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Gisella
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Ebook325 pages4 hours

Gisella

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About this ebook

Descrição do livro:

Amizade, amor e traição.

Gisella Roth viu mais do que deveria.

Como uma ambiciosa jovem esforçando-se para traçar seu caminho, tanto quanto descobrir como o mundo real funciona e encontrar seu lugar nele, Gisella deve, primeiro, lidar com seu passado distorcido, uma escuridão que está sempre pressionando as bordas de seus pensamentos e, moldando suas palavras e ações — se percebe isso ou não.

Através do abandono de seu pai, abuso nas mãos de seus curadores e condições de vida em constante mudança. Gisella foi forçada a aproveitar ao máximo sua infância em um orfanato numa ala pequena, porém flexível, do estado.

Enquanto cresce, desabrochando de uma criança hesitante para uma jovem adorável, Gisella precisa lidar com suas difíceis experiências, enfrentando desafios durante um namoro turbulento, mágoas intensas, amizades surpreendentes e o confronto agressivo do agressor que a assombrou por toda vida.

A beleza de Gisella assegura-lhe que os homens se apaixonarão por ela. Será que conseguirá reconhecer o amor quando atravessar seu caminho ou será que seu desejo por riqueza e independência suplantará sua necessidade de ser amada?

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateMar 11, 2023
ISBN9781547593880
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    Gisella - Melita Joy

    Gisella

    MELITA JOY

    Parte 1: Capítulo Um

    Papai! Ela gritou, com sua voz jovem estridente. Papai! Seus olhos estavam arregalados quando ela foi involuntariamente erguida nos braços de um estranho. Seu pai estava prostrado no sofá sujo e gasto, com a cabeça apoiada em suas mãos; ele não olhou para cima. Ela esticou os braços para ele, mas foi em vão; ele não se moveu, não moveu um músculo. Quando ela olhou por cima do ombro do estranho, viu o pai se distanciar na sala mal iluminada, cercada por mobílias desgastadas, roupas e pertences espalhados.

    Uma porta rangendo, e então a luz do sol ofuscante tirou seu pai de sua linha de visão. Ela era uma menina de sete anos magricela, imunda e de tamanho inferior à sua idade quando o Departamento de Serviço Social julgou que era melhor para ela ser tirada de seu pai incapaz. Ela nunca conheceu sua mãe, que tinha dado à luz e friamente foi embora sem jamais segurá-la ou tocá-la.

    Mas seu pai era seu mundo e o amor de sua jovem vida. Com sete anos de idade, ela não viu a pobreza ou sujeira que viviam. Ela não tinha sido incomodada pela falta de brinquedos ou roupas de grife. Era 1964 e a única pessoa que importava era seu pai.

    Alguns dias ele ia para o trabalho e, quando voltava para casa, estava cheirando a óleo e graxa de carro. Ela não se importava que a abraçasse e a segurasse com suas mãos sujas antes de deixá-la brincar de cavalinho com ele pelo quintal. Vamos, filha; Estou com sede, diria previsivelmente.

    Posso fazer um bigode, por favor, papai? Era sua parte favorita do dia.

    Entrando a passos largos na casa, as pequenas pernas de Gisella estavam ansiosas para acompanhar, para que não perdesse a oportunidade. Ouvindo o silvo da lata, pulou em torno de seu pai. Sente-se quieta ou vou derramar tudo, afastando-a do seu caminho. Ela observou-o derramar o líquido bronze no copo e provocou-o ainda mais até finalmente ele abaixar o copo.

    Mergulhando o rosto na espuma, orgulhosamente levantou e mostrou seu bigode. Veja! Sou um homem. A risada de seu pai tilintou atrás dela enquanto corria para o espelho quebrado em seu quarto. A espuma logo desapareceria, então, apressadamente, tirou a blusa e vestiu uma das grandes camisas de flanela do seu pai. Ela desordenadamente prendeu alguns botões e colocou o chapéu em cima de seus despenteados cachos castanhos escuros. Para seu espanto, a espuma havia desaparecido completamente.

    Ela correu de volta para o pai deslizando no chão de linóleo com suas surradas meias e se empoleirando no braço do sofá. Eu preciso de mais, disse e agarrou seu braço para que ela pudesse espiar dentro do copo.

    Eh, você vai ter que pegar outra para mim, Gisella, minha bella, ele rimou. Ela o deixou ouvindo o rádio crepitante, que estava transmitindo uma corrida local de cavalos.

    Ela trotou para a velha Kelvinator onde pegou outra lata de cerveja, tentando abri-la no caminho, o pai tirou dela, abrindo com facilidade. Gisella logo teve outro encantador bigode no lugar e correu de volta para se ver no espelho. Ela olhou fixamente seus olhos. Seu pai dizia que seus olhos eram especiais, como raros diamantes azuis, e que seus longos cílios eram as sentinelas daquelas joias. Gisella não duvidava que fosse a princesa de seu pai. No entanto, agora ela queria parecer um homem. As bolhas se dissiparam e, à procura de um novo jogo, pediu que seu pai jogasse o jogo de palavras com ela.

    Cedendo, ele declarou com autoridade: Hora de criança dormir..

    Não, ela gritou, conhecendo o jogo. Seu pai tinha usado com sucesso as letras H e D, que eram marcas de cervejas que ele bebia. Agora, era a vez dela, Olhos doces, afirmou orgulhosa.

    Humm, tecnicamente isso está errado. Olhos começam com a letra O, salientou, mas vendo seu beicinho, emendou. Acho que podemos deixar passar, concluiu. Eles continuaram a jogar até que seu pai considerou que ela estava ficando muito bobinha. O jantar era qualquer coisa que pudesse ser encontrada na geladeira, o que geralmente não era nutritivo. Na maioria das noites, eram sanduíches de manteiga de amendoim, que ela achava ótimo, bem melhor que um horrível vegetal verde fedorento todo dia.

    Gisella era uma criança inteligente, curiosa e gostava muito da escola nos dias em que a frequentava. Na maioria dos dias, ela ficava em casa. O que você precisa é de uma educação real, nada deste lixo que eles ensinam nos dias de hoje. Você está melhor em casa, onde eu posso te ensinar, seu pai dizia. Ele era um homem inteligente. Sabia tudo. Nunca houve uma pergunta que não pudesse responder, e ela se sentia orgulhosa por saber que seu pai era tão esperto.

    Sua educação consistia predominantemente nas experiências de seu pai durante a guerra. Ele contou-lhe histórias de paraquedismo de aviões que pousavam em território inimigo para lutar contra os alemães. Como foi baleado no ombro e teve que fingir estar morto para sobreviver. Que eles o jogaram em um buraco com outros homens e os cobriram com terra pela metade. Felizmente, os soldados se distraíram com os tiros e correram para a nova batalha. Com o inimigo fora de vista, seu pai se arrastou para fora da vala e encontrou refúgio em uma cidade próxima.

    Conte-me como conheceu minha mãe. Não importa quantas vezes ele contou a história, essa parte sempre prendeu sua atenção.

    Ela sabia que ele preferia falar sobre sua sangrenta batalha, mas sua curiosidade não podia ser atenuada no que se refere à sua mãe desconhecida. Ela apareceu como um anjo, ele sussurrou dramaticamente.

    Ela estava brilhando? Ela perguntou com seriedade.

    No meio de toda a carnificina da guerra, sua mãe estava diante de mim. Ela era a pura perfeição em seu vestido branco. Seu pai descreveu um vestido envelope branco de nylon com estampa floral, com mangas até o cotovelo e uma saia rodada que chegava até o topo das panturrilhas bem torneadas de sua mãe.

    O que mais ela vestia? Gisella perguntou já sabendo a resposta.

    Bem, se bem me lembro, ela estava com luvas brancas e segurava uma bolsa branca, ele detalhou. Ela estava tão feliz que seu pai se lembrava de todos os detalhes. Ela tinha uma imagem de sua mãe que era melhor que uma fotografia, muito mais vívida.

    Então o que aconteceu? Ela ficou impaciente para ouvir a história.

    Sua mãe olhou para mim e viu que eu estava com problemas. Ela me confiou a sua casa, deixou me lavar e pegou algumas roupas que pertenceram ao irmão dela para eu vestir. Por sorte, ele e eu éramos do mesmo tamanho. Pela aparência da casa e pelo corte e toque das roupas que ela me deu, pude ver que eram bem de vida. Eu parecia muito elegante em meu novo traje, ele disse e estufou o peito, e Gisella imaginou seu pai em um terno chique. Eu acho que sua mãe pensou que eu era bonito o suficiente porque ela me levou em torno da cidade como um objeto precioso, afirmou.

    E os homens que queriam te matar? Você não ficou com medo que o vissem? ela perguntou.

    Minhas roupas novas foram o melhor disfarce. Ele piscou para ela. Eu estava limpo, irreconhecível do homem que, poucas horas antes saiu de uma vala para salvar sua pele. Conforme seu pai detalhava, Gisella sabia que seu pai era um homem corajoso.

    Ela ouviu o resto da história sobre como sua mãe e ele se apaixonaram quase instantaneamente, e logo depois, foram agraciados com um presente maravilhoso.

    Eu era o presente? Seus olhos brilharam enquanto aguardava pela resposta esperada.

    Claro, mas você é melhor do que qualquer presente raro; Você foi um presente precioso que meu anjo me deu, declarou ele solenemente.

    Por que mamãe não ficou? Ela simplesmente não podia deixar de perguntar, mesmo sabendo a resposta.

    Sua mãe não era corajosa como eu. Nós não éramos casados, e os pais dela não gostaram da ideia dela ter uma filha com um homem desconhecido. Então ela fez a melhor coisa que conseguiu pensar. Ela deixou você comigo, e você tem que concordar Gambá, que ninguém neste mundo poderia te amar mais do que eu, ele declarou generosamente.

    Jogando seus pequenos braços ao redor de seu pescoço, ela concordou incondicionalmente. Inalando o cheiro de sua loção pós-barba, ela acreditou de todo o coração que seu pai era o melhor e mais corajoso e que ela estaria sempre segura com ele.

    Infelizmente, nem todos os dias eram tão cor-de-rosa como este dia em particular com o pai, mas foram àqueles dias que ela preferiu lembrar por mais tempo. Por muitos anos ela bloqueou a realidade, como dias e noites sem comida, doente e sem medicação para ajudar, e o pior era quando o pai não respondia. Ele poderia sentar naquele sofá depois de várias latas de cerveja e apenas olhar. Ele olhava para o esquecimento, e não importava o quanto ela o importunasse, ele não voltaria para ela de seu devaneio.

    Papai, vamos lá. Venha brincar comigo ou Papai, estou com fome; podemos conseguir algo para comer?, mas ele apenas ficava quieto. Uma vez, ela ficou com muito medo, pensou que ele estava morto porque até os olhos dele não estavam piscando. Então percebeu que tinha que estar vivo, pois seus olhos ainda estavam abertos e pessoas mortas fechavam os olhos porque pessoas mortas iam dormir para sempre.

    Talvez eles estivessem tendo mais daqueles tipos de dias em que a circunstância resolveu tomar conta. Tudo o que ela lembrava era estar sentada em frente ao espelho trincado. Ela estava fazendo caretas, beicinho, levantando as sobrancelhas, chupando as bochechas, para ver quantas Gisellas diferentes ela poderia encontrar. Enquanto fazia isso, uma sombra grande de um homem apareceu na porta. Até hoje, ela não consegue encontrar o rosto dele na memória, onde enterrado os pesadelos deveriam estar. Ela simplesmente sabia que ele não pertencia a casa deles.

    Talvez tenha tentado convencê-la a ir com ele amigavelmente. Realmente não conseguia se lembrar. No entanto, sabia que nunca deixaria seu pai de bom grado, e em algum momento, o homem a colocou em seus braços, eliminando sua escolha, O homem a carregou para fora, passando pelo pai, cuja cabeça apoiou em suas mãos. Ela não conseguia entender por que ele apenas sentou lá. Por que permitiu que este estranho a levasse. Por que nem sequer uma vez olhou para cima quando ela gritou de forma lamentável.

    Gritando seu nome uma última vez, Gisella ficou chocada quando eles caminharam para a luz do sol ofuscante, e viu seu lar, uma casa de tábuas deteriorada com seu alpendre caído. Um gato de rua estava estendido ao sol e, que por algum motivo, lembrava-se vividamente. O ruivo gato malhado estava alheio ao drama que se desenrolava à sua volta enquanto a observava através das pálpebras entreabertas.

    O homem que a segurava inclinou-se para abrir o portão rangente, e a última coisa que viu em sua casa foi a velha e enferrujada caixa de metal do correio se espreitar por cima de um arbusto de gardênia. Na época, ela não reconheceria uma rosa entre qualquer outra flor, mas ela se lembrou daquela pequena florzinha perfumada e a veria em muitos de seus futuros lares.

    Ela foi colocada no banco de trás de um sedã preto e a porta foi fechada bem atrás dela. Gisella abriu a porta e tentou voltar para a casa, mas foi imediatamente empurrada de volta para o banco de trás e avisada para não fugir novamente. Rapidamente, eles deixaram a casa dela em Windsor, no estado de Nova Gales do Sul, a noroeste de Sydney, e chegaram a um lugar que ela nunca chamaria de lar.

    A mão de Gisella foi fortemente agarrada enquanto foi puxada para subir três degraus em direção à intimidante porta do prédio de tijolos vermelhos de três andares. A porta era enorme e ela sentiu medo de entrar no prédio. Infelizmente, não havia escolha e, antes que ela percebesse, as sandálias gastas de couro marrom estavam batendo nos azulejos brilhantes em direção a uma mulher alta e magra, com um par de óculos cinzentos em formato de olho de gato.

    Eu sou a Sra. Gatt; você pode entrar, afirmou ela, e Gisella foi levada para uma grande poltrona de madeira e couro.

    Com um lápis na mão e papel diante dela, a Sra. Gatt começou a questionar Gisella. Qual é o seu nome, querida? Ela perguntou.

    Gisella Roth, ela respondeu baixinho; Não tinha certeza do que iria acontecer com ela.

    Muito bom. Você sabe sua data de aniversário? Ela continuou, pelo olhar confuso de Gisella. Quando é seu aniversário? Ela pressionou.

    Dez de fevereiro. Isso foi fácil. Na escola, seu aniversário foi escrito na parede com todas as outras crianças de sua classe. Ela era especial porque ninguém mais em sua classe nasceu no mesmo mês que ela.

    E quantos anos você tem?

    Eu tenho sete anos, Gisella respondeu.

    Certo. Nesse caso, você nasceu em 1957; tente lembrar-se disso. Sua data de nascimento é dia 10 de fevereiro de 1957. Repita, por favor, instruiu a Sra. Gatt.

    Minha data de nascimento é dez de fevereiro 19- hum, 1957, ela recitou obedientemente.

    Bom. Certifique-se de continuar praticando. Você tem idade suficiente para saber sua data de nascimento ela disse, e, olhando de volta para a folha de papel, continuou com todos os tipos de perguntas. Como estão suas notas na escola? Não minta. Eu poderei descobrir o suficiente de seu professor em breve, a Sra. Gatt, ordenou.

    Não sabendo o que eram notas. Gisella apertou os lábios para pensar em uma resposta. O que são notas? Ela disse, optando pela verdade, e tentou não se mexer em seu assento. A Sra. Gatt a lembrou do diretor da sua escola e Gisella sabia que ele não gostava de crianças inquietas. Uma vez, durante a reunião matinal, seu amigo William tinha sido atingido com a vara por se mexer muito. Tinha medo que isso acontecesse com ela, e durante as reuniões da manhã, praticou ficar imóvel como uma árvore.

    Humm. Leia este trecho, ordenou e passou um livro fino e gasto para ela.

    Gisella conhecia todos os sons do alfabeto individualmente graças ao jogo de palavras, mas devido a sua falta de frequência à escola, sua capacidade geral de leitura estava bem abaixo do padrão para sua idade. A Sra. Gatt engoliu em seco enquanto Gisella tentava ler o texto, e finalmente pegou o livro da criança. Com as mãos cruzadas no colo, Gisella esperou as próximas instruções.

    Bem, parece que você tem muito que fazer em relação ao seu trabalho na escola. A Sra. Gatt franziu a testa antes de iniciar uma longa conversa sobre expectativas. Não entendendo, Gisella acenou com a cabeça quando pensou no que era esperado para não irritar a mulher. Finalmente, a Sra. Gatt anunciou que iriam dar uma volta pelo prédio e para ela prestar atenção.

    O térreo continha o hall de entrada, assim como o escritório da Sra. Gatt. Nos fundos da casa havia uma grande sala de jantar, com duas fileiras de mesas e uma sala de estar separada com cadeiras e várias estantes bastante gastas. No andar de cima ficavam os dormitórios onde tinha dois cômodos. Um quarto era para as meninas mais jovens até cinco anos de idade, e depois havia o quarto para crianças maiores até quinze anos, onde ela ficaria.

    As tábuas do assoalho eram polidas e as cortinas brancas adornavam as altas janelas. O teto era mais alto que a casa em que ela morava; talvez o dobro da altura, mas ela não podia ter certeza. Cada uma das muitas pequenas camas tinha a mesma colcha verde floresta, e algumas tinham uma ou duas bonecas sentadas no travesseiro. Por toda a casa ela podia sentir uma fragrância cítrica penetrante que mais tarde identificaria como citronela.

    Esta será a sua cama, declarou a Sra. Gatt e apontou superficialmente para a cama sem adornos e o conjunto de gavetas ao lado.

    Gisella olhou para a cama pouco convidativa. Podia ter uma colcha melhor do que a da sua pequena cama no canto do quarto de seu pai, mas pareceu assustador para ela. Eu prefiro dormir na minha cama, ela falou.

    Tolice. Esta é sua cama agora, e você vai se acostumar com isso rápido o suficiente, ela replicou. Voltando ao térreo, a Sra. Gatt não concedeu tempo a Gisella para remoer ou pensar demais na situação. Venha e não demore. As outras crianças estão no quintal. Eu vou levá-la lá fora para conhecê-las. Logo que fizer alguns amigos, você rapidamente esquecerá todos os seus problemas.

    Gisella andou timidamente atrás da única mulher que conhecia na Doyalson House. Neste momento, ela não tinha certeza se a mulher era legal ou não; ela simplesmente não sabia. O som de crianças brincando e gritando podia ser ouvido antes de entrarem no quintal.

    Crianças, Sra. Gatt chamou. Ela só teve que dizer uma única palavra, com autoridade, e todas as meninas se adiantaram e se acalmaram imediatamente. Eu gostaria que todas vocês conhecessem a nossa mais nova hóspede da casa, Gisella Roth, ela apresentou formalmente.

    Olá, Gisella, responderam quase em união.

    Gisella olhou para o grupo e seu medo aumentou. Ela não conseguiu encontrar uma garota sorrindo, mesmo que tenham dito apenas olá para ela. Fale Gisella, a Sra. Gatt insistiu.

    Olá, ela respondeu timidamente ao grupo.

    Bom. Agora, Bess, você será a colega de quarto de Gisella já que Colleen foi embora, instruiu a outra garota.

    Sim, senhorita, Bess respondeu respeitosamente.

    A Sra. Gatt empurrou Gisella com o cotovelo em direção a Bess antes de se virar para ir embora.

    Quantos anos você tem? perguntou Bess diretamente.

    Eu tenho sete, respondeu Gisella.

    Bem, eu tenho dez anos e sou muito maior que você. Então, você terá que fazer o que eu digo. A menina mais velha não era muito mandona, mas havia regras para sobrevivência em um abrigo, que a inocente Gisella aprenderia rápido o suficiente. Vai te custar, afirmou Bess.

    Mas eu não tenho dinheiro, Gisella disse suavemente, ficando ansiosa.

    Claro que não, mas na hora das refeições você trocará pelo que eu quiser. Isso parece justo para mim e, em troca, vou tentar mantê-la segura, sugeriu Bess.

    Estou em perigo? Gisella ficou alarmada, imaginando os possíveis perigos.

    Sim, sem minha proteção, você poderia estar em sérios apuros. Nem todas as garotas são legais aqui, Gisella, e alguns dos funcionários são ainda piores. Eu moro aqui há muito tempo, portanto sei como as coisas funcionam. Então, temos um acordo?

    Sim. Gisella não tinha certeza de quais perigos a espreitavam, mas felizmente desistiria de alguma comida para evitar encará-los.

    Logo, elas foram chamadas de volta para a casa. Gisella ficou o mais perto possível de sua nova amiga e colidiu com ela quando Bess parou de andar. Pelo amor de Deus, Gisella, ela sussurrou. Veja onde está indo.

    Sentaram-se em uma das grandes mesas de jantar. Gisella olhou para o prato cheio de comida com alegria. Bess tinha pegado suas cenouras e feijões, e Gisella agora tinha uma porção enorme de purê de batatas graças ao desinteresse da Bess por isso. O cheiro de toda a comida fez sua barriga resmungar com antecipação.

    Parece que você realmente gosta do seu purê, disse Karen, uma menina mais velha com cabelo vermelho alaranjado e sardas.

    Gisella acenou com a cabeça, ansiosamente concordando. Se ela tivesse que escolher um alimento para comer pelo resto de sua vida, seria purê de batatas. Gostava de seu purê grosso e firme para que pudesse esculpir formas.

    Aqui, então, você pode pegar o meu também. Karen encheu o prato da Gisella, levantou-se e foi para outro lugar.

    Você não deveria ter pegado as batatas dela, afirmou Bess.

    Eu não me importo; Eu os amo. Gisella não conseguia se lembrar de ver tanta comida em uma porção em sua curta vida.

    Você não entende, disse Bess, parecendo preocupada.

    A Sra. Gatt escolheu aquele momento para se aproximar da mesa delas. Há muita conversa acontecendo, mas seus pratos não estão vazios, gritou ela para os ocupantes da mesa de Gisella.

    Gisella pegou o garfo e cavou uma grande quantidade de batata e encheu a boca. Ela estava ansiosa para não chatear mais, com medo do problema que Bess havia insinuado.

    Parece que a nossa nova garota é uma gulosa, disse a Sra. Gatt e apontou para a enorme pilha no prato de Gisella. Eu espero que você pretenda comer todo o seu jantar. Seus olhos se estreitaram atrás de seus óculos, deixando Gisella envergonhada.

    Gisella assentiu com a cabeça rapidamente, confirmando que iria, e encheu a boca com outra grande colherada. Ela se sentiu assustada com a quietude das estudantes. Todos os olhos estavam sobre ela enquanto jantava. Bess lançou-lhe um olhar de pena e voltou sua atenção para sua própria comida. Ela sabia que, por mais que tentasse Gisella nunca conseguiria terminar a refeição inteira.

    A hora da refeição acabou, anunciou a Sra. Gatt. Levem seus pratos para a cozinha. Se você não terminou sua refeição, então permaneça sentada.

    Gisella olhou ao redor e notou apenas outra garota restante. Ela tinha mais ou menos a mesma idade e as lágrimas estavam caindo em suas bochechas vermelhas e gordinhas.

    Basta, Anne, a Sra. Gatt ordenou, o que só fez a menina chorar mais. Já deveria saber que não se desperdiça comida. Gisella, você é nova aqui. No entanto, não há desculpa para o desperdício. Nós exercemos um controle rígido aqui. Você só vai encher seu prato com o suficiente para saciar seu estômago. Deixar sobras não será tolerado, Sra. Gatt bradou e ficou tão ereta quanto um alfinete enquanto ela dava seu sermão.

    Gisella às vezes se metia em apuros em casa. Se o pai gritava com ela, quase sempre chorava. Uma vez ou outra, quando ela era muito ruim, ele podia até bater em seu traseiro. Ela se perguntou se a Sra. Gatt a castigaria. Ouviu suas amigas dizerem na escola que suas mães batiam nelas com uma colher de pau. Seu pai só tinha usado a mão dele. Ela esperava que a Sra. Gatt não fosse muito cruel.

    O que aconteceu em seguida nunca se apagaria de sua mente. Seu pai tinha sido severo e justo, mas nunca na jovem vida de Gisella seu pai fora cruel. A Sra. Gatt puxou o cós da saia de Gisella e jogou a comida não consumida dentro de sua calcinha. Ela fez o mesmo com Anne antes de dizer às duas garotas que levassem seus pratos para a cozinha. Vocês ficarão assim até a hora de dormir, quando poderão tomar banho e se preparar para dormir.

    Gisella foi até a cozinha. Cada passo era desconfortável à medida que a comida fria esmagava contra sua pele. Anne ainda estava chorando. Não chore. sussurrou, tentando ser corajosa pela outra garota. Elas deixaram seus pratos com a cozinheira e entraram na sala barulhenta. Anne parou bem ao lado dela ao entraram na sala.

    Uma garota gritou enquanto fugia de Gisella e Anne. Não venha perto de nós! Vocês se sujaram. Eu posso ver escorrendo pelas suas pernas. Esta, por sua vez, tinha várias garotas gritando e correndo.

    Gisella sentiu as lágrimas ardendo em seus olhos, não iria deixá-las cair, pois sabia que não tinha se sujado. É só comida! Berrou ela para as garotas zombando. Segurou a mão de Anne e desejou estar de volta a casa com o pai. Ele não ficaria feliz se soubesse o que a Sra. Gatt tinha feito com ela. Assim que chegasse a casa, contaria ao pai exatamente o que aconteceu.

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