido até aqui, vocé jé deve estar aplicando 0 primeiro principio vin- ciano, Curiosité— a busca incessante do conhecimento — vem em primeiro lugar porque o desejo de conhecer, aprender e crescer € a mola do conhecimento, da sabedoria e da descoberta. Intendugae Torgio Vasari (1511-1674), arquiteto das Uffizi de Florenca e discipulo de Michelangelo, publicou seu Gs Vidas dos artistas em 1649. Os eruditos costumam atribuielhe o mérite de, com este livro, ter Griado a disciplina de histéria da arte, As vidas continua sendo a mais importante fonte sobre a arte do Renascimento italiano. Com uma excepcional intuigao, Vasari retrata a vida @ a obra de quase duzen- fos pintores, escultores @ arquitetos, inclusive Giotto, Masaccio, Brunelleschi, Donatello, Botticelli. \Verrocchio, Rafael, Michelangelo, Ticiano e, naturalmente, Leonardo. Se vocé est interessado em pensar por si mesmo ¢ libertar sua mente de habitos limitantes ¢ de preconceitos, entdo ja esta no caminho do segundo Principio: dimostrazione. Em sua busca da verdade, Da Vinci insistiu em ques- tionara sabedoria convencional. Ele usou a palavra dimostrazione para expres- sara importiincia do autoconhecimento, através da experiéncia pritica Pare um pouco ¢ lembre-se dos momentos, do ano pasado, em que voce se sentiu viver de modo mais intenso. Certamente seus sentidos estavam mais acesos. Nosso terceiro principio ~ sensazione — busca agucar os sentidos, de forma consciente. Leonardo acreditava que desenvolver a capacidade de man- ter os sentidos alerta era o segredo para uma experiéncia enriquecedora, Quando vocé aguca seus sentidos, sonda as profundezas da experiéncia e, como uma crianga, desperta sua capacidade de questionar, depara com uma ctes. cente incerteza ¢ ambighidade, “Tolerdncia a situagdes ambiguas” é o taco mai caracteristico das pessoas criativas, ¢ Leonardo provavelmente possuia esse dom em gra mais alto que qualquer outra pessoa. O principio néimero quatro — sfic ‘mato ~ leva vocé a ficar mais & vontade com 0 desconhecido € com 0 paradoxo, Para que o equilibrio ¢ a criatividade possam emergir da incerteza é neces- sitio © principio nimero cinco ~ arte/scienza -, ou o que agora chamamos de Pensar com todo o cérebro. Mas Da Vinci acreditava que 0 equilibrio nao era apenas mental. Ele exemplificava afirmando a importiincia do principio ntimero seis — corporalita -, 0 equilibrio entre corpo € mente, E, se voce é um aprecia- dor de padries, relacdes, conexdes e sistemas ~ se vocé procura entender como seus sonhos, objetivos, valores ¢ suas mais altas aspiracdes podem ser integra- dos ao seu dia-a-dia -, entdo ja esta aplicando o principio mamero sete: con- nessione. Connessione liga tudo. Cada principio é realgado por meio de excertos dos cadernos do mestre ¢ ilustrado com seus desenhos © pinturas. Esse esclarecimento € seguido de 8 Apreuds + pensar com Leonardo de Vinci Retrato do mestre. “ es ~ FREup sop DA vinci quest6es para reflexdo ¢ auto-avaliacdo. As questées pretendem estimular seu pensamento ¢ inspirar sua aplicagio dos principios. Elas so seguidas de uma série de exercicios praticos para que se cultive um espirito renascentista na vida pessoal e profissional. Para tirar maior proveito de Aprenda a pensar com Leo- nardo da Vinci, leia primeiro todo o livro, sem fazer os exercicios. Apenas me- dite sobre as perguntas para reflexio © auto-avaliacdo, Depois desse trabalho prévio, reveja a explanagio de cada principio e entao faca os exercicios. Alguns deles sao faceis e divertidos, enquanto ou- tros exigem um dificil trabalho interno. Todos foram conce- bidos para trazer o espirito do mestre para o seu dia-a-dia Além dos exercicios, vocé encontrara uma lista de recursos para orienti-lo na exploracao € na aplicagdo de cada princi- pio, A lista de leitura inclui recomendagées sobre o Renasci- mento, a histéria das idéias, a natureza do génio e, naturalmente, a vida e a obra de Leonardo. Na secdo final do livro, vocé encontrara 0 “Curso Da Vinci de Desenho para Principiantes” ¢ saber como participar de um projeto hist6rico que encarna a esséncia do espirito vinciano 6s © respeitamos aprendendo com Aprends s pensar com Leonarde da Vines O RENASCIMENTO, ONTEM E HOJE A ‘expuilsio’ de Masaccio, é um tema irSnico para o que pode ter sido a primeira pinkera verdadetramente renascentista Tanto Michelangelo quanto Leonardo passaream muitas horas estudando-a. Leonardo comentou: ‘Masaccio mosirou, com a perfeledo do seu trabalbo, como aqueles que ndo se inspiram na natureza, mestra acima de todos os mestres, esforgam-se em wi" em ao lado do rio Amo, um pouco fora da rota costumeira do turista em Florenga, vocé veri a igreja de Santa Maria del Carmine, Entre, dobre a es- querda © em seguida novamente a esquerda € estard na Capela Bran- cacci, decorada em toda sta volta com afrescos de Masolino ¢ Masaccio. O primei- to aftesco da esquerda € a representacio da expulsio de Adao e Eva do paraiso, de autoria de Masaccio. E é aqui que comega o Renascimento: em ver de ter- mos a espiritualidade bidimensional das pinturas medievais, as figuras de Adao ¢ Eva, representadas por Masaccio, parecem-se com seres humanos de verdade, Suas figuras curvadas e cabegas baixas expressam uma emogio verdadeira. Re- tratados em trés dimensGes, com os pés firmemente plantados no chao, as figu- ras de Masaccio anunciam uma nova era de promessas € potencialidades para © ser humano. Para apreciar essa nova era, € aproveitar ao maximo nosso estudo de Leo- nardo da Vinci, precisamos ter uma visio do periodo anterior, Em A World Lit Only by Fire: The Mectieval Mind and the Renaissance, William Manchester ati ma que © pré-Renascimento europeu se caracterizou pela “mescla de incessan- tes campanhas militares, corrupedo, destespeito as leis, obsessd0 com mitos es- tranhos, ¢ um quase impenetrivel itracionalismo”. Descrevendo o periodo que vai da queda do Império Romano do Ocidente até a aurora do Renascimento, ‘Manchester escreve: “Em todo esse periodo, nada de real importancia foi aper~ feigoado ou posto de lado. Exceto pela introdugao da roda-d’agua no século IX € dos moinhos de vento no século XII, no houve invencdes importantes. Nao apareceu nenhuma idéia nova ¢ espetacular, nenhum territ6rio fora da Europa foi explorado. Tudo continuou como sempre foi, pelo que o mais velho dos eu- ropeus poderia lembrar. O centro do universo ptolomaico era o mundo conhe- cido ~ a Europa, a Terra Santa ¢ as franjas do norte da Africa, O Sol dava uma volta todos os dias. O paraiso ficava sobre a Terra imével, em algum ponto da abdbada celeste; o inferno agitava-se ld no fundo, sob seus pés, Os reis gover navam segundo a vontade do Todo-Poderoso; todos os outros faziam o que Ihes era ordenado |. A Igreja era indivisivel, e a vida ap6s a morte uma certeza; todo o conhecimento ja estava dado, E nunca nada iria mudar” A palavra Renascimento forma-se a partir do verbo francés renaiitre, que significa “reviver", e do substantivo naissance, que significa “nascimento”. Os italianos chamam esse periodo de Rinascimento, Depois de séculos de servidao € supersticao, o ideal de poder de potencialidade humanos renasceu, O re~ nascimento desse ideal clissico foi anunciado por Giotto, inictado por Bru- io maxima com Leonardo, nelleschi, Alberti e Masaccio, e atingiu sua expres: Aprenda a pensar com Leonatde da Vinci Michelangelo e Rafael. Essa extraordiniria transformagao da visio de mundo medieval deu-se paralelamente a um grande ntimero de descobertas, inovacdes ¢ invengoes, entre as quais: * A imprensa—‘Tornou © conhecimento acessivel para grande ntimero de pessoas, além do clero e das elites dominantes. Em 1456, havia menos de sessenta exem- plares remanescentes da Biblia de Gutemberg, 0 primeiro livro impresso na Europa, Na virada do século, havia em circulacao mais de 15 milhdes de livros impressos, = 0 lapis e o papel barato — Fizeram com que a escrita € a possibilidade de tomar notas ficassem ao alcance do cidadlto comum. O.astrolabio, a bissola magnética e as grandes caravelas ~ Resultaram numa ex- traordindria expansio do trifego maritimo, do comércio internacional ¢ do inter- cambio de informagdes, Como Colombo ¢ Fernando de Magalhaes provaram que a Tetra no era plana, muito do conheeimento tradicional caiu por terra, = 0 canbao de longo alcance ~ Embora catapultas, mangonilias e pequenos canhdes ji estivessem em uso havia muitos anos, eles ndo destrufam os muros das fortalezas. © poderoso canhao de longo alcance foi desenvolvido por um engenheiro hGngaro chamado Urbano em meados do século XV. Com a difusio dessa nova tecnologia, a fortaleza feudal, e com isso o feudalismo, logo perdeu sua inexpugnabilidade, Estava aberto 0 caminho para 0 nascimento do Estado modemo. * 0 reldgio mecénico — Estimulou © comércio, permitindo que as pessoas viven- ciassem © tempo como um bem controlével. Na Idacle Média, as pessoas nao ti: ham © conceito de tempo que temos hoje. A maioria do povo niio sabia em que ano se encontrava ou até em que século estava vivendo. Muitas dessa inovagdes ¢ a maioria das grandes obras-primas do periodo foram estimuladas pelo espirito empreendedor, pelo desejo cada vez mais di- fundido de consumir bens € pela busca desenfreada do capital, Em Worldly Goods: A New History of the Renaissance, Lisa Jardine mostra, com deslumbran- {es ilustragdes € com um texto incisivo € minucioso, como as transformagdes culturais ¢ intelectuais do Renascimento foram conduzidas pelo capitalismo em. expansio, Ela afirma que esses “impulsos que hoje chamamos de ‘consumis- mo” estavam presentes no espirito renascentista que produziu as obras ¢ os avangos que tanto valorizamos. Mesmo o interesse comercial tinha a sua utili- dade: “A reputagdo de um pintor repousava em sua habilidade em despertar 0 interesse comercial por suas obras de arte € nao em critérios intrinsecos de va- Jor intelectual” O Rewsscimento, oatem « hoje 4B Mas resta saber inda por que o Renascimento aconteceu E 8se extraordinario flo: naquele momento. Em todo 0 milénio precedente, as reali fescer da capacidade _zagdes européias no campo da ciéncia e da pesquisa foram humana reflete-se, deforma despreziveis, Durante toda a Idade Média, praticamente toda curiosa, nas mudangas dasa energia ¢ 0 esforgo intelectual concentravam-se em filigra- regres dojogo de xadrez.An- nas doutrinais e na guerra “santa”, Em vez da explorago de tes do Renascimento, a rat —_novas terras, inovagdes e idéias, as melhores cabecas empe- nha s@ movia apenas uma —_nhavam-se em debates sobre quantos anjos cabiam na cabeca casa por vez; mas, quando a de um alfinete, e a Igreja raramente hesitava em torturar todo consciéncia dos horizontes & aquele que questionasse seus dogmas. Isto, naturalmente, de- Potenciais humanos se ex- _sestimulava 0 pensamento independente. andi, ela conquistou 0 po- O acontecimento decisivo que Jevou ao Renascimento, der de movimento que tem segundo a opiniiio do meu colega Raymond Keene ¢ a mi- até hoje nha propria, ocorreu no século XIV, quando a Peste Negra 4 assolou a Europa, Quase metade da populacao foi dizimada de forma rapida e terrivel, Padres, bispos, nobres e cavalei- ros morreram na mesma proporeio que camponeses, servos, prostitutas € comerciantes. Devogao, piedade e lealdade a Igreja de nada yaleram contra a peste ¢ isto abalou a fé das pessoas de todas as condigées sociais. Além disso, as familias abastadas tiveram 0 mimero de seus membros drasticamente reduzi- do, concentrando a riqueza nas maos dos felizes sobreviventes. Se em outros tempos ricos teriam gasto sua fortuna com a Igreja, depois da peste eles trataram de usi-la para se protegerem ¢ passaram a investir na pesquisa independente. Naquilo que foi, a principio, uma sutil e quase imperceptivel mudanga da cons- ciéncia, as respostas passaram a ser buscadas fora do ambito da orago e do dogma. A maré montante da energia intelectual, represada por um milénio pelas barreiras eclesifsticas, comecou a jorrar através da fenda aberta pela peste. Cinco séculos depois do Renascimento, numa época em que as nagdes ¢ 0s governos rivalizam com a Igreja em sua exigéncia da lealdade do povo, 0 munclo esti experimentando uma expansao ainda mais notivel do conheci- mento, do capitalismo ¢ do inter-relacionamento. O transporte aéreo — a reali zagao de um dos sonhos ¢ profecias de Da Vinci -, telefones, radio, televisao, filmes, maquinas copiadoras, computadores de uso pessoal e agora a Internet combinam-se para tecer uma rede cada vez mais complexa de intercambio glo- bal de informacSes. Os revoluciandrios avancos da agricultura, da automacao ¢ da medicina sao vistos como uma coisa natural. Enviamos homens a Lua € mdquinas a Marte, liberamos a energia do atomo, deciframos 0 cédigo genéti- Apronda 2 pensar com Leonardo da Vine co € muitos mistérios do cérebro humano. Esses espantosos desenvolvimentos na comunicagdo e na tecnologia ativam as energias do capitalismo e da socie- dade livre e acarretam a decadéncia do totalitarismo, Nao € possivel ignorar que as coisas estio mudando de forma cada vez mais acelerada, Como essas mudangas vao afetar vocé em termos pessoais € profissionais, ninguém sabe. Mas, como os pensadores do final da mudanga cataclismica provocada pela Peste Negra, devemos nos indagar se podemos nos dar ao luxo de deixar que as autoridades do nosso tempo — seja Igreja, gover- no ou corporagdes — pensem por nds. Podemos dizer, porém, que a mudanga acelerada e a crescente complexi- dade multiplicam © valor do capital intelectual, A capacidade individual de aprender, adaptar-se e pensar de forma independente € criativa esta em alta. Durante © Renascimento, os individuos com mentalidade medieval para tras. Agora, na era da informagao, as pessoas com mentalidade medieval ¢ industrial estao ameagadas de extingao. © Renascimento inspirou-se em ideais da Antigtiidade classica — conscién- cia do poder e do potencial humano e paixao pela descoberta -, mas também os modificou para fazer frente aos desafios da época. Agora podemos nos inspirar nos ideais do Renascimento, adaptando-os para enfrentar os nossos desafios. Talvez, como muitos de meus amigos, vocé sinta que seu maior desafio ter uma vida equilibrada e plena em face das crescentes pressdes que nos cer- cam. Como jf observamos, nossos ancestra to de tempo; quanto 4 nds, comemos o risco de ser controlados pelo relogio. Na Idade Média, a informagao era inacessivel para a maioria das pessoas, € os pou cos livros que existiam eram em latim, que era ensinado apenas a elite, Agora icaram medievais no tinham um concei- estamos afogados numa vaga sem precedentes € implacivel de informagoes, Em quinhentos anos, saimos de um mundo onde tudo tinha seu lugar certo & nada mudava € entramos num mundo onde nada parece certo € tudo muda, Essas mudangas aceleradas provocaram um extraordinario interesse pelo mento pessoal, pelo despertar da consciéncia ¢ pela experiencia espiritual. A total disponihilidade de informagoes sobre as tradicdes esotéricas do mundo provecou uma verdadeira onda de estudos. (Ha cem anos voeé teria de esea- lar uma montanha na india para aprender a meditar; hoje vocé pode fazer um curso pela Associagio Crista de Mocos, copiar informagdes pela Internet ou escolher entre centenas de livros na livraria mais prOxima.) Ao mesmo tempo, © excesso de informacdes contribui para 0 cinismo perverso, a fragmentagio & crest © Renascimento, autem hoje is © sentimento de desamparo, Temos mais possibilidades, mais liberdade, m: opgdes que quaisquer outros que viveram em nosso planeta. Mas também te- mos de nos haver com mais detritos, mais mediocridade, mais lixo do que ja~ mais existiv. Aqueles que querem afastar os escolhos penetrar em camadas mais pro- fundas de sentido, beleza e qualidade de vida, Leonardo da Vinci ~ 0 santo pa- droeiro dos pensadores independentes ~ estimula a seguir adiante (O HOMEM EA MULHER RENASCENTISTAS DOS DIAS DE HOJE ideal de homem ou mulher renascentista, ou vomo universale, sempre indicava uma pessoa harmo- niosa © equilibrada, familiarizada com a arte e a ciéncia, O curriculo das ciéncias humanas das universi- dades de todo 0 mundo nasceu como um reflexo desse ideal. Numa época de crescente especializacao, conquistar 0 equilibrio exige que se va contra a corrente. Além de possuir um bom conhecimento das ciéncias humanas classicas, o moderno uomo universale também * Tern conhecimentas de computaeao: Embora o proprio Leonardo devesse ter dificuldade para programar um sincera 0 ajudara a aproveitar 40 maximo os Dimyetrexions on Dimostrazione: Auto-avaliagao 1 Estou disposto a reconhecer os meus erros. C1 Meus amigos mais intimos concordam que estou disposto a reconhecer meus eros. Aprendo com meus erros € raramente os cometo mais de uma vez. T Eu questiono a sabedoria ¢ a autoridade conven- cionais. C. Quando uma pessoa famosa que admiro elogia um produto, tendo a querer comprévo, Ci Sou capaz de formular minhas opinies mais firmes € 4s razdes por que as tenho. DA experiéncia me fez mudar uma opiniéo em que acreditava profundamente. C1 Eu ndo desisto diante de dificuldades. C1 Enearo a adversidade como uma oportunidade de crescimento. CAs vezes me deixo levar por superstigdes, 1 No que diz respeito & minha reagéo as idéias novas, ‘meus amigos e colegas diriarn que sou: al crédulo @ dado ao misticismo; ) um cinico de idgias estreitas; 6] um cético de mente aberta. 72 Aprende a pensar com Leonardo da Vinci DIMOSTRAZIONE: APLICAGAO E EXERCICIOS ANALISE A EXPERIENCIA Uma hora que voed dedique a essas questées permite uma reflexdo, que abrange a vida inteira, sobre como a experiéncia determinou suas atitudes e comportamentos. Trabalhando em seu caderno, explore as seguintes questées: Quais s4o as experiéncias mais determinantes de sua vida? Reflita de vinte a trinta minutos e relacione pelo menos sete, assim como um resumo de uma frase sobre o que aprendeu com cada uma delas. Agora reflita por alguns minutos sobre como aplicarno seu dia-a-dia o que vocé aprendeu dessas experiéncias mais deter minantes, Em seguida, olhe a sua lista de experiéncias importantes & se pergunte: Qual foi a experiéncia mais importante da minha vida? (Para algumas pessoas, essa pergunta é facil de respon- der; para outras, ndo ha uma experiéncia que se destaque. Se for esse 0 seu caso, escolha qualquer uma de sua lista.) Entdo passe alguns minutos pensando: “Como essa expe- riéncia influenciou minhas atitudes © percepgdes?" Procure des- crever, em uma ou duas frases, 0s efeitos dessa experiéncia em sua viséo de mundo. Finalmente pergunte-se: “Seré que posso rever algumas das conclusdes que tirei naquela época?’” Evite responder a essa Ultima questo répido demais; simplesmente deixe que ela fi- que por um tempo “marinando” em sua mente. EXAMINE SUAS OPINIGES E SUAS FONTES Muitos de nés nao temos consciéncia das fontes que usa- mos para conseguir informagoes e confirmé-las, Sabemos que temos opinides, idéias e convicgdes sobre uma grande varie- dade de assuntos: natureza humana, ética, politica, grupos &tnicos, verdade cientifica, sexualidade, religiao, medicina, 0 sentido da vida, arte, casamento, educacao dos filhos, historia, Dinierteskions a 74 outras culturas etc. Mas vocé sabe como chegou a essas cer- tezas? Ou de onde vieram as informacdes em que elas se baseiam? Comece por escolher trés das dreas relacionadas acima; voce pode escolher, por exemplo, natureza humana, politica e arte. Entao, em seu caderno, escreva pelo menos trés idéias, opinides, jutzos ou convicgdes que vacé tem em relagéo as éreas que pretende analisar. Por exemplo: Natureza humana * Acredito que os homens s4o essencialmente bons. * Acredito que o comportamento é determinado principalmente Por fatores genéticos, * E préprio da natureza humana resistir a mudanca. Depois de ter relacionado pelo menos trés convicgées so- bre cada uma das éreas escolhidas, pergunte-se: * Como cheguei a essa idéia? * Qual o grau de certeza que tenho em relacao a ela? * Por que eu a defendo? * O que me faria mudar de opiniao? * Qual de minhas convicgdes da origem as mais fortes emocdes? Considere, entéo, cada uma das convicgdes nas trés reas escolhidas e reflita sobre 0 papel que as sequintes fontes tive- ram na sua formacdo: * Midia: livros, Internet, telavisdo, radio, jornais @ revistas, * Possoas: familia, professores, médicos, lideres religiosos, par tres, amigos ¢ sécios. * Sua propria experiéncia, ‘Que critérios voos usa para testar a validade da informacéo que vocé recebe? A maioria de suas idéias vem dos livros? Ou voce ¢ influenciado principalmente pela familia? Até onde vocé acredita no que Ié no jomnal e vé na televisao? Procure identificar, Pela reflexéo e pela contemplacéo, a fonte mais importante de Sua informacao e os fundamentos de suas convicgdes @ opinides. Verifique se vocé tem conviegées que nao se baseiam na expe- Aprenda « panear com Leonardo da Vinci riéncia. Ha alguma maneira de testar suas convicgdes por meio da experiéncia? TRES PONTOS DE VISTA Escreva em seu caderno uma frase que exprima a convic- cao que, no exercicio anterior, gerou a emogao mais forte. No capitulo sobre curios/ta, aprendemos que quando Leo- nardo buscava um conhecimento objetivo — dissecando um ca- daver ou avaliando uma de suas pinturas — ele examinava seu objeto de pelo menos trés angulos diferentes. Faca o mesmo com suas conviccdes e opinides. Assim como o mestre usava um espelho para ver suas pinturas invertidas, tente formular o mais forte argumento possivel contra suas conviccées. Leonardo também buscava ter uma visdo de conjunto ob- servando suas pinturas a certa distancia. Tente considerar sua conviccao “de uma certa distancia” perguntando-se: “Sera que eu teria uma outra opinido se eu: vivesse em outro pais; perten- cesse a outro ambiente racial, religioso, econdmico, social; fos- se vinte anos mais jovern ou mais velho ou pertencesse ao sexo oposto ao meu?" Finalmente procure amigos e conhecidos que possam ter opinides diferentes das suas. Converse como os seus amigos, procurando encarar o assunto de um outro ponto de vista. PRATIQUE, INTERIORMENTE, ARTES MARCIAIS NAO-COMERCIAIS Enquanto vocé esta lendo este livro, milhares de publicita- rios criativos administram verbas bilionarias para influenciar os seus valores, sua auto-imagem e seus habitos de consumo. Ti- rando partido de sua inseguranga sexual ou de suas fantasias de grandeza, ou simplesmente martelando a sua mensagem, os publicitarios sao muito eficientes e conseguem atingir seus ob- jetivos. Manter independéncia de opinides frente a esses ata- ques requer uma disciplina semelhante & que se desenvolve por meio das artes marciais. Tente os seguintes exercicios de "defe- sa pessoal": Dimostrazione 73 76 * Folheie sua revista favorita @ analise a estratégie © @ titica do cada antincio publicitario. * Faga a mesma anélise dos comerciais de seus programas favo- titos do radio e da televisdo. * Verfique qual dos antincios 0 afeta mais, * Quando era crianga, que efeito tinham esses aniincios sobre voc8? * Relacione os trés melhores antincios que vocé viu em toda a ‘sua vida. O que os fazia tao bons? + Lembre-se de dez compras que vocé fez nos uitimos meses & pergunte-se se foi influenciado, de alguma forma, pela pro- paganda * Tente uma sesso de registro de “fluxo de consciéncia” sobre 0 tema “O papel da propaganda na formacdo de meus valores e de minha auto-imagem’ Uma das taticas mais inteligentes e mais cinicas da publici- dade consiste em tentar associar a imagem do produto a idéia de personalidade, independéncia de opinido e de pensamento Observe casos em que se tenta identificar um produto com o “Rebelde” e com o homem de “Personalidade’ por meio de gestos revolucionérios do tipo dirigir um veicula fora-de-estrada, fumar um charuto de quinze délares ou usar uma determinada marca de jeans ou de ténis ou ainda um boné de beisebol virado para trés, Anote exemplos disso no seu caderno, Entre os que \vocé observou podem estar: * O homem de Marlboro © a mulher que usa Sempre Livre. * 0 slogan de um restaurante que serve cames & “Nada de re- gras, apenas 0 que ¢ certo’ Outro nos lembra: “As vezes a gente tem de desobedecer as normas" (Experimente testar isso desobedecendo a norma implicite ”Pague pelo seu bife ou hambsrguerb * At6 0 to amado Dilbert, simbolo da rebelido contra a burocracia inti, foi cooptado. Agora ele é um fendmeno de massa, usado para vender mais aniincios e realimentar a burocracia Aptanda 4 pensar dom Leamaeda de Viel APRENDA COM OS ERROS E COM AS DIFIGULDADES Analise sua atitude para com os seus erros, refletindo so- bre as seguintes questdes e anotando suas reflexdes no seu cadermo: + O que voo aprendeu na escola sobre seus erros? + O que os seus pais Ihe ensinaram sobre cometer erros? * Qual foi o maior erro que voc8 jé cometeu? * O que voce aprendeu com ele? * Que ertos voce costuma repetir? * Que influéncia o medo de cometer erros tem em sua vida disria, ro trabalho e ern casa? * Os erros que voce costuma cometer so mais de aggo ou de ‘omissa0? Tente fazer uma sesso de registro de fluxo de consciéncia sobre o tema “O que eu faria de diferente se nao tivesse medo de cometer erros” Leonardo cometeu muitos erros e enfrentou tremendas di- ficuldades em sua busca da verdade e da beleza. Além das cald- nias que sofreu, invasdes de domictlio, exilio e a brutal destrui- ‘cdo de um de seus mais importantes trabalhos, um dos problemas mais importantes que 0 mestre enfrentou foi provavelmente a absoluta solidéo por estar tao a frente de seu tempo, Embora as vezes fosse assaltado por dividas e questionas- se o valor de seus esforgos, ele nunca desistiu. A coragem e a persisténcia de Leonardo em face da adversidade constituem um grande estimulo para nés. Ele reforgava a resolucdo de con- tinuar 0 seu trabalho com afirmagées como estas, que escrevia em seu caderno: “Nao me desvio do meu caminho”” “Nao me dobro diante dos obstaculos” “Vengo cada dificuldade por meio do rigor” “Haverei de continua" “Nunca me canso de ser tt 7 78 Apres a0 pensae com Leouarda da Vi CRIE SEUS PROPRIOS LEMAS Pesquisas de longo prazo feitas pelo dr. Martin Seligman e or muitos outros mostram que a chave para 0 sucesso nos ne- gécios @ na vida é a capacidade de enfrentar as dificuldades. Consciéncia, capacidade de reflexéo e senso de humor so seus maiores aliados quando vocé busca aprender com as difi- culdades que enfrenta. Vocé pode também, como Leonardo, au mentar sua capacidade de resistir criando seus proprios lemas. Em seu caderno, escreva pelo menos um lema que o ajude a lidar com cada um de seus maiores desafios. Muitas pessoas usam frases que comegam com “Eu sou. Tais como: "Sou paciente comigo mesmo" ou “Estou ficando mais paciente comigo mesmo! Embora frases que comecam com “Eu sou” possam ajuder, elas tendem a induzir uma res- posta mais intelectual e cognitiva. Voc pode fazer com que seus Jemas atuem num nivel mais profundo dando-thes um tom mais ‘emocional, fazendo com que falem ao corago. A experiéncia ‘seguinte mostra como fazer isso: Repita a sequinte afirmagao: Sou paciente comigo mesmo. Observe sua reacao. Agora tente esta outra formula: Sinto-me paciente comigo mesmo. Observe mais uma vez sua reagdo. Quando vocé diz a ‘si mesmo Como se sente, € Nao como vocé 6, é mais provavel que vocé sinta o que vocé diz, permitind que sua afirmago atue num nivel mais profundo. As seguintes afirmagées, escritas em colaboragao com meu ‘amigo dr. Dale Schusterman, visam a ajudé-lo a descer ao fundo do seu coragéo, para que as mudancas se tornem possiveis. Relacionamentos * Sinto-me disposto a abrir meu coragao para outra pessoa, ® Sinto-me curioso em saber que mudancas eu paderia fazer em mim mesmo que ajudassem meu companheiro. * Percebo a diferenca entre meu pai e meu marido {mae/esposa) * Eu respeito 0 espirito feminine em minha mulher (namoradel. Espiritualidade ‘* Minha relagéio com a divindade (Cristo, um Ser Superior, Buda etc) é minha maior prioridade (diga isto tendo em mente seu trabalho, relacionamentas, dinheiro, esperancas, pais, proble- mas enfrentados no passado etc.) «© Sinto a presenga do divino em mim. ‘© No fundo do coracao, sinto a vontade de Deus atuando em mi- raha vida, ‘= Reconhego que meu espirito tem muito a aprender com (diga o nome de uma pessoa ou de uma experiéncia. Dinheiro © Percebo a diferenca que existe entre meus desejos e minhas necessidades. ** Desejo saber 0 que fazer para que a abundancia entre em minha vida, * Sinto 0 desejo de que a abundancia entre em minha vida. ® Sinto que mereco que a abundancia entre em minha vida. * Percebo que a abundancia jé existe em minha vida. Aprendizado * 0 britho da minha mente se manifesta de uma forma que me surpreende. * Reconheco minha capacidade de aprender intuitivamente, '* Tenho curiosidade de saber como (resolver este problema, apren- der esta matéria) * Confio em que, quando precisar, 0 conhecimento vai estar & mi- nha disposi¢ao. Vida profissional * Percobo os méritos da contribuicse que dou ao mundo, * Sinto-me ligado a minha forga interior quando os outros avaliam o meu trabalho. * Desejo saber como poderel expressar meus objetivos no mundo. * Sinto-me disposto a fazer valer meus objetivos no mundo. Dimastrasione 79 Dimostrazione para uso dos pais Como educar um filho para que pense por si mesmo, aprenda com os préprios erros @ néo desista diante das dificuldades? Como na maioria das questdes sobre edu- cacao dos filhos, esta néo é uma pergunta facil de responder. Mas é fundamental ali mentar a autoconfianca de seu filho, A palavra confianga vem da raiz fidere, “confiar’ & ‘con, “com Confianga, acrecltar em si mesmo e nas préprias capacidades, é 0 segredo do sucesso, @ a experiéncia do. sucesso & a chave para desenvolver a confianga. Desen- volva a confianca de seu filho orientando-o para que tenha sucesso em sua aprendiza- gem, Divida as tarefas em etapas mais simples, de forma que as criancas tenham uma série de pequenas vitérias em vez de grandes derrotas, Nada desenvolve mais a autoconfianga de uma crianga que um amor incondicional Faga que seus flhos sintam que vocé os ama mais pelo que séo do que por aquilo que fazem, Complemente esse amor incondicional encorajando-os de forma entusidstica Cubra seus filhos com frases do tipo “Voce pode fazer qualquer coisa que se disponha a fazer’ “Eu acredito em voce" e “Eu sei que voce consegue fazer isso Encare os erros como oportunidades para aprender. Quando seus filhos comete- rem erros, dé-thes um retomo preciso franco e estimule-os com entusiasmo. Um dos problemas de certo tipo de educagéo que procura desenvolver a auto-estima é que ela onfunde amor incondicional e encorajamiento com avaliagdes imprecisas e condescen- dentes. Dizer a uma crianca que seu desempenho foi bom ou correto, quando na verda- de no foi, prejudica o desenvolvimento de uma verdadeira auto-estima. Uma avaliagéo honesta mantém seu filho preso @ realidade e mostra a ele que vocé confia ern que ele 6 capaz de aprender, Alegria de viver * Sinto-me alegre interiormente em todas as situacdes (diga isso tendo em mente uma situagdo estressante), * Sinto que mereco ser feliz. * Sinto-me contente com a felicidade dos outros. * Minha alegria e minha felicidade nascem dentro de mir, 40°, Uipuesle w peeve pan bespeade daha Auto-realizagao © Contio em meu eu interior. © Sinto a presenga da divindade em mim. * Permito-me vivenciar meus sentimentos. * Tenho consciéncia dos meus sentimentos em relagdo a mim mesmo, APRENDA COM “MODELOS QUE NAO DEVEM SER SEGUIDOS” Uma das maneiras mais eficientes de aprender com os er- ros deixar que outras pessoas os cometam para vocé. E mara- vilhoso ter modelos positives como Leonardo da Vinci para imi- ‘ar. Mas vocé também pode aprender muito analisando os “mo- delos que ndo devemn ser sequidos” Por exemplo, aprendi muito do que sei sobre como lecionar e como dar treinamento com meus piores professores e instrutores. Lembro-me de estar sentado na sala de aula enquanto o professor falava sem parer; outro nunca dava atengéo quando alguém fazia uma pergunta; havia também um treinador que gostava de humilhar os jogado- res, Eles me ensinaram o que néo fazer. Sou grato também a outros maus exemplos que, mostrando-me exatamente o que nao fazer, me ajudaram a evitar que me enchesse de dividas que tivesse um esgotamento nervoso Faga uma lista de pelo menos trés pessoas que cometeram eros que vooé gostaria de evitar. Como aprender com os erros delas? O problema desse exercicio ¢ que as pessoas cujos er- fos vocé quer evitar podem também servir de modelo positivo em algumas éreas. Sua tarefa, naturalmente, é distinguir o que voce quer imitar e © que vocé quer evitar. Dimostrazione em agao No mundo dos negécios, os executives apontam como causa principal de suas piores decisdes a incapacidade de levar em conta a propria experiéncia. E muito fre- liente os homens de negécios se deixarem levar por analistas, advogados e autoride- des académicas, em detrimento de sua prépria experiéncia e capacidade de julgamen- to, Mark McCormack, fundador do International Management Group e autor de What They Don't Teach You at Harvard Business School, descreve a mentalidade estreita a ‘que pode levar a formagéo académica: “|...] Um administrador de empresas muitas ve- ze pode bloquear sua capacidade de controlar @ propria experiéncia. Muitos dos admi- nistradores de empresas que contratamos eram ingénuos inatos ou vitimas de sua for- aco académica. 0 resultado era uma espécie de incapacidade de aprender com os dados da vida real ~ de entender as pessoas ou de avaliar uma sittiagdo ~ © uma estra- nha tendéncia a fazer avaliacoes incorretas” (Os melhores lideres @ gerentes saber, como Leonardo, que a experiéncia é a base da sabedoria. Agiewdd.a poaane geen thytaadda de viet A EXPERIANCIA MAIS HEA “Todo nosso ‘em nossas pereepgées." isdo, audi 10, tato, paladar € olfato. Se voce pensa como Leonardo, re- conhece nesses elementos a chave que abre as portas da experiéncia. Da Vinci acreditava que os segredos da Dimostrazione se revelam através dos sentidos, especialmente a visio. Saper vedere (saber ver) era um dos lemas de Leonardo ¢ a base de seu trabalho artistico e cientifico. Em The Creators: A History of Heroes of the Imagination, Daniel Boorstin intitula 0 capitu- lo sobre Da Vinci “Soberano do mundo visivel”, Essa soberania de Da Vinci resulta da combinacao de uma mente aberta € questionadora, da confianga na experién- cia concreta e de uma extraordinaria acuidade visual. Ali- ‘onhecimento tam origem ~ Leowao0 0% Viner 84 mentada por uma infncia vivida na contemplacao e na ES apreciagao da beleza natural da paisagem toscana ¢ mais tarde aperfeigoada por seu mestre Verrocchio, “o olho yerdadeiro”, Leonardo desenvolveu uma extraordindria capacidade visual, pro- xima da que possuem os super-herdis das hist6rias em quadrinhos. No “Cédex sobre 0 v6o dos passaros", por exemplo, ele registrou detalhes sobre 0 movi- mento das penas ¢ asas em vOo que S6 recentemente, com 0 desenvolvimento dios filmes em cimara lenta, foram confirmados ¢ devidamente apreciados. Da Vinci descrevia 0 poder da visio de modo enfitico ¢ entusidstico: Aquele que fica cego perde sua visto do universo, ¢ é como um enterrado vivo que ainda consegue se mexer e respirar dentro da tumba. E a visto que abarca a beleza do mundo inteiro: ela € a mestra da astronomia, ela coman- da todas as artes do homem, Ela leva 0 homem a todos os cantos da Terra Ela reina sobre varios segmentos da matematica, e todas as mais infaliveis. Hla mediu a distincia € 0 tamanho das estrelas; descobriu os elementos € suas caracteristicas, ¢, com base no movimento das constelacdes, nos permitiu fazer previsdes. Ela criou a arquitetura e a perspectiva, ¢, final- mente, a divina arte da pintura, O soberana de todas as criagGes divinas! Que hinos podem fazer justica a sua nobreza? Que povos, que linguas, podem descrever suas realizagdes? © olhar penetrante de Da Vinci permitia-lhe captar, em suas pinturas, suti- lezas nunea vistas de express janela da alma, como ele costumava repetir: “O principal instrumento pelo qual o entendimento pode apreciar, mais extensamente ¢ de forma mais plena, as infinitas obras da natureza” Para Leonardo, a visio era suprema € pintar era, portanto, a maior das dis ciplinas. A audigao, e, pois, a misica, era a segunda em ordem de importancia humana. Para o mestre 0 olho era realmente a Apremda a peneat com Leaxerda da Vinci Ble escreveu: “A misica pode ser chamada de irma da pintura, porque ela depende da audigao, o sentido que vem em segundo lugar (...] a pintura supe- ra € se coloca num plano mais alto do que a misica, porque ela ndo desapa- rece logo ao nascer [..". (Na época de Leonardo no havia, € claro, audiocas- setes, nem discos, nem CDs.) Entre seus extraordinérios dons, Leonardo era tam- bém um brilhante mUsico, Sua popularidade nos palicios de seus patronos devia-se em parte ao fato de que tocava flauta, lira © outros instrumentos, Vasari afirma que ele intava divinamente, sem ensaiar”, Quando passou a trabalhar para Ludovico Sforza, em Milao, deu-lhe uma lira de prata em forma de cabeca de cavalo, que ele mes- om mo fabricou, Além de compor, tocar € cantar, Leonardo gostava de ter um acompanhamento musical sempre que estava pintando. Para © mestre, a mUsica era um alimento sensual e espiritual. “Quorn acreditaria que um espago to pequeno pulesse conter as imagens de todo o universo. — Leowaroo 08 Vc) Embora a visio e a audicao estivessem em primeiro lugar na hierarquia sen- sorial de Leonardo, ele valorizava, praticava e estimulava 0 desenvolvimento de todos os sentidos. Tinha o cuidado de usar as melhores roupas ao seu alcance apreciava o contato com finos veludos e sedas. O aroma de flores e de perfumes enchia a sua oficina, Ele cultivava os sentidos com sua paixao pelas artes culind- rias, Foi ele que introduziu, no Ocidente, as pequenas por- g6es de alimento, finamente lavradas e sauciveis, para serem servidas em banquetes. Nao obstante, Leonardo refletia com uisteza que a maioria das pessoas “olha sem ver, uve sem escutar, toca “05 cinco sentidos 80 os guias do alma.” — Leowsnoo 06 Viner wis sem sentir, come sem sentir 0 gosto, move-se sem cons- ciéncia dos préprios movimentos, inspira sem atentar para odores ou fragrincias ¢ fala sem pensar”. Essa avaliagio nos soa, séculos de- pois, como um convite para que aperfeigoemos nossos sentidos — ¢, com isso, também nossas mentes © experiéncias. SENSAZIONE E VOCE Qual foi a coisa mais bonita que vocé viu na vida? O som mais doce que ‘ouyiu? A coisa mais suave € agradavel ao tato? Imagine um sabor delicioso ¢ um aroma agradavel ¢ persistente, De que maneira sua experiéncia com um sentido afeta todos os outros? avariowe 85 a6 ‘As questOes © exercicios deste capitulo st0 muito divertidas: voc’ vai ex- perimentar chocolate € vinho e descobrir novas maneiras de apreciar misica € arte, Vai aprender a enriquecer sua experiéncia do tato e a fazer sua propria Agua-de-coldnia, como o mestre. E sera apresentado 4 sinestesia, a sinergia dos sentidos, um segredo de grandes artistas e cientistas. Tornar as coisas mais di- vertidas ¢ prazerosas: eis o que se pretende com o aperfeigoamento da inteli- géncia sensorial Além de seem os condutores do prazer e da dor, seus sentidos so as par- teiras da inteligéncia. Aguclo € sindnimo de inteligente, ¢ obtuso é sindnimo de bronco, ambos se referem 4 acuidade sensorial. Mas, num mundo dominado pelo transito, pela burocracia, bips, concreto, campainhas de telefones, ingre- dientes artificiais, britadeiras © “Beavis ¢ Butt-Head”, fica ainda mais facil “olhar sem ver". Fazer isto viola o espirito de Leonardo, que buscou desenvol- ver sua acuidade sensorial. Serge Bramly, bidgrafo de Da Vinci, compara o pro- grama vinciano de desenvolvimento ¢ aperfeigoamento dos sentidos ao treino de um atleta. Ele escreve: “Assim como o atleta desenvolve seus mtisculos, Leo- nardo exercitava seus sentidos, aprimorando sua capacidade de observacao, Sabemos, por meio de suas anotagdes, a que tipo de gindstica mental ele se submetia”. O treino dos sentidos que os agradaveis exercicios propostos neste capitulo propiciam vai permitir que vocé desenvolva sua consciéncia, acuida- de e deleite sensoriais. Mas antes reflita sobre as listas de auto-avaliagao que se encontram nas paginas 87-92. KaiaeTsSe qansté dom Reonerds de viast Sensazione Auto-avaliagao: Visao 11 Sou sensivel a harmonias e a contrastes de cores. 1 Sei a cor dos olhos de todos os meus amigos, 11 Eu olho 0 horizonte e 0 céu pelo menos uma vez por dia 1 Sou capaz de descrever uma cena com detalhes. C1 Gosto de rabiscar e de desenhar. Cl Meus amigos me consideram perspicaz. 1 Sou sensivel a mudangas sutis de iluminagao. C1 Sou capaz de ver as coisas, com toda nitidez, com os olhos da mente, ‘oc8 vai poder ser tes- ‘temunha de urna irdni- ca confirmagéo da queixa de Leonardo na préxima vez que visitar 0 Louvre. Ao se apro- ximar da Mona Lisa, vooé vai ver varios cartazes, escritos com letras grandes, em dife- rentes linguas, pedindo “Nao fotografe com flash, por fa- ‘vor Quando vocé tentar ob- servar as sutilezas da mais misteriosa das pinturas, vai ficar praticamente cego pelo efeito estroboscépico dos flashes incessantes das o&- moras dos fiisteus que nunca se do a0 trabalho de parar e olhar de verdade o quadro. Sensszione 87 Sensazione Auto-avaliagao: Olfato C1 Tenho preferéncia por um perfume. 1 Os aromas me afetam emocionalmente, positiva ou negativamente, 1 Consigo reconhecer meus amigos pelo cheiro. LU Sei como usar perfumes para mudar meu estado de espirito, 1D Sou capaz de julgar a qualidace de uma comida ou de um vinho pelo cheiro. Ci Quando vejo flores, costumo passar alguns momen- tos aspirando seu perfume. 89 Sensazione Auto-avaliagao: Paladar L Sinto 0 “frescor” dos alimentos frescos. C1 Aprecio muitos tipos diferentes de culinaria, 1 Procuro experimentar comidas de gostos diferentes. C. Consigo sentir 0 gosto de diferentes ervas e condi- Mentos num prato refinado, CO Cozinho bem. C0 Coste da combinagéo comida/vinho, C1 Como de forma consciente, sentindo o gosto de mi- nha comida, T Evito comer “porcaria” 1 Evito comer depressa. C Gosto de participar de provas de degustacao de comi- das e de vinhos. 90 Aprenda a pensar com Leonardo de Vinei Sensazione Auto-avaliacao: Tato CO Sou sensivel as impressées tateis de superficies com ia: cadeiras, sofas, assentos de carros em que eu me sento, por exemplo. que tenho contato no meu dia (C1Sou sensivel & qualidade do tecido das minhas roupas. C1 Gosto de tocar ¢ de ser tocado. Cl Meus amigos dizem que dou abragos muito gostosos. C1 Sei “ouvir” com as minhas maos. Ci Quando toco em uma pessoa, sei dizer se ela esta tensa ou relaxada 9x 92 Apreada a pensar com Sensazione Auto-avaliagao: Sinestesia CO Gosto de descrever um sentido em termos de outro. C1 Percebo, intuitivamente, que cores sdo “frias” ou “quentes’ Ci Minha reacao a arte & profunda, visceral. Ci Tenho consciéncia da importéncia da sinestesia no pensamento dos grandes artistas ¢ cientistas. 1 Consigo perceber qual destes sons ~ “ooooolasaa'’ “zip zipzip’ “nininini” - podem ser expressos pelas formas seguintes ~"AA4, www. Leonardo da Vinsi SENSAZIONE: APLICAGAO E EXERCICIOS ‘ISAO: OLHAR E VER Leonardo escreveu que “a viséo abarca a beleza do mundo inteiro” Vocé pode comegar a desenvolver uma visdo mais pene- trante - e apreciar melhor a beleza que 0 mundo tem para nos oferecer - com os seguintes procedimentos: EXERCICIO DE EMPALMAR OS OLHOS Sente-se a uma mesa num lugar silencioso e tranquil Mantenha os pés bem apoiados no chao e fique de forma que SeU Corpo esteja apoiado nos ossos da parte mais baixa da pelve. Se vocé usa dculos, tire-os; lentes de contato nao preci- sam ser tiradas. Agora esfregue as mos com forca por uns vin- te segundos. Apoiando levemente os cotovelos sobre a mesa, dobre as maos em concha e coloque-as levemente sobre os olhos fechados; tenha 0 cuidado de nao tocar o globo ocular de néo fazer presso sobre as partes laterais do nariz Respire profundamente, devagar e com calma, ¢ fique com ‘08 olhos fechados durante trés a cinco minutos. Quando estiver pronto para terminar, tire as palmas das maos dos olhos, mas deixe os olhos fechados por mais uns vinte segundos. (Nao es- fregue os olhos!) Depois abra os olhos devagar e olhe em volta Provavelmente vocé vai notar que as cores parecem mais bri- Ihantes ¢ que tudo parece mais nitido e mais definido. Faga isso uma ou duas vezes por dia. FOCALIZAR PERTO E LONGE Este é um exercicio muito simples e muito util que vocé pode praticar muitas vezes por dia. Olhe para alguma coisa que esteja perto de vocé, como este livro, por exemplo, depois mu- de 0 foco do seu olhar para o horizonte mais longinquo. Focalize um ponto qualquer nesse horizonte distante por alguns segun- dos, depois volte a sua mo, tornando em seguida a focalizar 0 93 Eis uma descrio do nascer do sol feita por Leonardo da Vinci: “Na pri- ‘meira hora do dia a atmostera no sul, ‘préximo ao horieonte, apresenta uma ‘névoo escura de nuvens tingiias do ‘rosa; na direcao oeste ola fica mais escura @ no leste 0 vapor timid do Ahorizonte apresenta-se mais brilhante ‘que 0 préprio horizonte, ¢ mal se con- sseque distinguiro braneo das casas no leste; 20 passo que no sul, quanto ‘meis longe elas se encontram, mais ‘apresentam uma coloragao escura tn- aide de rosa, ainda mais acentuada no ‘este: ¢ com as somibras dé.se o con- ‘ratio, pois desaparecem ante as ca- sas brancas”. -—~ horizonte, mas desta vez concentrando-se em um outro ele- mento. Além de tornar seus olhos mais vivazes @ ampliar a sua Percepcao, este exercicio pode fazer com que vocé dirija me- thor, evitando, por exemplo, que ultrapasse, em alta velocidade @ sem saber, a policia rodovidria numa auto-estrada, “OLHAR BRANDO” habito de se postar a frente do computador e ficar lendo relatérios faz com que a pessoa se habitue a olhar os objetos num angulo fechado © de modo cansativo. Em vez disso, respi- re devagar @ profundamente e tente 0 seguinte exercicio: colo- que seus dedos indicadores juntos na altura dos olhos a uma distancia de aproximadamente trinta centimetros do rosto. Olhan- do bem para a frente, movimente os dedos afastando-os um do outro no plano horizontal. Pare de mover seus dedos quando No conseguir mais vé-los com sua viséo periférica, Mova os dedos de volta ao centro e faca o mesmo exercicio no plano ver- tical. Expire. Agora “abrande” seus olhos relaxando os muscu- los da testa, do rosto e do maxilar e abra-se para a viséo mais ampla possivel. Observe que efeita esse exercicio tern sobre sua mente e seu corpo. DESCREVA UMA AURORA OU UM POR-DO-SOL Consulte o joral para saber a hora exata do nascer @ do por do-sol. Encontre um lugar tranqiilo pare sentar-se, de onde vocé Possa ter uma boa vista. Procure chegar pelo menos dez minu- tos antes da hora oficial. Acalme sua mente e seu corpo respi- rando profundamente e concentrando-se em expiragdes prolon- gadas. Faca 0 exercicio de empalmar os olhos por trés minutos, depois focalize perto e longe, procurando abrandar o olhar quan- do se voltar para o horizonte. Descreva os detalhes da experién- cia em seu cademo. 94 Apromda a pensar com Leonardo da Vinet ESTUDE A VIDA E A OBRA DE SEUS ARTISTAS FAVORITOS Faca uma lista dos dez pintores de sua preferéncia. Depois mergulhe no estudo de sua vida e obra, por um determinado perfodo de tempo —uma semana, trés meses, um ano. Leia tudo © que puder. Veja seus trabalhos. Coloque reprodugées de suas pinturas favoritas no seu banheiro, escritério, cozinha. Aqui esté a minha lista dos dez mais (pintores ocidentais) 1. Leonardo (surpresal) 2, Paul Cézanne 3. Vincent van Gogh 4, Rembrandt van Rijn 5, Michelangelo, 6. Jan Vermeer 7.Giorgione 8, Masaccio 9, Salvador Dali 10. Mary Cassatt APROVEITE OS MUSEUS AO MAXIMO. Como vocé pode aprofundar sua apreciacao da grande arte @ aumentar sua capacidade de saper vedere (saber ver)? Uma maneira simples ¢ desenvolver uma estratégia para visitar mu- seus. Muitas pessoas instrufdas se cansam em suas visitas aos museus. Ha coisas demais para ver. Sem uma estratégia para ver e desfrutar uma exposicao, as pessoas em geral saem exaus- tas e insatisfeitas. Visitas acompanhadas por guias podem ser excelentes, mas so de qualidade muito variada Experimente fazer 0 seguinte: va a um museu com um ami- go. Resolva com antecedéncia que seg6es do acervo voces de- sejam ver. Ao entrarem na sala, separem-se e combinem 0 reen- contro para dat a algum tempo. Deixe de lado qualquer avaliacao baseada em todos aque- les termos analiticos que vocé aprendeu na aula de historia da arte da faculdade. Simplesmente olhe para cada pintura ou es- cultura com olhos desarmados e inocentes. Evite olhar 0 nome do artista ou 0 titulo da pintura antes de ter tido tempo de apre- Leonardo observou que “a idgia ou @ Faculdade de imaginar [serve] tanto de guia quanto de freio para os sentidos, na medida em que a coisa imaginada tem um efeito sobre o sentido” -_——~ Beatstions 95 96 Aprewle a cid-la de forma profunda. O que o impressiona numa determina- da obra de arte? Faca anotagdes em seu didrio sobre as pinturas ou esculturas que 0 tocam de forma mais profunda. Depois encontre-se com seu amigo ¢ troquem suas impresses sobre a obra de maior destaque da sala. Essa preocupacao em identi- ficar 0 que numa determinada obra o emociona tende a melho- rar sua apreciagao, tornando-a mais satisfatéria. E, naturalmen- te, vocé vai ter 0 ponto de vista de seu amigo, o que pode apro- fundar sua apreciagdo de determinadas pinturas ¢ faré conhe- cer melhor o seu amigo. Quando fago esse exercicio com meus amigos, eles sempre fazem algum comentario do tipo “Nunca me diverti tanto num museu!”. PRATIQUE A “ESPECULACAO SUTIL”: A ARTE DA VISUALIZAGAD A visualizacéo 6 um meravilhoso instrumento para apurar todos os seus sentidos, melhorar sua memoria e preparélo para a realizagao de seus objetivos na vida. A visualizagao foi um ele- mento essencial na estratégia de Leonardo para aprender € criar. Como ele escreveu: "Descabri por minha propria experién- cia que & muito ttl ficar na cama no escuro € repassar na imagi- nagdo os contomos das formas que voce estava estudando ou outras coisas importantes que vocé concebeu por meio de uma sutil especulacéo; e isto é certamente um exercicio louvavel € muito Util para gravar as coisas na memidria’: Embora essa reco- mendacdo se destinasse a pintores, ela se aplica também aos artistas da vida, \Vocé pode praticar a visualizagao consciente para melhorar seu desempenho em todos os campos; em areas como o golfe, por exemplo, a danga, o desenho, a capacidade de falar em puibli- co. A visualizagéo parece ser mais proveitosa quando voo8 esta relaxado, por isso os melhores momentos pera sua pratica sao © de manha, ao acordar; + anoite, na hora de dormir; * quando vocé esta viajando de trem, avido, barco ou de carro (sem dirigin); peo daade: da Atanat * quando faz uma pausa no trabalho; *+ depois de praticar meditagao, ioga, exercicios; ou * em qualquer ocasiéo em que voce esteja relaxado e com a mente livre. 0 Imagine 8 Mona Lisa com um bigode! Se voc ndo conseguiu obedecer a essa instrucéo, 6 N Porque seu poder de visualizagdo ¢ téo forte que transtorma qualquer sugestéo, positiva ou egativa, em uma imagem. E, como bem salientava o mestre, “a coisa imaginada toca os sentidos” Muitas pessoas, porém, senterm-se bloqueadas porque esttio convictas de que "ndo conseguem visua- lizar © que na verdade acontece 6 que elas nao conseguem ver, com os olhos da imaginacao, imagens nitidas, em tecnicolor. E bom saber que vocé pode conseguir bons resultados com a visualizagdo, mesmo sem ver imagens em tecnicolor. Se voc® acha que ndo consegue visualizar, responda as seguin- tes perguntas: Qual o modelo e a cor do seu carro? Vocé 6 capaz de descraver o rosto de sua mae? Que tipo de manchas tem um co dalmata? Com certeza vooé respondeu a essas perguntas com facilidade, Fecorrendo ao seu banco de dads intemo, 0 lobo occipital ou seu cértex cerebral. Esse banco de dados tem a capacidade de, em colaboracao com seus lobos frontais, armazenar e criar mais imagens, tanto reais quanto imaginérias, que todas as produtoras de cinema e de televisao juntas. * Oriente sua visualizagao de forma positiva ~ Muitas pessoas praticam, de forma inconsciente, uma visualizagao ‘negativa, mais conhecida como preocupagéo. Embora a capacidade de imaginar 0 que podria nao dar certo seja essencial para um planejamento inteligente,evite fixarse em imagens de insucessd, desastre e catastrote. Em vez disso, procure visualizer sua respasta pasitiva a qualquer desatio. Ssiba distinguir fantasia de visualizacao ~ A fantasia pade ser uma coisa muito divertida, © olive fluxo de imagens ‘que ela prodiuz pote dar origem a ideas criativas. Mas a visualizacao é diferente da fantasia, Quando vocé visual- 2, Sua mente se concentra, de forma consciente, em imaginar um processo © um resultado desejado. Em outras palavras, vocd pratica um discipinado “ensaio” mental. E sa0 sua persisténcia @ sua concentragio, mais que anit dez € 0 colorido de sua visualizacdo, que a tornam mais efetiva, Faga com que sua visualizacao seja multissensorial ~ Use todos os seus sentidos para que sua visualizacio seia ‘nesquecivel¢ iresistivel, Se vooé estiver se preparando para falar em pibico, planejando uma refeicéo ou treinan- {do para uma competicso, imagine as conas, os sans, a Sensacéo, 0 cheita € o gosto do sucesso. A capacidade de visualizar um resultado desejado se de- senvolve em seu cérebro, @ 0 cérebro se destina a ajudélo a coneretizar 0 que foi visualizado. E quanto mais vocé compro- mete todos os seus sentidos, mais eficiente se torna sua visua- Eeiswiteay 9 Vinci registrou dois t D pos de visualizacéo: © "Péssimaginacio —imaginar as coisas passadas.” * "Préimaginacéo- imaginar as coisas que estéio por vic” lizagéo. Para aproveitar sua prética da visualizacéo ao maximo: experimente fazer os seguintes exercicios para tornar mais da sua visualizacéo multissensorial. IMAGINE SUA CENA PREFERIDA Respire fundo por algum tempo e feche os olhos. Crie uma paisagem com seu lugar predileto, real ou imaginério, Talvez vocé escolha uma praia, por exemplo. Cor os olhos da mente, olhe para a vasta extensdo do oceano verde-azulado, acompa- nhando 0 avangar das cristas das ondas, brancas e espumantes. Ouga 0 marulhar ritnado da rebentagao e sinta 0 calor do sol nas suas costas. Inspire o revigorante ar salgado trazido pela bri- sa marinha ¢ sinta a textura da areia Gmida entre os dedos dos pés. Observe um bando de seis pelicanos marrons deslizando acima da agua e dispersando-se subitamente em todas as dire- es. O pelicano maior volta e mergulha em linha reta para en- golir um peixe de cauda cor de prata, Pegue um punhado de areia. Levante-a em diregéo ao céu luminoso. Deixe que ela es- cotta por entre os dedos, a luz rebrilhando em seus cristais. Lave as méos nas ondas. Lamba seus dedos, sentindo o gosto do mar salgado. Continue a desfrutar a visita ao seu lugar predi- leto, deliciando-se com cada elemento sensorial CRIE SEU PROPRIO TEATRO DE OBRAS-PRIMAS Uma das melhores maneiras de cultivar a arte da visualiza- co a visualizacdo da arte. Escolha qualquer obra-prima de seu artista predileto — por exemplo, A Ultima Ceia de Leonardo ou Os girassdis de Van Gogh. Pendure uma reprodugao na pa- rede e observe-a pelo menos cinco minutos por dia, durante uma semana. Entao, quando vocé se recolher para dormir, ten- te recriar a pintura com os olhos da mente. Visualize os deta- Ihes, Empregue todos os sentidos nesse exercicio: imagine os sons em volta da mesa em A Ultima Cela, ou 0 cheiro dos Giras- Sis. Anote as mudancas em suas impress6es sobre a obra de um dia para outro. 98 Aprende « pensar com Leonardo de Vinci ‘APRENDA A DESENHAR "0 oho abarca 2 beleza do mundo 3 sca inte.” Altima etapa do método vinciano para aperfeigoar a visio seria aprender a pintar. Mas, como acontece com a maioria dos a artistas, a pintura de Da Vinci baseia-se em seu desenho. Leo- nardo salientou que o desenho era 0 fundamento da pintura e 0 ponto de partida para se aprender a ver. Ele escreveu: "[..] De- senhar é indispensével tanto para 0 arquiteto e 0 escultor quan- to para 0 ceramista, 0 ourives, 0 tecelao ou o bordador. |...) O desenho deu aos mateméticos as figuras de que precisavam; ensinou aos geémetras a forma dos seus diagramas; orientou fabricantes de instrumentos éticos, astronomos, construtores de méquinas e engenheiros” Para Leonardo, desenho era muito mais do que ilustracéo; era a chave para uma criacdo consciente e criteriosa. Portanto, para aqueles que aspiram ao espirito vinciano, aprender a dese- nhar 6 a melhor maneira de aprender a ver e a criar, Para ajudé- lo nessa tarefa, vooé vai encontrar 0 “Curso da Vinci de desenho para principiantes’ na pagina 228. OUVIR E ESCUTAR ‘Todo som e todo siléncio nos déo uma oportunidade de au- mentar a nossa acuidade auditiva; mas os sons da cidade so opressivos e embotam nossa sensibilidade. Rodeados de baru- lho de britadeiras, aparelhos de televisdo, avides, metrés @ auto- méveis, muitos de nés se “desligam” para se proteger. Experi- mente os exercicios seguintes para ativar a sua audicao. AUDICAO EM VARIOS NIVEIS Uma ou duas vezes por dia faga uma pequena pausa, respi re fundo por alguns instantes e ouga os sons a sua volta. Pri- meiro voos vai ouvir os sons mais altos e mais ébvios - 0 arcon- dicionado, 0 tique-taque do relégio, o transito la fora, os ruldos das pessoas e das méquinas a sua volta. Entéo, quando tiver ob- servado os sons desse “nivel' atente para o nivel seguinte - os Sepecetece 99 ‘sons de sua respiracdo, uma leve brisa, passos no corredor, 0 togar da manga de sua blusa quando vocé mexe a mao. Conti- nue aprofundando a sua audigéo, descendo a niveis cada vez mais baixos, até conseguir ouvir o leve e compassado bater do seu coragao. OUCA 0 SILENCIO Experimente ouvir os intervalos entre os sons ~ as pausas numa conversa com os amigos ou na sua miisica predileta, @ silencio entre as notas no canto de um azuldo. Faga do siléncio © tema do dia e anote sues observagdes em seu cademo. Voce tem acesso a algum lugar totalmente silencioso e longe do rut- do das maquinas? Tente achar um lugar como esse. O que voc sente quando esta num lugar completamente silencioso? FAGA A EXPERIENCIA DO SILENCIO Tente ficar um dia em siléncio, Durante um dia inteiro, ndo fale, apenas ouga. E melhor passar esse dia de siléncio no cam- po, andando entre as arvores, escalando montanhas, ou pas- seando 4 beira-mar. Deixe-se envolver pelos sons da natureza. Essa “abstinéncia verbal” aumenta sua capacidade de ouvir em profundidade e revigora maravilhosamente seu espirito, ESTUDE A VIDA E A OBRA DE SEUS MUSICOS E COMPOSITORES PREDILETOS Mésica de boa qualidade ¢ o mais eficiente instrumento para cultivar a apreciagéo do som e as sutilezas da audi¢ao. Leonardo referia-se a arte da musica como “a modelagem do invisivel” \Vocé pode aprofundar sua sensibilidade e sua fruicdo concen- trando-se primeiro naquilo que ja esté acostumado a fruir. Faga uma lista das dez melhores miisicas do estilo de sua preferén- cia - compositores classicos, mestres do gospel, bandas de mi- sica judia tradicional, orquestras de tango, crooners, violinistas, cantores de rock ou de épera, tocadores de flauta de bambu Mevicedls \e dpenaee geet Lecutile de Vitel japonesa, jazz, misica indiana, rhythm and blues. Escolha um desses @ mergulhe em sua obra por um dia, uma semana ou um més. Se vocé tiver um CD-player em seu carro, encha-o com os discos do artista ou compositor que vocé escolheu para a semana, Use alguns dos métodos de audicéo ativa apresenta- dos mais adiante neste capitulo para melhor apreciar a obra do artista de sua escolha CONHEGA OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS DA MUSICA OCIDENTAL A miisica do mundo é espantosamente rica, diversa ma- ravilhosa; familiarizarse com as obras-primas da tradigao oci- dental é um excelente ponto de partida para um renascimento de seu gosto auditivo. Com a competente ajuda da compositora Audrey Elizabeth Elizey, do famoso maestro Joshua Ha- bermann, da vocalista Stacy Forsythe e de Murray Horwitz, da emissora National Public Radio, elaborei uma breve introdugao & ttadigo ocidental para vocé: Idade Méoia (450-1450 a.C.): © periodo medieval caracteri- za-se por cantos em igrejas e mosteiros, e miisica secular de menestréis e outros artistas ambulantes. A voz humana era 0 mais importante instrumento da época. Muitos compositores da Idade Média, assim como muitos pintores, trabalhavam ano- nimamente. Uma encantadora excecao é Hildegard von Bingen Suas obras pias, humildes a0 mesmo tempo lindamente ex- pressivas, tém figurado, surpreendentemente, nas listas dos mais vendidos ern todo o mundo. Renascimento (1450-1600): A mais importante contribuig&o desse periodo foi a evolugdo da polifonia, miisica em que as par- tes séo independentes umas das outras. As composigées musi- cais foram impressas pela primeira vez, permitindo que os intér- pretes aprendessem e seguissem as diversas partes. A musica tornou-se mais complexa. Josquin, Byrd e Dufay so alguns dos notéveis compositores renascentistas cuja miisica permanece até hoje. A maioria dos especialistas considera, porém, que o italiano Palestrina, nascido pouco tempo depois da morte de Leonardo, é 0 maior compositor dessa época. tot 102 Barroco (1800-1750): A musica do periodo barroco é domi- nada pelo contraponto. No contraponto musical, as linhas melé- dicas individuais ainda séo independentes mas so governa- das mais estritamente por progressdes harm6nicas regulares. ‘A misica barroca é muito coerente, pois sua construgéo se ba- seia numa série de regras rigidas. A miisica desse periodo, as- sim como a do Renascimento, tinha uma funcao precipuamente religiosa ou servia a realeza. Bach e Handel sao os exemplos maximos do estilo barroco. Periodo cléssico (1785-1820): Depois de um periodo de transi- cdo de 35 anos (1750-1785), comegou a era classica. No periodo classico, © contraponto tornou-se menos popular, enquanto as Ir nhas melédicas Unicas se fizeram acompanhar da harmonia. AS normas @ a rigidez barrocas abrandaram, @ nasceu a sonata. A so- nata deu aos compositores mais liberdade e oportunidade para re- velar seu estilo pessoal. Embora ainda formal, a musica desse pe- riodo é mais conhecida por sua elegancia e refinamento. Mozart, Haydn e Beethoven séo os maiores mestres do periodo classico. Periodo romantico (1820-1910): Durante 0 perlodo roman- tico, harmonias exdticas e experimentagdes melédicas expandi- ram as estruturas musicais. Ansiando por um ideal, 0 individuo procurou exprimir sua emogao. A paixao pessoal e sentimentos profundos ganharam vida nas grandes obras instrumentais de Brahms, Chopin e Schubert, e nes majestosas dperas de Verdi, Puccini e Wagner. Século XX(1910-): No comeco do século XX, compositores como Stravinsky, Debussy, Richard Strauss, Mahler, Schoen- berg, Shostakovich e Bartok abriam novos caminhos no campo musical, Rebelando-se contra as normas rigidas das épocas an- teriores, os compositores modernos tomaram rumos tao diver- 08 que 0 piblico teve dificuldade em sequi-los. A Segunda Guer- ra Mundial complicou ainda mais as coisas. Por exemplo, a mi- sica de Stravinsky e a de Debussy foram proscritas na Russia, Shostakovich foi reprimido (na segunda metade do século). As inovagdes eletrnicas influenciaram tanto a miisica erudita quan- to a popular. A moderna tecnologia de 4udio também permitiu que os entusiastas ouvissem musica em suas casas e automd- Aprenda » pensar com Leonardo da Viact veis. Assim, 0 pliblico moderno busca antes novos virtuoses @ boas gravagées dos grandes mestres do passado do que novos compositores e novas formas musicais, Uma usta Dos “Dez mais” Pedi aos especialistas que fizessem uma lista dos "dez mais Todos, sem excecdo, resistiram ao meu pedido de estabelacer uma hierarquia, afirmando que “a arte néo funciona dessa forma’: Insisti, porém, fazendo perguntas do tipo: "Se vocés tivessem que levar para uma ilha deserta apenas dez cléssicos @ dez composigées de jazz, quais vocés escolheriam?” Por que pego que me déem uma lista das “dez mais" se, como diz Murray Horwitz, “no estamos convocando os grandes craques de basquete da NBA"? O exercicio de ordenar seus favoritos, seja em musica, pintura ou na apreciacdo de vinhos ~ 0 procedimento de escolha de uns @ eliminago de outros, da hierarquizagao de uns em relago aos ou- ‘ros ea enunciagdo das razdes que o levaram a isso —, requer grande clareza e profundicade e uma capa- Cidade de comparar que resulta numa apreciagao mais rica e mais prazerosa. Comparar sua lista com a de um amigo também 6 uma maneira agradével de aumentar seu conhecimento e de conhecer melhor esse amigo. Faca sua lista, dispondo-a hierarquicamente, com humildade e despreocupacao, e lembre- se de que sua selecdo pode, & claro, ser reorganizada a seu bel-prazer. ESTUDE A GRANDE MUSICA DO CANON CLASSICO Fazendo insistentes pedidos aos especialistes, consegui ex- trair deles uma lista aproximada das dez maiores obras do canon cléssico. Quca-as e decida por si mesmo. 1. Bach: Missa em Si Menor Profundidade espiritual celebracdo jubilosa numa das mais ‘emocionantes obras da historia da miasica sacra. 2, Beethoven: Nona Sinfonia Passagem da treva & luz, com um espetacular finale; a trans- posicéo musical do texto de Schiller celebrando a fratemidade humana inspira reveréncia 3. Mozart: Requiem Considerada a obra suprema para coro ¢ orquestra. Ironica- mente, 0 Réquiem foi terminado por um eluuno de Mozart, por causa de sua morte prematura, Cexnsetaue, 103 4, Chopin: Noturnos Essas composigdes profundamente pessoais banhardo a sua alma de luar, (Tente conseguir a magnifica gravago do pianis- ta Arthur Rubinstein.) 5, Brahms: Réquiem Alemao ‘Sua expressao vai de ecos portentosos do eterno 4 um tom intimista e consolador. 6. Mahler: Sexta Sinfonia Explorando as profundezes da emogao, como 86 Mehler & ca- paz de fazer, esta sinfonia celebra o triunfo da esperanca so- bre 0 desespero, 7. R. Strauss: Quatro Ultimas Cangées Essas pecas para soprano @ orquesira s8o transposig®es mu sicsis de poemas de Hermann Hesse @ de Joseph von Eichen- dorif. A luxuriante orquestracao constitui um rico pano de fundo para as arias sublimes da soprano. A descricao da alma levantando voo em “Beim Schlafengehen” é um dos mais extraordingrios momentos da musica ocidental 8, Debussy: Preltidios Cada uma dessas pegas para piano, verdedeiras jéias, consti- tui uma expresséo, em miniatura, do estilo impressionista 9. Stravinsky: "A sagragéo da Primavera” Explosiva, incendiéria, de ritmo irresistivel. O public protes- tourna sua estréia. 10. (Empatados) Verdi: Aida e Puccini: La Boheme ‘Todos estavam de acordo que na lista das dez mais deveria haver uma dpera; mas o dificil era definir qual. Por isso, houve empate. Numa apresentacéo a0 vivo, Aida Ihe proporcionaré uma inesquecivel experiéncia da 6pera. Quando se trata, po- rém, de interpretagdes gravadas, La Bohéne de Puccini é imbativel. Suas lindas melodias captam a esséncia do roman- 8. Todos os especialistas salientaram a importéncia de pro- curar as gravacoes de melhor qualidade, executadas pelos mais primorosos intérpretes e regentes.) Nossa breve introducéo as eternas obras-primas da musica ocidental estaria incompleta se nao levéssemos em conta a misica popular americana € 0 jazz. 104 A pensar com Leonardo de Vinei DESENVOLVA A AUDICAO ATIVA Vocé pode ouvir musica com mais prazer adotando uma postura mais dinamica em relagdo a essa fruigao, que nao preci- sa ser passiva. Ponha em prdtica as seguintes estratégias de "audi¢ao ativa” Atente para os movimentos de tensdo e relaxamento: Este é um dos mais simples € mais prazerosos meios de aprofundar sua apreciagéo e seu gosto pela musica, Todos os compositores, independentemente do género de miisica que cultivam, empre- gam métodos.que levam a criagao de tensao e posterior relaxa- mento, Valendo-se de recursos como variagao ritmica, mudanga de tom, pausas e movimentos harménicos, o compositor conduz co ouvinte pela trilha da acao, da calma, dos movimentos melédi- cos ascendentes e descendentes, todos destinados a criar e a satisfazer expectativas musicais. Ainda que o ouvinte nao tenha consciéncia do proceso, ele é sempre levado a patamares mu- sicais, a escalar degraus e ao relaxamento, Ouga vérias pegas de qualquer compositor, de Franz Lizst a Lennon & McCartney, © tente apontar os momentos decisivos de tensao e relaxamento. E to simples quanto olhar uma onda em movimento. Aprecie sua musica favorita considerando os elementos da natureza: Leonardo e seus contemporaneos viam o mundo da perspectiva dos seus elementos: terra, fogo, agua ar. Essa é uma maneira muito agradavel de pensar a mtisica. Quais sdo os elementos predominantes na musica que vocé aprecia? Tente classificar seus compositores e artistas favoritos em fungaio do elemento predominante em sua obra. Por exemplo, embora os grandes compositores expressem todos os elementos, parece- me que 0 elemento “terra” mais bem expresso por Brahms © Beethoven; 0 “fogo” por Stravinsky © Shostakovich; Ravel e De- bussy evocam a esséncia da “agua”; Mozart e Bach sao mestres na expresso do "ar Voc8 concorda? 105 106 Musica popular americana Entre as maiores contribuigées americanas ao mundo, figuram as obras produ- idas na época de ouro que vai da década de 1910 & de 1960, Trata-se dos cléssicos americanos da musica popular que soam, junto a0 publico de todo © mundo, come uma emocionante evocacéo e celebragao da vida modema. Em seus melhores momentos, eles conseguer um notével e perfeito casa mento entre letra e musica, no mesmo nivel dos oratérios de Héndel. (Meu critério para aferir a exceléncia des- se tipo de miisica é o pressuposto de que ela ainda sera capaz de inspirar e de erno- cionar as pessoas daqui a um século.) Entre as maiores estrelas esto: + Goorge e Ira Gershwin ~ George Gershwin escreveu 0 que alguns qualificam como a primeire Opera americana, Porgy and Bess, A sintese, feita por Gershwin, do jazz dos primeiros tempos, do blues @ da masica europea resultou em obras de grande beleza de influéncia duradoura * Richard Rodgers @ Oscar Hammerstein ~ Rodgers @ Hammerstein formararn urna par- ceria que produziu partituras para j6las musicals como Oklahoma! © The Sound of Music * Alan Lerner @ Frederick Loawe ~ Outra dupla famosa por suas encantadoras cangdes para musicais, como as de My Fair Lady. * Irving Berlin ~ Ele escreveu cangdes divertidas, faceis e essenciaimente americanas come "White Christmas’ “Cheek to Cheek" © "Say It Isnt So) * Jerome Kern ~ Estreando em 1927, 0 oriador desse marco do teatro musical que & Showboat preparou o caminho para o surgimento dos grandes musicals americanos. * Cole Porter ~ As letras escritas por Porter so a sintese da sofisticacao @ do espirit. Procure a gravagao de Ella Fitzgerald de The Cole Porter Song Book, que contém clas- sicos como “I Love Paris “Too Darn Hot” @ “I've Got You Under My Skin’ Aprende ¢ pensar com Leowerde da Vinei Jazz Em seus melhores momentos, 0 jazz 6 uma danga actistica entre o caos ¢ a or dem, exprimindo e inspirando a esséncia da criatividade. Murray Horwitz afirma que 68 trés mais importantes nomes do jazz so Louis Armstrong, Duke Ellington & Charlie Parker. 0 trompetista e cantor Louis Armstrong é certamente a figura mais importan- te na performance do jazz — um dos dois ou trés raiores solistas, o de maior suin- gue e de personalidade mais irresistivel. Quga suas gravacdes com seu mentor, Joe ing” Oliver: “Snake Rag” “Dippermouth Blues" etc. Depois ouga suas famosas “Hot Fives” e "Hot Sevens”; seu “West End Blues” e as gravagdes populares para a gravadora Decca nas décadas de 1940 e 1950, como “Up a Lazy River” © “On the Sunny Side of the Street” Duke Ellington, diz Horwitz, € un dos maiores compositores americanos, em qualquer género. Entre suas obras-primas, estao longas suites como Harlem, Such Sweet Thunder e Far East Suite. Suas composigées mais curtas também sao ex traordindrias, principalmente “Portrait of Ella Fitzgerald’ “Black and Tan Fantasy” “Clothed Woman’ Acompanhe o desenvolvimento de sua técnica de orquestragao & de composigo entre a década de 1920 © a década de 1970. Vocé vai descobrir seu estilo pianistico Unico @ vai se encantar com sua extraordinaria colaborago com Billy Strayhorn. Delicie-se cam maravilhosas composigées como "Satin Doll’ "So- litude" @ “Take the 28 Train” Muitos consideram que nossa terceira estrela do jazz, 0 saxofonista Charlie “Yardbird” Parker (ou apenas “Bird"), nunca tocou um solo imperieito. Isso pode parecer inacreditavel, mas muitos musicos importantes o afirmam. Além desses ex- treordinérios solos, o trabalho que Charlie Parker desenvolveu em colaboragao com outros miisicos 6 cheio de brilho @ originalidade. Tocando com o trompetista Dizzie Gillespie, com o pianista Thelonius Monk, com o baterista Kenny Clarke © outros, Parker foi o criador do “bebop Entre suas obras que vale a pena procurar esto os discos da gravadora Dial (que incluem as duas versoes de “Embraceable You"), 0 famoso concerto “Jazz at Massey Hall” @ “Charlie Parker with Strings” Além desses gigantes, pedi a Murray Horwitz que indicasse outras estrelas do jazz @ uma ou duas obras cléssicas de cada um, para servir de introducao ideal a ‘9888 grande tradicdo musical arnericana: 107 Benny Goodman ("Sing, Sing, Sing’ do concerto do Carnegie Hall de 1938) Count Basie (quase tudo, mas principalmente “April in Paris’ na interpretagao de Ella Fitzgerald) Mildred Bailey ("I'l Close My Eyes" “Its So Peaceful in the Country’ "Squeeze Me") Milles Davis (*Kind of Blue” e “Four and More”) Coleman Hawkins ("Body and Soul’ “Talk of the Town") Billie Holiday ("Fine andl Mellow’ seu trabalho com Count Basie, Lester Young © Buck Clayton, e suas utimas gravagées, da década de 1950) Dizzy Gillespie {principalmente suas gravagies da década de 1940, com as grendes bandas) Jelly Roll Morton (todas as gravagoes do Red Hot Peppers) Nat King Cole ("After Midnight” © as gravagées do seu tio) Thomas "Fats" Waller ("Valentine Stomp’ “Love Me or Leave Me’ “Aint Misbehavin’) John Coltrane ("My Favorite Things’ “A Love Supreme") Aprenda a pensar com Leonardo da Vingé Aprenda a discriminar: A apreciaco depende da capacidade de diferenciar. Em musica, o nivel mais simples de diferenciacdo distinguir um género de outro, Distinguir, por exemplo, rhythm and blues de country e misica cléssica de jazz. Depois aprende- se.a distinguir os subtipos: 0 jazz de New Orleans do jazz fusion, ou musica barroca e cléssica da musica romantica. Reconhecer compositores propicia um outro nivel de apreciagao: distinguir Bach de Brahms e Mozart de Monteverdi. Em seguida, passa-se a identificar as caracteristicas dos diferentes solistas, orques- tras, regentes e gravac6es. Experimente ouvir a mesma pega musical tocada por dues orquestras e dois regentes diferentes, Por exemplo, ouga a Sex- ta Sinfonia de Mahler tocada pela Orquestra Sinfénica de Boston (uma excelente orquestra profissional, com um orcamento anual de 49 milhées de délares) regida por Seji Ozawa. Depois ouca 0 mesmo Mahler tocado pela Orquestra Filarménica de Boston (uma orquestra que trabalha em regime de meio perfodo, com- posta de estudantes, amadores e alguns profissionais, com um orgamento anual de 460 mil délares) regida por Benjamin Zander. Anote em seu caderno as diferengas que vocé observou. Voce pode também ouvir diferentes musicos tocando o mesmo instrumento. Ouga, inteira, "Snake Rag” tocada por King Oliver. Depois ouga novamente e tente distinguir 0 trompete solo, tocado por King, das linhas harmdnicas do trompete toca- do por Louis Armstrong, Atente para a emogao: Por que uma determinada pega musical toca 0 seu coragao? Que compositores, musicas, instrumentos € vozes 0 emocionam mais profundemente? Ouca uma das gravagées antigas de Frank Sinatra. Qual é a qualidade emocional de sua voz? uga entéio uma gravagio pos- terior, apés o romance com Ava Gardner ("New York, New York” "My Way" so os grandes exemplos dessa fase pés-Ava). Que mudancas vocé percebe na expresséo de seu sentimento? Ouga a passagem do terceiro para o quarto movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven. Atente para a expressao sonora roy do triunfo @ da exuberéncia. Quga entéo o segundo movimento da Terceira Sinfonia de Beethoven. Atente para a exoressao da tragédia, tristeza @ abatimento. Por que esses sons tém esse efeito sobre voc8? Atente para as marcas histéricas e culturais: A musica é um simbolo Unico da cultura humana e traz as marcas do periodo histérico em que foi criada. Escolha seus compositores ¢ estilos prediletos ¢ tente entender suas obras a partir do contexto em que surgiram. Pense na idéia, por exemplo, de que o rap é mais apreciado como evocagao postica da vida da cidade, tendo deri- vado dos ritmos e tradigées narrativas da Africa; ou de que a mtsica altamente estruturada e sujeita a normas de Bach trans- mite 0 respeito & autoridade, tanto divina quanto secular, que caracterizou a sociedade teutdnica no periodo Barraco. ORQUESTRE SUA VIDA Para aproveitar ao méximo sua fruigéo da grande mdsica, voce precisa reservar tempo para ouvi-la com toda a atengao, sem se distrair. Concentre toda a atengao na Nona Sinfonia de Beethoven, por exemplo, ouvindo-a do comeco ao fim, e depois ouga novamente. Vocé vai notar que isso faz muito bem aos ouvidos, ao coragéo € & mente. Claro que vocé pode desfrutar aquilo que Leonardo chamava de "a modelagem do invisivel” no correr do dia. A misica influencia o humor e os sentimentos, a vivacidade e a receptividade; ela muda os padrées de sue ativi- dade cerebral (para o bem ou para o mal) e € usada para incitar os soldados para a guerra e os boxeadores prestes a comecar uma luta. Ela faz com que os bebés durmam, estimula o cresc- mento das plantas e conforta os doentes. Aproveite a forea da misica fazendo um levantamento das varias atividades do seu cotidiano e pense no acompanhamento musical ideal. Entao orquestre sua vida adequadamente — diga- mos, acordando com “Carruagens de fogo" de Vangelis, estu- dando ao som dos concertos de Mozart para violino e adorme- cendo ao som de “Silk Road" de Kitaro. Avera on pumesr Bear Levanslddy Vines SENSIBILIDADE AOS AROMAS Todos os dias, durante o dia todo, deparamos com uma infi- nidade de cheiros. Nossos 5 milhdes de células olfativas podem perceber 0 odor de uma célula de uma substéncia odorifera no ar até numa concentragéo minima, de uma parte para um tri- Iho. E nés aspiramos 0 ar cerca de 23 mil vezes por dia, proces- sando cerca de 13 metros ctbicos de ar com odores. Mas a maioria das pessoas tem um vocabulério muito limitado para descrever a experiéncia aromética: “Isto cheira mal" ou "Isto cheira bem" sao as refer€ncias mais comuns, Procure aumentar sua capacidade de distinguir e de apreciar os cheiros aumentando seu vocabulArio olfativo. Os perfumis- tas classificam os cheiros como florais (rosas), mentolados (hortela), almiscarados (almiscar), delicados (peras), de resina (cAnfora), pitridos (ovos podres) e acres (vinagre). Use esses termos e crie suas proprias descrigdes quando fizer os exerci cios seguintes. QUE CHEIRO VOCE ESTA SENTINDO NESTE EXATO MOMENTO? Descreva 0 cheiro que vooé esta sentindo agora, da forma mais vivida possivel. Depois, a0 modo do cachorro de que vocé mais gosta, explore o ambiente a sua volta com o nariz. Aspire 0 cheiro deste livro, de uma xicara de café vazia, da palma de sua mao, do encosto de sua cadeira. Descreva em seu caderno sua experiéncia FAGA DOS “CHEIROS” 0 TEMA DO DIA Lembre-se dos cheiros que voc sente ao longo de um dia e de como eles o afetam. Procure aromas diferentes ou inten- sos. Demore-se na segao de queijos do mercado que voce fre- aiienta. Va a0 campo e ande até o curral. Aspire o cheiro de todas as ervas e temperos de sua cozinha. Como esses cheiros influem em seu humor? Em sua meméria? Procure descobrir registrar exemplos especificos de aromas que interferem em suas emogdes ou em suas lembrancas. Foceita de Leonard para uma colénia pessoal: “Para fazer um perfume: pe- que dqua de rosas fresca @ com ela umadega as maos; pegue enti a flor de alfazema @ estreque-a entie as mis, @ vocé teré umn bom perfume". Po ‘océ tem aproximada- mente dez mil papilas gustativas, cada uma delas formada de cingienta células gustativas. Suas papilas gus- tativas so especializadas em distinguir os sabores doce, amargo, azedo e salgado. Os sensores do sabor doce en- contram-se na ponta da in- gua, os do azedo nos lados, 0s do amargo na parte de trés 03 do salgado na superficie CORNUCOPIA OLFATIVA Este exercicio € mais facil e mais divertido quando se faz com amigos. Retina um certo numero de coisas com aromas di- ferentes ~ por exemplo: uma fosa, uma camiseta que um amigo (ou amiga) muito intima acabou de usar, um pedago de alga ‘martinha, uma fatia de laranja, um punhado de terra, uma jaque- ta de couro, um bom charuto, gengibre recém-cortado. Ponha uma venda nos olhos pega a um dos amigos que aproxime do ‘seu nariz cada um desses elementos aromaticos, um de cada vez, demorando-se, a cada um, por uns trinta segundos, Des- creva cada cheiro e sua reacdo a ele. FAGA SEU PROPRIO PERFUME Vé a uma loja de esséncias e experimente alguns deles: al- fazema, patchuli, cravo, rosa, eucalipto etc. Compre tantas es- s6ncias quanto puder. Que reagao cada aroma provoca em voc6? E em seus amigos? Experimente varias combinacées e faa o perfume que mais Ihe agrade. ESTUDE AROMATERAPIA Os aromas das plantas ¢ ervas foram usados com fungées terapéuticas pelos egipcios, hebreus e chineses. Muito popular nna época cléssica e na época de Leonardo, a aplicacao terapéu- tica de ervas naturais e aromas esta ressurgindo. Procure na livraria livros que tratem desse tema que esta despertando tan- 40 interesse, Todos os exercicios que acabamos de descrever sao muito proveitosos, mas a forma mais prazerosa de explorar 0 sentido do olfato 6 a combinacao de boa comida com bons vinhos. PALADAR Para a maioria de nds, a oportunidade de exercitar o sentido do paladar apresenta-se trés vezes ao dia. Mas, na correria em que vivemos, em geral é dificil prestar atengdo a isso. E muito 112 Aprende a pensar com Leonardo da Vinci

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