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Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia


Disciplina de Microbiologia

Controle Biológico

Catiana Regina Brumatti


Clóvis Wesley Oliveira de Souza

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Sumário

1. Histórico...... ........................................................................... 3

2. Definição ..................................................................................4

3. Vantagens e desvantagens do controle biológico.....................7

4. Principais microorganismos utilizados no controle biológico...8


4.1 Fungos............................................................................9
4.2 Bactérias........................................................................11
4.3 Vírus..............................................................................12

5. Referências bibliográficas.........................................................14

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Controle Biológico

1. Histórico

O marco inicial do controle biológico data do século III a.C., quando os chineses
observaram que formigas (Oecophylla smaragdina) predadoras reduziam as populações
de pragas dos citros. O primeiro registro do controle biológico com parasitóides
aconteceu em 1602 quando Aldrovandi relatou que o parasitismo da lagarta-das-
crucíferas (Pieris sp.) por Apanteles glomeratus.

http://s3.amazonaws.com/lcp/forestman/myfiles

Em 1830 na Europa alguns fungos, bactérias e protozoários foram identificados


como agentes causais de doenças em insetos e em 1873 foi realizada a primeira
transferência internacional de um predador (ácaro) dos EUA para a França, com a
finalidade de controlar a filoxera (Daktulosphaira vitifoliae);
No entanto em 1888, na Califórnia EUA, foi realizado o primeiro programa de
controle biológico clássico de sucesso com a introdução da joaninha australiana Rodolia
cardinalis, usada no controle da cochonilha Icerya purchasi. Desde então o controle
biológico tem sido praticado utilizando cerca de mil espécies de inimigos naturais no
controle de cerca de 300 espécies de pragas em 350 programas de controle biológico
desenvolvidos mundialmente. No Brasil há casos de sucesso como o controle biológico
das pragas de cana-de-açúcar, dos pulgões-do-trigo, da lagarta e percevejo da cana, da
cochonilha das pastagens, da minadora-dos-citros, da cochonilha da mandioca e de
lepidópteros praga utilizando Trichogramma spp. O controle biológico é considerado
de grande importância no manejo de pragas.
No Brasil, o primeiro inseto introduzido para uso como agente de controle
biológico foi o parasitóide Prospaltella berlesei, importado dos EUA em 1921, para o
controle da cochonilha escama-branca (Pseudaulacaspis pentagona). Em 1994 foi
introduzido também dos EUA Diachasmimorpha longicaudata, para o controle das

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moscas-das-frutas (Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus), em diversas frutíferas.
Também na mesma década, em 1997, foi importado dos EUA o parasitóide Ageniaspis
citrícola, para o controle do minador-dos-citros (Phyllocnistis citrella), estabelecendo-
se em todas as regiões brasileiras produtoras de citros. Já em 1993 e 1998 foi importado
o ácaro Neoseiulus californicus, para o controle do ácaro-vermelho-da-macieira
(Panonychus ulm)i. Além destes, vários outros inimigos naturais foram importados para
o estabelecimento de programas de controle biológico clássico; entretanto, muitos não
tiveram sucesso.
A utilização de agentes biológicos era realizada como método de controle
isolado como método de controle isolado até a década de 50. A partir de então, com o
surgimento do Manejo Integrado de Pragas (MIP) o controle biológico passou a fazer
parte de uma estratégia de manejo onde podem ser utilizados outros métodos de
controle, como o cultural, o mecânico, por comportamento, o físico e a resistência de
plantas a insetos. No caso do controle químico, que continua sendo o mais empregado,
há uma conscientização dos profissionais envolvidos e dos sérios problemas que podem
causar ao homem e ao meio ambiente, para ser utilizado em conjunto com o controle
biológico é necessário levar em conta, principalmente, o conhecimento da seletividade
dos produtos aos inimigos naturais. Também se torna importante conhecer a bioecologia
das pragas e dos agentes de controle biológico, para que se faça a aplicação dos
produtos em épocas mais favoráveis ao controle das pragas.
Embora se conheçam muitos dos efeitos negativos dos inseticidas sobre o meio
ambiente, a sua aplicação ainda é necessária, mas há uma serie de fatores que
necessitam ser levados em conta na hora de implementar um programa de controle
químico ou biológico, como os custos e o tempo para o desenvolvimento e a taxa de
sucesso dos programas além de outros.

2. Definição

O controle biológico consiste no emprego de um organismo (predador, parasita


ou patógeno) que causa danos atacando lavouras. São chamados de agentes de controle
populacional e ocorrem naturalmente nos ecossistemas.
Práticas culturais, tais como o uso de plantas geneticamente uniformes em
monoculturas, o plantio de cultivares homogêneos susceptíveis a doenças e a aplicação
de fertilizantes em concentrações que favorecem o aumento da densidade de patógenos,
têm fortalecido o potencial destrutivo das doenças de plantas. O combate a essas
doenças tornou-se, portanto, altamente dependente de compostos químicos sintéticos
(agrotóxicos). Além de que o uso de fungicidas é um método primário de controle de
doenças causadas por fungos em plantas e animais, incluindo humanos.
O controle biológico trata-se de uma estratégia muito utilizada em sistemas
agroecológicos, assim como na agricultura convencional que se vale do Manejo
Integrado de Pragas (MIP). Ele é usado pelo homem, aplicado como uma biotecnologia
baseada na utilização de recursos genéticos microbianos, insetos predadores e
parasitóides para o controle de pragas, especialmente os insetos e ácaros fitófagos, nos
sistemas de produção agrícola.

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Os tipos de controle são divididos em natural e aplicado. O natural,é classificado
como um fator efetivo que determina o balanço ecológico entre patógenos e seus
antagonistas, sem a interferência humana; e o aplicado, que consiste na introdução e
manipulação de inimigos naturais pelo homem. Além de se caracterizar pela liberação
inundativa de um grande número de um determinado agente de controle biológico
produzido de forma massal, visando o decréscimo da população de uma determinada
praga e o restabelecimento do seu nível de equilíbrio. Embora esse agente de controle
possa se estabelecer no local de liberação, a sua atuação é semelhante a um inseticida
sintético, pois controla rapidamente os insetos-praga.
Portanto o controle biológico, através da aplicação de microrganismos pode
suprimir as doenças das plantas, significando uma poderosa alternativa ao uso dos
químicos sintéticos. A grande diversidade de micróbios providencia uma aparente e
interminável fonte para esta proposta. Aumentando a abundância de uma espécie em
particular na vizinhança de uma planta, podemos suprimir a doença sem causar efeitos
negativos ao resto da comunidade microbiana ou a outros organismos no ecossistema.
Diversos inseticidas químicos como organofosforados, carbamatos e piretróides
têm sido usados. Entretanto, o uso contínuo e indiscriminado desses agrotóxicos tem
selecionado populações resistentes, obrigando os produtores a utilizarem doses cada vez
mais elevadas. Além disso, esses inseticidas destroem a fauna auxiliar, deixam resíduos
na vegetação e, em inúmeros casos, contaminam o meio ambiente.
Existem algumas iniciativas políticas de redução do uso de agrotóxicos, sendo o
exemplo cubano o mais contundente. Desde 1982, Cuba tem-se voltado para o MIP,
com ênfase no controle biológico. Em decorrência do embargo econômico imposto
pelos Estados Unidos que impossibilita a compra de agrotóxicos e fertilizantes
sintéticos, os agricultores cubanos aprenderam a substituir o uso de agrotóxicos por um
programa maciço de controle biológico. Um dos aspectos importantes da estratégia
cubana é a descentralização da produção dos agentes de controle biológico, graças a
técnicas simples e de baixo custo que foram desenvolvidas nas duas últimas décadas,
possibilitando, simultaneamente, uma produção artesanal e de alto padrão de qualidade.
Essa produção é feita pelos próprios filhos de agricultores associados às cooperativas
que trabalham na elaboração de modernos produtos biotecnológicos em escala local.
No Brasil, embora o uso do controle biológico não seja uma prática generalizada
entre os agricultores, há avanços significativos em alguns cultivos, devido aos esforços
de órgãos estaduais de pesquisa e da Embrapa. Um exemplo de sucesso é o controle da
lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis) por meio do Baculovirus anticarsia. Essa
prática foi lançada pelo Centro Nacional de Pesquisa da Soja em 1983 e, desde então, o
produto foi utilizado em mais de dez milhões de hectares, proporcionando ao país uma
economia estimada em cem milhões de dólares em agrotóxicos, sem considerar os
benefícios ambientais resultantes da não-aplicação de mais de onze milhões de litros
desses produtos.
Abaixo são listados os principais organismos usados no Brasil como controle
biológico:
Agente Biológico O que ele ataca Como se aplica

Fungo Metarhizium anisopliae Cigarrinha da folha da cana-de- O fungo é pulverizado e,


açúcar em contato com o
corpo do inseto, causa

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doença.

Fungo Metarhizium anisopliae Broca dos citrus O fungo é polvilhado


nos buracos da planta
contaminando a praga.

Fungo Beauveria bassiana Besouro "moleque-da-bananeira" O fungo é aplicado em


forma de pasta em
pedaços de bananeira
que são colocados ao
redor das árvores
servindo de isca.

Fungo Insectonrum sporothrix Percevejo "mosca-de-renda" O fungo é pulverizado e,


em contato com o
corpo do inseto, causa
doença.

Vírus Baculovírus anticarsia Lagarta da soja Pulverizado sobre a


planta o vírus adoece a
lagarta que se alimenta
das folhas.

Vírus Baculovírus spodoptera Lagarta do cartucho do milho Pulverizado sobre a


planta, o vírus adoece a
lagarta que se alimenta
da espiga em formação.

Vírus Granulose Mandorová da mandioca Pulverizado sobre a


mandioca o víris é
nocivo à praga.

Nematóide Deladendus siridicola Vespa-da-madeira Em forma de gelatina, o


produto é injetado no
tronco da árvore
esterelizando a vespa.

Bactéria Bacillus thuringiensis Lagartas desfolhadoras Pulverizado sobre a


(Dipel) planta o Dipel é nocivo
às lagartas.

Para alcançar esses resultados, todo programa de controle biológico deve


começar com o reconhecimento dos inimigos naturais da "praga-chave da cultura"
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(principal organismo que causa danos econômicos as lavouras). Uma vez identificada a
espécie e o comportamento da "praga" em questão, o principal desafio dos centros de
pesquisa diz respeito à reprodução desse inimigo natural em grandes quantidades e com
custos reduzidos. Outra estratégia, consiste no desenvolvimento dentro da propriedade
de práticas culturais (consórcio e rotação de culturas, uso de plantas como "quebra-
vento", cultivos em faixas, entre outros) que aumentem a diversidade de espécies e a
estabilidade ecológica do sistema, dificultando a reprodução do organismo com
potencial para se tornar uma "praga".
Nos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), existe uma tendência de
caracterizá-lo não apenas como uma prática que propõe um manejo racional de
agrotóxicos, mas também como um conjunto de práticas que inclua, além do próprio
controle biológico, a rotação de culturas e o uso de variedades resistentes.
A constatação dos efeitos dos pesticidas sobre o meio ambiente tem
intensificado os esforços para se utilizar microrganismos como agentes biológicos, ao
invés de defensivos químicos para o controle de pragas. Inseticidas microbianos dizem
respeito à característica patogênica que alguns microrganismos apresentam para alguns
insetos.
Em cada aplicação, os microrganismos precisam ser dispersos no meio
ambiente. Alguns requerimentos específicos precisam ser preenchidos antes da
utilização do microrganismo como inseticida microbiano, dentre elas podem citar:
1. Facilidade para a produção em larga-escala;
2. A viabilidade do microrganismo precisa ser mantida;
3. O organismo não deve apresentar toxicidade ou patogenicidade a animais e plantas;
4. O organismo precisa apresentar menos custo que os agentes químicos.
O controle biológico se aplicado sem um estudo prévio do comportamento
biológico das espécies envolvidas pode acarretar sérios distúrbios no equilíbrio natural
de um ecossistema. Na Jamaica, por exemplo, em 1872, introduziu-se o mangusto
(mamífero carnívoro) para combater ratos que causavam grandes prejuízos às
plantações de cana-de-açúcar. O mangusto, entretanto, cumpriu bem demais o seu papel
de predador de rato. Praticamente dizimou não os ratos, como também populações
diversas de outros mamíferos, além de aves terrícolas, répteis e crustáceos, alterando a
harmonia do ecossistema em questão. Para completar, os poucos ratos que conseguiram
sobreviver adaptaram-se à vida arborícola e acabaram constituindo uma população que
voltou a causar danos significativos à cultura canavieira.
Outro exemplo célebre de controle biológico malsucedido ocorreu na Austrália
em 1859, foram introduzidos alguns casais de coelhos, com o propósito de se combater
ervas daninhas que se infestavam em certas regiões. Os coelhos, porém, não
encontraram predadores e parasitas capazes de promover a regulamentação de sua
população; proliferaram intensamente, devastaram as ervas daninhas e também as
pastagens que serviam de alimento ao gado, grande fonte de riqueza do continente. Com
isso os coelhos acabaram tornando-se o maior flagelo que a Austrália havia conhecido
até então, e por esse motivo em 1950, a Austrália importou vírus causadores da
mixomatose, uma doença que se manifesta apenas em coelhos e algumas lebres. Graças
a esse vírus, a população de coelhos da Austrália acha-se atualmente em equilíbrio,
sendo mantida dentro de uma densidade considerada tolerável em relação aos recursos
da região.

3. Vantagens e desvantagens do controle biológico


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O controle biológico de pragas reduz os riscos legais, ambientais e públicos do
uso de produtos químicos. Métodos de controle biológico podem ser usados em
plantações para evitar que populações de pragas atinjam níveis danosos. A vantagem do
uso de inseticidas biológicos (bioinseticidas) é a sua alta especificidade com relação à
praga alvo, não afetando outros insetos, plantas e animais
Ele pode representar uma alternativa mais econômica ao uso de alguns
inseticidas. Algumas medidas de controle biológico podem evitar danos econômicos a
produtos agrícolas. A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e
matam de modo não específico outros animais ecologicamente importantes e
potencialmente úteis. Os inimigos naturais usualmente têm preferências muito
específicas para certos tipos de pragas e podem não causar dano algum a animais
benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade
da água. Quando usados adequadamente, vários produtos comerciais para controle
biológico podem ser bastante eficazes.
A desvantagem do controle biológico é que ele requer planejamento e
gerenciamento intensivos, pois pode demandar tempo, controle, paciência, educação e
treinamento. O uso bem sucedido do controle biológico requer um grande entendimento
da biologia da praga e a de seus inimigos. Muitos inimigos naturais de pragas são
sensíveis a pesticidas e seu uso em um programa de controle biológico requer muito
cuidado, sendo que em alguns casos pode ser até mais caro que o uso de pesticidas.
Freqüentemente, os resultados do uso de práticas de controle biológico não são tão
drásticas ou tão rápidas como aqueles do uso de pesticidas comuns, pois a maioria dos
inimigos naturais ataca somente tipos específicos de animais, ao contrário dos pesticidas
de amplo espectro.
Outro problema da utilização de predadores e parasitóides é a dificuldade em
criar estes insetos em laboratório, quer seja em hospedeiro natural ou artificial. Quando
os agentes de biocontrole são criados sobre hospedeiros naturais, há maior dificuldade
para sua multiplicação, há casos em que é necessário cultivar a planta hospedeira para
criação do inseto fitófago para depois multiplicar o inimigo natural sobre esse inseto.
Além da grande dificuldade em se imitar o ambiente de criação natural dos insetos,
também se torna onerosa a mão-de-obra que representa cerca de 80% dos custos de
produção de um laboratório.

4.Microrganismos utilizados em controle biológico

O Brasil, possuindo um clima tropical em grande parte de seu território e com


vastas áreas cultivadas, tem dificuldade em utilizar o controle químico de insetos, que se
torna até inviável e antieconômico em certas condições, além de causar desequilíbrios
biológicos e problemas de intoxicação. A solução é o uso e aplicação de técnicas como
a produção de "inseticidas microbianos" que possam se não substituir, pelo menos
diminuir o uso de agroquímicos com vantagens econômicas e de preservação do
ambiente.

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Numerosos organismos têm obtido sucesso em pesquisa de bancada, porém a
produção em escala, o desenvolvimento de uma formulação efetiva, a manutenção da
estabilidade e a expectativa de um produto de baixo custo tem impossibilitado que os
resultados da pesquisa cheguem até o mercado consumidor.
Bactérias, vírus, fungos, protozoários podem ser utilizados como inseticidas, alguns
deles são produzidos comercialmente em fermentações de larga-escala ou como
hospedeiro de insetos. Neste trabalho são estudados alguns exemplos de
microorganismos utilizados no controle biológico dentre eles podemos citar: fungos,
bactérias e vírus.

4.1 Fungos
Atualmente, sabe-se que cerca de 400 espécies de fungos atacam insetos e
ácaros, o que estimula estudos voltados para utilização desses fungos como
micofungicidas, micoinseticidas e micoherbicidas.
O Brasil talvez seja o país onde as pesquisas e a utilização em larga escala de
fungos entomopatogênicos (fungos que atacam insetos), têm tido maior sucesso. O
melhoramento genético clássico, o desenvolvimento de marcadores moleculares, a
clonagem de genes e outros estudos têm sido realizados em um esforço conjunto
abrangendo diversas instituições. Assim, vários centros da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ESALQ/USP, UNICAMP, Centro de
Biotecnologia da UFRGS, Universidade Estadual de Londrina, UCS e UFPernambuco,
além de empresas privadas, têm trabalhado com fungos como o Metarhizium anisopliae,
Beauveria bassiana e Nomuraea rileyi aplicando tecnologias clássicas e modernas para
um melhor conhecimento da biologia e genética desses fungos e no desenvolvimento de
linhagens mais eficientes no controle biológico de insetos.
O controle biológico é por isso provavelmente mais eficiente que o controle da
doença baseado na utilização de químicos sintéticos. A complexidade das interações
entre os microrganismos, o envolvimento de numerosos mecanismos de supressão da
doença por um único organismo, e a adaptação da maioria dos agentes de biocontrole ao
ambiente em que são usados contribuem para a crença de que o controle biológico será
mais durável que os químicos sintéticos.
Espécies do fungo saprófita Trichoderma tem sido utilizadas com sucesso como
agentes de controle biológico de algumas doenças causadas por fungos fitopatogênicos,
como Rhizoctonia spp., Sclerotium spp., Fusarium spp. e outros. Fungicidas formulados
com linhagens de Trichoderma, como a ATCC 20476, estão sendo comercializadas há
mais de 20 anos no norte da Europa, principalmente para o combate de doenças
causadas por Botrytis cinerea em morangueiros. Contudo, a despeito dos vários casos,
relatados anualmente, sobre o potencial de microrganismos como agentes de controle
biológico de doenças de plantas. Muitos agentes de biocontrole são difíceis de serem
formulados como produtos.
Recentemente tem sido verificado que fungos e bactérias encontrados
internamente em vegetais, particularmente em suas partes aéreas como folhas e ramos,
têm enorme importância no controle de doenças de plantas e também de insetos. Uma
boa quantidade da população de microrganismos que existe no interior de plantas é
constituída por fungos que são denominados de fungos endofíticos. Eles, além de
controlarem doenças e pragas, podem possuir outras propriedades, como alterar o
metabolismo das plantas, impedindo formação de sementes ou produzindo hormônios

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que causam modificações no desenvolvimento dos vegetais. Além de que há casos de
incremento de produção em plantas, graças à presença desses endofíticos.
O fungo Metarhizium anisopliae é um inimigo natural da cigarrinha da folha, e
pode parasitar aproximadamente 200 insetos hospedeiros diferentes, o que traz a
possibilidade de sua utilização como único agente biológico controlador de diversas
pragas.
O estudo de fungos endofíticos é feito em países de clima temperado; entretanto,
são escassos os trabalhos com plantas tropicais. Devido a isso, vários laboratórios têm
isolado e encontrado novas características de valor biotecnológico em fungos
endofíticos, sua manipulação genética tem sido feita no intuito de serem clonados genes
de interesse, de tal modo que sua reinoculação em plantas cultivadas poderá levar à
introdução nos vegetais de características novas e de interesse biotecnológico.
A ausência de queima dos canaviais aumenta a incidência e severidade dos
danos causados pela cigarrinha-da-raiz, Mahanarva fimbriolata. A ação do Metarhizium
anisopliae ocorre quando os esporos liberados pelo fungo aderem à cutícula da
cigarrinha, germinando e produzindo filamentos (micélio), as hifas que crescem sobre o
inseto produzem apressórios que penetram na cutícula do inseto. Ocorre então a
degradação da cutícula por enzimas, dentre elas podemos citar as Lipases, e proteases
(PR1-quimoelastase). No interior dos insetos, os fungos produzem toxinas - as
Destruxinas. A colonização no corpo da lagarta segue inicialmente pelos corpos
gordurosos em seguida atinge o sistema digestivo e Tubos de Malpighi, a hipoderme e
sistema nervoso, e por último os músculos e traquéias. Devido à infecção o inseto é
morto e no seu exterior desenvolvem-se os esporos ou conídios liberados pelo vento.

Abaixo estão listados alguns fungos que são usados no controle biológico sua
utilização e os níveis de estudo:

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Os níveis relacionados na tabela equivalem a: 0 incipiente; 1 estudos de
laboratório e pequenos experimentos; 2 ensaios de campo e pequena produção em
laboratório; 3 ensaios de campo e produção elevada e produto comprovadamente
eficiente e comercilaizado.
A utilização desses controladores naturais restringe também a aplicação abusiva
de fungicidas. As técnicas de produção massal desses controladores biológicos, a
otimização dos processos de aplicação e o melhoramento genético dos fungos
empregados, tornando-os mais eficientes, vêm sendo desenvolvidos em laboratórios do
Brasil e exterior. Exemplos de interesse têm sido obtidos em alguns centros de pesquisa
da EMBRAPA no Sul e Sudeste do país.

4.2Bactérias
Pesticidas microbianos são formulações que contém os esporos, células
vegetativas ou algum metabolito do desenvolvimento dos microrganismos patogênicos e
que mantém a característica de entomopatogenicidade.
No Brasil os estudos com Bacillus thuringiensis iniciaram-se na década de 70,
por fermentação submersa e estudos implantaram o processo de fermentação semi-
sólida, usando resíduos particulados, farinhas, farelos, bagaço de cana de açúcar, quirela
de milho, quirela de arroz, dentre outros resíduos da Agro indústria. Três bactérias,
Bacillus popilliae, B. moritae, B. thuringensis, são comercialmente produzidas para
controle biológico. B. popilliae é obitido diretamente de larvas infectadas, e as outras
bactérias são cultivadas em processos de fermentação submersa.
Nos setenta anos que se seguiram à descoberta do Bacillus thuringiensis do
início de 1900 no Japão e 1911 na Alemanha, houve relativamente pouca atenção
voltada a esse microrganismo. Passados noventa anos, está sendo estudado por
cientistas e pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento, tendo se realizado
na década de noventa muitos eventos específicos a respeito do Bacillus thuringiensis.
A utilização de Bacillus thuringiensis Berliner em programas de controle
biológico é uma alternativa eficaz e não contaminante. Diversos biopesticidas à base
dessa bactéria encontram-se disponíveis no mercado, o produto comercial DipelR tem
oferecido bons resultados no controle da P. xylostella .
O mecanismo de ação do B.thuringensis, se dá depois de cultivada em um meio
contendo amido, xarope de milho, caseína, extrato de levedura e sacarose. Após

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aproximadamente 30 horas de fermentação, a esporulação ocorre, acompanhado pela
formação de proteínas extracelulares e intracelulares. Ela produz um cristal protéico
intracelular, que apresenta elevada toxicidade, específica para larvas de certos insetos
lepidópteros, mas inteiramente atóxico para animais vertebrados e plantas. Após a
ingestão do cristal pelo inseto, este é dissolvido no pH alcalino do intestino, inibindo o
transporte de íons, provocando a morte do inseto.
As amostras do Bt se mostram eficientes no combate à lagarta-do-cartucho, que
mata principalmente as lagartas jovens, com até 4 dias de vida. O processo de produção
é dominado, com testes de produção em larga escala e utilização de insumos de baixo
custo. Isso possibilita um custo de produção muito inferior ao de defensivos químicos.

As formulações de B. thuringiensis são os produtos biológicos mais vendidos em


todo o mundo representando cerca de 90 % do faturamento com esses produtos, e deve
crescer 10% ao ano. Seu emprego destina-se principalmente para o controle de lagartas,
pragas florestais (30 milhões de dólares) e vetores representados por pernilongos e
borrachudos. O custo para o tratamento de um hectare de cultura varia de US$ 7,5 a 15.
Para o tratamento visando o controle de pernilongos, o custo envolvendo aplicação de
B. thuringiensis israelenses pode chegar a US$ 67 o hectare.
Existem pesquisadores que acreditam em valores entre 300 a 750 milhões de
dólares. No Brasil, o mercado para esses produtos é também muito promissor, pois
ocorrem cerca de quinhentas pragas de importância econômica. Existem cerca de 65
produtos já desenvolvidos pelas indústrias, a partir de Bacillus thuringiensis, em
diversas regiões do mundo.

4.3Vírus
Mais de 650 vírus tem sido caracterizado como patógenos de plantas, e
demonstram possibilidades para sua utilização como inseticidas biológicos.

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O controle biológico tem como objetivo controlar as pragas agrícolas e os
insetos transmissores de doenças a partir do uso de seus inimigos naturais. Baculovirus
constituem um grupo de vírus encontrados na sua maioria em insetos, principalmente da
ordem Lepidoptera. Esses vírus são utilizados como alternativas ao uso de inseticidas
químicos, pois possuem uma alta especificidade, conferindo total segurança ao homem
e não oferece riscos ao meio ambiente.
Eles foram originalmente encontrados como controladores de populações de
campo e alguns têm sido utilizados como biopesticidas para aplicação em lavouras ou
mesmo em florestas. Para um melhor uso e manipulação do vírus como bioinseticida é
necessária a sua caracterização, pois as informações obtidas dos estudos referentes ao
patógeno e de suas interações com o hospedeiro vão contribuir para o monitoramento e
segurança no campo.
A Embrapa vêm desenvolvendo estudos para caracterização do patógeno
causador da doença nas lagartas do trigo. O patógeno causador de morte dessas lagartas
foi então identificado como do grupo dos baculovirus (família Baculoviridae, gênero
Nucleopolyhedrovirus) e caracterizado com base nas análises de sua morfologia,
taxonomia, proteínas estruturais e DNA viral. Visando uma possível e melhor utilização
do agente no controle biológico da lagarta do trigo, estudos de sua biologia e patologia
estão sendo conduzidos para uma caracterização mais detalhada e completa do
baculovirus. Os resultados de pesquisa obtidos até o momento aliados aos resultados
preliminares quanto patogenicidade do vírus em estudo indicam que esse agente
apresenta um grande potencial para uso no controle biológico da praga do trigo.
O modo de ação do baculovírus inicia-se quando as folhas de soja contaminadas
com o micróbio são ingeridas pela lagarta. O vírus se multiplica no corpo da lagarta que
perde a capacidade de movimentação e de se alimentar.
Após o quarto dia da contaminação, já se observa uma descoloração no corpo
das lagartas doentes, sendo que, próxima à morte, estas já apresentam o corpo bem
amarelado, não se alimentam mais e sobem para as partes mais altas da planta, onde
morrem dependuradas. A morte ocorre entre o sétimo e nono dia após a contaminação e,
depois de alguns dias, seus corpos apodrecem, soltando mais vírus sobre a soja, que
serve para matar outras lagartas que vão aparecendo na lavoura;
O Baculovírus possui alta eficiência para controlar a lagarta quando pulverizado
sobre a lavoura, na dose recomendada.

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