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A Tentao do Plgio Walter Praxedes Para expiao do pecado capital do mundo do conhecimento que o plgio, um primeiro passo pode

e ser a simples confisso. Livramos-nos da culpa do plgio citando a fonte de uma informao ou argumento. Quando um autor perde a capacidade de resistir ao mal o plgio se consuma. O ato de plagiar ento considerado um crime hediondo. Em seu julgamento o ru ser acusado de premeditao, falta de escrpulos, desonestidade, falta de tica profissional. Aos poucos os argumentos condenatrios resvalaro para o campo da moral. No comportamento anterior do ru sero buscados indcios de vileza, vulgaridade e lascvia. Com to pungente pea acusatria o veredicto final s poder ser a condenao ao ostracismo intelectual. claro que a defesa poder sempre alegar que o crime foi passional, argumentando que o acusado no resistiu a um impulso irracional de apropriao indevida da criao alheia e agiu por amor, no por inveja ou cobia. Se um texto uma espcie de filho que colocamos no mundo, a moral nos ensina que o melhor que no seja fruto de um incesto. O plgio um incesto que realizamos com um irmo ou irm de ofcio, que nos seduziu atravs do seu texto. A atrao por plagiar como um desejo incestuoso do qual nos afastamos se resignando imperfeio do nosso prprio texto. Quer seja o plgio considerado como um vulgar crime motivado pela falta de tica, ou como um ato passional, e at mesmo um incesto, no mundo das letras no conseguimos evitar um sentimento misto de repulsa e compaixo pelo criminoso plagirio, considerado mais uma pobre vtima de uma tentao demonaca. Ao autor considerado pelos pares como srio, consistente e inovador pode ser relevada uma falta at grave em sua vida privada. Dificilmente, porm, lhe ser concedido o perdo por um plgio comprovado e s vezes apenas presumido.

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