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TODOS SERÃO PUROS E SÁBIOS

“Façai-vos unos comigo, porque sendo eu uno


com o Pai, viremos a formar uma unidade só” –
Jesus.
“A Finalidade Sagrada, o Grau Crístico ou de
Uno, é normal na ordem biológica, a todos
pertence; o que é imperioso, porém, é atingi-lo o
quanto antes, fugindo dos religiosismos, dos
fanatismos sectários, procurando as trilhas da
Verdade e da Virtude.”

Depois do quinto banho fui ensaiar a volição. E antes de isso poder


acontecer, andei acompanhando irmãos servidores, aprendendo muitas coisas,
mas reconhecendo que o Amor e a Moral estavam nas bases de tudo.
Perfeita Religião é a vivência da Moral e do Amor; o restante, se presta, é
parte integrante, e, se não presta, é o caminho de trevas e de dores!
Falando agora, depois de embutida nas lides do Espiritismo, do Caminho
do Senhor reposto no lugar, penso com muita tristeza no que vai pelo mundo
dos encarnados, porque até mesmo no seio do Espiritismo já existem irmãos
que fazem questão de ser sectários, de pender para o lado das paixões
religiosistas, dos estreitismos de grupos e de facções, quando a Excelsa
Doutrina do Caminho nada tem de comum com essas inferioridades. Quem
poderá ser espírita verdadeiro, sem Verdade e sem Virtude? E como poderia
alguém aprisionar a Verdade e a Virtude, reduzindo-as a manobrismos, a
coisinhas de mórbidas tendências?
Todavia, mais tarde ou mais cedo, todos aprenderão que, em todos os
sentidos e para todos os efeitos, a Moral e o Amor, a Verdade e a Virtude, terão
que estar nas bases de todos os movimentos humanos. Enquanto isso não
acontecer, enquanto isso for ignorado, as regiões de treva, pranto e ranger dos
dentes, terão muito que fazer na Terra!
— Vamos, Leonor, a um passeio? – perguntou-me Rosa, vivamente feliz.
— Ora, se desejo passear!... Hoje termina minha folga, pois não?
— Então vamos, mas nada de pensar em trabalho, por agora. Cada coisa
deve ficar no seu justo lugar.
E rumamos para o lado das camparias floridas, riscadas de rios e riachos,
onde bandos de aves brindavam a vida com suas maravilhosas cores e
cantorias.
Ao chegar junto a um bosque, sentei-me na relva perfumada, porém Rosa
perguntou-me:
— Não gostaria de fazer algo mais agradável?
— Mas isto é um sonho! – exclamei, sentindo-me imensamente feliz.
Ela endereçou-me olhar profundamente amigo, dizendo:
— Venha comigo...
Levantei-me e segui-a, até que mais distante um pouco, muito
compenetrada de alguma razão que eu desconhecia, disse-me:
— Agora feche os olhos, pense em Deus com o máximo de seu coração e
vamos em frente!
De mãos dadas, fomos andando, até que me senti sem nada debaixo dos
pés; e, tendo por isso assustado um pouco, abri os olhos e olhei para ela, como
a procurar socorro. Ela apertou-me a mão, dizendo com firmeza:
— Mande no seu corpo, Leonor! Eu quero volitar e o faço; por que você
não deve fazê-lo?
De fato, sabendo que a coisa se resumia em comandar pelo pensamento,
dentro em pouco estava ensaiando alguns movimentos. Há, de início, uma
certa vacilação, porque a gente confia desconfiando, por isso nem tudo acaba
saindo muito bem; mas assim que se adquire confiança, compreende-se que
tudo é mandar com certeza e simplicidade, para fazer o que se quer.
Ensaiamos muitas coisinhas, inclusive ver muito mais além primeiro, para
depois verificar indo até lá. E assim foi que vimos a paisagem do alto, tendo
chegado até a maior cidade próxima, onde Rosa mandou observar o que havia
sobre as escolas e os hospitais.
— Repare – disse ela – que paira no ar uma fosforescência em forma de
cone, de onde vêm faixas de luz, que são energias ou eflúvios reclamados
pelas orações de muitos corações aflitos e de pessoas queridas ou servidoras.
Ela comandou e eu fiz como ela disse, ficando ao lado da faixa
fosforescente, em observação; e vi, como ela dissera, através do teto e das
paredes, as pessoas acamadas, sentadas, vendo também os médicos e os
enfermeiros em grande movimentação. Aquele maravilhoso quadro me fez
pensar com bastante vigor nas grandiosas oportunidades e por isso perguntei a
Rosa:
— Que irei fazer eu, Rosa, de amanhã em diante?
Sem nenhuma alteração no semblante, respondeu:
— Irá fazer o Bem e o Bom, minha querida; apenas isso, porque tudo na
vida importa em aprender a fazer o Bem e o Bom, para daí surgir o Reino de
Deus que temos dentro de nós mesmos, como o Cristo falou e demonstrou. E
você, Leonor, que andou pelos porões a fazer coisas contrárias ao Bem e o
Bom, pode aqui mesmo e dentro de algumas horas, começar o maravilhoso
serviço de reparação, acumulando ainda fartos recursos em benefício da
cristificação própria.
— Rosa, como você é esplêndida! – exclamei, vendo que ela estava com
um facho de luz no peito e uma coroa azulino-dourada sobre a cabeça.
Ela, olhando-me com imensa ternura, aconselhou-me:
— Leonor, procure amar sempre e sempre! Tudo são valores na Ordem
Divina, mas o Amor é o Supremo Estado a ser atingido! Eu lamento não ser
capaz de amar como gostaria de fazê-lo, porque sou muito pequenina, mas aos
poucos vou descobrindo Deus em Sua Obra, o único modo de sentir bem a
tudo, que até ao presente pude encontrar.
Ela olhou para baixo, para tudo aquilo que movimentava dentro do hospital,
e tendo estendido as mãos, fez jorrar torrentes de luzes e cores maravilhosas
sobre todos. Pude observar que era bem mais do que eu pensava, porque lá
de dentro alguns se voltaram para cima, creio que a vendo, tendo estacado e
entrado em posição de oração e reverência. De fato, Rosa estava transformada
numa verdadeira rosa feita de luzes e cores, só um bom tempo depois
retornando à forma humana.
Ao término da ação, falei-lhe com emoção profunda:
— Como é assim e está por aqui?!...
Enlaçou-me com aquela ternura celestial, lembrando-me:
— Não se maravilhe de eu ser assim, minha querida; lembre-se de que
Jesus, o nosso Divino Modelo, nos espera em igualdade, em unidade com Ele,
porque essa é a Sagrada Finalidade da Vida! Serve sempre, ame sempre,
derrame sempre muito Amor sobre seus irmãos, porque, como já lhe disse,
Deus quer servidores e não aduladores e fingidos.
Ela estava esplendidamente feliz, radiosa, embora sendo bem humana, e
eu teria ajoelhado a seus pés, se ela não me impedisse. Todavia, meus olhos
queimavam como se tivessem fogo, mas um fogo celestial, absorvente, que me
impunha uma condição de tal felicidade, que jamais poderia definir em
palavras.
Voltamos ao casarão e fomos ao encontro do seu diretor; diante dele, Rosa
se apresentou como enfermeira, dizendo que tinha feito a parte ordenada pelos
seus superiores. Agora estava livre, porque eu estava bem avisada.
O diretor veio a ela, beijou-lhe a mão, tendo ela lhe beijado a testa com o
seu maternal carinho. Depois veio a mim, dizendo:
— Abaixo de Nosso Pai Divino, todos cumprimos ordens, minha irmã; não
me despeço, porque os nossos pensamentos estarão sempre ligados, bem o
sei. Todavia, fique com as bênçãos de Maria, a quem sirvo com todos os
recursos de minha alma. Procura também servir, porque é servindo que somos
servidos, é amando que somos amados, é glorificando a vida que somos
glorificados.
Apanhou-me pela mão e conduziu-me à camparia florida; com muita pena
e com muita alegria, enquanto eu ficava no solo, notei que ela sumia na
imensidão, rodeada de aves e de luzes. Não sei como dizer, mas estava longe
e perto ao mesmo tempo. Quando tudo passou, a camparia estava ali, florida e
povoada de aves, um mundo de verdura, flores e gorjeios.
Voltei ao diretor, que me recebeu com uma folha de papel na mão
esquerda, dizendo que Rosa o havia deixado, para ser entregue quando
tivesse ido. Apanhei o papel e li o que ela havia escrito:

“Afora o meu encargo, a função que me fora designada e


que executei com fraternal carinho junto a você, deixo aqui o
abraço e a lembrança de quem já foi, em vida não muito
remota, sua irmã carnal. Que o Amor de Deus, através de
Jesus Cristo, a envolva, bem assim como a todos os Seus
filhos, que se movimentam pelos infindos mundos: Rosa.”

Deus é que sabe, meus irmãos, como recebemos essas dádivas celestiais;
nenhuma palavra jamais poderia definir um tal estado de alma. Como tudo isso
é vivo e nunca morrerá, lembrando como foi para comigo, rogo ao Pai Divino a
graça de um dia poder vir a ser também assim para com os meus irmãos.
Como é de dentro de nós que temos que fazer verter o Reino de Deus, pelas
trilhas benditas da Verdade e da Virtude, tratemos de trabalhar o bom trabalho,
que o mais tudo virá, em tempo e normalmente. Não tenhamos pressa, mas
façamos tudo para não empregar mal o tempo que o Senhor nos dá.

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