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Pós-Graduação a Distância

Curso de Especialização em Meio Ambiente


e Desenvolvimento Sustentável
Adriana Carla Silva de Oliveira

O Futuro passa Aqui

Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável

Material Didático EaD

Quem tem qualidade,


tem muito mais a oferecer:

UnP 25 ANOS.
Sempre tem mais pra você

www.unp.br
UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROGRAD
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD

MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Natal/RN
Editora:
2006
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DIRIGENTE DA APEC

Presidente
Paulo Vasconcelos de Paula

DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR

Chanceler
Paulo Vasconcelos de Paula

Reitor
Manoel Pereira dos Santos

Vice-Reitor
Mizael Araújo Barreto

Pró-Reitora de Graduação
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação


Lecy de Maria Araújo Gadelha Fernandes

Pró-Reitora de  Extensão e Ação Comunitária


Jurema Márcia Dantas da Silva

Pró-Reitor Administrativo
Eduardo Benevides de Oliveira

Coordenador do Núcleo de Educação a Distância


Barney Silveira Arruda

Coordenadora Adjunta
Luciana Lopes Xavier

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


IRAN MARQUES DE LIMA
ILCLEIDENE PEREIRA DE FREITAS

MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Coordenação Editorial:
Luciana Lopes Xavier
Marcos Aurélio Felipe

Natal/RN
Editora:
2006
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Criação da Produção
Apuena Vieira Gomes, Dra.
Márcia de Paula Brilhante Portela Sbrussi, M.Sc.

Organizadores
Luciana Lopes Xavier, M.Sc.
Marcos Aurélio Felipe, M.Sc.

Coordenadora Pedagógica do NEaD


Márcia de Paula Brilhante Portela Sbrussi, M.Sc.

Coordenação Pedagógica para EaD


Apuena Vieira Gomes, Dra.

Coordenador de Produção de Material Didático


Marcos Aurélio Felipe, M.Sc.

Revisores de Linguagem em EaD


Luciana Lopes Xavier, M.Sc.
Marcos Aurélio Felipe, M.Sc.
Tatyana Mabel Nobre Barbosa, Dra.

Revisores de Língua Portuguesa


Eliene Cunha Alves de Sena, M.Sc.
Janaina Tomas Capistrano, Mestranda

Projeto Gráfico
Lúcio Masaaki Matsuno

Capa
Setor de Marketing - UnP
Cyro Lucas Filgueira Souza, Colaboração

Equipe de Diagramação
Jádson Rodrigo Ferreira de Lima, Coordenador.
Ana Beatriz Amorim da Câmara, Estagiária
Cyro Lucas Filgueira Souza, Estagiário
Danycelly Pereira da Silva, Estagiária
Hellen Leal Jambor Nobre, Estagiária

S586a Lima, Iran Marques.


Meio ambiente e desenvolvimento sustentável / Iran Marques
Lima, Ilcleidene Pereira de Freitas; organização de Luciana Lopes
Xavier, Marcos Aurélio Felipe. – Natal: NEAD, 2006.
p.196

1. Meio Ambiente. 2.Desernvolvimento sustentável. �������������


I. Freitas,
Ilcleidene Pereira de. II. Título.

RN/UNP/BCRF CDU: 331.108.4:65


Conhecendo os Autores
PROFESSOR(ES) AUTOR(ES)

IRAN MARQUES DE LIMA

Sou Graduado em Engenharia Química (UFRN), Especialista em Engenharia


de Segurança do Trabalho (FAAP-SP), Mestre Engenharia da Produção (PEP-UFRN) e
Doutorando em Engenharia Ambiental (PPGEQ-UFRN). Professor do Curso Adminis-
tração de Empresas da Universidade Potiguar, ministro disciplinas relacionadas às áreas de
Meio Ambiente, Elaboração e Análise de Projetos, e Organização Industrial. Atuo igual-
mente como Consultor Empresarial nas áreas de Meio Ambiente e Gestão Industrial.

ILCLEIDENE PEREIRA DE FREITAS

Sou Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Paraíba –


UFPB – e Mestre em Economia Rural e Regional pela Universidade Federal de Campina
Grande. Professora do Curso de Administração de Empresas da Universidade Potiguar, mi-
nistro disciplinas das áreas de Economia e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


Entendendo Meio Ambiente 

Entender as grandes questões ambientais, suas causas e conseqüências em nosso


ambiente sócio-econômico representa para você, caro aluno um momento de reflexão so-
bre desenvolvimento e sustentabilidade.
Investigando as origens das não-conformidades geradoras de interferências ao meio
ambiente, pretendemos aguçar no estudante o posicionamento crítico que esperamos ser
essencial no desenvolvimento de uma postura proativa relativa à causa ambiental.
Discutindo ferramentas de conformidade ambiental, buscamos fornecer ao profis-
sional em formação condições para que ele exerça com eficiência o seu papel como efetivo
ator nesse processo de transformação da sociedade.
Finalmente, discutir a questão ambiental no meio empresarial, nos leva a refletir e
nos possibilita contribuir para uma mudança de posicionamento que desloque o trato des-
sas questões da condição de ameaça à existência da empresa, para um efetivo instrumento
de diferenciação competitiva das organizações.
Este Módulo de estudos está dividido em dez (10) Momentos, cada um abordando
um tema/parte de um tema específico, equivalendo a quatro horas/aula (04 h/a) semanais.
A carga horária total da disciplina é de quarenta horas/aula (40 h/a). Os Momentos são
compostos, predominantemente, de explanação do assunto-objeto de aprendizagem, se-
guida de uma proposta de atividade, para prática do conteúdo visto.
Esperamos que você perceba, através dos temas discutidos e das atividades realiza-
das em cada Momento de estudo, a importância e a utilidade desta disciplina para a sua
vida pessoal, estudantil e profissional.
Desde já, desejamos a você uma boa leitura e um ótimo aprendizado.

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


Plano da Disciplina 11

1 IDENTIFICAÇÃO
MODALIDADE: a Distância
DISCIPLINA: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

PROFESSOR: Iran Marques de Lima e Ilcleidene Pereira de Freitas


PROFESSOR TUTOR:
CARGA HORÁRIA
MOMENTOS A MOMENTOS
TOTAL
DISTÂNCIA PRESENCIAIS
32H 8H 40H

2 EMENTA

Introdução ao estudo do Meio Ambiente. Noções gerais sobre problemas ambientais,


impactos, práticas sustentáveis, Agenda 21, conformidade e legislação ambiental.
Estudos sobre o processo de interação entre o homem e a meio ambiente.

3 OBJETIVOS

Geral
Conhecer as relações de interferência da questão ambiental no atual cenário de econo-
mia globalizada, e sua influência na competitividade das organizações de manufatura
e serviços.

Específicos
• Conhecer as origens das atividades impactantes ao meio ambiente, e como elas pro-
piciam as grandes questões ambientais que interferem no contexto da sociedade.
• Examinar as principais ferramentas de conformidade disponíveis para a obtenção
das boas práticas ambientais.
• Identificar os principais instrumentos legais a serem utilizados para a obtenção da
conformidade ambiental na interação entre as organizações produtivas e a sociedade.

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


12 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I
• Sensibilização
�������������������������
ambiental.
• As grandes questões ambientais.
• Meio ambiente como instrumento de competitividade e responsabilidade social
corporativa.
• A Agenda 21
• Práticas Sustentáveis.

UNIDADE II
• A Gestão Ambiental – conceitos.
• A Gestão Ambiental – mecanismos e ferramentas.
• Análise de Ciclo de Vida.
• Direito e legislação ambiental.

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta disciplina, adota-se o método do atendimento à distância (via Internet), em que


o (a) aluno(a)-cursista fará individualmente as leituras e as tarefas propostas em cada
Momento de estudo, obedecendo aos critérios estabelecidos. Caberá ao (à) Professor(a)-
Tutor (a), o acompanhamento do aluno (a) através da rede virtual, fornecendo-lhe os
esclarecimentos e as instruções convenientes, bem como prescrevendo-lhe qualquer
outra atividade extra que se fizer necessária.

6 ATIVIDADES DISCENTES

• Ler a exposição teórica do tema em pauta.


• Resolver as atividades propostas.
• Realizar as consultas sugeridas e as demais tarefas solicitadas.

7 PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

A avaliação será contínua, através do acompanhamento sistemático do desempenho


do aluno (a) nas atividades propostas. Também será aplicado um exame avaliativo
geral ao término de cada Unidade de estudos.

Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável


O Caminho 13

UNIDADE I

primeiro momento
Sensibilização ambiental 15
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

SEGUNDO MOMENTO
As grandes questões ambientais 31
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 O CRESCIMENTO POPULACIONAL
2.2 A CHUVA ÁCIDA
2.3 A REDUÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
2.4 O EFEITO ESTUFA
2.5 A DESTRUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
2.6 A POLUIÇÃO
2.7 O PROBLEMA DA ESCASSEZ DE ÁGUA
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

TERCEIRO MOMENTO
Conformidade ambiental como mecanismo de competitivida-
de e responsabilidade social corporativa 47
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 O NOVO CENÁRIO DE NEGÓCIOS
2.2 A EMPRESA COMO INSTITUIÇÃO SOCIOPOLÍTICA
2.3 DISCUTINDO RESPONSABILIDADE SOCIAL
2.3.1 Evoluindo para a conscientização social
2.3.2 A variável ambiental na empresa
2.3.3 A discussão na empresa
2.3.4 A repercussão na empresa

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


2.4 OS INSTRUMENTOS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL
14 3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

QUARTO MOMENTO
A Agenda 21 65
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 ESTRUTURA DA AGENDA 21
2.1.1 Modelo de desenvolvimento versus estilo de desenvolvimento
2.2 A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

QUINTO MOMENTO
Práticas sustentáveis 83
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 COLETA SELETIVA
2.2 RECICLAGEM
2.3 LOGÍSTICA REVERSA
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

UNIDADE II

SEXTO MOMENTO
Gestão ambiental: conceitos 101
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 CONTROLE DA POLUIÇÃO
2.2 CONTROLE DA POLUIÇÃO
2.3 ABORDAGEM ESTRATÉGICA
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR
Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável
SÉTIMO MOMENTO
Gestão ambiental: ferramentas e mecanismos 115 15
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 O PROGRAMA DE ATUAÇÃO RESPONSÁVEL
2.2 ATUAÇÃO RESPONSÁVEL - PRINCÍPIOS DERIVATIVOS
2.3 O PROGRAMA DA SÉRIE ISO 14.000
2.4 REQUISITOS DO SGA
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR

OITAVO MOMENTO
Ecoeficiência (produção mais limpa) 135
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 O QUE É PRODUÇÃO MAIS LIMPA?
2.2 P + L NO MUNDO - COMO SURGIU?
2.2.1 E no Brasil, como estamos?
2.2.2 Abordagens P+L
2.2.3 Metodologia de P+L
2.2.4 Divisão do programa em etapas, tarefas e atividades
2.2.5 Etapas de implantação de um programa P+L
2.2.6 P+L na prática
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR
NONO MOMENTO
Análise de ciclo de vida de produtos 151
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
2.1.1 Buscando a padronização
2.1.2 Análise de ciclo de vida: fases do processo
2.1.3 Ferramentas de apoio à realização de ACV: métodos e programas
computacionais
2.1.4 A análise de ciclo de vida como uma ferramenta para vários propósitos:
tecnologias, sistemas e análises de serviços
2.1.5 Aplicação do ACV ao gerenciamento ambiental
2.1.6 Limitações da ACV
2.1.7 Desenvolvimento da ACV, evoluções de técnicas e associações com outras
ferramentas
Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável
2.1.8 Produtos verdes
16 3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR
ANEXO

DÉCIMO MOMENTO
Direito e legislação ambiental 167
1 POR QUE APRENDER 18
2 O QUE APRENDER 18
2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS
2.2 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
2.3 A COMPETÊNCIA ESTADUAL
2.3.1 Os conselhos estaduais
2.3.2 Instrumentos de conformidade
2.4 QUEM DEVE SE LICENCIAR?
2.5 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL - RELATÓRIOS DE IMPACTO
SOBRE O MEIO AMBIENTE 9EIA/RIMA)
2.6 COMPETÊNCIA DO IBAMA
2.6.1 Empreendimentos e atividades
2.6.2 Competência de órgão estadual do meio ambiente
2.6.3 Competência do órgão municapal do meio ambiente
2.7 A PROMOTORIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
3 RELEMBRANDO
4 O QUE FAZER
5 PARA SABER MAIS
ONDE ENCONTRAR
REFERÊNCIAS

Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável


PRIMEIRO MOMENTO 19

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

20

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

Anotações Sensibilização Ambiental 21

1 POR QUE APRENDER

Pensar o meio ambiente é pensar na própria condição de exis-


tência de vida no planeta, pois meio ambiente é tudo que nos cerca e
que nos possibilita desenvolver.
A construção desse desenvolvimento parte do princípio de que
necessitamos de recursos naturais, renováveis e não-renováveis, para se
atender e melhorar a qualidade de nossas vidas.
Nesse sentido, no nosso primeiro Momento, você encontrará
uma evolução da questão/problema ambiental, tendo como marco a
Revolução Industrial e de como suas decorrências têm influenciado na
construção do que se convencionou chamar de desenvolvimento sus-
tentável. O nosso objetivo, com essa construção histórica da degrada-
ção ambiental, é que você fique sabendo que há muito tempo a relação
dos seres humanos com o meio ambiente deixou de ser harmoniosa e
configura-se cada vez mais nociva. Os problemas ambientais cada vez
mais fazem parte do nosso cotidiano e isso é bastante perceptível, não
é mesmo? Basta ligar a TV, abrir uma revista ou “passear” pela Internet
que eles estão lá. Algumas vezes, basta olharmos pela janela de nossas
casas, que nos deparamos com lixos nos terrenos baldios, com poluições
visuais e tantas outras.
Nesse contexto, justifica-se o estudo da questão ambiental como
um primeiro passo no processo de conscientização e de construção de
ferramentas pelos profissionais/cidadãos na busca de uma sociedade
mais sustentável.

2 O QUE APRENDER

Desde que passamos a utilizar os recursos naturais para atender-


mos nossas necessidades, o que já acontece há milhões de anos, a natu-
reza vem sofrendo suas conseqüências. No princípio dessa utilização, a
produção era artesanal (feita à mão), portanto, lenta, assim dava tempo
do meio ambiente, do qual foi extraído o recurso, se recompor. Lem-
bre-se, também, de que no início dos tempos, nós, seres humanos, não
passávamos de poucos grupos com pequena capacidade de interferência
no meio ambiente. Por exemplo, nos agrupávamos em Clãs, primeira
forma de organização da sociedade.
O progresso das civilizações tem se baseado nos meios extra-
ídos da natureza para atender uma escala de necessidades cada vez
mais crescente. Entre esses meios, as fontes de energias passaram a ser
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
PRIMEIRO MOMENTO

determinantes na conquista desse desenvolvimento e, conseqüente-


22 mente, em sua manutenção. Anotações
Logo a seguir, você encontrará um quadro explicando alguns dos
principais conceitos que serão utilizados no decorrer de nossos Momentos.

Conceitos
Crescimento Econômico
Aumento da capacidade produtiva da
economia e, portanto, da produção de bens e serviços
de determinado país ou área econômica. É definido
basicamente pelo índice de crescimento anual do Produto
Nacional Bruto (PNB) per capita (SANDRONI, 2001).

Desenvolvimento Econômico
Aumento do PNB per capita acompanhado
pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações
fundamentais na estrutura de sua economia (SANDRONI, 2001).

Progresso
Processo de mudança que seria impulsionado pelo
desenvolvimento tecnológico e conduziria, entre outros aspectos, ao
crescimento da riqueza socialmente produzida e a sua distribuição
mais eqüitativa entre os indivíduos (SANDRONI, 2001).

Com a Revolução Industrial, as primeiras fábricas utilizavam a for-


ça das águas para gerar energia e produzir mercadorias. Com a introdução
do carvão como matriz energética, libera-se as unidades de produção (fá-
bricas) para se instalarem onde o “capitalista empreendedor” deseja e onde
for mais lucrativo, dessa forma as fábricas não estavam mais sujeitas às con-
dições naturais para sua instalação, tais como a existência de quedas d’água,
mas sim onde as condições necessárias à produção pudesse ser encontradas
a baixo custo, o que possibilitou o crescimento dos centros urbanos.

Conceito de Matriz energética


Também conhecida como padrão energético, diz
respeito à utilização em larga escala de um recurso
como fonte de energia que propicia a geração de bens e serviços.
Historicamente, o ser humano tem feito uso, por exemplo, do
carvão, durante o período da Revolução Industrial e depois, na
nossa era, do petróleo.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

A mudança na fonte de energia da queda d’água para o carvão


Anotações provocou a destruição de muitas florestas, principalmente na Inglater- 23
ra, berço da Revolução Industrial. A partir dessa revolução, a produção
deixa de ser artesanal e passa a ser manufatureira, isto é, sai simples-
mente a mão-de-obra e entra o emprego das máquinas, o que acelera
a produção e, conseqüentemente, a utilização dos recursos passa a ser
cada vez maior. A criação de máquinas de fiar (tecidos) e posteriormen-
te o uso da máquina a vapor revolucionaram o processo de produção
(RIZZO ; PIRES, 2005).

Rizzo e Pires (2005) afirmam que o aparecimento do motor a


vapor possibilitou o desenvolvimento tecnológico no processo produ-
tivo, pois não mais dependia da roda d’água. O trabalho especializado,
iniciado pela produção manufatureira, foi intensificado pela introdução
de máquinas-ferramentas e como a nova fonte energética exige equipa-
mentos mais resistentes, a indústria siderúrgica se desenvolveu rapida-
mente, e simultaneamente, a indústria metal-mecânica também.
Perceba que, desde a Revolução Industrial até o século XXI, o
processo de produção de mercadorias é determinado pela evolução tec-
nológica decorrente de cada estágio energético adotado e que termina,
por um período de tempo, tornando-se hegemônico. Foi assim com o
carvão e ainda é assim com o petróleo.
Observe que na Revolução Industrial (meados do século XVIII)
é que vão surgir o que hoje se conhece como problemas ambientais. Para
você ter uma idéia, no pós-revolução industrial, o número de substân-
cias sintetizadas e tóxicas lançadas no meio ambiente passa hoje de 10
milhões e o que mais impressiona é que esse número não para de crescer
em função do nosso próprio desenvolvimento (BARBIERI, 2004).
Associado à Revolução Industrial, podemos destacar como pro-
blemas ambientais:


crescimento desordenado das cidades o processo de industria-
lização atraiu grande parte da população rural para os centros
urbanos, os quais passaram a se desenvolver em torno das fá-

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

bricas. Como conseqüência, gerou-se uma densidade popu-


24 lacional nas cidades que, associada ao crescimento vegetativo Anotações
da população, aumentou a demanda por alimentos;
 inchaço urbano fez com que a população pobre construisse
suas casas em áreas de risco, como em morros (favelas), mar-
gens de rios (palafitas) ou assoreando os rios;
 poluição do ar, em função das chaminés das fábricas, das
águas e do solo pela ausência de tratamento dos resíduos quí-
micos utilizados na produção etc;
 crescente acúmulo de lixo doméstico e industrial e sua incor-
reta disposição final;
 desmatamento e desertificação. O primeiro em função da
necessidade de matérias-primas para a produção em larga es-
cala; o segundo, pela necessidade de se gerar alimentos, tanto
para atender a uma crescente população como a uma política
econômica centrada num modelo exportador de produtos
agrícolas: o uso de agrotóxicos e de técnicas de cultivo agres-
sivas ao solo provocou erosão e evoluiu para perda total da
fertilidade da terra;
 surgimento do buraco na camada de ozônio – , a qual prote-
ge a Terra da radiação utravioleta do sol;
 desperdício da água, o que tem gerando um processo de escassez.

Desafio
Você poderia identificar alguns desses problemas
na sua cidade?

A percepção de que o desenvolvimento causava impactos so-


bre o meio ambiente deu-se de forma muito lenta e quase que iso-
lada por parte de algumas nações. Assim, os problemas ambientais
foram tratados a princípio de forma isolada, embora a ação humana
ao modificar um ecossistema termine por desencadear alterações em
toda uma cadeia de vida. Então, surgiram os primeiros acordos para
preservação da fauna e da flora.
Uma das primeiras vozes a questionar a interação homem/
meio ambiente foi Rachel Louise Carson, escritora, cientista e
ecologista norte-americana, nascida em 1907 na cidade rural de
Springdale, Pensilvânia. Devemos a ela o livro que marcou o início
da revolução ecológica nos Estados Unidos: The Silent Spring (A
Primavera Silenciosa), o qual traz uma série de advertências sobre
o meio ambiente. Ainda hoje, a obra é considerada uma das mais
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
PRIMEIRO MOMENTO

importantes do século, ajudando a desencadear uma mudança de


Anotações postura dos EUA e de outros países do mundo em relação aos pes- 25
ticidas e poluentes.

Reflexão
O homem é parte da natureza e sua guerra contra
a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si
mesmo... Temos pela frente um desafio como nunca a
humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso
domínio, não da natureza, mas de nós mesmos.
(Rachel Carson)

O processo de conscientização foi e ainda é muito lento no que


diz respeito aos problemas que envolvem o meio ambiente, mas pode-
se destacar a década de 70 como extremamente rica no que se refere às
discussões em escala mundial da questão ambiental.
A expansão do modelo de produção em escala planetária tem su-
citado muitos debates quanto à sustentabilidade desse modelo de desen-
volvimento capitalista baseado numa matriz energética não-renovável.
Um dos principais eventos ocorridos na década de 70 foi o que
ficou conhecido como Clube de Roma (1972), cujo caráter era pessi-
mista, defendia o crescimento zero das nações, o que consiste, na verda-
de, em parar de crescer, pois alegava-se que se continuasse a tendência
de crescimento econômico mundial, a exaustão dos recursos dar-se-ia
no limite de cem anos.

Reflexão
Parar de crescer significa que os países desenvolvidos
(ricos) devem parar de crescer e de se desenvolver,
mas para os países em desenvolvimento significa não
mais poder chegar ao status de país desenvolvido.

Os países subdesenvolvidos foram, extremamente, contra


essa abordagem preservacionista do meio ambiente, pois queriam
o direito de explorar seus recursos naturais, industrializar-se, ge-
rar bens e serviços para sua população e, portanto, ser um país
desenvolvido.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
PRIMEIRO MOMENTO

Conceito de Abordagem Preservacionista


26
Refere-se à preservação dos recursos naturais sem
Anotações
deles fazer uso para a geração de bens e serviços.

A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, e do surgi-


mento do conceito de ecodesenvolvimento, em 1973, por Maurice
Strong, e caracterizado em 1974 por Ignacy Sachs, é que se associa
a idéia de um estilo de desenvolvimento que leva em consideração a
variável ambiental.

Conceito de Ecodesenvolvimento
Desenvolvimento que leva em consideração a
utilização e preservação dos recursos naturais e
do meio ambiente em geral. Sendo necessário para tanto, a aceita-
ção das necessidades básicas da população e o comprometimento
com as gerações futuras, a partir de programas educacionais e de
um elaborado sistema social que garanta emprego, segurança so-
cial e respeito a outras culturas.

Nessa mesma década, o movimento ambientalista tomava


corpo e forma na Europa. Na Inglaterra, no ano de 1973, para você
ter uma idéia, foi criado o primeiro partido político identificado
com as causas do meio ambiente (Ecology Party). Esse tipo de com-
portamento, que se preocupa com as questões ambientais, expandi-
se rapidamente para a América do Norte, América do Sul, Austrália,
Japão entre outros (ROMEIRO, 2003).

Desafio
Quando você tomou consciência da problemática
ambiental?

E NO BRASIL?

Infelizmente, nosso processo de desenvolvi-


mento não foi muito diferente do restante
do mundo, centramos nossa industrialização
numa matriz energética e num recurso natural

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

não-renovável: o petróleo. De acordo com Rizzo e Pires (2005), a


Anotações utilização em larga escala do uso de petróleo e de seus derivados pro- 27
vocou um aumento na produção de bens de consumo nunca visto
na história da humanidade. Gerou-se como conseqüência do nos-
so progresso e desse crescimento econômico uma distância enorme
entre ricos e pobres, pois o crescimento não veio acompanhado de
um desenvolvimento social. O Brasil possui a segunda pior concen-
tração de renda do mundo. Somos vice-campeões em desigualdade
social (o campeão é um país do continente africano que se encontra
em guerra civil há mais de 10 anos: Serra Leoa).

Conceitos
Recursos renováveis
São aqueles que a natureza consegue regenerar,
através de seus processos.
Recursos não-renováveis
São aqueles que existem em uma quantidade fixa
no planeta para uso do ser humano, embora a natureza consiga reno-
vá-los em milhões de anos. Convencionou-se chamá-los de não-reno-
váveis, pois a escala temporal de vida do ser humano não nos permite
esperar essa renovação.

Por sua vez, a construção do pensamento ambiental no Bra-


sil foi um caso a parte. É do conhecimento de todos que na década
de 70 vivíamos sob um Regime Militar – em uma ditadura, na
qual a livre expressão do pensamento era considerada ato criminal.
Em meio a tudo isso, surgiu em Porto Alegre a “Associação Gaú-
cha de Proteção ao Ambiente Natural” (AGAPAN), sob a coorde-
nação de José Lutzemberger. Em 1979, com a volta de lideranças
políticas, intelectuais e artistas, exilados pela ditadura e abrigadas
em diversos países, acabou-se por absorver um conhecimento pós-
materialista (atribuição de valor, qualidade, à natureza, ao que se
está consumido e como se está vivendo) o qual ajudou a difundir o
pensamento ambientalista no Brasil.

Saiba Que
José Lutzemberg – ex-Ministro do Meio Ambiente, Agrônomo e escri-
tor. Um dos seus primeiros livros foi “Fim do futuro? Manifesto Ecológico
Brasileiro”, considerado uma referência na questão ambiental no Brasil.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

É importante, observar é que, para se difundir no Brasil, o


28 pensamento ambientalista teve que incorporar outros posiciona- Anotações
mentos, como a melhoria em habitação, saneamento, saúde etc.,
além dos da vertente ambiental, posto que não se conseguia ade-
sões às causas que se enfatizava exclusivamente ambientais, como
a preservação dos mangues e das florestas. Assim, incorporou-se
ao movimento reivindicações por uma melhor qualidade de vida
das populações urbanas e rurais, sempre buscando fazer associações
entre a qualidade de vida e o uso dos recursos naturais, o que cul-
minou, com a criação do Partido Verde em 1986.
Em meio a tudo isso, ocorria no mundo uma série de acidentes
ambientais que colocam em alerta a população de um modo geral.
Certamente, você já ouviu falar do desastre ecológico, que
ocorreu na costa do Alasca, provocado pelo vazamento de 41 mi-
lhões de litros de petróleo do navio Exxon Valdez no final da década
de 80. Tal fato chamou a atenção de todo o mundo, pois constituiu-
se numa catástrofe nunca vista até então. A empresa foi responsabi-
lizada e multada em mais de US$ 5 bilhões pelos danos provocados
(GREENPEACE, 2005).
Vale salientar que a fauna e a flora, no momento em que esta aula
está sendo elaborada, ainda não se recuperou por completo do ocorrido.
E a empresa continua atuando livremente por todo o mundo.

Saiba Que
Se você nunca ouviu falar do navio Exxon Valdez, garanto que conhece a
empresa ExxonMobil, que atua no mundo inteiro sob a marca ESSO.

Você não precisa ir muito longe para saber as conseqüências da falta


de cuidado com relação às práticas das empresas para com o meio ambiente.
No Brasil, por exemplo, tivemos vários incidentes associados a
Baía da Guanabara, no estado do Rio de Janeiro. Além de derramamen-
tos de petróleo, relatórios indicam contaminação com Poluentes Orgâ-
nicos Persistentes (POPs) e metais pesados em suas águas, sem contar
esgotos domésticos (GREENPEACE, 2005a).

Saiba Que
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) – causam efeitos graves ao meio
ambiente e tendem a aumentar e acumular ao longo da cadeia alimentar. Ex:
vegetais peixes a homens a filhos ... e segue.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

Anotações Reflexão e Desafio 29


Não é loucura o ser humano destruir o que precisa
para sobreviver?
Nós poluímos a água que precisamos para beber;
poluímos o ar que respiramos...
Não estamos aos poucos suicidado-nos?

Pense sobre isso e produza um texto com suas


reflexões.

A partir da divulgação do Relatório Brundtland, de 1987,


o mundo passa a conhecer o conceito de desenvolvimento susten-
tável, que tem nas suas bases o atendimento das necessidades da
geração presente sem comprometer a capacidade das próximas
gerações de atenderem suas próprias necessidades. Isso implica
em utilizar os recursos naturais, base da produção de bens e serviços,
de forma cada vez mais racional. Implica também precisar termos,
como, por exemplo: o que é exatamente necessidade; de que forma
se irá atender essas necessidades; como será a racionalidade dos re-
cursos (FREITAS, 2002).

Diante da constatação de que a capacidade de carga (suporte de


pessoas e de geração de recursos de que se dispõe) do planeta Terra não
poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes catástrofes ambien-
tais, Romeiro (2003) advoga que é preciso criar o quanto antes as con-
dições socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não
apenas um rápido progresso tecnológico, como também uma mudança
em direção a padrões de consumo.

É com essa intenção que surge a Agenda 21, que será objeto de
estudo num próximo Momento.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

3 RELEMBRANDO
30 Anotações

4 O QUE FAZER

Seria possível identificar quais dos problemas ambientais cita-


dos neste Momento existem em sua cidade? E quais problemas, que não
foram citados, caracterizam sua cidade/região?

5 PARA SABER MAIS

BURSZTYN, Marcel. Para pensar o desenvolvimento sustentável. 2.


ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio


de Janeiro: Garamond, 2000.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

Nestes livros, você irá encontrar todo o processo de construção


Anotações metodológico e interdisciplinar pelo qual passou a construção do con- 31
ceito de desenvolvimento sustentável.

ECONOMIA net. Conceito de desenvolvimento sustentável. Dis-


ponível em: <http://www.economiabr.net/economia>. Acesso em: 20
out. 2005.

CULTURA Brasileira. Revolução industrial. Disponível em:


<http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaoindustrial.htm> Acesso
em: 20 out. 2005.

GESTIOPOLIS. A reorganização do trabalho no mundo do traba-


lho. Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/recursos/documen-
tos/fulldocs/rrhh/trabalho.htm>. Acesso em: 20 out. 2005.

GREENPEACE. O pior desastre químico da história. Disponível em:


<http://greenpeace.org.br/toxicos/?conteudo_id=435&content=1>.
Acesso em: 30 set. 2005.

Nesses sites bem distintos você vai encontrar, respectivamente,


uma abordagem sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, um
resumo do que foi a Revolução Industrial e o fator trabalho, enquanto
mão-de-obra, uma análise histórica e inúmeras reportagens a respeito
dos grandes desastres ecológicos ocorridos no mundo e no Brasil.

ERIN BROCKOVICH, uma mulher de talento. Direção de Ateven


Soderbergh. Produção de Danny De Vito. EUA: Jersey Films, 2000.
1 DVD.

Filme estrelado pela atriz Julia Roberts, que trabalha numa agência de
advogados e resolve investigar a contaminação da água por uma grande empresa
numa pequena cidade. Este filme dar-lhe-á a noção do impacto causado ao meio
ambiente e, conseqüentemente, à vida das pessoas pelos desastres ecológicos.

ONDE ENCONTRAR

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos,


modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

FREITAS, Ilcleidene P. O desenvolvimento sustentável da agricultura fami-


liar sob condições adversas: o caso da comunidade de Caxeiro, em Juarez Tá-
vora, PB. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, 2002.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

GREENPEACE. Baía da Guanabara é envenenada pela indús-


32 tria: relatório do Geenpeace expõe responsabilidade industrial na Anotações
contaminação do cartão-postal carioca. Disponível em:<http://
www.geenpeace.org.br/toxicos/?conteudo_id=435&content=1>.
Acesso em: 30 set. 2005a.

GREENPEACE. Desastre do Exxon Valdez uma contínua histó-


ria de mentiras. Disponível em: <http://greenpeace.org.br/oceanos.
php?conteudo_id=1132>. Acesso em: 30 set. 2005b.

ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Economia ou economia política da sus-


tentabilidade. In: MAY, Peter H; LUSTOSA, Maria Cecília; VINHA,
Valéria da. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, 2003.

RIZZO, Luis Gustavo Pascual; PIRES, Marcos Cordeiro. A questão


energética: da exaustão do modelo fóssil ao desafio da sustentabilidade.
Revista de economia e relações internacionais, São Paulo, v. 3, n. 6,
p. 88-103, jan. 2005.

SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 6. ed. São


Paulo: Editora Best Seller, 2001.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


PRIMEIRO MOMENTO

33

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO 35

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

36

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

Anotações As Grandes Questões 37


Ambientais
1 POR QUE APRENDER

No Momento anterior você passou a conhecer a problemática


ambiental a partir do seu contexto histórico. Foi discutido ainda de que
maneira as atividades produtivas interferem no meio ambiente, geran-
do os aspectos ambientais capazes de originar os impactos ambien-
tais nem sempre danosos, mas reconhecíveis.
Neste Momento, discutiremos a dualidade aspecto/impacto
ambiental como uma relação causa/efeito, ou seja, o aspecto am-
biental causa conseqüente impacto. Sua aplicabilidade será discuti-
da em detalhes posteriormente, no Quinto Momento. Evoluiremos
assim para discutirmos as grandes questões ambientais, os aspectos
geradores de impactos modificadores ao meio ambiente, suas causas
e conseqüências.
Entendemos relevante a análise das questões, anteriormente
dispostas, a partir dos seguintes argumentos:

• conhecer as grandes questões ambientais do nosso meio am-


biente, contribuindo para criar no cidadão uma postura pro-
ativa relativa à causa ambiental;
• entender que o processo gerador de impactos ambientais nos
torna, tanto no ambiente social ou corporativo, responsáveis
e solidários com a difusão da discussão sobre sustentabilida-
de e os seus mecanismos.

Assim, iniciaremos a nossa discussão do Segundo Momento.

2 O QUE APRENDER

As questões ambientais passíveis de causar modificação no nosso meio


ambiente e, conseqüentemente, interferir no nosso cotidiano, caro aluno, re-
presentam um tema de amplitude global. O homem interfere sobre o meio
que o cerca desde os primórdios da evolução. Mas, como vimos no Primeiro
Momento, a partir do advento da revolução industrial, a atividade produtiva
organizada passou a gerar impactos ambientais, por sua capacidade de gerar
substâncias potencialmente nocivas, numa velocidade maior que a capacidade
do ecossistema se recompor. Assim, se configura uma equação desequilibrada
– a capacidade de depuração do planeta é menor que o ritmo de modificação
imposto pela sociedade industrial, nos termos atualmente estabelecidos.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

Desta forma, defrontamo-nos com uma evidente situação de


38 comprometimento do equilíbrio que, caso não seja restabelecido, com- Anotações
promete a sustentabilidade do planeta.
Portanto, caro aluno, a seguir discutiremos as principais causas des-
te desequilíbrio e as formas de atenuação e/ou eliminação dos seus efeitos.

2.1 O crescimento populacional

Entre 500 a.C. e 1.700 d.C., ou seja, durante 2.200 anos, a po-
pulação do planeta sempre esteve abaixo de 500 milhões de habitantes.
Com a revolução industrial houve a evolução da ciência, a qual permi-
tiu uma vida mais longa para a humanidade. Como conseqüência disso,
a população, nos últimos 300 anos, cresceu de forma muito rápida, o
que sem dúvida colaborou para o comprometimento dos recursos natu-
rais e para a degradação das águas, ar e solo (CNTL, 2003).
A partir de meados do século 18, a população humana iniciou
um processo de migração para os centros urbanos, acarretando pro-
blemas dos mais variados, tais como a falta de saneamento básico, de
abastecimento de água e de coleta do lixo, fatores estes que representam
altos riscos para a saúde, e são fatores de degradação do meio ambiente
das cidades. Somam-se a estes a deficiência no abastecimento de água
e no tratamento de esgotos, além dos cada vez mais escassos espaços
disponíveis para a disposição do lixo.
O cenário é preocupante. Pesquisa desenvolvida pelo Population
Reference Bureau, organização não-governamental sediada nos Estados
Unidos, no ano de 2001, nos remete a uma evolução do crescimento
populacional como a disposta, a seguir, na Figura 1:

Figura 1 – Crescimento da população mundial


Fonte: Population Reference Bureau and United Nations, 2001.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

A partir dos dados dispostos na figura anterior, vemos que a


Anotações espécie humana levou 1.800 anos para atingir o primeiro bilhão de ha- 39
bitantes. O fenômeno da aglomeração urbana, anteriormente descrito,
passou a alterar drasticamente este quadro, até o final do Século XX
quando foram necessários apenas 12 anos para evoluirmos do quinto
para o sexto bilhão de habitantes, em termos populacionais.
Notamos uma previsão de diminuição no ritmo de aumento
da população, na virada do milênio. Países do norte da Europa e da
Europa Central já reduziram drasticamente o seu ritmo de crescimen-
to populacional, contribuindo para tornar menos sombrio o cenário
futuro. Mas, ainda há muito a fazer, pois o crescimento demográfico
cresce de forma inversamente proporcional aos principais indicadores
de desenvolvimentos vigentes, fato que contribui sobremaneira não so-
mente para a perpetuação, mas a ampliação das desigualdades existentes
entre os países, tornando-se assim mais um foco de exclusão social de
suas populações. Por exemplo, tratando-se da questão ambiental, a
quantidade de resíduos gerados por uma sociedade está diretamente
ligada ao seu estado de desenvolvimento. Mostramos assim que nem
sempre determinados indicadores são passíveis de orgulho para uma
sociedade. Trataremos com mais detalhes desta discussão no Quarto
Momento – Práticas sustentáveis.

Praticando
Investigue na Internet relações entre crescimento popula-
cional e pobreza, utilizando o site do DIEESE citado no
item PARA SABER MAIS.

Discutir a questão do crescimento populacional nos remete à


geração de outros aspectos ambientais a serem tratados a seguir.

2.2 A chuva ácida

O termo chuva ácida foi usado pela primeira vez por Robert
Angus Smith, químico e climatologista inglês. Ele usou a expressão para
descrever a precipitação ácida que ocorreu sobre a cidade de Manchester
no início da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento e o avanço
industrial, os problemas inerentes às chuvas ácidas têm se tornado cada
vez mais sérios (SMITH, 2005).
Um dos problemas das chuvas ácidas é o fato destas poderem
ser transportadas através de grandes distâncias, podendo vir a cair em
locais onde não há queima de combustíveis. Como vemos, poluição
não tem pátria!
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

Entenda como o problema ocorre: a atividade produtiva necessita


40 de energia para a sua operacionalização. Assim, utilizam-se de forma in- Anotações
tensiva os combustíveis fósseis para esta finalidade. Esta fonte de energia
tem como característica sempre presente residuais de nitrogênio e enxofre.
Radicais químicos formados por estas substâncias atravessam diversos es-
tados de oxidação na atmosfera e, em presença de umidade, geram ácidos
em suspensão que, posteriormente, se precipitam em forma de chuva.
Seus efeitos nocivos são os mais diversos: acidificação do solo,
degradação de monumentos históricos, modificação do ecossistema
dos lagos e rios, degradação de florestas através da destruição de espé-
cimes animais e vegetais menos resistentes com uma evidente perda
da biodiversidade.

Desafio
O que são combustíveis fósseis? Como são obtidos? Quais
os passivos ambientais da sua exploração?

A busca de alternativas para diminuir o problema representa


uma área de permanente desenvolvimento científico e tecnológico, mas
representa ainda um desafio para os governos e suas políticas públicas.
Dentre as medidas/soluções possíveis, destacamos as seguintes:

• incentivo ao uso de transporte coletivo, já que diminuindo-se o


número de carros a quantidade de poluentes também diminui;
• difusão do sistema de transporte metroviário, que por ser
elétrico polui menos do que os veículos automotores;
• priorizar a utilização de fontes de energia menos poluentes:
energias hidrelétrica, geotérmica, utilização das marés, eólica
(dos moinhos de vento), e nuclear (embora cause preocupa-
ções para as pessoas, em relação a possíveis acidentes e para
onde levar o lixo nuclear);
• purificação dos escapamentos dos veículos: utilizar gasolina
sem chumbo e implantar conversores catalíticos;
• utilizar combustíveis com baixo teor de enxofre.

2.3 A redução da camada de ozônio e suas conseqüências

O ozônio é um gás naturalmente existente na atmosfera. Subs-


tância quimicamente instável, se localiza nas camadas superiores da at-
mosfera, entre 25 e 30 quilômetros de altitude. Possui o tamanho e o
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

formato exatos para absorver a energia do Sol, que pode ser perigosa
Anotações para nós, formando uma camada protetora à vida existente no planeta. 41
Esse equilíbrio é rompido pela ação de algumas substâncias que
o degradam. Os gases denominados Halocarbonos (CFCs, HCFCs,
HFCs) destroem o ozônio, e são liberados pelas latinhas de spray aeros-
sol (de desodorantes e inseticidas, por exemplo), geladeiras, aparelhos
de ar condicionado e extintores de incêndio. O cloro livre, oriundo
desses gases, reage com o ozônio, reduzindo-o a oxigênio molecular, eli-
minando este escudo protetor natural. O acumulo da geração deste gás
em determinadas regiões torna a camada protetora por demais tênue,
permitindo quantidades significativas de radiações ultravioletas atingi-
rem a superfície do planeta.

Figura 2 – Exemplo de exposição a radiação ultravioleta


Fonte: CNTL,2003

As conseqüências dessa superexposição de radiação são as mais


diversas e nefastas possíveis: queimam as plantações, destroem células
vivas e podem provocar câncer de pele.
A forma de remediar este efeito nocivo é a mais radical – a elimi-
nação completa do HFCs do cenário produtivo mundial. A sua substitui-
ção já está em andamento, contribuindo para a diminuição das emissões
da ordem de 40% no período compreendido entre 1988 e 1992.

Saiba Mais
O período de maior exposição à radiação ultravioleta é o compreen-
dido entre 10 horas da manhã até 3 da tarde. Evite a exposição direta
ao sol, nesse intervalo, sem protetor solar.

2.4 O efeito estufa

A atividade industrial, como já citamos anteriormente, é forte-


mente suportada pela queima de combustíveis fósseis como fonte gera-
dora de calor. Outro fator que agrava o problema são os desmatamen-
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

tos. O gás carbônico (CO2), resíduo da queima, flui para as camadas


42 elevadas da atmosfera, atuando como um manto protetor, permitindo Anotações
a entrada do calor, mas não a sua eliminação. Assim, quantidades cada
vez mais elevadas desse gás na atmosfera contribuem para o aumento
indiscriminado da temperatura do planeta.
O aumento de CO2 na atmosfera tem sido significativo e, no pe-
ríodo compreendido entre 1860 e 1989, ficou em torno de 30%; entre
1958 e 1989, em 9%. Se a quantidade de CO2 dobrar, a média de tem-
peratura da terra aumentará entre 3 a 4o C, e o nível dos oceanos será
elevado de 60 centímetros a 1,2 metros, segundo se especula no meio
acadêmico. Os maiores efeitos do aquecimento global são: os efeitos que
a mudança climática causará na produção mundial de alimentos; mu-
danças na agricultura (que alterarão a viabilidade econômica de produ-
ção, bem como os níveis de emprego na agricultura (CNTL, 2003)).
As figura 3, a seguir dispostas, ilustram o fenômeno

Figura 3 e 4 – Exemplo do efeito estufa


Fonte: CNTL, 2003.

Como forma de estabelecimento de uma estratégia conjunta


para enfrentar o problema, estabeleceu-se o Protocolo de Kioto, um
instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas. Seu objetivo é que os países industrializados até
2008-2012 reduzam as emissões de gases que causam o efeito estufa em
aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990.
Importante ressaltar, no entanto, que os países assumiram di-
ferentes metas percentuais dentro da meta global combinada. As partes
(países) signatárias do documento poderão reduzir as suas emissões em
nível doméstico, e/ou terão a possibilidade de aproveitar os chamados
“mecanismos flexíveis” Comércio de Emissões, o Mecanismo de Desen-
volvimento Limpo e a Implementação Conjunta (WWF, 2005).
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

Anotações Fique Ligado 43


Como anda a adesão dos países a este protocolo? Qual a
posição dos Estados Unidos da América, o maior poluidor
do planeta?

2.5 A destruição da cobertura vegetal

Outro aspecto de fundamental importância, no panorama am-


biental, é a retirada indiscriminada da cobertura vegetal original do meio
ambiente. São diversos seus efeitos nocivos relativos ao ecossistema.
O desmatamento é provocado por queimadas e derru-
badas, e, agravado pelo mercado internacional de madeira. Suas
conseqüências não ficam restritas ao local, podem afetar o plane-
ta, pois promovem alterações climáticas, como o agravamento do
efeito estufa, além de alterar o regime hídrico local e as caracterís-
ticas do solo.
Outro aspecto relativo às conseqüências do desmatamento é a
perda da biodiversidade, um dos grandes patrimônios da humanidade.
Estima-se que existam entre 5 a 10 milhões de espécies de organismos
em todo o mundo, das quais ainda se conhece muito pouco, pois apenas
1,7 milhões foram identificadas. A grande maioria não vai ser estudada
ou conhecida, pois se estima que entre 20% a 50% das espécies estarão
extintas no início do próximo século.
Estima-se que 74% a 86% das espécies animais e vegetais
existentes vivem nas florestas tropicais. Hoje, um de cada três
remédios brasileiros vem da floresta tropical. Este número ten-
de a aumentar, pois apenas 3% das plantas foram estudadas. As
florestas tropicais têm importância significativa na definição do
clima e, caso elas desapareçam, ocorrerão alterações climáticas
profundas (CNTL, 2003).
Outra importante conseqüência da eliminação da cobertura
vegetal é a degradação do solo. Ações humanas inadequadas estão se
somando no sentido de trazer um desequilíbrio ambiental na gestão
do uso do solo. Dentre elas, destacamos a disposição inadequada de
lixo, que traz prejuízo não apenas para o solo como para as águas
subterrâneas. Além disso, poucos municípios conseguem dispor seu
lixo de forma adequada.
Práticas inadequadas de agricultura também têm causado a
diminuição do solo agriculturável, fato que, sem dúvida, trará pre-
juízos a longo prazo, pois a formação do solo agrícola leva cerca de
500 anos. O desmatamento das margens dos rios, as queimadas e
o uso intensivo de máquinas têm provocado a erosão, que colabora
para a diminuição do solo agriculturável e o assoreamento dos rios.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

Procure Saber Mais


44
Pesquise acerca das espécies ameaçadas de extinção no nosso país e na
Anotações
nossa região. Discuta com seu tutor possíveis ações preservacionistas.

2.6 A poluição

A poluição pode ser definida como a introdução, no meio am-


biente, de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as suas pro-
priedades físicas, químicas ou biológicas, afetando, ou podendo afetar
a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependem, ou tenham
contato com o meio, ou que nele venham a provocar modificações físi-
co-químicas nas espécies minerais presentes.
Tomando como base a espécie humana, tal definição, aplicada
às suas ações praticadas, levaria à conclusão de que todos os seus atos são
poluidores; como respirar, por exemplo. A fim de que se estabelecessem
limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse considerado
como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões (GPCA -
Meio Ambiente, 2005).
Entende-se uma atividade como potencialmente poluidora,
quando:

• é reconhecida como nociva à saúde, à segurança e ao bem


estar da população;
• cria condições inadequadas de uso do meio ambiente para
fins públicos, domésticos, agropecuários, industriais, comer-
ciais e recreativos;
• ocasiona dano à fauna, à flora, ao equilíbrio ecológico, a pro-
priedades públicas, privadas e estéticas;
• não esteja em harmonia com os arredores naturais.

São fontes de poluição:

• a poluição atmosférica, causa-


dora ou agravante de doenças
respiratórias;
• a atividade industrial e a
circulação rodoviária são os
principais causadores da po-
luição do ar.

Figura 4 – Fontes de Poluição


Fonte: CNTL, 2003.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

Poluição das águas, principais poluentes:


Anotações 45
• lixo industrial e doméstico;
• agrotóxicos;
• detergentes;
• metais pesados;
• petróleo.

Poluição do solo Figura 4 – Poluição das águas


Fonte: CNTL, 2003.

• Os aterros sanitários das


principais cidades do pla-
neta estão saturados, ou em
vias de saturação;
• crescem as restrições para
o licenciamento de novos
aterros;
• disposição ilegal de resíduos
Figura 4 – Poluição do solo
industriais devido aos custos Fonte: CNTL, 2003.
elevados de disposição.

2.7 O problema da escassez de água

Vivemos no planeta água! A partir dessa afirmação, torna-se


difícil entendermos a seguinte citação:

A água limpa do planeta está prestes a assumir o papel que


tinha o petróleo em 1973: uma commodity em crise, com
potencial para lançar a economia mundial num estado de
choque (CNTL, 2003, p.09).

Vamos explicar melhor. Apesar de grande parte do planeta ser


constituído de água, cerca de 97% está sob a forma de mares e oceanos,
e 2% está armazenada nas calotas polares. Assim, nos resta apenas 1%
de água doce disponível para uso.
A água a ser utilizada pelo homem deve ter qualidade adequada,
ou seja, não conter impurezas em níveis superiores ao padrão estabeleci-
do para a sua utilização. Seu consumo varia em função de vários fatores:
poder aquisitivo, hábitos, nível de educação sanitária da população, além
do tipo de cidade e das suas características climáticas (MOTA, 1997).
Mantidas a atual política de uso de água e as estimativas de
crescimento populacional, a ONU - Organização das Nações Unidas,
prevê o esgotamento do estoque útil de água potável até 2025. Aliadas
à previsível escassez de água, estão a má distribuição e a contamina-
ção dos recursos hídricos. Hoje, cerca de 1,4 bilhões de pessoas não
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

tem acesso à água potável. A cada 8 segundos, morre uma criança por
46 doença relacionada à contaminação hídrica, como disenteria e cólera, Anotações
e 80% das enfermidades do mundo são contraídas por causa da água
contaminada.
Em relação ao desperdício, estima-se que no Brasil as perdas se-
jam de 40% de água tratada, nos sistema de distribuição. A grande São
Paulo desperdiça 10 m3 de água por segundo, o que poderia abastecer
cerca de 3 milhões de pessoas por dia (Folha de São Paulo, 02/07/99).

Sua captação ocorre de várias formas:


• através do recolhimento de água da chuva, em cisternas;
• mananciais subterrâneos, tais como fontes de encostas e poços;
• mananciais superficiais, em rios, lagoas, e reservatórios artifi-
ciais (açudes).

Cremos ser de fácil entendimento que em face dos problemas


ambientais, anteriormente descritos, (ocupação urbana, atividade in-
dustrial, etc), a contaminação dos mananciais torna-se um problema
concreto cuja solução terá custo efetivamente crescente. Ou seja, não
vai faltar água, mas o processo de purificação para adequá-la ao uso se
tornará cada vez mais caro.
O que podemos fazer? A educação ambiental torna-se nova-
mente um elemento primordial no sentido de sensibilizar a população
da necessidade da promoção do uso racional da água e do papel do
cidadão neste processo de mudança.
Como se faz? Através de ações simples! Vejamos.

• Comece na sua residência. Elimine os vazamentos. Admi-


nistre e racionalize o uso da água em atividades como regar
de jardins e lavar de veículos. Consolide os dados fornecidos
mensalmente pela concessionária de serviços em planilha,
acompanhe o seu consumo mensal, e o seu comportamento
sazonal. Com essa ação simples, você poderá identificar facil-
mente qualquer alteração no seu perfil de consumo;
• No trabalho, racionalize o seu uso como qualquer insumo
de fornecimento externo. Não é porque é captada em um
poço ou em mananciais superficiais que a água deixa de
ter valor financeiro. E o custo do seu tratamento para ade-
quação ao uso? E o custo de reposição ao meio ambiente,
sob a forma de efluente?
• Finalmente, exercite a cidadania transmitindo estes concei-
tos no seu ambiente social. Torne-se assim um elemento de
mudança, para a difusão de boas práticas ambientais relativas
ao uso deste verdadeiro bem de valor do século 21.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

Saiba Mais
Anotações O termo Afluente diz respeito ao local de captação de água para sua
47
posterior utilização em um determinado processo de transformação,
enquanto o termo Efluente está diretamente relacionado ao descarte
das frações líquidas provenientes deste processo produtivo.

3 RELEMBRANDO

• As grandes questões ambientais do nosso tempo, tem como


base o crescimento da atividade produtiva.
• O crescimento demográfico e o aumento das aglomerações
urbanas contribuem sobremaneira para o agravamento
deste quadro;
• A educação ambiental emerge como um instrumento de
conscientização da sociedade no trato destas questões,
contribuindo para formar um cidadão proativo quanto ao
trato adequado da conformidade ambiental na coletividade.

4 O QUE FAZER

Este Momento foi bastante informativo para você, mas de que


forma estas questões influenciam o seu cotidiano? Elabore uma relação
destas interferências, citando como, no papel de cidadão, você pode exer-
cer uma ação proativa no sentido de contribuir para melhorias. Envie
este relatório para o seu tutor e discuta com ele as suas considerações.

5 PARA SABER MAIS

FELLENBERG, G. Introdução aos problemas da poluição ambien-


tal. São Paulo: EPU, 1998.

Nesta obra, são descritos os efeitos dos fatores mais importantes


da poluição ambiental: fatores de origem industrial, fatores devidos às
práticas da pecuária, da medicina e da vida doméstica.

CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Humanitas


Editora/FFLCH/USP, 1998.

Nesta obra, o autor discute a problemática da disposição, apro-


veitamento energético dos resíduos sólidos, e quantifica estas opções de
gerenciamento.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SEGUNDO MOMENTO

CBDS-Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/>. Acesso em:


48 24 jan. 2006. Anotações
Site do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimen-
to Sustentável. CEBDS integra uma rede global de mais de 50 conselhos
nacionais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de
fazer negócios ao redor do mundo.

WWWF- Disponível em: <http://www.wwf.org.br/wwf/opencms/


site/list_news.jsp?channelId=91&newsChannelId=91>. Acesso em:
24 jan. 2005.

Site do World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natu-


reza), tornou-se uma das mais respeitadas redes independentes de
conservação da natureza.

Dieese- Disponível em: <http://www.dieese.org.br/>. Acesso em 24


jan. 2006.

Site da organização não governamental focada no desenvolvi-


mento de atividades de pesquisa, assessoria, educação e comunicação
nos temas relacionados ao trabalho.

Tv Cultura- Disponível em: <http://www.tvcultura.com.br/reportere-


co/arquivo.asp>. Acesso em: 24 jan. 2006.

Link do site da TV Cultura de São Paulo, no qual o leitor


poderá fazer o download de arquivos de vídeo indexados por assuntos
relativos à temática ambiental.

ONDE ENCONTRAR

Centro Nacional de Tecnologias Limpas. Meio Ambiente e a Pequena


e Microempresa. Porto Alegre: CNTL, 2003.

GPCA – Meio ambiente. Dados da empresa. Disponível em: <http://
www.gpca.com.br/dadosda.htm> Acesso em 17 jan. 2006.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: ABES, 1997.

UNIDO. Cleaner production toolkit. Introduction into cleaner


production. Volume 1. 2001.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

SMITH, R.A. Air and Rain, the beginnings of a Chemical Climatology


Anotações (London: Longmans, Green, & Co., 1872) http://web.lemoyne.edu/ 49
~giunta/classicalcs/smithacid.html

WIKIPEDIA. World population growth-billions. Disponível em


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Worldpopulationgrowth-
billions.jpg> Acesso em 17 jan. 2006.

WWF. O protocolo de Kioto. Disponível em <http://www.wwf.org.


br/participe/minikioto_protocolo.htm> Acesso em 20 dez. 2005.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEGUNDO MOMENTO

50

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO 51

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

52

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Anotações Conformidade Ambiental como 53


Mecanismo de Competitividade
e de Responsabilidade Social
1 POR QUE APRENDER

Neste Momento, buscamos integrá-lo enquanto aluno e futu-


ro profissional a causa ambiental, sintonizando as questões relativas ao
tema com a realidade corporativa das organizações produtivas.
Discutiremos, ao longo deste tópico, a nova postura em-
presarial relativa à interação com o meio ambiente, ação esta que
se faz necessária, como forma de manter o patamar de competitivi-
dade nesse cenário globalizado, como também o uso das ações de
responsabilidade social, utilizando-as como diferencial competiti-
vo das empresas.
Justifica-se estudar a conformidade ambiental como fator de
competitividade e responsabilidade social, a partir da análise de ques-
tões como as, a seguir, dispostas:

• a conformidade ambiental e a responsabilidade social, con-


forme demonstraremos durante o correr deste Momento, se
firmam como evidentes instrumentos de diferenciação com-
petitiva das empresas;
• a harmonia ambiental hoje emerge como um instrumento
qualificador para o acesso da empresa, seus produtos e servi-
ços a determinados mercados;
• a integração da organização à questão ambiental a coloca
consistente perante à comunidade, e a qualifica à obtenção
de linhas de crédito de organizações, as quais condicionam
concessão dos mesmos à adesão por parte da empresa, às boas
práticas ambientais.

Assim, estudaremos, neste Momento, a conformidade am-


biental como fator de competitividade e responsabilidade social das
organizações. Objetiva-se, com este Momento, contribuir para a for-
mação de um profissional integrado na organização focado em utilizar
as boas práticas ambientais como uma fonte de vantagem competitiva
para a empresa.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

2 O QUE APRENDER
54 Anotações
2.1 O NOVO CENÁRIO DE NEGÓCIOS

As empresas, no contexto que sucedeu a segunda guerra mun-


dial, particularmente nos Estados Unidos, usufruíram um período de
grande crescimento e euforia. O mercado era francamente comprador,
fortalecendo a posição das empresas que possuíam capacidade instalada
robusta (DAVIS, 2000).
Imaginem que por volta do fim dos anos 50, a recuperação industrial
de nações com forte tradição industrial como Alemanha e Inglaterra, bem
como o surgimento do Japão como potência industrial, alteram essa conjun-
tura, tornando a competitividade um tema corrente no meio corporativo.
Na esfera acadêmica, atente para o trabalho de Wickham Skin-
ner, professor da Harvard Business School, que escreveu um artigo, mos-
trando que o setor produtivo tinha um papel fundamental na estratégia
competitiva das organizações. Citou, ainda, que as empresas para tor-
narem-se e manterem-se competitivas deveriam formular uma estraté-
gia focada no cumprimento das ditas prioridades competitivas – custo,
qualidade, rapidez, e flexibilidade (SKINNER, 1969).
A celeridade de movimento deste cenário evoluiu, hoje, para
uma concorrência globalizada que agregou mais duas dimensões a estas
prioridades competitivas – a flexibilidade e o serviço (SLACK, 2002).
Hoje, como você já conhece, o contexto global é composto de empre-
sas capazes de usar de forma intensiva os recursos da tecnologia da informação,
como forma de buscar a excelência nos seus processos e serviços. Defrontamo-
nos, assim, com organizações sedentas de novos fatores de diferenciação.
Novamente, buscamos as afirmações de Davis (2000) no senti-
do de colocar a questão ambiental, juntamente com ações de responsa-
bilidade social corporativa emergentes, assim como as novas vantagens
competitivas a serem exploradas pelas empresas. Assumir estas questões
como prioritárias associa a imagem da empresa ao bem estar social,
além de criar uma impressão favorável da mesma junto à sociedade.
Emerge, assim, uma empresa que passa a tratar a questão am-
biental como uma oportunidade, deixando para trás a fase de “coman-
do e controle”, onde a questão ambiental representava apenas custo e só
era tratada como forma de adequação à legislação vigente.

Lembrete
Tratar a questão ambiental sob a forma de “comando
e controle” reporta-se à postura antiga de gerir o meio
ambiente pelo poder público através, exclusivamen-
te, do poder coercitivo das legislações. Isto será ainda
abordado com detalhes no décimo Momento.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
TERCEIRO MOMENTO

2.2 A EMPRESA COMO INSTITUIÇÃO SOCIOPOLÍTICA


Anotações 55
Neste tópico, você entrará em contato com a visão tradicional
de negócios, onde a organização tinha um compromisso apenas com a
maximização dos seus lucros. Interações sociais não eram estimuladas,
sendo consideradas até pouco relevantes ou um desvio do foco organi-
zacional. Setores conservadores do meio empresarial justificavam a sua
postura inercial com o enfoque de que “o que é bom para a as empresas
é bom para a sociedade de forma geral”, conforme Donaire (1995).
Impõem-se mudanças no contexto das organizações, notada-
mente ao que tange à forma com que a mesma interage com o meio
ambiente e a sociedade. A tecnologia de informação, com os seus ins-
trumentos, provoca a sociedade para que de forma responsável e proa-
tiva exerça a cidadania, fiscalizando e questionando ações que possam
representar eventuais danos ao seu entorno. Saliente-se ainda o papel
das promotorias estaduais do meio ambiente, traduzindo ações popu-
lares em legítimos instrumentos de questionamento na busca pela con-
formidade ambiental.

Conceito de Informática
O termo informática foi substituído nos anos 90
pela expressão Tecnologia da informação (TI), que
designa o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para
geração e uso da informação, abrangendo das redes de computadores
às centrais telefônicas inteligentes, fibra óptica e comunicação por
satélite. (BEAL, 2003).

A mídia e organizações não-governamentais completam o


elenco de atores sociais, capazes, para que de forma articulada, dis-
cutam e difundam aspectos da questão ambiental e suas interações
com as organizações.

Desafio
Investigue a existência de organizações não-governamen-
tais focadas na causa ambiental na sua comunidade, e de
que forma ela interage com a mídia para a realização de
suas ações.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

2.3 DISCUTINDO RESPONSABILIDADE SOCIAL.


56 Anotações
Neste tópico, apresentaremos a você, caro aluno, a um novo
conceito – Responsabilidade Social.
Entendemos que a natureza de uma postura de responsabilida-
de social pelas organizações nos remete a um conceito de que a empresa
deve uma justa reciprocidade à sociedade, em face da liberdade que esta
concede à empresa para existir.
A partir desta premissa, traduz-se uma forma de interação
entre empresa e sociedade, onde a efetiva contribuição busca a me-
lhoria de aspectos econômicos, de saúde pública e educacionais de
uma coletividade.
Entre os diversos exemplos de empresas que utilizam ações de
responsabilidade social e cidadania corporativa, podemos citar o exem-
plo da Natura®. Esta corporação, fabricante de cosméticos, utiliza pro-
dutos fitoterápicos extraídos de forma sustentável, preferencialmente,
utilizando-se de uma política de parcerias que transcende de ações res-
tritas ao processo produtivo, alvo da associação.
Uma fundação pertencente a esta empresa constrói escolas, ca-
pacita multiplicadores em diversas atividades desde princípios de ges-
tão, a técnicas de artesanatos. É também foco de atenção da companhia
a sustentabilidade econômica futura desta comunidade, no caso de um
eventual esgotamento mercadológico da matéria-prima produzida por
aquela comunidade. Em suma, elevar o padrão social desta comunidade
torna-se igualmente uma ação de cidadania praticada pela empresa.

Reflexão
O que torna a empresa reativa à implementação dos
princípios de responsabilidade social?

2.3.1 Evoluindo para a conscientização social

Distanciando-se da tradicional postura de comando e controle


as organizações integram-se em uma nova fase de percepção e consciên-
cia no trato da questão ambiental – a conscientização social.
Donaire (1995) refere-se a esta atitude como uma forma de a em-
presa responder às expectativas e pressões da sociedade, na forma de busca
de procedimentos, mecanismos, arranjos e padrões comportamentais de-
senvolvidos pelas empresas, capazes de responder aos anseios da sociedade.
Como forma metodológica de demonstrar esta mudança de
postura, Ackerman e Bauer (1976) desenvolveram um quadro compa-
rativo, onde é discutido o nível de envolvimento organizacional, des-
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
TERCEIRO MOMENTO

tacando-se a mudança de atitude em 03 fases distintas, como pode ser


Anotações visto no Quadro 1, a seguir. 57

Quadro 1- Fases do envolvimento organizacional no processo de conscientização social das organizações


Fonte: Adaptado de Ackerman, R e Bauer, 1976.

Conforme você pode verificar, a partir da análise do quadro an-


terior, partindo de uma política de envolvimento organizacional e evo-
luindo através das fases de implantação, obtém-se uma descentralização
do processo de conscientização social da organização, contribuindo-se,
desse modo, para a criação de uma nova mentalidade proativa e parti-
cipativa na organização.

2.3.2 A Variável Ambiental na Empresa

A nossa discussão nos remete a uma empresa que evoluiu até


a fase da responsabilidade/consciência social no trato da questão am-
biental. Mas como traduzir esta postura em ações? Donaire (1995)
sugere um caminho:

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

• prioritariamente, recuperar as áreas degradadas;


58 • a seguir, focar a organização na prevenção às futuras degrada- Anotações
ções ao meio ambiente;
• finalmente, promover a utilização positiva do meio ambiente
no processo de desenvolvimento.

Dessa forma, é preciso entender o quanto é relevante esta-


belecer mecanismos de incentivo para que as empresas privadas se
envolvam no trato da questão ambiental distanciando-se da postura
reativa de comando e controle, para a de uma organização consciente
e proativa no trato desse problema. Estes mecanismos traduzem-se
no estabelecimento de políticas públicas voltadas ao incentivo a ações
desta natureza, tais como redução de alíquotas de importação de equi-
pamentos focados na melhoria de eficiência produtiva e melhor con-
trole dos resíduos gerados.
Saliente-se ainda uma salutar iniciativa por parte de ins-
tituições de fomento financeiro do estabelecimento de fundos
ecológicos. A idéia parte do princípio de motivar investidores
conscientes, engajados à causa ambiental. a adquirirem preferen-
cialmente papéis (ações, títulos) de empresas rentáveis engajadas
na causa ambiental.
Outra iniciativa digna de menção é a publicação do Balanço
Social da empresa, instrumento válido para divulgação das ações reali-
zadas pela organização, em prol da conformidade ambiental e responsa-
bilidade social corporativa.
Ao mesmo tempo, não pode ser esquecido um fato que con-
tribuiu sobremaneira para a conformidade ambiental das empresas. As
instituições de fomento estabeleceram como um dos critérios para a
liberação de eventuais pleitos, o licenciamento ambiental em qualquer
dos seus níveis. Saliente-se, ainda, que este mecanismo transcende de
uma mera postura de consciência ambiental por parte destas institui-
ções. O fato de uma instituição de fomento contribuir para a implan-
tação de uma organização, que eventualmente se torne responsável por
um passivo ambiental, a torna responsável solidária pelo mesmo, sob o
ponto de vista legal.

2.3.3 A Discussão na Empresa

O cenário com o qual nos defrontamos demonstra a impor-


tante relevância do trato da questão ambiental, na qualidade de cida-
dãos conscientes dos conceitos e mecanismos da sustentabilidade (se
lembra do primeiro Momento)?

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Anotações Reflexão 59
Mas, e a empresa, como se posiciona em relação à questão
ambiental?
O que deve se esperar dela?

É do conhecimento de todos que o movimento de for-


mação de grandes blocos comerciais (NAFTA, MERCOSUL,
MCE), e seus mecanismos de eliminação de barreiras comerciais
entre países, provocou um choque de competitividade entre na-
ções. A imposição da conformidade ambiental como um instru-
mento qualificador para o acesso a determinados blocos, trans-
formou a adoção dos mecanismos de conformidade ambiental
em um instrumento de competitividade empresarial. Temas
como análise de ciclo de vida, produção mais limpa, e sistemas
de gestão ambiental tornaram-se rotina no cotidiano de empresas
de classe mundial.

Saiba Que
Qualificadores de pedidos são as características mínimas dos produtos e
serviços de uma empresa para a mesma ser aceita em um determinado
mercado.

Porém, como contribuir para que mais empresas adiram a este


círculo virtuoso?
Elkington e Burke (1989) sugerem um caminho, a partir
da adoção dos seus dez passos da excelência ambiental. São os
seguintes:

1 – desenvolva e publique uma política ambiental;


2 – estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos;
3 – defina claramente as responsabilidades ambientais de cada
uma das áreas e do pessoal administrativo;
4 – divulgue interna e externamente a política, os objetivos e
metas e as responsabilidades;
5 – obtenha recursos adequados;
6 – eduque e treine o seu pessoal, informe aos consumidores e
à comunidade;
7 – acompanhe a situação ambiental da empresa, realize audito-
rias e elabore relatórios;
8 – acompanhe a evolução da discussão sobre a questão am-
biental;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
TERCEIRO MOMENTO

9 – contribua para os programas ambientais da comunidade e in-


60 vista em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental; Anotações
10 – ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre
todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade,
acionistas etc.

Praticando
Procure adequar os dez passos de Elkington e Burke à em-
presa que você trabalha. Busque na Internet um exemplo e
procure adequá-lo à realidade da sua empresa. Discuta o resultado
com o seu tutor.

Portanto, cremos que, como citado por Donaire (1995),


devemos utilizar os pressupostos acima, dispostos como forma de
transformar ameaças em oportunidades de negócios. Entende-se
como forma de materialização a adoção de práticas ambientalmente
corretas, tais como a reciclagem de materiais, a instituição de bolsas
de resíduos e o desenvolvimento de novos produtos e processos pro-
dutivos, entre outras.
Como traduzir todas estas questões para o ambiente empre-
sarial? A adoção dos dez passos de Elkington e Burke (1989) não se
traduz em uma receita milagrosa de conformidade ambiental. O trato
dessas questões, no meio empresarial, exige uma materialização de fa-
tos, aspectos, impactos e interferências. Neste sentido, North (1992)
disponibilizou uma metodologia de avaliação do perfil da organização
relativo ao trato da questão ambiental. O Quadro 2, a seguir disposto,
apresenta essa forma de avaliação:

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Anotações 61

Quadro 2 – Investigação da variável ambiental na empresa


Fonte: adaptada de North, K. 1992.

Praticando
Investigue a sensibilidade ambiental da empresa em
que você trabalha, a partir da aplicação do questionário
inserido no contexto do Quadro 2.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Ainda citando North (1992), o autor consolida um número


62 considerável de razões para a empresa investir na causa ambiental, como Anotações
se verifica a seguir.

a)- Quanto aos Benefícios econômicos.


• Economia de custos
• Economias devido à redução do consumo de água, energia e
outros insumos.
• Economias devido à reciclagem venda e aproveitamento de
resíduos e diminuição do volume de efluentes.
• Redução de multas e penalidades por poluição.
b)- Incremento de receitas
• Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que
podem ser vendidos a preços mais altos.
• Aumento da participação no mercado devido à inovação dos
produtos e menos concorrência.
• Linhas de produtos para novos mercados.
• Aumento da demanda para produtos que contribuam para a
diminuição da poluição.
c)- Quanto aos benefícios estratégicos
• Melhoria da imagem institucional.
• Renovação do “portfólio” de produtos.
• Aumento da produtividade.
• Alto comprometimento do pessoal.
• Melhoria nas relações de trabalho.
• Melhoria e criatividade para novos desafios.
• Melhoria nas relações com os órgãos governamentais, comu-
nidade e grupos ambientalistas.
• Acesso assegurado ao mercado externo.
• Melhor adequação aos padrões ambientais.

2.3.4 A Repercussão na Empresa

Você precisa entender que o impacto da questão ambiental,


no contexto da organização, é diretamente proporcional ao seu po-
tencial de gerar poluição. Sua influência, no interior da organização,
se estende às diversas áreas funcionais, como pode ser visto na Figura
1, a seguir disposta, que apresenta resultados colhidos na Alemanha,
através de pesquisa articulada pelo Ministério Federal do Ambiente
daquele país.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Anotações 63

Gráfico 1 – Impacto da questão ambiental em empresas Alemãs

Donaire (1995) consolida essas interfaces no contexto orga-


nizacional, discorrendo ainda sobre as principais interveniências dos
setores no trato da questão ambiental. Como pode ser visto a partir
da análise da Figura 1, anteriormente disposta, a variável ambiental
repercute de forma mais palpável em setores onde ocorre uso intensivo
de processos tecnológicos tais como produção e pesquisa e desenvol-
vimento. O Quadro 3, a seguir disposto, descreve essas relações, mos-
trando de que forma as diversas áreas funcionais da empresa interagem
com a questão ambiental.

Quadro 3 – Interface da questão ambiental no ambiente organizacional

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

2.4 OS INSTRUMENTOS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL


64 Anotações
Para finalizar este Momento, você conhecerá um pouco sobre
os selos ambientais. A instituição desses instrumentos faz parte de uma
estratégia maior, o Marketing Verde.
Efetiva-se a adoção destes no estabelecimento de estratégias
para associar a empresa a uma imagem de boas práticas ambientais. Isso
corresponde a uma declaração pública de compromisso à conformidade
ambiental, a qual pode ser estabelecida de forma voluntária, ou através
de uma certificação por uma entidade idônea que tem associada a sua
atuação à causa ambiental.
A primeira iniciativa no estabelecimento do selo de conformi-
dade ambiental se deu na Alemanha Ocidental em 1978, com a insti-
tuição do selo Blue Angel. Esta iniciativa foi seguida por países como o
Japão, Canadá, e União Européia. A Figura 4, a seguir disposto, repro-
duz os selos citados.

Fonte: Shef.ac.uk

Desafio
Investigue sobre os diversos selos de conformidade am-
biental existentes no site abaixo:
http://www.shef.ac.uk/departments/admin/environ-
ment/sustainableprocurement/eco-labels.html

Não poderíamos concluir este tópico sem citar o conjunto


de normas ISO da série 14.000. Esse instrumento, de larga di-
fusão de garantia da qualidade ambiental de uma empresa e seus
processos/serviços, foi adotado inicialmente pelo mercado comum
europeu como um instrumento com fortes características qualifi-
cadoras. Com o passar do tempo se difundiu com base na solidez
de seus princípios, credibilidade da organização de suporte e con-
sistente metodologia de implementação, tornando-se uma referên-
cia entre os instrumentos de certificação da qualidade ambiental de
uma organização.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

3 RELEMBRANDO
Anotações 65
• No cenário de economia globalizada, a conformidade am-
biental evoluiu de uma ferramenta típica de adequação legal
das organizações para o status de prioridade competitiva.
• Ações de responsabilidade social associam a imagem da em-
presa a uma postura proativa no trato com a comunidade
residente no entorno com que ela interage.
• A publicação de Balanços Sociais e a adesão a instrumentos
de marketing verde (os selos ambientais), representam ações
legítimas de visibilidade da organização, associando a mesma
ao trato correto das questões ambientais e de responsabilida-
de social corporativa.

4 O QUE FAZER

Com base nos resultados encontrados no exercício proposto


para o Quadro 2, discuta com seu tutor em que perfil a organização se
encontra no trato das questão ambiental.
Como essa empresa está situada frente aos seus principais con-
correntes no trato ao meio ambiente? A questão ambiental é tratada
como fonte de vantagem competitiva?

5 PARA SABER MAIS

TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social cor-


porativa. São Paulo: Atlas, 2002.

Este livro apresenta conceitos e situações práticas inerentes à


gestão ambiental e à responsabilidade social no contexto das organiza-
ções, com uma abordagem focada na realidade brasileira.

ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. São


Paulo: Saraiva, 2005.

Voltado à realidade brasileira, fugindo da visão tradicionalista, mer-


cantil ou puramente filantrópica, o livro utiliza-se de abordagem inovadora
para mostrar o papel estratégico da responsabilidade social nos negócios.

IBASE- Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas- Disponí-


vel em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>
Acesso em: 24 jan. 2006.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

Site da organização não governamental iBASE – Instituto Bra-


66 sileiro de Análises Sociais e Econômicas que emite o selo Balanço Social Anotações
Ibase/Betinho O selo é conferido anualmente a todas as empresas que
publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da
metodologia e dos critérios propostos.

NATURA - Disponível em: <http://www2.natura.net/NaturaUniver-


se/Pt/src/index.asp> Acesso em: 24 jan. 2006.

Site da empresa Natura, organização que traduz com eficiên-


cia suas ações de conformidade ambiental e de responsabilidade social
como instrumento de diferenciação competitiva.

ARACRUZ- Disponível em: <http://www.aracruz.com.br/pt/index.


htm> Acesso em: 24 jan. 2006.

Site de empresa de base florestal, cujas atividades se norteiam


pelo conceito de sustentabilidade

TV CULTURA- Disponível em: <http://www.tvcultura.com.br/repor-


tereco/arquivo.asp> Acesso em: 24 jan. 2006.

Link do site da TV Cultura de São Paulo, onde o leitor poderá


fazer o download de arquivos de vídeo indexados por assuntos relativos
à temática ambiental.

ONDE ENCONTRAR

ACKERMAN, Robert, BAUER, R. Corporate social responsiveness:


the modern dilemma. New York: Reston, 1976.

BEAL, A. Introdução à gestão de tecnologia da informação.Dispo-


nível em < http://www.vydia.com.br/vydia/GTI_INTRO.PDF> Aces-
so em 12 jan. 2006.

DAVIS, M. M. Fundamentos da administração da produção. São


Paulo: Bookman, 2000.

DONAIRE, E. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas,


1995.

ECOLABELS. Disponível em: <http://www.shef.ac.uk/departments/


admin/environment/sustainableprocurement/eco-labels.html > Acesso
em: 13 dez. 2005.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
TERCEIRO MOMENTO

ELKINGTON, J., BURKE, T.The green capitalists. London:


Anotações Gallancz, 1989. 67

NORTH, K. Environmental business management. Geneve:


ILO, 1992.

SKINNER, C. W. Manufacturing – The missing link in corporate stra-


tegy. Harvard Business Review 47, nº3 (maio-junho 1969), p.136-45.

SLACK, N. Vantagem competitiva em manufatura. São Paulo:


Atlas, 2002.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


TERCEIRO MOMENTO

68

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO 69

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


QUARTO MOMENTO

70

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

Anotações A Agenda 21 71

1 POR QUE APRENDER

Pensar em desenvolvimento sustentável é pensar em alternativas


ao modelo de desenvolvimento capitalista, o qual se tornou hegemôni-
co nos últimos dois séculos.
Após a emergência do conceito de desenvolvimento sustentável
em 1983, pensou-se logo em como viabilizar a sua implantação. Assim,
em 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento Humano – CNUMAD, conhecida como ECO
92, reuniram-se no Rio de Janeiro representantes de 179 países, com
o objetivo de traçar uma política de implementação conjunta para se
implantar o desenvolvimento sustentável. Surgiu, com esse objetivo, a
Agenda 21, alvo do nosso quarto Momento.
O estudo da Agenda 21 justifica-se por ela constituir-se num
dos principais instrumentos para viabilizar a construção de novo esti-
lo de desenvolvimento. Assim, o objetivo deste Momento é informar
a você como ela foi elaborada, quais as suas metas e por quais méto-
dos se alcançarão os objetivos por ela propostos. Além da Agenda 21
Global, você também ficará sabendo como se deu a construção da
Agenda 21 Nacional.

2 O QUE APRENDER

Você saberá que a Agenda 21, uma agenda para o século XXI,
constitui-se num guia para a implantação do desenvolvimento susten-
tável, que pressupõe a participação da sociedade no seu processo de
construção, e a participação política, no intuito de que se possa gerar
renda através do uso racional dos recursos. Ela é a resultante de uma
série de eventos ocorridos previamente, como o conceito de desenvolvi-
mento sustentável, divulgado no Relatório Brundtland, o Princípio da
Precaução, da Convenção sobre o Clima, as medidas para redução da
poluição atmosférica, resultante da Conferência sobre Mudanças Cli-
máticas, entre outras (BARBIERI, 1997).
O Princípio da Precaução foi proposto pela Declaração do Rio de
Janeiro sobre o Meio Ambiente. Esse princípio estabelece que diante da ame-
aça de dano grave ou irreversível, a falta de uma considerável certeza cientí-
fica não deverá ser usada como motivo para adiar a adoção de medidas para
evitar a degradação ambiental em decorrência dos seus custos. Esse princípio
foi adotado pela Conversão sobre o Clima e seus protocolos, dos quais o de
Quioto é um dos mais importantes. Precaução significa cautela diante de algo
que não se conhece ou cujo conhecimento é insuficiente para estabelecer
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUARTO MOMENTO

medidas de prevenção. Por exemplo: adiar a introdução de um novo produto


72 cujos efeitos ambientais são desconhecidos é uma mediada de precaução. Anotações
Lembrete
A implantação de um desenvolvimento sustentável
preconiza a necessidade de se articular e de se criar
mecanismos que se interajam nas dimensões políti-
cas, sociais, econômicas e ambientais.

2.1 ESTRUTURA DA AGENDA 21

A seguir, descreveremos a divisão estrutural da Agenda 21.


No capítulo 1, encontra-se o preâmbulo que traz um alerta
quanto aos problemas ambientais e adverte a necessidade de se implan-
tar um desenvolvimento sustentável em escala planetária.
Os demais capítulos encontram-se estruturados por seções. Na
primeira, intitulada Dimensão Social e Econômica, enfatiza-se a ne-
cessidade de cooperações internacionais para promover políticas que
visem o combate à pobreza, gerando, no mínimo, meios sustentáveis
de subsistência, de forma que tais políticas, além de possibilitar a ge-
ração de emprego e renda estejam associadas a padrões de consumo
sustentáveis. Nessa seção, destaca-se também a necessidade de controlar
o crescimento populacional, posto que, quanto maior o número de ha-
bitantes no planeta, maior será a pressão pelo uso de recursos.
Nesse sentido, sugere-se o uso mais eficiente de energia e dos
recursos, a redução ao máximo possível dos recursos gerados nos pro-
cessos produtivos, o estímulo à reciclagem, entre outros. Com esse in-
tuito, as questões ambientais têm sido cada vez mais incorporadas no
processo de tomada de decisão, quer seja por empresas, quer seja pelo
Estado (BARBIERI, 1997).

Reflexão
Você já parou para pensar em quantos habitantes o
planeta Terra comporta ?
Será que nosso planeta tem recursos suficientes para aten-
der às necessidades de uma população ainda crescente?

A segunda seção, que não possui título, abrange temas como a


Proteção da Atmosfera e o Combate ao Desflorestamento, enten-
dendo que o manejo, a conservação e a cobertura vegetal são elementos
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUARTO MOMENTO

determinantes do clima, da biodiversidade e fundamentais para a sobre-


Anotações vivência do homem ribeirinho. Essa seção trata dos elementos naturais 73
e como o homem pode usá-lo de forma racional através do manejo
ambientalmente saudável.

Desafio
Procure saber se na sua região há áreas protegidas por lei, a
exemplos de parques, florestas, mananciais entre outros.

Na terceira seção, Fortalecimento do Papel dos Grupos Prin-


cipais, argumenta-se a necessidade de viabilizar um estilo de desen-
volvimento sustentável que pressupõe a participação da sociedade nos
processos de tomada de decisão. Diante disso, a Agenda 21 recomenda
a implantação de medidas que reduzam o analfabetismo entre as mu-
lheres e meninas e promova o acesso universal delas ao ensino de todos
os níveis; como também a promoção de programas que aumentem as
oportunidades de emprego em condições de igualdade.

Você Sabia?
Que o preconceito contra mulheres não existe apenas nos países
mais atrasados ?
Mas, por que será que isso ainda ocorre ?

Além da participação da mulher, essa seção visa promover


uma participação ativa da juventude e das crianças na proteção do
meio ambiente através da educação. Reconhece também a impor-
tância do conhecimento das populações indígenas como agentes es-
tratégicos na promoção de práticas sustentáveis. Soma-se a isso, as
organizações não governamentais (ONGs), os sindicatos, o comércio
e indústria, os agricultores e a tecnologia, todos reconhecidos como
elementos para implantação de um desenvolvimento sustentável.
Na última seção, Meios de Implantação, destacam-se os me-
canismos e meios de financiar a implantação dos projetos descritos nas
outras seções e nos respectivos capítulos.
Podemos citar como agentes fomentadores:

• Bancos e fundos multinacionais de desenvolvimento;


• Alívio dos encargos da dívida;
• Transferências de tecnologias ambientalmente saudáveis, entre outros.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUARTO MOMENTO

Saiba Que
74
Embora já tenha decorrido quinze anos desde a criação da Agenda 21
Anotações
Global, uma de suas principais propostas é a formulação de uma Agen-
da 21 Local, a qual deverá ser construída com a participação da socie-
dade, levando em consideração as áreas potenciais e as áreas problemas,
na busca da implantação de um desenvolvimento sustentável local.

Desafio
Que tal você investigar se sua cidade já tem uma
Agenda 21?
Em caso afirmativo: procure sabe o que se anda fazen-
do para colocá-la em prática.
Em caso negativo: discuta com seus colegas a importância de
se elaborar uma.

Percebemos que, diferentemente de outros documentos resul-


tante de eventos semelhantes, como Clube de Roma, que resultou no
livro Limites do Crescimento, a reunião da Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) com o Progra-
ma de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) que resultou na De-
claração de Cocoyok, a Agenda 21 constitui-se num plano, com metas,
metodologia e mecanismos, estimando custos e propondo soluções para
se adrentar num novo estilo de desenvolvimento (FREITAS, 2002).

2.1.1 Modelo de Desenvolvimento Versus Estilo de Desenvolvimento

O que caracteriza um modelo de desenvolvimento são os seus


sistemas inerentes: sistema econômico (definido pela relação econômica
de produção que se dão interna e externamente à nação), sistema político
(relação entre a sociedade e o Estado), sistema cultural (características
particulares dos povos que compõem uma nação) e sistema natural (diz
respeito à natureza do território com seus ecossistemas e seus recursos
naturais), enquanto no estilo de desenvolvimento pressupõe-se fazer das
potencialidades locais, determinando a partir, disso, a forma, a intensida-
de de uso de fatores de produção (mão-de-obra, capital, recursos naturais,
tecnologia) de tal maneira que cada cidade/região tenha na base um pro-
cesso endógeno (MUELLER, 1997).
Um dos principais desafios da Agenda 21 está o contido no
Capítulo 36: a educação ambiental, pois não haverá mudança no com-

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

portamento das pessoas com relação ao meio ambiente sem que elas
Anotações estejam conscientes de seu papel e da sua conduta. 75
Nesse sentido,

o ensino, o aumento da consciência pública e o trei-


namento estão vinculados virtualmente a todas as
áreas do programa da Agenda 21 e ainda mais próxi-
mas das que se requerem a satisfação das necessidades
básicas, fortalecimento institucional e técnico, dados
e informações, ciência e papel dos principais grupos
(AGENDA 21, 2002, p. 1).

Cinco anos após a RIO 92, realizou-se uma primeira reunião,


não-oficial, internacional, no Rio de Janeiro, para se averiguar os avanços
conseguidos desde a CNUMAD. Paralelamente a esse evento, realizava-se
uma reunião nas Nações Unidas, em Nova York, com o mesmo intuito.
Ambas concordaram que os avanços foram insignificantes e em alguns ca-
sos a situação até se agravou, como no que se refere à concentração fundi-
ária. Assim, em 2002, realizou-se na África de Sul, em Johanesburgo, uma
nova Conferência intitulada Cúpula Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável, que ficou conhecida como RIO + 10, embora, como ressalta-
do, não tenha sido realizada no Rio de Janeiro, Brasil (BBC, 2005).

2.2 A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 BRASLEIRA

Saiba que o início da construção da Agenda 21 no Brasil ocor-


reu após terem sido encerradas as discussões na RIO 92. Para elaborá-la,
foi constituída a Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável
– CPDS, composta pelo Ministério do Meio Ambiente (presidente da
comissão) e mais cinco membros, sendo um de cada ministério: Minis-
tério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Planejamento, Ministério
das Relações Exteriores, Secretaria de Assuntos Estratégicos. Somam-se
a esses mais cinco colaboradores vindo dos diversos setores da socieda-
de civil organizada, a saber: Fórum Brasileiro das ONGs e Movimen-
tos Sociais, Fundação Getúlio Vargas, Fundação Onda Azul, Conselho
Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável e a Universidade Fe-
deral de Minas Gerais – UFMG.
A Agenda 21 do Brasil centra suas discussões em seis grandes
áreas e busca estabelecer diagnósticos para cada uma, identificando vul-
nerabilidades e potencialidades.
Os grandes temas que compõem essa agenda estão descritos
a seguir.

• Agricultura Sustentável – realiza um diagnóstico específi-


co e define estratégias para as seguintes áreas: agricultura,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUARTO MOMENTO

Mata Atlântica, florestas e campos meridionais. O domínio


76 do semi-árido, dos Cerrados e da Floresta Amazônica. Anotações
• Cidades Sustentáveis – rede urbana brasileira, desenvolvi-
mento sustentável das cidades brasileiras, questões intra-ur-
banas da sustentabilidade, acesso à terra e déficit habitacio-
nal, emprego e gestão urbana.

• Infra-Estrutura e Integração Regional – energia, transpor-


tes, comunicações, saneamento e integração regional.

• Gestão dos Recursos Naturais – relata as potencialidades e


as fragilidades do país, com o objetivo de identificar os pos-
síveis entraves à sustentabilidade, dentre eles, destacam-se:
recursos hídricos, água doces, solo, oceano e zona costeira,
o uso e a conservação da diversidade biológica, os recursos
pesqueiros, entre outros.

• Redução das Desigualdades Sociais – mortalidade infantil,


mortalidade e esperança de vida, concentração/ distribuição
de renda, educação, trabalho infantil, moradia, saúde, situa-
ção social dos afro-descendentes, situação das mulheres, vio-
lência e segurança pública (AGENDA 21, 2002).

• Ciência e Tecnologia (C&T) para o Desenvolvimento


Sustentável – gestão ambiental e C&T para sustentabilida-
de: meios de implementação.

Lembrete
Os itens Educação, Estrutura Produtiva e Esta-
do são considerados fundamentais para reduzir as
desigualdades sociais. Para quantificar as diferenças
sociais entre países/regiões, a Organização das Na-
ções Unidas recomenda a utilização do Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH, que leva em
consideração três dimensões: educação, longevida-
de e renda per capita.

O ranking do IDH é divulgado todos os anos pelo Programa


das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no Relatório de De-
senvolvimento Humano - RDH. Através do intervalo de zero a um,
mensura-se a qualidade de vida das populações, de forma que, quan-
to mais próximo de um, maior o IDH, conseqüentemente melhor
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUARTO MOMENTO

a qualidade de vida; no intervalo de 0,5 a 0,799, médio desenvolvi-


Anotações mento e abaixo disso, baixo desenvolvimento humano. O RDH di- 77
vulga o IDH de dois anos anteriores. Por exemplo, o RDH de 2005
divulga o IDH de 2003.
Observe o quadro que segue:

Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano, 2005.

Observe que o índice brasileiro de fato melhorou, tendo passa-


do de 0,790 para 0,792, resultando que mantém o Brasil entre as na-
ções de médio desenvolvimento humano. Pode-se notar, ainda, que das
três dimensões que compõem o IDH (educação, longevidade e renda)
o país apresentou melhora em duas (educação e longevidade) e regrediu
em uma (renda).

Praticando
Que análise você faz dos dados do IDH dispostos anteriormente
na tabela?

A Agenda 21 do Brasil aborda seis grandes temas: agricultura


sustentável, cidades sustentáveis, infra-estrutura e integração regional,
gestão dos recursos naturais, redução das desigualdades sociais e ciência
e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, contudo nossa agenda
somente ficou pronta dez anos após ter sido lançada a Agenda 21 Glo-
bal e mais: ainda muitos são os municípios que se quer começaram a
elaborar a sua.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

3 RELEMBRANDO
78 Anotações

4 O QUE FAZER

1. Informe-se sobre alguns problemas de saneamento básico de


sua cidade, como a existência de água potável para toda a
comunidade; coleta de lixo; aterro sanitário, em seguida, faça
uma análise com sugestões de melhorias.
2. Preste atenção no quadro que segue e, em seguida, faça uma
análise comparativa que envolva gênero e raça.

O efeito provável da discriminação: renda média da população economi-


camente ativa, segundo o sexo e a cor nos Estados Unidos e no Brasil

Fonte: Estados Unidos, Us Bureau of the Census. Citado por BAUMOL, W. J., BLINDER, A. S. Economics: Principles
and Policy. Orlando: The Dryden Press/Harcout Brace, 1994. Brasil, IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios. Anuário Estatístico do Brasil 1994. Rio de Janeiro: IBGE, 1994, In: ROSSETTI, 2000, p. 286.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

5 PARA SABER MAIS


Anotações 79
WORLDWATCH INSTITUTE. Estado do mundo 2002: edição
especial da cúpula mundial para o desenvolvimento sustentável (Rio
+ 10). Disponível em: <http://www.wwiuma.org.br/edm2002.htm>
Acesso em:19 out. 2005.

AGENDA 21 DO NATAL. Agenda 21 de Natal. Disponível em:


<www.agenda21natal.com.br> Acesso em: 19 out. 2005.

Nestes dois sites, você encontrará mais informações referentes à


RIO + 10 e à elaboração da Agenda 21 da cidade do Natal, RN.

GUERRA, Antônio José T. ; CUNHA, Sandra B. da. Impactos ambien-


tais urbanos no Brasil. São Paulo: Editora Bertrand Brasil, 2000.

Mostra a realidade das cidades que vêm sofrendo, nas últimas


décadas, uma gama variada de impactos, gerados pelo crescimento ur-
bano desordenado.

ONDE ENCONTRAR

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estra-


tégias de mudanças da Agenda 21. Petrópolis, RJ:Vozes, 1997.

BBC. Rio + 10 avançou pouco de relação a 92, afirma ongs. Dis-


ponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/pulltogether/s_cupu-
laterra.shtml> Acesso em 18 out. 2005.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores/Gabinete do Ministro.


Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvi-
mento. Portaria de 29/07/1994, que autoriza publicação da versão em
português da Agenda 21. Imprensa Oficial, Diário Oficial da união de
01/08/1994. (Suplemento ao nº. 146).

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESEN-


VOLVIMENTO – CMMAD. Relatório nosso futuro comum. 2. ed.
Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991. 430p.

FREITAS, Ilcleidene P. O desenvolvimento sustentável da agricultu-


ra familiar sob condições adversas: O caso da Comunidade de Ca-
xeiro, em Juarez Távora, PB. Dissertação de Mestrado. Universidade
Federal da Paraíba, 2002.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21 do Brasil. Dis-


80 ponível em: <www.mma.gov.br>.Acesso em 19 out. 2005. Anotações
MUELLER, Charles C. Problemas ambientais de um estilo de desen-
volvimento: a degradação da pobreza. Ambiente e Sociedade, Ano I,
n° 1, 1997.

PNUD. Relatório do IDH. Disponível em: <http://www.pnud.org.


br> Acesso em 19 out. 2005.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUARTO MOMENTO

81

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


83
ANEXO

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


ESTRUTURA DA AGENDA 21
Anotações 85
Capítulo 1 - Preâmbulo

SESSÃO I
DIMENSÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS

Capítulo 2 – Cooperação internacional para acelerar o desen-


volvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas inter-
nas correlatas
Capítulo 3 – Combate à pobreza
Capitulo 4 – Mudando os padrões de consumo
Capítulo 5 – Dinâmica demográfica e sustentabilidade
Capítulo 6 – Protegendo e promovendo as condições da saúde
humana
Capítulo 7 – Promovendo o desenvolvimento sustentável dos
assentamentos humanos
Capítulo 8 – Interação entre meio ambiente e desenvolvimen-
to na tomada de decisões

SESSÃO II
SEM TÍTULO

Capítulo 9 – Proteção da atmosfera


Capítulo 10 – Abordagem integrada do planejamento e geren-
ciamento dos recursos terrestres
Capítulo 11 – Combate aos desflorestamentos
Capítulo 12 – Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a
desertificação e a seca
Capítulo 13 – Gerenciamento de ecossistemas frágeis: desen-
volvimento sustentável das montanhas
Capítulo 14 – Promoção do desenvolvimento rural e agrícola
sustentável
Capítulo 15 – Conservação da diversidade biológica
Capítulo 16 – Manejo ambiental saudável da biotecnologia
Capítulo 17 – Proteção aos oceanos, de todos os tipos de mares
e das zonas costeiras
Capítulo 18 – Proteção da qualidade e do abastecimento dos
recursos hídricos
Capítulo 19 – Manejo ecologicamente saudável das substân-
cias químicas tóxicas, incluindo a prevenção do tráfico internacional
ilegal dos produtos tóxicos e perigosos
Capítulo 20 – Manejo ambientalmente saudável dos resíduos
perigosos, incluindo a prevenção do tráfico internacional ilícito de re-
síduos perigosos
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
ANEXO

Capítulo 21 – manejo ambientalmente saudável dos resíduos


86 sólidos e questões relacionadas com os esgotos Anotações
Capítulo 22 – Manejo seguro e ambientalmente saudável dos
resíduos radioativos

SESSÃO III
FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS GRUPOS PRINCIPAIS

Capítulo 23 – Preâmbulo da sessão III


Capítulo 24 – Ação mundial pela mulher, com vistas a um
desenvolvimento sustentável e eqüitativo
Capítulo 25 – A infância e a juventude no desenvolvimento
sustentável
Capítulo 26 – Reconhecimento e fortalecimento do papel das
populações indígenas e suas comunidades
Capítulo 27 – Fortalecimento do papel das organizações não-
governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável
Capítulo 28 – Iniciativas das autoridades locais em apoio à
Agenda 21
Capítulo 29 – Fortalecimento do papel dos trabalhadores e
seus sindicatos
Capítulo 30 – Fortalecimento do papel do comércio e da in-
dústria
Capítulo 31 – A comunidade científica e tecnológica
Capítulo 32 – Fortalecimento do papel dos agricultores

SESSÃO IV – MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Capítulo 33 – Recursos e mecanismos de financiamento


Capítulo 34 – Transferência de tecnologia ambientalmente
saudável, cooperação e fortalecimento institucional
Capítulo 35 – A ciência para o desenvolvimento sustentável
Capítulo 36 – Promoção do ensino, da conscientização públi-
ca e do treinamento
Capítulo 37 – Mecanismos nacionais e cooperação internacio-
nal para o fortalecimento institucional nos países em desenvolvimento
Capítulo 38 – Arranjos institucionais e internacionais
Capítulo 39 – Instrumentos e mecanismos jurídicos interna-
cionais
Capítulo 40 – Informações para a tomada de decisões

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO 87

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


QUINTO MOMENTO

88

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

Anotações Práticas Sustentáveis 89

1 POR QUE APRENDER

Vimos no quarto Momento que o conceito de Desenvolvimen-


to Sustentável (DS) enfatiza a necessidade de atender às necessidades
básicas da geração presente, sem comprometer o atendimento das fu-
turas populações. Isso implica que para alcançarmos o DS, a proteção
do ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo
de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; é então
que entra uma questão sobre a qual talvez você nunca tenha pensado:
quanto de lixo você e sua família geram por dia?
Você já parou para pensar que o desenvolvimento da nossa so-
ciedade é baseado no consumismo? Que grande parte dos bens que
atendem as nossas necessidades cedo ou tarde serão descartados e subs-
tituídos por outros e cada vez mais, aumentando o montante de lixo
gerado, principalmente nos centros urbanos?
O objetivo deste Momento é introduzi-lo no que se conven-
cionou chamar de práticas sustentáveis, isto é, a utilização racional dos
recursos naturais em prol de uma sociedade sustentável.
A importância dessa temática justifica-se pela possibilidade
de implantar programas de geração de emprego e renda para quem
vive do lixo, oferecendo condições dignas de sobrevivência e possibi-
lidade de inserção no mercado, ou para aquelas empresas que objeti-
vam entrar em um nicho de mercado onde se encontram consumi-
dores cada vez mais conscientes quanto ao uso dos recursos naturais,
contribuindo dessa forma para diminuir a poluição gerada a partir
do nosso consumo.

2 O QUE APRENDER

Discutimos no primeiro Momento que foi com a Revolu-


ção Industrial que surgiram os aglomerados urbanos na forma que
conhecemos hoje. Estes são conhecidos como centros de produção
que suprem todas as nossas necessidades, desde moradias, serviços de
saneamento básico, hospitais, escolas, redes de transportes e vias de
tráfego, lazer, entre outras.
Durante muitos anos, principalmente na época da formação do Par-
que Industrial Brasileiro, observou-se um fluxo contínuo de pessoas saindo
das regiões mais pobres para as mais desenvolvidas em busca justamente das
facilidades oferecidas pelas cidades e pelo crescimento econômico.
Para você ter uma idéia desse fluxo migratório, conhecido como
Êxodo Rural, no início do século XX a população brasileira, em sua gran-
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

de maioria, ainda vivia na zona rural. Hoje, mais de 80% da população


90 vive nos centros urbanos (IBGE, 2005). Anotações

Reflexão
Mas, Isso é Ruim?

Decorre desse fato que, cada vez mais, a zona rural terá que
aumentar sua produção, seja através da exploração de novas terras,
seja aumentando a produtividade por hectare. A elevação da produ-
tividade por hectare tem sido a prioridade dos países desenvolvidos,
com base em tecnologia de ponta e o uso de pesticidas, fertilizantes
químicos, entre outros, que acabam por contaminar a plantação e o
solo e, a longo prazo, o homem.
O consumo de alimentos cresceu nas últimas décadas tanto
em função do aumento da população como também em função do
aumento do poder aquisitivo de determinadas parcelas da população.
Para que você tenha idéia, foi feita uma comparação entre a quanti-
dade de calorias consumidas diariamente pelas pessoas nos países em
desenvolvimento, e constatou-se que no período de 2001-2002 pas-
sou de 2.100 para 2.700, enquanto nos países ricos passou de 3.000
para 3.400 (FAO, 2005).
Vale ressaltar que hoje, 11% da superfície do planeta é utili-
zada para a agricultura. Na Europa, os países do sul e do leste da Ásia
já utilizam todas as terras disponíveis para a agricultura. O norte da
África e a Ásia Ocidental são desertos, portanto, impróprios para a
lavoura. Só a América Latina e a África Subsaariana ainda têm poten-
cial de expansão agrícola (FAO,2005).

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

Um estudo do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), divulga-


Anotações do em julho de 2002, estima que o homem tenha ultrapassado em 20% os 91
limites de exploração que a Terra pode suportar sem se degradar. Essa aná-
lise baseia-se na aceitação de que cada ser humano pode fazer uso de até 1,9
hectare explorado. Assim, qualquer ultrapassagem dessa cota poderá levar
a grandes catástrofes, pois esgotaria a capacidade de suporte do planeta. A
média mundial de exploração é de 2,3 hectares por pessoa. Nesse contexto,
o Brasil mantém-se na média, enquanto os países africanos usam apenas
1,4 hectare. Já a Europa e os Estados Unidos, superam, e em muito, essas
médias, 5 hectares e 9,6 hectares por pessoas, respectivamente. A implica-
ção desse fato, segundo o mesmo estudo, é que se estima que a Terra tenha
08 bilhões de habitantes em 2025, um aumento de 30% em relação à atual
população mundial. Serão bilhões de bocas a mais para serem alimentadas
e, provavelmente, não haverá mais terras agricultáveis a baixo custo, o que
implica que para a geração de alimentos o custo de produção por hectare
será elevado e, conseqüentemente, o preço dos alimentos (WWF, 2005).

Associado ao crescimento dos centros urbanos e das populações, as


sociedades foram mudando seus estilos de vida. Passamos a consumir mais,
mas necessariamente isso não implica melhoria na qualidade de vida.
Uma das questões mais problemáticas enfrentadas pela socieda-
de atualmente é a destinação dos resíduos gerados pelo consumo, o que
comumente chamamos de lixo. Estatísticas indicam que, em média,
uma pessoa gera diariamente cerca de 800 gramas de lixo. Mas, para
percebermos isto, basta analisarmos a nós mesmos: papéis, alimentos,
embalagens, pilhas, pneus e tantos outros exemplos de produtos que
consumimos. A geração de lixo pode ser considerada um indicador in-
direto do estágio de desenvolvimento sócio-econômico de um povo.
Precisamos mudar isso. Como? Práticas Sustentáveis!!!

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

92 Reflexão Anotações
Você já notou que vivemos na era dos descartáveis?
Pense um pouco nisso!
e produza um texto a partir de sua reflexão.

Pois bem, a conseqüência dessa vida moderna é que, dia após


dia, a geração de lixo vem aumentando e a disposição desse muitas ve-
zes ocorre de forma inadequada, como lixões e aterros controlados. A
forma adequada seria um aterro sanitário.

Conceito de Aterro Sanitário


Técnica de disposição final de resíduos sólidos
urbanos no solo, através de confinamento em ca-
madas cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo nor-
mas específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde e à seguran-
ça, minimizando os impactos ambientais. (ABNT, 1989)

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2000,


realizada pelo IBGE, revela uma tendência de melhora da situação
de destinação final do lixo coletado no país nos últimos anos. Em
2000, o lixo produzido diariamente no Brasil chegava a 125.281
toneladas, sendo que 47,1% era destinado a aterros sanitários 22,3
% a aterros controlados e apenas 30,5 % a lixões. Ou seja, mais de
69 % de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino
final adequado, em aterros sanitários e/ou controlados. Todavia, em
número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6 % uti-
lizavam lixões e 32,2 %, aterros adequados (13,8 % sanitários, 18,4
% aterros controlados), sendo que 5% não informaram para onde
vão seus resíduos. Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de
municípios que vazavam seus resíduos de forma adequada era de
apenas 10,7 % (IBGE, 2006).
Os números da pesquisa permitem uma estimativa sobre
a quantidade coletada de lixo diariamente: nas cidades com até
200.000 habitantes, são recolhidos de 450 a 700 gramas por habi-
tante; nas cidades com mais de 200 mil habitantes, essa quantidade
aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante. A
PNSB 2000 informa que, na época em que foi realizada, eram cole-
tadas 125.281 toneladas de lixo domiciliar, diariamente, em todos
os municípios brasileiros (IBGE, 2006).

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

Curiosidade
Anotações Cálculo da Sujeira
93

Uma cidade americana de 1 milhão de habitantes

Consome: E despeja no ambiente


568.000– toneladas de água 454.000 - toneladas de esgoto
8.600 – toneladas de combustível 864 - toneladas de poluição
1.800 – toneladas de alimentos atmosférica
8.600 - toneladas de lixo
Fonte: Revista Veja, 2002.

É nesse cenário que surgem as práticas sustentáveis visando a


melhor utilização dos recursos naturais, embora constituam ações isola-
das (específicas de uma cidade/região), têm dado mostras de que se não
resolvem o problema ambiental por completo, pelo menos amenizam.
Entre estas, podemos destacar as práticas descritas a seguir.


2.1 COLETA SELETIVA

Constitui-se na triagem do lixo gerado, dentro das nossas casas,


nos hospitais, nas indústrias e, assim, sucessivamente.
É possível distinguirmos duas vertentes referentes à coleta sele-
tiva. A primeira visualiza-a como um empreendimento capaz de gerar
renda extra a uma atividade principal, como a separação de papel/jornal
e revistas de uma fábrica. Na segunda vertente, a coleta seletiva é vista
como um programa assistencialista, posto que possibilita aos catadores
de lixo a geração de emprego e renda propiciando-lhes condições para
melhoria da qualidade de vida.
No que se refere à metodologia, não existe uma única que pos-
sibilite organizar um programa de coleta seletiva. De modo geral, os
passos a serem seguidos são:
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

• mobilizar o maior número possível de pessoas, demonstrando a


94 importância da iniciativa e infomando-lhes como participar; Anotações
• definir os tipos de materiais recicláveis que serão coletados
(jornais, papéis, papelão, vidro, plástico, alumínio, etc), ten-
do sempre em vista a demanda de mercado existente nas pro-
ximidades, pois essa preocupação viabilizará um fluxo cons-
tante de saída (venda), evitando o acúmulo excessivo dos
materiais coletados por falta de “escoamento”.
• definir a estrutura operacional do sistema, sempre con-
siderando 3 fases, ou seja, coleta, estocagem e venda (ou
doação) (CEMPRE, 2006).

Tal separação dos materiais é feita através do uso da cor, a saber:

Azul – papel e papelão


Vermelho – plásticos
Verde – vidro
Amarelo – metal
Preto – madeira
Laranja – resíduos perigosos
Branco– resíduos ambulatórios e de serviços de saúde
Roxo – resíduos radioativos
Marrom – resíduos orgânicos
Cinza – resíduos em geral não recicláveis, misturados, ou con-
taminados, não passíveis de separação.

Você já ouviu falar no acidente com o Césio 137?

A fonte de Césio que deu origem ao maior acidente radiológi-


co do mundo foi manipulada pela curiosidade de dois sucateiros que
encontraram um aparelho de radioterapia, nas antigas dependências do
Instituto Goiano de Radioterapia, um prédio abandonado da Santa Casa
de Misericórdia. Em 13 de setembro de 1987, dois sucateiros, Roberto
dos Santos e Wagner Mota, removeram a máquina em um carrinho de
mão até a casa de um deles. Eles ignoravam o que era aquela peça de 100
quilos, estavam apenas interessados no que podiam ganhar com ela, ven-
dendo as partes de metal e chumbo em ferro-velhos da cidade.
Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambien-
te 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), pó branco semelhante ao sal de
cozinha, que no entanto, brilha no escuro com uma coloração azulada.
Cinco dias depois, a peça foi vendida a Devair Alves Ferreira,
que a arrombou e se encantou com o brilho azul emitido pelo pó de
césio 137. Acreditando estar diante de algo sobrenatual, Ferreira passou
do dia 18 até o dia 21 recebendo amigos e curiosos interessados em
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

conhecer o misterioso pó brilhante. Resultado: 129 pessoas infectadas


Anotações pelo césio-137, das quais quatro morreram (CÉSIO-137).
95

Mas, por que é importante fazer coleta seletiva ?

Tempo que o lixo leva, em média, para se decompor:

Fonte: �������������
CEMPRE, 2006.

A partir da coleta seletiva, é possível implantar uma outra prática sustentável.

2.2 RECICLAGEM

Entendemos por reciclagem todo o processo de transformação de


resíduos sólidos, envolvendo alterações de suas propriedades físicas e físico-
químicas para a criação de produtos novos. A reciclagem do lixo assume um
papel fundamental na preservação do meio ambiente, pois além de reduzir o
acúmulo de lixo diminui a extração de novos recursos naturais.
O problema não é, propriamente, a característica do lixo produzido,
hoje, nos grandes centros urbanos, mas o destino dado a ele. Muitos des-
ses materiais podem ser reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as
enormes montanhas formadas nos lixões da cidade e, conseqüentemente, a
degradação do meio ambiente.
Outro aspecto importante da reciclagem, além da consciência
ecológica, é o fator social. A coleta de material reciclável é, muitas ve-
zes, a única fonte de renda dos catadores. Só na cidade de São Paulo,
há cerca de 20 mil em atividade – com ganho mensal médio de R$
300,00 (GUIARH, 2006).
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

De acordo com Fontinha (2006), é possível destacar as se-


96 guintes vantagens e condutas desejáveis à reciclagem: Anotações
Algumas vantagens da reciclagem:

• economia das matérias primas essenciais;


• redução do montante de resíduos não biodegradáveis;
• fornecimento de matérias primas secundárias;
• economia de energia;
• remoção de materiais perigosos;
• redução do impactos ambiental causado pela extracção de
recursos;
• criação de postos de trabalho;
• contribuição para um desenvolvimento sustentável;
• redução de resíduos a colocar em aterro.

Comportamentos favoráveis à reciclagem:

• habitue-se a pensar no que irá acontecer ao que comprou


quando já não lhe interessar;
• compre materiais que possam ser reciclados e prefira
produtos reciclados;
• habitue-se a fazer a separação seletiva dos lixos, lembrando-
se que os materiais para reciclar devem estar “limpos” (não
podendo estar misturados com restos de comida);
• colabore no sistema de recolha seletiva instalado na sua zona
de residência (ECOPONTOS ou Porta a Porta), através de
sua correta utilização.
Fique por dentro do que pode ser reciclado:

Fonte: CEMPRE, 2006.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

O papel é classificado em papel comum e papelão (papel on-


Anotações dulado). O comum pode ser reciclado, mas o novo papel nunca será 97
igual ao fabricado a partir da celulose virgem, devido à contaminação
da tinta e à perda da capacidade da fibra de celulose de volta ao estado
original após o consumo. Isto é tudo uma questão de custo! Diante
disso, normalmente se manufatura um produto de menor valor agrega-
do. Cabe criar oportunidade! Exemplos: fabricação de agendas, cartões
entre outros. Por sua vez, o papel ondulado pode ser quase totalmente
aproveitado para confecção de novas caixas de papelão.

Fonte: CEMPRE, 2006.

Fonte: CEMPRE, 2006.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

98 Anotações

Fonte: CEMPRE, 2006.

Os dados sobre Reciclagem retratam a proporção de material


reciclado no consumo de algumas matérias-primas industriais (latas
de alumínio, papel, vidro, embalagens PET e latas de aço) O Brasil
é recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio (89% em
2003, contra 50% em 1993). A reciclagem de papel subiu de 38,8%
em 93 para 43,9% em 2002. Já o indicador Coleta seletiva de lixo
mostra números incipientes no País. Somente 2% do lixo produ-
zido no país é coletado seletivamente. Apenas 6% das residências
são atendidas por serviços de coleta seletiva, que existem em apenas
8,2% dos municípios brasileiros (IBGE, 2006)
Coleta Seletiva e Reciclagem são assuntos que tomaram a
mídia e de certa forma se tornaram uma espécie de modismos. Sa-
bemos, porém, que na verdade são assuntos que tratam de uma ou-
tra realidade, de certa forma até bem distante da mídia. Trata-se
de um conjunto de ferramentas ambientais que na prática além de
alavancar uma série de negócios acabam por auxiliar, e muito, no
tratamento dos resíduos sólidos.
Mas, não se trata apenas disto, são também ferramentas so-
ciais de inclusão, atividades práticas de educação ambiental e, mais
do que isto, processos de geração de emprego e renda.
Pensando em práticas sustentáveis já é possível visualizar no mer-
cado empresas que utilizam os recursos naturais de forma consciente.
Você deve conhecer a Natura, o Boticário ou a BS Colway. Essas empre-
sas fazem uso de práticas sustentáveis para conseguirem um diferencial
no mercado. Você ainda lerá sobre elas no nono Momento.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

LOGÍSTICA REVERSA
Anotações 99
Refere-se ao retorno dos bens pós-consumo. Tal prática vem
sendo implantada por diversas empresas, objetivando cumprir as
exigências legais de comando e controle (décimo Momento). Ela
vem conseguindo obter os seguintes resultados:

• reaproveitamento de componentes;
• reaproveitamento de materiais;
• exercício de responsabilidade ambiental, entre outros.

Observe o esquema demonstrativo dessa prática que gera re-


valorização de bens pós-venda.

A loja de Informática vende o cartucho de impressora para o


consumidor, que, após o uso (cartucho vazio), tem duas opções: ou
ele joga-o no lixo ou vende para loja que o remanufatura, iniciando
novamente todo o processo.
Um outro exemplo é o caso dos pneus de automóveis. As
empresas responsáveis pela fabricação são obrigadas, por força da lei,
a recolher um determinado percentual de pneus velhos.

Praticando
O que será que essas empresas estão fazendo com os
pneus velhos ? Visite o site da BS COLWAL

Procure saber !!!


Pesquisar a legislação no site do CONAMA

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

3 Relembrando
100 Anotações

4 O QUE FAZER

1.Verifique se na sua cidade existe coleta seletiva e reciclagem


2.Preste atenção num único dia, o quanto de lixo você gera.

• Com base nas informações obtidas, produza um texto e en-


vie para seu tutor.

5 PARA SABER MAIS

INSTITUTO GEA. Disponível em: <http://www.institutogea.org.br>


Acesso em: 20 fev. 2006.

LIXO. Disponível em: <http://www.lixo.com.br> Acesso em: 20 fev.


2006.

RECICLOTEC. Diponível em: <http://www.recicloteca.org.br> Aces-


so em: 20 fev. 2006.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

O BOTICÁRIO. Diponível em: <http://www.oboticario.com.br>


Anotações Acesso em: 20 fev. 2006. 101

NATURA. Disponível em: <http://www.natura.com.br> Acesso em:


20 fev. 2006.

BS COLWAY PNEUS. Disponível em: <http://www.bscolway.com.


br> Acesso em: 20 fev. 2006.

Nestes endereços, você encontrará uma série de artigos e pro-


postas de práticas sustentáveis.

CALDERONNI, S. Os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Univer-


sidade de São Paulo: Humanitas Editora, 1998.

GARDNER, James. Cultura do lixo? Ed. Civilização Brasiliense,


2003.

RODRIGUES, Francisco César P; CAVINATTO, Vilma Maria. Lixo


de onde vem? Para onde vai? 2. ed. São Paulo: Editora Moderna,
2003. (col. desafios)

SCARLATO, Francisco Capuano; PORTINI, Joel Arnaldo. Do nicho


ao lixo. 17. ed. São Paulo: Editora Atual, 2003.

Nestes livros, você encontrará informações referentes à socie-


dade de consumo e sua produção de lixo, assim como reflexões sobre o
desenvolvimento, na era moderna.

ONDE ENCONTRAR

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


NBR10703: Degradação do solo – terminologia. Rio de Janeiro,
1989.

CEMPRE. Coleta seletiva e reciclagem. Disponível em: <http://www.


cempre.org.br> Acesso em 15 jan. 2006.

EMPREGOS GUIA RH. Reciclagem de lixo: exercício de cidadania.


Disponível em < http://www.guiarh.com.br/pp117.html>. Acesso em
15 jan. 2006.

FONTINHA, Fransisco. A reciclagem. Disponível em: <http://www.ne-


tresiduos.com/cir/educamb/reciclagem1.htm>. Acesso em: 15 jan. 2006.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
QUINTO MOMENTO

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNI-


102 TED NATIONS – FAO. El estado de la inseguridad alimentaria Anotações
en el mundo 2005. Disponível em: <http://www.fao.org> Acesso
em: 15 jan. 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA


– IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável - Brasil 2004.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 15 jan. 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA


– IBGE. Pesquisa nacional de saneamento básico 2000. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 15 jan. 2006.

TEICH, Daniel Hessel. A Terra pede socorro. Revista Veja. São Paulo,
ano 35, n. 33. p. 80-87, agosto 2005.

UNIFICADO. Acidente radiológico com Césio 137 é considerado


o maior do mundo. Disponível em: <http://www.unificado.com.br/
calendario/09/cesio.htm> Acesso em: 15 jan. 2006.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


QUINTO MOMENTO

103

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SEXTO MOMENTO 105

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SEXTO MOMENTO

106

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Anotações Gestão Ambiental: Conceitos 107

1 POR QUE APRENDER

Cada vez mais, no meio empresarial, a questão ambiental vem


se tornando uma variável decisiva no processo de tomada de decisão.
Num mundo cada vez mais globalizado já não se concebe mais uma
empresa que despreza suas práticas e seus impactos em relação ao meio
ambiente, e é nesse mundo cada vez mais integrado que os consumido-
res estão se conscientizando de que a preservação ambiental é condição
fundamental para a qualidade de vida.
Nesse sentido, justifica-se o estudo dessa temática a partir do
entendimento de que a gestão ambiental empresarial tornou-se sinô-
nimo de produtividade e, sobretudo, de competitividade. Se outrora a
poluição era compreendida como aquele indesejável mal necessário ao
desenvolvimento, agora a poluição é entendida como recurso produtivo
desperdiçado.
Nesse contexto, a gestão ambiental, quando utilizada no am-
biente empresarial, tem se tornado uma força competitiva entre empre-
sas e até mesmo entre nações. Nesse sentido, o objetivo deste Momento
é trabalhar os conceitos que conduzem uma organização a implantar
uma gestão ambiental.

2 O QUE APRENDER

A primeira coisa que vem na nossa mente quando falamos na


preocupação da empresa para com o meio ambiente é a elevação dos
custos que esta terá na produção e, conseqüentemente, diminuição dos
lucros. Vamos tentar desmistificar essa idéia, pois é bem possível uma
empresa ser “amiga do meio ambiente” e obter lucros.
Historicamente, as empresas têm sido influenciadas por um
conjunto de três forças que se interagem mutuamente, a saber: o gover-
no, a sociedade e o mercado. O primeiro, através de suas leis ambien-
tais, “obriga” as empresas a adotarem padrões de produção e emissão de
poluição responsáveis; as pressões sociais, vinda das organizações civis,
fiscaliza, denuncia e exerce influência tanto no governo como nas em-
presas; e no tocante ao mercado, as questões ambientais passaram a ser
consideradas como elementos diferenciadores na competição entre as
empresas e entre os países, em função do nível de exigência cada vez
maior dos consumidores.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Assim, as empresas vêm adotando um sistema de gestão am-


108 biental que difere de empresa para empresa em função do seu tamanho, Anotações
do tipo de produção.

Conceito
Gestão ambiental - conjunto de atividades admi-
nistrativas e operacionais inter-relacionadas para abor-
dar os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu
surgimento, dentro de um ambiente empresarial (BARBIERI, 2004).

Embora a empresa possa atuar de diversas formas, é possível


distinguirmos três tipos de abordagens: controle da poluição, prevenção
da poluição e estratégia empresarial.

2.1 CONTROLE DA POLUIÇÃO

A questão ambiental é vista como um custo, pois exige investi-


mentos para impedir os efeitos nocivos provocados a partir do processo
produtivo.
De forma sucinta, objetiva apenas cumprir a legislação e atender
às pressões da sociedade. Para tanto, a empresa faz uso de tecnologias de
remediação, que procuram resolver o dano ambiental que já ocorreu,
por exemplo, para descontaminar o solo ou a água poluída.

O segundo tipo de tecnologia diz respeito ao controle da polui-


ção no final do processo (end-of-pipe). Esse tipo de tecnologia refere-se
à captura do poluente, antes que ele seja lançado no meio ambiente. Po-
demos citar como exemplo: estações de tratamento de efluentes, filtros,
incineradores, entre outros.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

O problema desses tipos de tecnologias é que nem sempre elimi-


Anotações nam o problema, tornando-se sempre um custo, posto que a cada ciclo 109
de produção os resíduos continuam sendo gerados. Observe que nessa
abordagem a poluição é pensada apenas no final do processo produtivo

2.2 CONTROLE DA POLUIÇÃO

Como o próprio nome diz, prevenção é a palavra-chave. Nesse


caso, o foco está em evitar que ocorra a poluição através da atuação so-
bre o processo produtivo, bem como sobre o produto.
Para que não ocorra a poluição do meio ambiente, associa-se a
essa abordagem as tecnologias descritas no controle da poluição, mas
esse método vai além, pois através de mudanças no processo produtivo
é possível aumentar a produtividade reduzindo a poluição na fonte e
poupando insumos, dessa forma, pode-se gerar mais bens e serviços
com menos recursos
Barbieri (2004) argumenta que a prevenção da poluição faz uso
de duas preocupações básicas.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

110 Anotações

Nesse contexto, os indicadores ambientais constituem-se numa


importante ferramenta para determinar padrões de emissão de poluen-
tes. Posto que eles indicam níveis máximos admitidos para os poluentes
constantes no meio ambiente, geralmente no ar, água e solo. Por exem-
plo: 80mg/m³ (micrograma por metro cúbico) como nível máximo de
materiais particulado e 2,4g/km como limite máximo de emissão de
monóxido de carbono de veículos automotores.

Conceito de Indicadores Ambientais


Consistem em expressões quantitativas que re-
sumem um número limitado de dados ambientais.
Seu objetivo é servir de apoio no processo de tomada de decisão na
gestão ambiental (CNTL, 2003).

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Funções básicas dos indicadores ambientais:


Anotações 111
• Ilustrar melhorias ao longo do tempo em determinadas ava-
liações;
• Detectar potenciais para melhorias no processo produtivo;
• Definir objetivos e metas de performance ambiental;
• Monitorar a performance ambiental;
• Fornecer a motivação do público interno;
• Proporcionar uma base para a implantação de sistema de ges-
tão ambiental.

Exemplos de indicadores ambientais


Indicadores de pressão: avalia exercida por atividades humanas
sobre meio ambiente ( ex: emissões de CO e poeiras(parâmetros)
no ar ( critério));

Indicadores de estado: oferecem uma descrição da situação ambiental(ex:


concentração em nitratos na água de um rio);

Indicadores de resposta: avaliam os esforços para resolver um problema


ambiental(ex: financiamentos destinados à despoluição de solos).
Fonte: ����������������������������������������������
Jornal Oficial da União Européia (10/07/2003).

2.3 ABORDAGEM ESTRATÉGICA



A questão ambiental, nessa abordagem, é vista como estratégica
e, portanto, diferencial e vantajosa no mercado competitivo, tendo em
vista o aumento crescente da conscientização dos consumidores.
De acordo com North, citado por Barbieri, a adoção da
gestão ambiental pode proporcionar os seguintes benefícios estra-
tégicos (2004):

• Melhoria da imagem institucional;


• Renovação do portfólio de produtos;
• Produtividade aumentada;
• maior comprometimento dos funcionários e melhores rela-
ções de trabalho;
• Criatividade e abertura para novos desafios;
• Melhores relações com autoridades públicas, comunidades e
grupos ambientalistas ativistas;
• Acesso assegurado aos mercados externos;
• Maior facilidade para cumprir os padrões ambientais.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Muitas vezes, os investimentos em gestão ambiental são direcio-


112 nados por fatores competitivos, mas existem fatores diversos que deter- Anotações
minam a realização desse tipo de investimento por parte de empresas,
dependendo de sua realidade. Assim, o empresário e o investidor, que
antes viam a gestão ambiental como mais um fator de aumento de custos
do processo produtivo, se deparam com vantagens competitivas e opor-
tunidades econômicas de uma gestão responsável dos recursos naturais.
O fator ambiental vem mostrando a necessidade de adaptação
das empresas e conseqüentemente direciona novos caminhos na sua ex-
pansão. As empresas devem mudar seus paradigmas, mudando sua vi-
são empresarial, objetivos, estratégias de investimentos e de marketing,
tudo voltado para o aprimoramento de seu produto, adaptando-o à
nova realidade do mercado global e corretamente ecológico.
Assim, a abordagem ambiental estratégica visa incorporar valor
aos produtos da empresa.
Embora de uma década para cá as empresas venham atuando
mais ou menos segundo esses três tipos de abordagens, ainda é possível
encontrar empresas que se apropriam indevidamente do discurso am-
biental para se aproveitarem de um crescente número de consumidores
preocupados com o consumo saudável. Isso pode ser notado pelo cres-
cente número de rótulos ou selos verdes que muitas empresas e/ou países
vem adotando para diferenciar seus produtos e serviços pelo desempe-
nho ambiental, fato que influencia nas escolhas de compras dos consu-
midores. Convencionou-se chamar de lavagem verde ou maquiagem
verde a apropriação indevida do discurso e das práticas ambientais com
o objetivo de atrair consumidores. Essas empresas estão muito mais pre-
ocupadas com a aparência do que de fato com as questões ambientais.

Saiba Que
No Brasil, é possível encontrar exemplos de selo verde, podemos citar o
PROCEL, criado pelo Governo brasileiro para combater o desperdício
de energia em equipamentos eletrônicos.

No Nono Momento, essa questão será aprofundada

Desafio
Procure na Internet exemplos de selos ou rótulos verdes
utilizados pelas empresas no Brasil

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Destaca-se também na gestão ambiental a elaboração de acordos


Anotações voluntários entre as empresas e/ou entre empresas e governo. Entende- 113
se por acordo voluntário a busca de um melhor desempenho ambiental,
a partir do comprometimento das organizações privadas. Tais acordos
podem ser públicos ou privados.

• Quando públicos, são contratos acordados entre um agente am-


biental governamental, representante do poder público e uma em-
presa, cujo objetivo é resolver problemas ambientais específicos.
Por exemplo, o órgão do governo ministra treinamentos gratuitos
para as empresas e em contrapartida a empresa (com pessoal mais
qualificado) implanta um modelo de gestão ambiental (você os
conhecerá nos nosso próximo Momento). Esses acordos subdivi-
dem-se em negociados e por adesão. Nos primeiros a adesão das
empresas ao acordo é feita através de barganhas, visto que a neces-
sidade e a estrutura de cada empresa são diferentes. No segundo
caso, a empresa adere ao programa determinado pelo governo sem
questionar os termos e as cláusulas que ela deverá cumprir.
• Quando privados, elas podem ser iniciativas unilaterais, por
exemplo, entre empresas e entre aqueles que sofreram algum
prejuízo ou dano, decorrente do processo produtivo da em-
presa. O objetivo é fazer com que a empresa se antecipe ao
problema através do acordo voluntário firmado entre as partes
envolvidas antes de chegar ao tribunal. Subdividem-se em:

1. Iniciativas individuais – além de fazerem a sua parte, cum-


prindo as determinações legais ambientais, faz mais do que a
legislação exige. É uma auto-regulação de caráter individual.
Dessa forma, elas contribuem para a formulação das próxi-
mas leis ambientais;
2. Iniciativas coletivas – firmado entre um grupo de empresas,
ou entre elas e uma associação que as represente. Os obje-
tivos e os meios para alcançar melhores desempenhos am-
bientais são pré-determinados por eles mesmos. Exemplo:
ABIQUIM;
3. Iniciativas coletivas – firmado entre empresas e uma enti-
dade independente, tais com a Câmara do Comércio Inter-
nacional (ICC) e a Organização Internacional de Norma-
lização (ISO). Esses tipos de acordos podem ser adotados
por qualquer tipo de empresa e tamanho. Contudo, dife-
rentemente do anterior, os objetivos, metas e procedimen-
tos para alcançar melhores desempenhos na organização e
no produto não são determinados pela empresa, mas pela
associação independente.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

Praticando
114
Procure saber se alguma empresa da sua cidade/estado/
Anotações
país firmou algum tipo de acordo.

Num mercado cada vez mais competitivo e com consumidores


cada vez mais exigentes, o certificado concedido por uma instituição
internacional independente à empresa que alcança seus objetivos con-
cede a elas um qualificador para competir com qualquer outra empresa,
do mesmo segmento, em escala internacional nos mercados europeu,
americano, japonês, entre outros.
Nos nosso próximo Momento, estaremos discutindo as ferra-
mentas para implantação de um Sistema de Gestão Ambiental e diver-
sos modelos de gestão ambiental empresarial.

3 RELEMBRANDO

4 O QUE FAZER

Faça uma pesquisa (Internet, revista ou jornal) e escolha um ar-


tigo enfocando a preocupação da empresa com o meio ambiente. Anali-
se-o segundo as percepções que a empresa tem sobre o meio ambiente.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

5 PARA SABER MAIS


Anotações 115
AMBIENTAL BRASIL. Artigos de Gestão Ambiental. Disponível
em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./ges-
tao/index.html&conteudo=./gestao/artigos.html>. Acesso em 30 nov.
2005.

LAYRARGUES, Philippe Pomier. A Formação de recursos


humanos em gestão ambiental empresarial. Diponível em: <
http://www.niead.ufrj.br/artigophilippe.htm>. Acesso em 30 nov.
2005.

AGÊNCIA AMBIENTAL DE GÓIAS. Evolução do comportamento


empresarial frente ao fator ambiental. Disponível em: < http://www.
agenciaambiental.go.gov.br/cartilha/cart_6.1evolu_comport.php>.
Acesso em 30 nov. 2005.

Nestes sites, você encontrará uma série de artigos referentes à


gestão ambiental com enfoque nas empresas.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Gestão Ambiental. 2 Ed. São Paulo:


THEX, 2005.

TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade So-


cial Corporativa. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005.

Lopes, Ignez Vidigal. Gestão Ambiental no Brasil: experiência su-


cesso. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

Nestes livros, você poderá aprofundar os conhecimentos sobre


gestão ambiental. No dois primeiros, você encontrará os fundamentos
da gestão e seus reflexos dentro da organização. No último, encontram-
se alguns exemplos de empresas que implantaram a gestão ambiental e,
com isso, vêm tendo bons resultados.

ONDE ENCONTRAR

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos,


modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2 ed. São Paulo,


Atlas, 1999.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

CAMPOS, Lucila Maria de Souza, ALBERTON, Anet. Sistemas de


116 Gestão Ambiental (SGA) para Pequenas Empresas. In: PREVIDELLI, Anotações
J.J.; MEURER, V. (Org.). Gestão de micro, pequena e média empre-
sa no Brasil: uma abordagem multidimensional. Maringá: Unicor-
pore, 2005, p. 111-142.

SENAI. Centro Nacional de Tecnologias Limpas. Meio Ambiente e a


Pequena e Microempresa. Porto Alegre: CNTL, 2003.

JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPÉIA. Condições am-


bientais: indicadores relativos aos meios ambientais. Disponí-
vel em: <http://europa.eu.int/eur-lex/pri/pt/oj/dat/2003/l_184/l_
18420030723pt00190032.pdf>. Acesso em 12 jan. 2006.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SEXTO MOMENTO

117

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO 119

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

120

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

Anotações Gestão Ambiental: 121


ferramentas e mecanismos
1 POR QUE APRENDER

Vimos, no Momento anterior, os conceitos referentes à


gestão ambiental e como essa abordagem vem fazendo parte da rotina
das empresas, em primeira instância nos países desenvolvidos e,
paulatinamente, nos países em via de desenvolvimento.
O objetivo, desse momento, é trabalhar as ferramentas e os
mecanismos que tornam possível a implantação de um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). Você ficará conhecendo alguns dos programas
de gestão ambiental que tornam possível compatibilizar os objetivos
ambientais com os demais objetivos estipulados pelas empresas. Dentre
esses programas, podemos destacar: o programa de Atuação Responsável,
adotado exclusivamente pelas indústrias químicas, sob o comando da
Associação Brasileira de Indústrias Químicas (ABIQUIM) e o mais
conhecido de todos os programas da série ISO 14.000.
O estudo do Sistema de Gestão Ambiental justifica-se por
permitir que a organização atinja o nível de desempenho ambiental
por ela determinado e promovendo uma melhoria contínua ao longo
do tempo. Agrega-se a isso o fato do comércio internacional, cada vez
mais, vir estabelecendo, como condição de comercialização de produtos
e serviços, a certificação formal dos fornecedores em termos de gestão
ambiental.
Isto implica mudança de cultura e, até mesmo, mudança
estrutural. A questão deixa de ser assunto exclusivo de um departamento
e se torna parte integrante da atividade de cada membro da empresa,
desde a alta administração até o chão de fábrica.

2 O QUE APRENDER

Segundo Donaire (1999), os programas de gestão ambiental


estabelecem as atividades a serem desenvolvidas, a seqüência e os
responsáveis pela sua execução. Buscam abranger as questões ambientais
mais importantes no processo produtivo e visam uma melhoria contínua.
Nesse sentido, qualquer SGA deve ser dinâmico e flexível o suficiente para
se adequar às mudanças que possam vir a existir, independentemente do
período de tempo em que isso possa vir a ocorrer.
Vale ressaltar que os SGA não são obrigatórios, ou seja, não há
legislação de qualquer nível, em qualquer lugar do mundo, que obrigue uma
organização produtiva a realizar o desenvolvimento e sua implantação.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SÉTIMO MOMENTO

2.1 O Programa de Atuação Responsável


122 Anotações
Esse programa espalhou-se por mais de 40 países, que operam
com indústrias químicas e foi criado em meados da década de 80 pela
Canadian Chemical Producers Association, sob o nome de Responsible Care
como resposta à ameaça de uma regulamentação mais rigorosa e como
forma de assegurar a confiança do público em relação à indústria.
No Brasil, em 1992, a Associação Brasileira de Indústrias Químicas
(ABIQUIM) implantou o programa com a denominação de Atuação
Responsável, a princípio era um programa de adesão voluntária, mas a
partir de 1998, passou a ser obrigatório para todas as empresas associadas.
O Atuação Responsável propõe-se a ser uma ferramenta eficaz
no direcionamento da gestão ambiental, pois além das preocupações
ambientais de cada empresa, inclui recomendações para a segurança das
instalações, processos e produtos, além de questões referentes à saúde
e segurança dos trabalhadores, bem como relativas ao diálogo com a
comunidade (DONAIRE, 1999).
A estrutura do programa de Atuação Responsável baseia-se em
seis componentes, a saber:

Princípios Derivativos – formam um código de conduta


que direcionam as ações da empresa nas áreas de saúde, segurança e
meio ambiente. São doze os princípios derivativos. (Veja o quadro
na página 3).
Códigos e Práticas Gerenciais – servem para implantar os
princípios derivativos, estabelecendo os elementos que devem ser
incorporados nos programas internos da empresa, referentes à saúde,
segurança e meio ambiente. São seis esses códigos:

• Segurança de processos;
• Saúde e segurança do trabalhador;
• Proteção ambiental;
• Transporte e distribuição;
• Diálogo com a comunidade e;
• Gerenciamento do produto

2.2 ATUAÇÃO RESPONSÁVEL – PRINCÍPIOS DERIVATIVOS

1. Assumir o gerenciamento ambiental como expressão de


alta prioridade empresarial, por meio de um processo de
melhoria contínua em busca da excelência.
2. Promover, em todos os níveis hierárquicos, o senso de
responsabilidade individual em relação ao meio ambiente,
à segurança e à saúde ocupacional, bem como o senso de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SÉTIMO MOMENTO

prevenção de todas as fontes potenciais de risco associadas


Anotações a suas operações, produtos e locais de trabalho. 123
3. Ouvir e responder às preocupações da comunidade
e responder às dúvidas sobre seus produtos e suas
operações.
4. Colaborar com órgãos governamentais e não-
governamentais na elaboração e no aperfeiçoamento
de legislação adequada à salvaguarda da comunidade,
de locais de trabalho e meio ambiente.
5. Promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos
processos e produtos ambientalmente compatíveis.
6. Avaliar previamente o impacto ambiental de novas
atividades, processos e produtos e monitorar os efeitos
ambientais de suas operações.
7. Buscar continuamente a redução de resíduos, efluentes e
emissões para o ambiente oriundos das suas operações.
8. Cooperar para soluções dos impactos negativos ao
meio ambiente decorrente da disposição de produtos
ocorrida no passado.
9. Transmitir às autoridades, aos funcionários, aos clientes
e à comunidade informações adequadas quanto aos
riscos à saúde, à segurança e ao meio ambiente de
seus produtos e operações e recomendar medidas de
proteção e de emergência.
10. Orientar fornecedores, transportadores, distribuidores,
consumidores e o público que transportem, armazenem,
usem, reciclem e descartem os seus produtos com
segurança.
11. Exigir que os contratados, trabalhando nas instalações
da empresa, obedeçam aos padrões adotados pela
contratante em matéria de segurança, saúde ocupacional
e meio ambiente.
12. Promover os princípios e práticas da Atuação Responsável,
compartilhando experiências e oferecendo assistência a
outras empresas para produção, manuseio, transporte, uso
e disposição de produtos.
Fonte: ABIQUIM, 2000.

Desafio
Na sua concepção qual desses princípios derivativos
seria o mais importante e por quê ?

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

Comissões de Lideranças Empresariais – têm como objetivo


124 debater e trocar experiências entre profissionais e dirigentes. Anotações
Conselhos Comunitários Consultivos – são constituídos por
representantes da comunidade e da empresa para discutirem temas
importantes ligados às questões relativas ao Atuação Responsável,
de modo aberto, visando encontrar soluções para os problemas
identificados.

Avaliação de Progresso – procura acompanhar a implantação


do programa buscando seus aperfeiçoamento, posto que, tem-se como
objetivo a melhora contÍnua. Para tanto, faz-se necessário sistematizar
as avaliações.

Difusão para a Cadeia Produtiva – parceria firmada com


os transportadores, distribuidores e tratadores de resíduos químicos,
no tocante à difusão dos valores e práticas ligados ao Atuação
Responsável.

2.3 O Programa da Série ISO 14.000

A International Organization for Standardization (ISO), com


sede em Genebra, Suiça, é uma instituição composta por 140 órgãos
nacionais de normalização, criada em 23 de fevereiro de 1947, com o
objetivo de desenvolver a normalização e as atividades relacionadas para
facilitar as trocas de bens e serviços entre países nas esferas científicas,
tecnológicas e produtivas (BARBIERI, 2004).

Reflexão
Você já ouviu falar em ISO 9000?

A que conclusões chegou?

A série ISO 14000 tem como base a ISO 9000. Enquanto a


primeira tem por base as preocupações com o meio ambiente, cuja meta
é a poluição zero, a segunda tem por base a produção sem desperdício,
ou seja, a qualidade total.
Mas, antes de nos aprofundarmos na série ISO que trata das questões
ambientais, reservamos um espaço para falarmos da sua matriarca, a BS
7750. Criada pelo British Standards Institution, na Inglaterra em 1992,
constitui-se num primeiro protótipo para as normas da série ISO 14000.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SÉTIMO MOMENTO

A BS 7750 define Sistema de Gestão Ambiental como estrutura


Anotações organizacional, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e 125
recursos para implantar o gerenciamento ambiental (BARBIERI, 2004).
De acordo com Donaire (1999) em 1996, a ISO oficializou com
base na BS 7750 as primeiras normas da série ISO 14000, procurando
estabelecer diretrizes para a implantação de um SGA nas diversas
atividades econômicas que possam afetar o meio ambiente e para
avaliação e certificação destes sistemas, com metodologias uniformes e
aceitas internacionalmente.
As normas referentes aos sistemas de gestão produzidas pela
ISO, no Brasil, foram traduzidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e integram o conjunto de normas dessa instituição.
São elas, entre outras a NBR ISO 14.001:1996 (define especificações
e diretrizes para uso do SGA) e a NBR ISO 14.004:1996 (determina
diretriz geral sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio).
A ISO 14.001 é uma norma que contém os requisitos que
podem ser objetivamente auditados para fins de certificações, registro
ou autodeclaração. Observe os requisitos do SGA relacionados abaixo:

2.4 REQUISITOS DO SGA

1. Requisitos Gerais
2. Política Ambiental
3. Planejamento
3.1 Aspectos ambientais
3.2 Requisitos legais e outros
3.3 Objetivos e metas
3.4 Programa(s) de gestão ambiental
4. Implementação e Operação
4.1. Estrutura e responsabilidade
4.2. Treinamento, conscientização e competência
4.3. Comunicação
4.4. Documentação do SGA
4.5. Controle de documentos
4.6. Controle operacional
4.7. Preparação e atendimento a emergências
5. Verificação e Ação Corretiva
5.1. Monitoramento e medição
5.2. Não-conformidade e ações corretivas e preventivas
5.3. Registros
5.4. Auditorias do SGA
6. Análise Crítica pela Administração
Fonte: ABNT, NBR ISO 14.001: 1996, seção 4.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

A ISO 14004 tem por objetivo prover às organizações os


126 elementos de um SGA eficaz, possível de integração com os demais Anotações
objetivos da empresa. Sua concepção foi idealizada de forma a aplicar-se
a todos os tipos e partes de organizações, independentemente de suas
condições geográficas, culturais e sociais.

Fonte: ABNT. NBR ISO 14004:1996 – Sistemas de gestão ambiental: diretrizes


gerais sobre princípios, sistema e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996.

Semelhante ao SGA, na busca contínua pela melhoria entra


também o Ciclo de Plan-Do-Check-ACT conhecido como Ciclo
de PDCA. Esse método se baseia no controle de processos, e foi
desenvolvido, na década de 30, pelo americano Shewhart, mas foi
Deming seu maior divulgador, ficando mundialmente conhecido ao
aplicar nos conceitos de qualidade no Japão (BARBIERI, 2004).

Neste sentido, a análise e medição dos processos é relevante


para a manutenção e melhoria dos mesmos, contemplando inclusive o
planejamento, padronização e a documentação destes.
O uso dos mesmos pode ser assim relatado:

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

P (Plan = Planejar)
Anotações 127
Definir o que queremos, planejar o que será feito, estabelecer
metas e definir os métodos que permitirão atingir as metas propostas.

D (Do = Executar)

Tomar iniciativa, educar, treinar, implementar, executar o


planejado conforme as metas e métodos definidos.

C (Check = Verificar)

Verificar os resultados que se está obtendo, verificar


continuamente os trabalhos para ver se estão sendo executados conforme
planejados.

A (Action = Agir)

Fazer correções de rotas se for necessário, tomar ações corretivas


ou de melhoria, caso tenha sido constatada na fase anterior a necessidade
de corrigir ou melhorar processos.

OBSERVE QUE:

Assim que um certo padrão é


alcançado, ele já se torna objeto
de novos estudos, ou seja, o ciclo
se repete, inicialmente para
sustentar o padrão alcançado,
depois, para superá-lo

Cada norma da ISO 14.000 é formada por um comitê técnico


que muitas vezes se subdividem, isso possibilita cada subgrupo
trabalhar na formulação de normas específicas para os produtos ou
processos da organização. A lista dos comitês e suas subdivisões,
assim como as normas da série ISO 14.000, você encontrará nos
anexos desse Momento.
O acesso ao mercado e ao lucro é cada vez maior para as
empresas que não poluem, deixam de poluir ou fazem em menor
escala. O raciocínio inverso é valido para empresas que não gerenciam
seus riscos ambientais.
A maioria das empresas que vêm implantando um Sistema
de Gestão Ambiental vem, em geral, sendo motivada quase
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SÉTIMO MOMENTO

exclusivamente para evitar o surgimento de futuras barreiras não


128 tarifárias (veja quadro na página 11) ao comércio de seus produtos, Anotações
assegurando, assim, sua fatia do mercado tanto nacional como
internacional.

Conceitos
Barreiras não-tarifárias: formas de barrar as im-
portações ou exportações, de um país, que não utiliza
taxas alfandegárias. Podemos citar como exemplos:
Barreiras técnicas: especificações técnicas nas quais
os produtos devem se encaixar. Ex: “A tarifa estabelecida pelos Estados
Unidos para a importação de abacaxi não constitui elemento impeditivo
à entrada do produto naquele país. Mas, só quem produz abacaxi com o
grau de acidez igual ao do Havaí (grande fornecedor dessa fruta para o
mercado dos EUA) pode exportar para os Estados Unidos”.
Barreiras Sanitárias: nos primeiros meses de
2001, o Canadá proibiu a importação de carne brasileira sob a alegação
de que nosso rebanho estava infectado com a doença da vaca louca. De-
pois de muitas discussões e inspeções, o Brasil provou que nossa carne
não estava contaminada (MAIA, 2003).
Entre outras.

3 RELEMBRANDO

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

4 O QUE FAZER
Anotações 129
Faça uma pesquisa na Internet e elabore uma lista contendo dez
empresas de diversos ramos que já implantaram o Sistema de Gestão
Ambiental baseado nas normas da série ISO 14.000.

5 PARA SABER MAIS

INTERNATIONAL Oganizatiom for Standardization. Disponível em:


<http://www.iso.ch> Acesso em: 12 dez.2005.

LINKS TEMÁTICOS. Disponível em: < http://www.cni.org.br/links/


links-at-meioambiente.htm> Acesso em: 12 dez. 2005.

RELATÓRIO Atuação Responsável 2005. Disponível em: <http://


www.abiquim.org.br> Acesso em: 08 dez. 2005.

SISTEMA de Gestão Ambietntal. Disponível em: <http://www.


ambientebrasil.com.br> Acesso em: 08 dez. 2005.

Nesses endereços você entrará, no primeiro e saberá tudo sobre


as séries ISO, quer seja para a qualidade total, quer seja para o meio
ambiente; no segundo você encontrará uma variedade de links relacionados
à gestão do meio ambiente; no terceiro encontra-se o relatório de 2005
das indústrias químicas que utilizam o programa de Atuação Responsável
e, por fim, um artigo completo e de fácil leitura sobre o SGA.

SACHS, I. Estratégia de transição para o século XXI. São Paulo: Studio


Nobel: FUNDAP, 1993.

BURSZTYN, Maria Augusta Almeida. Gestão ambiental: instrumentos


e práticas. Brasília: IBAMA, 1994.

CAVALCANTI, Clóvis. Desenvolvimento e Natureza: estudo para


uma sociedade sustentável. 2 Ed. São Paulo: Cortez, Recife; Fundação
Joaquim Nabuco, 1998.

Nessas leituras, você descobrirá que o processo de transição da produção


capitalista para a produção dentro de um desenvolvimento sustentável,
obrigatoriamente, deverá incluir um Sistema de Gestão Ambiental.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

ONDE ENCONTRAR:
130 Anotações
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).
NBR ISO 14001:1996 - Sistemas de gestão ambiental: especificações
e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996 a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).


NBR ISO 14004:1996 - Sistemas de gestão ambiental:diretrizes gerais
sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996 b.
RELATÓRIO ANUAL DA ABIQUIM – 2000. Disponível em:
<http://www.abiquim.org.br>. Acesso em 08 de dezembro de 2005.

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos,


modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

Délio Urpia de Seixas, em O Estado de São Paulo, de 20/04/1993, In:


MAIA, 2003.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2 ed. São Paulo,


Atlas, 1999.

GODART, O. Gestão integrada dos recursos naturais e do meio


ambiente: conceitos, instrumentos e desafios de legitimação. IN:

VIEIRA, Paulo Freire. VERBER, Jacques (Org.). Gestão de recursos


naturais renováveis e de desenvolvimento: novos desafios para a
pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1996. P.201-266.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


SÉTIMO MOMENTO

131

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


133
ANEXOS

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


ANEXOS

Anotações ANEXO A – O ISO/TEC 207 as Normas da Série ISO 14.000 135

COMITÊ TÉCNICO 207


Coordenação: Standards Council of Canada
COORDENAÇÃO ÁREAS TEMÁTICAS
Subcomitê Órgão de Normalização Grupo de Trabalho WG (país
(País) do órgão tema específico)
British Standards Sistema de Gestão Ambiental
SC 1 Institution -WG 1 (Reino Unido):
(Reino Unido) especificações
-WG 2 (Canadá): Guia
Nederlands Normalisatie Auditorias Ambientais e
SC 2 Instituut Investigações Relacionadas
(Países Baixos)
- WG 1 (Canadá): Princípios
Gerais
- WG 2 (Estados Unidos):
Processos de Auditoria
- WG 3 (Reino Unido):
Critérios de Qualificação
- WG 4 (Canadá): Avaliação
de lugares

SC 3 Standards Australia Rotulagem Ambiental


International - WG 1 (Suécia):Rótulos
(Austrália) baseados em múltiplos
critérios
- WG 2 (Canadá):
Autodeclaração
- WG 3 (Estados Unidos):
Princípios e Diretrizes

American National Avaliação do Desempenho


SC 4
Standards Institute Ambiental
(Estados Unidos da - WG 1 (Estados Unidos):
Avaliação do Desempenho
América) do SGA
- WG 2 (Noruega):
Avaliação de Sistemas
Operacionais
Assciation Française de Avaliação do Ciclo de Vida
SC 5 - WG 1 (Estados Unidos):
Normalisation
(França) Princípios Gerais e
Procedimentos
- WG 2 (Alemanha):Análise
de Inventário Geral
- WG 3 (Japão): Análise do
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
ANEXOS

136 Inventário Específico


- WG 4 (Suécia): Avaliação de Anotações
Impacto do Ciclo de Vida
- WG 5 (França):
Interpretação

Norges Standardiserings-
SC 6 forbund Termos e Definições
(Noruega)

Fonte: Barbieri, 2004.

ANEXO B – Normas da Família ISO 14.000

NORMAS ÁREA NÚMERO: ano da TÍTULO DA NORMA


TEMÁTICA publicação
Sistema de
ISO 14.001:1996 gestão ambiental
– especificações e
diretrizes para uso.

Sistema Sistema de gestão


de Gestão ISO 14.004:1996 ambiental – diretrizes
gerais sobre
Ambiental princípios, sistemas e
técnicas de apoio.
ORGANIZAÇÕES

Informações
para auxiliar as
ISO 14.061:1998 organizações
florestais no uso das
normas ISO 14.001
e ISO 14.004.
Diretrizes para
ISO 14.010:1996 auditoria ambiental
– princípios gerais.
Diretrizes para
auditoria ambiental
ISO 14.011:1996 – procedimentos de
Auditoria
Ambiental auditoria – auditoria
de sistemas.
Diretrizes para
auditoria ambiental
– critérios de
ISO 14.012:1996 qualificação
para auditorias
ambientais.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


ANEXOS

Anotações Gestão ambiental


– avaliação
137
ISO 14.015:2001
ambiental de locais e
organizações.
Auditoria Diretrizes para
Ambiental auditorias de
ORGANIZAÇÕES sistema de gestão
ISO 19.001:2002 da qualidade e/ou
ambientais (substitui
as normas ISO
14.010, 14.011 e
14.012).
Gestão ambiental
ISO 14.031:1999 – avaliação do
desempenho
Avaliação de ambiental e diretrizes.
Desempenho
Ambiental Gestão ambiental –
exemplos de avaliação
ISO 14.032:199 do desempenho
ambiental.

Rótulos e declarações
ISO 14.020:2000 ambientais –
princípios gerais.
Rótulos e declarações
ambientais
– reivindicações
ISO 14.0021:1999 de autodeclarações
ambientais –
Rotulagem rotulagem ambientais
Ambiental tipo II.

Rótulos e declarações
PRODUTOS

ambientais –
ISO 14.024:1999 rotulagem ambiental
tipo I princípios e
procedimentos.
Rótulos e declarações
ISO 14.020:2000 ambientais
– declarações
ambientais tipo III.
Gestão ambiental:
ISO 14.040:1997 avaliação do clico de
vida – princípios e
Avaliação do estruturas.
Ciclo de Vida Gestão ambiental:
avaliação do clico de vida
ISO 14.041:1998 – objetivos e escopo,
definições e análise de
inventário.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Guia para inclusão de
138
Aspectos ISO Guia 64:1997 aspectos ambientais
Anotações
PRODUTOS

Ambientais em normas de
produtos.
em Normas
de Produtos Integração dos
ISO 14.062:2002 aspectos ambientais
no desenvolvimento
de produtos –
diretrizes.
TERMOS E DEFINIÇÕES ISO 14.050:2002 Gestão ambiental
– vocabulário.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO 139

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


OITAVO MOMENTO

140

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO

Anotações Ecoeficiência (Produção 141


mais limpa)
1 Por que aprender

Neste Momento apresentaremos a você, uma nova abordagem


do trato da questão ambiental no ambiente corporativo. Trataremos
a seguir de uma metodologia que discute a equação tradicional de
produção no que tange a sua relação intrínseca insumo – transformação
– resultado, denominada como produção mais limpa.
Esta metodologia foi desenvolvida pela United Nations
Environmental Program/United Nations Industrial Development
Organization - UNEP/UNIDO, visando à aplicação de uma estratégia
ambiental para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao meio
ambiente no processo produtivo.
Corresponde a um procedimento planejado com o objetivo de
identificar oportunidades para eliminar ou reduzir a geração de efluentes,
resíduos e emissões, além de racionalizar a utilização de matérias-primas
e insumos.
Baseia-se esta estratégia na discussão da forma de alocar recursos
produtivos para a geração de um produto e/ou serviço. Isto se traduz, na
criação de um ambiente corporativo proativo, permeável a mudanças,
não apenas no que tange aos insumos empregados no processo, mas
também à tecnologia utilizada, remetendo-se a considerações até sobre
a embalagem a ser utilizada para o seu acondicionamento.
Trata-se enfim da discussão em torno de uma ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL DE PRODUZIR!
Justifica-se a discussão em torno de técnicas ecoeficientes de
produção de itens de manufatura a serviços, a partir da análise das
seguintes questões:

• Busca-se com a implementação de P+L (Produção Mais


Limpa) a produção sustentável, minimizando-se as agressões
ambientais;
• P+L se traduz em redução da exploração dos recursos
naturais;
• Para a empresa, reduzir desperdícios torna-se uma evidente
fonte de vantagem competitiva;
• Para a sociedade além dos evidentes ganhos ambientais, a busca
incessante por novas alternativas tecnológicas, sustentáveis
ao ponto de vista ambiental, torna-se um instrumento de
desenvolvimento tecnológico, de crescimento industrial,
focado nas boas práticas ambientais.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

Assim, neste Momento, discutiremos a metodologia de produção


142 mais limpa, seus conceitos, instrumentos, técnicas de implementação e Anotações
resultados como forma de apresentar ao aluno um eficaz instrumento
de conformidade ambiental e apoio a competitividade empresarial.

2 O que aprender

2.1 O QUE É PRODUÇÃO MAIS LIMPA?

De acordo com a United Nations Environmental Program/United


Nations Industrial Development Organization - UNEP/UNIDO, a
produção mais limpa é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental
preventiva e integrada, nos processos produtivos, produtos e serviços,
para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao meio ambiente
(UNIDO/UNEP 1995).
Esta forma alternativa de produzir bens e serviços utiliza ajustes
no processo produtivo que permitem a redução da emissão/geração
de resíduos diversos, podendo ser feitas desde pequenas reparações no
modelo existente, até a aquisição de novas tecnologias.

Fique Ligado
Se uma empresa utiliza água no seu processo industrial, consequente-
mente gera esgoto. O simples fato de você reduzir o uso deste insumo
no processo produz menor quantidade de efluente, menor custo de tra-
tamento deste, e menor passivo ambiental.

Entendeu? Esta é a essência da Produção Mais Limpa (P+L).


Assim, para a correta implementação, dessa metodologia, devemos levar
em consideração alguns aspectos como os, a seguir dispostos:

• P+L requer mudança de atitude – produzir nessa metodologia


pressupõe um quadro de colaboradores motivado, buscando
de forma proativa a melhoria contínua dos seus processos
e/ou serviços;
• P+L frequentemente está associado à melhoria tecnológica
– A modificação do processo em muitas situações requer a
alteração de um componente tecnológico (a inserção de um
controle automático de processo, por exemplo);
• Melhoria contínua em P+L exige Know-how (conhecimento)
– o investimento em recursos humanos e a eventual
contratação de consultoria externa especializada são
comumente requeridos.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

Anotações Reflexão 143


A discussão acima revela uma necessidade do
estabelecimento de uma interface consistente entre o
setor produtivo da empresa e determinados órgãos de
staff ao modelo produtivo, notadamente o de recursos
humanos. Este fato limita a sua aplicabilidade?

2.2 P+L NO MUNDO – COMO SURGIU?

A UNIDO e a UNEP criaram, em 1994, o programa de Produção


Mais Limpa, voltado para a preservação ambiental. Cerca de 16 Centros
de Produção Mais Limpa já foram implementados em várias partes do
mundo, e 14 estão em implementação. Esses centros, chamados de
National Cleaner Production Centres–NCPC, têm como papel principal
promover demonstrações na planta industrial; treinamento de todos
os envolvidos; disseminação das informações e avaliação das políticas
ambientais.

2.2.1 E no Brasil, como estamos?

Em julho de 1995, foi inaugurado o NCPC brasileiro,


denominado Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL/Brasil, o
qual está localizado no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial –
SENAI/RS, em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. O CNTL/
SENAI-RS tem a função de atuar como um instrumento facilitador para
a disseminação e implementação do conceito de Produção Mais Limpa
em todos os setores produtivos. O programa desenvolvido no Brasil é
uma adaptação do programa da UNIDO/UNEP e da experiência da
Consultoria Stenum, da cidade de Graz, na Áustria, que desenvolveu
o projeto Ecological Project for Integrated Environmental Technologies
– ECOPROFIT (CNTL, 2003).

Praticando
A evolução de P+L no mundo e no Brasil é um fato
inconteste. Desta forma, os dados expostos acima neces-
sitam de constante atualização. Pesquise nos sites do CNTL e
do UNIDO/UNEP a respeito da atual plataforma instalada.

2.2.2 Abordagens de P+L

A abordagem da metodologia P+L contrapõe-se ao sistema


tradicional no trato da questão ambiental, ou seja, a tecnologia fim-de-tubo.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

Ao invés de tratar o resíduo busca-se primeiro prevenir a sua geração. Na


144 impossibilidade de alcançar a meta de geração zero, buscamos minimizá- Anotações
la. Os procedimentos seguintes buscam, respectivamente, reaproveitar os
resíduos, seja no próprio processo produtivo ou na manufatura de um
produto novo, a partir deste resíduo. Finalmente, busca-se tratar o resíduo,
e dispô-lo de forma adequada ao meio ambiente. A análise da Figura 8.1,
a seguir disposta, contribui para o entendimento da metodologia.

Figura 8.1 – Abordagem metodológica da P+L


Fonte: CNTL, 2003.

Através da análise da Figura, anteriormente disposta, pode-


se concluir também que a melhor solução em termos ambientais
na lógica P+L (prevenir a geração de resíduo), traduz-se em maior
complexidade no trato da questão, e em contrapartida, gera uma
solução com menor custo global.

Note Bem
Aqui, novamente, evidenciamos a importância do componente tecno-
lógico da solução do problema de P+L. Neste escopo, cresce a relevân-
cia de uma participação externa à organização para o estabelecimento
inicial do programa.

Como se faz? Para tal, a metodologia sugere a seguinte escala de


prioridades:

1. Evitar a geração: representa o primeiro passo na abordagem


P+L. Buscamos assim usar o insumo na sua totalidade, sem
desperdícios;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

2. Minimizar a geração: quando no processo de manufatura é


Anotações impossível alcançar a meta de “zero resíduo”, trabalhamos 145
para que este seja o menor possível;
3. Reciclar / Reutilizar o resíduo: nesta fase buscamos
reaproveitar o resíduo no mesmo processo produtivo, ou
caso não seja viável, viabilizar a produção de um novo item a
partir deste resíduo;
4. Efetuar um tratamento químico, biológico, físico ou uma
eventual incineração: Nesta fase, a metodologia sugere a
busca da solução ambientalmente mais adequada, com vista
a preparar o resíduo à fase final de processamento, ou seja, a
disposição adequada no meio ambiente.

Vamos ilustrar essa metodologia através da análise de um modelo


produtivo simples – Uma pequena confecção:

• A empresa previne a geração de resíduos adquirindo


insumos de qualidade inconteste, como adesivos, por
exemplo;

• Minimizar os resíduos representa racionalizar o processo


produtivo de corte, de forma que o aproveitamento do tecido
seja o melhor possível;

• Reciclar/Reutilizar, traduz-se em buscar um melhor


aproveitamento para as aparas de tecido. Por que não
implantar uma linha de produtos infantis a partir
deste?

• Tratar o resíduo e Dispor pode ser exemplificado pela


neutralização dos produtos químicos utilizados no
processamento (lavanderia, serigrafia). O tratamento de
efluentes industriais representa a solução final para este
resíduo.

É importante salientar que quanto melhor a solução em


termos de P+L, menor a quantidade de resíduos a ser em dispostos
no meio ambiente e, conseqüentemente, menor o passivo
ambiental. A Figura 8.2, traduz de forma didática a aplicação da
metodologia.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO

146 Anotações

Figura 8.2 - Níveis de aplicação de P + L


Fonte: CNTL, 2003.

2.2.3 Metodologia de P+L

Constitui-se de uma avaliação técnica, econômica e ambiental


de um processo produtivo pela sua análise detalhada e posterior
identificação de oportunidades, que possibilitem melhorar a eficiência. A
metodologia pode ser aplicada em todos os setores, incluindo indústria,
comércio e serviços, além de atividades do setor primário.
A implementação de um programa de produção mais limpa
pode envolver um ciclo de estratégias de design em todas as fases do
processo, que transcendem aos limites físicos da empresa, passando a
envolver todo o ciclo de vida.

2.2.4 Divisão do programa em etapas, tarefas e atividades

• O programa de produção mais limpa pode ser dividido em


5 ETAPAS.
• Estas ETAPAS, devido à sua complexidade, podem ser
divididas em 20 TAREFAS.
• Por sua vez, as tarefas são divididas em ATIVIDADES, que
variam conforme a TAREFA.

2.2.5 Etapas da implantação de um programa de P + L

Etapa 1 – Planejamento e Organização

• Passo 1: Obtenção do comprometimento gerencial;


• Passo 2: Estabelecer a equipe do projeto (ecotime);
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

• Passo 3: Estabelecimento da amplitude do programa de


Anotações produção mais limpa na empresa, com metas claras; 147
• Passo 4: Barreiras e soluções.

Produto final desta etapa: Organização da equipe e definição do


escopo do estudo.

Etapa 2 – Diagnóstico e pré-avaliação;

• Passo 5: Estudo detalhado do fluxograma do processo;


• Passo 6: Levantamento de dados e realização do balanço de
material;
• Passo 7: Seleção do foco de avaliação e definição dos principais
indicadores.

Produto final desta etapa: Foco de avaliação selecionado.

Etapa 3 – Realização dos estudos e avaliação

• Passo 8: Elaboração do balanço de material e


monitoramento;
• Passo 9: Identificação das causas da geração de resíduos,
emissões, efluentes e perdas de energia;
• Passo 10: Identificação e seleção preliminar de oportunidades
de P+L com definição dos principais indicadores;
• Passo 11: Priorização das oportunidades de P+L, montando
uma provável seqüência de implantação.

Produto final desta etapa: Conhecimento do processo e obtenção


de conjunto abrangente de oportunidade de P+L.

Etapa 4 - Estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental

• Passo12: Realizar a avaliação dos dados obtidos na Etapa 3


(preliminar);
• Passo 13: Realizar a avaliação técnica;
• Passo 14: Realizar a avaliação econômica;
• Passo 15: Realizar a avaliação ambiental;
• Passo 16: Selecionar as oportunidades viáveis.

Produto final desta etapa: Lista de oportunidades viáveis.

Etapa 5 – Implementação e continuação

• Passo 17: Preparar um plano de implementação;


Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

• Passo 18: Implementar as oportunidades de P+L, que passam


148 a ser denominados de caso; Anotações
• Passo 19: Aplicar o plano de monitoramento dos estudos de
caso;
• Passo 20: Avaliar a evolução dos indicadores e manter os
planos de continuidade para o programa de P+L.

Produto final desta etapa: Implantação dos estudos de caso e


acompanhamento.

2.2.6 P+L na prática

Neste tópico, ilustraremos a implementação da metodologia de P+L,


através da descrição de cases de sucesso da implementação do modelo.
Os casos apresentados, a seguir, ilustram a oportunidade
Mudança em matérias-primas e insumos, identificadas na implementação
de Produção mais Limpa no setor Gráfico.

Caso 1: Redução do potencial poluidor do efluente líquido pela


substituição de insumos

Para a limpeza das telas gravadas utiliza-se água e produtos


de limpeza. A empresa tinha custos com o tratamento do efluente
gerado, pois esta ficava fora dos padrões exigidos para descarte.
Na implementação da P+L:

• Avaliou-se o volume de efluente gerado no desengraxe e


revelação e na limpeza das telas;
• Caracterizou-se os efluentes de desengraxe e revelação e de
limpeza das telas;
• Pesquisou-se produtos de limpeza substitutivos menos
poluentes.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO

Resultados:
Anotações 149
• Geração de efluente fora do padrão: Antes da P+L – 72 m3,
Após a P+L – 0 m3
• Benefício Ambiental: Redução da contaminação do efluente
gerado
• Investimento: R$ 900,00 referente a análises para
caracterização do efluente
• Benefício Econômico: R$ 6.000/ano, pois não há mais a
necessidade de envio do efluente para tratamento terceirizado
ou investimento em ETE.

Caso 2: Redução da geração de aparas de papel pela alteração de tamanho


de papel empregado na impressão de periódicos.

A gráfica adquiria a matéria-prima papel num tamanho maior que


o produto final (periódico impresso). As dimensões do papel comprado
eram de 66x96 cm, enquanto que o periódico possui dimensões finais
de 20x28 cm. As empresas têm a impressão de que não têm custos com
esse resíduo, pois arrecadam uma receita com a venda no valor de R$
3.200,00. Porém, seu desperdício de MP é da ordem de R$ 22.100,00.
Através de estudos de viabilidade técnica, constatou-se a possibilidade
de redistribuição de layout de impressão, para possibilitar o uso de folha
de papel menor. Posteriormente, foi feito contato com fornecedor, para
negociação de fornecimento da matéria-prima com novas dimensões.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO

Resultados:
150 Anotações
Para a produção de 270.000 exemplares do periódico

• Geração de aparas brancas antes da P+L: 5 toneladas


• Geração de aparas brancas após a P+L: 0 toneladas
• Consumo de papel antes da P+L:46 toneladas
• Consumo de papel após a P+L:41 toneladas
• Benefícios ambientais:
• Redução da geração de resíduo
• Redução de consumo de recurso natural renovável
• Benefício econômico anual: R$ 10.800,00

Fonte: Extraído de CNTL/SENAI

3 RELEMBRANDO

• A produção mais limpa é uma estratégia ambiental para


reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao meio
ambiente no processo produtivo;
• Traduz-se em um procedimento planejado com o objetivo de
identificar oportunidades para eliminar ou reduzir a geração
de efluentes, resíduos e emissões, além de racionalizar a
utilização de matérias-primas e insumos;
• P+L requer mudança de atitude – produzir nesta metodologia
pressupõe um quadro de colaboradores motivado buscando
de forma proativa a melhoria contínua dos seus processos
e/ou serviços;
• P+L frequentemente está associado à melhoria tecnológica – A
modificação do processo em muitas situações requer a alteração de
um componente tecnológico, além de um componente externo
à organização para implantação (consultoria especializada).

4 O QUE FAZER

Caro aluno, entenda que este Momento teve um forte compo-


nente sensibilizador. A metodologia de implementação de P+L é muito
mais complexa e não é possível ser discutida em sua totalidade, neste
texto. Para aprender mais sobre o tema investigue as referências sugeri-
das no item para saber mais.

• Como forma de exercitar a sua aprendizagem, investi-


gue um modelo produtivo de sua familiaridade (o seu
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

ambiente de trabalho, por exemplo) à luz das etapas de


Anotações implantação de um programa de P+L, identificando pro- 151
blemas e suas possíveis soluções.

Lembrete
Lembre-se, P+L pressupõe ações simples para a reso-
lução de problemas (eliminar vazamentos, estabele-
cer uma rotina de procedimentos referentes à racio-
nalização de energia elétrica, e todas estas ações estão
inseridas nesta nova forma de enxergar a atividade
produtiva.
Não esqueça de enviar os resultados para o seu tutor,
com vistas a posterior discussão dos mesmos.

5 PARA SABER MAIS

Cartilha de produção mais limpa. Disponível em: <http://www.


pmaisl.com.br/publicacoes/sebrae/cartilha-sebrae.pdf> Acesso em: 17
fev. 2006.

Guia de P+L. Disponível em: <http://www.pmaisl.com.br/publicaco-


es/guiadepmaisl/guia-da-pmaisl.pdf> Acesso em: 17 fev. 2006.

Conselho Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimento


Sustentável. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds> Acesso
em: 17 fev. 2006.

Site do Conselho Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimen-


to Sustentável, é uma organização não-governamental que representa
uma coalisão dos maiores e mais expressivos grupos empresariais do
Brasil. O CEBDS integra uma rede global de mais de 50 conselhos
nacionais que estão trabalhando para disseminar uma nova maneira de
fazer negócios ao redor do mundo.

Centro Nacional de Tecnologias Limpas. Disponível em: <http://


wwwapp.sistemafiergs.org.br/servlet/page?_pageid=1070,1090&_
dad=portal30&_schema=PORTAL30> Acesso em: 17 fev. 2006.

Site do Centro Nacional de Tecnologias Limpas, representante


no Brasil da UNIDO/UNEP para disseminar a metodologia de P+L.

Núcleo de P+L do Sergipe. Disponível em: <http://www.pmaisl.


com.br/images/assista-camera.gif> Acesso em: 17 fev. 2006.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

Documentário de empresas participantes do Núcleo de P+L do


152 Sergipe (SEBRAE) disponíveis para assistir. Anotações
ONDE ENCONTRAR

BKH Consulting Engineers – Policies and policy instruments to pro-


mote cleaner production. Recommendations for Colombia. Delft,
1996. In: Política Nacional de Producción más Limpia (1997) apud Nas-
cimento, Lemos e Mello (2002, CD-ROM de Produção Mais Limpa).

CANEPA, E. A produção mais limpa no RS. Porto Alegre, CIENTEC,


1997.

EPA. Principles of pollution prevention and cleaner production.


Facilitator’s manual. 1988.

EPA. Profits from cleaner production: a self-help tool for small to


medium-sized business. Version 1: August 2000. Disponível em:

SENAI. A indústria ecoefiente: reduzindo, reutilizando, reciclando.


São Paulo, 2000.

SISTEMA FIERGS. Disponível em: <http://wwwapp.sistemafiergs.


org.br/pls/portal30/docs/FOLDER/AREA_SENAI_ESCOLAS/PST_
ESCOLA_697/PST_CASE/INFOJUN05.PDF> Acesso em: 30 dez.
2005.

UNEP. Cleaner production worldwide. Vol. II, pg 1. França, 1995.

UNIDO. Cleaner production toolkit. Introduction into cleaner


production. Volume 1 2001.

UNIDO/UNEP. Manual de avaliação de P+L, traduzido por CNTL/


SENAI. Porto Alegre, 1995.

United States Environmental Protection Agency. Principles of


pollution prevention and cleaner production: an international
training course. Versão da China, 1998.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


OITAVO MOMENTO

153

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


NONO MOMENTO 155

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


NONO MOMENTO

156

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


NONO MOMENTO

Anotações Análise de ciclo de vida de produtos 157

1 POR QUE APRENDER

Discutimos em momentos anteriores, caro aluno, os aspectos


e impactos ambientais referentes a atividades produtivas relativos ao
meio antrópico.
A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação
dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um
produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza
das matérias-primas utilizadas no sistema produtivo, até a disposição
do produto final. Essa técnica também é denominada como análise “do
berço ao túmulo”.
Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada em uma
grande variedade de propósitos. As informações coletadas na ACV e os
resultados de sua análise e interpretações podem ser úteis para tomadas
de decisão, na seleção de indicadores ambientais relevantes para avaliação
de desempenho de projetos, reprojetos de produtos ou processos e/ou
planejamento estratégico.
Justifica-se o estudo da ferramenta Análise de Ciclo de Vida, a
partir das seguintes assertivas:

• A utilização da técnica de ACV representa um significativo


gesto de racionalização e preservação dos recursos naturais;
• Projetar manufatura utilizando esta técnica, significa projetar
em conformidade ambiental;
• Finalmente, a ACV representa uma oportunidade de produzir
com eficiência energética, como demonstraremos no decorrer
deste Momento.

2 O QUE APRENDER

Inicialmente, caro aluno, vamos apresentá-lo a uma técnica


de busca da conformidade ambiental das empresas e seus produtos
e serviços, denominada análise de Ciclo de Vida, como surgiu, sua
utilização, ilustrando a discussão e exemplificando essa técnica, através
da exposição de um caso.
Vamos supor que a sua empresa deseje discutir a melhor
solução, sobre o ponto de vista ambiental, para a adoção de dois meios
alternativos de transporte, veículos automotores de acionamento
elétrico ou a gasolina.
Considerações sobre o ponto de vista ambiental: Os dois

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


NONO MOMENTO

sistemas propulsores introduzem impactos ambientais (extração de


158 recursos naturais, emissões gasosas, efluentes e resíduos gerados). Anotações
A melhor solução: O objetivo é levar em conta todos os impactos
desde a extração dos recursos necessários, sua produção, seu uso e seu
fim de vida (sua forma de descarte).
A primeira consideração nos mostra que:

• Emissões gasosas ocorrem devido à combustão da gasolina


no motor durante o seu uso;
• Emissões gasosas relativas à utilização de um veículo elétrico
devem-se, principalmente, aos combustíveis fósseis utilizados
durante o estágio de produção de energia elétrica;
• Com vistas a definir a melhor solução sobre o ponto de vista
ambiental, é necessário comparar as emissões atmosféricas do
veículo movido a gasolina, com as emissões atmosféricas geradas pela
produção da eletricidade necessária ao acionamento do veículo.

A comparação não é óbvia, sendo passível da realização de


cálculos, do uso de tabelas e de estimativas para a sua determinação.
Este trabalho pode ser realizado de forma padronizada pela
metodologia proposta a qual foi detalhada por um conjunto específico
de normas da série ISO 14040.

2.1 Desenvolvimento histórico

O surgimento da metodologia de Análise de Ciclo de Vida teve


início a partir das seguintes ações:

• A discussão sobre a necessidade de realização de estudos de


otimização de consumo de energia em um contexto em altos
consumos representavam restrições ao segmento industrial;
• Houve, a partir desta fase, uma transição de estudos de
meramente quantitativos de apuração de consumo energético
para considerações energéticas referentes ao consumo de
energia da extração da matéria-prima;
• O desenvolvimento de estudos adicionais referentes ao
levantamento energético referente não só das entradas, mas
também das saídas do sistema.

O estudo mais conhecido desta fase inicial de ACV foi a análise que
a Coca-Cola encomendou para o Midwest Reseach Institute, cujo relatório
foi publicado em 1969, comparando diversas embalagens de bebida no
que diz respeito a emissões para o ambiente e consumo de recursos naturais
(CHRISTIANSEN, 1996; VIGON et.,al, 1993).

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


NONO MOMENTO

Resultados:
Anotações 159
1. Foram levados em conta todos os impactos ambientais, desde
a extração da matéria-prima, até a disposição final do efluente
(por isto chamado do berço ao túmulo).
2. Busca de resposta para as seguintes questões:

• Tomada de decisão relativa à alternativa de envase, vidro ou


plástico;
• Tomada de decisão relativa a produção própria ou terceirizada
dos vasilhames;
• Opções de fim de ciclo, vasilhames retornáveis ou
descartáveis.

O estudo apontou, para a melhor decisão, a adoção da garrafa


plástica, contrariando as expectativas tradicionais. A pesquisa nunca foi
publicada na sua versão integral, apenas um sumário foi publicado, em
abril de 1976, no periódico Science Magazine.
As primeiras discussões relativas à validação do modelo
vieram à tona no momento da publicação. Esta iniciativa pioneira
motivou a comunidade científica no sentido da busca da formatação
de um modelo para fornecer consistência metodológica à técnica.

2.1.1 Buscando a Padronização

Após algumas tentativas de padronização, foi apresentada a


série de normas da família ISO 14040 a 14043, padrões estes que
apresentam o método e as diferentes opções para a apresentação da
Análise do Ciclo de Vida.
A seguir, apresentamos o conjunto de normas relativas ao tema:

• ISO 14040, Meta e escopo (1997);


• ISO 14041, análise do inventário do ciclo de vida (1998);
• ISO 14042, diagnóstico de impacto de ciclo de vida (2000);
• ISO 14043, interpretação do ciclo de vida (2000).

Saiba Mais
Este conjunto de padrões permite-nos realizar um diagnóstico de ciclo
de vida calcado em padrões confiáveis e reprodutíveis. Para tal, propõe-
se dois critérios que garantem uma prática consistente:
É essencial, quando da realização de um ACV, referir-se aos padrões
estabelecidos ao nível do conhecimento.
Quando o estudo não for embasado na série de normas ISO, o mesmo
deve ser questionado.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


NONO MOMENTO

Essa série de padrões permite aos investigadores diferentes opções


160 de escolha, que podem influenciar os resultados. Por exemplo, opção de Anotações
valorar os lucros inerentes da reciclagem, ou do impacto da terceirização
da produção de itens. É essencial validar essas opções através de análise de
sensibilidade e, em caso de comunicação externa, observar atentamente
os resultados da ACV realizada pelos especialistas (SILVA, 1997).

2.1.2 Análise de Ciclo de Vida: fases do processo

O processo de operacionalização da Análise de Ciclo de Vida de


um produto, com base no conjunto de normas da série ISO, preserva
uma metodologia própria e reprodutiva cuja implementação não faz
parte do escopo deste Momento. O Anexo Nº1, disposto ao fim deste
Momento, detalha o conjunto de ações pertinentes a cada norma.

2.1.3 Ferramentas de apoio à realização de ACV: métodos e


programas computacionais

Com vistas à realização da ACV de forma articulada, é importante


o estabelecimento de práticas eficientes. Estas práticas são voltadas para o
uso da metodologia de forma eficaz por parte do praticante, economizam
tempo, proporcionam cálculos rápidos e conclusões precisas, e serão
implementadas em todas as fases do estudo (RIBEIRO, 2003).

• Investigar as maneiras possíveis de atingimento das metas


do estudo (e das necessidades), além da forma de obtê-lo da
forma mais eficiente;
• Validar os dados coletados, o sistema em construção e seus
parâmetros;
• Utilizarão os dados coletados para o estabelecimento de um
plano de longo prazo, centralizar a base de dados e sua forma
de atualização;
• Usar software de gerenciamento;
• Realizar um protocolo de interpretação para a avaliação das
conclusões;
• Consolidar um relatório completo integrando as conclusões,
fornecendo subsídios para investigações futuras.

Fique Ligado
Para a correta implementação da ACV o grupo responsável pela gestão
deve ter um conhecimento do uso dos adequados indicadores ambien-
tais, o que facilita o entendimento do mesmo pela organização. Re-
lembre a discussão acerca de indicadores de desempenho ambientais,
revendo o Momento 5Quando o estudo não for embasado na série de
normas ISO, o mesmo deve ser questionado.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
NONO MOMENTO

2.1.4 A Análise de Ciclo de Vida como uma ferramenta para vários


Anotações propósitos: tecnologias, sistemas e análises de serviços 161

Necessidades internas:
• Gerenciamento de fluxos de material e energia
(Tecnologias);
• Comparações interdepartamentais;
• Otimização do fim de vida de produtos e serviços;
• Assistência ao eco-design de produtos.

Necessidades externas:
• Comunicação ambiental;
• Contra-ataque a uma promoção ecologia da concorrência;
• Dialogo cliente/fornecedor;
• Lobbying .

2.1.5 Aplicação do ACV ao gerenciamento ambiental

Uma das “aplicações internas” da ACV é a orientação focada


ao gerenciamento ambiental. Os locais investigados tornam-se
permanentes veiculos de benchmarking, inclusive no processo de escolha
de fornecedores.
Por outro lado, ACV permite-nos integrar os diversos
fluxos departamentais estabelecendo uma interelação entre os
mesmos e o meio ambiente, além de avaliar as diferentes opções
ambientais, modelar as evoluções de longo prazo, a compará-la
com as referências.
Fique Ligado
Benchmarking é um termo proveniente do idioma inglês que diz res-
peito a “comparação”. Pesquise na internet qual a interpretação deste
termo no cotidiano da gestão das organizações!

2.1.6 Limitações da ACV

A noção de meio ambiente é vaga. A meta da ACV não é cobrir


todas as questões ambientais: apenas o que é mensurável quantitativamente
é levado em conta. Chamamos isto de contabilidade ambiental apesar
disto esta contabilidade não trata de uma operação direta, levando em
consideração os impactos de atividades nos cenários.

• Barulhos;
• Odores;
• Toxicidade de produtos;
• Tempo.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
NONO MOMENTO

Portanto, existem maneiras indiretas de aproximar estas


162 questões: Anotações
• Impactos ambientais relatados para o cenário de preservação
podem ser levados em conta no ACV;
• Além de determinado limite, o número de pessoas
intervenientes deve ser levado em consideração;
• A criação de impactos específicos no caso de se levar em conta
a toxicidade deve ser levada em consideração.

Fique Ligado
Na avaliação do ciclo de vida de um produto o número de pessoas que
adquiriram os mesmos ao longo da vida útil do produto será propor-
cional ao seu impacto ambiental. Que tal raciocinar, nesta afirmação,
usando como exemplo os pneus de veículos de passageiros e cargas?

2.1.7 Desenvolvimento da ACV, evoluções da técnica e associações


com outras ferramentas

Com vistas a responder a objetivos cada vez mais complexos,


cada vez mais se associa a ACV a outras ferramentas, buscando-se a
integração com as diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável
a social e a econômica.

LCM : Avaliação de custo de cada alternativa.


Apresentam-se vários métodos: ABC (Actividade Baseada em
Custo), cada uma direcionando para diferentes conclusões, conforme
suas premissas.

MASIT : Análise Multicritérios para Tecnologias Industriais Sustentáveis.


Comparação entre novas tecnologias com o fim de referência-
las o critério de uso é definido de acordo com o setor. A meta de
comparação é identificar as melhorias significativas no conjunto de
soluções sustentáveis.

2.1.8 Produtos verdes.

Gerenciamento da comunicação entre indústrias e clientes com vis-


tas a facilitar a melhoria de produtos produzidos com base sustentável, sob a
forma de um sistema de informação e, programas de treinamento para fazer
parte da política européia no que diz respeito a esses produtos.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
NONO MOMENTO

3 RELEMBRANDO
Anotações 163
• A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para
avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais
associados a um produto;
• Compreende etapas que vão desde a retirada da natureza
das matérias-primas utilizadas no sistema produtivo, até a
disposição do produto final;
• Essa técnica também denominada como análise “do berço ao
túmulo”;
• A principal metodologia de implementação é baseada no
conjunto de Normas ISO 14040.

4 O QUE FAZER

Investigue na internet cases de implementação de ACV.


Identifique o problema, as propostas de sugestão, os resultados
obtidos, e quais foram os indicadores ambientais utilizados na
pesquisa.
Discuta os resultados da sua pesquisa com o seu tutor.
Palavras-chave: Analise de Ciclo de Vida, ACV, ecoeficiência.

5 PARA SABER MAIS

CHEHEBE, J. R. B. Análise do ciclo de vida de produtos. Rio de


Janeiro: Qualitymark, 1998.

Esse livro procura fornecer as informações necessárias a um


perfeito entendimento do que é Análise do Ciclo de Vida de produtos
e como realizá-la de forma ética e responsável com base nas Normas
ISO 14000.

ONDE ENCONTRAR

CHRISTIANSEN, K. Life cicle assessment in a historical perspec-


tive. In: Workshop internacional sobre análise de ciclo de vida, ABNT,
Rio de Janeiro, 1996.

RIBEIRO, F. M. Inventário de ciclo de vida da geração hidro-


elétrica no Brasil – Usina de Itaipu: primeira aproximação. São
Paulo, 456 p., Dissertação ( Mestrado) – Energia, Universidade de
São Paulo, 2003.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
NONO MOMENTO

SILVA, H. L. Planejamento baseado em casos aplicado na resolução


164 de não conformidades ambientais no ciclo de vida de produtos, Anotações
processos e serviços. Florianópolis, 154 p., Tese (Doutorado)
– Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,
1997.

VIGON, B. W. Life cicle assessment: inventory guidelines and


principles. EPA, Cincinnati, 1993.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


NONO MOMENTO

165

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


167
ANEXOS

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


ANEXOS

Conjunto de Normas ISO aplicadas à Análise de Ciclo de Vida


Anotações 169
Meta e escopo (ISO 14040)

• Definição e objetivos do estudo;


• Escolha da unidade funcional;
• Delimitação do limite do sistema;
• Exigências de qualidade.

Análise do inventário de ciclo de vida (ISO 14041)

• O sistema: construção da árvore de ciclo de vida;


• Coleta de dados;
• Uso dos dados;
• Aplicação das regras de fim de ciclo, levando em conta os
co-produtores;
• Sistematização do inventário;
• Identificação da contribuição dos fluxos para os diferentes
estágios de ciclo de vida, e identificação dos estágios mais
representativos.

Diagnóstico de impactos (ISO 14042)

• Seleção da categoria de impactos;


• Determinação dos fluxos levados em conta nos diagnósticos
de impacto;
• Determinação da contribuição para os diagnósticos de
impactos;
• Computação dos impactos;
• Identificação dos fluxos principais, e sua contribuição para
os impactos.

Interpretação dos resultados (ISO 14043)

• Identificação dos pontos fortes e fracos dos casos estudados;


• Confrontar as metas fixadas no primeiro estágio;
• Validação da solução, se necessário pela utilização de dados
adicionais a serem coletados;
• Análise de sensibilidade, cenários;
• Detalhamento das aplicações e das fronteiras do estudo;
• Liderar outras possibilidades de estudo

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO 171

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

172

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Anotações Direito e Legislação Ambiental 173

1 Por que aprender

Neste último Momento, você entrará em contato com os


conceitos de Direito e Legislação ambiental.
Aqui, buscamos promover a sua interação com os aspectos
jurídicos relativos ao meio ambiente e sua interface com as
organizações produtivas.
Discutiremos, então questões relativas ao conceito de Direito
do Meio Ambiente, sua hierarquia de leis e aplicações. Assim,
apresentaremos a você, os instrumentos de conformidade legal, a
serem empregados na busca para alcançarmos um cenário repleto de
empresas conscientes do seu papel no que tange à interface com as
questões ambientais.
Justifica-se a busca da conformidade ambiental sobre o aspecto
legal a partir da análise das seguintes questões:

• o estudo da base legal se traduz em um exercício de cidadania.


O conhecimento dos Direitos e Deveres dos cidadãos e
organizações no que tange à questão ambiental deve ser
encarado como uma conquista da sociedade;
• a competitividade das organizações torna o trato competente
da questão ambiental um instrumento de competitividade e
fator de diferenciação empresarial;
• as empresas necessitam, para a obtenção da conformidade
ambiental, de profissionais aptos a interagir com os diversos
órgãos governamentais, financeiros com conhecimentos e
competências específicas à abordagem da questão.

Desse modo, buscamos proporcionar a você o senso crítico


relativo à temática do Direito e Legislação Ambiental, através do
conhecimento das inter-relações entre as legislações ambientais nas suas
diversas esferas, além de suas interferências no cotidiano das empresas.

2 O que aprender

2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Observe que a evolução do conceito de Direito do Meio


Ambiente nos remete à análise de definições de pensadores do tema.
Para Milaré (2005), o Direito Ambiental é constituído por um
complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
OITAVO MOMENTO

humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade


174 do ambiente em sua dimensão global, visando à sustentabilidade para as Anotações
presentes e futuras gerações. Observe que este conceito foi construído
impregnado pelas bases propostas pelo conceito de desenvolvimento
sustentável (lembra-se do Momento 1)? A partir dos grandes acidentes
ambientais ocorridos nas décadas de 70 e 80, foram criados instrumentos
legais regulatórios como efeito de restrição legal, que é uma forma
de gerenciar a questão ambiental via restrição legal, sendo comumente
designada de política de comando e controle.

Desafio
Pesquise na internet sobre o acidente do navio Exxon
Valdez, ocorrido em 1989, verifique suas causas, e de
que forma foram criados instrumentos regulatórios
para a prevenção de acidentes desta natureza.

Prieur (2000) materializa o conceito de Direito Ambiental,


como um conjunto de regras jurídicas relativas à proteção da natureza
e à luta contra as poluições.
O conjunto de leis e dispositivos legais na legislação Brasileira
torna a mesma uma das mais modernas do mundo, no que tange a
questão ambiental. Sobre este aspecto, podemos citar a Lei Nº 9.605,
de 1998 que discorre acerca de crimes ambientais, a qual torna o país
um dos pioneiros a conferir caráter criminal aos danos contra o meio
ambiente, inclusive estendendo as sanções penais a pessoas jurídicas.
Desde a Constituição Federal, encontramos referência às questões
ambientais no Capítulo VI, no seu Artigo Nº. 225 – Do Meio Ambiente,
onde afirma que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Brasil, 1988).

Desafio
Pesquise na internet o Capítulo VI da nossa Constitui-
ção. Busque a sua interface com o Meio Ambiente.

A Constituição confere a tutela do meio ambiente aos entes


políticos autônomos, dando-lhes competência diferenciada (arts. 23,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

VI, 24, VI, VIII e 30, II), o que possibilita regulamentação própria
Anotações para cada pessoa jurídica de direito público, evidentemente dentro da 175
reserva de competência de cada uma (art. 25 § 1º da CF) e respeitada
a hierarquia legislativa própria do sistema federativo. Por exemplo,
quando a constituição discorre sobre os espaços a serem protegidos ou
sobre a indisponibilidade relativa às terras devolutas, a lei maior do país
está exercendo o seu poder de tutela ao meio ambiente.
Entes políticos autônomos:

Saiba Mais
Entende-se como “entes políticos autônomos”, aos atores sociais en-
volvidos no processo analisado (conformidade ambiental), ou seja, ao
conjunto de organizações, colaboradores e a sociedade interveniente
à questão analisada.

Com vistas a viabilizar o cumprimento da legislação, a


sociedade dispõe de um conjunto de dispositivos legais que seguem a
uma harmônica hierarquia. Isto se traduz no fato que um dispositivo
legal tem sua aplicabilidade reconhecida, e restrita a sua hierarquia. Por
exemplo: uma legislação municipal não pode conflitar com a legislação
estadual que trata do tema específico. Citemos como exemplo o ruído
urbano como fator de não conformidade ambiental. O município
pode legislar acerca deste aspecto ambiental, porém esta legislação não
pode entrar em conflito com o disposto na legislação estadual relativo
ao tema, que por sua vez deve estar em consonância com o disposto na
legislação federal.
Que tal investigar este tema?

Praticando
Busque as eventuais legislações que tratam sobre o tema
“ruído” no seu município, caso não encontre, pesquise no
seu estado.

Os principais dispositivos legais podem ser classificados e


ordenados a partir do seu maior nível hierárquico, em:

• Constituição Federal - Complexo de normas jurídicas


fundamentais. É a lei maior de um país;
• Constituição Estadual - Cada unidade da federação tem
a sua;
• Lei Orgânica - É uma espécie de constituição municipal.
Cada município tem a sua;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

• Lei - Dispositivo legal elaborado e votado pelo Poder


176 Legislativo. Pode ser federal, estadual ou municipal; Anotações
• Decretos - Instrumento legal que, via de regra, regulamenta
uma lei. A exemplo da Lei, também pode ser federal,
estadual ou municipal;
• Medida Provisória - Diploma legal emanado do
Executivo Federal, em caso de urgência e relevância,
assim considerado a critério do Presidente da República.
Necessita ser submetida ao Congresso Nacional;
• Resoluções - Ato administrativo expedido por organismos
internacionais, nacionais, assembléias e outros, que visa a
execução de determinações ou de leis;
• Portaria - Ato administrativo de qualquer autoridade
pública, que contém instruções acerca de aplicação de
leis ou regulamentos ou qualquer determinação de sua
competência.

Saiba Que
• Na ausência de lei ambiental específica, normas técnicas podem suprir
a lacuna;
• Fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técni-
cas – é o único órgão responsável pela normalização técnica no país, for-
necendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.

Neste ponto, você deve estar se perguntando como a sociedade vai


usufuir deste conjunto de instrumentos jurídicos, ou quem vai assegurar o
cumprimento da legislação. Para tal, a sociedade dispõe da seguinte estrutura
denominada Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA:
Órgão executor: Conselho de Governo - integrado pelos Ministros
de Estado, pelos titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República
e pelo Advogado-Geral da União, presidido pelo Presidente da República
ou, por sua determinação, pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil;

Órgão central: Ministério do Meio Ambiente;

Órgão consultivo e deliberativo: CONAMA – Conselho Nacional de


Meio Ambiente – responsável pela tradução das ações estratégicas formuladas
pelas esferas superiores em legislações, recomendações, atos administrativos
e outros instrumentos legais, visando à conformidade ambiental;
Órgão executor: IBAMA – Instituto Nacional do Meio
Ambiente e dos Recursos Renováveis – tem como finalidade assegurar o
cumprimento da legislação ambiental na sua esfera maior;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

Órgãos seccionais: Órgãos ou entidades estaduais, constituídos


Anotações na forma da lei e incumbidos de preservar o meio ambiente – IDEMA, 177
no estado do Rio Grande do Norte;
Órgãos locais: Órgãos ou entidades municipais incumbidos
legalmente de exercer a gestão ambiental no respectivo território e no
âmbito de sua competência – SEMURB, na cidade do Natal. Os demais
municípios do estado, de acordo com o seu grau de organização, têm
autonomia de criar o seu órgão de controle ambiental, preservando-se o
caráter hierárquico dos mesmos.
Com vistas ao estabelecimento de um caráter executivo a
aplicabilidade da legislação ambiental, em agosto de 1981, foi promulgada
a lei Nº 6.938, que cria o órgão consultivo e deliberativo CONAMA,
além do órgão executor IBAMA, buscando o estabelecimento de normas
e critérios para licenciamento, e também normas, critérios e padrões de
controle do meio ambiente.

2.2 A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A Lei Federal nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, instituidora


do SISNAMA, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação.
A Política Nacional do Meio Ambiente possui instrumentos
que servem de referência para os órgãos componentes do SISNAMA
estabelecerem os seus padrões de formulação legislativa e executiva,
como pode ser visto nos itens seguintes:

• O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;


• Avaliação dos impactos ambientais;
• •Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;
• Cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de
defesa ambiental;
• Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
correção da degradação ambiental;
• Cadastro técnico federal de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos naturais.
• O Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL(1995),
declara que esta política, para ser consistente, deve estar em
consonância com os seguintes princípios orientadores:
• Desenvolvimento Sustentável: Desenvolvimento que
atenda às necessidades do presente sem comprometer
a capacidade de atendimento das necessidades das
gerações futuras;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

• Princípio da precaução: Onde existam ameaças de danos


178 graves ou irreparáveis, a falta de plena certeza científica não Anotações
deverá ser usada como razão para o postergamento de medidas
eficazes quanto ao custo para evitar a degradação ambiental;
• Princípio usuário pagador: foi adotado em 1972. Requer que,
quando processos de produção ameacem ou danifiquem o meio
ambiente, os custos das medidas ambientais necessárias sejam
absorvidos pelo produtor e não pela sociedade em geral.

Desafio
Busque no seu cotidiano aplicações práticas para estes
três princípios anteriormente dispostos. Discuta com
o seu tutor a aplicabilidade destes conceitos.

2.3 A COMPETÊNCIA ESTADUAL

Com vistas à descentralização do processo da gestão ambiental


pública, a Lei 6.938 de 1981, no seu art. 6º, § 1º.estabelece os níveis de
competência estadual

§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas


de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e
padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem
estabelecidos pelo CONAMA.

2.3.1 Os conselhos estaduais

Na sua competência legal, respeitando a hierarquia dos


instrumentos, o estado detém a competência para criar seu conselho
superior, tendo em vista tratar a questão ambiental desta unidade
federativa sob o ponto de vista estratégico.
No estado do Rio Grande do Norte, foi criado o Sistema Estadual
de Meio Ambiente - SISNEMA, a partir das seguintes premissas:

• Lei Estadual Nº 5.147, DE 30 DE SETEMBRO DE 1982,


que instituía a Política Estadual de Controle e Preservação do
Meio Ambiente (Revogada pela Lei Complementar nº 140,
de 26 de janeiro de 1996).

Este órgão foi instituído a partir de representações de


instituições estaduais nos mesmos termos definidos para o CONAMA,
respeitando-se evidentemente, a hierarquia dos instrumentos legais
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

e de objetivos. A partir da sua criação foi constituído o Conselho


Anotações Estadual do Meio Ambiente – CONEMA, com fins igualmente 179
deliberativo e consultivo.

Desafio
Pesquise na internet, no site do governo do estado,
qual a constituição do CONEMA no Estado do Rio
Grande do Norte.

2.3.2 Instrumentos de conformidade

Neste tópico, buscamos apresentar ao aluno alguns dos


principais instrumentos disponíveis na busca da conformidade
ambiental, suas interfaces e características.
O licenciamento ambiental - É o principal instrumento de
conformidade legal relativo às questões ambientais. A partir da emissão
deste, a organização recebe o atestado de adequação no que tange
à questão ambiental, por parte das esferas institucionais responsáveis
(LIMA, 2001).
A licença ambiental, nos diversos níveis de emissão dispostos
a seguir, representa um instrumento qualificador relativo à atividade
pertinente. Ou seja, a partir da emissão deste, a organização que o solicitou
recebe a autorização do órgão competente para exercer a interação com
o meio ambiente.
A Resolução CONAMA – 237/97 estabelece os seguintes tipos
de licenças, conforme a fase de implantação do empreendimento:

• LP - Licença Prévia: concedida na fase preliminar do


planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando a
localização, a concepção e a viabilidade ambiental. Estabelece
ainda os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
nas próximas fases;
• LI - Licença de Instalação: autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade, de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes;
• LO - Licença de Operação: autoriza a operação da atividade
ou empreendimento, após a verificação do cumprimento do
que consta nas licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Saiba Mais
180
Navegue no site do Ministério do Meio Ambiente, leia o texto comple-
Anotações
to da resolução Nº 237/97.

2.4 QUEM DEVE SE LICENCIAR?

A resolução anteriormente citada, no seu Artigo 2º, dispõe


sobre a natureza das atividades passíveis de licenciamento, como forma
de atestar a conformidade ambiental da sua interferência com o meio
ambiente:

Art. 2 º - A localização, construção, instalação, ampliação,


modificação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os
empreendimentos capazes sob qualquer forma de causar
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras
licenças legalmente exigíveis;

§ 1º - Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os


empreendimentos e as atividades relacionadas no Anexo 1;
parte integrante desta Resolução;

§ 2º - Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios


de exigibilidade, o detalhamento e a complementação
do Anexo 1, levando em consideração as especificidades,
os riscos ambientais, o porte e outras características do
empreendimento ou atividade.

A título de exemplo, descrevemos a seguir, um trecho do


anexo, acima citado. Desta forma, você poderá verificar que a
resolução especifica quais empreendimentos necessitam da obtenção
do licenciamento ambiental como instrumento qualificador necessário
para o seu funcionamento.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Atividades ou empreendimentos
Anotações sujeitas ao licenciamento ambiental
181

Extração e tratamento de minerais


• Pesquisa mineral com guia de utilização
• Lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento.
• Lavra garimpeira
• Perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural
• Indústria de produtos minerais não metálicos
• Beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à
extração
• Fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos, não
associados à extração
• Fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos como:
produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro,
entre.
• Outros
Fonte: CONAMA, 1997.

Fique atento
Navegue no site do CONAMA, e investigue se as empresas locali-
zadas na proximidade do seu bairro são passíveis de licenciamento
para a sua instalação.

2.5 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL – RELATÓRIOS DE


IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE (EIA/RIMA)

Determinadas atividades produtivas reconhecidamente


impactantes necessitam de uma metodologia claramente definida
para sua avaliação por parte dos órgãos ambientais, como forma de
se verificar previamente os pressupostos impactos, da sua eventual
implantação.
Estes estudos de caráter exploratório devem ser realizados
por uma equipe multidisciplinar, com vistas a verificar as possíveis
interferências com o meio ambiente, referentes à implantação do
empreendimento proposto. Após o término dos estudos, os técnicos
responsáveis pela elaboração do mesmo deverão consolidar suas
conclusões sob a forma de um relatório. Este refletirá em linguagem
acessível ao público, ilustrado por mapas, quadros e gráficos, de
forma acessível para a sociedade, as conseqüências ambientais da
implantação do empreendimento proposto.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Saiba Mais
182
Pesquise no site do CONAMA quem são os profissionais envolvidos, Anotações
em uma equipe multidisciplinar, necessários para a elaboração de um
EIA/RIMA.

O Art. 3º da Resolução 237/97, esclarece a metodologia de


aplicação do EIA/RIMA, bem como das competências dos órgãos
intervenientes para avaliação. Novamente a legislação descentraliza as
competências de análise e as remete às esferas inferiores da administração
direta a sua gestão, preservando-se a hierarquia dos instrumentos legais,
como anteriormente descrito.
O artigo, anteriormente citado, descreve ainda que a licença
ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetivas ou
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio, depen-
derá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-a publici-
dade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber de
acordo com a regulamentação. Ou seja, enfatiza-se aqui o EIA/RIMA
como um instrumento público.
Confere ainda ao órgão ambiental competente, verificando que
a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de sig-
nificativa degradação do meio ambiente, a definição dos estudos am-
bientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.
Competência da avaliação – A avaliação dos EIA/RIMA das
organizações com atividades reconhecidamente impactantes tem
uma esfera de avaliação definida, de acordo com a sua interferência e
abrangência geográfica, como disposto a seguir:

2.6 COMPETÊNCIA DO IBAMA - ÓRGÃO FEDERAL

2.6.1 Empreendimentos e atividades

Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente


e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor
do SISNAMA. O licenciamento ambiental, a que se refere
o artigo 1o da Lei N.º 6.938, de 31 de agosto de 1981 de
empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I- localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em


país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental;
na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em uni-
dades de conservação do domínio da União.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
DÉCIMO MOMENTO

II- localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados:


Anotações lII- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites 183
territoriais do País ou de um ou mais Estados;
IV- destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, trans-
portar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer
estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional
de Energia Nuclear - CNEN:
V- bases ou empreendimentos militares, quando couber,
observada a legislação específica.

2.6.2 Competência do Órgão Estadual de Meio Ambiente

Empreendimentos e atividades

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito


Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e
atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou


em unidades de conservação de domínio Estadual ou do
Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas


de vegetação natural de preservação permanente;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites


legais de um ou mais Municípios:

IV - delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal,


por instrumento legal ou convênio.

2.6.3 Competência do Órgão Municipal de Meio Ambiente

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos


os órgãos Competentes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental
local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Fique Ligado
184
Pesquise na Resolução Nº 86, no site do CONAMA alguns empre- Anotações
endimentos existentes na sua cidade que são passíveis de elaboração
prévia de EIA/RIMA para a obtenção do seu licenciamento.

2.7 A PROMOTORIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Um dos mais eficazes instrumentos de garantia da qualidade


ambiental da nossa sociedade são as recém criadas Promotorias
Estaduais do Meio Ambiente. Instituídas através da Lei Estadual,
este órgão do Ministério Público preserva as seguintes atribuições
previstas em lei:

• Atuar peças de informação, instaurar inquérito civil e


promover ação civil pública para a proteção do meio ambiente,
dos bens e direitos de valor histórico, turístico, paisagístico
e de interesses correlatos, bem como para a reparação dos
danos causados;
• Receber notícias de danos causados e quaisquer
reclamações de entidades de proteção do meio ambiente e
do patrimônio natural, artificial e cultural ou de qualquer
do povo, diligenciando no sentido de lhes oferecer pronta
e eficaz solução;
• Promover e acompanhar qualquer ação civil para a defesa
do meio ambiente natural, artificial ou cultural, exceto
o meio ambiente do trabalho e impetrar os recursos a ela
concernentes;

Sua atuação será revestida de caracteres preventivo, reparatório


e repressivo, a saber:

Preventiva – quando:

• Fiscalizar, controlar e monitorar atividades públicas ou


privadas;
• Promover a conscientização ambiental;
• Informar à coletividade sobre a atividade do Ministério
Público em defesa do meio ambiente sadio e equilibrado;
• Requisitar informações com vistas à instauração de
procedimentos administrativos e inquéritos civis;
• Investigar os riscos ao meio ambiente;
• Propor ação civil pública para prevenir dano ambiental;
• Realizar audiência pública.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Reparatória – quando, ocorrido o dano ambiental:


Anotações 185
• Formalizar compromisso de ajustamento de conduta nos
termos da legislação pertinente;
• Ajuizar ação pública para cumprimento de obrigação
específica de reparação ao dano ambiental;
• Acompanhar a cobrança de penalidades ou obrigações
impostas por órgãos de execução ambiental.

Repressiva – quando:

• Requisitar instauração de inquérito policial para aplicação de


sanções penais contra agentes degradadores ou poluidores.

É necessário enfatizar que qualquer indivíduo tem o direito de


evocar a atuação da Promotoria de Meio Ambiente em suas atribuições
previstas. Esta interação pode ser efetuada através de uma ação individual
ou coletiva, revertendo-se assim em um instrumento de cidadania e
responsabilidade social.

3 RELEMBRANDO

• O Direito Ambiental é um conjunto de instrumentos legais,


os quais obedecem a uma hierarquia de aplicabilidade, com
vistas a se evitar a superposição de poderes;
• Na ausência de lei ambiental específica, normas técnicas
podem suprir eventuais lacunas;
• A articulação de ações relativas ao trato da questão ambiental,
no nosso país, está vinculada ao ministério do meio
ambiente;
• Existem órgãos consultivos, deliberativos, legislativos e
executivos, que juntos buscam a formatação, o gerenciamento,
e a garantia de cumprimento da política nacional de meio
ambiente;
• O processo de licenciamento ambiental e os EIA/RIMA
são efetivos instrumentos da política nacional de meio
ambiente na busca da conformidade ambiental, a as
Promotorias Estaduais do Meio Ambiente exercem
um papel de importância crescente na garantia de sua
aplicabilidade.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

4 O que fazer
186 Anotações
1. Investigue se no seu município tem órgão específico dedicado
ao trato da questão ambiental. Em caso negativo, qual o
órgão alternativo que assume esta responsabilidade?
2. Pesquise sobre as atividades econômicas do seu município que
são potencialmente poluidoras? Para tal, reveja os conceitos
descritos no Momento.

• Esses empreendimentos são passíveis de licenciamento


ambiental?
• E que dizer acerca da necessidade da elaboração de EIA/
RIMA para a sua implantação?

5 Para Saber Mais

MILARÉ, E. Direito do âmbiente. Editora Revista do direito. São


Paulo: 2005

DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. Atlas. São Paulo:


1995

O primeiro texto discorre sobre a política nacional do meio


ambiente, promovendo a interface entre os elementos: urbanos, da
biodiversidade e de unidades de conservação da natureza.

O segundo livro recomendado além de discorrer sobre os


princípios da gestão ambiental, e sua aplicabilidade no cotidiano das
organizações, discorre sobre o roteiro básico para a elaboração de estudos
de impacto ambiental e relatórios de impacto ambiental.

Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://www.


mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/meioamb/sitamb/apresent/
index.htm> Acesso em: 17 fev. 2006.

Meio Ambiente no Brasil - Página do Ministério das Relações


Exteriores dedicada ao tema Meio Ambiente.

Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Disponível em: <http://


www.mma.gov.br> Acesso em: 17 fev. 2006.

Site institucional do ministério do meio ambiente do Brasil.


Notícias, legislações.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

Legislação Ambiental Federal. Disponível em: <http://www.mma.


Anotações gov.br/port/conama/index.cfm>Acesso em: 17 fev. 2006. 187

Legislação Ambiental Estadual. Disponível em: <http://www.


rn.gov.br/secretarias/idema> Acesso em: 17 fev. 2006.

Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento. Filme estrelado pela


atriz Julia Roberts. Ela trabalha numa agência de advogados e resolve
investigar a contaminação da água, numa pequena cidade, por uma
grande empresa. Esse filme dar-lhe-á bem a noção das implicações legais
relativas ao trato da questão ambiental.

ONDE ENCONTRAR

Presidência da República Brasil. Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em:
15 out. 2005.

CNTL. Centro Nacional de Tecnologias Limpas. – Requisitos legais


ambientais aplicados à pequena e microempresa. Porto Alegre:
SENAI, 2003.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resoluções.


Disponível em < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/
res23797.html > Acesso em: 12 dez. 2005.

LIMA, I. M. Estratégia pública de gestão ambiental: uma


contribuição para a realização de eventos públicos. Natal, 117 p.
Dissertação (Mestrado) – Engenharia de Produção, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, 2003

MILARÉ, E. Direito do Ambiente. São Paulo: Editora Revista do


Direito, 2005.

PRIEUR, M. Droit de l’environnement. Paris: Ed. Dalloz, 2000.

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


DÉCIMO MOMENTO

188

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


189
REFERÊNCIAS

Meio Ambiente e Desenvolviento Sustentável


REFERÊNCIAS

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em: 13 out. 2005.

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em: <http://www.fao.org> Acesso em: 15 de jan. 2006.

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Facilitator’s manual. 1988.

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medium-sized business. Version 1: August 2000.

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www.netresiduos.com/cir/educamb/reciclagem1.htm>. Acesso em:
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FREITAS, Ilcleidene P. O Desenvolvimento Sustentável da Agricul-


tura Familiar sob Condições Adversas: O Caso da Comunidade de
Caxeiro, em Juarez Távora, PB. Tese de Mestrado. Universidade Federal
da Paraíba, 2002.

GODART, O. Gestão Integrada dos Recursos Naturais e do Meio


Ambiente: conceitos, instrumentos e desafios de legitimação. IN:
VIEIRA, Paulo Freire. VERBER, Jacques (Org.). Gestão de Recursos
naturais Renováveis e de Desenvolvimento: novos desafios para a
pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1996. P.201-266.

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Brasil 2004. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15
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MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo:


ABES, 1997.

LIMA, I. M. Estratégia pública de gestão ambiental: Uma contribuição


para a realização de eventos públicos. Natal, 117 p. Dissertação
(Mestrado) – Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, 2003

MILARÉ, E. Direito do Ambiente. São Paulo: Editora Revista do


Direito, 2005.
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PRIEUR, M. Droit de l’environnement. Paris: Ed. Dalloz, 2000.


Reciclagem de lixo: Exercício de cidadania. Disponível em: < http://
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Conferência das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Ministério das
Relações Exteriores/Gabinete do Ministro (Portaria de 29/07/1994, que
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RIO + 10 AVANÇOU POUCO DE RELAÇÃO A 92, AFIRMA


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ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Economia ou Economia Política


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